You are on page 1of 6

O Capital Financeiro Hoje

Corporações e Bancos no Perene Declínio Global

Introdução

This book focuses on two interconnected yet distinct dimensions of the contemporary world
capitalist economy. The first has to do with the forms and the consequences of the intermeshing
of highly concentrated and internationalised global banks, large transnational industrial and
service corporations and giant retailers, which constitutes finance capital in its contemporary
form. The second concerns finance qua finance, namely the processes associated with and
resulting from the spectacular growth over the last 40 years of assets (bonds, stocks, derivatives)
held by financial corporations (large banks and funds), but also by the financial departments of
TNCs and of the particular markets on which they operate.

Este livro se pauta por duas dimensões interconectadas, mas distintas, da economia capitalista
contemporânea. A primeira diz respeito às formas e consequências do entrelaçamento de bancos globais
altamente concentrados e internacionalizados, grandes corporações da indústria e do terceiro setor e
gigantescas redes de varejo, que constitui o capital financeiro em sua forma contemporânea. A segunda
diz respeito à finance qua finance, nomeadamente os processos associados com e resultantes do
espetacular crescimento, nos últimos 40 anos, de ativos (títulos, ações, derivativos) controlados não só
por corporações financeiras (grandes bancos e fundos), mas também pelos departamentos financeiros
das corporações transnacionais e dos mercados específicos em que elas operam.

In the Bank of International Settlements’ (BIS) 2014 Annual Report, one reads that ‘it is hard,
for its authors, to avoid the sense of a puzzling disconnect between the financial markets’
buoyancy and underlying economic developments globally’.1 In its March 2016 Quarterly
Review it warns again of the dangers this carries. The sluggishness of world GDP growth (global
growth for 2015 is estimated by the IMF as having been at 3.1 percent, 0.3 percentage points
lower than in 2014; for 2016 3.4 percent is projected)2 contrasts both with the intensity of labour
exploitation in the setting of factories and offices in industrialised countries, or of those like
Bangladesh, and with the amount of what is deemed to be money, incessantly moving around the Commented [Unknown A1]: No site da instituição
constam dois tipos de relatório anual, o “Annual Report” e o
world financial system and passing from one form of asset or one financial centre to another. “Annual Economic Report”. Optei por uma tradução que
Going back to the late 1980s, one can only be struck by the extremely sharp contrast between the mantém essa diferenciação.
downward trend in the rates of GDP growth and of investment, the rise in the rate of exploitation
Cf. https://www.bis.org/publ/about_ar.htm
as the political and social power relationships between capital and labour tip increasingly in
favour of capital, and the increasingly rapid increase in the nominal value of assets traded in
Commented [Unknown A2]: A partir da tradução oficial
financial markets only briefly halted by the financial crisis of 2008. One of the aims of the present em espanhol (Banco de Pagos Internacionales).
book is to account for this divergence.
Cf. https://www.bis.org/about/profile_es.pdf
No Relatório Anual Econômico (2014) do Banco de Pagamentos Internacionais (Bank for International Commented [Unknown A3]: Traduzido com o auxílio da
Settlements – BIS), lemos que ‘é difícil, para os autores, evitar a sensação de uma desconcertante versão em espanhol do relatório:
desconexão entre a pujança dos mercados e a evolução econômica subjacente’. 1 A lentidão do resulta difícil evitar la sensación de desconcertante
crescimento do PIB global (o FMI estimou um crescimento global de 3,1 por cento em 2015, 0,3 desconexión entre la pujanza de los mercados y la evolución
pontos percentuais menor do que em 2014; a projeção para 2016 é de 3,4 por cento) 2 contrasta tanto subyacente de la economía mundial.
com a intensidade da exploração do trabalho nas fábricas e escritórios de países industrializados – ou Cf. https://www.bis.org/publ/arpdf/ar2014_es.pdf
de países como Bangladesh – quanto com o montante daquilo que se considera dinheiro que se move
Commented [Unknown A4]: Talvez aqui seja cabível
complementar a nota 2 com uma nota do editor atualizando o
1
BIS 2014, p. 1. Tradução nossa. leitor sobre a confirmação (ou não) da projeção de
2
http://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2016/update/01/ crescimento feita pelo FMI.
incessantemente pelo sistema financeiro global, passando de uma forma de ativo para outra ou de um
centro financeiro para outro. Retrocedendo a finais da década de 1980, não podemos deixar de nos
impressionar com o contraste radical entre a tendência decrescente nas taxas de crescimento do PIB e
dos investimentos, o aumento da taxa de exploração (conforme as relações políticas e de poder social
entre capital e trabalho tendem cada vez mais para o lado do capital), e a alta cada vez mais acelerada
do valor nominal de ativos comercializados nos mercados financeiros, alta essa que só pôde ser
interrompida pela crise financeira de 2008. Um dos objetivos do presente trabalho é explicar tal
divergência.

The economic and political context of the analysis is that of the ongoing world economic and
financial crisis. As argued in Chapter 1, it is a crisis of over-accumulation and overproduction
compounded by a falling rate of profit. It was in the making since the second half of the 1990s
and delayed by massive credit creation and the full incorporation of China into the world
economy. Some scholars have named it a ‘crisis of financialisation’ or a crisis of ‘financialised
capitalism’.3 This is misleading. It is a crisis of capitalism tout court at a given moment of its
history, of which the completion of the world market (globalisation) and financialisation (as
defined later in this introduction) are major traits. Given that the US, both as state and capital,
was absolutely central in the making of global capitalism,4 not unsurprisingly it was there that
the genie of finance escaped from the bottle. All the more so since in the US more than anywhere
in the world system, the credit system had been pushed, starting at least in 1998, to its ‘extreme
limits’.5 But the ongoing crisis is that of ‘capital as a whole’. Even in its financial dimensions it
was, from the outset in August 2007, a world crisis. The slump which began in late 2008 was
global in nature6 and not just a North American ‘Great Recession’. Initially it hit mainly the
industrialised economies. Emerging countries, which first thought that they would remain largely
immune to its effects, were from 2010 onwards to lose this illusion. The situation at world level
has been and continues to be one of endemic over-accumulation and overproduction.
Calculations of the rate of profit from data in national accounts have documented its fall. Key
pieces of the world capitalist system are broken or in a very bad state. The US is the most
powerful economy and state in the world but no longer a hegemon in the way it once was. No
single economy alone can lift global capitalism out of the crisis, as the US economy could in the
1940s in the context of the Second World War and its aftermath. In this respect, as in some
others, ‘American Empire’, as analysed by Leo Panitch and Sam Gindin, belongs to the past.7
The making of global capitalism was indeed the result of US state and capital, but globalisation
has had its price for the US economy as for all others and originated huge novel domestic political
tensions.8

O contexto econômico e político de nossa análise é o da crise econômica e financeira global em


andamento. Como argumentamos no Capítulo 1, trata-se de uma crise de sobreacumulação e Commented [Unknown A5]: “Sobreacumulação.”
superprodução, agravada pela queda da taxa de lucro. Essa crise está sendo gestada desde a segunda Conforme consta, por exemplo, em
https://www.ifch.unicamp.br/criticamarxista/arquivos_bibliot
metade da década de 1990, embora sua explosão tenha sido atrasada pela criação massiva de linhas de eca/dossie50dossie1.pdf
crédito e pela plena incorporação da China à economia mundial. Alguns estudiosos a caracterizaram
como ‘crise de financeirização’ ou crise do ‘capitalismo financeirizado’. 3 Essas caracterizações são
enganosas. Trata-se de uma crise do capitalismo tout court, em um momento determinado de sua Commented [Unknown A6]: Manter tout court ou mudar
história, momento que tem como características marcantes a plena realização do mercado mundial para “simplesmente”?
(globalização) e a financeirização (conforme definida adiante nesta introdução). Dado que os EUA,
tanto como Estado quanto como capital, foram absolutamente instrumentais para a configuração do

3
Lapavitsas 2012.
capitalismo global, 4 não surpreende que tenha sido lá que o gênio financeiro escapou da garrafa. Mais
ainda se considerarmos que nos EUA, antes de qualquer outro lugar do sistema mundial, o sistema de
crédito foi levado, começando pelo menos em 1998, aos seus ‘limites extremos’. 5 Mas a crise em curso Commented [Unknown A7]: Se o sistema de crédito
é aquela do capital como um todo. Mesmo em suas dimensões financeiras ela foi, desde agosto de aparece como a alavanca principal da superprodução e da
superespeculação no comércio é só porque o processo de
2007, uma crise mundial. Mais do que uma ‘Grande Recessão’ norte-americana, o declínio que reprodução, que é elástico por sua natureza, é forçado aqui
começou em finais de 2008 teve um caráter global 6. Os países emergentes, certos de que iriam até seus limites extremos …
continuar em grande parte imunes aos efeitos da crise, perderam essa ilusão a partir de 2010. A situação
https://cursosobreocapital.files.wordpress.com/2017/06/marx
à escala mundial foi e continua a ser de sobreacumulação e superprodução endêmicas. Cálculos feitos a -o-capital-livro-3-tomo-1-os-economistas-nova-cultural.pdf
partir de dados dos relatórios financeiros nacionais documentaram a queda da taxa de lucro. Peças-
chave do sistema capitalista global estão quebradas ou em péssimo estado. Os EUA são a economia e o (p. 335)
Estado mais poderosos do mundo, mas sua antiga hegemonia foi perdida. Nenhuma economia pode, Commented [Unknown A8]: Por ora mantive as
por si mesma, tirar o capitalismo global da crise, como a economia dos EUA fez durante a década de chamadas bibliográficas em notas de rodapé como estão,
mesmo quando utilizei traduções oficiais em português para
1940, logo após a Segunda Guerra Mundial. Nesse quesito, o chamado ‘Império Americano’, como dar conta das citações diretas do autor. É claro que a versão
analisado por Leo Panitch e Sam Gindin, é coisa do passado. 7 A configuração do capitalismo global foi final terá as referências devidamente ajustadas.
de fato um resultado da ação do Estado e do capital estadunidenses, mas a globalização cobrou seu
preço à economia dos EUA assim como a todas as outras, dando origem a enormes e inéditas tensões
políticas. 8 Commented [Unknown A9]: Citação de Trotsky
traduzida com o auxílio da versão em espanhol do texto:
No End to Crisis in View … este inevitable avance de la hegemonía mundial de
Uma Crise Que Não Tem Fim à Vista Estados Unidos provocará profundas contradicciones
económicas y políticas en la gran república norteamericana.
Al imponer sobre el mundo entero la dictadura del dólar, la
If an ‘end to crisis’ is defined as the moment when sustained overall accumulation of productive clase dominante introducirá las contradicciones mundiales
capital gathers steam again in the world system as a whole, then nine years after the start of the en lo que constituye la base de su dominación.
world economic and financial crisis in July 2007 there is no end in sight. Each in their own field,
http://ceip.org.ar/Respuestas-al-New-York-Times
the major international organisations all make this clear. With respect to investment and trade,
UNCTAD characterises public policies, almost without exception, as ‘not addressing the rise of
income inequality, the steady erosion of policy space along with the diminishing economic role of
governments and the primacy of the financial sector of the economy, which are the root causes of
the crisis of 2008’.9 WTO reports that without precedent since the end of the Second World War,
trade has ceased to boost growth.10 World merchandise trade grew just 2.2 percent on average
during 2012–13, roughly equal to the rate of growth of world GDP. WTO forecasts a 2.8 percent
growth rate in 2015, down from the previous estimate of 3 percent.11 In its annual Financial
Stability Reports of 2014 and 2015, the IMF is concerned about the continued dependence of
industrialised countries on the injection of liquidity by central banks and the forms of financial
instability this produces. All these assessments preceded the marked slowdown in the Chinese
rate of growth and the collapse of its stock markets. The expression ‘from global slump to long
depression’12 can be used to express the transition that has taken place as the crisis has lasted.
The measures taken in 2008–9 in the G20 to preserve the status quo internationally, combined
with the fact that China was in a high growth phase and received government support funding,
have meant that the classical purgative effects of capitalist crises have been weak. Too little
productive capacity has been destroyed to clear the decks for new accumulation. The

4
Panitch e Gindon 2012.
5
Marx 1991, p. 572.
6
McNally 2011.
7
Panitch and Gindin 2012.
8
O que nos remete às palavras escritas por Trotsky em 1932: ‘o inevitável avanço da hegemonia mundial dos Estados
Unidos provocará contradições profundas tanto na economia quanto na política da grande república norte-americana. Ao
impor a ditadura do dólar sobre o mundo inteiro, a classe dominante dos Estados Unidos introduzirá contradições mundiais
na própria base de sua dominação’ (Trotsky 1973, tradução nossa).
concomitant rescue of the banks and the scale of the assets bought by the Fed strongly limited the
destruction of fictitious capital from the start, even before ‘unconventional policies’ became
current central banking practice.

Se entendemos o ‘fim da crise’ como o momento em que a acumulação sustentada geral do capital
produtivo recobra fôlego no sistema mundial como um todo, então fica claro que, nove anos após o
começo da crise econômica e financeira (em julho de 2007), não há fim à vista. Cada qual em sua
própria área, as principais organizações internacionais confirmam essa avaliação. No que diz respeito
aos investimentos e ao comércio, a UNCTAD caracteriza as políticas públicas, quase sem exceção,
como ‘incapazes de lidar com o aumento da desigualdade de renda, a constante erosão do espaço das
políticas públicas, o cada vez mais reduzido papel econômico dos governos e a primazia do setor
financeiro da economia, que são as raízes da crise de 2008’. 9 A OMC informa que, num acontecimento Commented [Unknown A10]: ‘Highlight’ em
sem precedentes desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o comércio parou de impulsionar o
https://unctad.org/en/pages/PublicationWebflyer.aspx?public
crescimento econômico. 10 O comércio de mercadorias global cresceu somente 2,2 por cento em média ationid=981
em 2012–13, uma taxa aproximadamente igual à do PIB mundial. A OMC prevê um crescimento de 2,8
por cento em 2015, uma redução da estimativa inicial de 3 por cento. 11 Nos seus Relatórios sobre a
Estabilidade Financeira Mundial de 2014 e 2015, o FMI se mostrou preocupado com a continuidade da Commented [Unknown A11]: https://www.imf.org/pt/Pu
dependência de países industrializados sobre a injeção de liquidez por bancos centrais, tendo em vista a blications/GFSR
instabilidade financeira que isso produz. Todas essas avaliações foram feitas antes da marcante
desaceleração das taxas de crescimento e do colapso das bolsas de valores chinesas. A expressão ‘da
queda global à longa depressão’ 12 se presta bem a expressar a transição que ocorreu na medida em que
a crise continuou vigorando. As medidas de preservação do status quo internacional tomadas pelo G20
em 2008–9, combinadas com o fato de que a China estava em uma fase de alto crescimento, recebendo
investimentos do governo, redundaram na debilidade dos típicos efeitos expiatórios das crises
capitalistas. Foi pouca até agora a destruição de capacidade produtiva, que limpa o terreno para dar
lugar a nova acumulação. O concomitante resgate dos bancos e a magnitude dos ativos comprados pelo
Fed limitaram fortemente, desde o início, a destruição de capital fictício, mesmo antes das ‘políticas
não-convencionais’ se tornarem prática corrente dos bancos centrais.

Large oligopolistic corporations are thriving, but as exemplified by the US data for the corporate
sector as a whole, the 2010–11 recovery in the rate of profit was short-lived. Furthermore, the
world market is one where macroeconomic conditions shaping the capital-labour relations of
power prevent the whole of the surplus value produced globally from being realised. Capital is
faced by a roadblock at C′ of the complete accumulation process (M-C . . . P . . . C′-M′).13
Nonetheless the expression ‘excess of surplus value’ as used by Bhir14 is misleading. What can be
seen analytically in those terms, in a reading of Marx which puts emphasis on the realisation of
surplus value, is experienced by capital as a limit that it must break through at all costs. Capital’s
thirst for profit is unquenchable. Its dangerousness lies there. This is also why the term
‘stagnation’ is misleading. Accentuated overall difficulties of realisation are answered in the
universe of firms by increased competition with its consequences both in terms of intensifijied
worker exploitation, aggravated exploitation of natural resources and an accentuation of what
the Hungarian philosopher Istvan Mészaros referred to as ‘generalised waste-production’.15 In
parallel, a growing fraction of M′ has not been re-injected as M into the accumulation process

9
UNCTAD 2014b.
10
OMC 2014.
11
OMC 2015.
12
Roberts 2013.
and instead has fuelled a process of a plethora of capital seeking valorisation in financial
markets.

Os grandes oligopólios corporativos estão prosperando, mas como exemplificado pelos dados do setor
corporativo estadunidense, a recuperação da taxa de lucro em 2010–11 foi de curta duração. Além
disso, o mercado mundial atual se vê em uma situação na qual as condições macroeconômicas que
moldam as relações de poder capital-trabalho frustram a realização da mais-valia produzida
globalmente. O capital encontra um bloqueio no estágio M’ do ciclo global de acumulação, (D — M ...
P ... M’ — D’). 13 Não obstante, é enganosa a expressão ‘excesso de mais-valia’, usada por Bihr. 14 Commented [Unknown A12]: Este nome está grafado
Numa leitura de Marx que coloque ênfase na realização da mais-valia, o que a análise desses termos incorretamente (Bhir, quando deveria ser Bihr) no texto
original.
deixa entrever é a experiência, pelo capital, de um limite que precisa ser superado a qualquer custo. A
sede de lucro do capital é insaciável – e o perigo mora aí. Pelo mesmo motivo, o termo ‘estagnação’ O autor está se referindo ao debate comentado aqui:
também é enganoso. No universo das empresas capitalistas, a resposta dada a dificuldades acentuadas
http://www.revistasep.org.br/index.php/SEP/article/view/1/7
de realização da mais-valia é o aumento da competição, com suas consequências para a intensificação 4
da exploração do trabalhador, para a extração desmedida dos recursos naturais e para o agravamento do
que o filósofo húngaro István Mészáros chamou de ‘produção generalizada do desperdício’. 15 Commented [Unknown A13]: Let us now consider the
Paralelamente, uma fração crescente de D’ não chegou a ser reintroduzida – enquanto D – no processo total movement, M — C ... P ... C’ — M’
de acumulação. Em vez disso, essa fração passou a alimentar um processo no qual uma pletora de
https://www.marxists.org/archive/marx/works/1885-
capital busca se valorizar no mercado financeiro. c2/ch01.htm#4

In different combinations with the effects of territorial expansion, and as in the twentieth century Consideremos agora o movimento global D — M ... P ... M’
— D’
of major wars, previous long phases of accumulation were built on the emergence of a whole new
set of technologies involving large industrial investments and calling on larger numbers of https://cursosobreocapital.files.wordpress.com/2017/06/marx
workers. The growth effects of the technological revolution bear no resemblance to those of the -o-capital-livro-2-os-economistas-nova-cultural.pdf
ones that preceded it.16 The spectacular developments in Big Data, in state and corporate
political and social control, and in personal IT devices are trees hiding the forest. The notion of Commented [Unknown A14]: A partir de:
‘secular stagnation’ has re-emerged and is now discussed by US Keynesian economists.17 It is https://nupese.fe.ufg.br/up/208/o/para-alem-do-
inappropriate from a Marxian perspective. In the setting of the twenty-first century, the absence capital.pdf?1350933922
of the conditions permitting the launching of a new phase of long-term, sustained, overall
(Item 15.1)
accumulation of productive capital means that human society is confronted with the
consequences of capitalism’s ‘historical limits’. This has ceased to be simply an intuitive concept.
Today, the degree to which, in Marx’s words, ‘production is production only for capital, and not
the reverse, i.e. the means of production are not simply means for a steadily expanding pattern of
life for the society of the producers’, and the extent to ‘which the maintenance and valorization of
the capital-value . . . depends on the dispossession and impoverishment of the great mass of the
producers’,18 is something to which figures can now be put. Today, inequalities in wealth are
once again as high as they were in the 1920s.19 Even in the industrialised countries, high work
insecurity and low wages is the daily lot of the great majority of workers. The world is reeking
with money and yet, with the exception of military budgets, any socially needed public
investment is always ‘too expensive’. Despite their evident failure to lift their economies out of the
crisis, governments seem to be committed ever more to economic and monetary policies shaped
by the interests of the richest with increasingly serious consequences for the most dominated
layers of the working classes. However, the climatic and environmental crisis is, of course, the
gravest dimension of the historical impasse of capitalism. Given the latter’s hold over

13
O fato de que existe um ‘problema da realização’ junto de uma insuficiente taxa de lucro já é reconhecido por Michael
Roberts (2016), mesmo que de forma um pouco relutante.
14
Bihr 2010.
15
Em Para além do capital, ele já analisava seu ‘triunfo’ (Mészaros 1995).
contemporary society, it is one that endangers civilised human society as such.20 I will return to
this in the concluding chapter.

Em diferentes combinações com os efeitos da expansão territorial, e como no século vinte das grandes
guerras, as longas fases de acumulação anteriores foram construídas a partir de todo um novo conjunto
de tecnologias, envolvendo vultosos investimentos industriais e o emprego de maiores números de
trabalhadores. Os efeitos da revolução tecnológica sobre o crescimento não têm qualquer semelhança,
porém, com aqueles das revoluções tecnológicas anteriores. 16 As espetaculares inovações na Big Data,
no controle político e social estatal e corporativo e nos dispositivos pessoais de TI são árvores que
escondem a floresta. A noção de uma ‘estagnação secular’ ressurgiu e hoje é discutida por economistas
keynesianos dos EUA. 17 De uma perspectiva marxista, ela é inadequada. No cenário do século 21, a
ausência de condições que permitam dar a partida em uma nova fase, sustentada e de longo prazo, da
acumulação geral de capital produtivo significa que a sociedade humana se vê mais uma vez em face
das ‘barreiras históricas’ do capitalismo. Esse dilema deixou de ser apenas um conceito intuitivo. Hoje,
podemos quantificar o grau segundo o qual, nas palavras de Marx, a produção é ‘apenas produção para Commented [Unknown A15]: A verdadeira barreira da
o capital’ enquanto que, inversamente, os meios de produção não são apenas ‘meios para uma produção capitalista é o próprio capital, isto é: que o capital
e sua autovalorização apareçam como ponto de partida e
estruturação cada vez mais ampla do processo vital para a sociedade dos produtores’, e ‘a manutenção ponto de chegada, como motivo e finalidade da produção;
e a valorização do valor-capital’ depende da ‘expropriação e pauperização da grande massa dos que a produção seja apenas produção para o capital e não
produtores’. 18 No mundo contemporâneo, as desigualdades econômicas se tornaram tão altas quanto inversamente, que os meios de produção sejam meros
meios para uma estruturação cada vez mais ampla do
eram na década de 1920. 19 Mesmo nos países industrializados, a grande insegurança trabalhista e os processo vital para a sociedade dos produtores. As barreiras
baixos salários são a parte que cabe à grande maioria dos trabalhadores. Os cofres mundiais estão entre as quais unicamente podem mover-se a manutenção e
transbordando de dinheiro mas, ainda assim, com exceção dos orçamentos militares, qualquer a valorização do valor-capital, que repousam sobre a
expropriação e pauperização da grande massa dos
investimento público necessário é ‘muito caro’. Apesar de terem fracassado em tirar suas respectivas produtores, essas barreiras entram portanto constantemente
economias da crise, os governos parecem comprometidos com políticas econômicas e monetárias em contradição com os métodos de produção que o capital
moldadas pelos interesses dos mais ricos, com consequências cada vez mais nefastas para as camadas precisa empregar para seu objetivo e que se dirigem a um
aumento ilimitado da produção, ã produção como uma
mais oprimidas das classes trabalhadoras. Nisso, a crise climática e ambiental é, claramente, a finalidade em si mesma, a um desenvolvimento incondicional
dimensão mais grave do impasse histórico do capitalismo. Dado o domínio do mesmo sobre a das forças produtivas sociais de trabalho. O meio -
sociedade contemporânea, esse impasse põe em risco a civilização humana como tal. 20 Voltarei a este desenvolvimento incondicional das forças produtivas sociais
de trabalho - entra em contínuo conflito corn o objetivo
ponto no capítulo final do livro. limitado, a valorização do capital existente. Se, por
conseguinte, o modo de produção capitalista é um meio
histórico para desenvolver a força produtiva material e para
criar o mercado mundial que lhe corresponde, ele é
simultaneamente a contradição constante entre essa sua
tarefa histórica e as relações sociais de produção que lhe
correspondem.

https://cursosobreocapital.files.wordpress.com/2017/06/marx
-o-capital-livro-3-tomo-1-os-economistas-nova-cultural.pdf

Commented [Unknown A16]: ‘Capitaloceno’:

https://www.goethe.de/ins/br/pt/kul/fok/ksm/21539326.html?
forceDesktop=1

16
Gordon 2012
17
Eichengreen 2015
18
Marx 1981, Vol. III, p. 358
19
Piketty 2013.
20
Cf. Moore 2014 e sua noção do ‘Capitaloceno’.

You might also like