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Libras ~ Lingua Brasileira de Sinals Introdugio aos estudos linguisticos da Libras. Desmitificando algumas crengas sobre a Libras 0 estudos desta websaula serio focados em desmitificar algumas crengas que cexistem dentro do cendrio da Libras, A existéncia de mitos em torno das linguas de sinals ¢ uma temtica discutida por varios autores, tals como Quadros e Karnopp (2004), Gesser (2009) e Choi etal. (2011), mas que ainda nao esta totalmente resolvida, sobretudo entre aqueles que pouco sabem sobre essas linguas. Em consonancia com Gesser (2009), apesar de bastante debatido pelos autores da rea, é muito comum que ainda se encontrem referéncias a Libras como wma “inguagem de sinais” endo como uma “lingua. E, por isso, diversos conceitos ‘equivocados construides sobre a Libras, derivam em grande parte de sua Incompreensio como um sistema lingustico dotado de todas as caracteristicas ‘encontradas nas linguas orais Para uma melhor compreensdo, veremos.a seguir alguns mitos sobre Libras que serio aqul apresentados: Mito 1: Libras é universal ‘A Libras nao 6 uma lingua universal, Em cada pats ha uma lingua de sinals com ‘organizacio e vocabulivio prdprio (QUADROS; KARNOPP, 2004; SILVA: KUMADA, 2013), Entender que as linguas de sinaissiolinguas de fato tal como as linguas ‘orais, pade ajudara explicara sua diversidade, uma vez que se cada pats possui ‘sua propria lingua oral, fendmeno semelhante ocorre com as linguas de sinais. Muitas inguas de sinals provieram da lingua de sinas francesa, Contudo, Quadros ‘e Karnopp (2004) destacam a existéncia de pesquisas que ja denotam que, embora historicamente relacionadas, por exemplo, a lingua de sinals americana e a lingua {de sinals francesa ja apresentam menos de 30% de sinalssemelhantes. + importante saber que. Libras corresponde a lingua brasileira de sinais,e {que os sinais que compdem tanto seu vocabulério como seu alfabeto manual, dlistinguemse de outros pafses. Segundo Choi etl. (2011), existe uma lingua de sinais (que nao €a Libras) conhecida como "gestuno", uma lingua Aantfcal,criada para facilitar a comunicagio entre surdes de diferentes paises Mito 2:a Libras é0alfabeto manual Gesser (2009) destaca que acreditar que a lingua de sinas se restringe ao alfabeto manual é uma visio Iimitada do poteneialIingustico da Libras. A datiologia eo alfabeto manual ow alfabetodatilol6gico, como habitualmente sao denominados, ‘consistem na representagio das letras alfaticas, sio de grande valia para soletrar nomes préprios, siglas ou vacébulos que ainda no possuem um sinal correspondente na Libra. Alfabeto manual da Libras Fonte: elaborada pelo autor. Porém, a comunicagioefetiva em Libras nfo se pauta na soletragio manual das ppalavras. pois. assim como nas inguas orais. cada significado possui 0 seu Fespectivo significante, Em uma conversa em lingua portuguesa, nao soletramos letraa letra, sim utilizamos as palavras. Em Libras, também nao soletramos letra ‘letra, porém a correspondéncia das “palavras” nas linguas orais échamada de “sinais” nas linguas de sinais.Alguns sinais podem derivar do uso das letras e, 3 Tongo przo,transformar-se em una soletrario rftmica ou em um sina, assim ‘como acontece com 0 sinal de AZUL, por exemplo. Soletragio de AZULe sinal de AZUL laborada pelo autor ‘Asoletrago de AZUL, com 0 tempo, transformou-se em um sinal realizado com as Tetras A L, em movimento para baixo. + Importa destacar ainda que, para que o uso da soletracio de palavras seja ‘compreensive (exceto nos easos de soletrago rica), osujelto surdo precisa ser alfabetizado, pois, do contrivio, a soletragao da palavra nao faré sentido, pls, desconhecendo sua grafa, consequentemente,nioassimilars seu significado. Mito 3:5 linguas de sinais so icdnieas Deacordo com Quadros e Karnopp (2004), a iconicidade dos sinais seria quando a forma, o movimento e/ou a relagio espacial construida pelo sujeitosurdo na ‘execugo de um sinal da Libras propiciaria mesmo a um ouvinte sem o dominio da lingua de sinais eompreender seu significado. Alguns inais como ARVORE e CASA ‘io considerados sinaisiebnicos. ‘inal da Libras para Arvore Fonte: elaborada pelo autor Sinal da Libras para Casa Contudo & preciso considerar que nem todos os sinals io icdnicos. Muitosdeles sao considerados arbitrrios, ou sea, sem correlagdo visual com o seu significado, tal comoa sinal de SUIO. Sinal da Libras para SUJO AAA elaborada pelo Mito 4: as linguas de sinalss6 expressam conceitos concretos Por acreditar que a lingua de sinas se restringe aos sinaisicdnicos, algumas pessoas nfo concebem a possibilidade de a Libras expressar conceitos abstratos {que dificlmente seriam representados visualmente. Mas as inguas de sinais sio ‘apazes de expressar qualquer conceit, seja concreto ou abstrato, em diferentes nivois de comploxidade © naz mais diversar érear do conhacimento para dizer polities, flosofia, ates, eleulos matemitieos ete ‘inal da Libras para WIFL Fonte: elaborada pele autor. Mito 5: a5 linguas de sinalssdo agramaticals ¢/oulinguisticamente inferiores (empobrecidas) Quando os ouvintes descobrem que em Libras hi a auséneia, por exemplo, de Dreposigves e artigos, julgam que esse seja um sistema lingulstco inferior ou ‘empobrecido, talvez sem gramética. Ledo engano, pois, conforme Choi eta. (2011) fe Quadros e Karnopp (2004), através do uso do espago e de outros recursos Tinguisticos e gramaticaisdisponiveis aos usuarios da Libras,¢ possivel marcar tals aspectos visualmente, Mito 6: ha uma dnica lingua de sinais no territro nacional Entender a Libras como uma lingua pressupde reconhecer que ela possui todos os atributos de um sistema lingustico, senda gramaticalmente estruturada, com potencial para dscutir qualquer tema e que ter, naturalmente influéncias _Beogrificas,culturals socials. Por essa razlo, no hi uma nica e universal lingua ddesinais, da mesma forma como dentro de um pals to extenso como o Brasil nao ‘existe uma inca lingua de sinais. Em concordncia com Gesser (2009), da mesma forma como é inverdade dizer que todos os brasileros falam 0 mesmo portugués, & ‘um mito acreltar que os surdos utilizem a mesma Libras. ‘As variedades lingusticas mais comuns sf0,certamente, os regionalismos, que si0 ‘semelhantes as dialetos da lingua portuguesa. Nessa dirogdo, assim como ‘encontramos varies lingusticas no portugues para mandioca.alpim e macaxeira, em Libras,o dicionéro de Libras produzido por Capovila, Raphael e Mauricio (2015) registra cinco variagbes para o sinal de ABACAXI Sinal da Libras para ABACAXI usado em SP, RJ e MG Fonte: elaborada pelo autor Sinal da Libras para ABACAXI usado em PA e BA, Sinal da Libras para ABACAXI usado em MS e RS we. laborada pelo ‘utr: Sinal da Libras para ABACAXT usado em SC we elaborada pelo autor: ‘inal da Libras para ABACAXI usada no CE we laborada pelo autor: + Por fim, de acordo com Quadros e Pimenta (2008), em algumas regibes do pals também sao encontradas diferenciagdo entre os ndmeros cardinals eas ‘Quantidades de 1 a4, mas que, em geral aregra é utilizar os nimeros cardinais. utilizar quantidades e as nimeros ordinals, Nimeros cardinals daLibras 4 Se eee Oe, he, ba OS £45 6.8 Nameros utilizados para quantidades em Libras Nesta webaull, conhecemos os aspectos linguistic introdutérios sobre as linguas de sinals, vimos alguns mits sobre a Libra ¢introduzimos o vocabutirio inicial da Libras cultura Surda, Diferengasculturais na interagio em Libras ‘Comeraremos a nossa webaula, conhecendo as diferencas culturals na interagio «em Libras. Na sequéncia, estudaremos a apresentasdo pessoal e manifestacbes tistics esata es Lbs, Avivéncia a partir de experiénetas visuals ce mundo propiciaags surds nao ‘apenas aconstrucio da identidade surda, desenvolvida pelo sentimento de pertencimento ao grupo de pessoas surdas, mas possiblita ainda, existéncta da cultura surda, + Acultura surda ndo se restringe ao uso da lingua de sina, mas perpassa ‘uma série de valores, costumes e comportamentos que definem a convivéncia com os integrantes das comuntades surdas, ‘Anteraso em Libras com pessoas surdas ¢ marcada por caracteristicas proprias, desde a abordagem até o estabelecimento das trocas comunicativa, A abordagem ‘de um sujeitosurdo nao se dara chamando-o (oralmente) pelo seu nome, como & habitual entre os ouvintes, pois a sonoridade do nome de uma pessoa surda profunda ndo tem significado e ndo ser percebida por ela Fonte: Shutterstock, Para situagdes em que se deseja chamara atengio de um surdo que esteja uma curta distancia e com o qual voc® desejainiiar um didlogo, Choi etal. (2011) {descrevem ser comum 0 uso do toque no brago ou antebrago do interlocutor, pols entre eles no hi restrigbes a esse tipo de contatofsic. Por outro lado, se 0 surdo estiver a uma distancia consideravel,outras formas de bordi-lo sio 6 aceno do braco ou mao dentro de seu campo visual. Também & ‘comun que se pise fortemente no cho (buscando causar una vibragdo) ou se ‘acenda e apague a luz + Durante a interagio com o surdo, é preciso saber que, por ser uma lingua visual e motora, éatribuida extrema relevincia a olhar. Para isso, as ‘comunicagies visuais devem se dar olhando de frente um para o outro, pols, segundo Choi etal. (2011, p. 37) exceto seo surdo for informado, virar as costas pode ser considerado um insulto, pois "a pessoa surda pode sentir-se Jgnorada ou achar que o ouvinte no esta interessado em continuara Apresentagao pessoal em Libras ‘Quauiros e Pimenta (2008) e Chol etal. (2011) destacam que a apresentacdo pessoal dos surdas segue uma dinamica diferente dos ouvintes. Segundo os autores, ao invés do aperto de mio, bejos na face e perguntas genéricas como 0 tempo ou a profissdo, os surdos buscam, na apresentacio pessoal, confirmar se 0 ‘outro ésurdo ou ouvinte se tem marido e/ou um familiar surdo, como e por que aprendewa Libras Na cultura surda, o nome tem relevancia secundaria, pois a forma como os sujeitos se kdentificam est baseada no sinal pessoal de cada um, De acordo com Quadros & Pimenta (2008), o batismo do sinal pessoal ocorre quando um surdo ou ouvinte & apresentado ou passa a ter contato com as comunidades surdas. (0 sinal deve ser sempre atribuido por uma pessoa ou grupo de pessoas surdas e, ‘conforme Choi eta. (2011). pode ser feito com referéncia aparencia isica da ‘pessoa (por exemplo, altura, cabelo, rosto, olhos, bochechas, et.) a0 uso constante {de objetos (por exemplo, um brinco, colar, pulseira écuos, microfone et), 0 ‘comportamento constante (por exemplo, mexer no eabelo, sorvir,ruborizar, apolar ‘a cabega com o dedo ete) ou aa que a pessoa gosta de fazer, comer, beber et. ‘Outra caracteristica das comunicagGesestabelecidas em Libras é possibilidade de ‘conversas entreeruzadas, ou seja, desde que haja um campo visual impo para que um interlocutor enxergue o outro, € possivelestabelecer didlogos a distancias razodveis em grandes rodas de conversas entre surdos, em que assuntos diferentes ‘podem ser debatidos simultaneamente sem que uma conversa atrapalhe a do ‘outro, nte: Shutterstock, Para garantir um espago de trocas em Libras, os surdos, onvencionalmente, ‘estabelecem alguns jontos de encontra, que podem ser associagies ou federagdes de surdos, terminals rodoviarios, shopping, escolas etc Manifestag@es antstcas e culurais ‘As manlfestacdes culturais, segundo autores como Quadros e Pimenta (2008) ¢ Choi etal. (2041), podem ser visambradas através da interaglo, das expresses atisticas e do uso de teenologiasdiferenciadas na rotinadiaria das pessoas surdas. Dentre as manifestagies artsticas eculturas, Chol etal. (2011) destacam a IMeratura surda que deriva em yeeros diversiftcados tals como a pes as historias, as piadas, a literatura infantil fabulas, contos, lendas ete, que veremos melhora seguir: 0s autores afirmam que essa literatura, geralmente, remete as experiéncias e historias de lutas e conquistas das comunidades surdas, bem como de ideres © militantes que sio lembrados por sua grande representatividade e contribuigDes. ‘+ As manifestagdes artstieas e cultura dos surdos, tals como poesias, piadas, ‘abulas, entre outras, receberam grande contribuigdo das tecnologia, especialmente, na divulgasio de videos que auxiliam no compartlhamento e clifusto da Librase da cultura surda, De fato, as teenologias se tornaram parte fundamental da vida das pessoas surdas, sobretudo no que se refere a faciitara rotina eacessibilidade, Nas residéncias e €escolas para surdos, por exemplo, 20 invés da campainha sonora é possivel Substtuir por campainhas luminosas cujo alertaaciona uma luz posicionada em diferentes pontos de fill percepeo (da casa ou da institucio escolar). Mesmo o uso do telefone pode ser adaptado para surdos com o toque luminoso ou ‘os celares com os quais os surdos podem estabelecer conversas em video (quando houver acesso 3 Internet) ou mensagens de texto. Portanto, para inalizar esta webaula, é possivel perceber que a cultura surda administra grande énfase 8 ciferenga socal do sujeto surdo, ou sea dentro dessa perspectiva nio ha vergonha da surdez, e sim orgulho de ter um grupo organizado culturalmente reo. cujaidentidade. lingua e cultura os une CConfiguragdes de mao, movimento, localizagao ortentagdo das mas Para comegarmos os nossos estudos,¢ importante entender o conceito da fonologia sua importincia dentro da lingua de sina. Fonologia eacordo com Quadros e Karnopp (2004), a fonologiaconsiste no estudo da funcionalidade dos sons que integram determinada sistema lingustico, sendo que uma das contribuigdes da fonologia € auxliar a compreensio sobre como a liferenga fonica pod provocar sigificagdes distintivas, Na lingua de sinals, as autoras afirmam que a primeira tarefa da fonologia éidentificar as unidades rnimas que formam os sinals, pols diferentemente das linguas orals, elas no serio orientadas pelo som. Em 1960, Wiliam Stokoe publicou a monografia inttulada Estrutura da lingua _gestual (CARVALHO, 2007), na qual propds a decomposigao da ingua de sinals ‘americana em aspectos ou pardmetros que s6 apresentavam significado se utizados conjuntamente, Os parimetros inguisticos definidas por Stokoe si0 ‘onsideradas as unidades minimas da Iingua de sinals,sio eles: eonfiguragao de ao, locagio da mao (também conhecida como ponto de articulago ou localizaga0) e movimento da mao (QUADROS; KARNOPP, 2004), Porém, na década de 1970, dots novos parimetroslinguisticos foram adicionados, roferentes 3 orientagdo da mao e aos aspectos nao manuals (expressves facials e corporais) 0s autores que sugeriram a complementagao dos pardmetros lingufsticos das linguas de sinais também se debrucaram sobre os tracos dlistintivos as aspectos sequenciaise simultaneos das linguas de sinals.Além disso, nos anos seguintes, os estudos linguistcos sobre a Libras se estenderam para.as reas da morflogla sintaxe e semantica, Por ora, atendo-nos aos estulos fonoligico,é possive afirmar que todos os sinais dla Libras si0 formados pela combinasao das cinco unidades minimas ot pardmetros linguisticos: 4. Configuragao de maos (CM); 2. Localizaeao (L) ou ponto de aticulagao (PA); 3. Movimento (M)}; 44 Orientacio das palmas das maos (Oe) € 5. Aspectos ou tragos nao mania (NM). ‘A seguir, veremos mais sobre essas cinco unidades minimas. ‘Configuracio de mios (CM) Segundo Choi etal. (2011, p. 61), a configuracio de mio “refere-se 3s formas que as mos assumem na produgdo dos sinais, que podem ser da datlologia (alfabeto dligital/ manual) ou outras formas feitas pela mao dominante {mao direlta para os ddestros) ou pelas duas maos". Além de uma mesma configuragio de mao pode representar uma infnidade de sinai,existem alguns sinais que também podem ser ‘executados sem essas configuracées. ou sefa. apenas com um olhar ou com 0 movimiento da lingua, Localizasdo.().0u ponto de articulacdo (PA) ‘Aocallzago (L) ou ponto de artieulagdo (PA) estéassoctado ao lugar no qual Incidem as mos durante areallzagio do sinal, ou se} no corpo ou no espaco, Segundo Quadros e Karnopp (2004) as principals regides para locllzago do sinal ‘oa cabeca,a mao, otroncoe o esparo neutro, como é chamado pelos estudos linguisticos da lingua de sinats oespago em frente ao corpo do interlocutor. ‘Movimento (i) Em Libras, os sinals podem contar com a presenga ou auséncia de movimento. NNesse sentido, © movimento pode estar nos dedos, maos, pulsos, bragos, antebragos, cabeca ete. Além disso, conforme Quadros e Karnopp (2004), os rmovimentos podem ser categorizados pola sua direcionalidade (movimentos unidirecionais, bidirecionais, multiirecionais), maneira (qualidade, tensio © velocidade do movimento) e frequéncia (repetigdo do movimento), Orientagio das palmas das mos (OR) 05 estudos Iingulsticos apantam que a orientagao das palmas das mos consiste na direcdo da palma da mao quando o sinal ¢ executado e que pode ser para cima, para baixo, para o corpo (para dentro}, para a frente (para fora), para adireta ou paraa esquerda (QUADROS; KARNOPP, 2004; CHO! etal, 2011) ‘Aspectos ou tracos no manuais (NSO. 0s tragos no manuals envolvem as expressoes facials © corporais e estio associados a0 movimento da face, dos olhos, da cabesa ou do tronco, podendo ser Ssobrancelhas levantadas ou franzidas, bochechas infladas ou contraidas, Isbios projetados ou contraides,inelinar ou balangar da cabega ou o tronco (para os lados ‘ou para tris} ete: (QUADROS; KARNOPP, 2004) Expressoes facalsafetivas e gramaticals ‘Segundo Quadros e Pimenta (2008), as expressdes facais podem ser afetivas ou [gramaticas. As afetivas esto relacionadas com as emogdes esto uilzadas ‘adequadamente a0 contexto, inal ou enunciado. As expressoes facials gramatials podem ser associadas& palavta, como no grau dos adjetivos para indiar, por ‘exemplo, MUITO ou POUCO, ot em HONITINHO e BONITAO. ‘As expressoes gramaticais também podem ser associadas a estrutura sintética, marcando a sentenca interrogativa, afirmativa, negativa ou exclamativa Intecrogativa {As interrogativas envolvendo pronomes interrogativos como 0-QUE, QUEM, ONDE, ‘COMO, POR-QUE, QUANDO ou PARA-QUE sio realizadas com 0 queixo levantado € ‘as sobrancelhas franzidas, enquanto interrogativas de confirmago sim” ot "no" (como, por exomplo, “QUER COMER?") sio realizadas com as sobrancelhas Franzidas eo queixo abatxado. ‘Afitmativa.¢ Exclamativa {As afirmativas podem carregar um leve sorriso, sobrancelhas levantadas ¢ podem ‘acompanhar wn movimento para cima e para balso,enguanto a9 excanativas S20 realizadas com a boca semiaberta (ou aberta)e sobrancelhas levantadas. Negativa ‘As nogativas slo feitas, em geral, com movimentos de um lado para 0 outro © ssobrancelhas franzidase labios levemente para baixo, + Em Libras, quando substituimos um dos parametros lingufsticos, se}a 0 ‘movimento. a configuracdo da mao. ponto de articulacdo. ou outro. temos "um nove diferente sina ‘Cumprimentos em Libras Para uma comunicagao em Libras, é importante atentar-se para os tracos istitivos, pois, quando confundids, podem resultar em equivocos ou mal- entendidos. Outro conhecimento importante para o aprendi da Libras consiste nos cumprimentos e nos termos cordias de tratamento, Cabe relembrar que a Libras, por ser uma sistema linguistico completo, além de apresentar a descricao fonolégiea aqul descrita também possui variedades lingusticas, portant alguns sinais entre eles 0s cumprimentos. podem variar de uma regido para outra. ‘tomando importante conferiros sinatsutlizados em cada localidade. Nesta webaula,identificamos os parimetros lingusticos da Libras que comple seu estudo fonolégico, introduzimos o vocabulario iniial da Libras. ‘Morfologia da Libras ‘As derwvagoes na Lipras| ‘Assim como as linguas orais, as linguas de sinais também sio objeto de estudo para ‘anilises morfoldgicas que explicam nao apenas as classes de palavras que a ‘compdem, como sua estrutura e o processo de formacio de seus vorabulos (FERNANDES, 2003; QUADROS; KARNOPP, 2004), Dessa forma, nesta webaula, ‘comesaremos compreendendo as derivagies na Libras, e,na Sequeéncla, vemos as incorporagies na Libra ea formagio de sinals compostos, ‘Segundo Fernandes (2003), uma das diferengas entre o estudo morfolgico da lingua portuguesa eda Libras refere-se a fato de a Libras ser sintétia, ‘caracteristica também vislumbrada em linguas como o grego eo latim. Por essa Fazdo, a Libras nao possut artigos ou uma ampla lista de preposigoes e conjungdes. Quadros e Karnopp (2004) destacam que uma das maiores fungies da morfologia se fundamenta na mudanga de classe, ou seja, quando aideiainerente em uma palavra € projetada em outra classe gramatical como, por exemplo, na derivado de rnomes everbos “fébrica"e“fabrica", ou com o aeréscimo do sufixo "ate" para “tabricante’ Em Libras,a derivagdo também & um aspecto morfoldgic frequente e pode ser ‘observado em sinals, como, por exemplo, em CADEIRA e SENTAR, ou CASA MORAR, ou BANHEIRO e URINAR. Especialista afirmam que, durante esse processo de derivario, os sinais s30 muito semelhantes e podem ser confundidos, mas que o grande diferencial consiste no padrio do movimento, isto &, 0 movimento dos substantivos é curto e repetido ao passo que o movimento dos vverbos é mais longo (QUADROS: KARNOPP. 2004: QUADROS: PIMENTA. 2008: (CHOt et al, 2011), ‘inal da Libras para CADEIRA ‘inal da Libras para SENTAR Sinal da Libras para CASA Sinal da Libras para MORAR Sinal da Libras para URINAR Sinal da Libras para BANHEIRO eee ‘Aformacao de sinais compostos ‘A composisao integra a morfologia da lingua portuguesa e pode sertestemunhada ‘em palavras como “ciclovia”¢ “aguardente”,Linguisticamente, Quadros e Karnopp (2004) deserevem que a composigao acorre quando uma base se une & outra,¢ ‘ent3o pode ser um substantivo acescid a outro substantivo, como em “sof ‘cama’, peixe-espadae “couve-fior’; ou um substantivo somado a um adjtivo, ‘como em “obra-prima’,“erva-doce" ¢ “amor-perfeito”; ou da juno de um verbo ‘com um substantivo, por exemplo, em "guarda-chuvat, “cata-vento” e *vira-lata De maneira semelhante, em Libras nos deparamos com os susstantivos compostos, ‘ou, como sdo conhecidos, “sinais compostos’ Exemplos desses sao os snais para PAGINA, que se estruturam com a unido dos sinais LIVRO e NUMERO, ou ESCOLA, ‘composto pelos sinais CASA e ESTUDAR. O mesmo pode ser conferido nos sinais de ANIMAIS, resultado da juno dos sinais LEAO e VARI@S, ou FRUTAS, composto ddossinals MAGA VARI@S. Sinal da Libras para PAGINA (LIVRO+NUMERO) Deacord com Quadros e Karnopp (2004, p, 106) “tanto no portugués quanto na lingua de sinas brasileira, odistanciamento do significado do todo e o significado das partes & normal nas formas compostas pela propria fungi da nomeagio" logo, com a jungio de duas partes é possivel que se obtenha como resultados novos conceitos muito diferentes das partes que os formaram, sobretudo se lidarem com ‘ composi¢ia metaférica, como, por exemple, em lingua portuguesa ocorre nos compostos pé de moleque ou olho de sogra. que ndo tém nenhuma relacdo com as partes do corpo humano, ‘As incorporagdes na Libras Sinal da Libras para ESCOLA (CASA+ESTUDAR) Outro objeto de estudo da morfologia da Libras e que também propicia a criagao de novos sinais diz respeito a incorporacio de argumento, de numeral e de negacio. Na incorporagao de argumento,o verbo se adapta ao abjeto que sofre a ago, projetando sobre o sinal suas caractersticas visas e espaciais (CHOI etal, 2011) Logo, sinal de ABRIR, por exemplo, nao 6 loalizado em Libras sem que se aplique ‘2 um objeto ao qual ele possaincorporar suas caracterfsticas, tal como em ABRIR {um evento}, ABRIR (a porta). ABRIR a lata de refrigerante) ou ABRIR (0 livto). Sinal da Libras para ABRIR (um evento) Sinal da Libras para ANIMAIS (LEAo+VARI@s) Sinal da Libras para ABRIR (a porta) Sina ds Lihras para PRIFTAS (MACR¢VARI@S) Sinal da Libras| para ABRIR (a lata de refrigerante) Fonte: elaborada pelo autor Sinal da Libras para ABRIR (0 livro) Por sua vez, aincorpos ntemente marcada com a alteragio di configuracio de mio, mantendo parametros como localizac3o, movimento, orientacao das palmas e expressbes no manuals. Nesse caso, a configuragao de mao sealtera no formato do niimero representado, por exemple, em UMA-HORA, DUAS-HORAS, TRES-HORAS ou QUATRO-HORAS, em que uma das ros carregao significado do numeral Sinal da Libras para UMA-HORA u Libras para DUAS-HORAS al da Libras para TRES-HORAS ras Sinal da Libras para QUATRO-HORAS + Em geral a incorporagio ce numeral éutlizada apenas até o niimero quatro, aplicaa iu inal, cnn, por exernplo, DIAS, MESES e ANOS. A parti do €inco, Quadros e Karnopp (2004) descrever que os usuarios nativos da Libras tendem a utilizar, por exemple, em CINCO-HORAS o numeral CINCO, acrescido do sinal de HORA no singular Mas nem sempre os morfemas estar presos& configuragio de mao de um ‘humeral expliitamente marcada e serao apicadas 20s termos relacionados. Esse 6 0 caso do sinal de ANTEONTEM, que deriva do sinal de ONTEM, coma pequena distingae da configuragao de mo, mas totalmente diferentes do sinal de HOJE € AMANHA Sinal da Libras para ANTEONTEM Sinal da Libras para ONTEM Sinal da Libras para GOSTAR ds Ad ices A MASA Sinal da Libras para QUERER Sinal da Libras para AMANHA Kata ‘inal da Libras para NAO-QUERER A incorporasao de negaso também & um fendmeno recorrente em Libras, Nesse sentido, a negasio pode ser indicada a partir da alteragao do movimento do sinal, direcionando-o para fora, como ocorre nos sinals GOSTAR e NAO-GOSTAR, ou ‘QUERER e NAO-QUERER, ou SABER e NAO-SABER ‘inal da Libras para SABER Sinal da Libras para NAO-SABER Fonte: elaborada pelo autor HH ainda os sinais que incorporam a negativa usando apenas o meneio da cabera ‘dem lado para o outro, agregado a uma expressio negativa, como nos casos dos sinals ENTENDER e NAO-ENTENDER ou CONHECER e NAO CONHECER Em outrassituagbes, a forma negativa pode se distinguir da forma postiva com a alteragio do movimento e da localizagao, como em TER e NAO-TER, ou alterando Varios parimetros, como em PODER e NAO-PODER. + Uma outra forma de incorporar a negasao ao sinalé o acréscimo do sinal "NAO", feito com o dedo indicador e com a expresso facial negativa, Nesta webaula o aprendizada sobre os estudos morfoldgicos da Libras colaborou para a compreensao da Libras como um sistema linguistio independiente e ‘auténomo, com organizasao e caracteristcas proprias, Nesse sentido, enquanto lingua natural, a Libras se assemelha a lingua portuguesa, pois é passiva de a e deserigaolingufstica, além de ambas pertencerem a comuntdade brasiletra,

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