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6 Anamnese Fabia Maria Ova Pina Rita Fancs Gonzo yRocigus Branco e Gino (leno Pato > Aspectos gerais Anamnese (and = trazer de novo; mnesis = meméria) sig- nificatrazer de volta a mente todos os fatos relacionados com, a doenga e o paciente. ‘De inicio, deve-se ressaltar que a anamnese é a parte mais importante da medicine: primeiro, porque €0 nicleo em torn do qual se desenvolve a relagio médico-paciente, que, por sua ver, é 0 principal pilar do trabalho do médico; segundo, porque é cada vez mais evidente que o progresso tecnolégico, somente é bem utilizado se o lado humano da medicina é pre- servado. Conclui-se, portanto, que cabe a anamnese uma posi- «fo impar, insubstituivel, na prética médica. ‘A anamnese, se benfeita, acompanha-se de decisbes diag- nosticas e terapéuticas corretas; se malfeita, em contrapartida, desencadeia uma série de consequéncias negativas, as quais ‘nao podem ser compensadas com a realizacto de exames complementares, por mais sofsticados que sejam. ‘A tlusdo de que o progresso tecnoldgico eliminaria a entre- vista e transformaria a medicina em uma ciéncia “quase” exata alu por (ei. Jése pode afnmar que ua das principals vau- sas da perda de qualidade do trabalho médico € justamente a redugio do tempo dedicado & anamnese. Até 0 aproveita- ‘mento racional das avangadas técnicas depende cada vez mais da entrevista, A realizacio de muitos exames complementares nao resolve o problema; pelo contrério, agrava-o a0 aumentar ‘0s custos, sem crescimento paralelo da efciencia. Escolher o(s) exame(s) adequado(s), entre tantos dispontveis, €fruto de um raciocinio critico apoiado quase inteiramente na anamnese. ‘© Quadro 6.1 resume 0s objetivos e as possibilidades prin- cipais da anamnese. ‘Emesséncia, aanamnese & uma entrevista, eo instrumento de que nos valemas éa palavra falada. F Abvin que, em situa. ++ Estabelecer condigées para uma adequadarelacso médico-paciente “ah pr eet er i tpt aatnan pe me + Fazer histéria dinic,registrando, detalhada e cronologicamente, o probleme atual nto ~ ene ee deci et np “fee tien "helena ep pre pte oben tes reser ot et ++ Conhecer 0s habitos de vida do paciente, bem como suas condigGes socioeconémicas. cc 66es especiais (pacientes surdos ou pacientes com dificuldades, de sonorizacio), dados da anamnese podem ser obtidas por meio da Linguagem Brasileira de Sinais (Libras), da palavra escrita ow mediante tradutor (acompanhante e/ou cuidador que compreenda a comunicagao do paciente). Em termos simples, poder-se-ia pensar que “fazer anam- nese” & simplesmente “conversar com paciente’; contudo, entre uma coisa e outra hd uma distancia enorme, basicamente porque o didlogo entre o médico e o paciente tem objetivo e finalidade preestabelecidos, ou seja, a reconstituigdo dos fatos, € dos acontecimentos direta ou indiretamente relacionados, com uma situagdo anormal da vida do paciente. A anamnese € um instrumento para a triagem de sintomas anormais, pro- blemas de satide e preocupagles, e registra as maneiras como a pessoa responde aessas situagdes, abrindo espaco para a pro- mogio da saide. ‘Aaanamnese pode ser conduzida das seguintes maneiras: = © médico deve deixar que o paciente relate livre e espon- ‘taneamente suas queixas sem nenhuma interferénci, limi tando-se a ouvi-lo, Essa técnica é recomendada e seguida [por muitos clinicos. O psicanalista apoia-se integralmente nla e chega ao ponto de se colocar em uma posicéo na qual nndo possa ser visto pelo paciente, para que sua presenca nio exerca nenhuma influéncia inibidora ou coercitiva + De outro modo, que pode denominar-se anamnese diri- giida, o médico, tendo em mente um esquema basico, con- duz a entrevista mais objetivamente. O uso dessa técnica exige rigor técnico e cuidado na sua execucio, de modo a no se deixar levar por ideias preconcebidas * Outra maneira seria o médico deixar, inicialmente, 0 Paciente relatar de maneira esponténea suas queixas, para depois conduzir a entrevista de modo mais objetivo. Qualquer que seja a técnica empregada, os dados coletados ever ser elaboradoe. aso tignifica que uma boa anamneceé 0 que se retém do relato feito pelo paciente depois deter passado por uma anilise critica, om 0 intuito de estabelecer o signifi. cado exato das expressies usadias ea coeréncia das correlagdes, estabelecidas. Ha de se ter cuidado com as interpretagdes que 0s pacientes fazem de seus sintomas e dos tratamentos. A histéria clinica, portanto, nao é o simples registro de uma conversa. £ mais do que isso: ¢o resultado de uma conversa- Gio com objetivo explicito, conduzida pelo examinador e cujo contetido foi elaborado criticamente por ele. As primeiras tentativas sio trabalhosas, longase cansativas, € 0 resultado néo passa de uma histéria complicada, incom- pleta eeivada de descricdes initeis, ao mesmo tempo em que deixa de ter informagdes essenciais. Por isso, pode-se afirmar que a anamnese € a parte mais dificil do método clinico, mas ¢ também a mais importante. Seu aprendizado é lento, s6 conseguido depois de se reali- zarem dezenas de entrevistas. Mito mais facil € aprender a manusear aparelhos, jé que eles obedecem a esquemas rigidos, enquanto as pessoas apre- sentam individualidade, caracteristica humana que exige do médico flexibilidade na conduta e capacidade de adaptacao. Para que se faga uma entrevista de boa qualidade, antes de tudo 0 médico deve estar interessado no que o paciente tem a dizer. Ao mesmo tempo, é necessério demonstrar compreen- slo e desejo de ser util 4quela pessoa, com a qual assume um, isso técito que nao tem similar em nenhuma outra relagdo inter-hurmama ergunta-se frequentemente quanto tempo deve-se dedicar a auauinese. Nav se pode, € Gbviv, estabeleter limites skgidos, 6 | Anamnese s estudantes que estio fazendo sua iniciagio clinica gastam horas para entrevistar tim paciente, pois so obrigadas a seguir roteiros longos, preestabelecidos; & necessério que seja assim, pois, nessa fase, precisam percorrer todo 0 caminho para conhecé-lo. ‘Nas doengas agudas ou de inicio recente, em geral apre- sentando poucos sintomas, é perfeitamente possivel conseguir uma hist6ria clinica de boa qualidade em 10 min, ao passo que nas doengas de longa duracio, com sintomatologia variada, no se gastario menos do que 30 a 60 min na anamnese. Em qualquer situacdo, aproveita-se, também, 0 momento ‘em que esté sendo executado 0 exame fisico para novas inda- ‘gagoes, muitas delas despertadas pela observacio do paciente. 'A pressa € 0 defeito de técnica mais grosseiro que se pode cometer durante a obtencao da historia; tao grosseiro como se uisesse obter em 2 min uma reagdo bioquimica que exige 2 para se completar. © espirito preconcebido ¢ outro erro técnico a ser evitado continuamente, porque pode ser uma tendéncia natural do exa- ‘minador. Muitas vezes essa preconcepsio & inconsciente, ori- ‘ginada de um especial interesse por determinada enfermidade, A falta de conhecimento sobre 0s sintomas da doenca limita de maneira extraordindria a possibilidade de se obter uma investigacio anamnésica completa. Quando néo se conhece um fendmeno, néo se sabe que meios e modos serio, ‘ais tteis para que seja detectado e entendido; por isso, cos- ‘uma-se dizer que anamneses perfeitas s6 podem ser obtidas por médicos experientes. No entanto, historias clinicas de boa ‘qualidade sio vonseguidas pelos estudantes apis treinamento supervisionado, nao muito longo. ‘A anamnese ainda é na meioria dos pacicntes, o fator iso- lado mais importante para se chegar a um diagnéstico, mas 0 valor prético da hictéria clinica ndo ve restringe & elaboragio do diagnéstico, que seré sempre uma meta fundamental do ‘miédico. A terapbutica sintomatica eé pode cer planejada com acerto e proveito se for fandamentada no conhecimento deta- Ihado dos sintomas relatados. Cada individuo personaliza de ‘maneira propria seus padecimentos. Todo paciente apresenta particularidades que escapam a qualquer esquematizacéo rigida. Idiossincrasias ou intolerncias que a anamnese traz & tona podem ser decisivas na escolha de um recurso terapéu- tico, Assim, o antibiograma poderd indicar que determinada substincia € mais ativa contra determinado germe, porém, se © paciente relatarintolerdncia Aquele antibidtico, sua eficécia Semiotécnica da anamnese ‘A anamnese se inicia com perguntas do tipo: “O que o(@) senhor(a) esté sentindo?, “Qual é0 seu problema?”. Isso parece ficil, mas, tio logo o estudante comega seu aprendizado clinico, ele percebe que ndo ¢ bem assim. Nao basta pedir ao paciente que relate sua histéria ¢ anoté-la. ‘Mauttos pacientes tem dificuldade para falar e precisam de incentivo; outros -e isto é mais frequente - tém mais interesse em narrar as circunstancias € 05 acontectmentos paralelos do que relatar seus padecimentos. Alids, 0 paciente nao é obri- gado a saber como deve relatar suas queixas. O médico é que precisa saber como obté-las. (© médico tem de estar imbuido da vontade de ajudar 0 paciente a relatar seus padecimentos. Para conseguir tal intento, Bates (2010) sugere que o examinador utilize uma ou mais das, seguintes técnicas: apoio, facilitacéo, reflexdo, esclarecimento, confrontagéo, interpretagio, respostas empiticase siléncio. Afirmagoes de apoio despertam seguranca no paciente. Dizer, por exemplo, “Eu compreendy” ei monento de david pode encorajé-lo a prosseguir no relato de alguma situacio dial. (© médico consegue facilitar 0 relato do paciente por meio e-sua posta, de ages on palavras que 0 encarsjem, mesma sem especificar 0 t6pico ou o problema que o incomoda. O gesto de balangar a cabega levemente, por exemplo, pode sig- nificar para o paciente que ele esté sendo compreendido. A reilexio € muito semelhante & faciitacio e consiste basi- camente na repetigio das palavras que o médico considerar as ‘mais significativas durante o relato do paciente. (0 esclarecimento é diferente da reflexio porque, nesse ‘aso, 0 médico procura definir de maneira mais clara o que o paciente esté relatando, Por exemplo, se 0 paciente se refere a tontura, o médico, por saber que esse termo tem varios sig- nificados, procura esclarecer a qual deles o paciente se refere (vertigens? Sensacio desagradavel na cabe¢a?). ‘Aconfronta¢ao consiste em mostrar ao paciente algo acerca de suas préprias palavras ou comportamento. Por exemplo, 0 paciente mostra-se tenso, ansioso e com medo, mas diz. a0 médico que “esté tudo bem’. Al, 0 médico pode confronté-lo, da seguinte maneira: "Voc# diz que esta tudo bem, mas por que esté com ligrimas nos olhos?” Essa afirmativa pode modi- ficar inteiramente o relato do paciente. ‘Na interpretagio, 0 médico faz. uma observacio a partir do que vai notando no relato ou no comportamento do paciente. Por exemplo: “Vocé parece preocupado com os laudos das radiografas que me trouxe” ‘A resposta empatica ¢ a intervengio do médico mostrando “empati’, ou seja, compreensdo e acetayio sobre algo relatado ‘paciente. A resposta empética pode ser por palavras, getos ‘uw atitudes: volocar a mio sobre o biago do paviente,oferecer un, lengo se eleestver chorando ou apenas dizer ele que compreende cu sofrimento No entanto,Enccessério cuidado com ease tipo de procedimenta. A palavra ou gesto do médico pode desencadear ‘uma reagio inesperada ou até contréria por parte do paciente ‘A resposta do paciente quase sempre nos coloca diante de lum eintomas portanto, antes de tudo, é precizo que se tenha entendido claramente o que ele quis expressar. A informacao é fornecida na linguagem comum, cabendo 20 médico encon- ‘rar o termo cientifico correspondente, elaborando mental- ‘mente um esquema bsico que permita uma correta indaga- «io de cada sintoma. ‘Ha momentos na entrevista em que o examinador deve per- ‘manecer calado, mesmo correndo orisco de parecer que perdeu © controle da conversa. O siléncio pode ser o mais adequado quando o peciente se emociona ou chora. Saber o tempo de duragdo do siléncio faz parte da técnica e da arte de entrevista. = Elementos componentes da anamnese A anammese € classicamente desdobrada nas seguintes par- tes: identficacao, queixa principal, historia de doenca atual (HDA), interrogatério sintomatol6gico (IS), antecedentes pes- soais e familiares, habitos de vida, condigdes socioecondmicas, ce culturais (Quadro 6.2), Mentificagiio ‘A identificagao € o perfil sociodemogréfico do paciente que permite a interpretagao de dados individuais e coletivos. Apresenta miltiplos interesses 0 primeiro deles é de iniciar 0 relacionamento com o paciente, saber o nome de uma pessoa € indispensével para que se comece um processo de comun!- cago em nivel afetivo. Para a confecyau de fichérios © arquivos, que nenhui ‘médico ou instituigéo pode dispensar, os dados da identifica- au si fuunlanentais Parte 1 | Semiologia Geral ldentfcagio _Pafsoodemagtc que pasta itera ds datosnvis ects to ae ‘Queixa principal £0 motivo da consulta, Sintomas ov problemas que rawsoma cee pa stensmes neo Hisiiade agit conalgeae deta dopbens tral desde foenatial —dopacete Interogtrio la detods os stomas dec sstena copra. shntmalgco_Cmplenentara HOA carla pas depo aide Antecedents ‘aliagbo do estado de sade passado e presente do pacinte, esimine contend ov ftoespesoace famines anf familaes ——_-seupoesOSaide deena Aibtesdevén_Doamenar tse xl ded pnt nde ingest alimentar dirt e usual, prética de enercics,histria cic. sod abc arsine deebessaodiase _utlizagdo de utras substancias e drogas lias. Condces farses data ace. mde Sedoenimias vaossfebs mae dies fmnceas ias calls dele flag eigsaecengs epi bmconea esclrdae oa Mia ee ‘Além do interesse clinico, também dos pontos de vista pericial, sanitério e médico-trabalhista, esses dados sfo de relevincia para o médico. ‘A data em que ¢ feita a anamnese é sempre importante e, quando as condigées clinicas modificam-se com rapidez, con- vvém actescentar a hora, Sao obrigatérios os elementos descritos a seguir: » Nome. Primeiro dado da identificacdo. Nunca é demais cri- ticar 0 habito de designar o paciente pelo nimero do leito ou. pelo diagnéstico. “Paciente do leito 5” ou “aquele caso de cir- rose hepética da Enfermaria 7” sio expresses que jamais de- ‘vem ser usadas para caracterizar uma pess0a. » Idade. Cada grupo etario tem sua propria doenga, ¢ bastaria essa assertiva para tornar clara a importancia da idade. A todo, ‘momento, o raciocinio diagnéstico se apoia nesse dado e, quan- do sefala em “doencas proprias da infincia std se consagrando © significado do fator idade no processo de edoecimento. Vale ressaltar que, no contexto da anamnese, relagio médico-pa- ciente apresenta peculiaridades de acordo com as diferentes fi- 1xas etdrias (ver Capitulos 11, Semiologia da Adolescéncia,e 12, Semiologia do Idoso). > Sexolaénero, Nao se falando nas diferencas fisiol6gicas, sem- pre importantes do ponto de vista clinico, ha enfermidades ‘que s6 ocorrem em determinado sexo. Exemplo clissico € a hemofiiatransmitida pelas mulheres, mas que s6 aparece nos, homens. £ Gbvio que existem doencas especificas para cada, sexo no que se refere aos drgios sexuais. As doencas endécri- nas adquirem muitas particularidades em funcao desse fator. ‘A questio de géneros, bastante estudada nos tiltimos anos, aponta para um processo de adoecimento diferenciado no ho- ‘mem e na mulher, ainda quando a doenga a mesma. » Corfetnia. Embora nao sejam coisas exatamente iguais, na pré- tica elas se confundem. Em nosso pafs, onde existe uma inten- sa mistura de etnias (Figura 6.1), € preferivel o registro da cor da pele usando-se a seguinte nomenclatura: + corbranca © corparda = cur preta. 6 | Anamnese ‘Uma nova maneira de conhecer as caracteristicas étnicas do povo brasileira & pelo exame do TINA de grupos popu lacionais. Pena et al. (2000) demonstraram, pela anélise do DNA de 200 homens e mulheres de “cor branca” de regides ¢ origens sociais diversas, que apenas 39% tinham linhagem exclusivamente europeia (cor branca), enquanto 33% apre- sentavam heranga genética indigena e 28%, africana (cor negra). ‘A influéncia da etnia no processo do adoecimento conta, ‘com muitos exemplos: o mais conhecido é 0 da anemia fal- iforme, uma alteragio sanguinea especifica dos negros, mas que, em virtude da miscigenacdo, pode ocorrer em pessoas de outra cor. Outro exemplo € a hipertenso arterial, que mos- tra comportamento evolutivo diferente nos pacientes negros: além de ser mais frequente nesse grupo, a hipertensdo arterial aptesenta maior gravidade, com lesGes renais mais intensas ‘maior incidéncia de acidentes vasculares encefélicos. Em con- ‘trapartida, pessoas de cor branca estio mais predispostas aos canceres de pele, Considerando o alto grau de miscigenacio (Figura 6.1) da opulagio brasileira, ha necessidade de se ampliarem os estu- dos da influéncia éinica nas doengas prevalentes em nosso pais, inclusive nos individuos de cor parda. O primeiro passo € oregistro correto da cor da pele nos estudos epidemiol6gicos «nos prontuérios médicos. » Estado cil, Nao $6 0s aspectos sociais referentes 20 estado ci- vil podem ser steis 20 examinador. Aspectos médico-traba- Ihistas e periciais podem estar envolvidos, e o conhecimento do estulo civil passa a ser un dado valiose. » Profissio. F um dado de crescente importancia na pritica mé- dica,e sobre le teceremos algumas consideragSes em conjun- to como item que se segue. » Local de trabalho. Nao basta registrar a ocupagio atual. Pez-se necessério indagar sobre outras atividades jé exercidas em. épocas anteriores. Por isso, nos prontuérios, devem constar 0° itens profssio € local de trabalho na identificacdo, ¢ os itens ‘ocupagio atual e ocupagies anteriores nos hébitos de vida Em certas ocasides, existe uma relagéo direta entre © trabalho do individuo a doenca que lhe acometeu. Enquadram-se nessa categoria as chamadas doengas pro- fissionais e os acidentes de trabalho. Por exemplo, indi duos que trabalham em pedreiras ou minas podem sofrer ‘uma doenga pulmonar determinada por substancias inala- das ao exercerem sua profissio; chama-se pneumoconiose, e € uma tipica doenca profissional. O individuo que sofre uma fratura ao cair de um andaime é vitima de um acidente de trabalho. Em ambos os casos. ao lado dos aspectos clt- 9 ingicos, surgem questdes de carter pericial ou -trabathieta, Em outras situagées, ainda que a ocupagio nao seja dire- tamente relacionada com a doenga, o ambiente no qual o tra- balho é executado poder envolver fatores que agravam uma afeccio preexistente. Assim, sio os locais empocirados ou enfumagados que agravam 0s padecimentos dos portadores, de enfermidades broncopulmonares, como asma bronquica, ‘bronquite crénica e enfisema pulmonar. » Naturlidade. Local onde o paciente nasceu. » Procedénda. Este item geralmente refere-se residéncia ante- rior do paciente. Por exemplo, ao atender a um paciente que mora em Goidnia (GO), mas que anteriormente residiu em Belém (PA), deve-se registrar esta tiltimea localidade como a procedéncia, Em casos de pacientes em trnsito (viagens de turismo, de negécios), a procedéncia confunde-se com a residéncia, dependendo do referencial. Por exemplo: no caso de um executivo que reside em Sao Paulo (SP) e faz uma viagem de rnegécios para Recife (PE), caso seja atendido em um hospital em Recife, sua procedéncia serd Sao Paulo. Caso procure assis téncia médica logo depois de seu retorno a Sio Paulo (SP), sua procedéncia serd Recife (PE). principio de territorizagio do Sistema Unico de Saide (SUS) trouxe uma nova conotagéo para o item procedéncia, ‘Uma vez que os municipios brasileiros sio divididos em terri- trios, o registro da procedéncia territorial é importante para repasse financeiro municipal. Resdénda. Quanto a este item, anvla-se w residéucia atu Nesse local deve ser incluido o enderego do paciente. ‘As doengas infecciosas e parasitérias se distribuem pelo mundo em fungio de varios fatores, como climéticos, hidro- grificos ¢ de altitude. Conhecer 0 local da residéncia é 0 eiro passo nessa area, Além disso, deve-se lembrar de passa- gem quc a populagio tem muita mobilidade c os movimentos, migratérios influem de modo decisivo na epidemiologia de uitas doengas infecciosas e parasitirias. E na identificagdo do paciente e, mais especificamente, no registro de sua residéncia que esses dados emergem para uso clinico, Citemos como exemplos a doenga de Chagas, a esquistosso- ‘mose, a maliriae a hidatidose. A distribuigdo geogrifica dessas, importantes endemias deve estar na mente de todos nés, pois a ‘todo momento nos veremos diante de casos suspeitos. » Nomeda mée. Anotar o nome da mae do paciente é, hoje, uma regra bastante comum nos hospitais no sentido de diferenciar 0s pacientes homénimos 1950 1980) 1997-2000 ~«=«2008 = 010 Figura 6.1 Populacio brasileira de acordo com a cor da pele/aca/etnia. Os censos demogréficos de 1940, 1950, 1960, 1980 e 1997 mostram a elev: cia da miscigenacdo no Basi Os brancos, que em 1940 representavam 64% da populagdo, no censo de 1997 representavam 54.4%; enquanto iso, 05 patdos passaram de 21 {Ue 2010 (BCE) vcore. vere, 3r2 39.9%, e os negros, de 15 para 52%. No censo de 2000, os dados pouco se alteraram (IBGE, 2000). 16 nos dados de 2008 e 50 » Nome do responsive, cuidadore/ou acompanhante. © registro do nome do responsivel, cuidador e/ou acompanhante de crisn- «2s, adolescentes, idosos, tutelados ou incapazes (problemas de cognigio, por exemplo) faz-se necessério para que se firme a relagao de corresponsabilidade ética no processo de trata- ‘mento do paciente » Religio. A religiio & qual o paciente se filia tem relevincia 1no processo satide-doenga. Alguns dados bastante objetivos, como a proibigao & hemotransfusio em testemunhas de Jeova eo ndo uso de carnes pelos fis da Igreja Adventista, fm uma repercussio importante no planejamento terapéutico. Outros ddados mais subjetivos podem influenciar a relacéo médico-pa- te, uma vez. que 0 médico usa em sua fala a pauta cientifi- «a, que muitas vezes pode se contrapor & pauta religiosa pela qual o paciente compreende o mundo em que vive > Fliadoa érgdosinsttigbes pevidencaseplanos de side. Ter co- ahecimento desse fatofacilita o encaminhamento para exames complementares, outros especialistas ou mesmo a hospitais, ‘nos casos de internagdo. O cuidado do médico em ndo one- rar o paciente, buscando alternativas dentro do seu plano de said, é fator de suma importincia na adesio ao tratamento roposto. Queixa principal ‘Neste item, registra-se a queixa principal ou o motivo que levou o paciente a procurar 0 médico, epetindo, se possivel, as expresses por ele utilizadas, 'B uma afirmagio breve e espontinea, geralmente um sinal ou um sintoma, suscitador nas préprias palavras da pessoa, que descreve 6 motive da consulta. Geralmente, é uma ano- taco entre aspas para indicar que se trata das palavras exatas do paciente. ‘Nao aceitar, tanto quanto possivel, “rotulos diagnésticos” referidos & guisa de queixa principal. Assim, se o paciente dis- ser que seu problema é “pressio alta” ou “menopause’, pro- ccurar-se-4 esclarecer 0 sintoma que ficou subentendido sob outra denominacio. Nem sempre existe uma correspondén- cia entre a nomenclatura leiga e 0 significado exato do termo “cientifico” usado pelo paciente. Por isso, sempre se solicita a cle a tradugio em linguagem corriqueira daquilo que sente. Contudo, algumas vezes € razoavel o registro de um diagnés- tico como queixa principal Eum verdadeiro risco tomar ao pé da letra 0s “diagndsti- os” dos pacientes. Por comodidade, pressa ou ignorancia, 0 ‘médico pode ser induzido a aceitar, dando-Ihes ares cient{- ficos, conclusdes diagndsticas feitas pelos pacientes ou seus famiares. As consequéncias de tal procedimento podem ser muito desagradéveis. Por exemplo, nio so poucos os individuos que perderam a oportunidade de submeter-se um tratamento cinirgico com probabilidade de cura para ‘+ Sugestes para ober aqueina pina": Qualo motive da consuta? ‘Porque la) senhora) me rocuou? © Oque ola senha) est semndo? + Oque ola est incamodando? ‘+ emplosde“queta prindpal’ © Dorde ouvido © Dorn petohé2h © Brame pric pareo trabalho, Parte 1 | Semiologia Geral retirada de um cincer retal pelo fato de terem sugerido a0 médica ¢ este ter aceito 0 diagnéstico de *hemorroidas” Que o paciente tenha essa suspeita apés observar sangue junto com as fezes é perfeitamente compreensivel e aceité- vel. Imperdodvel, sob qualquer pretexto, é 0 médico aceitar esse “diagndstico” sem ter realizado um exame anorretal que possibilitaria o reconhecimento da neoplasia causadora daquele sangramento. AAs vezes, uma pessoa pode enumerar “varios motivos” para procurar assisténcia médica. O motivo mais importante pode nao ser o que a pessoa enunciou primeiro. Para se obter a queixa principal, ness caso, deve-se perguntar 0 quea levou a procurar atendimento médico ou o que mais a incomoda no momento. Quando o paciente chega a0 médico encaminhado por outro colega ou instituigdo médica, no item correspondente “queixa principal” registra-se de modo especial o motivo da, consulta. Por exemplo: para um jovem que teve varios surtos, de moléstia reumética, com ou sem sequelas cardiacas, e que vai ser submetido a uma amigalectomia e ¢ encaminhado 20 clinico ou cardiologista para averiguacao da existéncia de “ati- vvidade reumitica” ou alteragao cardiovascular que impega a execusio da operagéo proposta, registra-se, a guisa de queixa principal: “Avaliacéo pré-operatéria de amigdalectomia. O paciente jé teve varios surtos de moléstia reumética” Histéria da doenca atual A histéria da daenga atual (HDA) & um registro eramalé- sco e detalhado do motivo que levou o paciente @ procurar assistencia médica. desde o seu inicio até a data atual AHDA, abreviatura jé consagrada no linguajar médico, é a parte principal da anamnese e costuma sera chave mestra para chegar ao diagnéstico. Algumas histérias sio simples e curtas, constituldas de poucos sintomas,facilmente dispostos em ordem cronolégica € cujas relagGes entre si aparecem sem dificuldade. Outras his- trias sio longas, complexas e compostas de inimeros sinto- mas cujas inter-relagbes nao slo faceis de se encontrar. Sintoma-guia Designa-se como sintoma-guia 0 sintoma ou sinal que permite recompor a hist6ria da doenga atual com mais faci- lidade e precisio; por exemplo: a febre na maléria, a dor epigistrica na ilcera péptica, as convulsées na epilepsia, 0 edema na sindrome nefrética, a diarreia na colte ulcerativa. Contudo, isso ndo significa que haja sempre um tinico e cons- tante sintoma-guia para cada enfermidade, O encontro de um, sintoma-guia € itil para todo médico, mas para o iniciante adquire especial utilidade; sem grandes conhecimentos médi- cose sem experiencia acaba sendo a snica maneira para le reconstruir a histria de uma doenga. ‘Sintoma-guia néo é necessariamente 0 mais antigo, mas tal atributo deve ser sempre levado em conta. Nao é obrigatério, que seja a primeira queixa relatada pelo paciente; porém, iso também néo pode ser menosprezado. Nem é, tampouco, de maneira sistemiética, o sintoma mais realgado pelo paciente. Na verdade, ndo existe uma regra fixa para determinar o sin- toma-guia. Como orientagéo geral, 0 estudante deve escolher como sintoma-guia a queixa de mais longa duragdo, osintoma mais salientado pelo paciente ou simplesmente comecar pelo relato da “quetxa principal’ passo seguinte & determina a época em que teve inf- iv aquele sinloina, A pergunta palrdv pode ser: “Quando 6 | Anamnese 1 eite quo pacente fal sobre sua doenca ‘= Determineo sintoma-guia 'Descreraosintoma-guia com suas craters e anaise-o minuesa- mente ‘Use osintoma-guia como fo conduor da striae estabelea as rears Febre, Sensagdo de aumento da temperatura corporal acom- panhada ou nao de outros sintomas (cefalea, calafrios, sede etc). » Astenia.Sensagio de fraqueza, > Alteragbes do peso. Especificar perda ou ganho de peso, quan- tos quilos, intervalo de tempo e motivo (dieta, estresse, outros, favore). > Sudorese. Eliminagéo abundante de suor. Generalizada ou precousinuute nas iis e pes. 6 | Anamnese » Galas. Sensacio momentinea de ftio com erecio de pelos e arvepiamento da pele. Relagio com febre. > Giras. Contracées involuntérias de um misculo ou grupo ‘muscular. Pelee faneros » Aiteragies da pele. Cor, textura, umidade, temperatura, sensibi- lidade, prurido, lesdes. » Aiteraies dos ineros. Queda de cabelos, pelos faciais em mu- Iheres,alteragGes nas unhas. Promocio dasatde. Exposicio solar (hora do dia, uso de protetor solar); cuidados com pele e cabelos (bronzeamento artifical, tinturas). Cabegae pescogo * Crdnio, face e pescogo Dot. Localizar o mais corretamente possvel a sensacio do- Jorosa. A partir dai, indaga-se sobre as outras caracteristicas semiol6gicas da dor. > Alterasbes do pesca. Dor, tumoragbes, alteragdes dos movi- -mentos, pulsagdes anorma = Olhos » Doroculare cefaleia. Bem localizada pelo paciente ou de locali- zagdo imprecisa no globo ocular, > Sensacio de corpo estranhe,Sensacao desagradvel quase sempre acompanhada de dor. » Pruido.Sensagao de coceira, * Qucimagio ou ardénds, Acompanhando ou no a sensagio do lorosa. = Lacimejamento, EliminagSo de Kigrimas, independentemente do choro. = Sensasio de olho seen. Sensagio de secura, como ee 0 oho no tivesse lgrimas. = Yantopsia,iantopsia «doropsa, Visio amarelada, violeta e verde, respectivamente. » Diminuigo ou perda da visio. Unt ou bilateral, sibita ou gradual, relagio com @ intensidade da ihuminagao, visio noturna, cor- regio (parcial ou total) com éculos ou lentes de contato. » Diplopia, Visto dupla, constante ou intermitente. » Fotofbia. Hipersensibilidade & luz » Nistagmo. Movimentos repetitivos ritmicos dos olhos, tipo de nistagmo. » Esctomas, Manchas ou pontos escuros no campo visual, des- cites como manchas, moscas que voam diante dos olhos ou pontos luminosos. » Sececia. Liquido purulento que recobre as estruturas exter- nas do olho. » Vermehidio, Congestio de vasos na esclerstica. » Alucinages vsuas Sensaco de lur, cores ou reproducées de objetos. Promogéo da saide. Uso de Sculos ou lentes de contato, dltimo exame oftélmico. » Ouvidos » Dot. Localizada ou irradiada de outra regito. » Otorea,Saida de liquido pelo ouvido. » Otorragia, Perda de sangue pelo canal auditivo, relagéo com ‘raumatismo. > Tanstomos da acuidade auditiva. Perda parcial ou total da audi- ‘40, uni ou bilateral; inicio sibito ou progressivo. > Zumbides, Sensagao subjetiva de diferentes tipos de rufdos (campainha, grilos, apito, chiado, cachoeira, jato de vapor, ‘euusid). 3 » Vertigem etontura. Sensacio de estar girando em torno dos ob- jetos (vertigem subjetiva) ou os objetos girando em torno dest (vertigem objetiva). Promogéo da sade. Uso de aparelhos auditivos; exposigéo a ruf- dos ambientais; uso de equipamentos de protego individual (EP); limpeza do pavilhio auditivo (cotonetes, outros objetos, pelo médico). + Nariz e cavidades paranasais » Pru. Pode resultar de doenca local ou sistémica. > Dot, Localizada no nariz ow na face. Verifcar todas as carac- teristicas semiolégicas da dor. » Espis. Isolados ou em crises. Indagar em que condicoes, ocorrem, procurando detectar locais ou substincias relacio- nado wo vs espittos. > Obstruio nasal, Rinorreia; aspecto do corrimento (aquoso, pu- rulento, sanguinolento)s cheiro. > Corimento nasal. Aspecto do corrimento (aquoso, purulento, sanguinolento). » Epistare, Hemorragia nasal. > Dispnea. Falta de ar > Dimiuigiodoofats,Diminuigéo (hiposmia) ou aboico (anosmia). > Aumentodoclfato. Transitério ou permanente, > Ateragies do olfato, Percepgio anormal de cheiros. > Gcosmia. Consiste em sentir mau cheiro, sem razao para tal. » Parsi. Perversio do olfato. > Alteragies da fonacto. Voz anasalada (rinolalia). = Cavidade bucal e anexos > Ateragies do apetite. Polifagia ow hiperorenias inapeténcie ow anorexia; perversio do apetite (geofagia ou outros tipos). * Siolose. Excessiva produsio de secresao salivar. » Haltose, Mau hilito, + Dor. Dor de dente, nas glindulas salivarcs, na lingua (gloseal- gia), na articulacéo temporomandibular. Trismo. Ukcragbes/sangramenta, Cauca local ou docnga do sistema hemopottico. Promogio d sade, Eecovagio de dentes e lingua (vezes/dia)s ‘timo exame odontolégico. += Faringe » Dor de garganta. Espontdnea ou provocada pela deglutico. Ve- rificar todas as caracteristicas semiologicas da dor. » Dispneia.Dificuldade para respirar relacionada com a faringe. » Disfagia. Dificuldade de deglutir localizada na bucofaringe (disfagia alta), > Tosse Seca ou produtiva, » Haltose. Mau hilito, > Piao, Ato de raspara garganta, » Ronco, Pode estar associado & apneia do sono, * Laringe > Dar Fepontéinea en A deghiicie, Verificar as utras caracte. risticas semiolbgicas da dor. » Dspneia.Dificuldade para respira. > Ateragies da vor. Disfonia; afonia; vor lenta e monétona; voz, fanhosa ou anasalada. » Tosse. Seca ou produtiva: tosse rouca; tosse bitonal. » Disfagia. Disfagia alta. » Pigaro, Ato de raspar a garganta, Promogio da saide. Cuidados com a voz (gargarejos, produtos, utilizados).. = Tirevide e purutirevides » Dor. Espontinea ou & degluticio. Verificar as outras caracte- sfoticas senuivldgicas. 4 > Outras alteragies. Nédulo, bécio, rouquidéo, dispneia, dis- fagia + Vasose linfonodos Dot. Localizagio e outras caracteristicas semiolégicas. ‘Adenomegalias. Localizagao e outras caracteristicas semiolégi- » Pusaceseturgénca jugular. Torax « Parede tordcica » Dot. Localizacao e demais caracteristicas semiolégicas, em particular a relagao da dor com os movimentos do tOrax. > Alteragies da forma do térax. Alteracées localizadas na caixa to- récica como um todo. » Dispneia, Relacionada com dor ou alteragdes da configuracio do torax. = Mamas Dor, Relagdo com @ menstruagio e outras caracteristicas se- iol » Nétulos.Localizacao e evolugio; modificagdes durante o ciclo ‘menstrual. » Secesdo manila. Uni ou bilateral, espontinea ou provocada; aspecto da secresio. Promogéo da saide. Autoexame mamério; sltima mamografia/ ultrassonografia (USG) (mulheres = 40 anos). + Traqueia, bronquios, pulmdes e pleuras > Dot. Localizagdo e outras caracteristicas semiotdgicas. » Tosse.Seca oucom: racio, Frequéncia, intensidade, to- nalidade, relagao com 0 decubito, periodo em que predomuna, » fxpectoragie. Volume, cor, odor, aspecto e consisténcia, Tipos de expectorayao: mucoide, serosa, purulenta, mucopurulenta, hemoptoica, » Hemoptse Eliminagio de sangue pela boca, através da glote, proveniente dos brénquios ou pulmées. Obter os dados para Aiferenciar a hemoptise da epistaxe e da hematemese. > Vomica, Eliminaco sibita, através da glote, de quantidade abundante de pus ou liquido de aspecto mucoide ou seroso. > Dispnela. Relacdo com esforgo ou dectbito; instalagio sibita ‘ou gradativa;relacio com tosse ou chieira; tipo de dispneia, > Chieira. Rufdo sibilante percebido pelo paciente durante ares- piragdo; rlagéo com tosse e dispneia; uni ou bilateral; horério em que predomina. » Comagem. Ruido grave provocado pela passagem do ar pelas vias respiratbriasaltas reduzidas de calibre. * Kstidor.Respiracéo ruidosa, algo parccido com cornegem. » Tiragem, Aumento da retracio dos espagos intercostais. * Diafragma e mediastino » Dot. Localizacao e demais caracteristicas semiolégicas > Solu. Contraces espasmédicas do diafragma, concomitan- tes com o fechamento da glote, acompanhadas de um ruido rouco. Isolados ou em crises. » Dispneia.Dificuldade respiratbria. » Sintomas de compressio. Relacionados com 0 comprometimen- to do simpitico, do nervo recorrente, do frénico, das veias ca- vas, das vias respiratdrias e do es6fego. Promogio da sade, Exposicio a alergénios (qual); tltima radio- gratia de torax. = Corugau e granules vases » Dot. Localizacdo e outras caracteristicas semiol6gicas; dor isquémica (angina do peito e infasto du usivedndi); dor da Parte 1 | Semiologia Geral pericardite; dor de origem adrtica; dor de origem psicoge- » Palptasies. Percepgdo incbmoda dos batimentos cardiacos;, tipo de sensacio, horério de aparecimento, modo de instala- ao e desaparecimento; relagio com esforgo ou outros fatores, desencadeantes. > Dispneia. Relacio com esforgo e decibito; dispneia paroxistica noturna; dispneia periédica ou de Cheyne-Stokes. > Intolerncia as esfrco. Sensago desagradivel ao fazer esforgo fisico. » Tossee expectoragio. Tosse seca ou proctutiva; relagdo com es- forgo ¢ deci; tipo de expectoract (srs, serosangui- nolenta) > Chiera. Relagdo com dispneiae tosse: horério em que predo- mina, > Hemoptise. Quantidade e caracteristcas do sangue eliminado. Obter dados para diferenciar da epistaxe e da hematémese. » Desmio esincape, Perdasibitae transitria, parcial ou total da, consciéncia;situagdo em que ocorreus duragdo; manitestagbes, que antecederam o desmaio e que vieram depois. > hlteracbes do sono. InsGnia; sono inquieto. » Ganose. Coloracio azulada da pele; época do aparecimento (desde 0 nascimento ou surgiu tempos depois); intensidade;, relacio com choro e esfor¢o. » Edema, Epoca em que apareceu; como evoluiu, regio em que predomina. » Astenia,Sensagio de fraqueza, » Posiio decors. O paciente fica agachado, apoiando as nide- ‘ges nos eakcanhares. Promocéo da sade. Exposigio a fatores estressantes; iltimo check-up cardiolégico. = Bséfago > Disfagia. Difculdade & deglutigéo; disfagia alta (bucofarin- ea): disfagia baixa (esofigica. > Odinofagia. Dor retroesternal durante a degluticéo. » Dor. Indenendente da degluticéo. > Pirse. Sensa¢io de queimacio retroesternal; elagdo com @ in- gestio de alimentos ou medicamentos; hordrio em que aparece. > Regutgitacé. Volta & cavidade bucal de alimento ou de secre- 6c contidas no esOfago ou no estémago. > tructago. Relagio com a ingestio de alimentos ou com alte- rages emocionais. » Soluca. Horério em que aparece; isolado ou em crise; duragéo. » Hematlmese. Vomito de sangue; caracteristicas do sangue eli minado; diferenciar de epistaxe e de hemoptise. » Silas (sialoreia ou pialismo), Produgdo excessiva de secregao selivar, Abdome interrogatério sobre os sintomas das doencas abdomi- nais inclui vésios sistemas, mas, por comodidade, € melhor nos restringirmos aos érgios do sistema digestivo. Os outros, <6rglos localizados no abdome devem ser analisados separada- ‘mente, reunindo-se o sistema urinério com os 6rgios genitais, sistema endécrino e o hemolinfopoético. + Parede abdominal » Dor. Localizacio e outras caracteristicas semiologicas. > Alterages da forma e do clume. Crescimento do abdome; hér- nia; tumoragbes. = EstOmuge > Dor. Localizagéo ma regio epigistrica; outras caracteristicas, seusioliyivas. 6 | Anamnese » Niuseasevimitos, Hordrio em que aparecem: relagio com a in- sgestio de alimentos; aspecto dos vémitos. > Dispepsia. Conjunto de sintomas constituido de desconforto, epigistrico, empanzinamento, sensacio de distensio por ga- ses, nduseas,intolerncia @ determinados alimentos. » Prose Sensago de queimagio retroesternal. + Intestino delgado » Diatia. Duracio; volume; consisténcia, aspecto e cheiro das fezes. » Bsteatorela, Aumento da quantidade de gorduras excretadas nas fezes, » Dot, Localizagdo, continua ou em cblicas. » Distenséo abdominal, atulénciaedspepsia, Relacio com ingestio de alimentos. » Hemorragia digestive. Aspecto “em borra de café” (melena) ou sangue vivo (enterorragia). = Clon, reto 6 Anue » Dot. Localizagio abdominal ou perianal; outras caracteristi- cas semiolégicas; tenesmo. » Dial, Diarreia baixa; aguda ou crénica; disenteria, » Obstipago intestinal. Duracio; aspecto das feres. » Sangramento anal, Relacio com a defecacéo. » Pruido. Intensidade; horério em que predomina. » Distensio abdominal. Sensaco de gases no abdome. » Néusease vomits. Aspecto do vomito; vomitos fecaloides. + Figado e vias biliares » Dot. Dor continua ou em célica;localizagao no hipoctndrio direito; outras caractristcas semiol6gicas. » Icterda. Intensidade; duragdo e evolugo; cor da urina e das, fezes; prarido. Pancreas * Dot Localizagao (cpigsctrica) ¢ demais caracteristicas semio logicas. * itera. Intensidade; duraglo e evolugios cor da urina e das fezes; prurido. » Diariae esteatoreia. Caracteristicas das feze. » Néuseas vomits. Tipo de vémito. Promogiodasaide. Uso de antidcidos, laxantes ou “chis digestivos” Sistema geniturinaio * Rinse vias urindrias » Dot. Localizagio e demas caracteristicas semiol6gicas. » Alterages micdonas. Incontinéncis; hestaéo; modificagdes do jato urindrio; etencio urindria. » Alterages do volume edo ritmo undo, Oligiras andra; polidrias disiria:noctiria: urgencia: polaciria. » Alteragbes dacorda rina. Urina turva; hematira; hemoglobini- ria: mioglobintirias porfriniria. > Alterapbes do cher da rina. Mau cheiro. » Dot. Dor lombar eno flanco e demais caracteristicas semiol6- sicas; dor vesical; estrangiiri > Edema, Localizacao; intensic » Febre.Calafris associados. = Orgdos genitais masculinos estes petianas. Ulceras, vesiulas (herpes siflis, cancro mole). > Nédulos nos testiculos. Tumor, varicocele. » Distrbos miccionals. Ver Rinse vias urindrias. » Dut Testicular; perineal; lombosacras caracterstcas serlo- 6gicas. + Plpisno, Exeyao persistente, dolor, se deseju seul. 55 > Hemospermia, Sangue no esperma. » Comimento uretral. Aspecto da secrecio. > Disfungbes senuas. Disfungdo erdtil;ejaculagdo precoce; ausén- cia de ejaculagio, anorgasmia, diminuigdo da libido, sindro- mes por deficiéncia de horménios testiculares (sindrome de Klinefelter, puberdade atrasada). Promosio da sade. Autoexame testicular; dltimo exame prostéti- c0 ou PSA; uso de preservativos. + Orgdos genitais femininos » Gido menstrual, Data da primeira menstruagéo; duragio dos ciclos subsequentes. hipermenorreia; hipomenorreia; menorragia; dismenorreia. > Tenso pe-menstral, Colicas; outros sintomas.. » Hemorragias. Relacdo com o ciclo menstrual. > Gorimento, Quantidade; aspectos relayo com as diferentes fa ses do ciclo menstrual, Pru. Localizade na vulva, » bisfungbes senais. Dispareunia; frigider; diminuigdo da libido: anorgasmia. > Menopausae clmatéro.Idade em que ocorreu a menopausa;fo- sgachos ou ondas de calor; ins6nia. > Alteragies endécrnas. Amenorreia; sindrome de Turner. Promosio da sade. Ultimo exame ginecolégico; iltimo Papani- colaou; uso de preservativos; terapia de reposigao hormonal. Sistema hemolinfopoético > Astenia.Instalacdo lenta ou progressiva. » Hemorragias. Petéquias; equimoses; hematomas; gengivorra- sia: hematiria: hemorragia digestiva > Adenomegalias. Localizadas ou generalizadas; sinais flogisti- cos: fistulizacio. » Febre. Tipo da curva térmica. » Esplenomegaliaehesatometaa. Epoca do aparecimento; evoluclo. » Dot. Bucofaringe;térax; abdome; articulagdes; ossos. » Icterida. Cor das fezes e da urina. > Manifestagiescutineas. Petéquias; equimoses; palidez; prurido;, eritemas; pépulas; herpes. > Sintomas osteoarticular. Sintomas cardiorrespiratérias. » Sintomasgastrntstnas. Sistema endécrino © interrogatério dos sintomas relacionados com as pldudulas enddusinas abrange v uiganisany comu uns Lode, desde os sintomas gerais até o psiquico, mas hé interesse em caracterizar um grupo de manifestaybes clinicas dite tamente relacionadas com cada glandula para desenvolver 1 cepacidade de reconhecimento, pelo clinico geral, desses enfermidades. += Hipotdlamo e hipéfise > Alteracies do desenvolvimento fio. Nanismo, gigantismo, acro- megalia. > Alteracies do desenvolvimento sexual. Puberdade precoce; puber- dade atrasada. > Outras ateragies. Galactorreia; sindromes polidiricas; altera- bes visuas, + Tirevide > Ateragies lcs. Dor; nédulo; bécio; rouquidao: dispneta: dis- fagia. 56 > Manifestacies de hiperfungio. Hipersensibilidade ao calor; au- ‘mento da sudorese; perda de peso; taquicardia; tremor; ierita- bilidade; insOnia; astenia; diarreia; exoftalmia. » Manfestagies de hipofuncia. Hipersensibilidade ao frio; dimi- a sudorese; aumento do peso; obstipacio intestinal, cansago facial; apatia; sonoléncia; alteragdes menstruais; gi- necomastia; unhas quebradicas; pele seca; rouquidao; macro- slossia; bradicardia. « Paratireoides > Manifestagies de hiperfungio. Emagrecimento; astenia; pareste- sias; fibras; dor nos oss0s e nas articulagées, arritmias cardia as; alteragoes6sseas; raquitismo; osteomalacia; tetania, > Manifestagiesde hipofungio. Tetania; convulsées; queda de cabe- Jos; unhas frageis e quebradicas; dentes hipoplasicos; catarata. = Suprarrenais > Manfesagbes por hperroduce de giocoralde. Aumento de peso; ficies “de lua cheia”; acémulo de gordura na face, regido cervical e dorso; fraqueza muscular; polidrias poli- dipsia; iregularidade menstrual; infertilidade; hipertensio arterial > Manifestagies por diminugao de glicocaticades. Anorexia; néuseas € vomitos;astenia; hipotenséo arterial; hiperpigmentagio da cle e das mucosas. aumento de pod de minralcrtcids, Hipertensio arterial astenia: céibras: parestesias > humento da produgio de esteroidessexais. Pseudopuberdade pre- coce: hirsutismo: vrilismo. > humenta de produciodecatecolaminas. Crises de hipertensio arte- rial, cefaleia, palpitagdes, sudorese. * Gonadas ‘Alteragoes locais e em outras regioes corporais indicativas de anormalidades da funcio endécrina. Coluna vertebral osss,artculagieseextremidades Neste item, além do alstema locomotor, serio analisados érgios pertencentes a outros sistemas pela sua localizacéo nas extremidades. * Coluna vertebral » Dot. Localizagio cervical, dorsal, lombossacra; relagio com (os movimentos; demais caracterstcas semiol6gicas. > Riidezpés-epouso. Tempo de duragao apés iniciar as atividades. * Ossos » Dot. Localizagéo e demais caracteristicas semiolégicas. > Deformidades dsses. Carogos; arqueamento do 0550; rosério raquitico. «= Articulagdes * Dot Lacalizagio e demais caracteristicas semiolégicas. > Rgidezpéstepous, Pela manhé. » Sinaisinflamatéies. Edema, calor, bor e dor. » Creptago articular. Localizagi > Manifestagbessistémicas Febre; astenia; anorexia; perda de peso. Bursas e tendées Dor. Localizagdo e demais caracteristicas semiolégicas » Limitagio de movimento, Localizacio; grau de limitacao. ‘Misculos Fraqueca muscular, Seymentar; genieralizaday evluya ny de- correr do dia. > Dificaldade para andar ou para subir escadas. Parte 1 | Semiologia Geral » Atroia muscle, Localizacéo. > No Lacalizagio e demais caracteretica semiolégicas; cha » Giibras. Dor acompanhada de contragdo muscular. » Espasmas musclares. Miotonia; tétano, Artérias, veias, linféticos e microcirculacéo + Artérias » Dor. Claudicagio intermitente; dor de repouso. > Alteragbes da cor da pele, Palidez, cianose, rubor, fendmeno de Raynaud, > Alteracbes da temperatura da pele. Frialdade localizada. > Alteracbestréfias. Atrofia da pele, diminuicéo do tecido subcutineo, queda de pelos, alteragies ungueais, calosi- dades, ulceracoes, edema, sufusdes hemorrdgicas, bolhas € ‘gangrena. > Edema, Localizacio; duracio e evolugdo, + Veias Dor. Tipo de dor, fatores que @ agravam ow alivian. » Edema. Localizacio. Duracio e evoluao. > Alteracbestrficas. Hiperpigmentagdo, celulite, eczema, ilceras, dermatofibrose. + Linfiticos » Dor. Localizagéo no trajeto do coletor linfitico e/ou na érea do linfonodo correspondente. » Edema. Instalacdo insidiosa. Lesdes secundérias ao edema de longa duragao (hiperqueratose,lesdes verrucosas, elefantiase).. = Microcirau > Alteracbes da coloraco eda temperatura da pele. Acrocianoseslive- do reticular fendmeny de Raynaud eritromegaliss palidez, > Alteracies da sensbildade. Sensacio de dedo morto, hipereste- sia, dorméncias formigamentos. Promocio da sade, Cuidados com a postura; habito de levantar [pes0; movimentos repetitivos; uso de seltos muito altos: préti- ca de gindstica laboral. Sistema nervoso » Distros da conscénca, Obnubilacao; estado de coma, » Dor de cabesa ena fee. Localizagao e outras caracteristicas se- miol6gicas. > Tonturae vrtigem. Sensacdo de rotagio (vertigem)s sensagio de iminente desmaio; sensagao de desequilibrio; sensagao de- sagradavel na cabesa. > Commisbes. Localizadas ou generalizadas, tonicas ou clénicas;, manifestagdes ocorridas antes (prédromos) e depois das con- valsies. » huséncias. Breves perfodos de perda da consciéncia. > hutomatismos.Tipos. » Amnésia. Perda da memoria, transitéria ou permanente; re- lacio com traumatismo craniano e com ingestéo de bebidas alcodlicas > Distrbos visuals. Ambliopia; amaurose; hemianopsia; diplopia. » Distrbios auditivs. Hipocusia; acusia; zumbidos. > Distrbis da marcha, Disbasia. > Distrbios a motricidadevoluntiriae da sensbildade. Paresias, para- lisias, parestesas, anestesias. > Disttbios esfncterians. Bexiga neurogénica; incontinéncia fecal. > Disttbos do sono. Ins6nia; sonoléncia: soniléquio; pesadelos;, terror noturno; sonambulismo; briquismo; movimentos rit- rmicos da cabeca; enurese noturna. > Distibius das fangs cerebral superione. Disfonias disartrias is- lalia; disritmolalia; dislexia; disgrafia: afasia; distirbios das _guvsias; distdsbios das praia. 6 | Anamnese Promocio da sade. Uso de andadores, bengalas ou cadeira de ro- das; fisioterapia Exame psiquico e avaliagao das condigbes emocionais > Conscénda, Alteragées quantitativas (normal, obnubilagio, perda parcial ou total da consciéncia) e qualitativas » Atengdo. Nivel de atencio e outras alteragées. » Orientacéo. Orientagdo autopsiquica (capacidade de uma pes- soa saber quem ela é), orientagao no tempo e no espaco. Dupla orientacio, despersonalizagio, dupla personalidade, perda do sentimento de existéncia. > Pensamento. Pensamento normal ou pensamento fantasti- co, pensamento manfaco, pensamento inibido, pensamen- to esquizofrénico, desagregacao do pensamento, bloqueio do pensamento, ambivaléncia, perseveranca, pensamentos subtraidos, sonorizacao do pensamento, pensamento in- coerente, pensamento prolixo, pensamento oligofrénico, Densamento demencial, ideas delirantes, obias, obsessoes, compulsées. » Meméria. Capacidade de recordar. Alteragoes da memaéria de fixacio e de evocagio. Meméria recente e remota. Alteragées qualitativas da memoria > Inteligénia. Capacidade de adaptar 0 pensamento as neces- sidades do momento presente ou de adquirir novos conheci- ‘mentos. Déficit intelectual. » Sensopercepréo. Capacidade de uma pessoa apreender as im- presses sensoriais.Ilusdes. Alucinacdes. » Vontade, Disposigdo para agir a partir de uma escolha ou deci- séo; perda da voniade; negativismo; atos impulsivos. » Psicomotricidade. Expressdo objetiva da vida psiquica nos gestos e movimentos; alteragdes da psicomotricidade; es- tupor. » Afetividade, Compreende um conjunto de vivéncias, incluindo sentimentos complexos; humor ou estado de animo; exaltagéo depressao do humor. > Comportamento, Importante questionar comportamentos ina dequados e antissociais. Idosos podem apresentar comporta- ‘mentos sugestivos de quadros demenciais, » Outros. Questionar também sobre alucinagGes visuais e audi tivas, atos compulsivos, pensamentos obsessivos recorrentes, ‘exacerbagio da ansiedade, sensacio de angtstia e de medo constante, dificuldade em ficar em ambientes fechados (claus- trofobia) ou em ambientes abertos (agorafobia), onicofagia (habito de roer as unhas),tricofagia (habito de comer cabelos),, tiques e vomitos induzidos. Antecedentes pessoais e familiares A investigagao dos antecedentes nao pode ser esquemati- zada nigidamente. £ possivel ut, entretanto, uma sistemat- agi que sirva como roteiro e diretriz de trabalho. Antecedentes pessoais Considera-se avaliacio do estado de satide passado e pre- sente do paciente, conhecendo fatores pessosis e familiares «que influenciam seu processo satide-doenca. Em criancas eindividuos de baixa idade, a andlise dos ante- cedentes pessoais costuma ser feta com mais facilidade do que em outras faixas etdria, ‘As vezes, uma hipétese diagnéstica leva o examinador ‘2 uma indagecéo mais minuciosa de algum aspecto da vida regressa, Por exeinplo: w envontrar-ve uima cardivpatia con {génita, investiga-se a possivel ocorréncia de rubéola na mae duranle v primeiru uimeste da gravides © interesse dessa 7 Pontos-chave Antes de inar ointerogatirio stemaolio (1), explique ao pacente que oct ir fazer questionamentns sobre todosos sistemas corporis rev sto “da cabega aos ps’), mesmo no tendo relado com o sistema que 0 ‘motivo a procur-o, Asim, voc ted preparato 0 pate paraa sre de pergntas que compée 15 + Ini a avaago de cafa sistema corporal com esas pergutas gers, [xemplos: "Como esto seus chose vido “Como anda sua digestéo?™ cuSeu ntestino funciona eguarmenteArespsta permit que oc, se necessrio, pase para perguntas mas especticas,e asim, deta a wei 1 No induzarespostas com perguntas que afimem ou neguem osintoma, como por exemplo:" senor est com fade at. nd €”0u"0 senhor no std com falta de an € mesma” Nese cas, ocometo€ apenas questo- rar" senor sent fla dea?” indagagio é por seber-sc que exta viroae costuma causar defel- tos congénitos em elevada proporgdo dos casos. Os passos a serem seguidos abrangem os antecedentes fisiolégicos eantecedentes patol6gicos. Antecedentes pessoas fsioldgicos ‘Aavaliagio dos antecedentes pessoais fisiolégicos inclui os seguintes itens: gestacdo e nascimento, desenvolvimento psi- comotor e neural e desenvolvimento sexual * Gestagdo e nascimento Neste item, incluem-se os seguintes fatores: ‘Como decorreu a gravider Uso de medicamentos ou radiagdes softidas pela genitora Viroses contraidas durante a gestagio ‘Condigdes de parto (normal, forceps, cesariana) Betado da crianga ao nascer Ordem do nascimento (se € primogénito, segundo filho te) + Niimero de irmaos. = Desenvolvimento psicomotor e neural Este item abrange os seguintes fatores: 1+ Dentigéo: informagées sobre a primeira e a segunda den- LigGes, registrando-se a época em que apareceu o primeiro dente ‘+ Engatinhar e andar: anotar as idades em que essas ativida- des tiveram inicio = Fala: quando comegou a pronunciar as primeiras palavras Desenvolvimento fisico: peso e tamanho ao nascere poste- lores medidas. Averiguar sobre o desenvolvimento com parativamente com os irmos = Controle dos esfineteres * Aproveitamento escolar. = Desenvolvimento sexual Este item inclui os seguintes fatores: Puberdade: estabelecer época de seu inicio Menarca:estabelecer idade da 1* menstruagio Sexarca: estabelecer idade da 1? relago sexual Menopansa (tltima menstruagio): estabelecer época do seu aparecimento + Ouientaio seaul: stusinente, usa siges como HSM: ISH; MSM; MSHM, em que: H - homem; taller €S~ fas sex Cou. 38 ‘Antecedentes pessoais patolégicos “Aavaliagdo dos antecedentes pessoais patolégicos compre ende os seguintes itens: doencas sofridas pelo paciente, aler- gia, cirurgias, traumatismo, transfusbes sanguineas, histéria obstétrica, vacinas e medicamentos em uso. + Doengas softidas pelo paciente: comecando-se pelas ‘mais comuns na infancia (sarampo, varicela, coqueluche, caxumba, moléstia reumétice, amigdalites) e passando as da vida adulta (pneumonia, hepatite, maléria, pleurite, ‘tuberculose, hipertenséo arterial, diabetes, artrose, osteo- porose, litiase renal, gota, entre outras). Pode ser que 0 ppaciente ndo saiba informar o diagnéstico, mas consegue se lembrar de determinado sintoma ou sinal que teve impor- ‘tincia para ele, como ictericia e febre prolongada, Faz-se, ent, um retrospecto de todos os sistemas, dirigindo ao paciente perguntas relativas &s doencas mais frequentes de cada um '* Alergia: quando se depara com um caso de doenca alergica, ‘essa investigaedo passa a ter relevdncia especial, mas, inde- pendentemente disso, & possivele xtil tomar conhecimento dda existéncia de alergiaa alimentos, medicamentos ou outras substincias. Se o paciente jd sofreu de afecyées de fundo alér- ‘ico (eczema, urticdria, asma) esse fato merece registro + Cirargias e outras intervengdes: anotam-se as intervengbes irtrgicas, referindo-se os motivos que a determinaram. Havendo possibilidade, registrar @ data, 0 tipo de cirurgia, © diagnéstico que a justificou e o nome do hospital onde toi realizada ‘+ ‘Traumatismo: é necessério indagar sobre o acidente em si « sobre as consequéncias deste, Em medicina trabalhista, este item é muito importante por causa das implicagdes pericinis decorrentes dos acidentes de trabalho. A cor- relagio entre um padecimento atual e um traumatismo anterior pode ser sugerida pelo paciente sem muita cconsisténcia. Nesses casos, a investigagéo anamnésica necessita ser detalhada para que o examinador tire uma conclusio prépria a respeito da existéncia ou nao da cor- relagdo sugerida ‘+ Transfusdes sanguineas: anotar n® de transfusdes, quando ‘ocorreu, onde e por qué + Historia obstétrica: anotar n® de gestagdes (G); n° de partos (P):n® de abortos (A); n° de prematuros e n® de cesarianas (©) (G_P_A_C_). Neste item, caso o paciente seja do sexo ‘asculino, indaga-se 0 niimero de flhos, enfatizando-se @ jimportincia da paternidade ‘+ Vacinas: anotar as vacinas (qual; €poca da aplicagao) ‘+ Medicamentos em uso: anotar: qual, posologia, motivo, ‘quem prescreveu, Antecedentes familiares ‘Osantecedentes comegam com a men¢ao ao estado de satt- de (quando vivos) dos pais e irmios do paciente. Se forcasado, inclui-se o cénjuge e, se tiver filhos, estes sdo referidos. Nao se esquecer dos avds, tios e primos paternos e maternos do paciente. Se tiver algum doente na familia esclarecer a natu- rezada enfermidade. Em caso de falecimento, indagar a causa do ébito ea idade fem que ocorreu. Pergunta-se sistematicamente sobre a existéncia de enxa- ques, diabetes, tuberculose, hiperteméo arterial, céncer, doencas alérgicas, doenca arterial coronariana (infarto agudo do uiivcisdio, angina de peito), widente vascular cerebral, Parte 1 | Semiologia Geral Imestgue seo pacente tomou as vacnas recmendadas plo Minstério da Said a depender da fina eta: = Giangas BG; deri; tana; coqueluchehepatte 8; polomielite;menin- it porinfiuena Bram; rubéoa vce; exumb; rotavirus lame tas) febreamarea a cada 1020s) = Adolescente: teri; tana; hepatt 8; sarampo; canumba;rubéla; febre amare (a cada 10205) = -Adultose dossier; tan; sarampa; caxumbs, rol; febre ama- rela (aaa 10 anes) Para 60 anos ou mais: influenza ou gripe peumenia por peux. Fane: Poa dons Sede wrooral saute av dlislipidemias, leera péptica, colelitiase ¢ varizes, que so a8, doengas com caréter familiar mais comuuns. Quando o paciente é portador de uma doenga de caréter hereditério (hemofilia, anemia falciforme, rins policisticos, 170s metabélicos), torna-se imprescindivel um levantamento _geneal6gico mais rigoroso e, nesse caso, recorre-se ds técnicas de investigacio genética, Habitos e estilo de vida Este item, muito amplo e heterogéneo, documenta hébitos e estilo de vida do paciente e esta desdobrado nos seguintes, tépicos: + Alimentagao * Ocupagio atual e ocupagées anteriores * Atividades fsicas + Habitos. ‘Alimentagao No exime fistco, serto estudados os parimetros para ava- liar 0 estado de nutrigdo do pacientes todavia, os primeiros dados a serem obtidos sto os seus hibitos limentares. ‘Toma-se como referéncia o que seria a alimentacio ade- quada para aquela pessoa em fungio da idade, do sexo e do trabalho desempenhado. Induz-se o paciente a discriminar sua alimentacao habitual, especifcando, tanto quanto possivel, o tipo ea quantidade dos, alimentos ingeridos ~ € 0 que se chama anamnese alimentar. Devemos questionar principalmente sobre o consumo de alimentos & base de carboidratos, proteinas, gorduras, fbras, bem como de agua e outros liquids. ‘Assim procedendo, 0 examinador poderd fazer uma ava Tiago quantitativa e qualitativa, ambas com interesse médico. “Temos observado que o estudante encontra difculdade em anotar 0s dados obtidos. Com a finalidade de faclitar seu trabalho, sugerimos as seguintes expresses, nas quais seriam, sintetizadas as conclusdes mais frequentes: + Alimentagéo quantitativa e qualitativamente adequeda + Reduzida ingesta de fibras * Insuficiente consumo de proteinas, com alimentagio a base de carboidratos + Consumo de calorias acima das necessidades Alimentagio com alto teor de gorduras + Reduzida ingesta de verduras e frutas 1 Insuficente consumo de proteinas sem aumento compen- sador da ingestdo de carboidratos 1 Baixa ingestao de liquidos = Reduzida ingesta de varbuidratos 6 | Anamnese ‘No item Desemlvimeno psicomtore neural, em Antecedents pssois ili, temas desaberaidade em que determinadasatvdadesteriam info para verticar se foram de aparecmentoprcace, tad ou normal, Porexemplaprtrdos 6 meses de iade, surge o primero dente; a partir dos 6 meses também a cana comecaaengtinarecom 1 ao de idade sda anda, fala desenolve-se entre 1 3 anos de dade, € 0 controle dos ‘efincteresacontece entre 2e4 ans de idade ‘+ Perguntas sobre a seralidadedevem sr fets abs se ter conesado ‘bastante com o paint — asim ele fc mas descontado eo estudante ‘nose ene to constangido + Deve-secomerar peguntand sobre o desenvolvimento pscssexal — ‘quando paou de fo amamentado ao seo ou no, quando fo ‘ensinado a usar 0“piiquinho,Em sequida, pode-seperguntar camo foi sua adolescence, de forma tranquil perquna-se com que idade teve sua primer relaao sexual 1 Apts informagio da sera, o estudate, ainda de maneita tranquil, pode perguntar eo paente mor com famiiares ou soznha acescen- ‘anda a seguiteindagao:°0 senfor mora sozinha? Mora com aigum ‘ompanheiro ou companheira”- de modo a dear opacente le para demonstra sua orienta senual ‘Em sequida,pode-se questonar se o paiente praia sexo seguro ou no {seusa preservative tem outros parcerasetc) = Lembre-se sempre que 0 que € perguntado de maneira adequada, sem demonstra precancit, éespondido também cm tranquiiade ' Moste-se sempre tranquil, sem snais de csciminaro,seja qual fora informaci do pant. + Reduzido consumo de gorduras 1 Alimentacao puramente vegetarian + Alimentagao léctea exclusiva. Ocupagéo atual e ocupacées anteriores Na identificacdo do paciente, deve-se abordar este aspect. ‘Naquela ocasido, foi feito o registro puro e simples da profis- s4o; aqui pretendemos ir mais adiante, obtendo informagoes sobre a natureza do trabalho desempenhado, com que subs- ‘Ancias entra em contato, quais as caracteristicas do meio ambiente e qual 0 grau de ajustamento ao trabalho. Devemos questionar e obter informagées tanto da ocupagio atual quanto das ocupagées anteriores exercidas pelo paciente. esse modo, ver-se-& que 0s portadores de asma brOnquica terdo sua doenga agravada se trabalharem em ambiente enfu- ‘macado ou empoeirado, ou se tiverem de manipular insetici- das, pelos de animais, penas de aves, plumas de algodo ou de 14, livros velhos e outros materiais reconhecidamente capazes de agir como antigenos ou irritantes das vias respiratorias. (s dados relacionados com este item costumam ser cha- ‘mados historia ocupacional, ¢ voltamos a chamar a atengio para a crescente importincia médica e social da medicina do trabalho, Atividades fisicas ‘Torma-se cada dia mais clara a relagdo entre algumas enfer- ‘midades eo tipo de vida levado pela pessoa no que concerne a execucio de exercicios fisicos. Por exemplo: a comum ocor- réncia de lesGes degenerativas da coluna vertebral nos traba- Ihadores bragais e a maior incidéncia de infarto do miocardio, centre as pessoas sedentdrias, ‘Tas atividades dizem respeito ao trabalho e & pritica de spurts para taructeriad-la, hd que indagar subse auibus. 59 Deveros questionar qual tipo de exercicio fsico realiza (p ex, natagio, futebol, caminhadas ete ); frequéncia (p.ex., diariamente, 3 vezes/semana etc.); duracio (p. ex, por 30 min, por 1 h);e tempo que pratica (p. ex, hé 1 ano, hé 3 meses) ‘Uma classficagio pratica €a que se segue: Pessoas sedentiias Pessoas que exercem atividades fsicas moderadas Pessoas que exercem atividadesfisica intensas e constantes Pessoas que exercem atvidades fsica ocasionais. Habitos ‘Alguns habitos so ocultados pelos pacientes até pelos proprios familiares. A investigagao deste item exige habili- dade, discrigdo e perepicécia. Uma afirmativa ou uma negative sem explicagées por parte do paciente nao significa necessa- riamente a verdade! Deve se investigar cistematicamente 0 uso de tabaco, bebidas alcodlicas, anabolizantes, anfetaminas, €-drogasilicitas. Consumo de tabaco O consumo de tabaco, socialmente aceito, ndo costuma ser negado pelos pacientes, exceto quando tenha sido proibido de fumar. Os efeitos nocivos do tabaco sio indiscutfveis: cancer deboca, faringe, laringe, pulmio e bexiga, feces broncopul- monares (asma, bronquite, enfisema e bronquiectasias),afec- 66es cardiovasculares (insuficincia coronariana, hipertensio arterial, tromboembolia), disfungOes sexuais masculinas, baixo peso fetal (mie tabagista), intoxicagdo do recém-nas- cido em alertamento materno (nutrz tabagista), entre outras, Diante disso, nenhuma anamnese esté completa se nio se Investigar esse hébito, registrando-se tipo (cigarro, cachimbo, charuto e cigarro de palha), quantidade, frequéncia, duragio do vicio e abstinéncia (jé temtou parar de fumear). Consumo de bebidas alcoslicas ‘A ingestio de bebidas alcodlicas também € socialmente aceita, mas muitas vezes £ omitida ou minimizada por parte dos pacientes. Que o alcool tem efeitos deletérios graves sobre figado, cérebro, nervos, pincreas ecoragao nao mais sediscute;, € fato comprovado. O préprio etilismo, em si, uma doenga de fundo psicossocial, deve ser colocado entre as enfermidades, importantes e mais difundidas atualmente. Nio se deve deixar de perguntar sobre o tipo de bebida (cerveja, vinho, licor, vodea, uisque, cachaga, gin, outras) € 4 quantidade habitualmente ingerida, bem como frequéncia, duragdo do vicio e abstinéncia (se jétentou parar de beber) Nos tltimos anos, tem sido amplamente praticado o cha- mado binge drinking ou heavy drinking (beber exagerada- mente), principalmente entre jovens. O binge drinking ¢ defi- nido como 0 consumo de cinco ou mais doses de bebidas, alcoélicas em uma tinica ocasiéo por homens ou quatro ou mais doses de bebidas alcodlicas em uma tinica ocasiéo por mulheres, pelo menos uma vez nas tiltimas 2 semanas. Esse tipo de padrio de consumo de alcool expe o bebedor a si- ‘tuagGes de risco,tais como danos & saide fisica, sexo despro- tegido, gravider indesejada, superdosagem, quedas, violencia, acidentes de transito, comportamento antissocial e dificulda- des escolares, tanto em jovens como na populacio geral Para reconhecimento dos pacientes que fazem uso abu- sivo de bebidas alcodlicas, vem sendo bastante difundido 0 questionério CAGE (sigla em inglés), composto de quatro ponlos « serem investigados: necessidade de diminuir (cut down) o consumo de bebidas alcodlicas; sentir-se incomodado (unnayed) por citicas & bebidas seusayav de Culpa (guilty) av 0 ee tie tute he ee Od Parafacitaraavaiacio do habia de ingerrbeidasaknlicase/oudograude Aependénciadopacente ao consumo de dco, pode-se fazer wsodasequinte esquematiago: ‘+ Pessasabstémias, ou sj, no consomem defnitvamentenenhum tipo ebebidaakstia ' Consumo ocasional em quantidades moderadas + Consumo oasional em grande quantidade,chegandoa estado de embia- e2 rou eqn qu dae Consumo dio em pequena quatidade orsuno dio en quanta pare detemiva mbvaguee Consumo dro em quantidade exageraa,chegando 0 pacete a avan- edo edo de embrague. beber; necessidade de beber no inicio da manha para “abrir os alhoe (oe-opener, on se, para sents em condigbs de ‘rabalhar. Uso de anabolizantes e anfetaminas ‘0 uso de anabolizantes por jovens frequentadores de aca- demias de gindstica tornou-se hoje uma preocupasao. pois tais substincias levam & dependéncia e estio correlacionadas com doencas cardiacas, renais, hepiticas, endécrinas e neurolégi- cas, A utilizacio de anfetaminas, de maneira indiscriminada, leva A dependéncia quimica e, comparadamente, causa prejul- 10s a satide. Alguns sedativos (barbitiricos, morfina, benzo- Anamnese em pediatria A particularidade mais marcante reside no fato de a obten- do de informagées ser feita por intermédio da mie ou de Outro familiar. As vezes, o informante é a babé, um vizinho ou ‘outra pessoa que convive com a crianga. ais — ou os avs, principalmente — gostam de “inter- pretar” as manifestagdes infantis em vez de relaté-las objeti- vamente. £ comum, por exemplo, quando o recém-nascido ‘comeca a chorar mais do que o habitual, a mie ou aavé “dedu- ir" que o bebe esté com dor de ouvido, isso com base em indi- ios muito inseguros ou por mera suposi¢do. Outra caracteristica da anamnese pedidtrica ¢ que esta tem. de ser totalmente dirigida, no havendo possibilidade de dei- xara crianga relatar espontaneamente suas queixas. ‘Durante a entrevista, o examinador deve ter 0 cuidado de cobservar 0 comportamento da mae, procurando compreender « surpreender seus tragos psicol6gicos. O relacionamento com ‘a mie € parte integrante do exame clinico da crianga. > Anamnese em psiquiatria A anamnese dos pacientes com distirbios mentais apre- senita multss particularidades que precisan ser coulis pelos médicos, mesmo os que nao se dedicam a esse ramo da uedicina, 4 > Exame clinico e relagao médico-paciente A relagdo médico-paciente apresenta um componente cul- tural que ndo depende do que 0 médico faz. E uma heranga, do poder migico dos feiticeiros, xamis e curandeiros que antecedem 0 nascimento da profissio médica, mas que ainda, hoje muito influencia a maneira como os pacientes vem os, médicos, Nao ha por que menosprezar este ferémeno ligado & evolugio da humanidade, Existe, contudo, outro componente da relagio médico-paciente, este, sim, estritamente ligado & propria ago do médico, pois ele surge durante a anamnese € € fruto da maneira como ela ¢ feta; portanto, depende do médico, Por isso, & necessério tomar consciéncia da impor- ‘ancta deste momento, porque ele é decistvo. Dat a razao de se dizer que o aprendizado do médico clinico, cuja nica maneira de se Conseguir € facendo o exaine Unie, € tanbén a prin cipal oportunidade para estabelecer as bases do aprendizado da relacéo médico-paciente que servirdo para o resto da vida. Sem divida, o essencial deste aprendizado esté nas vivén- cias do proprio estudante, nascidas na realizagdo de entre- vistas, quando ele assume o papel de médico dentro de uma situacdo real e verdadeire, como a propiciada pelo exame de pacientes em um hospital. Jamais a tecnologia educacional conseguiré reproduzi-lae, se o fier, fcaré faltando seu ingre- diente principal, que ¢ resultante da interacéo de duas pessoas, que se pdem frente a frente em busca de algo relevante para ambas. Se. estudante tiver oportunidade - isso depende de como © professor orienta o ensino do exame clinico - de analisar os, contecimentos vivenciados por ele, dias coisas acontecem 20 ‘mesmo tempo: aprende a técnica de fazer a anamnese ¢ reco- nhece as prncessne pricadinamicns nos quais ele @ 0 paciente se envolvem, querendo ou néo, proposital ou inconsciente- mente. Einevitavel e necessério que o estudante descubra seu lado humano, com suas possibilidades elimitagdes, certezas e inse- sgurangas até entio amortecido nos trabalhos feitos nos anfite- atros anatdmicos e laboratdrios das cadeiras basicas. Somente a partir do momento em que tem diante de si pessoas fragi- lizadas pela doenga, pelo receio da invalidez, pelo medo de morrer, é que 0 estudante percebe que o trabalho do médico no se resume apenas técnica, embora tenha que domind-la 0 melhor possivel para ser competente, e que ha alguma coisa ais, diferente de tudo 0 que viu até entdo, que interfere com seus valores, crencas, objetivos, sentimentos e emogies, obri- gando-o a refletir sobre a carreira médica. Nesta hora o papel do professor de semiologia atinge seu ponto mais nobre, se ele souber tirar proveito daquelas situa- ($6es para mostrar aos seus alunos que aquele algo diferente éa relagio médico-paciente que esté nascendo, Séo as primeiras ralzes, ainda débeis de um processo que precisa ser cultivado a cada dia, em miltiplas situacoes, agra- daveis ou sofridas, para se poder compreender 0 mais rapido possivela complexidade das situagdes que o aluno esta vivendo. ‘Alguns estudantes, talver os mais sensiveis e os mais maduros, notam logo que participam de alguma coisa que ultrapassa os, limites que se previa existir no trabalho direto com pacien- tes. Muitos desenvolvem uma ansiedade que Ihes tira 0 sono, desperta questionamentos, provocs david, Tudo Isso € ine- vitével, porque a aprendizagem verdadeira do método clinico € indissucidvel da apreudizaenn da relayav meédiev-pacieute, a Precisamos estar atentos, preparados ¢ disponiveis para io desperdigar a aportunidade que os préprios estudantes nos oferecem para formarmos a mente ¢o coragio dos futuros médicos. Estamos convencidos de que a recuperagio do prestigio da profissio médica, tio reclamada, comega al valorizando desde cedo a relagio estudante-paciente, nao por meio de palavras e prelegées, mas orientando-os nestes passos iniciais, mos- trando para eles que @ relagdo médico-paciente nada tem a ver com aparelhos e méquinas, nao importa quao sofsticados sejam. Que ela continua dependendo da palavra, dos gestos, do olhar, da expressio fisiondmica, da presenca, da capacidade de ouvir, da compreensio, enfim, de um conjunto de elemen- tos que 56 existem na condicéo humana do médico. < ae ‘médico-paciente € uma relagdo interpessoal que ios aplicdveis a qualquer tipo de relagdo, mas a condo de médica «doen rer particular e diferente de todas as outras. > Consideracées finais Asveres, os estudantes questionam o detalhamento ~ exces- sivo, como costumam dizer ~ da anamnese como & exposto neste livro, argumentando que néo é assim que se faz na vida pritica. Na verdade, o que estamos propondo é um esquema para o aprendizado do método clinico. Para isso, 6 necessé- ri ser 0 unas abrangente possivel, de modo a incluir quase tudo de que se precisa nas iniimeras maneiras em que é feito 0 excreicio da profissio médica, sempre pensando, é claro, que o trabalho do médico deve ter a mais alta qualidade. ‘A transposiglo ou adaptagio deste esquema para “prontué- ros” e “fichas clinicas” precisa levar em conta as diferentes condigbes em que se dé o excreicio profisoional. Em hospitais universitérios, por exemplo, os prontuérios costumam ser muito detalhados, constituindo verdadeiroe cadernos, Ieoo & justificdvel porque, durante o curso de medicina e na pés-gra- duagio, é necessério eproveitar ao méximo a oportunidade de ‘obter dos pacientes um conjunto de dados que vio permitir ‘uma visio ampla e profunda das enfermidades. Nestes casos, Parte 1 | Semiologia Geral 0s prontuérios se assemelham ao esquema de anamnese aqui Proposto, Ne mada diferente, por motivas Shvios, nos postos de saide as fichas clinicas sio mais simples, contendo apenas 0 dados essenciais do exame do paciente. Entre um extremo outro, encontra-se uma grande variedade de modelos de fichas e prontuérios, muitos deles jé buscando uma maneira adequada para 0 uso dos dados clinicos em computador. Em. clinicas especializadas, determinados aspectos sio extrema- mente detalhados, enquanto os protocolos de pesquisa clinica sio especificamente preparados para esclarecer questdes que esto sendo investigadas. Por isso, para se adquirir uma sélida base do método cli nico, & indispensével a realizagio de histérias clinicas com a maior abrangéncia possivel, nao importando 0 tempo e 0 esforgo que sejam despendidos. O dominio do método clinico depende deste primeiro momento. As adaptagdes que vio ser feitas mais tarde, ampliando ou sintetizando um ou outro aspecto da anamnese, nao irdo prejudicar a correta aplicacao do método clinico. > Bibliografia Blcley 15, Sullagyé PG. Bates. Propeddatica Médica 10" el. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2010. Bird B Talking with Patients. Lippincot Ca, 1975 CCoulehan J lock M. A Entrevista Media, Porto Alegre, Artes Médicas, 1989, DiAssumpgio EA. Os que Purtem, os que Ficam. Belo Horizonte, © Latador, Entrlgo PL. La Historia Clinica, Barcelona, Salva, 1961, Jardim PCBV. Patologia da Hipertensio Arterial em Negros. Hiperatvo, Jarvis C. Exame Fscoe Avaliacio de Side, 3 ed, Rio de Janeiro, Guanabara “Knogan, 2002 Kina CM, Martins MA. O ensino eo aprendizado das habilidadesclnicas € competéncias médcas. Medicina, 29:107-413, 1996 able Koss E Sobre a Morte eo Moret. Sio Paulo Martins Fontes, 1987 ena S, Carvalho Siva D, Aves-SivaJ, Prado V, Santos FEstudo do DNA em. Porto CC. Exame Clinico, Bass para a Pritica Médica, 7 ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2012. Sousa PR. Os Sentidos do Sint. Psicantise e Gastrenteroogi. Si Paso, apirus, 1992 ZaidhaftS: Moree Formaglo Médica, Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1990

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