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. YW an Mosaic (gene \\ CONECTA /) Alfredo Scheid Lopes Valorizacao da agricu Solucao definitiva e questéo de seguranca nacio Autor Alfredo Scheid Lopes Engenheiro agronomo, MSc, PhD, professor emérito da Universidade Federal de Lavras (UFLA), pesquisador emérito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnolégico (CNPq) Colaboradores Hernani Prado Vasconcelos Engenheiro agrénomo, gerente de marketing da Mosaic Fertilizantes do Brasil Ltda. Patricia Ferrari Engenheira agrénoma, coordenadora de marketing da Mosaic Fertilizantes do Brasil Ltda. Produzir alimentos em quantidade suficiente e com qualidade para atender o crescimento populacional mundial sempre foi um dos maiores desafios da humanidade. Afinal, estamos falando de “segu- ranca alimentar’. Essa questéo se configura como de especial inte- fesse, especialmente para as préximas décadas, dado o crescente aumento do poder aquisitivo da populacdo de paises emergentes, sem contar a caréncia generalizada de comida em grande parte das nagdes subdesenvolvidas. Segundo estudos e estimativas da Organizacéo Mundial para a Alimentacaéo e Agricultura (FAO), a producaéo mundial de alimentos, que era de 2 bilhdes de toneladas em 1990, quando a populacdo mundial era de 5,2 bilhGes de habi- tantes, devera passar para 4 bilhdes de toneladas no ano de 2025, quando a populacao mundial deverd ser de 8,3 bilhdes de habi- tantes. Para que essas metas sejam alcancadas, a produtividade média mundial de grdos, que era de 2,5 t/ha em 1990, deverd atingir 4,5 t/ha em 2025 (BORLAUG; DOWSWELL, 1993). Igual- mente importantes sao as demandas cada vez maiores de fibras e energia pela populacéo mundial. A palavra chave é, portanto, PRODUTIVIDADE. Isso é de especial relevancia em tempos de busca de tecnologias sustentaveis para se produzir cada vez mais com cada vez menos recursos. Terra e agua sao bons exemplos disso. Substituir terra por tecnologia e usar recursos hidricos adequadamente, sem duivida nenhuma, séo duas das mais importantes ferramentas que temos na agricultura para preservar o nosso planeta. Quais sao o papel e a situacao do Brasil nesse contexto? Serd que estamos preparados para enfrentar os desafios que nos serao impostos néo somente pela nossa demanda interna, mas também. pela de outros paises? Certamente, o Brasil é um dos poucos paises com amplas possibili- dades de garantir a seguranca alimentar em nosso planeta, bem como a producao de fibras e energia, pelas seguintes raz6es: a) Produtividade Gracas aos investimentos feitos em pesquisas agropecuédrias nas Ultimas décadas, 0 pais possui tecnologias agricolas de producao sustentaveis para conseguir, a curto prazo, grandes avancos na produtividade média de muitas culturas, principalmente aquelas que se constituem em alimentos basicos. Obviamente, hd que se promover melhor difusdo dessas tecnologias, bem como a adocao de polliticas publicas que permi- tam sua rapida implementacao. Como exemplo do que pode ser feito, podem ser citadas as seguintes produtividades alcancadas por bons produtores no Brasil: feijao - 3,5 t/ha, arroz de sequeiro - 6 t/ha, milho - 10-12 t/ha, mandioca - 40 t/ha, muito acima das médias nacionais de produtividade para essas culturas, que sao de 0,7, 3,6, 3,4 e 13 t/ha, respectivamente. Isso revela que a difusaio das tecnologias e a adocao de politicas publicas que permi- tam a implementacao das tecnologias ja existentes séo mais importantes do que a necessidade de geracao de novas tecnologias pela pesquisa. Outro exemplo marcante do que se pode conseguir com tecnologia foi a efetiva incorporacao ao processo produtivo brasileiro dos 15 milhées de hectares do Cerrado, fato considerado por Norman Bourlaug, Prémio Nobel da Paz de 1970, como a maior revolucdo verde de toda a historia da humanidade. Em 2006, essa regido foi responsavel por 89% do algodao, 69% do sorgo, 55% da carne bovina, 53% da soja, 48% do café, 37% do arroz, 30% do milho, 25% do feijao e 13% da cana-de- acucar produzidos no Brasil, passando de 5,6 milhdes de toneladas de grados em 1970 para 44 milhdes em 2003. Vale ressaltar que, até a década de 1960, os solos da regiéo do Cerrado eram considerados marginais para exploracdo agricola intensiva. O sucesso de sua ocupacao agricola s6 foi posstvel gracas a disponibilidade de tecnologia avancada e de sua adequada implementacao. b) Expansao da fronteira agricola O Brasil dispde da maior fronteira mundial para expansdéo da agricultura, pois dos 1,4 bilhdes de hectares de terras agricultéveis disponiveis no mundo, nosso pais possui cerca de um terco. Em 2006, apenas cerca de 15% de nossas terras agricultaveis estavam sendo utilizadas, contra 70% da China (96 milhdes de hectares), 60% da Unido Europeia (188 milhdes de hectares), 60% da Russia (132 milhdes de hectares), 100% da India (169 milhdes de hectares), 69% do Canada (59 milhdes de hectares), 70% dos Estados Unidos (188 milhdes de hectares) e 38% da Argentina (27 milhdes de hectares). Entretanto, embora o Brasil disponha dessa consideravel fronteira agricola a ser explorada a médio e longo prazos, a curto prazo, as politicas publicas de apoio a agricultura deveriam, com absoluta prioridade, incentivar o aumento da produtividade com sustentabili- dade nas areas ja incorporadas ao processo produtivo e nado a simples expansao da fronteira agricola. Existem estimativas de que o Brasil tenha atualmente 180 milhdes de hectares de pastagens, nativas ou melhoradas. Desse total, 90 milhdes de hectares estdo degradados ou em inicio de degradacdo. Se um terco desses 90 milhdes de hectares fosse incorporado ao processo de producao de graos, por exemplo, com produtividade média de 4 t/ha, a producao brasileira poderia ser aumentada em 120 milhdes de toneladas sem a necessidade de desmatar um hectare sequer. ¢) Disponibilidade de agua Com cerca de um quinto da agua doce do planeta, é inquestionavel que 0 Brasil possui amplas possibilidades de aumento da area sob irtigacéo, com manejo correto dos recursos hidricos, o que propiciaria incrementos substanciais na produtividade das culturas. Apesar de nossas vantagens comparativas e do exemplo de sucesso que vem sendo dado pelo agricultor brasileiro no cenério internacional, ainda existe, por parte do puiblico em geral, notadamente daqueles que nao estaéo familiarizados com assuntos ligados ao campo, profundo desconhecimento do que foi alcancado pelo desenvolvi- mento da agricultura brasileira nos contextos macroeconémico, ambi- ental e social nas ultimas décadas. Em realidade, as mensagens veicu- ladas normalmente por um grande numero de meios de comuni- cacao de massa retratam a agricultura como a grande vila ambiental, contribuindo para o desmatamento desenfreado da Regido Amazé6nica, e revelam, ainda, que 0 agronegécio sé privilegia os grandes produtores rurais e as culturas de exportacdo, o que nao é verdade. Adicionalmente, varias dessas mensagens sugerem que os beneficios sociais do modelo de agricultura tradicional adotado no Brasil foram infimos, 0 que também é€ contestado pela queda de precos relativos dos alimentos da cesta basica brasileira, conforme demonstrado mais adiante neste texto. O pior de tudo isso ocorre quando algumas pessoas, com total desconhecimento da verdade e sem nenhum embasamento cientifico, apregoam em suas falas que os trés “canceres" da agricultura brasileira séo 0 agronegécio, o eucalipto e os transgénicos. Esse tipo de declaracéo é, no minimo, irresponsavel! O Brasil tem incontestavel vocacdo agricola. Entretanto, para que essa voca¢ao possa ser exercida em sua plenitude, hd necessidade urgente de se levar ao conhecimento de todos os brasileiros, por intermédio de um programa agressivo de marketing, exemplos positivos da importancia da agricultura para o desenvolvimento do Brasil e de seu povo. Em outras palavras, é necessdrio difundir uma mensagem clara e objetiva sobre a importancia do que representa o desenvolvimento da agricultura para melhorar as condic6es de vida e de seguranca alimentar nao apenas internamente no Brasil, mas para toda a humanidade. Se incluirmos nesse contexto as oportunidades que o Brasil poderé ter com o boom das necessidades mundiais em termos de agroenergia, nossas oportunidades serao, por certo, consideravel- mente aumentadas. Isso e outras acdes sao tratadas em detalhes na publicacao intitulada Vocagao da terra (LOPES; GUILHERME; SILVA, 2003). Vale ressaltar que um dos poucos segmentos da agricultura brasileira que investiram em marketing foi o da agricultura organica. Em diver- sas ocasides, entretanto, esse segmento tem inundado os meios de comunicagéo com mensagens distorcidas de que tudo o que é organico e natural é saudavel e, por via de consequéncia, tudo o que € quimico - incluindo aqui o uso de agroquimicos - € danoso ao homem e ao ambiente. Como escreveu Dick Taverne, autor do livro A marcha para a irracionalidade, em matéria publicada no joral The Guardian, no Reino Unido: Nao existe nada sauddvel em relagGo a produtos quimicos naturais como a ricina ou aflatoxina ou a toxina botulinica, ou especialmente perigoso em relacGo a produtos quimicos sintéticos como as sulfo- namidas [bactericida], a isoniazida, que cura a tuberculose, ou o analgésico paracetamol (TAVERNE, 2004, tradu¢Go nossa). E necessdrio que os outros segmentos da agricultura levem ao cidadéo comum mensagens mostrando alguns exemplos de conquistas da agricultura brasileira e esclarecam a opiniao publica sobre inverdades que aparecem no dia a dia de muitos meios de comunicacao. Acredita-se que, entre outros, os trés topicos seguintes merecem ser esclarecidos por meio de uma ampla campanha de marketing de modo a haver uma reflexdo de todos os cidadaos. 1) Aspectos ambientais No perfodo de 1970/71 até 2009/10, a producao das 16 princi- pais culturas no Brasil (em base seca) passou de 52 milhdes de toneladas para 259 milhdes de toneladas (aumento de 5,0 vezes). No mesmo perfodo, a produtividade passou de 1,4 t/ha para 4,2 t/ha (aumento de 3,0 vezes) e a area cultivada passou de 36 para 61,7 milhdes de hectares (aumento de apenas 1,7 vezes). Como consequéncia, o aumento da producdo decorreu muito mais do incremento de produtividade do que da simples expansdo da area cultivada (Gréfico 1). Vale ressaltar que tudo isso ocorreu mesmo estando as produtividades atuais para algumas culturas ainda longe do ponto de maximo econémico. Esses dados revelam que, se estivéssemos produzindo em 2009/10 (259 milhdes de toneladas) com as produtividades de 1970/71 (1,4 t/ha), teriamos que ter incorporado ao processo produtivo da agricultura brasileira mais 77 milhdes de hectares. Em outras palavras, o aumento da produtividade, em decorréncia de investimentos em tecnologias mais eficientes, incluindo melhor manejo da fertilidade do solo, evitou desmatamento equivalente a 77 milhdes de hectares. Apenas para fins comparativos, vale ressaltar que isso equivale a aproximadamente um terco de toda a area de Cerrado no Brasil. Essa é, talvez, a maior contribuicéo em termos ambientais resultante desse processo. 160 rosetta hewn (mithdes de hectares) os sss 8 TW WS/16BO/AL—AS/¥E_ 30/91 95/96 00/1 05/06. 09/10 Anos Grifico 1. Teras poupades no Bras no perodo de 1970/71 «2008/10 ¢ producio ‘agrovegetal (om base seca) de 16 cuturas, Fonte: ANDA (2011) IBGE (2011) e CONAB (2011) Por tudo isso, vale a pena enfatizar, mais uma vez, o papel fundamental para o desenvolvimento sustentavel que representa o uso de técnicas que lever ao aumento da produtividade agricola nas areas jé incorpo- tadas ao processo produtivo. De fato, isso se constitu) em um poderoso instrumento de preservacéo ambiental, pois diminui as pressdes de desmatamento das areas florestadas, muitas vezes nado adequadas ao processo intensivo da producao agropecuéria, deixando mais espaco para a vida silvestre, a manuten¢ao da biodiversidade e a preservacao da natureza. 2) Aspectos econémicos Um dos aspectos mais notaveis pertinentes ao crescimento da econo- mia brasileira nos ultimos anos foi a evolucado do agronegécio, o qual envolve os segmentos de “antes da porteira’, “dentro da porteira” e “depois da porteira”, e movimentou, em 2010, recursos da ordem de R$ 821,06 bilhGes, atingindo o indice de 22,34% do Produto Interno Bruto (PIB) (R$ 3,67 trilhdes). O agronegécio, como um todo, ainda representou, naquele ano, 35% dos empregos (12% da populacdo economicamente ativa) € 38% das exportacdes (US$ 76,44 bilhGes) (Grafico 2). RS 821,06 bilhes (22.34% do PIB do Br = RS 3,67 tithes) ilantes da porteire Dentro da porters lbepois da porteira ‘380 das exportagSesbraileitas (USS 76,46 bibs) Grifico 2.0 agronegsici no Bras em 2010. 55% dos empregos (12% de populagéo economicamente avs) Fonte: CEPEA/USP (2011), CNA (2011) e MAPA (2011. Dados publicados pela Revista Veja (SILVA, 2004) mostraram que, em 2003, 0 Brasil se posicionava em primeiro lugar mundial na exportacao de varios produtos: a) vendeu 29% de todo o a¢ticar consumido no mundo; b) vendeu 28,5% do café em gréo consu- mido no planeta e 43,6% do café soltivel; c) assumiu a lideranca em comercializacao de carne bovina, em 2003, com 19% de partici- pacdo no mercado mundial; d) foi o primeiro em vendas de carne de frango, com exportacdes de US$ 1,9 bilhao; e) deteve 38,4% do mercado mundial de soja em grao; f) vendeu 81,9% do suco de laranja distribufdo no planeta; g) vendeu 23,1% do tabaco consu- mido no mundo. Em 2008, as exportacdes de todos os produtos do agronegécio atingiram US$ 71 bilhdes, em um mercado represen- tado por 182 paises. Em 2009, 0 Brasil foi o maior produtor mundial de café, aclicar, suco de laranja e carne bovina, ocupou o segundo lugar na producaéo do complexo da soja e de carne de frango e o primeiro lugar em termos de exportacao de todos estes produtos. Embora apresente toda essa pujanca, hé uma conceituacao errénea do publico em geral, principalmente por parte daqueles nao ligados as atividades agricolas, de que o segmento do agronegécio envolve apenas o grande produtor rural e as culturas de exportacao. E preciso lembrar que também sdo constituintes importantes do agronegocio a agricultura familiar do pequeno produtor rural e até mesmo a chamada agricultura de subsisténcia. A agricultura familiar, ou aquela praticada nas pequenas proprie- dades, atualmente responde por 30,5% da area total cultivada no pais, 38% de tudo que se produz e por 77% das pessoas que trabalham na agricultura. Nesse contexto, a agricultura familiar é responsavel por 67% do feijao, 84% da mandioca, 31% do arroz, 49% do milho, 53% do leite, 59% dos suinos e 40% das aves e ovos produzidos no pais, para citar apenas alguns produtos do campo. Vale ressaltar que a agricultura de subsisténcia, segmento mais pobre e que mais precisa de apoio institucional para o seu desenvolvimento, também é parte importante do agronegécio. Somente com acesso a tecnologias de producao sustentaveis - e sua efetiva implementacao - é que os produtores desse segmento conseguiréo aumento de produtividade para que suas terras possam produzir além daquilo que representa a simples necessi- dade para a sua subsisténcia e de seus familiares. Ao ter acesso a essas tecnologias, muitas delas simples, esse tipo de produtor poderé vender o seu pequeno excedente de producao no mercado préximo, aumentar a sua renda e contribuir para a sua propria incluséo social. Pelo exposto, € necessdrio e urgente, portanto, desmistificar a ideia de que o agronegécio apenas faz parte do universo dos grandes produtores e das culturas de exportacao. 3) Aspectos so Finalmente, os aspectos sociais séo os mais importantes e desconhe- cidos do grande publico, resultado da evolucéo da producao, da produtividade e da eficiéncia dos sistemas produtivos da agricultura brasileira. Esse ponto é ilustrado pelos dados mostrados no Gréfico 3, que resume a “involucaéo" dos precos reais da cesta de produtos da agropecuadria nos Ultimos 36 anos, beneficiando todos os brasileiros, principalmente aqueles que se encontram no segmento de mais baixa renda da sociedade. De janeiro de 1975 a janeiro de 2011, os precos Teais desses produtos cairam para um terco do seu valor original, seguindo uma tendéncia linear de queda nesse periodo (Grafico 3). Poucos programas de inclusao social govemamentais tiveram 0 sucesso representado pelas inovacdes tecnoldgicas que permitiram a evolucdo € 0 desenvolvimento da agricultura brasileira, contribuindo para esse barateamento dos precos reais da cesta de produtos agropecudrios. i LL a ag Be g3° i 4 Jan Jan Jan Jan Jan Jan Jan Jan Jan dan Grifico 3. A invlucio" dos pregos reais da cesta de prodtos da agropecutia em resposta ds invagSes tecnolgicas,no period de janeiro de 1975 2 janeiro de 2011 Fonte: Battos (2011). Para concluir e reforcar muitos dos pontos discutidos previamente, apresenta-se um resumo que ressalta alguns tépicos mencionados no video produzido pela BASF (2010) e que complementam este texto 1) Nos ultimos 35 anos, o Brasil passou de importador a um dos maiores exportadores de alimentos do mundo, utilizando apenas 9% de seu territério. Isso se deu, principalmente, pelo aumento da produtivi- dade da agricultura brasileira e nao pelo simples aumento da érea plantada. Nesse periodo, o agricultor brasileiro produziu 3,5 vezes mais atroz, 3,0 vezes mais milho, 2,2 vezes mais feijéo, 1,9 vezes mais soja e 2,9 vezes mais trigo. Em 1940, um agricultor brasileiro produzia alimen- tos para 19 pessoas, em 1970, para 71 pessoas e em 2010, para 155 pessoas. 2) O agronegécio (segmento que inclui grandes produtores rurais, culturas de exportacao, agricultura familiar e até a agricultura de subsistén- cia) € 0 responsavel pelo superdvit da balanca comercial, por um quarto do PIB brasileiro e gera um de cada trés empregos, ou seja, é responsavel por 37% dos empregos no Brasil. 3) O planeta busca fontes de energia renovaveis. No Brasil, o consumo de etanol produzido a partir da cana-de-aclicar superou o consumo de gasolina em 2010. Até 2020, a producado de energia a partir do bagaco de cana-de-acuicar pode atingir niveis comparaveis aos da hidrelétrica de ltaipu. 4) Nos ultimos 20 anos, a produtividade média da cana-de-acuicar aumentou de 61 t/ha para quase 88 t/ha, enquanto de 1975 a 2010, a producao aumentou de 89 milhdes de toneladas para 696 milhdes de toneladas, com a cultura ocupando menos de 1% do territério brasileiro. 5) Isso ocorreu pela adocao de tecnologias sustentaveis de producao, como o plantio direto na palha que, entre outros beneficios, evita a erosdo e, nos Ultimos 38 anos, passou de 180 hectares para 26 milhdes de hectares. 6) Como outro fato relevante, o agricultor brasileiro € 0 que mais devolve embalagens vazias de defensivos. Em 2010, mais de 94% das embalagens plasticas foram retiradas da natureza contribuindo efetiva- mente para a preservacao ambiental. 7) E admirdvel que os agricultores brasileiros tenham tantas coisas em sua mente: pragas, doengas, ervas daninhas, seca, geada, chuvas de granizo, taxa de cambio, leis, impostos, infraestrutura, commodities, aquecimento global, entre outras, e mesmo assim sejam competitivos. 8) Em 10 anos, a demanda mundial por alimentos crescerd 20% e 0 Brasil atendera 40% dela. No perfodo entre 2010 e 2050, os agricul- tores terao de produzir uma quantidade de alimentos semelhante a tudo 0 que ja foi produzido desde que a agricultura comecou a existir, em 10.000 AC. 9) No Brasil, as Unidades de Conservacéo Ambiental somam 115 milhdes de hectares, enquanto as Reservas Indigenas totalizam 109,17 milhdes de hectares. No total, o Brasil mantém 69,4% de sua cobertura vegetal nativa, enquanto a Europa mantém apenas 0,3%. Por tudo isso, faz-se necessario adotar medidas emergenciais para eliminar os gargalos que impedem o aumento da produtividade - com sustentabilidade - das culturas de exportacao, da agricultura familiar nas pequenas propriedades rurais e da agricultura de subsisténcia, conforme ja diagnosticado em varios foruns competentes, como a Camara Teméatica de Insumos Agropecudrios do Ministério da Agricultura. A elimina¢aéo desses gargalos pelos orgaos constituidos e pela iniciativa privada certamente contribuira para que o Brasil se consolide como uma poténcia mundial na producdo de alimentos, fibras e energia renovavel. Acima de tudo, permitiré que 0 nosso Brasil se tore uma grande na¢do com mais justica social. E NECESSARIO QUE A AGRICULTURA BRASILEIRA SEJA CONSI- DERADA UM ASSUNTO DE SEGURANCA NACIONAL. Para isso, as autoridades constituidas devern estabelecer politicas agricolas de longo prazo, de modo que a nossa vocaco agricola seja exercida em sua plenitude. Precisamos acabar com programas do tipo “apaga-incéndio", que deixam o nosso futuro em aberto ou, o que é na verdade pior, fechado a perspectivas que se vislumbram bastante promissoras para o Brasil, como um grande pais lider mundial na producao de alimentos, fibras, agroenergia € outros produtos do campo. Da préxima vez que vocé tomar o café da manhi, almogar ou jantar, degustar um bom vinho ou a sua cerveja preferida, diminuir a sensacao de calor com uma roupa de algodao ou abastecer 0 seu carro com etanol, agradeca a competéncia e a evolucdo da agricultura brasileira e, em especial, ao trabalho do agricultor e seja um difusor dos pontos aqui levantados. REFERENCIAS ANDA. Associacéo Nacional para Difusao de Adubos. Anuario estatistico do setor de fertilizantes. Sdo Paulo, 2011. BARROS, J. R. M. O fim do alimento barato? Observador Politico, Sao Paulo, 2011. Disponivel em: . Acesso em: 11 out. 2011. BASF - The Chemical Company. Um planeta faminto e a agricultura brasileira. 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