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S + volume: operacées com sistemas OPERACOES UNITARIA REYNALDO GOMIDE ee ; OPERACOES UNITARIAS | = 19 VOLUME OPERAQOES COM SISTEMAS SOLIDOS GRANULARES REYNALDO GOMIDE “Advanced Chemical Engineer” e “Master of Science in Chemical Engineering Practice” pelo Massachusetts Institute of Technology. Engenheiro Quimica ¢ Civil pela Escola Politécnica da Universidade de Sio Paulo. Engenheiro consultor industrial. Diretor da Eterg Engenharia Ltda. Professor titular da FEI-Faculdade de Engenharia Industrial. EDICAO DO AUTOR 4 Sio Paulo 1983 Desenhos: José Aparecido Paixio Capa: Inter Studio Composigo: Takano Artes Gréficas Ltda. Impressio © Acabamento: FEI Grifica Fotolites: Yanguer Estudio Griffico Ltda. CIP-Brasil. Catalogagdo-na-Publicag’ Camara Brasileira do Livro, SP G6210 vA3 Gomide, Reinaldo, 1924 — ‘Operagoes unitirias / Reynaldo Gomide. — S40 Paulo: R, Go- mide, 1980 — Bibliografia. Conteddo: v.1. Operagtes com sistemas solidos granulares. 1983. — v.3. Separagdes mecanicas. 1980. 1. Engenharia quimica 2, Quimica industrial L Titulo. HL. Titulo: Operagdes com sistemas solidos granvlares. IIL. Titulo: Separagdes mecdnicas. CDD-660.2 660 Tndices para catdlogo sistemAtico: 1, Engenharia quimica 660.2 2, Quimica industrial: Tecnologia 660 SS TODOS OS DIREITOS RESERVADOS nos termos da Lei que sesguards os direitos autorais: proibida a reprodugdo total ou parcial desta publicasio, de qualquer forma ou por qualquer meio, sem permissSo por excrite do Autor. REYNALDO GOMIDE Av. Dr. Alberto Penteado, 740 ‘Tels. 61-5323, 241-2883 — Sao Paulo — ‘SP — CEP 05678 CONTEUDO CAPITULO I — Operagdes Unitétias .... . Engenharia Quimica e Operagiies Unitérias Princfpios utilizados. ..... . Classificagio das OperagOes Unitérias Revisdes aconselhadas Questdes propostas Referéncias bibliogrficas .... . CAPITULO II — Propriedades dos s6lidos a Caracterizago granulométrica .. . .. Materiais com particulas uniformes. Materiais heterogéneos Apresentaco dos resultados . . . _ Céloulos baseados nas andlises gramlomeétricas - 3s Propriedades dos s6lidos granulares 36 Quest&es propostas . . 43 Referéncias bibliogrdticas 43 ~ CAPITULO III — Fragmentagdo de s6lidos. 45 Mecanismo da fragmentagao . 46 Equipamento empregad2 na fragmentace. a7 Classificagdo dos equipamentos 5 48 50 Relago de fragmentagao . . . ‘ Caracteristicas gerais do equipamento...........-.2----. 50 MI CONTEUDO pagina Britadores primérios. 50 De mandibulas . 50 Giratério . . . 57 Britadores secundarios . 61 De martelos . 61 De pinos . 62 De barras ou gaiola . 64 De rolos....... 65 Outros tipos . 68 Cénico .. . . 1 De discos . ~ 72 Moenda 73 Rotatério. . 74 Moinhos finos . . 4 Centrifugos de atrito .. . . 74 Reb cos scans Te 79 De rolos dentados 9 De bolas .. 80 De energia fluida . 87 Moinhos coloidais ..... 88 Operagdes de moagem .. . 89 Consumo de energia. . 90 Lei de Kick .... 92 Lei de Rittinger. . 93 Lei de Bond % 96 Questdes propostas ... . .. 104 Referéncias bibliogrdficas ........ . PATRAS 106, CAPITULO IV — Transporte de sélidos. . . . 109 Importancia do transporte de sélidos. 109 Especificagdo do equipamento, 110 Classificagiio do equipamenta Wd Dispositivos carregadores . 112 Transportador de correi 112 Transportador de esteira. 128 Transportador de corrente. 133 Transpertador de cagamba . 133 Transportador vibratério. . . 136 Transportador por gravidade . 139 CONTEUDO VII pagina Dispositivos arrastadores... 02... 2... Ligne eckson 139 Transportador de calha 140 Transportador helicoidal . 144 Dispositives elevadores. . 153 Elevador helicoidal . . 153 Elevador de canecas. . . 154 Dispositives alimentadores , . , 161 Dispositives pneumaticos 164 Questes propostas ... . cence ae LO Referéncias bibliograficas ......... 185 CAPITULO V —Peneiramento............ ee scose: 1ST A operagdo de peneiramento 187 ' Céloulos zelativos ao peneiramento . 190 Quantidades produzidas 190 \ Eficiéneia do peneiramento . 192 Dimensionamento de uma peneira . 193 Teoria e pritica do peneiramento. . 201 Previsbes teGricas. . . 201 Condugao pritica da operagio 202 } Equipamento utilizado . , 203 Peneiras estaciondrias . . 204 Peneiras rotativas. . . 205 Peneiras agitadas . . . . 208 Peneiras vibratorias . . 210 Questdes propostas . . “ 212 Referéncias bibliograficas ‘ 215 CAPITULO VI — Mistura de sélidos . . 217 Tipos de operagdo. . . .. 27 Equipamento utilizado. . 217 Controle da operagdo. . . 221 Velocidade de operagao . . i= Referéncias bibliograficas . . . CAPITULO VII — Armazenamento de s6tidos. Propriedades dos sélidos armazenados . Tipos de armazenamento Esforces em leitos granulares soltos. ... . . via CONTEUDO pagina Esforgos em silos e depdsitos. . . . 231 Esvaziamento de silos ¢ depésitos . 233 Referéneias bibliograficas 236 ‘CAPITULO VIII — Fluidizagao de sélidos . Técnicas de contato sélido-fluide . Fluidizagao . Condig&es de fuidizacto. Propriedades dos leitos fuidizedore e edtziloe relat lativos a fluidizagao . 244 Porosidade.......... + 4 een ce Velocidade de fluidizagao . Densidade do sélido. Densidade do fluido Densidade do leito fluidizado. Altura do leit... . Relagdes entre densidade, eoraadnt e s altura. Perda de carga. 5 Velocidade critica de fui lizago Eficiéncia de fluidizagao. . . Inicio da fluidizagao continua... .... 2.22... Transferéncia de calor em leitos fluidizados Transferéncia de massa em leitos fluidizados. . . ‘Vantagens da técnica de leito fluidizado. Desvantagens da técnica de leitos fluidizados Aplicagdes da técnica de leito fluidizado Questdes propostas . . Referéncias bibliograficas . APENDICE ALUn seas pices De rena . 285 All = Série Tyler..... 5 285 A.1.2 — Peneiras BS . seis 286 W1.3— Pendiras IMM 55 464.555 Sy eds os enc ee 287 A.1.4 — Série ASTM... ss 288 A.2 — Conversdes de unidades ....... seat ARE pa ae PREFACIO De presenga tao viva em nossa meméria, engenheiros como Lewis, McAdams, Gilliland, Whitney, Hottel, Weber, Meissner, Mickley e tantos outros com os quais convivemas no MIT, induziram-nos espiritualmente a incentivar, também em nosso meio, a arte da Engenharia Quimica. O trabalho que estamos langando ¢ modesto apenas quanto ao seu valor técnico- cientifico, porque o tempo ¢ o esforgo empregados, as dificuldades técnicas ¢ os in- vestimentos para a sua realizacdo estiveram muito longe disso. Lamentavelmente 0 trabalho criativo tem essa caracterfstica frustrante: a cada momento de inspiracdo se- guemse horas ou dias de elaboracZo. Quantificando; 5% de genialidade, 95% de suor. Gratificantes, todavia, sto as referéncias de colegas aos trabalhos que j4 publi- camos, © que na verdade constitui o agente propulsor desta nossa atividade nada atraente sob o aspecto financeiro, mas que tanto nos motiva, Na verdade estamos sendo cobrades pelos que, tendo tomado conhecimento de nosso trabalho, manifes- taram-nos pessoalmente o seu agrado ou tém escrito de outros estados ¢ até do exte- rior, ansiosos pelas raras publicagSes no campo da engenharia quimica eseritas ¢ produzidas com os nossos recursos préprios. Nao podemos esquecer a expectativa dos alunos que enfrentam as dificuldades de seus cursos profissionais sem os livros técnicos em portugués de que necessitam. A todos entregamos 0 produto de nosso esforco e entusiasmo. © novo leitor julgard simultaneamente a obra e a forga pro- pulsora que nos moveu. Neste primeiro volume apresentamos as OperagSes Unitdrias envolvendo o ma- nuseio de sistemas sdlidos particulados; fragmentagao, transporte, armazenamento, peneiramento, mistura ¢ fluidizagao. Tanto a profundidade, como a extensfo dos diversos capitulos, tiveram que ser cuidadosamente controladas para que 0 conteti- do do livro pudesse ser integralmente ministrado com um bom numero de aplica- ees numéricas num semestre létivo com quatro aulas semanais. Boa parte do mate- x PREFACIO rial das notas de aula originais foi send cortada aos poucos durante a preparagZo do manuscrito para conseguirmos atingir esse objetivo. Para nds o texto ainda estd incompleto, mas é preciso nZo perdermos de vista a sua finalidade diddtica. Quase todo o material quantitativo (correlagoes, tabelas, grdficos e abacos) é apresentado em unidades métricas. Nao por sermos contra as unidades inglesas ou Porque as julguemos impréprias ou ulirapassadas, mas pela inexisténcia de correla- ges desse tipo com os pardmetros em nossas unidades. A tarefa nfo foi facil, pois grdficos ¢ principalmente abacos, ndo podem ser apenas traduzides para ficarem imediatamente nas unidades mais convenientes. Tivemos que obter a correlagdo que serviu de base para o trabalho original antes de podermos preparar 0 novo desenho. O custo de uma figura desse tipo em unidades métricas resulta proibitivo quando nossas horas de dedicacao so computadas & base dos servigos de consultoria. Mas hd também o lado positive e que na verdade resultou numa originalidade do traba- lho, pois decidimos apresentar as equagSes empiricas que obtivemos a partir dos 4ba- cos e tabelas interminaveis de origem e que foram utilizadas para desenhar os gréfi- cos do texto, Estas equagdes sfo muito convenientes para acelerar os cdleulos cam as atuais méquinas programaveis, ‘Outra particularidade gréfica deste volume é a adequagio dos desenhos dos equi- pamentos ds reais necessidades do engenheiro quimico. Todos sabemos que as figu- ras em planta, elevagdes, cortes e detalhes so extrememente impréprias para fins didaticos, além de inviabilizarem o custo da obra. Por outro lado, um corte ou uma planta isoladamente quase nunca é suficiente. Como o engenheiro quimico esta mais interessado no prinefpio de funcionamento do que nos detalhes, optamos qua- s¢ sempre pelas figuras simplificadas, feitas em perspectiva. Outras vezes s6 um es- quema € apresentado. Imperfeigdes técnicas das notas de aula que deram origem a este volume foram mantidas porque a sua ocorréncia na literatura técnica ainda ¢ generalizada. 0 sim- bolos °K, 4, HP, RPM, CV, mCA e mmCA, por exemplo, continuam sendo usados ao invés de K, um, hp, rpm, ev, mea e mmea. Os termos micron e microns também so empregados normalmente ¢ porisso continuam aparecendo em nosso livro. Para imperfeigSes semelhantes o leitor tem desde jd a nossa justificativa. As ilustragGes praticas ¢ questdes propostas vém sendo utilizadas em nossas aulas hd tanto tempo que jé nem podemos distinguir as que vieram de cursos no MIT e na Politécnica, ou que foram retiradas de livros, das que so de nossa autoria ou fazem parte de projetos que executamos ao longo do tempo. Perdoe-nos porisso quem in- voluntariamente deixou de ser citado. Estamos certos da utilidade deste livro para os que participam do aprendizado da engenharia quimica em nosso pafs, bem como aos profissionais do ramo. ‘O autor, S4o Paulo, maio de 1983 CAPITULO 1 Operacées unitarias O-engenheiro quimice tem como campo de agdo a indiistria de processo qui- mico. Este grupo de industrias ndo se restringe as centralizadas numa ou mais reag®es quimicas, como pode parecer, estendendo-se igualmente a muitas ou- tras que, embora sejam de cardter essencialmente fisico, visam obter como pro- duto principal, um ou mais compostes quimicos de importdneia industrial. E 6 caso da indistria do sal que, apesar de s6 envolver operag&es ffsicas, produz © cloreto de sédio, um composto quimico de uso industrial generalizado. Em regra, todavia, as indistrias de processo quimico incluem ao menos uma etapa quimica, Através de uma série de operagdes fisicas as matérias primas so pre- paradas para as reagdes as quais se destinam e, depois, o produto é purificado ou separado dos sub-produtos e reagents nao utilizados. Compreender 0 projeto ¢ a construgZo das indiistrias de processo quimico é a esséncia da engenharia quimica. Para que se possa partir da concepgio ori- ginal do proceso e chegar a uma unidade comercial de larga escala seré neces- sério, sem divida, dominar todos os princfpios fisicos ¢ quimicos envolvidos na fabricago, mas sucesso do empreendimento depende, acima de tudo, de um completo domfnio dos problemas de engenharia relacionados com © pro- jeto. E 0 estudo das operagdes unitdrias que deverd proporcionar ao futuro en- genheiro o treinamento suficiente para atingir este objetivo. Também & produgio intezessa o estudo das operagées unitdrias. Na verdade 86 se pode tirar o maximo proveito de qualquer unidade processual se os prin- CAPITULO 1 cipios que governam o seu funcionamento forem perfeitamente compreendi- dos pelo profissional responsdvel pela sua operagao. ‘Ao iniciarmos 0 estudo das operagSes unitérias que, como podemos con- cluir, se identificam & propria engenharia quimica, desejamos tornar bem claro um ponto importante: engenharia quimica ¢ ciéneia e arte. Nas dreas de ativida- de completamente cobertas pela teoria a engenharia quimica € ciéneia. Em ou- tras, no entanto, a anidlise tedrica ainda é de pouca utilidade para o engenheiro. Nestas dreas a engenharia quimica € uma arte ¢ 0 engenheiro quimico deve pro- jetar as instalagGes ou operacGes envolvidas com base na experiéncia ¢ no julga- mento profissional préprios. A teoria ¢ apenas © guia pritico do engenheiro. Porisso, ao estudar operag®es unitérias, 0 futuro engenheiro quimico deve exer- citar e procurar desenvolver a0 maximo 6 seu julgamento profissional, deci- dindo pela opgdo que lhe pareca a melhor ao selecionar ou projetar cada equi- pamento, ou definindo com acerto, em cada situagdo que se lhe apresente, as varidveis que controlam a operagfo em estudo. ENGENHARIA QUIMICA E OPERACOES UNITARIAS O engenheiro quimico foi criado para preencher a lacuna existente entre o quimico que estuda o proceso em aparelhagem de vidro no laboratério, ¢ os engenheiros mecdnicos ¢ eletricistas que constroem ¢ montam os equipamen- tos, Um profissional bem preparado deve estar em condigdes de entender bem a deserigz0 bisica do processo fornecido pelo quimico de laboratério ¢ proje- tar os equipamentas de modo a fornecer aos demais engenheiros, documentos que tornem possfvel a realizagao pritica do processo em larga escala. Os primeiros esforgos visando sistematizar o ensino da engenharia quimica, na época de sua criagdo, fizeram com que se reconhecesse que todos 0s proces- sos industriais tem em comum certas técnicas ¢ opera¢es baseadas nos mesmos prinoipios cientificos. A separagfo dos sélidos de uma suspensdo por meio de filtros, a separagfo de Ifquidos por destilago ou a secagem de s6lidos, por exemplo, so operagdes comuns a um grande nimero de inddstrias. O proble- ma de se projetar um destilador para fabricar alcool, refinar petréleo ou produ- zir medicamentos ¢ basicamente o mesmo. As diferengas esto nos detalhes constrativos do equipamento utilizado, sendo muitas vezes ditadas mais pela capacidade ou escala de operag#o do que propriamente pelo tipo de inciistria. O mesmo ocorre com os transportes de fluidos ou s6lidos, com os aquecimen- tos e resfriamentos, as secagens, as misturas e as separagdes em geral. © conceito de operag6es unitdrias foi a eristalizagao destas idéias. © térmo ¢ descritivo no sentido de que toda indvistria quimica € na realidade uma série coordenada de operacSes individuais que integra a fabricag¥o. O modo mais eficiente de estudé-las € em conjunto ¢ sem particularizar 0 tipo de inddstria OPERACOES UNITARIAS 3 onde se aplicam, para no se ter que penetrar desnecessariamente nas particu- laridades dos processos envolvidos. O estabelecimento deste ponte de vista, fei- to em 1915 por Artur D. Little num relatério formal a corporagdo do MIT, unificou ¢ fortaleceu sobremaneira 0 estudo da engenharia quimica. As operagdes unitdrias s40 fundamentalmente operagGes fisicas, embora pos- sam envolver excepcionalmente reagSes quimicas, como acontece na absor- ‘gio de gases dcidos em solugées alcalinas. Entre muitas outras finalidades, as ‘peracbes unitdrias visam reduzir o tamanho dos sélidos a processar, transpor- ti-los, separar componentes de misturas ou aquecer e resfriar sdlidos e fluidos. ‘Sao exemplos o britamento, a filtragdo, a secagem, a evaporacdo, a destilagdo, a absorgdo e a extragio. PRINCIPIOS UTILIZADOS O estudo das operagdes unitérias baseia-se nos princ{pios fisicos e fisico-qui- micos de dominio geral dos estudantes de engenharia quimica. Para facilitar 0 seu uso, estes principios costumam ser reunidos em quatro grupos de generali- dade € preciso decrescentes. A técnica necessdria para utilizé-los € objeto da Estequiometria Industrial e inelui a pratica de balancos materiais, balangos de energia, relagdes de equiltbrio ¢ equagées de velocidade, Para as operag6es uni- térias mecénicas os balangos de forga também sfo importantes. O escoamento de fluidos e a fragmentacdo de sélidos siio exemplos de operagGes unitérias que envolvem equacdes deduzidas com base em balangos de forgas, ‘Convém ressaltar 0 fato de que reside nas equagdes de velocidade © princi- pal interesse durante o estudo das operagdes unitirias, pois sfo elas que permi- ‘tem calcular as dimensdes dos equipamentos requeridos. E ¢ isso precisamente ‘© que se espera do engenheiro quimico de processo. Assim sendo, a determina- ¢f0 dos fatores que influem diretamente na velocidade de cada tipo de opera- ¢40 deverd ser permanentemente o foco de nossas atengSes no assunto que va- mos apresentar. Os detalhes construtives dos equipamentos utilizados, princi- palmente 0$ mecanicos, so geralmente secundérios sob o ponto de vista do en- genheiro de proceso. Os equipamentos das indistrias de processo quimico geralmente operam mal, ou nfo funcionam, mais por erros de dimensionamen- to processual ou de concepeao, do que por deficiéncias de soldas ou parafusos. Estes detalhes sfo importantes para construire montar os equipamentos, mas no interferem fundamentalmente com o seu desempenho processual. As di- mensdes de um tanque, a drea de um trocador de calor, a altura ¢ 0 dimetro de uma coluna de destilagdo, o tamanho de um decantador ou a velocidade de um agitador so grandezas muito mais importantes, sob 0 ponto de vista do pro- cesso em si, do que os detalhes mecénicos, por mais sofisticades que possam ser. 4 ‘CAPITULO 1 CLASSIFICAGAO DAS OPERACOES UNITARIAS ‘A ordem em que as operagSes unitdrias so estudadas ¢ arbitrdria. Todavia, uma classificago é sempre itil, porque simplifica ¢ abrevia 0 seu estudo em conjunto. Uma classificago légica das operagdes unitdrias pode geralmente ser feita com base no seu mecanismo ou, se houver varios mecanismes envolvi- dos, naquele que controla a velocidade global da operagdo. Assim é que ha ope- ragdes de transferéncia de calor ou de massa e operagSes mecinicas. Um exem- plo de operaco que envolve diversos mecanismos é a evaporagdo de uma solu- Ho com o fim de preduzir cristais. Esta operago poderia ser classificada indi- ferentemente como: 19) separagdo-do soluto da soluedo; 29) vaporizagao do so- luto; 39) operacio de transferéneia de massa entre a fase Ifquida e 0 vapor; 49) transferéneia de massa entre as fases liquida e sélida; 50) operagdo de transfe- réncia de calor para a solugdo. Contudo, é a transferéncia de calor que contro- la a operagdo e, por esta razo, 0 equipamento utilizado é fundamentalmente um trocador de calor. Porisso esta operacdo deverd ser incluida entre as de tro- ca de calor. Jé no caso da secagem, é a transferéncia de massa que controla a operago € por este motivo ela deve ser inclufda no grupo de operagdes que en- globa a destilacdo, a absoredo, 2 cristalizacao, a extracHo Ifquido-diquido e a cle- * trodidlise. Com base neste critério mecanismo as operagbes unitérias so classi- ficadas em quatro grupos: operacSes mecanicas, operagdes de transferéncia de calor, operagdes de transferéncia de massa e operacbes de transferéncia de quantidade de movimento. Uma classificagaio das operagées unitirias pelo tipo de sistema também pode ser feita. Muito embora haja concordancia entre as duas classificagdes, a ante- rior, baseada no mecanismo, é mais consistente sob 0 ponto de vista tebrico, mas o estudo conjunto de operagies caracteristicas de um determinado tipo de sistema também tem as suas vantagens, Optamos pela combinacao dos dois critérios, classificando as operages unitdrias como passamos a expor. Operagdes Mecinicas Operagées envolvendo sistemas sdlidos granulares Fragmentagao Transporte Peneiramento Mistura Armazenamento Operagées envolvendo sistemas fluidos Escoamento de fluidos Bombeamento de liquidos Movimentagio e compressio de gases Mistura e agitagao de Ifquidos OPERAQUES UNITARIAS 5 Operagdes com sistemas slide — fluido Fluidizaco de s6lidos(*) Separagdes mecénicas Sélidos de sélidos sdlidos de liquidos sdlidos e/ou liquidos de gases liquidos de Iiquidos Operagies de transferéncia de calor Transferéncia de calor por condugio em s6lidos, sem e com geragdo interna, em regime permanente ou transiente. Aquecimento e resfriamento de fluidos Cendensagao- Ebuliggo Evaporagéto Liofilizagaio Transferéncia de calor por radiaggo Operagdes de transferéncia de massa Destilagdio Absorgio e “stripping” de gases Adsorgiio Extragdo liquide4iquido Lixiviagiio Secagem ¢ umidificagao de gases Condicionamente de gases Secagem de sdlidos Dialise ¢ eletrodidlise Cristalizagao Troca iénica REVISOES ACONSELHADAS Para obter resultado positive com o estudo das Operagdes Unitarias, reco- menda-se a revisio prévia de alguns assuntes fun damentais relativos 4 engenharia () Em nosso trabalho decidimos antecipara fluidizagdo de sélides, apresentando esta ope- fesao juntamente com as operagdes realizadas com sistemas sélidos,isolando neste gru- Po apenas as separacGes mecinicas. ‘CAPITULO 1 quimica. Convém que o leitor esteja perfeitamente familiarizado com 0 que se- gue: 1, Técnicas de Estequiometria Industrial. 2. Dominio pratico-e teérico da Termodindmica Técnica. 3. Métodos de cdlculo grifico e numérico, o que, por sua vez, envolve prati- ¢a no uso de papéis milimetrades comuns, log-log e semi-log, prética de integragdo ¢ diferenciagao grificas e numeéricas. 4. Tratamento estatistico de dados e, em particular, precisdo de medidas. ‘CAlculo de erros, médias, desvios ¢ limites de confiabilidade de resultados. 5. Prética no uso de equipamentos técnices de calculo, como computado- res e caleuladoras eletronicas. A fim de servir como roteiro para estas revisOes, apresentamos a seguir algu- mas quest6es tipicas que servirfo também para o estudante conferir 0 estado atual de seus conhecimentos prdticos nestes assuntos. Ao encontrar dificulda- de num determinado problema, recomenda-se uma revisdo do assunto tratado. QUESTOES PROPOSTAS!!) 1 Para resolver os problemas de Estequiometria Industrial consulte a referéneia 2. A solugdo aquosa de um sal, de concentragio C, kg/m? é alimentada em vazdo cons- tante (a m?/h) a partir de um tanque de grande capacidade, a um outro munido de agita- dor. Este encerra 2502 de égua pura no infoio da operagdo, A medida que a solucao sali: na escon para o tanque agitado & raze dea m?/h, a mistura resultante € também retira- da A mesma razio, indo para o proceso onde deverd ser utilizeds. Na safda do primeiro tanque hé uma vilvula de regulago automitica de vazio ¢ © segundo tanque é equipado com um regulador de mivel que atua outra valvula automitica na safda desse tanque, man- tendo constante o nivel da mistura no tanque. Pede-se: a) relacionar a concentragao C da solugio alimentada 20 proceso num dado instante com ¢ tempo ® decorride desde o int: cio da opetagdo (adotar 2 = 50 2/h); b) o tempo necessdrio para ser obtida solugio de con- centragio igual metade do valor C, ; ¢) como se poderi tomar duas vezes maior o tempo calculado em b? Uma reacdo catalitica entre os reagentes gasosos 4 ¢ B para fomecer 0 produto gasoso AB, deve ser realizada em processo continuo. Em virtude da baixa conversio por passe no reator, que 6 de 33,3%, & do-elevado custo dos reagentes, decidiu-se operar com reciclo da mistura que sai do reator, apds separagdo do produto formado, por absorgdo:num solven- te ndo-volétil. Os reagentes nfo so absorvidos de modo apreciivel durante a recuperagao do produto, porém a recuperagdo deste nfo é total, A mistura gasosa a ser reciclada en- cerra | mol % do produte AB; ao sair do sistema de absoreio, A mistura alimentads en- ‘eerra o§ reagentes na proporyio estequiométrica mais um por cento do material inerte C, que também nao ¢ absorvido em proporgao aprecidvel durante a recuperagao do produ- to formado no reator. A fim de evitar o acdmule deste material inerte no sistema, o que vir ria prejudicar a conversio dos reagentes em produto, deve-se purgar uma parte dos gases que ssem da eoluna de absorefo de modo a manter absixo de 3% 0 teor de inerte no reci- clo. Por 100 kmiol de alimentagio, calcule: a) a purga necessdria para manter as condi¢des impostas; b) a quantidade da AB formada; ©) o rendimento glabal do processo; d) oreciclo; @) a porcentagem de Crna entrada do reator, OPERACOES UNITARIAS 7 Um fomo experimental queima metano corn a quantidade tedtiea de at. Devido a defeitos de construgio e mi aperago do fomo, a reagio nfo se complement integralmente. Dez por cento do carbono queimado formam CO, 0 restante passa a CO2 ¢ nllose forma fuli- gem, nem alcatrio. © metano é alimentado a 25°C € o ar, com 30% de umidade, ¢ pré- aquecido a 80°C, Os fumes saem do fomo a 450°C, Calcular a porcentagem do metano alimentado que se queima no fomo, Quais sdo as suas recomendagGes para corrigir ou me- therar a operago de fomo? Na hipétese de se poder melhorar em 20%a queima do meta- no, dé sua estimativa da nova temperatura dos fumes. Dados: pressiio. de vapor da agua a 80°C, 355 mm de Hg; pressio barométrica, 700 mm de Hg; entalpia-padrio de combust¥o do metano, dando dgua liquidae COg, 212798 calf mol; entalpia de vaporizagdo da dgua liquida a 18C, 584 keal/kg; composigao volumétri- cado ar, 21% de oxigénio ¢ 79% de nitrogénio. . Uma boisa de gis natural acha-se inicialmente & pressio de 260 atm ¢ 659C. O fator de compressibilidade do gis nestas condiges foi avaliado em 0,80, Apés produzir trinta e cin- co milhdes de metros aibices de gés, medidos a 20°C e 1 atm, a pressio caiu para 170 atm e, a temperatura, para 64°C, O fator de compressibilidade nests novas condigées é avaliax do em 0,85. Calcular a quantidade, em metros ciibicos nemnais, de gés natural inicialmen- te presente na bols. . A seguinte andlise de Orsat foi obtida para os gases de escape de um motor funcionando ‘com uma gasolina parafinica de densidade API igual a 600 e ponto de ebuligo médio (ba- se molar) dé 120°C: CO, 13%, CO 0,3%, Oo 0,5%. Qual é a sua estimativa da massa mole- cular da gasolina empregada? . Numa instalagSo que produz deido n/trico pela destilagZo de uma mistura de nitrato de sé- dio e dcido sulfirico, a destilagdo teve o curso descrita pela tabela que se segue, onde @ € 0 ‘tempo em horas medido a partir do inicio da operagao, C & a concentragaa de destilado que se condensa no instante # (express em porcentagem de HNO em peso) em a massa ‘total do destilado recolhide desde o inicio da opera¢ao até o instante 0: m (kg) 100 190 290 380 570 360 1150 1530 1910 2290 2680 3060 3440 3820 4210 4590 4970 $350 5740 15,167 (final) 5800 17. CAPITULO 1 a) Prepare um grifico mostrando a concentraedo do icido que resultaria da coleta con- tinua e mistura num tanque, de todo o condensado em funcdo da quantidade recolhida. b) Qual é 0 peso méximo de écido de 90,0%em peso, que se poderia obter num proces: ‘s0 que envolvesse tio-somente a segregacio do condensado a medida que este se forma? A vazdo do produto formado num processo quimico é medida e registrada continuamente durante a operacio. O grifico obtido é fomecido na fig I.1. Determine 0 volume total pro- duzido num perfode de vinte ¢ quatro horas (entre meia noite de um dia e meia noite do dia seguinte). soa 18, Fig, 1 — Variagio da vardo com o tempo. Durante os trabalhos para verificar o funcionamento de um processo quimico industrial tomou-se necessdrio determinar a velocidade média de escoamento da dgua numa das tubu- lagées. O meio mais conveniente para isso ¢ um método inditeto no qual se mede a massa, ‘m de gua que sai do tubo por um ponto conveniente a ser escalhido, durante um certo intervalo de tempo 9. De posse da medida do diimetro D da tubulapie e do valor da den- sidade obtida de manuals, calcula-se a velocidade média 4m xD? 6p Antes de levar avante as determinagBes 0 engenheiro encarregado do ensaio decidiu calcu lar a incerteza dos resultados a serem obtides com a equago acima, Para tanto, fez as se- guintes estimativas, tanto dos provéveis valores das variaveis, como das respectivas incerte- 2zas das medidas: 1, A agua a ser coletada soni da ardem de 100 kg, uma vez que as balangas dispon{veis na fabrica tém essa capacidade. Por outro lado, observando o mau estado de conservacio das mesmas, julga que uma estimativa conservativa da incerteza da medida é de + $ kg. 2. 0 tempo de coleta da amostra seré da ordem de 70 segundos, de acordo com infor- mages que obieve. Um relégio elétrico sera utilizado para medir o tempo e o engenheira ‘acha que 08 erros pessoais e de reldgio combinados nfo exeederio + 1 5, ves 19, OPERAQGES UNITARIAS 9 3. © didmetro nominal do tubo ¢ 1”, Levando em conta um pouco de ovaliza¢ao, eros de calibragdo e incrustagées, fez uma estimativa de que o erro da medida do didmetro nao excederi # 0,03". 4. A densidade da gua a 16°C (temperatura da medigSo) é 0,999 kg/. A incerteza na medida da temperatura é de + 10C, correspondendo a uma variagdo de densidade menor do que 0.1%. Uma vez que a incerteza na densidade € uma ordem de grandeza menor do que as demais, seu efeito seré desprezado. a) Faga uma previsio do erro provavel da medigao final. b) Que precisées das medidas parciais sero necessirias para dar um erro pravivel na medi¢So final inferion a 2%? Uma série de experigncias foi realizada com a finalidade de se determinar a variagio com a temperatura da capacidade calorifica do glicol etilénico a pressfo constante. Cada ensaio ‘consistiu no aquecimento de uma quantidade previamente conhecida de glicol entre limi- tes de temperatura pré-fixados, conforme indicado na tabela que segue. O calor fornecido a pressdo constante foi determinado em cada caso pelo consumo de energia elétrica de uma resisténcia imersa no glicol. Intervalo de seciperctias Calor transferido (kcal/kg) o- 20 20- 40 18 40- 60 12,2 60- 80 12,7 80 — 100 13,1 100 — 120 13,6 120 - 140 14,0 140 = 160 14,5 160-180 15,0 180 ~ 200 15,4 + 1.10, Obtenha a expresso empfrica que relaciona a capacidade calorifica espec‘fiea do isobuta- nol, a pressfo constante, com a temperatura, a partir dos seguintes dados experimentais: TeQ 0 10 20 30 40 50 cp (calf°C) 0,505 0,537 0,570 0,607 0,642 0,675 TOC) 60 70 80 90 100 &p (cal/g°C) 0,705 0,737 0,770 0,808 0,840 Calcule a variagio de entalpia de 3 kg desse dicool entre 20°C ¢ 90°C: a) graficamente; b) analiticamente. 1.11. Com base em principios fundamentais chegou-se & conclusio de que a viscosidade de um {fquido pode: ser relacionada com a temperatura através de uma expressao do tipo: 10 CAPITULO 1 Nessa expresso, que é valida para pequenos intervalas de temperatura, = viseosidade em oF T = temperaturacm & a,b = constantes empiricas (Qual 6 a expressdo para o retracloreto de carbono? Os dados experimentais disponiveis so os seguintes: treo |» | [4 | 0 | 6 | 70 | 80 wee | 0969 | 0843 | 0,739 | o6s1 | 0,585 | 0524 | 0,868 1.12.A viscosidade de um gis é aproximadamente proporcional a temperatura absoluta clevada @ alguma poténcia p. Determinar p a partir dos seguintes dados para o CO, a 1 atme com: pare o resultado obtido graficamente com o obtido por métodos analfticos. T(K) 288 | 293 | 303 313 | 372 455 u (ep) 0,01457 | 0,01480 | 0,0153 0,0137 | 0,0186 0,0222 T@K) sis | 763, | 988 13 | 1328 | a (cp) 00268 | 90,0330 | 0.0380 | 90,0436 | 90,0479 | 1.13.0 coeficiente de pelicula (h) para transmissio de calor por convecgii € relacionado com a 4 velocidade de escoamente do fluido (V) pela equagio h =a ¥>, Detemnine as constantes ae ba partir dos seguintes dados experimentais: ¥ ft/seg) ft 3 | 5s | 7 | 9 12 4 (Btu/h. fP.°F) | 150 370 | 565 | 730 | 920 1160 1.14. Durante uma filtragao a pressio constante, o volume de filtragdo recolhido variou com 0 tempo de filtragdo segundo uma equagéo do tipo V=K.e onde: @ = tempo (minutos) V = volume de filtrado (litros) K = constante empirica, Determine K por diferenciacZo grifica, a partir dos seguintes dados experimentais: ein | o | 2 [5s] s | 2 | 1s | 2 ve | 0 | wo | ass | 20s saz | 380 | 440 | 490 | 310 115.Com 0 auxitio da expressio deduzida a partir da 19 lei da termodinémica: 2f Vid dP = dWye + (Bleo)dX + V dV ge + = 8c (v= volume especffico, P = pressio total, Wye = trabalho tomecido 20 volume de contro- lc, X = altura no ponto considerado, V = velocidade de escoamento, {= fator de fricgdo da equagdo de Fanning, gc = fator de consisténcia), Explique o que acontece quando: a) um Liquide que circuls. por uma tubulago horizontal passa por um esireitamento bmasco (orificio ou vilvula parciaimente aberta), esclarecendo o que ocoze quando 0 ¢s- rr OPERACOES UNITARIAS W teeitamento se toma progressivamente mais importante ¢ justificando todas as hipéteses formuladas; 'b} um gis perfeito circula por uma tubulagSo horizontal com velocidade de massa constante G. Sendo L 0 trecho de tubulag3a por onde o pis escoa com queda de presséo moderada, calcular a perda de pressio nese trecho, justificando as hipoteses adotadas para 198 edlculos. 1.16, Agua a 400C esti escoando através de um tubo longo de 4” de diame tro nominal, Schedu- le 40, a uma vazdo de 50 g/t Calcule: a) a velocidade da dgua no centro do tubo; b) a perda de carga por 100 m de tubo; c) a leitura num mandmetroem U, contendo tetraclo- reto de carbono como Ifquido manométrico e cujas ramos esto ligados a tomadas de pres- so nos flanges de um orificio de 5 cm de diimetro; d) a perda de carga no ponto onde © tubo se une a um outro de 6”; €) o didmetro econémico do tuba, 1.17.Na fig. [-2 acha-se representado um tanque elevada, do qual sai uma tubulagdo de ago-car- bono Schedule 80 com os diémetros nominais indicados. Pelo sistema circula xilol a 60°C, Apress no tanque é l atm, Qual deverd sera altura X do xilol no tanque para que a vazdo através da tubulagio scja de 500 2/min? Se um trecho adicional de tubo com 30 m de eXtensdo for acrescentado, qual serd a nova vazdo? Fig, 1.2 — Esquema da instalagio do problema 1.17. 1.18.Projete um orificio com tomadas de pressio nos flanges, para medir a vazio de CHg a $ tm © 30°C num tubo de 6”, Schedule 80. Sio dados: 1. Varao aproximada do gis: 0,870 m/s nas condigdes de escoamento. 2. O manémetro dispontvel é do tipo U, com 30 em de comprimento. 3. O fluido menométrice a ser utilizado é uma gasolina colorida, com densidade 0,875 giml. 12 ‘CAPITULO 1 1.19. Dois mil quilos de dcido residual de um processo de nitragdo encerrando 36% de HNOs, 21% de HySO4 e 37% de HO 2 400C slo fortificados com 120 kg de Acido sulfiirico a 92% em peso ¢ 85 kg de dcide nitrice de 60% em peso, ambos a 180C_ Calcule a tempera- tura maxima que a mistura poderd atingir o calor a ser removido para resfriar a mistura até 109C, Utilize a fig. 3 obtida com os dados adaptados de McKinley © Brown(3). 8 ~40 g a 3 i 46 em peso de dito foto! CHAD, + H,SO) * Fig. 3 — Diagrama entalpia-concentracao para o problema 1.19. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS @ “Manual de Operages Unitérias"", Cenpro Ltda. — Editores, Sao Paulo, (2) Gomide, R.: “Estequiome ria Industrial”, 23 edigdo, ed. do autor, So Paulo, 1979. (3) McKinley e Brown: Chem. Met. Eng., 49(1942). Propriedades dos solidos particulados Q conhecimento das propricdades dos s6lidos particulados ¢ fundamental para o estudo de muitas operacdes unitdrias como a fragmentacdo, 0 peneira- mento, a fluidizago, a mistura, o armazenamento, as separacdes mecanicas, 0 escoamento de fluidos através de leitos granulares ¢ a adsorgao, ‘De um modo geral as propriedades so de duas categorias: as que 36 depen- dem da natureza das particulas e as que se associam com todo o sistema. Do primeiro tipo so a forma, a dureza, a densidade, o calor especifico e a condu- tividade das partfculas. As da segunda categoria s4o a densidade aparente, a Grea espectfica, as condutividades, a permeabilidade e 0 dngulo de repouso na- tural, Neste segundo caso a propriedade p2ssa a ser uma caracterfstica do con- junto (ou da amostra) ¢ no mais do slido em si, © que se tem verificado é que as propriedades da segunda categoria, ou seja, as propriedades do leito poroso constituido das particulas sélidas separadas umas das outras na amostra, dependem principalmente da porosidade do leito, que por sua vez estd associada com a distribuigdo granulométrica das particu- las, além de outros fatores. CARACTERIZACAO GRANULOMETRICA Tanto a especificagao da finura desejada, como o célculo da energia necessé- ria para realizar uma operagdo de fragmentacdo requerem a definicSo prévia do que se entende por tamanito das particulas do material. A determinagao de ou- 14 CAPITULO 2 tras caracterfsticas do produto mofdo também exige o conhecimento prévio da granulometria e geometria das partfculas que o constituem. O assunto interessa igualmente a outras operacées unitirias, como a mistura, as separagdes inerciais e a adsorgao, além de ser importante em processos como a catélise heterogénea. Muitas vezes as propriedades sofrem a influéneia marcante do grau de sub-divi- so. A toxidés de certas pociras depende da distribuigdo granulométrica, além da composigo quiimical: ). Distinguem-se pelo tamanho cinco tipos de sélidos particulados. Apesar de nao ser muito nftida, esta classificagdo 6 util por ser descritiva: — pés, com particulas de 1 4 até 0,5 mm — s6lidos granulares, cujas particulas tm 0,5 a 10mm, — blocos pequenos: 1 a 5 em — blocos médios: 5a 15 cm — blocos grandes: maiores do que 15 cm Consideraremos inicialmente os materiais com particulas de mesmo tama- nho, para depois tratarmos do caso geral de amostras com particulas de tama- nhos variados. MATERIAIS COM PARTICULAS UNIFORMES Quando as partfeulas do material sfo todas iguais, o problema da determina- gfo de seu mimero, volume e superficie externa é bastante simples. Considere- mos uma particula isolada, Seu tamanho poderd ser definido pela dimensio li- near de maior importincia, como o diametro, no caso de particula esférica, ou © comprimento da aresta, se ela for cttbica, No caso de particulas de outras for- mas geométricas ou irregulares, uma dimensio deverd ser arbitrariamente esco- thida, Geralmente a dimenso imediatamente abaixo da maior é a preferida, porque é a que mais se aproxima do tamanho obtido experimentalmente.* tamanho da partfcula pode ser obtido por diversos meios: diretamente ou com 0 auxilio de um microscépio, por peneiramento, decantacdo, elutriagdo ov centrifugagZo. Tanto a medida direta como a microscépica dispensam explica- gio. Neste iltimo caso 0 método empregado ¢ o de Rosiwal't), que consiste em ir virando a particula sobre uma lamina microseOpica e quadriculada de modo a facilitar a medida. Tira-se a média de cem particulas ¢ depois compara-se com a média de duzentas para verificar se os resultados so concordantes. O peneiramento consiste em fazer passar a particula através de malhas pro- gressivamente menores, até que ela fique retida. O tamanho da particula estard (*)Em algumas aplicag&es utiliza-se 0 didmetro do circulo de mesma drea de secgfo trans- versal que a particula em sua posipio de méxima estabilidade. Qutras medidas serio ‘também apresentadas a0 tratarmos de outras operagiies. a PROPRIEDADES DOS SOLIDOS PARTICULADOS 15 compreendido entre a medida da malha que a reteve ¢ a da imediatamente an- terior. A média aritmética das aberturas destas malhas serviné para caracterizar © tamanho da particula. A decantacdo e a elutriapto so métodos indiretos que se baseiam na medida da velocidade de decantagGo da particula num fluido. Estando relacionada di- retamente com as dimensGes da particula, esta velocidade permitird 0 célculo do tamanho, desde que se conhega a equacao que descreve o fendmeno. No pri- meio caso, 0 material € posto em suspensGo que se deixa em repouso durante um certo tempo, finde o qual o nivel dos s6lidos decantados tera descido de uma distancia que se mede. A velocidade de decantagZo é obtida dividindo a distancia pelo tempo e, a partir do valor achado, calcula-se o tamanho da partt- cula. Na elutriago 0 principio empregado ¢ 0 mesmo, porém a suspensio € mantida em escoamento ascendente através de um tubo. Variando-e a veloci- dade de escoamento, serd facil descobrir o valor necessdrio para evitar a decan- tagdio das partfculas. Esta serd a velocidade de decantagdo do material. Muitas vezes a elutriago € feita com ar, sendo esta técnica particularmente importan- te para a determinagao do tamanho de pociras contaminantes. Um tipo de equi- Pamento utilizado neste caso é 0 analisador Roller{t), A vantagem da elutria- go € que cla permite efetuar a medida instantanea do didmetro. Representado por u a velocidade de decantagao (cm/s) da particula esférica de didmetro D (microns) © densidade p (g/cm?) num fluido de densidade p’ e viscosidade 4 (cP), alei de Stokes serd aplicdvel se a decantagao for realizada em regime vis- coso, podendo-se escrever: £2? 6-0) 18 x 108 Esta expresso permite calcular diretamente o didmetro da particula: paisss+/ e-P Observa-se que 0 didmetro assim calculado ¢ 0 da esfera de mesma densidade-e velocidade de decantago que a particula considerada, pois a lei de Stokes é vé- lida para particulas esféricas, O método de cenznifisgagdo, também indireto, obedece ao mesmo principio dos anteriores, porém a forga gravitacional é substituida por uma forga centri- fuga cujo valor pode ser bastante grande, a conveniéncia do operador. E util Principalmente quando as partfculas sfo muito pequenas, sendo porisso de de- cantacdo natural muito lenta. Seja D o tamanho caracteristico da partieulg, obtido por qualquer destes métodos, Esta dimensio serd o diémetro, mesmo que a particula nfo seja esfé- rica, As earacteristicas importantes de material poderfio ser calculadas em fun- (40 de D como segue: CAPITULO 2 1. Superficie externa da particula (s) s=a DP O valor do pardmetro a depende da forma da partfcula, Para cubos, ¢ igual a 6 e, para esferas, vale =. 2. Volume da particula (v) v=b D? © parametro b também depende da forma, sendo igual a1 para particulas cibi- cas ¢ 1/6 para particulas esféricas. 3, Fator de forma ( ) Arrelagio A=3 seré denominada fator de forma da particula. F igual a 6,0 para cubos e esferas, sendo maior para particulas irregulares, Muitos produtos de operagdes de moa- gem tém } aproximadamente igual a 10,5(*). Para materiais pulverizados va~ ria de-7 a 8 e, para particulas laminares de mica, é igual a 55(**). 4, Mimero de particulas da amostra (N) Sendo M a massa da amestra e p a densidade do sdlido, o ntimero de parti- culas ser: _ ¥olume total da amostra _ M Volume de cada particula = 5D? p 5, Superficie externa (S) 6. Superficie espectfica (*) Valor caleulado com base no inverso do fator de forma definido por Gaudin(2). (#*) Valor baseado no tamanho da maior arestals), PROPRIEDADES DOS SOLIDOS PARTICULADOS. W7 Aplicagao 1 Uma amostra de mica foi observada com uma lente e diversas plaquetas do material fo- yam examinadas e medidas, verificando-se que elas eram praticamente do mesmo tamanho. Suas dimensdes médias resultaram as seguintes: expessura 0,5 mm, largura 8 mm, compri- mento 14 mm, Calcular o fator de forma das particulas. Solugio Admitinds que as particulas sejam paralelepipedos retiingulos ¢ lembrando que neste caso D = 8 mm, resulta: SS HOS xB +14 x8+0,5 414) = 246 20,87 2. a= 3,84 v= 0,5 x8 x14=56=b.87 b= 0,109 Portanto 3,84 A= —— #353 0,109 MATERIAIS HETEROGENEOS Neste caso o material teré que ser separado em fragdes com partieulas uni formes por qualquer dos métodos de decantagao, elutriagde ou centrifugagio anteriormente descritos. O meio mais pritico, no entanto, consiste em passar © material através de uma série de peneiras com malhas progressivamente meno- res, cada uma das quais retém uma parte da amostra. Esta operag4o, conhecida como andlise granulométrica, ¢ aplicdvel a particulas de didmetros compreendi- dos entre 7 om ¢ 40 x. Abaixo deste valor deve-se recorrer a um dos métodos descritos anteriormente(*). * Todavia, abaixo de 80 1: o peneiramento jé ¢ insatisfatério. O material retido em cada peneira ¢ pesado separadamente, sendo a sua quantidade relacionada com a abertura da malha que o reteve. A anélise granulométrica é realizada com peneiras padzonizadas quanto & abertura das malhas e espessura dos fios de que so feitas, Ha diversas séries de peneiras, sendo mais importantes as do British Standard (BS), do Institute of Mining and Metallurgy (IMM), do National Bureau of Standards ¢ a série Ty- ler, que ¢ a mais comumente utilizada no Brasil. Consta de catorze peneiras ¢ tem como base uma peneira de 200 malhas por polegada (200 mesh), feita com fios de 0,053 mm de espessura, o que dd uma abertura livre de 0,074 mm. As demais peneiras da série e que so colocadas acima desta durante o ensaio, apre- sentam 150, 100, 65, 48, 35, 28, 20, 14, 10, 8, 6, 4. 3 mesh respectivamente. ‘Quando se passa de uma peneira para a imediatamente superior (por exemplo da de 200 para a de 150 mesh, ou da de 8 para a de 6 mesh) a rea da abertu- ra € multiplicada por dois e, portanto, o lado da malha é multiplicado por (4) Verpor exemple Brown e associados p, 924), 18 CAPITULO 2 V2. Quando se deseja a separacZo da amostra em fragées de tamanhos mais préximos do que os consecutivos da série normal, utilizam-se penciras interme- didrias cujas aberturas guardam uma relagio de 1: 4/2 com as adjacentes da série normal. As caracteristicas das diversas peneiras da série normal Tyler acham-se na tabela ILI. A série completa € as séries BS, IMM e da ASTM en- contram-se no apéndice Aq]. O ensaio consiste em colocar a amostra sobre a peneira mais grossa utiliza- da no ensaio (poderd ser a peneira 3 da Tyler nommal ou qualquer outra) e agi- tar em ensaio padronizado 0 conjunto de peneiras colocadas umas sobre as ou- tras na ordem decrescente da abertura das malhas. Abaixo da tltima peneira hd ‘uma panela que recolhe a fracdo contendo as particulas mais finas do material ¢ que conseguem passar através de todas as peneiras da série. A fim de padronizar ‘© ensaio, 0 conjunto poderd ser agitado ou vibrado mecanicamente. Um dos dispositivos que se costuma empregar, conhecido como Ro-Tap, obriga o con- junto de peneiras a descrever uma trajet6ria elitica sobre o plano horizontal. Ao final de cada volta, o conjunto recebe um golpe seco. Empregam-se também agitadores nos quais 0 conjunto fica sobre molas ou pendurado, O ensaio dura de 15 a 20 minutos. Algumas vezes a-operagdo é realizada com a amostra em suspensio num Iiquido para facilitar a separagao das particulas, Tabela IT-} x ons Z PENEIRAS DA SERIE TYLER PADRAO ~~ Ae! tna Diametro do fio (mm) 2 Abertura livre PROPRIEDADES DOS SOLIDOS PARTICULADOS 19 ‘Terminado 0 ensaio, as quantidades retidas nas diversas peneiras e na panela so determinadas por pesagem ¢ as diversas fragBes retidas podem ser calculadas dividindo as diversas massas retidas pela massa total da amostra. Se numerar- mos em seqiléneia as peneiras utilizadas, comegando pela de cima, ¢ represen- tarmos por mj a massa retida sobre a peneira ie M a massa total da amostra, a fragdo retida nesta peneira serd (fig. II-1): ° Esta fragiio poderd ser caracterizada indiferentemente de dois modos: 19) Como a fragto que passou pela peneira i—1 ¢ ficou retida na peneira i. Se estas foram as peneiras 14 e 20 respectivamente, serd a fragdo 14/20 ow -14 +20. Fig. 11.1 = Fragées recolhidas nas peneiras. 20 CAPITULO 2 29) Como a frado representada pelas particulas de diametro Dj igual a média aritmética das aberturas das malhas das peneiras / ¢ i-1. No caso que esta- mos exemplificando, serd a fragdio com partfoulas de tamanho — _ 0,833 + 1,168 D = 1,000 mm 2 Apresentacdo das resultados Os resultados de uma andlise granulométrica poderSo ser apresentados sob a forma de tabelas ou grificos. A tabela II-2 é a andlise granulométrica diferen- cial (AGD) do material. As diversas fragées retidas (Ay,) ¢ os didmetros das particulas (D;) figuram ao lado dos nimeros das peneiras(i—I e /) entre as quais acham-se retidas as fragdes correspondentes. Convém lembrar que Dj é adotado igual 4 média aritmética das aberturas das malhas das peneiras i e i—1. Na reali- dade as dimens6es das particulas de cada fragao recolhida variam desde Dj; até Dj, que sio as aberturas das peneiras entre as quais ficaram retidas, porém a aproximagao feita nao acarreta erros importantes, a nao ser quando se trata da fraction retida na panela. O recurso neste caso é extrapolar os dados conforme serd discutido adiante. Tabela If-2 ANALISE GRANULOMETRICA DIFERENCIAL Aberturas Dj (mm) Fragto Dj mm) ied fi dvi 4,699 3,327 2,362 1,651 1,168 0,833 0,589 0417 4/6 2,844 6/8 2,006" 3/10 J410 10/4 1,000 14/20 0,711 20/28 0,503 28/35 0,356 35/48 0,0251 0,1250 0,3207 0,2570 0,1590 0,0538 0,0210 0,0102 - oe 0,252 48/65 0,0077 é 0,178 65/100 0,058 ” 0,147 0,126 100/150 0,0041 be ee 0,089 150/200 0,0031 | = <0074 . —200 0,0072 <0,074 PROPRIEDADES DOS SOLIDOS PARTICULADOS: 21 Tabela If-3 ANALISES GRANULOMETRICAS ACUMULADAS. Fragdo Fragdo acumulada acumulada Malhas retida - defines a-.7& a-— —% mesmo material. HA dois tipos de andlise acumuladas: a primeira apresenta, em fungdo de cada Dj (abertura da peneira J), a fragtio acumulada retida nessa peneira ou frago acumulada de grossos (yj) que se calcula somando a frago retida na peneira # as fragSes retidas em todas as peneiras anteriores: = Agi thy. t... 4d O valor g; representa, assim, a frago da massa total da amostra que no conse- gue passar através da peneira i, Se a peneirai for a 20, serd a fragdo + 20. Eevi- dente que, para a mistura toda, yy é igual a um. O segundo tipo de andlise gra- sulométrica acumulada € 0 que relaciona D; com a fragdo acumulada que passa pels pencira i, ow seja, 1 - yj. O valor 1 - yj representa a fragdo da massa total 2 mostra ensaiada que consegue passar pela peneira i, ou seja, a fragio da massa total que é formada de particulas mais finas do que D;. No caso da penei- sz 20, serd 2 fragdo — 20. O primeiro tipo de anélise que acabamos de descre- wer € 2 euilise granulométrica acumulada de grossos ou retidos (AGAR). O se- gundo ¢ 2 anilise granulométrica acumulada de finos (AGAF). 22 CAPITULO 2 Ao utilizar a andlise granulométrica diferencial deve-se supor que todas as particulas de uma dada frag&o apresentam o mesmo tamanho, que é a média aritmética das aberturas das malhas das duas peneiras entre as quais a frago fi- cou retida. J4 o uso das andlises acunmuladas nifo requer esta hipétese. A relagdo entre y e D é vista como uma fungao continua passivel de tratamento mate- mético, Por esse motivo, a utilizag#o das andlises acumuladas conduz, em prin- cipio, a resultados mais exatos do que os obtidos a partir da andlise diferencial. Sob a forma gréfica, estes mesmos resultados so apresentados nas figuras 11-2, 11-3 ¢ IF-4, que representam respectivamente a anélise diferencial, a andl se acumulada de retidos ¢ a andlise acurnulada de finos, Na figura II-2 a curva continua foi tragada pelos pontos médios dos patamares e substitui a fungfo em degrau obtida diretamente da andlise granulométrica diferencial (tabela IL-2). Essa curva representa a relago entre Agi ¢ Dj. A figura II-3 representa a anélise granulométrica acumulada de retidos (yj ¥s.D;) sob a forma de uma cur- va continua. A figura II-4 apresenta a andlise acumulada de finos. : Fig. 3 Fig. 4 Andlise Granulométriea ‘Anilise Granulométrica _—_Anilise Granulométrica Diferencial. Acumulada de Retidos. Acumulada de Finos. ‘A curva da figura II-2 dé uma idéia da distribuigaio de tamanho das particu- las na amostra. Indica, entre outras caracterfsticas do material, o intervalo de variagfo dos didmetros, bem como as dimensbes predominantes na amostra. Um pico acentuado na curva caracteriza a predomindncia de determinado ta- manho de partioula. A existéncia de dois picos numa curva (Fig. I-5) revela que a amostra é mistura de dois materiais de origens diferentes. A curva éna yealidade, a soma de duas curvas que representam as andlises diferenciais dos dois materiais existentes na mistura. ——__ = PROPRIEDADES DOS SOLIDOS PARTICULADOS 23 HS Misra de dois materiais, 5 A forma das curvas 11-3 e II-4 também dd uma indicagdo da distribuigto das particulas na amostra, Para maior clareza, so apresentadas ne fig. 11-6 as carac- teristicas mais importantes associadas com trés curvas de aspectos diferentes. Contudo, ¢ sempre mais diffcil visualizar a distribuigdo dos didmetros com au- xilio das andlises acumuladgs do que com as andlises diferenciais. 2 10) 1a) ? ¢ ¢ ae ae 7 Frecomino ce portéuns gronaes ‘e portiutes pequanee Distibigio uniforme a particu se mronts (acres ce Gus Q)) na anstra (aenares 0 que Q.} los no arosira Fig. 17.6 ~ Caracteristicas da amostra reveladas # pela forma da andlise granulométrica de retidos. Uma curse de distribuipdo pode ser obtida por diferenciagio gréfica da cur- we nepeesentativa da andlise acumulada de retidos. E bastante construir a curva cs coeficsentes angulares das tangentes em cada ponto da curva da fig. II-3, em 24 ‘CAPITULO 2 fungdo da abscissa do ponto de tangéncia. O grafico obtido encontra-se na fig. IL-7. Uma vez que a derivada de y= f(D) é negativa, o grafico jé foi construido diretamente com as quantidades positivas ~dy/dD em fung&o de D. A drea sob acurvaentre D=0 e D= medea probabilidade de se encontrar na amostra uma partfcula com dimensdo entre esses limites. Esta probabilidade é de 100%. De fato: fie 17 louise dos ‘tamanhos. Outros tipos de diagramas também podem ser utilizados para representar 05 resultados de uma andlise granulométrica. Trés merecem destaque: a andlise di- ferencial em papel monodogaritmico, « mesma andlise em papel log-log e a and- lise acumulada de finos em papel de probabilidade. O primeiro (AGD em papel mono-log) ¢ empregado para eliminar o inconveniente do acimulo de pontos na regido das particulas finas, responsivel por enganos e imprecis6es de lei- tura no grifico. O segundo (AGD em papel log-log) permite extrapolar, na re- gio dos finos, os resultados das andlises granulométricas de materiais mofdos, Verifica-se que nesta regido os pontes ficam sobre uma reta*. Finalmente, 0 grafico em papel de probabilidade ¢ util para o tratamento estatistico da amos- tra®*, ( *) Acste assunto voltaremos adiante. (**) Para uma reviséo do assunto recomendamos uma consulta a ref, (6), Mickley, Sher- wood e Reed, p-61 « seguintes ¢ ref. (7), Foust ¢ associados, p. $34. PROPRIFDADES DOS SOLIDOS PARTICULADOS 25 Calculos baseados nas andlises granulométricas A seguinte nomenclatura serd adotada para deduzir as expresses a seguir: = massa da amostra superficie externa total da amostra superficie externa de uma particula nniimero de particulas da amostra = densidade das partioulas (serd admitido que todas as particulas apresen- tam a mesma densidade) D = didmetro das particulas (com indices que servirgo para indicar a peneira sobre a qual esto retidas) B = diametro médio das particulas (com indices que servirdo para indicar 0 ‘tipo de média) fragdo acumulada da massa da amostra que fica retida na peneira i. fraco da massa da amostra que passa pela peneira i, a,b = pardmetros que dependem da forma da particula e que selacionam 0 didmetro com a superficie externa e com o volume, respectivamente {admitiremos que a e b so 0s mesmos para todas as particulas). = fator de forma das particulas (admitido constante para toda a amos- tra) n= miimero de fragdes obtidas (desde a primeira peneira utilizada até a pa- nela), . 1. Miimero de particulas da amostra 0 miimero de particulas presentes na massa M da amostra ¢ calculado soman- do os mimeros de particulas de todas as fragGes obtidas. Este calculo poder ser feito com os dados da andlise granulométriea diferencial ou com a aniélise acu- mulada de retidos. Utilizando os dados da andlise diferencial, pode-se escrever: MOA Ne— tf eal Pl B A somatéria terd que ser obtida somando-as parcelas 2%! para todas as fra- des da amostra, inclusive a presente na panela. i 26 CAPITULO 2 Com a andlise acumulada de retidos obtém-se um resultado que, em princi- pio, é mais preciso do que o obtido com a expressiio anterior. Quando. + co esta tiltima expresso transforma-se na seguinte: _M fidg bp tp DP A integral poderd ser calculada graficamente a partir dos dados da andlise acu- mulada de retidos, sendo suficiente construir o grifico de 1/D° em fungdo de y e calculara drea compreendida entre a curva, o eixo das abscissas ¢ as ordena- das levantadas por y=0 ¢ y=l. claro que as expressdes anteriores valem igualmente para uma parte da amostra, desde que mudemos os limites de integracZo ou da somatéria. Por exemplo, para as fragGes retidas nas peneiras 2 a k (inclusive) (fragOes retidas vee ox) resulta: PK ag a Observe-se que a massa a utilizar continua sendo a massa total da amostra. 2. Superficie extema das particulas Com as mesmas hipdteses anteriores pode-se escrever, com base na andlise granulométrica diferencial: amg an P 1D; O mesmo resultado pode ser obtido com os dados da andlise acumulada de reti- dos: S= AM pd get’ [OS p iy. D Come no caso anterior, também esta integral poderd ser obtida graficamente construindo a curva 1/D versus ye calculando a érea limitada pelo eixo das abs- cissas ¢ pelas ordenadas levantadas por g=Oe y= 1. A direa especifica seré dada por SA ft de mM p Jo D As expresses anteriores valem igualmente para uma parte da amostra. A massa é a total M, Todavia, na expressfo da area espectfica comparece também a massa Mj correspondente & parte da amostra que se considera: Seje Ye dg Mok me 9) Tow |, 2 PROPRIEDADES DOS SOLIDOS PARTICULADOS: 27 3. Didmetros médios das particulas Varios tipos de médin podem ser definidos para um dado material constituf- do de particulas iregulares. De fato, a amostra ensaiada apresenta caracteristi- cas como a massa, o volume, a superficie externa e o niimero de particulas, que do podem ser simultaneamente representadas pela mesma fungao de uma dada dimensao linear média. Assim sendo, nao é possivel definit um diémetro médio ‘que, isoladamente, represente 2 mistura sob 08 diversos aspectos que a caracte- rizam. Se, por exemplo, o didmetro médio, 20 ser multiplicado pelo niimero to- tal de particulas da amestra, der como resultado a soma dos diametros de todas as particulas, é ébvio que esse mesmo didmetro ndo servird para calcular a su: perficie externa total pela simples multiplicago da superficie externa da par- ticula média pelo nfmero total de particulas da amostra. Idéntico raciocinio aplica-se ao volume total e A massa. Apenas uma propriedade da mistura pode- 1d ser representada por um dado diimetro médio. As demais terdo que ser re- presentadas por outros tantos didmetros médios. Dos diferentes critérios que tém sido adotados para obter didmetros médios, ‘um que $¢ tem revelado til pela rapidez de determinacao ¢ o utilizado por Bond. para avaliar a energia consumida na reducfo de tamanho. © digmetro mé- dio da amostra ¢ adotado igual 4 abertura da peneira através da qual passam 80% do material, Em outras palavras, é 0 didmetro cortespondente a 1-4j=0,8. Os didmetros médios utilizados em andlises granulométricas serdo apresenta dos a seguirls), i 2) Didmetro médio aritmético (Da). E 0 didmetro da particula de tamanho mé- dio. E importante no estudo da filtragdo de particulas s6lidas através de malhas ou tecidos. Multiplicando @ diametro desta particula pelo ntimero total de par- ‘iculas obteremos a soma de todos 0s didmetros da amostra. Sejam M, , Nay. os ntimeros de particulas presentes nas diversas fragdes recolhidas durante a andlise, de tamanhos D,, D2, .. . respectivamente. O diametro médio aritmé- tice sera: ND, +NoDy +...+NnDn _ at Ny +a +...+ Nn Ni ees] Hts Utilizando os dados da andlise granulométrica diferencial, resulta CAPITULO 2 © mesmo resultado poderd ser obtido por meio da andlise granulométrica acu- mulada de grosses: i ig = Jo, DB - r= fo DD Da= b) Média linear dos diémetros (Dg). Nao se trata agora de um didmetro médio, mas de uma grandeza estatistica e que tem importancia no estudo da evapora- Glo de goticulas no seio de gases, como na produgao de fertilizantes ou café so- livel. Dj é a abscissa média do gréfico 8 vs D da fig. II-8 semelhante ao da AGAR (g vs D) e que permite substituir a 4rea hachurada sob a curva pela do retangu- Io pontilhado, A ordenada é a freggo acumulada na peneira i (semelhante & fra- fo acumulada das massas retidas yj) j= M5, +Aba +... +3; onde: n Fig. 18 Média linear dos didmetros. B evidente que 5 = 0 quando y =0, isto é, para D infinito ¢ vale 1,0 quando o diémetro é zero. De acordo com a definigxo, Dj & tal que ee fa L De f w= D& lo 0 isto é, Dy -[' D.db 0 1 PROPRIEDADES DOS SOLIDOS PARTICULADOS: 29 O cdlculo poderd ser feito em fungdo dos dados da AGAR como segue: _DdN f ‘pan 0 Mag bp dé onde Substituindo e efetuando os cdlculos, resulta ¢) Dimetra médio superficial (D;). E o didmetro da particula de superficie exiema média, que € a particula cuja superficie externa, ao ser multiplicada pelo niimero de partfculas da amostra, fornece a superficie externa total. Este didmetro é importante para caracterizar materiais como os adsorventes e cata- lisadores sélidos, cuja atividade depende da superficie externa. E também o diimetro apropriado para o estudo do escoamento de fluidos através de leitos porosos e para calcular velocidades de dissolugao, energia de moagem e difustio da luz. Pode ser calculado comes dados da AGD a partir da defini¢fo: ao He a NaDy = ENjaDj © mesmo resultado poderd ser obtido utilizando a curva continua da AGAR. ‘As somatérias sdo substituidas por integrais que devem ser calculadas grafica- mente, a menos que a relagdo matemidtica entre y e D seja conhecida: 30 CAPITULO 2 Jo DP d) Média superficial dos didmetros (7's). Esta é uma grandeza estatistica obti- da com a superficie externa como critério. Utiliza-se uma curva o vs D seme- Ihante & da AGAR (fig. 11-9). A ordenada o¢ a fragt acumulada da superfi- cie externa. Pata a peneira i: j= Oo, +00, +... +00; Nj s onde Ao; = ——— a 5 Nis; A média superficial é a abscissa média D’, que permite substituir a drea hachu- rada pela do retangulo pontilhado: _ ft 1 By. [d= [Daa 'o ° apt dN 6 [iow . . Lembrando que do= Mdg stesulta finalmente D’, = l ao ee ee Fig. ILS Média superficial a dos diametros. PROPRIEDADES DOS SOLIDOS PARTICULADOS 31 Ao mesmo resultado chegaremos com os dados da AGD; ¢) Didmetro médio volumétrico (Dy). E 0 didmetro da particula de volume mé- dio, iste ¢, multiplicando 9 volume desta particula pelo nimero de particulas da amostra, obtém-se o volume total do sélido. Isto quer dizer que o volume desta particula ¢ a média aritmética dos volumes de todas as particulas da amostra. Como a densidade foi admitida igual para todas as particulas, Dy se- ré também o difmetro médio ponderal. Pode ser calculado com os dados da AGD como segue: w Ms = = 3 Efetuando 0s cilculos: f) Média volumétrica dos diametros (D',). Esta média estatistica € utilizada nas separagdes baseadas nas diferencas de densidade, no projeto dos separadores inerciais, no estudo da distribuiggo de gotfculas em nebulizadores e no célcu- lo da densidade maxima de leitos fluidizados. A abscissa média na figura [I-10 é 2 média volumétrica dos didmetros: Dy= ote fs, ° Fig. 11.10 — Média volumétrica dos diametros. “ o z E facil verificar que dao =a na hipstese de densidade constante: 3 Made bD®dN bD%p dye _=__°"? _lg, [ ‘pean f pp te 0 9 b Dp a Portanto B= f Ddg 5 Ao mesmo resultado chegariamos com os dados da AGD: ma ae Dy = Di de, 4. Distribuipdo dos finos da amastra Quando representadas em coordenadas regulares, as curvas de distribuiggo obtidas com os dados da andlise diferencial stio muitas vezes inadequadas para estudar a distribuiga das particulas finas da amostra, pois nesse trecho as cur- vas sfo quase planas, O erro introduzido nos célculos da superficie especifi- cae dos didmetros médios quando uma frac3o importante da amostra chega a panela é por vezes inaceitdvel. Daf a conveniéncia de se extrapolar os resulta- dos das andlises, visando relacionar y com D(9), Observase que, para materiais moidos de mesma estrutura eristalina, a and- lise granulométrica diferencial obtida com uma série padronizada de peneiras é Praticamente uma reta na regio das particulas finas (—200 mesh), quando re- Presentada em escalas logarftmicas. Este fato pode ser utilizado com cautela pa- 1a extrapolar graficamente os resultados das andlises granulométricas realizadas PROPRIEDADES DOS SOLIDOS PARTICULADOS, 33 com uma série de peneiras padronizadas. Um método de extrapolagdo bastante Util € o de Gaudin(10). Verifica-se que, na regio de particulas pequenas, a cur- va de distribuigdo de tamanhos é uma fungiio de poténcia de didmetro: de —=mpr (it e # constantes) aD Esta equagdo pode ser utilizada para extrapolar com boa preciso os dados da andlise granulométrica, permitindo relacionar y com D. Os valores das constan- tes m em poderdo ser obtidos como passaremos a descrever. Seja r > 1 a relapo entre a abertura da malha de uma peneira qualquer da série € a da peneira imediatamente inferior. O método 86 se aplica se r for cons- tante para quaisquer das duas peneiras consecutivas da série, como no sistema Tyler, para o qual r= 1,414, Para as peneiras consecutivas ‘—1 e i, de aberturas Dj-1 © Dj ,a equagio acima pode ser integrada entre yj_1 © yy : - myth _ ppl rate 5 OE - A Sendo Dp.) =7.Dp resulta mr = 1) nti Bea ntle pant ou Ag KD; =KD; ml _ 1 onde K =~ —— € umarconstante. Assim sendo, em papel loglog @ curva n da andlise diferencial é uma reta de coeficiente angular n+! . Este valor poderd ser obtido diretamente do grafico. O valor de K deverd ser calculado com as coordenadas de qualquer ponto conveniente da reta. A aplicaglo 4 indica o modo de proceder num caso prétieo. Aplicagéo 2 ‘Um sélido granular com densidade 3 g/me passa através de uma série completa de pe- neiras Tyler. A andlise granulométrica acumulada de retidos resultou uma reta entre as pe- neiras de 10 ¢ 100 mesh (respectivamente = 0 ¢ y= 1). As particulas podem ser admi das como sendo paralelepipedos cujos lados esto na relagdo de 1; 2:3, Calcule a superfi- cie especifica do sélido. Solugao © cilleulo sent feito com os dados da AGAR: s a de ca [ > Chamando 8 @ lado menor, os outros dois serdo 20 38, padendo-se escrever: s= 228? =a (28)? Y ¢ v= 6g? = (28)? eno Fig 111 Anilise granulométrica wo de retidos do material da aplicagio 2 2207 6a? a= — = 58 , b= =0,75 @ 4=7,33 ' (2m)* (29)? J Com Dy = 0,1651 cm e Dyo, = 0,0147 cm tira-se, porsemelhanga de tridngulos (Fig. 1-1 0,1651 -D zi =0,1681 — 0,1504¢ 0.1651 — 0.0187 * A superficie especifica resulta finalmente: 5 3 I ag 244 0,165 cm? Se = tn - M 3 Jy 0,1651-0,1504¢~ 0,1504 — 0,0147 & Aplicagio 3 ‘Supondo que © material cuja andlise granulométrica é a da tabela Il-1 seja hematita moida, com valores de a e b iguais a 18,6 ¢ 2,1 respectivamente, calculemos: 19) asuperficie especifica das frages +8 a +35 inclusive; 29} odidmetro médio volumétrice dessas fragbes; 39) oniimero de particulas nessas frages, por S0g de amastra seca. Solugiio 5 Aer poe ee = 35 mesh) Mok p Mek 186 , A= —— = 8,85 ¢ p =3,53 gfem® (tabela ITI-1 p. 34 do MOU) / aL © restante encontra-se na tabela I14°*. (®} Manual de Operagées Unitérias, ref. (5) (**) J sc acha incluida a coluna 4 ¢,/D} nevesséria para as duas outras partes. cell ‘ PROPRIEDADES DOS SOLIDOS PARTICULADOS 3 Tabela Id Frag 4 an rag %, ' 5; 3/10 03207 1,899 40 10/14 0,2570 1,824 92 14/20 0.1590 1,590 159 20/28 0,0538 0,787 150 28/35 0,0210 0,417 165 SOMA 0811s 6,187 606 & ag EB —* = 6187 cm" 2 D; As fragdes consideradas (+8 a 435) representam 81,159 da massa total da. amostra, portanto a 1 — = —— = 1222 Mek 09,8115 ' Substituindo na expresso inicial, resulta: 8,85 (1,232) superficie espeetfica= ————. 6,187 = 19,1 om “/z. 3,83 293 Dy= 4 0,177 om 39) Parae=8mesh e k= 35 mesh, vem: it My ae 50 Mee S DB} 2G 53) Convém observar que este o mimero de particulas existentes mas frag es mencionadas ¢ cuja massa é (0,8115)50=405 &. 606 = 4080 partfculas Aplicagaio 4 ‘Vamos estabelecer a equacio matemitica da anillise granulométrice diferencial apresen- tada na tabela Il-1, para as fracées finas da amostra. Construfdo o grifico da anélise granu- Jométrica diferencial em papel logog (fig. II-12), observa-se que, {é abaixe de 35 mesh, os pontos ¢xperimentais dio uma reta de coeficiente: angular 0,93. Portanto n = —0,07.0 valor de K sera caleulado com as coordenadas de um ponto qualquer da reta, por exemple Dy =0,121 mm, A ¥;= 0,004; 0,004 = K (0,121)°""? = K = 0,0285 Calculo dem Para a série Tyler, r= 1,414 6, a partir da defini¢o de X, tira-se m: 1414"? -1 10,0285 = m ———— 0,93 A equagio diferencial procurada &, pois, d= 0,07 D-**dD. 36 ‘CAPITULO 2 gy 804 O06 ana og Be a20 O39 aso O-ponibs experimentais ion ‘ponies pare extropelacso ‘Fig. Hi. Be Andlise granulométrica diferencial da aplicacdo 4 em papel log-log. PROPRIEDADES DOS SOLIDGS PARTICULADOS Nao procuraremos cobrir completamente o assunto neste ponto. Vamos abordéio sob um prisma geral, particularizando apenas na medida do necessé- tio para o desenvolvimento do assunto focalizado neste volume. Assim sendo, considerages sobre permeabilidade ¢ perda de carga ficardo para depois. Vimos que as propriedades pertencem a dois grupos: 19) as que caracteri- zam as particulas individualmente, como a forma, a densidade, a dureza, a fra- gilidade, a aspereza, 0 calor especffico e as condutividades; 29) as que caracteri- zam 0 leito poroso formado pelo sélido granular: porosidade, densidade apa- rente, permeabilidade, coesdo, angulo de repouso ¢ mobilidade. A forma das particulas € determinada pelo sistema cristalino dos sélides na- turais, ou pelo processo de fabricacZo, no caso de produtos sintéticos. Para fins de cdlcoulo de processo, a forma ¢ uma varidvel importante. De fato, certas ca- racterfsticas como a porosidade © a permeabilidade dependem da forma das particulas. Os pardmetros de forma geralmente utilizados para calcular algumas caracteristicas dos sdlidos granulares sao os seguintes: 19) O fator de forma) anteriormente definido: relagsio entre a e b. PROPRIEDADES DOS SOLIDOS PARTICULADOS a7 29) O fator de forma ), de Leva, que seré utilizado para calcular a perda de carga de fluidos através de leitos sdlidos porosos ou fluidizades: s y2/3 (s = superficie externa da particula, v = volume da particula). Lembrando que s=aD* ev =D? , resulta também Ge epee L = 0,25: pas A, =0,25 30) A esfericidade \) definida pela relacdo entre a superficie extema da esfe- ra de mesmo volume que a particula (se) e a superficie externa da particula (s): _ Se _ DB s aD © Fazendo ve =¥ resulta DB = bp? « De=D\/ 6b 7 323 Portanto y =4,836 — a Esfericidades tipicas sfo as seguintes: carvo natural em grdos até 10 mm, 0,65; carvéo pulverizado 0,73; cortica 0,69; fuligem 0,89; vidro mofdo 0,65; mica 0,28; anéis de Raschig 0,3; areia média 0,75; areia angulosa 0,73; areia arredon- dada 0,83; pd de tungsténio 0,89. A densidade, que representaremos por p , serd entendida como a massa es- pecifica em g/mf, kg/®, t/m? ou £b/ft?. Serve para separar 0s s6lidos nas se- guintes classes: 7 leves (p <0,5 t/m®): serragem, turfa, coque médios (o entre 1 ¢ 2): areia, pedregulho, minérios muito pesados (p > 2): minérios de ferro ou chumbo. A dureza dos sdlidos costuma ter dois significades. A dos pldsticos e metais € a resisténcia ao corte, enquanto a dos minerais é a resisténcia que eles ofere- ‘cem ao serem riscados por outros sélidos. A escala de dureza que se emprega neste tiltimo caso ¢ a de Mohs, que vai de I a 10 ¢ cujos minerais representati- vos sfio 08 seguintes (cada um é riscado pelos que vém depois): | talco, 2.gess0, 3.calcita, 4.fluorita, 5.apatita, 6.ortose (feldspato), 7.quartzo, 8.topazio, 9.cd- rindon, 10.diamante. Previsdes aproximadas podem ser feitas com base nos se- guintes valores para alguns s6lidos comuns (Tabela II-5.) Tabela WS unha seca 25 moedas 3,0 esmalte dentério 5,0 limima de barbear 5,5 vidro comum 58 38 CAPITULO 2 © que se entende por dureza de um sélido durante a fragmentaco relaciona-se com a resisténcia 4 ruptura, ou, o que ¢ equivalente, com o consumo de energia necessdrio para fragmentar a unidade de massa do sélide entre dois tamanhos bem definidos. A tabela II-6 fornece a dureza relativa de diversas rochas duran- te a moagem, adotando-se igual a um a dureza do calcareo. Tabela 1/-6 DUREZAS DE ROCHAS DURANTE A MOAGEM Rocha Dureza Rocha Dureza Diabase macisso Quartzo (calcedénia) 13 Quartzito piroxenico Arenito calcareo 1,5 Arenito Granito 15 Diabase em decomposigg0 Picarra (ardosia) 1,2 Basalto macisso Peridotita 12 Xisto de hornblenda Gneiss granitico 4,2 Diorito 5 Andesita AL Granito de homblenda Caledreo 10 Riolito Mica (Xisto) 10 Quartzito Anfibélio 1,0 Gneiss biotitico Dolomita 1,0 Diorito augitico s Granito biotftico 1,0 Basalto em decomposigio Sienito augitico 1,0 Arenito feldspdtico Gneiss de hornbienda 1,0 Gabro A fragilidade, que se mede pela facilidade 4 fratura por impacto, muitas ve- zes ndo tem relagdo com a dureza, Os plisticos so moles, mas nio sdo frageis. O carvao é mole e frégil. A aspereza determina a maior ou menor dificuldade de escorregamento das particulas, Relaciona-se com a forma das particulas e com a coeso da amostra. A porosidade ( ¢), que se define pela relagio entre o volume de vazios (ou poros) da amostra e o volume total (particulas e vazios) € a propriedade que mais diretamente influencia as demais propriedades do segundo grupo, como a densidade aparente, a condutividade ¢ a superficie externa. Muito esforgo tem” sido dedicado no sentido de correlacionar as propriedades dos sistemas poro- 50s com a porosidade e, a seu tumno, a porosidade com os fatores que a deter- minam, como a distribuiggo granulométrica, a forma das partfculas, a aspere- 2a, a8 dimensdes do recipiente ¢ o modo de distribuir as partéeulas (recipiente vazio ou com agua, com ou sem vibrag%o), O que se tem verificado, todavia, é que alguns destes fatores sao secundérios ou de efeito insignificante. O ultimo — Ee PROPRIEDADES DOS SOLIDOS PARTICULADOS. 398 fator mencionado, por exemplo, ¢ geralmente de pequena importancia. Muito embora 08 leitos obtidos pela dispersiio das partfculas dentro de dgua sejam ini- cialmente mais porosos, a vibragfo & o préprio escoamento do ulufdo através do leito acabam por compacté-lo, a no ser nos casos de leitos rigidos. ‘A forma das particulas e a granulometria sfo as variéveis mais importantes na determinacdo da porosidade. Quanto mais a particula se afasta da forma es- férica, tanto mais poroso serd o leit, A relacdo entre a porosidade e a esferici- dade é apresentada na fig. I1-13'14), Na falta de dados especificos, esta figura pode ser dtil para prever valores aproximados de € . A presenga de particulas fi- nas no meio de outras grossas dd origem a leitos de baixa porosidade, mas nao hé uma correlac&o quantitativa a respeito. Os sdlidos cristalinos normais apre- sentam esfericidade entre 0,7 e 0,8 e porosidade entre 0,3 e 0,5. A tabela II-7 fornece a porosidade de materiais utilizados como enchimento em torres de destilagio, absorgao e extragaio liquido-lfquido. ‘A relac&o entre o didmetro das particulas e 0 didmetro do recipiente tam- | ‘bém influi de modo importante na porosidade. A correlagdo empirica de Max. Leva é representada na figura I1-14(11 2), Fig, 11,13 — Relagdo entre porosidade e esfericidade. a CAPITULO 2 a Tabela II-7 ; POROSIDADE DE MATERIAIS DE ENCHIMENTO MAIS COMUNS 5 4 + + ad 2p, diémetre da estera_com_o mesmo volume da particuia o ‘adetro ao Fig. IT.14 — Efeito do didimetro do leito sobre a porosidade. PROPRIEDADES DOS SOLIDOS PARTICULADOS a ‘A densidade aparente (pq) € a densidade do leito poroso, ou seja, a massa por unidade de volume do sélido particulado, Pode ser caleulada por balango material a partir das densidades do s6lido e do fluido, que muitas vezes ¢ 0 proprio ar, Por exemple, no caso de uma areia cujo s6lido tem densidade 2,65 tim® e esfericidade 0,75 em leito denso, tira-se e€=0,42 da fig. I-13 e, por balango material, calcula-se P,. Base: 1 m® de areia volume dos poras =0,42m*, massa=0,42(1,207)= 0,51 kg volume dos s6lidos =0,58 m®, massa = 0,58 (2,650) = 1537 kg 1537,51 kg Bg = 1,538 tim ‘A donsidade do ar foi calculada a 20°C e 1 atm pela lei dos gases: pt 1029) __ 597-8. De um modo geral, representand Pt IO) modo geral, representando O° URT 1,0(0,0824293) m? . ee por pa densidade do s6lido e py a do fluide, tem-se: Pq =(1-e)p—er" A permeabilidade, também relacionada com a porosidade e forma das pat- ticulas, seré considerada quando tratarmos do escoamento de fluidos através de leitos porosos. ‘A coesdo serd abordada no capitulo relativo ao armazenamento de s6lides. ‘Tem relagao direta com a mobilidade do leito granular. (Q angulo de repouso de um sélido granular ¢ 0 Angulo formado pela super- ficie da pilha de material com a horizontal (figura Il-15). Alguns destes angu- los sfo apresentados na tabela V-2 do MOU. Outros so mencionados por Spi- vakovsky (13). Uma lista de dados tipicos encontra-se na tabela II-B. Fig, 11.15 = Angulo de repouse. CAPITULO 2 Tabela 1-8 ANGULOS DE REPOUSO TIPICOS Material Angulo de repouso anidrido ftélico em escamas 24 antracito 7 areia de fundigéio Py areia seca 18 areia umida 27 bicarbonato de sédio 42 cal em po 23 carvao classificado: 22 carvéo de madeira 12 carvdo na mina 18 cereais 18 cimento 39 coque moido 28 22 40 34 40 serragem 2 sabo em escamas ‘ 30 sal mofdo 25 sulfate de aluminio granulado 32 ‘sulfato de chumbo 45 Convém observar que o angulo de repouso natural nfo depende sé da natu- reza do material, sua forma geométrica e granulometria, mas sofre também a influéncia marcante da umidade, pressiio de compactagéo e do modo como o monte de particulas € formads (com aeracZo, vibragdo, queda direta ou num It- quido e assim por diante). Hé um angulo de repouso estitico (c,) (valores que apresentamos) € outro dinamico («,). Considera-se geralmente, para fins de es- timativa, oy =0,7 a. Para prever 0 escoamento de um sélido particulado, téenicas muito mais ela- boradas devem ser utilizadas. A base tedrica é a mecinica dos meios continuos. Um excelente trabalho a respeito é apresentado por Johansonlsh, A este as- sunto voltaremos mais adiante, quando tratarmas do armazenamento ¢ movi- mentacdo de sdlidos granulares. LL hl PROPRIEDADES DOS SOLIDOS PARTICULADOS. 43 QUESTOES PROPOSTAS 1. m2. Calcule 0 fator de forma de um prisma retangular de base triangular equilatera © cuja altura ¢ duas vezes a aresta da base. (Resp. 7,93). Caloule a esfericidade de um anel de Raschig de 1/2” (diémetroexterno-1/2", altura 1/2", espessura da parede 1/8”). (Resp. 0,577). GZ) Cateute o fator de forma de particulas paralelepipédicas cujas arestas guardam entre si as Ia, is, 16. 17, 18. 119. relagdes de Resp. 6,8). Calcule-a média superficial dos digmetros das particulas contidas nas fragSes 8/10, 10/14, 14/20, 20/28, 28/35 e 35/48 do meterial euje anilise granulométrica esti na tabela 1 p. 28 do MOU. (Resp. 1,545 mm). Vinte gramas de uma amostra de café sollivel, com partfculas esféricas de densidade 1,5 gim@ apresentam a andlise granulométrica da tabela 11-7, Tabelo 1-9 Fragées Ap, D; 35/48 0,00 0,356 48/65 0,56 0,252 65/100 030. 0,178 100/200 0,10 0,111 200fpanela 004 0,086 Caleule o mimero de particulas da amostra ¢ seu didmetro médio volumétrico. (Resp. 9907 $86, 0,137 mm). Calcule o fator de forma ¢ a esfericidade de partfculas de mica biotita com 4 mm x x 15 mm x 0,2 mm, Faga uma avaliacdo da densidade aparente. A densidade da mica é 2,8. (Resp. d= 42,53, y = 0,20, ¢ = 0,88, pq = 0,34) Um recipiente com 40 cm x 40 cm x 80 cm é enchido com partfeutas eiibicas de galena de meio centimetro de aresta ¢ os vazios sie enchidos com gasolina. Calcule a densidade aparente do sistema sabendo que a densidade da galena é 7,41 g/m@ e, a da gasolina, 0,785 gime. (Resp. 4429 g/ma). Calcule a relagdo entre fator de forma de Leva (Az) ¢ a esfericidade (y-). Determine esfericidade de uma esfera de 3 mm de difmetro, com um furo diametral de 1 mm, TLL, Calcule a relagdo entre a esfericidade (y) ¢ 0 fator de forma (A). IL11. Calcule os parémetros de forms ¢ o fator de forma de particulas de quartzo, O quartzo cristaliza no sistema hexagonal, fornecendo prismas retos de base hexagonal e com altura igual a quatro vezes o lado da base. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS (2) Goldman, F.H, e M,E, Jacobs: “Chemical Methods in Industrial Hygiene”, p. 25, In- terscience Publishers, Inc., New York, 1953. (2) Gaudin, A.M.: “Principles of Mineral Dressing”, p. 132, McGraw-Hill Book Company, Inc,, New York, 1939. (3) Heywood, H.:Proc. inst, Mech, Eng., 125.383 (1933). (4) Brown, G.G. e associados: “Operaciones Bésicas de la Ingenierfa Quimica”, Manuel Marin & Cia., Editores, Barcelona, 1955. (5) Gomide, R.: “Manual de Operagées Unitirias”, Cenpro Ltda. - Editores, Sie Paulo, 1969. © ei ‘CAPETULO 2 (6) Mickley, H.S., TK. Sherwood ¢ C.B. Reed: “‘Applied Mathematics in Chemical En- gineering”, p. 61, McGraw-Hill Book Company, Inc., New York, 1957. (7) Foust, A.S., L.A. Wenzel, C.W, Clump, L, Maus ¢ L.B. Andersen: “Principles of Unit Operations”, John Wiley & Sons, Ine., New York, 1960. (8) Gomide, R.: Caracterizapio de Sélidos Granulares Industriais, Revista Mackenzie ag97D. (9) Rosin, P.eE. Rammler: J. Inst. Fuel, 7:29 (1933) ¢ J.G. Bennett, ibid., 10:22 (1936). (10) Gaudin, A.M.: “Principles of Mineral Dressing”, p. 129, McGraw-Hil Book Company, inc., New York, 1939. (11) Leva, M.: Chent, Eng. Progr.,43:549 (1947), (12) Leva, M.; “Fluidization”, p. 54, McGraw-Hill Book Company, Inc., New York, 1959. (13) Spivakovsky, A. e V. Dynachkov; “Convey ors and Related Equipment", p. 15, Peace: Publisher, Moscow. (14) Johanson, I.R.: Chem. Bng. Deskbook Issue, 30 de outubro de 1978, p. 9 (1978). 3 s ros caPiruLo 3 Fragmentacao de sdlidos A quebra de particulas sélidas em particulas menores é uma operagao indus- trial importante. Muitas vezes o que se pretende é apenas obter blocos de di- mens6es trabalhdveis, porém na grdnde maioria dos casos o objetivo visado & aumentar a drea externa, de modo a tornar mais répido 0 processamento do sélide. Constituem exemplos a moagem de cristais para facilitar a sua dissolu- ¢do ou lixiviacdo, o britamento ¢ a moagem de combustiveis sélidos antes da queima, a moagem do cimento para facilitar a pega, o corte da madeira antes do cozimento na produgdo de celulose ¢ a moagem de sementes oleaginosas para acelerar a extrag%o com solventes. Em muitas situagdes a fragmentag#o é realizada com produtos comerciais que devem satisfazer a especificagdes de tamanho de particulas bem definidas. E 0 caso dos abrasivos para lixas, do gesso, do taleo € dos pigmentos. E sabido que as propriedades fisicas dos materiais podem ser enormemente influenciadas pelo seu estado de sub-diviséo, o que em geral justifica a especificagdo. Nao raro, todavia, o verdadeiro motivo é a praxe comercial consagrada pelo uso € que as- socia as propriedades do s6lido a forma particular de suas partfculas. Frequentemente o objetivo mais importante da operagiio de moagem ¢ pro- mover a mistura intima de dois ou mais solidos. O produto seré tanto mais uni- forme quanto menor fér o tamanho das particulas a serem misturadas. Porisso, quando um alto indice de homogeneizagdo é requerido, a moagem fina do ma- terial torna-se imperiosa. E 0 caso de muitos produtos farmacduticos em po. 46 ecaN CAPITULO 3 SMO DA FRAGMENTAGAO {Tendo em vista a enorme variedade estrutural dos materiais sblidos proces- sados na inddstria, bem como os inameros graus de finura desejados, ¢ facil concluit-se que 0 mecanismo da fragmentago nfo poderd ser tinico. Materiais moles ¢ duros sa0 fragmentados por mecanismos diferentes ¢, da mesma forma, a quebra de particulas grandes deverd ser diferente da de particulas menores: Os estudos até agora realizados revelam que as operagdes de moagem so extre- mamente complexas ¢ no momento a teria ainda é de auxilio pritico muito reduzido no projeto do equipamento requerido. Os sélidos podem sofrer redu- gfo de tamanho através de varios tipos de solicitago, porém apenas quatro sao utilizados industrialmente: eompressdo, impacto, atrito e corte. Os verdadeiros s6lidos so cristalinas sua fratura ocorre segundo superfi- cies preferenciais denominadas superficies de clivagem. E necessério apenas que © esférgo aplicado seja suficiente para romper as ligages entre os nés da grade cristalina, Caso contrdrio, o limite de elasticidade do material nJo serd ultrapas- sado e a energia fornecida a particula durante a aplicagdo do esforgo serd libera- da logo a seguir sob a forma de calor ou ficard armazenada como energia inter- na apés o retémo a forma inicial. O ideal, quanto ao rendimento, seria provo- car a fratura de cada particula com 0 menor excesso de carga possivel relativa- mente a resisténcia do material, mas isto € dbviamente impossivel de controlar nas operac&es industrials. Seria bastante lembrar que as particulas submetidas a redueao de tamanho apresentam superficies irregulares, de modo que nos pon- tos altos desenvolvem-se, durante 2 compressio e o impacto, tenses muito elevadas, responséveis por grandes aumentos locais de temperatura. Apds-a pri- meira fratura, o ponto de aplicac%o do esforgo muda. Por este ¢ muitos outros motivos, a8 operages de fragmentagio apresentam rendimento extraordina- riamente baixo. Apenas 0,1 a 2% da energia fornecida 4 maquina sfo realmente utilizades para aumentar a energia de superficie do material. Experiéneias de moagem de cloreto de sédio realizadas por Kwongl) revelaram que 9 kgm fo- ram consumidos para produzir 1 cm? adicional de superficie durante a moa- gem. Come o valor tedrico da enengia de superficie do cloreto de sédio ¢ ape- nas 0,08 kgm/cm?, verifica-se que a operagio apresenta um rendimento de mais ou menos 1% Moendo quartzo, Martin'®) e Gaudin(#0) encontraram va- lores entre 0,5 € 1%. Nao se conhece o verdadeiro mecanismo da fragmentagao de particulas séli- das, Segundo Piret(3), a aplicagdo do esforgo causa inicialmente © aparecimen- to de fissuras no material. Concentracfo de esforgos além de um valor erttica * ‘Todavia o termo s6lido serd utilizado também para caracterizar materiais amorfos ou aglomerades que possuam forma propria, como ¢ carvio, a madeira e a cortiga. FRAGMENTACAO DE SOLIDOS a7 " acarreta crescimento répido ¢ ramificagio das fissuras, ocorrendo finalmente a ruptura, Varios fatores discutidos a seguir so reconhecidamente importantes na moagem. O modo de aplicagdo da carga ¢ fundamental. As experiéncias de Piret revelam que a 4rea adicional obtida por impacto ¢ trés a quatro vezes maior do que a que se obtém com a mesma carga aplicada lentamente por meio de pren- sas hidréulicas. A distribuicto granutométrica das particulas no produto de uma operagao de moagem depende da energia fornecida ao material. Heywood!?! realizou uma série de experiéncias de ruptura individual de particulas sOlidas, através da aplicagao instanténea de cargas que foram sendo aumentadas gradativamente. Com cargas moderadas observou a produgdo de algumas particulas grandes, de um bom néimero de particulas pequenas e de relativamente poucas de tama- nhos intermedidrios. Com o aumento gradual do esforgo, verificou um aumen- to aprecidvel do niimero das particulas grandes que, no entanto, foram ficando cada vez menores. Por outro lado, muito embora o niimero de particulas pe- * quenas fosse aumentado consideravelmente, seu tamanho ndo sofreu alteragéo . aprecivel de uma experiéncia para outra, Isto parece indicar que o tamanho das menores particulas produzidas estd intimamente relacionado com a estru- tura do material, mas 0 das maiores depende diretamente do modo como é conduzida a operagao. As observapSes de Piret relativas ao crescimento das fis- Suras com 0 aumento do esforgo aplicado parecem explicar 0 que ocorre com as particulas maiores produzidas durante as experiéncias de Heywood. Os fatores anteriormente discutidos levam-nos a esperar consumos de ener- gia muito maiores para produzir partfculas pequenas do que para fragmentar sblidos grosseiros, Este assunto serd tratado quantitativamente adiante, quando jd tivermos apresentado os tipos tradicionais de equipamentos. EQUIPAMENTO EMPREGADO NA FRAGMENTACAO Uma grande variedade de equipamentos é oferecida pelos fabricantes tradi- cionais do ramo. Os modelos diferem pelos detalhes construtivos e, de um mo- do geral, todos apresentam vantagens e desyantagens em cada situago par- ticular, de modo que a selec do tipo apropriado requer muito cuidado e jul- > gamento por parte do engenheiro. A dificuldade comega ma classificago. Nao hé padronizago e a propria dis- tingdo de tipos nfo é nitida, Diversas razGes justificam esta situacao: 19) A multiplicidade de materiais que devem ser fragmentados. 2%) A variedade de caracterfsticas desejadas nos produtos. 38) A extensa faixa abrangida pela escala de operagio. 44) As limitagdes teéricas do assunto. 48 CAPITULO 3 58) A liberdade de nomenclatura. Moagem, por exemplo, tornow-se um tér- mo quase universal para descrever a reduciio de tamanho, muito embora isto nio seja correto. E curioso que 4 nomenclatura seja raramente usada com sig- nificado correto. Fala-se em moagem em casos tipicos de britamento e os tér- mos pulverizagdo ¢ desintegracdo sio frequentemente empregados como sindni- mos, Contudo, entende-se que a pulverizagao visa reduzir o tamanho de s6lidos homogéneos, enquanto a desintegraco deve ser entendida como o desmembra- mento de agregados de partfculas moles aglomeradas a custa de ligagées frou: xas. Neste caso nao h4 propriamente alteracZo de tamanho do sélidol4), Na linguagem industrial os térmos triturador e granulador sfo comumente empre- gados de modo impréprio. 62) As condig6es particulares de cada inddstria. Um britador pequeno é com frequéneia considerado moinho numa instalagdo de processamento de s6- lidos grosseiros e vice-versa. Este conjunto de fatdres dificulta uma recomendagao nitida do tipo ideal de maquina para um dado fim, mas por um processo de selegfa natural alguns ti- pos jd se tornaram tradicionais em certas inddstrias. Contudo, convém que 0 estudante dedique 0 melhor de seus esforgos em conhecer 0 equipamento, mais do que em saber qual é a sua posigdo na classificagdo ou. que tipo de in- dustria costuma utilizd-lo. Costume e tradigao As vezes desencorajam um estu- do racional e dessa forma impossibilitam a descoberta da opodo ideal para a si- tuagfo considerada. ' Classificagao do equipamento tamanho das particulas da alimentago e do produto ¢ 0 eritério mais im- portante para classificar os equipamentos de fragmentagdo de s6lidos. As mé- quinas que efetuam fragmentagfo grosseira si chamadas britadores © as que do produtos finos 40 moinhox A delimitagdo de sub-classes, embora meio vaga e arbitréria, pode ser feitacomo segue: Alimentagao Produto (*) Britadores Primérios ou grosseiros 10cm 150m 0,525 cm Secunddrios ou intermedidrios 0,5a5em 0,120.5 cm (10 a 3 mesh) Moinhos Finos 0,2.20,5cm 200 mesh Coloidais 80 mesh até 0,01 n * Entende-ce que 85% das partfculas so menores do que os tamanhos mencionados em sada caso. FRAGMENTACAQ DE SOLIDOS: 49 OS tipos mais conhecidos destas diversas classes so os seguintes: Britadores primarios de mandibulas Blake Dodge Samson giratério Britadores secundérios* de martelos de pinos de barras ou gaiola (desintegrador) de rolos ou cilindros isos dentados conico de disco mé ou moenda rotatério Moinhos finos centrifugos ou de atrito (pulverizadores) rebilo de rolos ou cilindros de bolas comuns de barras tubular de compartimentos eOnico ou Hardinge de energia fluida aar a vapor Moinhos coloidais cdnico de disco * Alguns sfo fabricados em tamanhos de moinhos, CAPITULO 3 Relacdo de fragmentagdo ‘A telagSo entre o didmetro da alimentago (D,) e 0 didmetro do produ- to (D2) 6 denominada relagao de fragmentacto: Di; “Dz Esta grandeza é importante porque em certos tipos de equipamentos ela nfo deve ser ultrapassada. De modo geral, quanto mais elevado for o valor de m, tanto mais diffeil serd a operagao. m Caracteristicas gerais dos equiipamentos Além dos detalhes construtivos especificos que cada tipo de operacio re- quer, todo equipamento destinado a reduggo de tamanho deve apresentar sem pre algumas caracteristicas gerais. ‘A primeira & permitir o afastamento répido do s6lido fragmentado das su- perficies de trabalho. De fato, a moagem produz finos que, se permanecerem junto a essas superficies, funcionam como amortecedores do contato com as novas particulas a serem mofdas. Quando isto acontece tem-se britamento ou moagem obstruida*. Em caso contrério ha moagem livre. E importante prever no projeto algum meio de realizar a descarga répida do material motdo da zona de moagem por meio de dgua, ar ou forga centrifuga, mas é claro que, mesmp. quando bem projetada, uma méquina poderé ser mal alimentada, impedindo dessa forma a realizagao de moagem livre, Somente a operagao adequada pode- 1d evitar este problema. ‘Uma outra caracteristica geral ¢ a seguranga. Por razdes que veremos adian- te, os britadores podem expelir particulas com grande energia durante a opera- fo. Nao raro, também, 08 moinhos podem provocar a queima ou explosfio do material em decorréncia do aquecimento excessivo ou actimulo de pé fine du- rante a moagem. Uma operagfo bem conduzida evitard estas dificuldades. BRITADORES PRIMARIOS Britador de mandfbulas Apresenta como parte mais importante duas mandibulas de ago-manganés austentico, uma fixa ¢ a outra mével, colocadas no interior de uma carcaga de ago, ferro fundido ou ago-manganés. A mandibula mével, também chamada queixo, bascula em tfono de um eixo que, no britador Blake, esté na parte su- perior da mAquina. No tipo Dodge, fica na parte de baixo. A outra extremidade + Em inglés ‘choke crushing”. FRAGMENTACAO DE SGLIDOS 51 da mandibula é movimentada por meio de chapas articuladas na mandibula ¢ numa biela presa.a um excéntrico existente no cubo da polia motora (fig. III-1). As mandibulas sao. revestidas com placas de desgaste corrugadas ¢ substitufveis com facilidade. As chapas articuladas sto geralmente feitas em duas partes, sen- ; do emendadas com parafusos fracos, capazes de quebrar antes de qualquer ou- tra pega do britador, se porventura particulas inquebréveis forem alimentadas com a carga. A medida que a polia motora gira, 0 excéntrico provoca um movi- mento de sobe-e-desce da biela, 0 que acarreta um movimento horizontal de vai-e-vem da mandfbula movel. As articulag6es entre as placas ¢ a mandibula sfo mantidas por meio de um tirante que pressiona uma mola quando a mandi bula mével se aproxima da fixa. A velocidade de operagio ¢ baixa (100 a 400 rpm). atinentagdo | seH0 de bascoloments places de desgaste produto Fig. JIL1 — Britador Blake. A principal aplicagao dos britadores de mand{bulas € o britamento primario de materiais duros e abrasivos. O britador Blake d4 maior produgao e no ento- pe com facilidade, pois é a parte inferior das mandfbulas quese abre para dar saf- | da ao produto. O tipo Dodge (fig. III-2) € de menor capacidade, presta-se para ' operagao intermitente e permite trabalhar com maior relacao de fragmentacdo. Entope com mais facilidade do que o Blake, mas o produto é de granulometria ; mais regular. A tabela III-1 apresenta dados de funcionamento de britadores tipicos dos modelos Blake e Dodge de fabricagao americana. As capacidades indicadas podem variar com a natureza do s6lido, umidade, granulometria e outras propriedades como aderéncia e dureza. A tabela INI-2 apresenta dados referentes a alguns britadores de mandibula de fabricagdo nacional(23). CAPITULO 3 Ha uma formula empirica antiga, de Taggart, que permite efetuar estimati- vas répidas da capacidade de britadores de mandibulas com base na medida da boca de alimentagdo e na abertura de descargal™): C=00845 LS capacidade em t/h comprimento da boca de alimentagio paralela ao plano da mandibula fixa (em) S = afastamento méximo da abertura de descarga (cm) | Fig. 111.2 ~ Britador Dodge. i eet 5B ets Tabela If-] BRITADORES DE MANDIBULAS TIPO BLAKE Tamanho da boca de | _Produto Fino | Produto Grosso | Rotacio | Poténcia carga (polegadas) [Yamanho | t/h | tamanho | t/h | RPM HP 7x10 3/4 15] 2 s| 275 | 7-10 9x15 1 4 21/2 12 250 10-15 10 x 20 11/2 10 & 20 250 15-20 15x 24 21a |n| 5 60 | 210 35 24 x 36 3 45 | 6 10 | 210 15 36 x 48 41/2 |110 8 225 190 150 j 48 x 60 5 150 | 9 300 | 170 | 200 FRAGMENTACAO DE SOLIDOS 53 Tabela UL-1 (eontinuagéo} TIPO DODGE Capacidade (t/h) Tamanho da boca de Gantomstiind a Poténcia carga (polegadas) ranulometria do produto ie yar | 3/4” r 112" 4x 6 025 | 0,5 1 3 Ix 9 10 2 4 z 9x12 15 3 ‘ i 1x15 20 4 ‘ 5 Tabela I-2 BRITADORES DE MANDIBULAS DE DOIS EIXOS (TIPO BLAKE) Capacidade (m* fh) 2 | alg lz z 2 |& |22 | aberturada boca de descarga (posiedo fechada) B RPM|mm | pol. | 3" | 4° |4%"| 5” | 6" a 9” | 10" 12" | 14" 9060 40 s0| ss| 60] 70] 80 B | 750}'95) 1 | sol 65] 70) 75) 90/100 12090 90] 95/100|110]125]140|160| 180 Bp | 18@P75/11/2) 1119) 120] 125 |140| 160 180 | 200 | 220 < 170] 180] 190 |210]230|240/260| 300 48" x 60" Ad [170/30 /11/2| | 259) 265] 280 |310/330)360| 390| 400 60” x 48" .400| 450] 500 |s80| 650 ar (25/38 eae '500| 560/620 |720|800 ‘A granulometria do produto pode ser avaliada com o auxilio da fig. IL-3, construida com dados de fabricantes tradicionais de britadores de mandsbulas, giratérios e de cilindros. Admite-se que 15% do produto sejam constituidos de particulas maiores do que 2 abertura do britador. Assim sendo, 85% passa- rio por uma abertura circular de didmetro igual a abertura mencionada na figu- ra, Para exemplificar, suponhamos que a regulagem da boca de safda do brita- dor seja 2 em. Pode-se avalier que aproximadamente 52% do produto passargo por um furo circular de | em e 73% passardo por um furo de 0,5 cm. tipo Samson é uma variante simplificada do britador Blake. A chapa arti- culada é Gnica e o acionamento da mand fbula é feito diretamente pelo volante. 0 excéntrico é também o ponto de basculamento da mandfbula, havendo por- tanto apenas um eixo neste tipo de méquina (fig. Ill-4). Capacidades de brita- dores desta categoria, de fabricago nacional, encontram-se na tabela III-3(25)_ Granulometria do produto fragmentado, locas erticuiedas Fig. 1.3 — 2 5 thonte’ 200 poreentogem ceumuoce de ins 00K 60 40 Fig. III-4 — Britador Samson. 9895 _ 90 a5 80 ae ¢38 $8 (2) puow 9p esn4s0¢0 " FRAGMENTACAO DE SOLIDOS se_|eousci | ssroct | error] oetoar] soreslues: | ses9 | sco “Tare OF | i [assy [arce | veee| oor | eeu +e [or | | 7 [grat] ere [sess] s+ st | ere | ee [sos] ve ads] os [wate] wht] a [oii] at able | nn fora dH (epeypay ogsisod) eyes ap e50q ep emusqy 201011 (U/ «tt? opepioedey IVNOIOVN OVSVOINEVs FC SVTNAIGNVIN dd SAUOGVLE EMI PPL ‘CAPITULO 3 © Angulo de abertura das mand {bulas é geralmente inferior a 30° para evitar que as particulas alimentadas sejam expelidas pela méquina, Pode-se estabelecer uma relagdo entre este Angulo, o tamanho da alimentagSo ¢ 0 coeficiente de atrito entre o material e as mandibulas. Consideremos uma particula de diime- tro D alimentada a um britador Blake. © angulo méximo entre as mandfbulas € 2a (fig. IMLS). Se este Angulo for excedido, a particula serd expulsa do brita- dor. Este Angulo 2a ¢ chamado dngulo de ataque, aprisionamento ou captura. Seu valor poderd ser cbtido como segue. Desprezando o peso da particula, dois tipos de forgas atuam nos pontos de contato com as mandibulas: a) duas forgas radiais F- b) duas forcas de atrito F; atuando tangencialmente & partfcula. Estas forgas relacionam-se com as forgas radiais através do coeficiente de atrito 4: Fr= kr ‘As componentes de F; segundo a bissetriz do angulo 2c tendem a conduzir a particula para baixo, ao passo que as componentes de Fy nessa mesma diregao tendem a expelir a particula. A condigo de aprisionamento €, pois 2 Fy cos @ > 2 Fy sen a 2 uF cos a> 2 Fy sen a ‘ou seja, tana2Fysen.a Fig. 111.12 ~ Estorgos durante a fragmentagao, FRAGMENTACAQ DE SOLIDOS 67 Lembrando que a forga de atrito pode ser relacionada com Fy € com 0 coefi- ciente de atrito u pela expressfo: Fr=uFr resulta finalmente tan a <1. Conhecido 0 coeficiente de atrito entre o material e 08 rolos, fica definido o Angulo a, sendo possivel calcular o diametro D dos rolos (fig. 11-13): corae Rt! = D428 Rer Ded «pa deosan2s 1—cosa Fig. 11/13 — CAlculo do diametro. Para o britamento de pedra contra ferro, «0,3, 0 que dd um valor de ce = 1642’. O angulo de aprisionamento serd entdo da ordem de 32°. b) Capacidade. Varia entre 25% ¢ 35% da tedrica, que corresponde 20 s6lido existente numa esteira continua de espessura 2s produzida pelo britador em uma hora. Sendo: L = Jargura dos rolos (m) ‘D = diémetro dos rolos (m) 2s = separagaio entre os rolos (m) N = velocidade de rotago (rpm) 68 ‘CAPITULO 3 (0 = densidade aparente do produto (t/m>) = ps (1 — €) € = porosidade do produto C’ = Capacidade teérica (t/h) pode-se escrever: C' = D(GQN)L 2s p ou seja C' = 376,8 DNLs p ‘A capacidade real Cserd 25 a 35% da te6rica, ou seja C=KDNLsp onde K=94 a 132 (média 113). Esta expresso permite caleular a largura dos rolas necessdria para obter a capacidade desejada: So ee 113 DNs ps3(1—e) A fig. [1-14 também permite dimensionar britadores de rolos em fungiio do diametro da alimentagdo, espagamente dos rolos e capacidade c) Energia consumida. A fig. 10-14 permite avaliar a poténcia consumida na operago de britadores de rolos lisos. Pode-se também utilizar a lei de Bond. L Aplicagao 1 ‘Selecionar um britador de rolos lisos para britar um minério duro desde um tamanho médio de 4 cm até partfculas de 1 cm. A capacidade desejada é 35 t/h. Solugio Entra-se na parte superior da fig. 111-14 com 40 mm e descese verticalmente até encontrar a primeira reta inclinada, que é a de 140 cm. Este ¢ o-menor rolo que conseguird aprisionar particulas de 4 cm de diimetro. Seguindo horizontalmente para a esquerda obtém-se uma velocidade periférica dos rolos de 240 m/min e que corresponde a $4 rpm para rolos de 140 cm. Seguindo agora uma curva interpolada partinde do ponte inicial, observase que rolos com 40 em de largura do uma produgio de 35 t/h. Deve-se selecionar sempre uma largura padronizada. A energia necessiria ¢ obtida como segue: pa S50) 2 5 up Outros tipos de britadotes de roles Hi uma variedade de britadores de rolos aplicdveis em situagGes especiais. Entre eles est4o os britadores de rolo tinico dentado e os de rolos corrugados. Os de rolo unico deniado podem ser exemplificados pelo britador Fair- mount da Allis-Chalmers, cujo role se movimenta no interior de uma carcaga. A fratura realiza-se pelo impacto contra os dentes do rolo & o britamento secundério € realizado pelo aprisionamento dos fragmentos produzidos, segui- do de compressao contra uma bigorna curva presa 4 carcaga por meio de para- fusos de ago, contra a ago de um conjunto de molas resistentes (fig. III-15). Se te ~ Fig. INAS ~ Britador de rolo tinico dentado. Este tipo de m4quina presta-se bem para o britamento de sélides laminados. Materiais como calcdreo, dolomita, fosfato, cimento e xisto sio comumente alimentados a estes britadores. Alguns dados de operagao encontram-se na trdrios ¢ com velocidades diferentes. Neste caso a miquina terd simultineamen- ( te agdo de corte e compressdo. Este britador é usado para a fragmentacao de cola, naftaleno, enxéfre, madeira, cloreto de calcio, pixe, plasticos fendlicos ¢ asfalto, tabela IL-8, Tabela 1-8 | BRITADORES DE ROLO UNICO | Tamanho Capacidade (t/n) ! Boca de Carga | maximo da Rotacao | Poténcia i (polegadas) |alimentagao Abertura da descarga (pol) (RPM) | (HP) | (pol) 2/[3]}4]5]6 24x 48 14 90 |135 | 180 38 | 75-100 24x 60 14 115 | 170 | 230 $8 | 100-125 | 36 x 60 24 — |170 | 230/290 |345| 39 | 180-220 \ Hi diversos tipos de britadores de rolos corrugados em uso: alguns s80 es- triados em zig-zag para facilitar o aprisionamento das particulas a moer. Outros tém ressaltos em dente de serra. Pode haver dois rolos girando em sentidos con- 1 Britador conico E parecido com o giratério, porém sua capacidade é menor e, tanto a ali- a mentagdo como o produto, so mais finos. E muitas vezes instalado em lugar de um britador giratério ou de rolos ¢ realiza, num s6 estégio, uma redugdo de tamanho que, com outro tipo de equipamento, seria feita em mais estdgios. Tem um rotor cnico que gira a mais ou menos 500 rpm no interior de uma careaca revestida internamente com placas apertadas contra 0 rotor por meio de molas resistentes. Se o britador entupir ou receber pecas inquebréveis, as OQ(G, eee ee FRAGMENTAGAQ DE SOLIDOS mn molas cedem. O cone de britamento ¢ acionade por um excéntrico ligado a uma engrenagem (fig. 11-16). O cone € revestido com placas de desgaste ranhuradas, de modo que a ago de moagem é miltipla: impacto, compressa ¢ atrito. A alimentagio ¢ feita pela parte superior ¢ 0 produto sai pela parte lateral inferior. Os tipos mais comuns sf0 0 Symons(26) e o Telsmith'?71. A alimentagao varia de 2.1/4” a 10” e, o produto, entre 3/8” e 11/2". A granulometria do produto pode ser ajustada com o britamento em funcionamento. A capacidade vai de 20 a 600 t/h (tabela IL-9). olmentacéo Feveahment sierra _—bleca de distrbucdy Fig, HE16 ~ Britador cénico. Tabela i1-9 BRITADORES CONICOS SYMONS, aa ‘Tamanho | Largura da Capacidade (t/h) , é do abertura de oténcia Britador Abertura de Descarga (polegadas) (HP) an 1/2 q 25- 30 : 50-60 4 75~100 a 150-200 ; L 250-300 72 Britador de discos E outra modificagto do britador giratorio, porém utiliza um novo principio para conseguir o britamento livre, que € a forga centrifuga para afastar os frag- mentos da zona de britamento. O tipo mais comum € o Symons (Fig. [I-17). Consta de dois discos montados em dois eixos horizontais. Um deles, o externo na figura, € 6co, sendo acionado pela polia 2. Gira centrado em torno do eixo da miquina. O eixo interno € acionado pela polia P, e gira no interior de um maneal excéntrico. Os sentidos de rotago dos dois discos so opostos. Dessa forma, A medida que os discos giram eles aproximam-se e se afastam, realizando a moagem por compressfo ¢ atrito. O material € alimentade pelo centro do disco da direita ¢ sai por ago centrifuga pela periferia. O britador de diseos aplica-se para efetuar a moagem de materiais duros. Fig. 111.17 — Britador de discos Symons, ‘Num tipo variante a polia P, € eliminada e 36 0 eixo externo gira, sendo o outro fixo. Ha também um modelo fabricado pela Sprout, Waldron & Co., no qual os eixos no so concéntricos, mas colocados um de cada lade da méquina (fig. 1-18). Dimensdes t{picas dos discos variam entre 10 ¢ 54”, com ratagdes de 350 a 700:rpm nos modelos de disco rotativo tnico e de 1200 a 7000 rpm nos modelos de dois discos, como os das figuras. Os consumos de eftergia va- riam entre 10 ¢ 100 HP/h por tonelada de produto, dependendo da natureza do s6lido e das granulometrias da alimentaco e do produto. FRAGMENTACAO DE SOLIDOS 73 ascos se moogem motor ce acinamento controle ae granuiometria IL fi ¥ produto Fig. ii1.18 ~ Modclo variante de britador de discos, Moenda E também chamada md ou galga. Consta de um ou dois rolos pesados de granito, concreto ou ferro fundido que rolam no interior de uma panela refor- cada. Os dois rolos giram em torno de um eixo horizontal ligado ao eixo prin- cipal vertical localizado no centro da panela (fig. I1I-19). Veatid greina ae { Sao Fig. 11119 - Md, / moenda ou galea, ocrepa cer | 74 CAPITULO 3 Alimentado pelo centro, o material ¢ britado por compress sob os rolos, deslocando-se para a borda da panela. Um raspador retorna continuamente o material das paredes para a zona de britamento. Certos modelos tém o fundo perfurado, o que torna possivel retirar conti- nuamente o produto com a granulometria desejada. A operagdo é realizada a séco ou a dmido. Dispositivos deste tipo servem também como moinhos, sendo conhecidos como Moinhos Chilenos, As vezes funcionam como mis- turadores, sendo aplicagies tipicas 0 preparo de tintas, argilas, areia para ma- chos de fundic&o, massas pegajosas ¢ produtos farmacéuticos. As vezes é a panela que gira e os rolos so estaciondrios. © tipo Bonnot permite regular a distancia entre os rolos e o fundo da panela. O fundo é giratério, sendo feito de peneiras com aberturas de 1/16” a 1/2”. O diémetro varia entre 1,50 me 3,00m, com pedras de 70cm a 1,50m de diémetro e largura de 10cm a 50cm e que pesam 1 a 151 par. A poténcia varia de 15 a 73 HP, com um consumo de energia entre 1 e 5 HP/t de produto e capacidade entre | ¢ 50 t/h. Britador rotatério: E mais propriamente um desintegrador de materiais fridveis moles, como carvo, coque, tanino, café e talco, alimentados em pedagos menores do que 10 cm. Q produto é menor do que § mm. Um rotor cénico ranhurado gira a alta velocidade no interior de uma carcaga revestida com placas também ranhuradas (fig, I-20), O rotor ngo é exeéntrico, como no britador girat6rio e, além disso, gira a uma rotagio muito maior. A granulometria do produto pode ser ajustada facilmente levantando ou abai- xando © rotor por meio de um dispositivo que ¢ acionado por um volante na base do britador. O tipo representado na figura é 0 modelo da Sturtevant. MOINHOS FINOS. Moinhos centrifuges de atrito Todos os modelos desta categoria empregam forga centrifuga para langar 0 material a moer contra a superficie de moagem. O elemento de moagem rola sobre © material que estd sendo moido, realizando uma dupla ago de moagem: compressio ¢ atrito. Os tipos mais representativos sto os quatro seguintes: Babcock Loputco Raymond Griffin © moinko Babcock emprega esferas de ago que giram a alta velocidade entre dois anéis circulares. © anel inferior gira ¢ o superior ¢ estaciondrio. O material % FRAGMENTACAO DE SOLIDOS 15 Fig. 111,20 — Britador rotatério, Umido é alimentado no centro do moinho e chega por ago centrifuga a parte periférica, onde ¢ moido entre as esferas e os anéis (Figs. I1I-21A e I11-21B). Um ventilador na parte superior do moinho retira o material mofde cuja granulo- metria jé atingiu a especificagio. O tamanho do produto é controlado por meio da rotag%o do ventilador ¢ da razdo de alimentagdo. A capacidade vai até 15 t/h. Existem pulverizadores Babcock com duas ou trés séries de esferas umas. sobre as outras, com os anéis superiores méveis e os inferiores fixos ou com os dois fixos, com capacidade até 45 t/h. Aplicagdes tfpicas so a moagem do car- vdo, matérias primas para a fabricagdo de cimento, rocha fosfitica e caledreo para agricultura e minério de cromo, O tipo deserito é fabricado pela Bab- cock & Wilcox Co., mas a companhia Fuller também fabrica méquinas deste mesmo modelo. Porisso este moinho é também conhecido como moinho Fuller-Lehigh's). 0 moinho Lepulco, também conhecido como moinho Sturterane|s), € uti- lizado para produzir materiais finamente divididos, como carvio, rocha fosfiti- ca, produtos quimicos ¢ farmacéuticos, cimento e corantes. Dois rolos de moa- gem com a forma de troncos de cone so apertados com molas contra um anel plano de moagem, mas nfo chegam a encostar no anel (fig. III-22). Os rolos podem ser méveis, sendo o anel (também chamado mesa de moagem) fixo, ou fixos, com a mesa giratéria. No Lopuleo é a mesa que gira em alta velocidade. ‘Quando © produto atinge a granulometria desejada, um ventilador arrasta as Fig. se ae dean Baboock -xplodida. FRAGMENTACAO DE SOLIDOS 7 Fig. 111.22 ~ Moinho Lopulco. partéculas pela parte superior do moinho. Observa-se que neste tipo de m&qui- na, a0 contririo do que sucede com o Babcock, nfo ha desgaste quando o moi- nho nio estd sendo alimentado, porque os rolos nfo encostam na mesa. Além disso, este moinho presta-se para moer materiais explosivos, pois nfo hé qual- quer perigo de faisca pelo atrito entre os elementos de moagem. © moinho Raymond obteve grande sucesso nesta classe de miquinas de re- dugdo de tamanho gracas perfeig&o dos seus detalhes mecinicos. No é to econdmico quanto o Lopulco, mas fornece produto mais uniforme. Um eixo central reforgado gira pela agdo de uma corda existente na parte inferior (fig. U1I-23). Presos no eixo ha dois a cinco bragos nos quais esto suspensos eixos que podem bascular em torno do seu portto de suspensio. Na ponta destes eixos hd rolos que, devido a forga centrifuga, s#o pressionades contra © anel periférico onde é feita a moagem. Observa-se que neste moinho o des- gaste nfo cessa, ainda que nJo haja alimentacdo. Existe um modelo variante, Fig. [1,23 — Moinho Raymond. fabricado pela propria Raymond, no qual os rolos so mantidos fixos a uma certa distancia de uma panela que gira. Tanto num tipo como no outro, © pro- duto é arrastado pelo ventilador existente na parte de cima do moinho ao atingir a granulometria desejada (geralmente da ordem de 100 a 200 mesh). ~ A classificagdo do material pode ser feita na safda do moinho por meio de ciclones que reciclam 08 grossos. ‘Aplicagties tipicas so a moagem de materiais nfo abrasivos, como carvlo, cimento, pigmentos, produtos quimicos em geral, caledreo, barita, gésso, fosfato, enxdfre e bauxita. © moinho Griffin € semelhante ao Raymond, porém s6 ha um rolo de moa- gem montado num eixo que se movimenta pendurado num rolamento esférico. ‘A separagio do material mofdo é feita por meio de uma peneira dupla existente na parte lateral do moinho. A moagem é efetuada no interior de uma panela de ago (fig. Ill-24). A fim de minimizar o custo de manuten go, a parte inferior da peneira, que softe mais desgaste, pode ser substituida independentemente da superior. FRAGMENTAGAO DE SOLIDOS 73 rato de maagem panels de moagem Fig. 111.24 — Moinho Griffin, Com qualquer um dos moinhos de atrito é vantajoso retirar o material com uma granulometria maior do que a desejada, classificar reciclar os grosses. Isto reduz © consumo de energia, diminui a produgfe de finos ¢ ajuda a resfriar. Rebolo A moagem é realizada entre duas pedras horizontais pesadas circulares, uma das quais é fixa, A outra gira em torn de seu eixo. O material ¢ alimentado por cima, através de um furo central na pedra superior, sendo moido por atrito entre as duas pedras, cuja superficie ¢ dspera. O produto sai lateralmente por ago centrifuga (fig. 11-25). Usa-se para moer cereals, pigmentos, produtos farmacéuticos, cosméticos, cortiga, mica e amido. Este moinho esté zos poucos sendo substituido pelo moinho de rolos. O desenho mostra um modelo com acionamento por baixo, mas a pedra mével também pode ser movida por cima. H4 modelos com um mecanismo que permite levantar ou abaixar as pedras por meio de um volante de ajuste. Moinho de rolos dentados # usado para moer materiais de resisténcia média que devem ser reduzidos a p6 fino, como a farinha de trigo ou o carvlo. A ago de moagem ¢ principal- 80 ‘CAPITULO 3 ‘otinentonda Fig. IHL25 — Rebolo, mente de corte, a0 contririo do que sucede nos britadores de rolos vistos anteriormente, que trabalham por compressiio, O numero de rolos ¢ varifvel, podendo haver um s6 (fig. IlI-26), dois rolos sucessivos ou opostos girando er sentidos opostos ¢ com velocidades diferentes ou mais de dois. A superficie dos rolos é corrugada ou dentada. A alimentagfo é feita por cima e o material mofdo sai per baixo. Moinhes de bolas Hé diversas variantes, razo pela qual costuma-se usar as vezes a denomina- fo geral moinhos de queda para englobar todos os modelos. Os tipos mais comuns sf0: moinho de bolas eomum moinho de barras moinho tubular moinho de compartimentos moinho Hardinge FRAGMENTACAO DE SOLIDOS 81 Fig, 111.26 ~ Meinho de rolo dentado. Em sua forma mais simples 0 moinho de bolas comum consta de um tambor cilindrico rotative com o comprimento aproximadamente igual ao diametro € que em operag%o € parcialmente cheio de bolas (fig. III-27). O material a moer é alimentado no tambor e, 4 medida que este gira, as bolas so levantadas até um certo ponte para depois cairem diretamente sobre o material a moer. A operagdo pode ser realizada em batelada, sendo a alimentagZo e a descarga feitas através de uma abertura na superficie lateral do tambor, ou continuamen- te, quando a alimentagdo é feita por uma extremidade, sendo a descarga feita automaticamente pela extremidade oposta através de uma peneira. As bolas podem ser de ago, porcelana, pedra, ferro ou qualquer outro mate- rial canveniente. Seu tamanho guarda uma relago bem definida com o diame- tro das particulas que estiio sendo moidas:(7! DAY onde D;, = diametro das bolas (cm) D = diimetro das partfoulas mais grossas alimentadas (cm) Geralmente o didmetro estd entre 1 e 10 cm. A regra prdtica ¢ empregar bolas de diémetro igual a 10 a 20 vezes 0 diimetro do material alimentado, A carga de bolas ocupa geralmente 30 a 50% do volume do moinho (é 0 que se chama de'30 ou 50% de carga). O, consumo de bolas varia com o tipo de operagao ¢ com o material das bolas. Para moagem a seco, € de aproximadamente 0,4 kg/ton de material modo e, para moagem a imido, 1 a 2 kg/ton. Por 100 kwh: 136 a 181 kg para bolas de ferro fundido ¢ 68 a 90 para bolas de ago. Fig. 111.27 — Moinho de bolas. ‘A parede interna do moinho é revestida com placas de desgaste feitas com material resistente & abrasiio (ferro fundido, ago-manganés, porcelana ou bor- sacha). As placas podem ser lisas ou dentadas (fig. I11-28). O consumo de re- vestimento varia entre 45 e 68 kg/1000 kwh para o ferra fundido ¢ entre 22,5 ¢ 31,6 kg/kwh para 0 ago. Fig, 11.28 - Piacas de desgaste. © moinho de barras difere do moinho de bolas comum pela substitui¢so das bolas por barras de ferro de 2 a 10 cm de didmetro dispostas a0 longo do eixo do tambor. © moinho tubular distingue-se do moinho comum pelo comprimento do tambor, que 6 3 a 4 vezes o didmetro, enquante que no comum era de apenas 0,8 a 1,5. Em virtude do maior comprimento, o tempo de reteng#o no moi-

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