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™ Geel M ol te May Be Mek oe Cem Para dona Neuzinha, béncdo que Pre Ce riea trata Remuera ee et Ty Serta neer Cnty Pogue etc TC leral ele taal ecw aea eea eckson ar Copyright © 2009 Muro Cisalpino llystragbes © Manoel Veiga Eich geral Sen lunquea TRS Tet eSstema Ltda) Edigdo de arte e projeto grafico ogo Droschi Revisso Ceclia Martins AUTENTICA EDITORA LTDA Editora responsavel Rejane Dias Revsado conforme o Nowe Acordo Ontagrfico. Todos os res reservados pea Aunts Eahtora Neshuma parte desta pubicacso pode ser reproduzida, Se) por mes mecancos, eletOnios sea va pla roar, sem a atonzacto préva do Edita, Belo Honzonte ua Amores, 981, 8° ander. 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E a resposta é: — S6 quando vocé crescer, rapazinho... ae Se POUR UCR TLC UT ud - Quando vocé estiver maiorzinho, ret (oe RNR VET Te acu nag zc Ce _Sriatapetaine sere Ee realmente, estou crescendo. Vejo fotografias de um tempo que nem lembro, de tdo pequeno que eu era. Um tempo em que nem andar eu sabia. Um tempo em que eu era um euzinho sumido no colo da minha mde, todo enrugado e enrolado em paninhos. Um tempo em que eu passava, de pé, por baixo da mesa da sala. beastie ea Sek Vejo fotografias de um tempo em que whem apareco na foto, mas dizem que sou eu Guer esia la; dentro da barriga da mamae—e mew pai ao\lado, com uma cara engracada, um Sartre) clei sloy ella enone eMetrAcies Celuno) Sera que vailser esse pestinha, meu Deus?!”. Met pat parece sonhar: “Sera que vat ter ‘0s olhtos puxados, como os da mde? Serd que Vai ter esta minha cara lavada? Sera que vai ser goleiro, artilheiro... engenheiro, barbeiro, festeiro, bombeiro, cheio do dinheiro... Serei pra ele um bom companheiro?”. a yr SRC Ue BEC) pequeno, mas t&o pequeno, que nem dava Pee AS Only 10 DCSE EON ers o RD LC) aL LLL no tempo do évulo e do tal de “seiquelacide”: Pe CMC RC Ome ROR Ce encontraram e, quando se encontraram, eu comecei a ser eu. Uma titiquinha de eu que Cee Rag ec OR om COs ale) Pois, como jd disse, eu tenho crescido mesmo. Além das fotografias, tenho muitas marquinhas no batente da porta do meu quarto para provar. E, é claro, de novo, as minhas tias sempre a dizer “Nossa-como- vocé-cresceu!” — nessa hora, atrapalham meu cabelo e apertam minhas bochechas... Que coisa! Mas, dizem, a gente para de crescer, um dia. Dizem que um dia a gente chega ao tamanho que é aquele tamanho que a gente vai ter na vida. E pronto, acabou-se. Nao cresce mais. SY tee Rae Ea SOU Ta CR ORE ue Rete Ted se eekly Coe Le Mee oe era ey Ce Te eee ee ea cere e i Dentro da gente é tao grande que la comegam a morar pessoas: a Rita e sua fita xadrez; 0 Joca e sua caixa de papelao, uma maquina poderosa que vai levar ele até as estrelas; 0 Crispim, jardineiro que cultiva jasmins; o Nelson da sorveteria e seu bigode que da voltinha. O Daniel e seu jeito amigo, a Sara e seus olhos guaranis... e mais 0 Arie todos os amigos da escola. Dentro da gente pode morar o olhar de alguém que a gente nunca vai saber quem é, mas que passou por nés de repente, na rua, e nos olhou com um jeito meigo, de uma meiguice que foi embora com ela. a Dentro da gente pode morar Tie oraCcCo NaC LaccetatcetaNe Co uC Ma eiget desconhecida, numa manha chuvosa de domingo. Pode morar também o estranho sapato de um menino que um dia a gente viu na fetra da esquina. Foc tarenctel tater Cotsctare TIAN (oc) de fruta, uma brincadeira nas pocas de chuva Pode morar todo um arco-iris que a gente viu, uum dia, riscando 0 céu como lapis de cera. Pode morar o barulho das asas dos pombos que vivem na praca; pode morar toda a praca. Pode morar também uma dor de dente ou a dor de um tombo de bicicleta. Pode morar a tristeza de nao ter ganhado um presente desejado ou a tristeza de se sentir, as vezes, sozinho no meio de muita gente. Pode morar a alegria explosiva de um gol do Brasil na Copa do Mundo e a gente feliz, no meio de muita gente, abracando e sorrindo pra quem a gente nunca viu ou vera de novo. Dentro da gente podem morar montanhas e rios, mares e florestas. Pode morar também um tatuzinho-bola que a gente comeu no jardim, so por curiosidade, coitado! Dentro da gente podem morar milhées de historias, como as que moram no meu avé, que ja anda meio encurvado pelo peso de todas elas, eu acho. 16 O autor Sou natural de Belo Horizonte e moro atualmente em Timé- teo, Minas Gerais. Professor de Histéria ha mais de 20 anos e escritor, vivo de Histéria e de histdrias. Gosto também de cozi- nhar, talento que construi pelo prazer de ver 0 amor com que minha mée cozinha. Gosto também de conversar com minha _ esposa, de brincar com meus cachorros e de cultivar plantinhas na horta de casa. Diria que sou um “animal doméstico”, que adora sua casa e suas coisinhas. Escrever para criancas é uma das maiores responsabilida- des que tenho na vida e, ao mesmo tempo, uma alegria trans- formadora: é quando tento dizer, em histérias, 0 que penso do mundo e das pessoas, da vida e do viver. Quando escrevo, es- tou aprendendo comigo mesmo, e quero contar um pouco do que aprendi para as criancas. Este O tamanho da gente nasceu de uma reflexao sobre o que é verdadeiramente crescer e sobre o que nos torna universos tini- cos: somos feitos das coisas que aprendemos, que vivemos, que sentimos e saboreamos ao longo da vida, dos amigos que faze- mos, das pessoas que perdemos... de nossas vitérias e derrotas. Crescer é curtir e saborear cada momento da vida; por isso, 9 livro pretende passar a ideia de que crescer é para sempre, 6 intermindvel e imenso, no sentido das possibilidades e oportu- nidades que temos a cada segundo, a cada momento. Viver 6 muito mais que ter coisas, é construir a si mesmo com o carinho e 0 cuidado de um artesao de almas. 40 “Diz o meu pai que eu jd fui tao pequeno, tao pequeno, que nem dava pra ver. S6é pelo mitrospoquio... NGo, é mifosléquio.... ou... Mistroscopio? Bom, foi no tempo do dvulo e do ‘seiquelaoide’: um da minha mée, outro do Eles se encontraram e, quando se encont comecei a ser eu. Uma titiquinha de eu que co a crescer, todo dia, desde entdo.” E essa “titiquinha”, um menino esperto e que presta ateng@o em tudo o que o rodeia — bichos, lugares -, vai crescendo e descoh aa C bonitas e importantes sobre a gente, nao ii tamanho que a gente tenha...

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