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‘Miharoa do sta so cas, rmodficedos e desalvados Gdanamerts.€ possi que, ‘quando forom consulacos, ‘Squsles ncietos nese ean ‘uo nso eetoam mas depo ‘lvls ou enham mia 2 ‘endorco, Foto de 200. escitore professor universitaio Joo Anza- nella Carrascoza 1962.) asceu am Cravinhos, rmunicpio do interior de ‘S30 Paulo. Sus roman 26 ¢, principalmente, seus contos tratamida situagaes simples, do’ ceticiano, como as Fela ‘gies.com a fami 2 05 | ‘amigos, mas acabam, 3 verdade, apresentando reflexSes sobre vida. Hoveraroda da ere encarar sua ‘one seudesting, ecetamente, bx excondidse. —=-91% CONTO PSICOLOGICO: o mundo de dentro Voce gosta de histérias de aventuras? jd notou que nelas prevalecemas _agdes praticadas pelos personagens? Ha, todavia histériasem que oleitoré convidado a percorrer a mente dos personagens, torando-se intimo deles «e conhecendo seus sentimentos e pensamentos mais secretos. Neste capitulo, vocé vai estudar os chamados contos psicolégites. (Os textos a seguir envolver o universo das criangas € adolescentes. Leitura 1 Medo + Braséum garoto. Com pai, mie, iimio. Mas, quando deu os primei- ros passos, apoiando-se nios mévels da éas2, sentiu-se s6 no mundo. Precisava dos outros patairalém de si. E tinhamedo, Nem muito nem pouco, Do seu tamanho. Como @ uniforme escolar que vestia. No fue 5 turo scria um homem, 0 medoiriase encolher; ou cle, jé grande,nio se ajustaria mais a sua medida Porora, estava ali, naquela mans fra, indo para a escola, o olhar em névoa, as mos dentro do bolso da jaqueta. (© que o salvavaveraia mochila presa as costas. © peso dos cadernos € dos livros6 curvava, obrigando-o aerguera cabesa, fazendo-o parecer +0 atéum pouco insolente. O.que fazer com asua condici0? Apenaslevé-la consigo! Andava as pressas, tentando se proteger do vento que, na di- regio contriria, onregelava seu rosto. Quoria aprender urgentemente. CCrescer 0 tomariaimaior que o seu medo. E, sem que soubesse, ligao daquele dio esperava no sortiso de Diego, aluno mais velho, que ele 4% nem conhecia ainda ~quase um homem, diriam os pais, a considerara altura, a pengem do bigode, os bragos rjos. Na ignordneia das horas porvir— que desejava fossem, senso tranquilas,suportaveis ,o meni- zo passou pelo portio em meio aos outros colegas ~ vindos também ali para mover a roda da fortuna, antes de serem moidos por ela -, 20 e seguiu pelo pitio até a sua sala. A professora, mulher miida, de fala doce, o perturbava. Jé nas primeiras aulas, percebeu que ela no era sb vorleve e olhar compreensivo. A sua paciéncia, como giz, vivia se que- ‘brando, Por que ela agia daquela maneira? Nao sabia. © menino com seu medo, 0 tempo todo. Na hora da chamada, erguia amao ¢ abaixava 25 furtivamente a cabega, como se a sua presenca fosse um insulto. Se a professora fazia uma pergunta, antes de respondé-la,escutava a risada de um colega, 0 sussurro de outro, e entao pressentia que iriafalhar, 0 que de fato acontecia le, paralisado, sem resposta alguma, sob o olhar da classe inteira. Teopezava no perigo que ele proprio, e nao o mundo, 29 doixava em seu caminho, Queria nao ser daquele jeito, Mas ers. As ‘eres, entristecia-se até nas horas de alegria: quando jogava futebol ‘com 0 irmio e perdia. Ou, quando, no parque de diversbes, se negava ‘airna montanha-russa, no chapéu mexicano. Era tudo o que sonhava. Experimentaraqueles abismos. Mas nio conseguia. Vai, filho!,a mae 0 95 incentivava, Eu vou com voeé, o pai prometia. Fitava o irmao que subia no brinquedo, acenava li de cima, grtava e se divertia, enquanto ele se ‘segurava firme no seu medo, inteiramente fil. Se viviainquieto na sala deanla pelacertera de se ver, de repente, numa situagao que o intimida- a, 4s vezes se esquecia de seu desconforto, encantado com o universe 49 que a professora lhe abria, as letras do alfabeto, os desenhos na lousa, tum trecho de misica que ela cantava, uma graca que fizia. Fat ele ria, ria com sinceridade, e, subitamente, se reencontrava, menino-menino. No intervalo, aquela calma proviséria, quando o pitio se inundava de slunos. Na multidio, ninguém o notava, nada tisha a receay, era. a sua 45 hora macia. E assim foi até aquela manha. Pegava seu sanduiche, quan- do percebeu que um garoto, 0 maior de todos, se acercava. Espantou- -se, a0 dar a primeira mordida no pio e ver o outro a sua frente — tio desproporcional se comparado aos demais alunos —o corpo comprido, Vor firme, Eu sou 0 Diego, e sorrindo, Vocé é do primeira aii, ndo €? 50 Fleconfirmou com acabeca, para nao responder de boca cheia.F, logo ‘queo outro disse, Eumunca tvi aqui, omenino sentin que estava dian. te de um desafio, como se num quarto escuro, o dedo no interruptor pronto para acenderaluz. Diego o observavacom mais fomenos olhos do que na boca, seguia o movimento de suas mafidibulas, a espera da ss merecica mordida, Td bonso sanduiche?, perguntou, e omenino espon- pela qual ele passou > Leitura 2 O primeiro beijo (Os dois mats murmuravam que conversavam: havia pouco ini ra-s¢ 0 namoro ¢ ambos andavam tontos, a o amor. Amor com. {que vem junto: — Fath bem, acredto que sou asta primeira namorads aap com isso. Mas me digaa verdade,s6 a verdade: voc8 nunca beijou uma mulher antes de me beijar? Fle foi simples: ‘Sim, jd beijel antes uma mulher. / — Quem era ela? — perguntou com dor. Feomawet Ss pecgenn } Clarice Lispector le tentou contar toscamente, nao sabia como dizer. Pessoier7 nasceu ne (O onibus da excursio subia lentamente a serfa. Ele, uni dos garotos Ucriria, pals da Europa tno meio da garotada em algazarra, deixava a brisafreséa baterThe no Onentaleandamenina, rosto e entrarthe pelos cabelos com dedos longes, finos © sem peso "udou-se par o Bras, como os de uma mae. Ficarasveresquetosemuasepensarjeapenas ‘do morado cm Ma, sentir — era ta0 bom. A concentragao fo sentir era dificil no meio da no Ride janero (8) balbiirdia dos companheiros. Nostiviosde Clarice, cya Emesmoa sede comecara brink soma turn, farm alt mais erate ¢ cnserde st queo berths dometo oi ing img wacalagp iat Como | ee leiava a garganta seca. 3 manera como os per- Enem sombra de igua, Ofeitoerajiitarsillva,efolo quefez.Depois sonagersreagemao que dereunidanabocaardente engoliaalentamente,outravezemais outra. 2¢oatacecom es Eramoma, porém, a saliva,e ndo tirava asede. Uma sede enorme maior do que ele proprio, quelhe tomava agora o corpo todo. Abrisa fina, antes tio boa, agora 20 sol do meio-diatornara-se quente ¢ drida © ao penetra pelo naria secava ainda mais a pouca saliva que pacientemente juntava. E se fechasse ay narinase respirasse um pouco menos daquele vento de deserto? Tentou por instantes mas logo sufocava. O jeto era mesmo espera espera Talver minutos apenas, talverhoras, enquanto suasede era deanos. Nao sabia come por que masagora se sentia mais perto da dgua, _pressentia-a mats présdima, e seus olhos saltavam para fora da janela procurando a estrada, penetrando entre os arbustos, espreitando, esajitadamente farejando. ---0180 Ciinstinto animal dentro dele nao erara:na curva inesperada da estrada, entre arbustosestava.-o chafariz de onde brotavanum flete a éguasonhada ‘O 6nibusparou, todos estavam com sede mas ele conseguiu ser 0 primeiro a chegar a0 chafariz de peda, antes de todos De olhos fechados entreabriu os libios ¢ colou-osferozmente 20 orificio de onde jorrava a dgua. O primeiro gole fresco desceu, escorrendo pelo peito até a barriga. Era a vida voltando, © com esta encharcou todo 0 seu interior arenoso até se saciar. Agora podia abrir 0: olhos. Abriu-os ¢ viu bem junto de sua cara dois olfos de estitua fitando-o ¢ viu que era. estitua de uma mulher e que era da boca da mulher que sala «gua. Lembrou:se de que realmente ao primeito gole sentira nos labios "um contato gelide, mais frio do que a gua E soube entso que havia clado sua hoca na boca da estétua da mulher de peda. vida havia jorrado dessa boca, de uma boca para outra. Intuitivamente, confuso na sua inocéncia, sentia-se intrigado: mas nag € de uma mulher que sai o liquide vivificador, o liquido germinador da Vida... Olhow aestatua nua, Eleahavia beijado. Sofreu um tremor que nio se via por fora e que se iniciou bemvden~ tro dele e tomou-lhe 0 corpo todo estourando pelo rosto em brasa viva. ‘Deu um passo para tris oupara frente, nem sabia mais o quefazia.Perturba- 4o, atonito, percebeu que uma parte de seu corpo, sempreantes elaxada, estava agora com uma tensio agressiva, e isso nunca Ihe tinha acontecido. Estava de pé, docemente agressivo, sozinho no meio dos eutras}de co” sagie batendo funde, espagado, sentindo o mundo se transformar. A vida cera inteiramente nova, era outra, descoberta com sobressalt Perplexo, um equilibrio Fig = Até que, vinda da profundeza de seu sex, jorrow de uma Fonte ocuilta nelea verdade. Que logo o encheu de susto elogo também de um orgulho Caner Lorerot elie clandestaa, | Atorito:espantado, lode Janavo: Rosco, 1998.p.157.159. | perplen. 181¢--- Meu conto psicolégico PTITur iG ‘Agora é sua vez de produzir um canto psicalégico. oct deve partir da seguinte stuacZo: um garoto estava fazendo uma prova quan do parcebeu que havia, embaixo da carteira dele, um papel cuidadosamente dobrado. Lembrou-se, entao, de que 2 menina de quem gostava havia sorrido envergonhada para cle na entrada da escola. Seria aquele papel um bilhete de amor? Ele nao poderia 2 durante a prova, pois certamente seria acusado de estar colando. Escreva sau conto com narradar em 3 pessoa, explorando os sentimentos do per= sonagem entre a descoberta do bilhete eo momento em que poderia alo, Se desejar, toque os géneras dos personagens. O texto deve ter, no maximo, 60 linhas, Seu conto psicolégico participard de um concurso literéro efard parte daantologia dda turma, que ficard disponivel para leitura na biblioteca, "J Momento de produzir EA o As orientacées a seguir destacam elementos importantes desse género textual. Leienas para planejar seu conto. (Nita propesta, 8 narrador deve estar em 3 pessoa. Para rat seu protagonists, bascie-se em alguem (em \océ, por exempio) ou invente uma figura coerente com a trama indicads na proposta, Destaque algumas caracterisiens fsicas e psicoldgicas para tornar seu personagens mais verossimil ‘0 que acontece na intimidade do persona- [ger Geus sentimentas aps perceber 0 papel daba- do, suas dividas,receios,lembrancas etc. Seja econd- ‘ico no uso do discurso direto, ja que predomina a intenoridage, Quanto tempo se passou entre a descoberta do papel ealeitura dele? Explore essa referéncia temporal para Sugerr como 0 personagem a viveu: 0 tempo passou mais depressa? Mais cevagar? Ele tinha referéncias Cconcretas de tempo? Procure empregar metaforas, comparacoes,hipsrboles, outras figuras que permitam a0 leltr percebar a ma- ‘se feito, por neira como o personagem intepreta a experitncia dele. de linguagem EE) 1. Defina como o conto terd inicio. Vacé pode citar uma ou mais agies praticadas antes de o protagonista encontrar o papel. Ou, entéo, pode ‘comegar ja mencionando 0 pensamento que ele teve oud efeito emo- ‘ional que o encontro do papel the causou e, s6 depois, contextualizar 2, Desenvolva 0 conto mostrando a progressao das agées, isto €, 0 co- rego, 0 meio e o fim da histéria. Lembre-se de que, como s8o secun= arias, as ages no devem ser muito detalhadas. Destaque apenas o que contribui para o estado de espirito do protagonist. Por exemplo, rencionar que a professora olhou para ele pode ajudar voc# a contar que ele sentia muito medo de ser surpreendido com o papel. 3. Nao se esqueca de. em algum momento, mencionar o que fez com que ‘ protagonist imaginasse que o papel fosse um bihete de arr. isso € necessério para a coeréncia da narrativa. 4, Desenvolva o texto mostrando as emo¢des © os pensamentos que 30 ‘tomando conta do personagem conforme o tempo passa. Destaque os ‘tracospsicoldgicas de seu personagem na expressao de sua fala ou de seus ppensamentos. alguém ousado ou medroso? £ experiente no amar ou um ovate? 5. Procure usar a linguagem figurada de modo a contaminar © mundo ex terior com 0 que é intima do personagem. 6. Dé um titulo a seu conto psicolbgico. ‘ho terminar a produgso do conto, copie o quadro a seguir no caderno. Ale ser utilizado na avaliagdo de seu texto, tealizada por um colega com quem voc trocard as produces. Seu colega deve circular os niimeros dos itens que considerar adequadamente realizados e justifcar,oralmente, os demais. Se houver discordéncia, procurem rever o criterio e cheger a uma conclusdo, Outros colegas e 0 professor podem ajudé-los nisso. Para melhor carae terizar 0 personagem, voce pade empregar \expressBescoloquiais.

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