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CAPITULO VII DEFINICAO DO CONCEITO DE LANGAMENTO TRIBUTARIO ' SUMARIO: 1. 0 diretivo do Cédigo Tributério Nacional icagio - 3. AcepgGes do termo Langainento, fatojurféico ou norma? - Procedimento administrativo ou ato administrative? - Procedimento como fato juridico que compae 0 ato- para digo do sto-norma - 6, © enunciado do 142 como norma de competéncia admi : 7. Langamento como ato-norma admit nopse. 1a los nr a eR HRN aataiaien nl 1. O DIRETIVO DO CODIGO TRIBUTARIO NACIONAL “Compete pri cconstituir_o_er€ an constituit_o_es€dh : Siberia 6 proce = rificar a ocorréncia «Jo fato gerador da obrigagio cor- x respondente, determinar a matéria tributdvel, calcular 0 montante do tributo devido, identificar 0 sujeito passivo 142 [BURICO MARCOS DINIZ DE SANTI como a em epfgrafe, € aclarar o significado do termo, nando sua vagueza,”” para assim utilizé-lo em outros dispos vos. se aplica ou nfo a eles” E patente na defini¢do edificada pelo art. 142 0 escopo de reduzir a vaguidade do termo ‘ pela primeira vez, sendo subseqtientemente utilizado nos arts. 143, 144, 145, 146, 147, 148, 149, 150, 160 € 173 do C6- digo Tributdrio Nacional. Para Eduardo Garcia Maynez. “as defi bilidade dos preceitos “em que intervém as expressdes defi 238, ving Copi, Inrodusdo, p- 105. Sobre as deinigbs, v. também, Wesley C- Salmon, Légica, 120-30. 239, Idem, ibidem, p. 107. p.234, LANGAMENTO TRIBUTARIO 143 das, assegurando a eficécia desses preceitos € os valores que Ihes servern de base”. 2. DO CONTEXTO A SIGNIFICAGAO Asunidades comp semantica € possivel considerar que uma palavra, “de um lado, tem tantos sentidos quantas se- jam suas divers: ”, como & 0 “pode-se interpretar que a inde- terminagao inerente ao significado decorre do fato de ter um sentido bésico, a que se somam fatores contextuais l6gicos, emotivos, combinatéri duzem nuances interpre basico”™ (sic), O contexto tem importincia cru significado e da significagao das palavras. “A palavra” — le- ciona Rosetti —** “nio existe sendo pelo contexto”. Descrever ‘0s enunciados do direi 10 depende, pois, da associagéo do significado de base, “sei na determinagio do ido socialmente estandardizadc 242, Légica del concepto jurdico,p. 77 243. Cf, Greimas & Courtés, Diciondrio de semidtca, . 460; Oswald Ducrot & ‘Tavetan Todoroy, Diciondrio das ciéncias da linguagem, . 351 144 [EURICO MARCOS DINIZ DE SANTI sentido produzido a partir das cone- 3s que se constatam nos processos efetivos de co- Dizia Humpty Dumpty, “Quando uso uma palavra, ela ica exactamente o que pretendo que signifique 5, nem menos”.”” Destarte, definir 0 vocdbulo mento” como utilizado no Cédigo Tributério Nacional implica considerar sua si em cada uma de Cabe a0 como ele é. Estipular uma definigo de langamento e forgar seu uso nos diversos contextos em que surge a expressio — como. se faz em Algebra quando substituimos a varidvel x pela cons- we 3, em todas suas aparigGes — eqlivale a degenerar as a desconstitui¢ao gradativa do préprio objeto-formal, £ exemplo de investigacao cientifica respeitadora do uso contextual do vocdbulo aquela empreen Barros Carvalho, que analisando o termo “ 3. ACEPCOES DO TERMO “.ANCAMENTO” E fato que, como adverte Alf Ross, “a maior parte das palavras so ambfguas, € que todas as palavras sdo vagas, isto é, ‘que seu campo de referéncia é indefinido, pois consiste em um niicleo ou zona central e em um nebuloso circulo exterior de incerteza”. Afirma Ross que 0 significado preciso de uma pala- 246. Luis Alberto Warat, Inroducdo geral ao direiv, 9. 129-31 247, Apud, Stephen Ullmana, Semdntica, p. 99. 248, Curso de direitotriburio,p. 16-20. # 2 i = iu i : i LANGAMENTO TRIBUTARIO 145 vra 6 fungdo “da expressio como tal, do contexto ¢ da situa- gio’ Contudo, a plurivocidade de que padecem os termos do esta caracteriza-se a um processo de “em que se substituem as locucdes carregadas de fcativa por termos na medida do possfvel uni- ntemente aptos para indicar, com exatidio, os », € essencial Ico aos vérios significados lexicogréficos que !am a maneira como efetivamente as pessoas usam certas expresses." Uma abordagem semantico-histérica, que refoge aos lindes deste trabalho, colocaria & luz. as virias acepgdes que As: sim, no uso técnico-comercial-contébil temos o emprego da expresso “langamento” como: (i) ago ou (ii) efeito de es- 249, Sobre el derecho y la justicia, p. 130. 250, Paulo de Bartos Carvalho, Lingua e Linguagem ( Tiana na sist 624.33, 23. Laudelino Freire, Dieiondrio, . 3120. izagdo desta matésa, Princip 146 EURICO MARCOS DINIZ DE SANTI iv) efetuar 0 célculo, confe- ir a legislagio e a matica incorporaram aos textos legais ¢ & doutrina o termo 5 acrescentando, com estas novas aplicagdes, novo ados & plurivocidade de sentidos de que j go- (¥) como procedimento trativo da autoridade competente (art. 142 do CTN), processo, com o fim de cons i dual e conereta (art, 145 do CTN, caput), produto daquele pro- cesso; (vii) como procedimento admit i com 6 ato-norma admi Jangamento , da qual resu uma (x) norma individual e concreta expedida pelo pai © crédito tributério no caso dos chamados “ amentos por homologagao” (art. 150 do CTN e §§). E de se conciuir, portanto, que a significacao do termo “langamento” deve ser precisada em funco de cada contexto.* ‘A escolha contextual de um termo polissémico, como opsio specifica”, Haydée Antunes Carini 140 da norm primi, tangamento smento como revisio de um anterior ributrio p. 6, p.280. Exevio ario no direito postivo bra sileira p19. 258. Sobre el derecho y la justcia, p. 112, LANGAMENTO TRIBUTARIO 147 icogréficas, ” denomina-se definigio iva. Fazer ciéncia — adverte Luis Alberto Warat_— a plurivocidade do termo para sua introdugao no discurso cien- tifico, tendente & univocidade — uma expresso, um signifi- cado — € chamado especificagao de significag de elucidagao.™*" 4. LANCAMENTO, FATO JURIDICO OU NORMA? 9 fato juridieo, A eficécia juridica da juridicizagao do fato pro. duz relagio jurfdica efectual ou norma. Se produz norma, dize- Mos que o fato juridico ¢ fonte de direito, do que se deflui que Sobre ele incidiu norma ou normas de estrutura, normas. que prescrevem 0 modo de produgdo de outras normas. Positivo, requer sua produgdo por érgl0 ou pessoa habilitada (competéncia) para constituigdo do fato juridico suficiente para sua produgio, 8 fatos juridicos que organi- 260. Definides stipulaivas sio propostas signiicalivasinéita, éprecisamente este “tipo de defnigio que permite intoduzir novos termos cents ov prc, sar de termos jé conhecidos(..)” Mem, ibidem, p. 62 261..Cl. Luis Alben Ws (© sua linguagem, 9.57 148 [EURICO MARCOS DINIZ DBSANTI~ ato-norma. De outro 0 produto, a norma juridiea engendrada. No primeiro, os pressupo: as, no segundo, a norma, o enunciado revestido de suporte fisico concreto, cuja significagio apresenta estrutura hipotético-condicional de norma juridica. 4.1, PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO OU ATO ADMINISTRATIVO? 4 execugio de um ato administrativo por parte da autoridade ou érgio admini (destacamos). Para Celso Antonio Bandeira de Mello, procedimento administrative “re- porta-se a estas hipdteses em que os resultados pretendidos so © sentido converge de forma expressa ou para 0 resultado finalistico do procedimento: um ato adi ivo. No fundo — como sublinha Adolfo Merkel — “toda 262, Assim, em Ruy Barbosa Nogueira" ‘vez operado 0 langament xcamos), Curso de diritotributdrio, p. 222 ¢ 227. po, LANGAMENTO TRIBUTARIO 149 © ato-norma administrativo que veicula o Pode conformar-se, pois, com um tinico ivo™ de autoridade (fato) ou com um conjunto de atos ¢ normas individuais e concretas. E 0 préprio ordena- nento juridico, mediante as normas que prescrevem o exercicio formal da competéncia administrativa, quem decide se o su- porte féctico suficiente para postura do ato-norma é um ato isolado ou um procedimento. - Por outra, leciona Paulo de Barros Carvalho que “Se procedimento é uma série de atos (..), toma-se evidente que, ov escolhemos o final da série, resultado do procedimento, para identificar a existéncia da entidade, ou haveremos de reco- nhecé-lo, assim que instalado 0 procedimento, com a celebra- do dos primeiros atos. Parece Gbyio que néo basta hi ‘0 pro do langamento, que pode consubstanciar-se em ato isolado, independente de qualquer outro” A tese procedimentalista, como esta outra, entretanto, trazem de forma sub-repticia a pretensio de ofertar uma d. iterpretagao do vocab ia pos- de linguagem formalizada, como 0 da mate- ica,” que empregam linguagem univoca na qual seus termos, em todas suas aparigdes, tém uma e somente ‘uma significagao. Diante da ple -ivocidade da linguagem téc- 266. Cr Roque Ant6nio Carraza, O regulamento no di pst 267, Paulo de Baros Carvalho, 268. Idem, ibidem,p, 260. 269, Sobre a importéncia da tinguagem artificial Hegenberg, Ligica simbélic, p. 43. vributirio brasileiro, dedi tribuiéro, p. 255-6, '6pica simbetiea, v. Leénidas 150 BURICO MARCOS DINIZ DE SANTI -normativa (linguagem prescritiva permeada por termos do surso cientifico-dogmatico, assentada sobre o discurso natu- ral) descabe a presungdo do cientista do em interferir desta forma sobre seu objeto, tério, guardando postura cognoscitiva, co Thor descrever os enunciados que conformam a ireito positivo. Resolve-se, desta forma, a dicotomia doutrina em tomo das teses que consideram o langamento como ato ou procedimento, colocando esta dualidade em pianos dis- tintos: 0 procedimento, no plano féictico; 0 ato-norma, no plano normative. - 5. PROCEDIMENTO COMO FATO JURIDICO QUE, COMPOE O ATO-FATO PARA EDICAO DO ATO- NORMA so os fatos juridicos criadores de |). Sem fato juridico ndo hé de se falar Fontes do direit normas (cf. sinopse IV. em norma jurfdica. Ao fato juridico que funciona como fonte material de normas jurfdicas convencionamos chamar fato jurfdico de fatos juridicos, sobre o qual incide a norma de estratura. Conforme propusemos, dada a caracteris proprio direito, pode-se investigar o fendmeno norm langamento tributério ora pelo plano féctico, ora pelo plano normativo. No plano féctico, estudamos o fato admi ciente para edigio do ato-norma, seu suporte jurfdicos que o compoem, 210. Cf. sinopse 1V.8.2-4 LANGAM SNTO TRIBUTARIO 151 No plano normativo, investiga-se 0 ato-norma adminis- trativo e os elementos e sincategoremas que integram stia es. trotura légica Posto isso, 0 estudo do “procedimento” tefidente a ituir 0 ato-norma de langamento, implica 0 acesso a0 fato juridico administrativo suficiente, fonte material do ato-norma Exige, destarte, a investida sobre o plano fictico em que se configura o fato jurfdico do procedimento. O ato-norma para ingressar no ordenamento jurfdico como norma vélida requer fato administrativo suficiente, 0 que a seu turno pressupée: (i) a autoridade competent cidade ou formalizagio normativamente prevista, (ii) a ocor- do motivo do ato e (iv) 0 procedimento previsto em Neste sentido, procedimento & 0 fato jurtdico que se configura com a ordenagdo da série de atos e fatos juridicos que corroboram, de forma sucessiva ou instantanea, seqitencial do, na formagiio do suporte féctico do fato juridico sufi- fe para edicdo do ato-norma administrativo.®* Procedimento € 0 fato jurfdico que ordena a pritica de (os de criacao e aplicagio do dis de criagao do dir exercicio das respectivas fungdes estatais. Consoante observa Alberto Xavier “Proceso e funeo so, pois, duas realidades insepardveis, correspondendo respect © exercicio no E, por conseguinte, fato necessério para as niio suficiente, j4 que, além dele, 211.CI.sinopse V.14.10 272 CF, sinopse V.1 273. Do procedlimento adn 152 -EURICO MARCOS DINIZ DESANTI exige-se a .de, o motive do ato e a publicidade enquanto forma de exteriorizagio. 6. 0 ENUNCIADO DO ART. 142 COMO NORMA DE COMPETENCIA ADMINISTRATIVA no sentido proposto pelo art. 142, dirige-se a0 ato de aplicagio juridica consistente no onjunto de fatos juridicos (atos-fates juridicos ¢ atos-normas administrativos) que, normativamente previstos para ocorrerem (ou no) em dada sucesso temporal, de forma vinculada obri- integrar com seu ato, 0 suporte ia norma individual e concreta _ © termo “langament Io IV, item 7) aplicagao como ato de ico material [em sentido amplo), (Ora, a norma que deflui do tura que informa o modo de produgio do ato-norma adminis- trativo, Trata-se de regra que determina & administragdo fede- municipal e distrital os modos de produgao de ato- 0 de lancamento vélido. langamento & “o ato da aplicago da norma pois, ato de criagao de direito. A: tributério se traduz mim ato juridico heter6nomo, dot efeitos juridicos préprios, nfo é menos certo que este ato no prota espontaneamente, antes pressupée um complexo de al aque o antecedem e visam tornar possivel”.”* Deste ato de apli- 1274, Do Lancamento tributdro, p48. Em sentido anslogo, V. José Souto Mator Borges, Lancamento 9,97 p. 104. 275. dem, ibidem, p. 9. LANCAMENTO TRIBUTARIO 153 cagdo resulta a “aplicagao” como produto, i.¢, como fato jurf- dico que completa e conforma o suporte factico do fato juridico suficiente do ato-norma. E a esta “aplicagdo” nesta acepgio de produto de um ato (processo) que convencionamos denominar procedimento, fato juridico que funciona como condigao neces fria mas to-apenas parcial para a edigfo de um ato-norma m 5). Concluimos que a prescri qualidade de norma nacional de direito tributério, recepcionada pelo art. 146 da Constituigao Federal, é metalinguagem norma- tiva reguladora, em seu alcance verti: do att, 142 do CTN, na bulo “langamenta” no texto do Cédigo Tributério Nacional. Faltando essas leis ordinérias disciplinadoras do ato- Observe-se, a norma Je estrutura enunciada no art, 142 do Cédigo Tributério Nacional apresenta diplice fungao: uma, ‘como norma de estrutura que se refere a produgdo legislativa i outra, informando o modo de produgo do ato-norma administrativo de langamento tribatério. Assim, a norma advinda do art. 142 como regra de competéncia formal que é, consolida-se como norma de com- peténcia administrativa, mediante a qual “o ordenamento jurt- ico tributério — no escélio de José Souto Maior Borges — regula a sua prépria criagao, regulando a criagfio de normas 154 [EURICO MARCOS DINIZ DE SANTI tuais ¢ coneretas decorrentes do procedimento admi vo de langamento” 2° 7. LANCAMENTO COMO ATO-NORMA ADMINISTRATIVO Com amparo na secular teoria dos atos adi ce refugindo as armadilhas que e perspectiva diaerénica provoca ‘inte @ exposigdo temiporal dos planos semantico pragmatico da linguagem juridica, a doutrina que optow por considerar 0 langamento como norma juridica (ato-norma administrative) cencontrou base mais sélida para edificar seus alicerces. ‘Nesta traga Paulo de Barros Carvalho, coerente com as premissas fixadas ao longo de butario como ato jurfdico admini Esta corrente mostra-se insufici idade do termo * afirmia que 0 langamento é uma norn ato-norma; ora que é 0 ato conclusiv dual e concreta,™ ” (ato-fato) do respectivo procedimento de criagio do ato-norma. 278. Paulo de Barros Carvalho, Curso de direto ti ‘Antunes Catlini, A atividede adminstrativa do lancaento Extevo Horvath, Aspectastedricos p13. ‘279, Neste sentido, Alberto Xavier, Do lange valho, Curso de direto tit p19; Hayde Antunes Carlini, A’atividade admin butrio, p. 28. LANGAMENT9 TRIBUTARIOL Iss Nao incorre nesta falécia de ambigiiidade — que con- fande processo/produto —™° Souto Maior Borges, que admo- inado desses ‘rina, aponta para @ mento (a) 0 ato ou procedi procedimento pelos quis € posta uma norma individual e con- rovando o ordenamento juridico e (b) a prépria norma {da por esse ato ou procedimento, ou seja, a conseqiiéncia imputada pelo ordenamento jurfdico @ esse ato ov procedi- Destarte, o lancamento tributério, apresenta aquela lade fato/norma que caracteriza a natureza dia- ico implica um ponto de vista, a partir do qual se encara o ser em sua abordagem heterogénea.”™ 'A realidade — ensina Lourival Vilanova — “é sempre mais rica em determinagdo que 0 seu cortespondente conceito, e este s pobre que a intuigo dessa realidade. Da multiplicidade de coisas, fenémenos, propriedades, atributos, relagdes, o conceito escolhe alguns. Tem ele fungi Se 0 objeto deste estudo é 0 cas vilidas, dentre os varios conceitos que o termo , aquele de Iangamento Nesta acepgao restrita, def mento como 0 ato-norma admi mos este conceito de “lan- jivo que apresenta es- 1280, Sobre a fatéeia de embigbidade processofproduto,v. Carlos Santiago Nino, Inuroduccién al anélisis del derecho, p. 2603. 282. CF, Lourval Vilanova, Sobre o conceito do di 1283, Sobre o conceito do dreito,p. 13. 156 ‘EURICO MARCOS DINIZ DE SANTI srutura hi Jjuridico tribut iva (conseqiiéncia) que tem por termos o sujeito passivo, e por objeto a obrigacdo deste em prestar a con- ‘duta de pagar quantia determinada pelo produto matemético da base de célculo pela alfquota. E de se notar que a perspectiva tedrica de se tratar 0 fato administrativo suficiente ¢ 0 at lades contfguas, mas distintas, permite duplicar a drea de anélise do fendmeno juridico do langamento tributério. Assim, metodolo- ‘gicamente cindido: de um lado, 0 ato-fato e seus pressupostos ‘que outorgam validade a0 ato-norma; de outro, © ato norma ¢ os elementos de sua estrutura que, cristalizados na linguagem 1am a irradiagdo da comrespectiva eficécia juridica. Por outro prisma, esta cisio conceptual permite como veremos em t6pico ulterior, relevantes ilagdes quanto & vali- dade, invalidade e convalidagao do ato-norma administrativo de langamento tributtirio. 8, SINOPSE ta do direito descrever o dire positivo como ele é. Estipular uma defini¢io de langamento ¢ forgar seu uso nos diversos contexios em que surge a expressio, eqiivale a degenerar as significagdes postas pela linguagem técnica do legislador, importando, pois, a desconstituigao gra- dativa do préprio objeto-formal (item 2). nificado do termo “langamento” deve ser precisado em fungio de cada contexto (item 3). VIL8.3. O direito regula sua propria criagio, para ser valida, i.6, para pertencer ao sistema do tivo, requer sua produgio por 6rgio ou pessoa hal LANGAMENTO TRIBUTARIO 157 petente, para constituir 0 fato juridico suficiente, delineado pelo préprio ordenamento juridico (item 4). VIL8.4. Dada a natureza empfrico-dialética do direito, fat 0 fenémeno normativo do langamento tribu- ‘VIL8.5. No plano féctico, define-se procedimento com: ‘0 fato jurfdico que se configura com a ordenagao da série de atos e fatos juridicos que corroboram, de forma sucessiva ou instantanea, seqtiencial ou no, na formago do suporte féctico do fato juridico suficiente para edigdo do ato-norma adminis- trativo (item 5). 'VIL8.6. A norma que deflui do art. 142 € norma de es- trutura que informa © modo de produgao do ato-norma admi- nistrativo. Trata-se de regra que determina & administragio federal, estadual, municipal ¢ distrital, 0s modos de produgo de ato-norma administrativo de langamento vélido (item 6). ‘VIL8.7. Posto que fixamos como objeto deste estudo 0 conjunto de normas validas, interessa-nos, dentre os vérios conceitos que o termo ““angamento” comporta, aquele de Tan- gamento como ato-norma juridico administrativo (item 7). ributério € 0 ato-norma admi que apresenta es 1a A ocorréncia do fato jurfdico tributério (hipétese) uma relagdo juridica intranormativa (conseqiiéncia) que tem por termos 0 sujeito ativo e 0 suj ito passivo, e por objeto a obriga- gio deste em prestar a conauta de pagar quantia determinada Jo produto matemético da base de célculo pela aliquota item 7). CAPITULO VIII PRESSUPOSTOS DO ATO-FATO E ELEMENTOS DO ATO-NORMA DE LANCAMENTO. Pressupostos do ato-ato de langamento © agente competente para constituigio do 2, Procedimento - 1.3. A notificagio, espécie 30 ftojuridico adminis Tangamento - 2.2. O sujeito ativo € 0 sueito pasivo no ‘to-norma - 2.3, O functor relacional e a condla presrita 1. PRESSUPOSTOS DO ATO-FATO DE LANGAMENTO TRIBUTARIO Para o ato-norma admini em geral, os pressu- postos sio os atos ¢ fatos que constituem 0 fato juridico sufi- ciente para produgio da norma administrativa individual e con- creta (ato-norma admninistrativo). 160 EURICO MARCOS DINIZ DE SANTI gio deste fato ju Sio pressupostos de con: ‘a competéncia do strativo suficiente (ato-fato}: i) 0 procedimento, 4.1. 0 AGENTE COMPETENTE PARA CONSTITUICAO DO ATO-FATO ‘Toda norma jurfdica nase de um fato jurfdico, mais particularmente, todo ato-norma nasce de um fato jurfi sufi te. Para conformagio deste, em direito piblico, ex sujeito competente no exercfcio de atribuiglo de érgio, agindo ‘em nome de ente com personalidade juridica. ‘Agente competente € 0 sujeito competente para produ ir o ato, em nome de pessoa juridica de direito piblico, no 10 das atribuigSes do Srgio a que se vincul E, portanto, aquele agente piblico (fiscal, auditor etc) que constatando o fato juridico tributério (motivo do ato-fato) ge vé na contingéncia legal de, mediante o procedimento pre- Visto em lei, constituir 0 suporte fisico do ato de langamento (0 Yocumento de Iangamento), conferindo suporte existencial & Jinguagem preseritiva do ato-norma, para que aesim ingresse no ordenamento juridico. 1.2, PROCEDIMENTO © procedimento é fato juridico™* que se configura pelo agir do agente pablico competente. E 0 préprio ordena- Frento jurfdico por meio das regras de competéncia (estrutura), _ 284, Cf. Capitulo 5, item 8. 1285. V.sinopses VIL8.5 e V.14.13, % LANGAMENTO TRIBUTARIO 1 como ado art. 142 do CTN, que determina a forma legal deste agir para a consecuglo de introduzir uma norma juridiea no im, se dé: (j) a verificago do fato juridico tributa- slo do montante do tributo devido, (iii) a identifi- cagdo dos termos da relagao juridica intranormativa tribut izagiio do ato-norma (sua formalizago). . Fatos que produ Direito pablico é o conjunto de normas que apresentam tum regime jurfdico proprio (v. Capftulo 5, item 4.1), dirigido a disciplinar o fenémeno estatal ¢ a constituir a propria pessoa juridica do Estado, “Hé Estado se uma coletividade estabiliza~ se espacialmente e se prové de individuo-6rgio para o exercicio do poder”. No Estado 0 exercicio do poder se i mediante 0 direito. Como ensina Lourival Vilanova 6 instrumento do Estado para realizar seus fins”.”” A este poder cstadual juridicizado, dirigido & realizago de uma finalidade de interesse coletivo enquanto objeto de um dever jurfdico, Renato Alessi™ chama fungao es ta fungao es atos € fatos sucessivos que se desdobra: 1 na realidade espacial, Neste sentido, podemos representar procedimento na metafé- rica assertiva de Fel da através a qual passa o poder para concretizar-se num ato’ Procedimento, nesta acepcA0 portanto, € a solenidade ee 286. Lourval Vilanova, Relay 287. Fundementos do extado de direto, RDP 74, p. 24, 288, Princip 9.3 289. Apud, Alberto Xavier, Do procedimento administrative, . 27 1 RDP 74,p.47 162 EURICO MARCOS DINIZ DE SANTI 4.3. A NOTIFICACAO, ESPECIE DE PUBLICIDADE, COMO FATO JURIDICO ADMINISTRATIVO E PRESSUPOSTO ESSENCIAL PARA COMPOSIGAO DO ATO-FATO Faz parte do suporte féetico, para configuragao do fato juridico suficiente, a formalizagao ‘especifica ma- heira pela qual 0 ato deve ser extemado”."® A publicidade 0 desta exteriorizagao." A norma sé pode ser 1 voltada a regular condutas intersubjetivas. O pensado-ou guardsdo numa gaveta, som se dar o minimo de condligdes para 0 conhecimento do Gestinatério, é um sem sentido juridico.” Per isso, considera: ‘dade e sua espécie a notificagio como inerente & \demos que @ notificagdo niio constitui novo ato- /0, como sustenta Paulo de Barros Carvalho que a coloea no plano da efici intercmbio procedimental que dé eficéci tivo de langamento tributdrio. Premissa esta, que sustenta a ‘onclustio do Autor no sentido de que o “Iangamento pode ser vilido, porém ineficaz, em virtude da notificagao ine nla’ ‘Toda norma juridica pressupée a publicidade como condigdo de validade.™ Sem a publicagio, o projeto de lei nfo 290, Celso Antonio Bandeira de Mello, 1291.Cf, van Carlos Cassagne, El Acto Adm 292. Cf, Celso Antonio Bandeira de Mello, Ato admi adminisirados, . 48. 1293. Paulo de Barros Carvalho, 1294. "A necessidade de que cle afeta em seus diritos subj ia da publicidade como uma goranta jridica tivo e direitos dos p.270. Wo seja dado a conkecer a quem Tegitimos, fez nascer 2 exigén- peta a protegao dos admit cm LANGAMENTO TRIBUTARIO 163 6 vélido; sem publicidade, a sentenga é invalidvel; sem notifi- cagio — entendida como forma minima de pul tabém néo hi de se falar em validade do ato-norma adminis v0. Por outro lado, 0 cotejo da notificagio de langamento ‘com a intimagao da sentenga judi ida, enquanto, condi- io da eficécia desta, como argumento favordvel 3 tese da noti- Ficagiio como condigdo da eficécia do ato,** padece do vicio identificado como falécia de falsa analogia. Explicamos. ‘corre que a intimagio da sentenga nao eqlivale & publicidade da sentenga. A pot " icidade da sentenca ocorre “quando o juiz. a entrega em cartério (RT 605/104) ou quando é junta aos autos (RITESP 94/254)". No mesmo sentido, Thereza Arruda ‘Alvim Pinto entende que a sentenga no publicada € ine- 2 Portanto, também a sentenga apresenta forma pré- to de sua v Impende evidenciar que a divergéncia situa-se no corte metodolégico de cada modelo tedrico eleito pelos autores que fram o tema. Assim, a doutrina que considera a pul como condigo da eficécia traz latente a concepeao ponteana Gos planos da existéncia, validade e eficdcia do ato jurfdico.™ JIncompativel com a que procuramos ‘Teertera e sepuranga das relagbes juridicas". Quan Carlos Cassagne, Derecho ‘adr tomo I, p. 143). CC. Paulo de Barros Carvalho, . v. Maro Pugl 296, Theoibaio Negro, Cédigo de processo vigor, at 463, nota 2, p. 238 207. Nulidades da sentenga, p. 269. ‘298. Nesta corrente — adotando a publicapo como condigio da efieécia da orm jriiea — com vais erinoliies quanta 0 plano da exist (perfeigao, pertinés © outros, v, Oswaldo Aranha Bandeira de Mel wso de direto tributéro, p- 270, Neste iuciones de derecho financiero, p.199. eg sao procestual em Principios gerais de dieito adm 264; Manoel Gonsalves Ferreira tho Do processo legislative, p-214. Marcelo Caetano, Manual de direto ‘administrativo, tra | p. 465, 164 [EURICO MARCOS DINIZ DE SANTI neste trabalho, a qual se centra no plano normativo as proposigdes normativas tio-somente os valores Jo. 'A auséncia de notificagao regular nfo torna o ato me- ramente ineficaz, mas sim invalidavel,”” porque certo que © ato-norma, ainda que apresente vi continua no sistema como norma valida a irradiar eficéeia ju dica, até que outra norma, uma sentenca, acérdo ou mesmo outro ato-norma administrativo, retire sua validade. A notifica- ¢4o é um dos pressupostos de trative de langamento. pressuposto necessério, mas no sufi- langamento, atacando a auséncia de notificasao, suporte féctico do fato juridico suficiente gerador deste ato- norma. Esta tese € confirmada pelo direit em que verificamos que a notificagio é condi dade (art, 145 e art. 147, I, do CTN) € da ex) buto (art, 160 do CTN). Voltaremos a abordar essa questo quando nos propusermos a identificar 0s atos administrativos (normas) veiculados pelo suporte fisico do “auto de infrago e Tangamento”, 1.4, 0 FATO JURIDICO TRIBUTARIO, MOTIVO DO ATO, COMO PRESSUPOSTO FACTICO DO ATO-FATO Motivo do ato € 0 pressuposto fictico necessirio do procedimento (v. Capitulo V, item 8.5) tendente a formar 0 ea firma Zelmo Denari que a auséncia de noifcags0 regular fade do procedimiento de lancamento, por vico essencial de elabora- . 182) LANGAMENTO TRIBUTARIO. ~ 165 suporte fictico do fato juridico suficiente do ato-nonma admi- 1a de langamento tributério, o motivo do ato € 0 fato juridico tributério, i, “a ocorréncia da vida real” que satisfaz “a todos os critérios identificadores tipificados na hi- potese” tributdria, Quando o art. 142 dispde em seu pardgiafo tnico que a ividade de Iangamento é vinculada e obrigatéria”, prescteve como devem ser arranjados os pressupostos do suporte factico do ato-norma de langamento. _ Nos atos administrativos vinculados existe prévia e ob- j ificagio legal do Gnico comportamento possfvel da administragdo em face de dado fato juridico.™ Assim, diz ocorréncia do fato juridico tributério, tipificado na tributéria da regra-matriz, aria, fica a admi- nistrago legalmente constrangida a editar, de forma objetiva sem qualquer grau de subjetividade por parte do agente com- petente, 0 ato-niorma admin’ strativo de langamento tributério. 2. ELEMENTOS DO ATO-NORMA DE LANCAMENTO TRIBUTARIO Conforme fixamos (Capitulo V, Item 7), elementos do ato-norma sio as varidveis que, preenchendo sua estrutura 16- gica, conferem-Ihe validade. D[h->R (Sa, Sp)} 300, Paulo de Barros Carvalho, Curso de dir 301. Cf. Celso Antonio Bandeira de Mello, Curso de direito adminisratvo, '.203. Be forma andiogs, , Paulo de Barros Carvalho, Curso de diretowibutd- rio, p. 263, 166 EURICO MARCOS DINIZ DE SANTI Identificamos na estrutura do ato administrativo (supra) os sincategoremas “D” ¢ “-»", constantes I6gicas inesentes & norma ¢ os categoremas, variéveis io do motivo do a (c) sujeito passivo ri ripartite nos modos pr. obrigatério que modaliza a (e) conduta-objeto da relagao juri- dica intranormativa 2.1. A MOTIVAGAO DO ATO-NORMA DE LANGAMENTO 'A motivagio, descrigao do fato juridico tribut cocupa o topos da hipétese na estrutura do ato-norma adminis- trativo de langamento tributério. Dada a operacio de circulagio de mercadoria “x” ocorrida no ip6tese), entio deve ser a obrigagio de pagar a quantia “2” (conseqiéncia). Se as normas jurfdicas gerais e abstratas apresentam-se com a esirutura ldgica implicacional, € porque essa forma 16- gica viabiliza a fungio instrumental do direito em regular con- ‘omo ensina Bobbio, a norma € geral porque destina~ se A universalidade de uma classe de pessoas; € € abstrata, por- gue disciplina uma classe de fatos que se subsumem & hipétese normativa, ou seja, cefere-se a um fato abstrato, inespecificado, hipotético que se contrapde a0 fato conereto, ocorrido. direito associando mediante 0 conectivo condicional + hipéteses gerais e abstratas a relagées juridicas, também Carlo Moret: “a motivagio do accertamento ovira coisa nfo pode ‘exposigSo dos fatos histGricos dos quai resulta a situagéo base do La motivazione nell'accertamento tribuiario,p. 11,13 € 172. 303. Teoria della norma giuridica, p. 223-4 binant a an OR LANGAMENTO TRIBUTARIO 167 ‘gerais e abstratas, controla e instiga comportamentos de acordo ‘com os valores do grupo politico que detém o controle das for- ‘mas de produgio jurfdica em dada sociedade. Causa estranheza, & primeira vista, a verificagio de que as normas individuais e concretas ndo se ocuparem como as normas gerais e abstratas na estimulagao de condutas futuras. Ora, como as hipSteses dessas normas so concretas, i, deno- tam um fato acontecido no espago € no tempo passado, nio podem motivar qualquer conduta; é a mesma tese que impugna fas normas abstratas com efeito retroativo: ndo se pode motivar condutas que jd ocorreram. Deflui dessa ilago que o papel das normas individuais e concretas ndo é instar condutas hipotéticas e futuras; voltam- se sim para o passado, visando controlar a produgo norm para garantir a adequago dos mandamentos prescritos por estas normas individuais e concretas as normas gerais e abstratas que dispdem sobre sua edigo. E pertinente, neste t6pico, recordar o simile mecanismo_ fe causalicade natural. Estas revelam-se pelo recurso & . Nossas experiéncias sfo sempre “circunstincias, do efeito (conseqiiente), apenas no sentide da condigo neces- siria2® Qu seja, dos efeitos particulares chega-se as causas indo assim, pelo método da generalizagao oposigdes gerais ou universais. preocupagdo volta-se & imputabilidade da conseqiiéncia juridica a partir da descrigao de fatos hipotéticos ¢ futuros; na norma individual e concreta a situagao se inverte: dada aquela relagio 308 Irving Copi, a Logica, p. 333. 305. Sobre “condigio necesséria” e “eone¢o sufciente” na relagéo implicacio- ‘al, v, Echave, Urquijo e Guibourg, Légica, proposicién y norma, p. 61. 168 EURICO MARCOS DINIZ DE SANTI juridica individual e concreta prescrita pela autoridade, importa saber qual € 0 fate jurfdico concreto (ocortido), i.é, 0 antece- dente normative concreto, indicador do motivo do ato, que jus- ica aquela prescri Nas normas individeais e concretas & primordi acesso & motivagio (antecedente) do ato-norma para, subse- qlentemente, chegar-se ao fundamento legal dos mandamentos concretos (consegtiente): foi a forma que o sistema jurfdico ser qualificado proprietério lesse ano. E informando-se a “obriga- do imével a0 contribuinte “A” o fundam 80” que se confere a possi do ato-norma, concretizada ex gilfstica que envolve 0 ato-norma, na formalizacio do at toma-se — apés a realizagio de todos os pressupostos que jente para produgao do ato- Sree eee 169 2.2. O SUJEITO ATIVO E O SUJEITO PASSIVO NO ATO-NORMA Na estrutura de qualquer norma juridica, verifica-se um antecedente ¢ um conseqiiente. Este é sempre uma relagao. Particularmente, no caso do ato-norma administrativo, uma relagdo juridica que convencionamos denominar (Capitulo IV, item 6) relagdo jurfdica intranormativa. individual e concreta™® a re- As lagdo juridica intranormat norma de langamento tri- a” 170 FURICO MARCOS DINIZ DE SANTI , individuados;"" nao importa: na relago intranormativa, cada plo € representado tdo-s6 por um termo. O pélo ativo da relagao jurfdica intranormativa tributé- tia — de regra — é singular. Nada impede, no entanto, que a lei determine que seja plural. Desde que satisfeitas &s condigdes da lei, poder figurar a pessoa politica detentora da competéncia impositiva, ladeada de, por exemplo, uma autarquia a qual Te- cebeu capacidade jurfdica para esse fim. Ambas, assim, con- comitantemente titulares do direito subjetivo de exigir a res- pectiva prestagao. A sujeigio passiva independe da capacidade civil ou da formal constituigio do sujeito passivo no direito comercial. Para 0 polo passivo, conforme prescreve 0 Cédigo Tributério Nacional em seu art. 126, requer-se aperias a_personalidade juridica para ocupar 0 topos de sujeito passivo. E desta disposi- ‘ao do Cédigo Tributério Nacional que decorre a necessidade da técnica da responsabilidade tributéria como sistematizada pela Lei 5.172/66, para consecugio das medidas judiciais con- feridas ao fisco. 2.3, 0 FUNCTOR RELACIONAL E A CONDUTA PRESCRITA NO ATO-NORMA Functores sfio fungdes que modalizam o dever ser que, incide sobre as condutas intersubjetivas, vinculando relagdes entre termos-sujeitos. Daf 0 nome functor relacional.. ‘verso deéntico 0 functor intraproposicional manifesta-se de trés modos: proibido (V), permitido (P) e obrigatério (O), sempre modalizando um dever ser que regula ura conduta “p”, Assim, 311, Idem, ibidem, p. 121. 312. CF. Georges Kalinowski, Introduceién a la ligicajurdica,p. 12-20 seis at LANCAMENTO TRIBUTARIO 171 ifica € proibida a conduta “p"; Pp, € permitida a con- “p"; e Op, € obrigatéria a conduta “p' No direito tributério, na relagdo intranormativa do ato- norma de langamento tributério, interessa-nos tdo-somente 0 modal obrigatorio, pois € este que modaliza a relagao jurfdica tributéria, prescrevendo as correspectivas condutas: (i) de prestar 0 pagamento do tributo (relagdo jurfdica tributiria); Gi) da penalidade pelo ndo-pagamento do débito fiscal (relago juridica da multa pelo nao-pagamento); (ili) da sang#o pela ‘mora (relagio juridica de mora); (iv) do fazer ou omitir relativo ‘aos deveres instrumentais (relago jurfdica instrumental); (v) da penalidade pecuniéria que decorre dando observancia destes Geveres instrumentais (relagio jurfdica sancionadora ins- (vi) daquela denominada pelo CIN como obrigagdo tributéria principal, que consiste na soma relacional dessas relagdes juridicas, cujo objeto da conduta seja pa- (RII, RIMNP, RIMe RISD). Colocamés em primeiro plano, como objeto de nossas atengées a relagao juridica tributéria (v. Capitulo VF, item 3.1). Nesta, o functor obrigat6rio modaliza a prescrigao da conduta de pagar a quantia, determinada pelo produto matemético da base de célculo pela alfquota correspondente, a0 sujeito ativo. Fsse quantum eguivale, pois, & perspectiva dimensivel do fato jjuridico tributério, motivo do ato, descrito no antecedente do ‘ato-norma. Em resumo, 0 functor relacional do ato-norma de lan- gamento é 0 “obrigatério". E a conduta prescrita na relagao Juridica intranormativa tributéria € a proposigdo que prescreve ‘0 comportamento obrigat6rio do sujeito passivo pagar quantia Iquida ¢ certa ao sujeito ativo. trumental) trimoni a 313. V, Capitulo VI. tens 3.1,32,33. 63.4 m EURICO MARCOS DINZ. DE SANTI 3. VINCULAGAO E OBRIGATORIEDADEDO EXERCICIO DA COMPETENCIA TENDENTE A COMPOSIGAO DO ATO-FATO Prescreve 0 pardgrafo nico do art. 142 do Cédigo Tri- butério Nacional que “A atividade administrativa de langa- mento é vinculada e obrigatéria, sob pena de responsabilidade funciom I". . F de se verificar do exposto até aqui que nao € 0 ato- norma que recebe 0 qualificativo de vinculado, discricionério ‘ou obrigatério: € a atividade que 0 precede, consubstanciada no suporte féctico do fato juridico suficiente para edi¢ao do ato- Por conseguinte, este dispositivo refere-se aos atos- fatos administrativos — praticados pelo designado agente pii- blico competente — constituintes do suporte féctico do fato gerador do ato-norma, Importa asseverar, ainda, com relagio & obrigatoriedade do ato, a redundancia deste predicativo associado ao vocabulo “‘yineulado”. Ora, se a atividade é vinculada, ante a ocorréncia do fato juridico tributério (motivo do ato), fica proibida a omis- sio da autoridade (V-p). Pela interdefinibilidade™ dos modai dednticos (V-p) = (Op), a proibi¢ao de omitir equivale & obri- ‘gagdo de fazer, portanto, a vinculagao de dada conduta pressu- poe sua obrigatoriedade. ‘Ato vinculado, categoria que se opde aque! dos atos discricionérios — no escélio de Celso: Antonio Bandeira de Mello — é aquele “em que, por existir prévia ¢ objetiva tipifi- cago legal do tnico possfvel comportamento da Administragio ‘em face de situago igualmente prevista em termos de objetivi- dade absoluta, a administragao 20 expedi-los ndo interfere com ee 314. Cf, Lourival . 102, Echave, Us lanova, As estruturasUdgicas eo sistema do direito postivo, "e Guibourg, Lépica, propasicién e norma, p. 123. ne tt ahaa eerie MARTE LANGAMENTO TRIBUTARIO 3 apreciago subjetiva alguma”2* E portanto, 0 ato-fato da ‘Administragio Pablica em que a lei no permite qualquer margem de liberdade para decidir ou agir diante de um caso conereto. ‘© “caso concreto” ou “situagao objetiva” é a ocorréneia do motivo do ato; 0 qual se afigura relevante para determinar a vineulagdo da atividade do agente piblico-encarregado da edigo do ato-norma de langamento. Assim, dado o fato jurf- dico tributario, entéo, devem ser realizados os atos-fatos neces- sérios para composigéo do suporte factico do fato juridico su ciente, para emissio do ato-norma administrativo de langa- mento. ‘A necessidade da motivagéo € imperiosa. Como vimos (Capitulo Y, item 9), a motivago ocupa 0 topos de hipétese na estrutura da norma individ: al € concreta do ato-norma admi- nistrativo. Ea enunciagio co motivo do ato, que, como ensina Paulo de Barros Carvalho, “no campo das competéncia vincu- ladas deverd vir sempre expressa, para propiciar 0 cotejo de sua identidade com o tipo legal. (..) corresponde a dizer, a alusio objetiva do fato juridico tributério, reportando-se as coordena- das de espago e de tempo que 0 condicionaram no mundo fi- sico”" Daf, como ressaltamos (Capitulo V, item 9), a plena aplicabilidade nesta matéria daquilo que denominamos “Teoria ‘da motivago determinante” e a superna utilidade desta aborda- gem metodolégica que permite sondar 0 ato-norma em sua es~ p.203.N 1B. 268-4. nesmo sentido Paulo de Barros p79. 317. 0 Motive — segundo José Amur Lima Gongaives — é resultante da tradu- ‘Je evento que se encontca no mundo emplrico (Ectico) © que coincide com a ‘sbstatamente previta (..). Imposto sobre a rendas pressie 174 -EURICO MARCOS DINIZ DE SANTI trotura, de maneira a possibilitar a objetiva verificagio deste elemento essencial no arcabouco do ato-norma administrative. 4, SINOPSE VIIL4.1. Presstipostos do ato-norma administrativo de langamento. so 0s fatos juridicos que integram 0 suporte féetico do fato jur nite, para a produgio do ato- norma de langamento do agente © i) 0 procedimento, (ii) 0 motivo do ato e (iv) a publicidade (item 1). ‘VIEL4.2. Agente competente € 0 sujeito legalmente ha- ado para produzir o ato-norma no exercicio das atribuicoes do érgio ou da pessoa juridica de direito pablico ao qual se filia (item 1.1). ‘ViIL.4.3, Procedimento € 0 fato jurfdico que consiste na solenidade prevista juridicamente para o agente competente constituir 0 suporte Fictico do fato juridico suficiente do ato- norma de langamento tributério (item 1.2). ‘VIIL.4.4. Toda norma juridica pressupée a publicidade como condigdo de validade. Sem publicagdo, comunicagdo ou notificagdo — entendidas como formas minimas de publicidade ono ha de se falar em validade do ato-norma administrative de langamento tributério (item 1.3). ‘VIIL.4.5. No ato-norma de langamento tributério, 0 mo- tivo do ato é 6 fato juridico tributério, i.¢, a ocorréncia da vida real que satisfaz a todos 0s critérios identificadores tipificados nna hipétese tributadria (item 1.4). VIIL4.6, Blementos do ato-norma sio as varidveis que, preenchendo sua esirutura légica, Ihe conferem validade, Sao Eles: (a) descrigio do motivo do ato “h” (motivagio), (b) sujeito ativo “Sa”, (c) sujeito passivo “Sp” e (d) a varidvel de functor tripartite nos modos proibido, permitido e obrigat6rio, que LANCAMENTO TRIBUTARIO 1s modaliza (e) a preserig&o da conduta-objeto da relagio juridica intranormativa (item 2). VIIL4.7. Motivagao & a descrigdo do fato jurfdico tri- butdrio, que ocupa 0 fopas da hipétese na estrutura do ato- norma administrativo de langamento tributario. (item 2.1). VINL4.8. Assimétr lual e concreta, a relagdo jurfdica intranormativa do ato-norma de langamento tributério apresenta em sua férmula proposicional R(Sa, Sp), os termos (Sa) sujeito ativo € (Sp) sujeito passivo que tém “corre~ Jatamente direito subjetivo e dever juridico” & prestagdo tributé- tia (item 2.2). ‘VIIL4.9. O functor relacional do ato-norma de langa- mento é 0 “obrigatério”. E a conduta prescrita na relagdo juri- dica intranormativa tributéria € a proposigao relacional que prescreve ao sujeito passivo 0 comportamento de pagar quantia liquida e determinada ao sujeito ativo (item 2.3) VIIL4.10. A motivagio é essencial na composigao do ato-norma administrativo, pois ocupa o topos de hipétese na estrutura da norma individual e concreta do ato-norma ad nistrativo. E a enunciagdo do motivo do ato. Principalmente, no campo das comperéncias vinculadas devers vir sempre expressa para propiciar seu cotejo com 0 tipo legal (item 3). H fl t

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