Professional Documents
Culture Documents
ADRA • Revista dos socios e socias do Museo do Pobo Galego • Nº0 • Santiago de Compostela, 2005
Revista dos socios e socias do Museo do Pobo Galego
Nº0 Santiago de Compostela, 2005
O patrimonio inmaterial
SANTIAGO VELOSO TRONCOSO
Consello de edición:
Fátima Braña Rey
Rosa Mª Méndez García
Xaquin Penas Patiño
Manuel Vilar Álvarez
Polo tanto, os socios e socias sempre tivemos unha parte nese territorio
común que é o MPG. Agora queremos darlle un novo pulo a esa nosa relación,
porque os tempos son outros e pensamos e queremos facer algo máis que estar
nos órganos de participación e goberno. Gustaríanos que a nosa colaboración
servise para activar os contidos e enriquecer a vida desta institución,
achegar un aire fresco e darlle novo realce dentro da sociedade, pois estamos
convencidos que, agora como antes, a Galiza do século XXI precisa desta
institución. Pensamos que un xeito máis de activar a vida do Museo, hai
outras formas nas que tamén queremos estar presentes, e de enriquecer a súa
dinámica é por medio dunha revista que, sendo voceiro dos socios e socias,
axude a irradiar a vida e a imaxe do Museo na sociedade e recolla as ansias e
arelas desta para reflectilas culturalmente nos seus espazos.
ANTÓNIO MEDEIROS
Departamento de Antropologia do ISCTE
Lisboa
Risco, Ramón Otero Pedrayo ou Florentino Para aclarar esta citação deve especi-
López Cuevillas. ficar-se que a Vicente Risco ficou cometida
a etnografia e a Ramón Otero a geografia,
2. nesta repartição tão extraordinária feita na
A aceitação por parte de D. Antonio das Ourense do princípio do século XX. Assim,
afinidades do trabalho de antropólogos – podemos perceber a plena intencionalidade
como lhe fui apresentado em 1997 –, arque- nacionalizadora deste acto de fundação. Se
ólogos e etnógrafos , é muito sugestiva. De somarmos a prática da história – e Otero,
facto poderiam ser alargadas ainda a outras por exemplo, exerceu-a de forma eminente
especialidades que D. Antonio praticou ao e Risco também a escreveu ainda que de
longo da sua vida, como a história ou a forma mais pontual –, encontraríamos dado
geografia. o leque completo das disciplinas nevrál-
Encontramos dificuldades de fazer uma gicas, mais regularmente accionadas nos
definição estrita do que foi considerado processos de nacionalização da cultura
como etnografia na Galiza do século XX, ou (Thiesse 2000, Smith 1991; Löfgren 1989).
antropologia (um termo menos usado até Os empenhos mais específicos de
anos mais recentes, a não ser para referir pesquisa científica, suscitados por compro-
estudos de antropologia física). Por outro missos nacionalizadores, foram sobre-
lado, julgo que devemos considerar estas tudo exercidos no âmbito do Seminario de
práticas de limites difusos tomando como Estudos Galegos. Uma instituição organi-
referência principal os empenhos nacionali- zada a partir de 1923, por iniciativa de um
zadores de quem as exerceu. grupo de estudantes da Universidade de
Um dos contemporâneos de D. Antonio Santiago, que recebeu a tutela da geração
Fraguas, o já mencionado Xaquín Lorenzo, ascendente, da qual fazia parte Vicente
descrevia um acto fundacional – ainda que Risco que se tornou o direitor (director) da
usasse a metáfora consabida da “revitali- sua secção etnográfica.
zação” (Smith 1999) – de ciências envolvidas Vale a pena citar Joan Prat que reconhece
no reconhecimento e afirmação da entidade o caso galego como exemplo paradigmático
cultural da Galiza do seguinte modo: das relações históricas entre a etnografia e
“Anos atrás, naquil Ourense pequeno os projectos políticos, no âmbito do Estado
e garimoso que ainda algúns lembran, Espanhol no período anterior a 1936: El para-
xuntáronse tres homes, rapazotes entón, e digma de lo que venimos apuntando podría
que un día habián de ser tres lumiares da ser el Seminario de Estudos galegos, que con
nosa cultura: Ramón Otero, Vicente Risco sus diversas secciones – prehistoria, historia,
e Florentino Cuevillas. Analizaron os nosos arqueología e historia del arte, filología,
estudos e atoparon que había en Galicia historia de la literatura, geografía, etnografía
tres cencias esquencidas que cumpría vita- y folklore, ciencias sociales, jurídicas y econó-
lizar: a Xeografía, a Etnografía e a Prehis- micas, ciencias naturales y aplicadas, etc.
toria. Repartíronnas antre iles, e Cuevillas – se proponía el estudio integral de la cultura
adicouse á Prehistoria (Lorenzo 1957: 135). y civilización gallegas” (Prat 1991b: 27).
1 Bisbarra, segundo opiniões que ouvi em Santiago, teria sido um dos termos cunhados ex-novo pelos galeguistas de 1920, supostamente
uma má interpretação de um localismo avulso tomado como sinónimo de comarca – teria sido preferida a primeira voz, supostamente mais
vernácula. De qualquer modo, ainda que seja pouco usado, bisbarra hoje tem registo no Diccionario da Real Academia Galega.
2 Jose Filgueira Valverde (1906-1996) foi em 1923, um dos jovens fundadores do Seminario de Estudos Galegos, onde D.Antonio Fraguas
passou a colaborar pouco tempo depois. Ligado a um efémero grupo galeguista conservador durante a 2ª República – a Direita Galeguista
de Pontevedra –,Filgueira pôde fazer carreira política sob a ditadura de Franco, um caso isolado entre os galeguistas de maior notoriedade.
Foi um escritor polígrafo talentoso e erudito (cf. a deliciosa colectânea de pequenos textos reunida nos vários volumes de Adral). Sob a sua
direcção o Museu de Pontevedra tornou-se famoso na Galiza pela variedade e riqueza das suas colecções. Filgueira foi o segundo presidente
do Consello da Cultura Galega, sucedendo a Ramón Piñeiro.
vantagem: exemplaridade. Diz:“Pois tod’a a evocados e era a figura mais esperada por
vida do chán galego soio pode ser compren- todos os presentes no auditório da pequena
dida dun xeito armoñoso que abranga a vila. A assistência era sobretudo constituída
fartura e variedade das manifestacións. por habitantes locais, adolescentes que
Somentes con ise senso inicial se pode frequentavam a escola secundária, os seus
eispricar a unidade de Galicia. E as terras pais, professores e activistas culturais da
indefrenciadas forman a grande masa telú- associação que mantém o pequeno museu
rica da qu’as outras – … – non son máis que etnográfico existente na vila.
afirmacións millor desenroladas do tema A chegada do velho etnógrafo provocou
xeneral”. comentários e cochichos porque se tratava
Filgueira Valverde não foi autor de de uma figura popular, mesmo para além
nenhuma das monografias incluídas em dos círculos eruditos. D. Antonio tinha-se
Terra de Melide. Muito jovem ainda, tal tornado conhecido pelas suas andanças
como D. Antonio Fraguas, foi apenas mais passadas pela Terra e, nos anos recentes,
um dos jovens colaboradores nas equipas pela participação em inúmeras palestras
de trabalho então reunidas. Mas é ele quem e eventos que celebravam a da cultura
assina o prólogo da reedição fac-similada nacional galega. Contudo, para a maioria
desta famosa obra, surgida em 1978. É dos galegos as possibilidade do seu reco-
lata a evocação feita nesta data por D. Jose, nhecimento seriam sobretudo mediadas
falando dos tempos e trabalhos heróicos pela programação da TVG, onde mantivera
do Seminario, dos projectos de conheci- um programa feito em torno da etnografia
mento ali mantidos diz: “Foron dispostas galega.
como estudos de conxunto … quebrando a, Em Melide, pude aperceber-me da
humanísticamente, as sebes da especiali- sua popularidade quando um grupo
dade. Deste xeito, a Prehistoria non seria de mulheres de meia-idade e aspecto
algo lonxano para os que catalogaban vexe- modesto se alvoroçaram quando chegou
taes ou aves; o paleógrafo podería parolar, o velho galeguista, dizendo “xa la ven D.
sobre o terreo, co xeógrafo; o arquitecto tiña Antoniño…” e foram comentando a sua
algo que adeprender dos historiadores, e aparência por confronto com as imagens
todos, dos artistas e dos poetas. A pe, pelos que conheciam da televisão. Seguiram-no
duros camiños da montaña, nas tabernas da depois para o interior do auditório para
veiramar, nos mesóns dos feirantes, fumos ouvir falar de velhas festas, de formas de
descubrindo o noso pobo, cursando galegui- namorar antigas, das propriedades cura-
dade (Filgueira 1983: VII-VIII; confrontar tivas de ervas e de provérbios. Por este
com Smith 1991). intermédio foi da cultura popular galega
No colóquio comemorativo feito Melide que D. Antonio falou; afinal, tinha sido
em 1998, participaram conferencistas de como antropólogo e guardião privilegiado
várias formações, tanto académicos como de conhecimentos sobre a Galiza no seu
investigadores autodidactas. Ali, D. Antonio conjunto que os organizadores do evento
seria o único sobrevivente dos tempos tinham feito a sua apresentação.
3O Instituto de Estudios Gallegos “Padre Sarmiento” surgiu em 1942-1944, como uma concessão do novo regime autoritário. Sempre foi
polémica, desde então, a medida em que o novo Instituto poderia ser considerado herdeiro legítimo do velho Seminario. Foi muito censu-
rado tanto o número das disciplinas como o ímpeto de pesquisa do projecto anterior; também passou a ser usado o castelhano em todas
as publicações. D. Antonio teve lugar na nova instituição – tendo sido o seu primeiro bibliotecário Ð tal como aconteceu com Vicente Risco,
F. Cuevillas, Bouza-Brey, Otero Pedrayo, entre outros galeguistas activos no período anterior (cf. Ortiz e Sánchez 1994). Até hoje, os críticos
da instituição sublinharão o duplo ÐlÐ de ÐgallegosÐ para dar conta do seu pouco apreço pelo Instituto (que depende da instituição que
tutela a nível estatal a investigação científica em Espanha, o CSIC). Em 1978, um grupo de intelectuais nacionalistas refundou o Seminario
de Estudos Galegos com a mesma vocação multidisciplinar do projecto original. Até hoje são discretas as actividades do ressuscitado Semi-
nario, julgo que por debilidades de empenhos e de recursos materiais. D.António também marcou presença nesta refundação tão carregada
de simbolismo (cf. Díaz Pardo 1990).
pologia na Galiza. Disciplina cujos trabalhos social” uma parte dos estudos que aquele
são actualmente percebidos como contri- seu coetâneo desenvolvera.
buto importante para a galeguização da Na Espanha dos meados dos anos 70 a
cultura, como já sugeri anteriormente. antropologia social era uma disciplina de
Surgiu o Museo do Pobo Galego logo em introdução muito recente que dava passos
1976, mais tarde foi instituída a Ponencia pioneiros em contados centros universitá-
de Antropoloxia Cultural no Consello da rios, e cujos praticantes marcavam muito
Cultura Galega e a antropologia também explicitamente fronteiras por relação às
ganhou paulatinamente lugar no sistema práticas etnográficas antecedentes. Não é
universitário galego (cf. Pereiro Pérez 2001). arriscado sugerir que teria sido de encontro
De uma forma mais difusa, multiplicaram- ao prestígio da nova disciplina académica
se também as alusões feitas a questões emergente que Filgueira Valverde fez esta
“etnográficas” ou “antropológicas”, tanto denominação dos antigos interesses do seu
nos programas da TVG, como para designar biografado e amigo.
iniciativas culturais avulsas, pela Galiza Encontramos a prova mais defini-
afora exercidas. tiva daquela sugestão, se atentarmos nas
Nos meados dos anos 1970, Jose Filgueira entradas “Etnografia” ou “Etnologia” da
Valverde fazia um elogioso apontamento mesma Enciclopédia Gallega que o próprio
bio-bibliográfico de Antonio Fraga, que D. Antonio Fraguas assina. Proposta defini-
abria do seguinte modo: “Figura destacadís- ções que devem ser cotejadas com a entrada
sima en las letras galegas contemporáneas “Antropologia”, da responsabilidade de um
por su labor en la cátedra y instituciones de outro autor, e que nos surge exclusivamente
cultura y por sus copiosos y solidos estudios vertida no apreço de questões respeitantes
y publicaciones sobre variados temas de à antropologia física. É nas propostas muito
historia, geografia, antropologia social…” datadas e insubstanciais em termos teóricos
(entrada Fraguas, Antonio in Enciclopédia de José Leite de Vasconcelos (1858-1941) –
Gallega). um arqueólogo, etnógrafo e filólogo portu-
São bastante justificadas as reticências guês – que D. António e sobretudo se auto-
introduzidas por Filgueira no enunciado dos riza para propor as suas definições. Por outro
trabalhos do seu companheiro – fora maior lado, são muito pouco claras as referências
ainda a sua variedade, de facto. Pelo menos que também faz a autores alemães do início
ainda havia que ser contada a arqueologia, do século como Graebner, o padre Schmidt
cujos contributos variados ficam registados ou Ratzel. Estes são, aparentemente, citados
na enorme bibliografia que acompanha em segunda mão ou pelo menos de uma
este esboço biográfico que a Enciclopédia forma desatenta, de modo que lhes fica
Gallega acolhia. No entanto, aquilo que atribuído pouco relevo e nitidez enquanto
quero sublinhar é a curiosa e muito incisiva abonações.
actualização “presentista” (Stocking 1968) Mas, por contrapartida, são outra vez
da carreira de D. Antonio, feita quando importantes são as citações abonatórias que
Filgueira identifica como “antropologia D. Antonio encontra para compor aqueles
textos na obra de Vicente Risco, que tinha grande medida sincréticas. Podemos encon-
sido o autor de algumas das peças mais trar um exemplo daquela clareza de inten-
nítidas e influentes da etnografia galega ções numa conferência que fez no Porto
desde os anos 20 (cf. González Reboredo em 1935 (cf. Risco 1936). Era a fundação de
1996). A verdade é que se aprofundarmos as uma cultura popular galeguizada que tinha
referências teóricas que o próprio Vicente movido os propósitos de Vicente Risco e
Risco manejou, reconheceremos a mesma justificado recolhas feitas com critérios
nebulosidade na apropriação de referências simplistas. A sua influência espelhar-se-á
teóricas prestigiadas no que à etnografia diz na obra de todos os mais relevantes etnó-
respeito, pese embora a bibliomania omní- grafos galeguistas do século XIX – Fraguas,
vora que marca o conjunto da sua obra4. Taboada Chivite, Xaquín Lorenzo, Bouza
Risco tinha recebido aulas de Hóyos Brey – nenhum dos quais, aliás, se envolveu
Sainz (cf. Ortiz e Sánchez 1994), enquanto em especulações teóricas ou procurou
fora aluno da Escola Superior de Magis- fundamentações para além daquelas que a
terio, de Madrid, ainda que não seja muito obra de Risco propiciava.
nítido o peso desta influência que podemos
adivinhar fugaz. Mais tarde, em 1930, Risco 4.
viajará para a Alemanha, com o propósito A obra etnográfica de D. Antonio
decidido de aprofundar os seus estudos Fraguas começou a ser escrita no ano de
etnográficos. 1930, como uma primeira peça relevante,
Desta viagem de estudos resultou um bastante longa e com descrições minuciosas,
relato muito curioso que se espalha por surgida no nº 77 da revista Nós, intitulada
sucessivos números da revista Nós (cf. nºs “O Entroido nas Terras do Sul de Cotobade”
79 e seguintes). Ali Risco discorre de modo (pp. 84-94). Extraio um trecho daquela peça
muito interessante sobre o muito que viu que deixará vincado o seu ímpeto “salvacio-
em Berlim, Viena ou Praga; mas também nista” (cf. Marcus 1986), aliás muito carac-
dá conta nos mesmos passos de como, por terístico de toda a empresa etnográfica da
sucessivos percalços, não chegou a contactar antropologia galega de nation-building:
com os grandes mestres que lá buscava. “N’algunhas (freguesias) van desaparecendo
Porém, pesem aqueles desencontros, moitas notas proprias destes dias de ledicia,
Risco demonstrou sempre uma extraor- pero queda inda en todas elas, o que ten un
dinária clareza de propósitos no que diz aire típico, tradicional e que mostra maior
respeito aos usos nacionalizadores das intrés pr’a etnografia” (p. 84). Fica subscrito
colectas etnográficas, muito embora feitas este texto com a palavra de ordem dos gale-
com referências teóricas modestas e em guistas daquele tempo – “!Terra a Nosa!”.
4 Um dos textos mais curiosos de Risco, a propósito de antropologia e etnografia, surgiu na Nosa Terra, numa rubrica que ali manteve aberta
sob um título expressivo: O que Todo o Galego Ten que Saber. Ali dedicou-se a fazer expressivos resumes d’etnografia galega, a favor dos
seus correlegionários (ver, por exemplo A Nosa Terra 231, 1926). Todavia, quero sublinhar que a obra etnográfica de Risco é volumosa e muito
interessante, dada a enorme curiosidade e vivacidade intelectual do autor. Os seus textos etnográficos surgiram dispersos por diversas
publicações, galegas, madrilenas ou portuguesas e têm uma súmula sugestiva na volumosa colaboração que fez na monumental Historia
de Galicia organizada por Otero Pedrayo.
5 Estão escritas em galego estas primícias da sua etnografia, foram escritos em espanhol outros dos títulos mais tardios, genericamente
todos aqueles cuja publicação foi coetânea da vigência do regime autoritário. Voltaram a ser publicados em galego os contributos etnográ-
ficos de D. Antonio dos anos mais recentes, após 1976. Aqui põe-se uma questão curiosa, porque muito embora uma parte muito importante
da sua obra esteja escrita em espanhol, hoje ela é considerada um contributo fundamental para a cultura galega, sem rebuços notórios.
O mesmo não acontece – pode anotar-se – no que diz respeito à literatura, por relação à qual, habitualmente, não são reconhecidos – tão
pouco notoriamente celebrados – os autores galegos que escreveram em espanhol, ainda que tivessem escrito sobre temas galegos (aliás
uma larga nómina, incontestavelmente ilustre).
me fizeram notar que era um túmulo, o do Esta é uma sinédoque muito sugestiva, pois
Apóstolo Santiago, que centrava Compos- pode servir para dar conta de como os temas
tela e por extensão a Galiza. necrófilos foram “objectivados”(Handler
As práticas e as crenças em torno da 1988) como parte da cultura nacional
morte nos contextos rurais desde há muito galega, um processo antigo para o qual não
tempo são um objecto relevante da atenção existem paralelos significativos do lado
dos etnógrafos que exerceram na Galiza, português.
aliás uma atenção mantida até ao presente, Vicente Risco aferia a “convivência gari-
como já fui sugerindo. Por contrapartida, o mosa dos galegos com os mortos” em 1926
tipo de trabalho de campo que exerci susci- (Nós 34). Este tipo de aferições era contudo
tava-me para perceber a relevância deste muito mais antigo e poderia ser remetido
tema na própria sede do Governo Autónomo pelo menos até às elucubrações de Murguía
da Galiza, a cidade de Santiago de Compos- em Galicia, onde surgiam envolvidas por
tela. Ali são surpreendentemente frequentes uma ganga de celtofilia sugestiva.
as ofrendas florais, as misas de cabodano, Mas, para além das especulações
como partes recorrentemente presentes nas eruditas e pouco lidas de Risco ou de
disputas políticas e tão pouco são inéditos Murguía, também é verdade que as revistas
os passos rocambolescos da “vida política” galegas de maior circulação na passagem
dos cadáveres, para recuperar o título suges- do século XIX para o século XX já tinham
tivo de um trabalho recente de Catherine fixado como tópico o convívio afectuoso
Verdery (2000). dos paisanos com os temas macabros. São
Em 1885 a escritora Emilia Pardo exemplos de suporte da difusão destes este-
Bazán descrevia os arredores da Termas reótipos a caricatura, ilustrações e legendas,
de Mondariz, nos arredores de Pontevedra, ou anedotas características que surgiam nas
como o “el país de las benditas ánimas” revistas dirigidas ao mercado “americano”,
(1984: 219). Era a restrita acepção francesa onde surgem com frequência referências
de pays que D. Emilia tomava em conta cómico-patéticas, ao noso defuntiño, à fabu-
para referir a profusão dos pequenos nichos losa Santa Compaña6 ou a cenas rocambo-
votivos dedicados às “almas de Purgatório”, lescas de velório.
naquela zona próxima da fronteira portu- Na Galiza dos anos recentes têm sido
guesa. Vizinhança que tomou como expli- feitas, por exemplo, encomendas de cemi-
cação boa e suficiente da profusa presença térios a arquitectos famosos e, tendo em
daquelas construções nas aldeias adjacentes conta os noticiários dos jornais ou da TVG,
do hotel. demonstram-se convictos tanto autarcas
Encontrei a frase apropriada por inte- como arquitectos de que estas obras e
lectuais galegos nos anos recentes, mas empenhos se justificam por força de carac-
servindo já para designar toda a Galiza. terísticas que seriam específicas da cultura
6 Conferir, por exemplo, Lisón Tolosana 1998, Gondar Portasany 1989, Risco 1946, Murguía 1985, entre um largo etc. de aproximações etno-
gráficas da fantástica “procissão dos mortos”.
galega7. Por outro lado, em Santiago, assisti que se ha afrontado en Galicia y sin estar
a várias performances de “contadores sometido a la obseción pretendidamente
de histórias” – conta contos – dirigidas a divinizadora de render pleitesía a la inmor-
plateias de estudantes, onde surgiam reite- talidad de la memoria (Luis Pousa, El Correo
radas velhas histórias de velórios – com Gallego 16/2/2001; meu sublinhado).
afinidades com temas que tiveram registo
etnográfico minucioso, cf. um exemplo 5.
recente de grande vivacidade com Gondar O programa do “Simposio de Antro-
1989 – mas que naquelas ocasiões surgiam poloxía – Etnicidade e Nacionalismo. Em
como parte de uma atitude celebratória cons- Homenaxe a Manuel Murguía”, agendado
ciente da cultura galega, por parte de jovens para Abril de 2000, tinha indiciado D.
que já tinham crescido após a promulgação Antonio Fraguas como presidente de honra;
do Estatuto de Autonomia da Galiza. esta honra suplementar foi, afinal, póstuma.
Muito recentemente, os planos da Xunta Amigos de Santiago deram-me conta da sua
de Galicia de construir a Cidade da Cultura morte em Novembro de 1999, e deles ouvi
de Galicia, foram recebidos com indignação relatos de como tinham sido emotivos e
nos meios da esquerda nacionalista, mas multitudinários os actos do seu funeral no
também suscitaram anedotas macabras. De cemitério de Boisaca ou a missa rezada em
facto, a construção deste complexo – “ a obra S. Domingos de Bonaval, a igreja que acolhe
máis importante que se fai agora no Mundo o Panteón dos Galegos Ilustres.
(O Correo Galego 4/4/2001); comparar Ainda que Curro, um dos informantes
com Zulaika 1997) – supõe um gigantesco locais, não conhecesse pessoalmente o etnó-
investimento muito polemizado por vários grafo e não fosse antropólogo nem militante
sectores da oposição. galeguista – antes crítico e sempre disposto
Correm em Santiago as anedotas sobre a ridiculizar o que percebia como tiques
o seu carácter “faraónico” e outras insinu- da militância nacionalista – tinha acorrido
ações irónicas de que este virá a ser um emocionado àqueles actos de homenagem.
memorial de Manuel Fraga, o idoso presi- Também o fizeram muitos outros galegos
dente da Xunta cujo estado de saúde suscita anónimos, como fica sugerido pelos relatos
constantes especulações. Curiosamente, um e fórmulas noticiosas de circunstância,
defensor do projecto obrigou-se a escrever registos que invariavelmente sugeriam
o seguinte: “Desde el punto de vista cultural que a morte de D. Antonio marcava um
y arquitectónico, probabelmente la Ciudad momento importante na história da cultura
de la Cultura sea el proyecto más ambicioso galega.
7 O exemplo mais relevante – e belo! – encontra-se na pequena vila de Finisterre, onde o novo cemitério local foi encomendado a César
Portela, o mais famoso dos arquitectos galegos contemporâneos. A comparação da etnografia disponível, permite sugerir que são fortes as
similitudes do conjunto de crenças que rodeiam o culto dos mortos em muitas povoações do Minho (o noroeste de Portugal) e da Galiza. No
Minho, contudo, nunca dei conta do tipo de apropriações conscientes que são tão conspícuas na Galiza de hoje. Ainda que nas freguesias
minhotas que conheço melhor sempre tenham um enorme significado político os investimentos autárquicos nos cemitérios, nunca me dei
conta que estes fossem justificados por razões “culturais”; tão pouco o são nas cidades maiores. Também são pouco salientes as valoriza-
ções literárias, etnográficas ou gráficas, dos temas necrófilos nas descrições do campesinato empreendidas pelos etnógrafos portugueses
(cf. Pereira 1965).
Tanto nas evocações pos-mortem que anos depois da morte de qualquer perso-
feitas a D. Antonio Fraguas, como no reco- nagem para que possa acontecer qualquer
nhecimento público que a sua obra e perso- trasladação. Porém, na opinião do meu
nalidade recebeu nos últimos anos de vida, informante Curro – e esta era só uma supo-
pode ser percebido um processo familiar a sição, não fundamentada por conhecimento
operar. Falo de reconhecimento e celebração de quaisquer planos políticos e alheia ao
das grandes figuras nacionais, registadas preceitos instituídos – a passagem para
por diversos estudiosos do nacionalismo o Panteão deveria acontecer logo que se
nos mais variados contextos (cf. Thiesse consumasse o processo orgânico da decom-
2000, Nora 1986-1992, Verdery 2000). posição do cadáver do famoso etnógrafo
Um obituário de D. Antonio, surgido num galeguista.
jornal de grande difusão a nível do Estado Surpreendeu-me bastante a sugestão
espanhol, e por isso especialmente curioso8, do meu amigo compostelano. Pareceu-me
dizia: “Era así como la memoria vivente de mesmo um pouco tétrica, na sua simplici-
Galicia, una sabiduría que compartió con dade e pragmatismo, mas, num segundo
algunos de los grandes de la cultura galaica momento, tornou-se especialmente inte-
de este siglo, entre ellos Castelao o Ramón ressante como motivo de reflexão. Sugeria
Otero Pedrayo” (El Mundo 6/11/1999). Esti- tanto a inevitabilidade percebida para o
veram presentes nos actos fúnebres todas processo de consagração da memória de
as autoridades civis e académicas, segundo um grande etnógrafo na Galiza contem-
o relato de Curro e dos jornais galegos que porânea, como também aludia, de modo
então consultei. menos directo, à saliência que a morte e
Os restos mortais de D. Antonio não o culto dos mortos têm como fenómeno
foram depositados de imediato no Panteón social na sociedade galega. Hoje, na Comu-
dos Galegos Ilustres. De facto, estabelecem nidade Autónoma, as duas dimensões entre-
os preceitos estatutários deste “lugar de tecem-se como expressões duma cultura
memória” galega que devem transcorrer 25 nacionalizada.
Bibliografia
BOURDIEU, Pierre, 1989, O Poder Simbólico, Lisboa, Difel.
BOUZA-BREY, Fermín, 1982, Etnografia y Folkore de Galicia, Vigo, Edicións Xerais de Galicia, 2vols.
COHN, Bernard S., 2000 (1987), An Anthropologist Among the Historians and Other Essays, New Delhi,
Oxford University Press.
DIÁZ PARDO, Isaac, 1990 (1987), Galicia Hoy y el Resto del Mundo, Sada, Ediciós do Castro.
DURÁN, J. A.(ed.), 1984, Aldeas, Aldeanos Y Labriegos en L Galicia Tradicional. Alfredo Vicenti. Prudencio
Rovira. Nicolás Tenorio, Madrid, Imprenta del Servicio de Publicaciones Agrarias.
8 Curiosamente, não encontrei nenhum obituário de D. Antonio nos jornais portugueses, sugerindo uma nota respeitantes aos âmbitos de
“fluxos de sentido” – Hannerz 1992 – que a sobreposição de comunidades imaginadas deixa constituídos na España de las Autonomías.
FARDON, Richard (ed.), 1990, Localizing Strategies: Regional Traditions of Ethnographic Writing,
Washington, Smithsonian Institution Press.
FRAGUAS, Antonio, 1973, La Galicia Insólita, A Coruña, Librigal.
FRAGUAS, Antonio, 1988, Romarías e Santuarios, Vigo, Galaxia.
FRAGUAS, Antonio, 1985, El Traje Gallego, A Coruña, Fundación Pedro Barrié de La Maza.
FRAGUAS, Antonio, 1994, Do Entroido, Santiago de Compostela, Museo do Pobo Galego.
FRAGUAS, Antonio, 1996, A Festa Popular en Galicia, A Coruña, Ediciós do Castro.
GONDAR, Marcial, 1989, Romeiros do Alén. Antropoloxía da Morte en Galicia, Vigo, Xerais.
GONZÁLEZ PÉREZ, Clodio, 1998, Antonio Fraguas: Profesor, Xeógrafo, Historiador, Antropólogo – Galego
de Ben, Vigo, Ir Indo.
GONZÁLEZ REBOREDO, X. Manuel, 1995, “Vicente Risco e a Antropoloxía Galega” Actas do I Congreso
Vicente Risco, Santiago de Compostela, Xunta de Galicia: 235-254.
HANDLER, Richard, 1988, Nationalism and the Politics of Culture in Quebec, Madison, University of
Wisconsin Press.
HANNERZ, Ulf, 1992, Cultural Complexity. Studies in the Social Organization of Meaning, Columbia,
Columbia University Press.
Le GOFF, Jacques, 1984, “Memória” e “Documento/Monumento”, in Enciclopédia Einaudi, Vol. I, Lisboa,
Imprensa Nacional – Casa da Moeda: 95-106.
LEMA BENDAÑA, Xosé, 1990-1991, “Apuntes en Aportación a Unha Bibliografía de Tema Etnográfico”,
Boletín Auriense XX-XXI: 429-497.
LISÓN TOLOSANA, Carmelo, 1998, La Santa Compaña. Fantasías reales. Realidades Fantásticas.
(Antropología Cultural de Galicia IV), Madrid, Akal.
LÖFGREN, Orvar, 1989, “The Nationalization of Culture”, Ethnologia Europaea XX: 5-24.
LUGRÍS, Ramón, 1963, Vicente Risco na Cultura Galega. Ensaio (“Prólogo” de Ramón Piñeiro), Vigo,
Galáxia.
MARCUS, George, 1986, “Contemporary Problems of Ethnography in the Modern World System”, in
James Clifford e George Marcus (eds.), Writing Culture. The Poetics and Politics of Ethnography,
Berkeley, University of California Press: 165-193.
MARIÑO FERRO, Xosé Ramón, s.d., Bibliografía Etnográfica e Antropolóxica de Galicia, Policopiado.
MURGUÍA, Manuel, 1985, Galicia (Prólogo e Bibliografia por Justo G. Beramendi), Santiago de
Compostela, Sálvora, 2 vols.
NORA, Pierre (dir.), 1986-1992, Les Lieux de Mémoire I-VII, Paris, Gallimard (7 vols.).
ORTIZ, Carmen e Luis Sánchez Goméz, 1994, Diccionario Histórico de Antropología Española, Madrid,
C.S.I.C.
PARDO BAZÁN, Emilia, 1984 (1988), De mi Tierra, Vigo, Edicións Xerais de Galicia.
PEREIRA, Benjamim Enes, 1965, Bibliografia Analítica de Etnografia Portuguesa, Lisboa, Instituto de Alta
Cultura/Centro de Estudos de Etnologia Peninsular.
PEREIRO PÉREZ, Xerardo, 2001, “Reflexão Sobre a Antropologia na Galiza de Hoje”, Etnográfica V (1):
175-183.
PIÑEIRO, Ramón, 1978, “A Importancia Decisiva da Xeneración Nós”, Grial 59: 8-13
PRAT, Joan 1991a, “Historia. Estudio Introductorio”, Joan Prat et. al. (eds.) Antropología de los Pueblos de
España, Madrid, Taurus: 13-30.
RISCO, Vicente, 1936, Hipóteses e Probremas do Folklore Galego-Portugués (extracto do tomo XX dos Anais
da Faculdade de Ciências do Porto) Porto, Imprensa Portuguesa.
RISCO, Vicente, 1946, Creencias Galegas. La Procesión de las Ánimas y las Premoniciones de Muerte,
Madrid, C. Bermejo.
RISCO, Vicente, 1994, Obras Completas, Vigo, Galaxia, 7 vols.
SMITH, Anthony D., 1991, National Identity, Harmondsworth, Penguin.
SMITH, Anthony D., 1999, Myths and Memories of the Nation, Oxford, Oxford University Press.
STOCKING Jr., George W., 1968, Race Culture and Evolution. Essays in the History of Anthropology, New
York, Free Press.
TABOADA CHIVITE, J., 1972, Etnografía Gallega. Cultura Espiritual, Vigo, Galaxia.
TENORIO, Nicolás, 1982 (1914) La Aldea Gallega, Vigo, Edicións Xerais de Galicia.
THIESSE, Anne-Marie, 2000, A Criação das Identidades Nacionais. Europa – Séculos XVIII-XX, Lisboa,
Temas e Debates.
VASCONCELOS, José Leite de, 1980a (1933), Etnografia Portuguesa – Tentame de Sistematização Vol. I.
Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda.
VERDERY, Katherine, 2000, The Political Lives of Dead Bodies, New York, Columbia University Press.
VVAA, 1978 (1933), Terra de Melide. Seminario de Estudos Galegos, Santiago de Compostela.
ZULAIKA, Joseba, 1997, Crónica de una Seducción. El Museo Guggenheim de Bilbao, Madrid, Nerea.
foi a presentada por Jacob Grimm na súa linguaxe”, o cal tendía a crear seres fantás-
obra Deutsche Mythologie (1835). Nela ticos que personificaban os fenómenos
analizábanse as crenzas e os costumes dos naturais a partir dos nomes e dos adxec-
campesiños alemáns en termos de super- tivos que se referían a eses fenómenos (sol,
vivencias da mitoloxía e da relixión dos día, noite, nubes, etc.). Finalmente, e logo
antigos xermanos, por exemplo enxergando dun proceso ulterior de degradación, eses
nas fadas e noutros seres fantásticos do mitos trocáranse nos contos, cancións ou
imaxinario popular as figuras degradadas ensalmos que se podían atopar en todas
de vellas divindades, e atopando en certas as culturas tradicionais de Europa. Desta
prácticas dos labregos vestixios de cultos maneira facíase posíbel interpretar esas
pagáns. A intención última de Grimm era mostras da literatura popular como restos
a de reconstruír no posíbel a mitoloxía e a moi deteriorados dunha anterga mito-
relixión dos devanceiros axudándose dos loxía indo-europea. Por medio dun estudo
vestixios das mesmas que ficaran na cultura comparativo das tradicións populares e dos
popular dos seus días. Esta convertíase así mitos poderíase relacionar cada conto ou
nunha xanela aberta ao paganismo xermá- tradición co mito do que derivaba, asemade
nico. Os coñecementos do autor no ámbito se debía interpretar cada mito consonte o
da historia, da etnografía e da lingua alemás fenómeno atmosférico que se atopaba na
permitíronlle aplicar o principio xeral das súa orixe. Müller salientou especialmente o
supervivencias ao caso xermánico dunha carácter solar orixinal dos mitos e das tradi-
maneira sistemática e detallada. Por iso os cións populares, ollando neles referencias
presupostos da obra, o seu método, e moitas ás loitas figuradas entre o día e a noite, ou
das súas conclusións, convertéronse nun entre o sol e o trebón, fenómenos naturais
modelo a seguir por outros investigadores que a “enfermidade da linguaxe” transfor-
en distintos países europeos. mara en relatos mitolóxicos (Belmont, 1986;
Unha segunda teoría veu estabelecer o Dorson, 1968).
vencello das tradicións populares coa mito- Por último unha terceira explicación
loxía indo-europea, de acordo coas teses das supervivencias populares que tivo unha
ideadas inicialmente polo filólogo alemán grande influencia nas últimas décadas do
Friedrich Max Müller. Por medio dunha XIX tiraba a súa inspiración básica da antro-
elaborada explicación filolóxica, que tiña poloxía cultural decimonónica de carácter
como base o seu coñecemento da lingua e da evolucionista. Os valedores desta perspec-
literatura sánscritas, o erudito alemán deu tiva antropolóxica sostiñan que as super-
conta de como as denominacións referidas vivencias presentes nas culturas populares
aos fenómenos naturais entre os primitivos europeas debían de ser explicadas como
arios se transformaran progresivamente vestixios de anteriores estados de civiliza-
nos diferentes mitos existentes entre os ción, pertencentes a un proceso de evolu-
seus descendentes (hindúes, persas, gregos, ción universal da humanidade. Crendo
xermanos, etc.). A causa do agromar dos atopar salientábeis paralelismos entre os
mitos era un proceso de “enfermidade da costumes dos campesiños europeos con
outros que eran propios de sociedades non popular europea, se ben a primeira procu-
europeas –as cales se consideraban como raba supervivencias dun pasado indo-europeo
representantes das épocas máis primitivas (manifestado quizais na pegada particular
da evolución cultural humana– os parti- de celtas, xermanos, etc.), namentres que a
darios desta posición deducían que nas segunda salientaba os trazos primitivos que
tradicións populares se achaban restos de eran comúns a toda a humanidade.
primitivas concepcións máxico-relixiosas
(animismo, totemismo...), ou ben que nelas As supervivencias na cultura
se reflectían costumes particulares dunha popular galega
humanidade prehistórica (antropofaxia, Na Galiza decimonónica tamén foi unha
rituais de iniciación, etc.). Esta interpreta- constante o tratamento de determinados
ción das supervivencias confirmaba ademais aspectos da cultura popular galega en cali-
que nos tempos máis antigos as sociedades dade de supervivencias das épocas máis
europeas pasaran polos mesmos estados antigas da historia do país. Neste sentido
de salvaxismo e de barbarie que personifi- pódese dicir que o principio de “ilusión do
caban, a ollos dos autores decimonónicos, arcaico” á hora de avaliar as tradicións popu-
as tribos de África, América ou Oceanía. O lares estivo presente de maneira visíbel na
antropólogo inglés Edward Burnet Tylor, produción literaria decimonónica, e non só
un dos primeiros en formular esta interpre- na historiografía, senón tamén noutro tipo
tación, foi tamén quen definiu e empregou de escritos onde se ollaba a cultura popular
o termo de survivals para facer referencia a dende unha perspectiva diferente da dos
eses vestixios de etapas de civilización máis historiadores –caso, por exemplo, dos libros
primitivas conservados dentro das socie- de Bernardo Barreiro e de Jesús Rodríguez
dades civilizadas actuais (Dorson, 1968; López, ou de certos escritos de Alfredo
Stocking, 1987). Vicenti. Isto non quere dicir, porén, que non
A teoría mitolóxica defendida por houbese por entón outros achegamentos
Max Müller e a perspectiva antropolóxica posíbeis á cultura tradicional, nin que a
artellada por Tylor diferían grandemente a “ilusión do arcaico” impedise desenvolver
respecto das súas premisas, fontes, metodo- asemade outras valoracións, diferentes
loxía e conclusións. A primeira baseábase ou complementarias, acerca do popular
na lingüística e na mitoloxía comparadas, e (cf. González Reboredo, 1999; Rodríguez
cinguía os seus resultados ao grupo de pobos Campos, 1990 e 1991).
indo-europeos. Pola súa vez a segunda apoi- En primeiro lugar cómpre afirmar que
ábase nos datos etnográficos recollidos entre todos aqueles que se debruzaron sobre a
as sociedades “primitivas” non europeas, así historia máis antiga de Galiza atoparon nas
como nas teses antropolóxicas evolucionistas supervivencias etnográficas valiosas infor-
derivadas daqueles, e tiña como referencia macións sobre esas épocas recuadas. En
o proceso evolutivo de toda a humanidade. concreto os historiadores decimonónicos
Porén as dúas compartían o mesmo principio empregaron moi habitualmente as supervi-
de “ilusión do arcaico” aplicado á cultura vencias como probas a prol das súas teorías
sobre os distintos pobos que habitaran nas As devanditas opinións, nas que se puña
terras galegas ao longo da historia, e sobre de manifesto con claridade o principio de
a composición étnica da poboación galega. “ilusión do arcaico”, foron moi frecuentes
Eles creron atopar na cultura popular un nos libros e nos artigos consagrados á
conxunto de crenzas, de prácticas e de historia antiga de Galiza. De feito o emprego
obxectos que derivaban a súa orixe das das supervivencias etnográficas como infor-
tradicións culturais das diversas xentes que mación histórica formou parte do método
ocuparan o chan galaico na Antigüidade usual posto en práctica por todos aqueles
(principalmente celtas, gregos, fenicios e que escribiron verbo do pasado galego.
romanos). Unha vez aceptada esa relación Este método combinaba a utilización de
entre os elementos culturais do pasado e do documentos escritos (as fontes clásicas),
presente –case sempre a partir dunha serie de restos arqueolóxicos e de vestixios de
de semellanzas superficiais raramente expli- antigos idiomas e costumes aínda conser-
citadas– as supervivencias actuaban como vados no presente. Xa que logo as super-
testemuño e como proba da presenza en vivencias conservadas na cultura popular
Galiza dos celtas, dos gregos ou dos fenicios. galega eran unha fonte de información por
Eran estes os presupostos que subxa- medio da cal se podían corroborar e comple-
cían na interpretación da gaita, do aturuxo, mentar teorías e argumentos avanzados a
das romaxes, dos lumes de San Xoán ou partir doutras fontes.
de certas pezas do traxe galego tradicional, Os erros que provocou un emprego
como supervivencias dos antigos celtas. Pola semellante das supervivencias populares
súa vez o uso da frauta, os bailes da muiñeira son evidentes cando se ten en conta a diver-
e da regueifa, a utilización do loureiro e as sidade de opinións que a miúdo existiu no
festas da colleita e da vendima (vistas como intre de lle atribuír unha procedencia étnica
lembranzas dos antigos rituais consagrados determinada a certo costume ou a certa
a Ceres e a Dionisos), foron ollados a miúdo crenza. Por exemplo algúns autores facían
como vestixios da civilización traída polas da muiñeira unha supervivencia helénica,
colonias helénicas instaladas en Galiza. cando outros coidaban que o baile tiña unha
Ademais o alalá e o costume de deitar orixe celta. Noutros casos o alalá atribuíase
cinsa na cabeza en sinal de dó eran consi- á influencia fenicia, ou ben considerábase
derados por algúns autores como tradicións unha tradición herdada dos gregos, ou
procedentes dos fenicios que noutrora se dos hebreos. Os escritores que procuraron
asentaran no litoral galego, segundo afir- explicar a orixe do costume de encender
maban os historiadores da época. Mesmo a lumes na noite de San Xoán estaban divi-
pegada dos invasores xermánicos podía ser didos entre aqueles que optaban por unha
dexergada na existencia de lendas acerca de ascendencia fenicia, e os que defendían o
trasnos, encantos e tesouros agochados –tal seu carácter céltico. E tampouco non había
era a opinión de Jesús Rodríguez López en acordo sobre quen introducira en Galiza
Ligeros apuntes sobre las supersticiones de a crenza na Compaña, pois se para uns
Galicia (1895). se trataba dunha idea puramente céltica,
outros, pola contra, optaban por facer dela e sobre os avances das investigacións do
unha herdanza do paganismo romano. En folklore en Europa que eran superiores aos
todos estes exemplos, e noutros que tamén dos seus contemporáneos, foi quen de supe-
se poderían citar ao respecto, a diversidade ralo (en parte debido aos condicionantes
de opinións era indicio de que as teorías de que lle impuña o seu celtismo).
cada autor dependían sobre todo das súas Empregadas as supervivencias etnográ-
ideas persoais verbo da historia de Galiza e ficas sobre todo como fornecedoras de datos
da identidade da poboación galega. Neste acerca da composición étnica da poboación
punto existiron dúas posturas radicais, galega, hai que dicir tamén que elas xogaron
representada unha delas polo celtismo un importante papel en apoio do para-
“absoluto” dun Murguía, quen negaba ou digma celtista que guiou a grande maioría
diminuía moito a pegada na poboación das investigacións históricas durante o
galega de influencias non célticas; e a outra XIX. Neste punto estiveron de acordo os
polo helenismo “absoluto”, personificado principais autores da época: José Verea
en Joaquín Fernández de la Granja. Porén Aguiar, Leopoldo Martínez Padín, Benito
a actitude máis frecuente durante o XIX foi Vicetto, Manuel Murguía, Leandro Sara-
aquela que combinou a ascendencia céltica legui Medina, Ramón Barros Sibelo, José
co recoñecemento doutras achegas étnicas Villaamil y Castro, e outros moitos nomes
(grega, fenicia e romana). menos coñecidos. Todos eles coincidiron en
En calquera caso, e independentemente sinalar a pegada permanente deixada polos
de cales fosen as preferencias de cada autor, devanceiros celtas no pobo galego, enxer-
a diversidade de opinións indicaba tamén a gábel en moitos dos costumes e das crenzas
utilización superficial que se facía das super- da cultura popular, e mesmo no carácter
vivencias etnográficas. Porque a atribución da poboación. Así, independentemente de
dunha orixe determinada para cada unha que algunhas supervivencias se atribuísen a
delas non derivaba dun estudo detallado da outras xentes distintas dos celtas, non hai
supervivencia en cuestión e dos seus posí- dúbida de que estes, como directos devan-
beis paralelismos, senón que en cada caso ceiros dos galegos actuais, levaron sempre a
abondaba con constatar a existencia dunha mellor parte no reparto.
mínima semellanza –ás veces simplemente Un repertorio básico das supervivencias
imaxinada– da crenza ou do costume galego célticas, tal e como o concibían daquela
con outros trazos culturais de pobos estran- os escritores galegos, abranguía obxectos
xeiros, para que seguidamente se estabele- materiais, como a gaita, a monteira, os
cese unha identidade segura e se afirmase zocos ou a coifa do toucado feminino.
un vencello xenealóxico entre eles. Este Pero sobre todo incluía crenzas e prácticas
uso superficial das supervivencias estaba de carácter máxico-relixioso, entre as que
xeralizado entre a práctica totalidade dos estaban o costume de prender cacharelas
escritores decimonónicos, e nin sequera un na noite de San Xoán; os rituais agrarios da
autor como Murguía, que posuía uns coñe- festa dos Maios e do folión; a crenza no “mal
cementos sobre a cultura popular galega de ollo” e no “aire de defuntos”; así como
do país, aínda que tamén serviron a todos –achegamento este que, agás moi contadas
aqueles que quixeron dexergar distintas excepcións, non existiu na Galiza decimo-
achegas étnicas entre a poboación. nónica (Rodríguez Campos, 1990 e 1991).
Pero o emprego das supervivencias tivo un Porén, a pesar das limitacións impostas
carácter superficial, porque se levou a cabo polo emprego das supervivencias, é preciso
sen que mediase un estudo detallado de cada recoñecer que, no caso galego, a “ilusión do
elemento en cuestión, nin da súa historia e arcaico” contribuíu de maneira importante
evolución dentro do contexto cultural galego. a facer que dende unha perspectiva erudita
Enténdese así a disparidade de opinións –e por parte de xentes alleas ás clases popu-
existentes entre os diversos autores, pois a lares– se tivese en conta a cultura popular,
atribución dunha ou doutra orixe ás supervi- que se reclamase o seu estudo e se desexase
vencias populares estivo motivada por convi- conservar a memoria dos seus trazos máis
cións persoais verbo da historia de Galiza e significativos antes de que desaparecesen
da identidade das súas xentes. por completo. A este respecto resultan moi
A aplicación da “ilusión do arcaico” á significativas as manifestacións de diversos
cultura popular galega a miúdo tivo como escritores, laiándose da falla de investiga-
consecuencia que esta se presentase a ollos cións de folklore en Galiza, lamentando a
dos homes do XIX como un mosaico hete- desaparición de cantigas ou tradicións, e
roxéneo composto por pezas anacrónicas demandando a recolleita daquilo que aínda
de procedencia étnica e cronolóxica ben subsistía. Sen dúbida Manuel Murguía foi
diferentes, en troques de concibila como un un dos que máis alto ergueu a súa voz, e un
conxunto integrado de coñecementos, de dos que primeiro contribuíu ao estudo da
actos e de crenzas que tiñan pleno sentido nosa cultura tradicional. Aínda que Murguía
dentro da existencia de individuos contem- e os que compartían con el o interese polo
poráneos. Así a cultura popular chegou a popular tiveron varias motivacións para
imaxinarse como unha especie de museo realizaren esas manifestacións, a “ilusión do
que conservaba as lembranzas de épocas arcaico” representada polas supervivencias
e de xentes pasadas, que se manifestaban foi unha causa do seu interese que estivo
nas crenzas, nas prácticas e nos obxectos sempre presente.
que eran propios do vivir cotián das xentes Mais o interese no popular non foi
campesiñas e mariñeiras. Dende esta pers- sempre no século XIX unha actitude que
pectiva o estudo do popular adquiriu un garantiu a súa apreciación ou unha valora-
carácter fragmentario e viuse limitado ción positiva. Casos como os de Bernardo
sobre todo a facer unha utilización super- Barreiro e Jesús Rodríguez López, comen-
ficial daqueles aspectos culturais ollados tados máis arriba, demostraban que o
como supervivencias dunha historia pasada. recoñecemento da importancia histórica
Ademais esta tendencia fragmentadora e das supervivencias podía ir acompañado
arcaizante empeceu que se desenvolvese asemade da súa condena e do desexo de
unha comprensión integradora e sincrónica erradicalas da vida dos seus contempo-
da vida das comunidades rurais galegas ráneos en nome do progreso. Pola contra
un autor tan significativo como Murguía máis elevados do seu espírito particular,
amosou sempre unha postura moito máis manifestados na beleza de certas compo-
favorábel verbo da cultura popular, que sicións da literatura popular ou de certos
el consideraba sobre todo como a depo- costumes (por exemplo a benzón do mar
sitaria das esencias da identidade céltica e das colleitas, ou a recolleita das herbas
do pobo galego. Así, fronte a aqueles que de San Xoán). Á derradeira, foi o seu
desexaban a desaparición dos costumes degoiro por preservar o que el coidaba ser
populares por consideralos atrasados, a pertenza máis sagrada dun pobo –a súa
Murguía era quen de ollar con empatía as personalidade propia continuada a través
tradicións que servían á xente para aliviar da historia– a motivación que guiou o seu
as mágoas e os traballos dunha dura exis- labor erudito como pioneiro no estudo da
tencia, pero tamén para expresar os trazos cultura popular galega.
Bibliografía
BELMONT, N. (1986): Paroles païennes. Mythe et folklore. Des frères Grimm à P. Saintyves. Paris. Éditions
Imago.
– (1995): “Introduction” en Aux sources de l´ethnologie française. L´Académie Celtique. Paris. Éditions du
Comité des Travaux Historiques et Scientifiques: 9-21.
BURKE, P. (1991): La cultura popular en la Europa moderna. Madrid. Alianza Editorial [orixinal: Popular
Culture in Early Modern Europe, 1978].
COCCHIARA, G. (1977): Storia del folklore in Europa. Torino. Paolo Boringhieri [1ª edición, 1952].
DORSON, R. M. (1968): The British Folklorists. A History. London. Routledge & Kegan Paul.
GONZÁLEZ REBOREDO, X. M. (1999): “A construcción da identidade galega entre o século XIX e o XX. O
papel do folklore e da etnografía” en O feito diferencial galego. Antropoloxía. Volume I. Santiago de
Compostela. Museo do Pobo Galego: 51-69.
OZOUF, M. (1981): “L’invention de l’ethnographie française: le questionnaire de l’Académie Celtique”,
Annales: économie, société, civilisation, 36, 2: 210-230.
PARRY, G. (1995): The Trophies of Time. English Antiquarians of the Seventeenth Century. Oxford. Oxford
University Press.
PEREIRA GONZÁLEZ, F. (2000): “O pensamento antropolóxico de Manuel M. Murguía. Raza e Cultura”,
Cuadernos de Estudios Gallegos, XLVII, 113: 327-382.
RODRÍGUEZ CAMPOS, J. (1990): “Institución e identidade cultural na etnografía galega decimonónica”
en GONZÁLEZ REBOREDO, X. M. e X. A. FERNÁNDEZ de ROTA (coords.), Actas do Simposio
Internacional de Antropoloxía. Identidade e territorio. Centenario de Otero Pedrayo. Santiago de
Compostela. Consello da Cultura Galega: 191-201.
– (1991): “La Etnografía clásica de Galicia: ideas y proyectos” en PRAT, J., U. MARTÍNEZ, J. CONTRERAS e
I. MORENO (eds.), Antropología de los Pueblos de España. Madrid. Taurus Ediciones: 99-111.
STOCKING, G. W. Jr. (1987): Victorian Anthropology. New York. Free Press.
1 Tanto no Catastro del Marqués de la Ensenada (1747) como en Pascual Madoz Diccionario Geográfico Estadístico Histórico de España y
sus posesiones de Ultramar” (1845– 50) faise referencia á presencia dun importante comercio de liño nas diversas feiras da zona, chegando
incluso a referir a existencia dunha feira especializada nestes productos.
Fig.1. Espadeleiro. Santa María de Frades, ca. Fig.2. Espadela. Santo André de Vea, 1948.
1925. Fotografía de Manuel Rodríguez Calviño Fotografías de Moises Janeiro.
Táboa 1
Espadeleiros Espadelas
Total 102 39
Decorados 98 27
Sen decorar 4 12
competindo entre elas para ver quen as espadeleiros son obra de artesáns diferentes
tiña máis bonitas. e o resultado final dependerá tanto da súa
Moitos dos espadeleiros e espadelas de inspiración (herdada por tradición ou inno-
Vea, sobre todo os máis antigos, foron regalo vadora) como da súa pericia para traballar
de mozos, un regalo de compromiso que o a madeira. Pero unha tipoloxía ten que ser
mozo facía á moza no momento de casar. unha ferramenta de traballo que simplifique
Outros moitos eran encargados aos carpin- a diversidade que se presenta na realidade,
teiros da zona, que normalmente se espe- reducíndoa a un número manexable de
cializaban nun modelo de espadeleiro que unidades que faciliten a súa clasificación.
repetían unha e outra vez. Pero non tódalas Analizando a forma xeral dos espade-
familias podían encargar un xogo de espa- leiros atopados, podemos establecer dous
dela e espadeleiro a un carpinteiro, porque tipos básicos, diferenciados entre si pola
supoñían un gran desembolso económico disposición xeral dos corpos decorativos.
ao tratarse de pezas moi caras. Nestes casos, O TIPO I está formado polos espadeleiros
os espadeleiros eran feitos na casa, por que presentan a seguinte disposición: corpo
algún membro da familia, que copiaban os superior rectangular – corpo circular central
modelos realizados polos carpinteiros, con – corpo circular central de menor tamaño
maior ou menor pericia, simplificando o – corpo semicircular central. O TIPO II,
perfil e os motivos decorativos. con moitas máis variantes, está composto
polos espadeleiros coa seguinte forma:
Clasificación tipolóxica corpo superior rectangular – corpo formado
A elaboración dunha tipoloxía non é por dúas formas circulares laterais – corpo
tarefa fácil, tanto se falamos de espadeleiros circular central– corpo semicircular central.
como de calquera outro tipo de peza. Pero é Ambos tipos presentan ademais varios
necesario realizar unha clasificación formal subtipos. A división entre uns subtipos e
que nos facilite o estudio dos obxectos que outros ven marcada pola aparición de dife-
imos tratar. rentes elementos decorativos que se sitúan
Non cabe dúbida de que existen múlti- entre o primeiro e o segundo corpo. Así,
ples diferenzas dunha peza a outra, tanto na no tipo I atopamos os seguintes subtipos:
combinación dos motivos decorativos como SUBTIPO I/A, con “pendentes” na parte
na factura dos mesmos, debido a que os inferior do primeiro corpo e SUBTIPO I/B,
con volutas de gran desenrolo debuxadas de II/E: con cornos pechados que rematan en
fóra cara dentro. corazóns e SUBTIPO II/F, con dous pares de
Pola súa parte, o TIPO II, ao que pertencen pendentes rodeados de cornos pechados.
a meirande parte dos espadeleiros estu- En liñas xerais, os tipos descritos
diados, presenta máis subtipos: SUBTIPO presentan unha gran uniformidade repe-
II/A, con dúas volutas de gran desenrolo, tíndose os modelos unha e outra vez. As
debuxadas de dentro cara fóra. SUBTIPO variantes que poden aparecer radican
II/B, con pendentes e dous “cornos” abertos en pequenos detalles como o número de
baixo os mesmos; SUBTIPO II/C: con pendentes, a disposición dos cornos, etc.
pendentes e “cornos” que se pechan ao Esto débese a que a meirande parte dos
redor deles; SUBTIPO II/D: con cornos carpinteiros especializábanse nun modelo
pechados ao redor dos pendentes, facendo concreto de espadeleiro, que repetían para
unha forma de corazón calado; SUBTIPO tódolos encargos que recibían sen a penas
TIPO I
I/A I/B
TIPO II
II/A II/B II/C II/D II/E II/F
variacións; por outra parte, os espadeleiros moito máis delgada. Os tres tipos de espa-
que se facían na casa, copiaban totalmente delas son moi uniformes e as variantes que
aos modelos realizados polos carpinteiros, poden presentar radican no tipo de mango,
simplificando as formas e os motivos que que pode ser oval ou en forma de corazón,
requirían unha técnica maior. aparecendo indistintamente as dúas formas
Pero na Val atopamos tamén un nos tres tipo.
pequeno número de espadeleiros que non Unha vez establecidos os tipos de espa-
entran dentro desta clasificación. Nalgúns delas e espadeleiros, temos que dicir que
podemos observar como aparecen gran non existe unha relación exacta entre un tipo
parte dos elementos descritos nos tipos I de espadeleiro e un tipo concreto de espa-
e II, como pendentes, volutas ou cornos, dela: os tres modelos de espadelas aparecen
pero a súa distribución non responde aos asociados a espadeleiros de tódolos tipos e
modelos máis repetidos. Hai tamén outros subtipos.
espadeleiros, completamente innovadores, Tamén temos que apuntar que non
nos que a tradición decorativa é reinterpre- existe unha distribución xeográfica dos
tada, dando como resultado uns espadeleiros tipos de espadelas e espadeleiros, pois
completamente diferentes aos descritos. Tal aparecen indistintamente nuns lugares e
é o caso de tres espadeleiros en forma de outros das diferentes parroquias do Val.
xarrón con flores realizados por un carpin- Unicamente podemos restrinxir a unha
teiro de Santa Cristina de Vea para uso da parroquia os espadeleiros do tipo II/D, o
súa casa. dos cornos pechados en forma de corazón
Máis difícil resulta establecer unha tipo- calado. Tódolos espadeleiros que responden
loxía para as espadelas, xa que o número a este modelo saíron do taller de Maga-
de espadelas que se conservan é moito riños na parroquia de Couso, aínda que de
menor que o de espadeleiros. Aínda así, dous carpinteiros, pai e fillo. Para a reali-
podemos establecer tres tipos básicos. TIPO zación destes espadeleiros, ambos carpin-
I, formado por espadelas nas que non se teiros empregaron plantillas, polo que non
distingue a área do mango da folla; TIPO II, presentan ningunha variación formal. Algo
o máis numeroso, inclúe as espadelas nas similar ocorre coas espadelas do Tipo III,
que aparece diferenciada a zona do mango feitas tamén na parroquia de Couso, tanto
e a parte superior da folla, que presentan un no mencionado taller de Magariños como
maior grosor; e TIPO III, nas que se distingue no de Barcala. No resto das parroquias,
a área do mango, de maior grosor, da folla, os tipos de espadelas e espadeleiros son
A presencia destes espadeleiros lisos e senón cuns perfiles sinuosos, con recortes
de escasa decoración no Val débese a que e calados.
algúns deles proceden de casas de escasos
recursos económicos e nas que non había a. O campo decorativo e a distribución
ningún home que soubera ou puidera da decoración
tallalos e decoralos. Por esta razón, os No caso dos espadeleiros, a parte frontal
motivos decorativos que presentan están da táboa vertical é o lugar que, sempre que
realizados a base de incisións ou estam- se decora, presenta algún tipo de motivo, de
pillas, moito máis fáciles de elaborar pero feito, ningún dos espadeleiros documentados
que a penas son visibles. Pero a maioría presenta decoración só no reverso da táboa
deles son lisos porque foron realizados vertical, a base ou o canto. É o lugar que, con
nos últimos anos nos que se botou liño en diferenza, recibe un mellor tratamento da
Vea, cando xa as espadelas deixaran de ser decoración, tanto no tocante ó volume como
as reunións de traballo e sociais que foran á calidade. O reverso, en boa parte dos casos,
noutros tempos. Son espadeleiros feitos restrínxese ó nome ou iniciais da propietaria,
para uso dentro da casa, ferramentas feitas ou o ano de realización, enmarcados nalgún
para non saír do ámbito familiar; e aínda tipo de moldura máis ou menos elaborada.
así, moitos deles levan decoración tallada e Menos frecuente aínda é a decoración na
pintada, como si o artesán que os fixo non base e os cantos. As bases decoradas, fóra
puidera desprenderse desa tradición deco- da forma que estas teñan, rectangulares,
rativa que imperou en Vea para este tipo de cun extremo semicircular, molduradas, etc,
pezas. salvo dous casos nos que foron tallados
motivos vexetais, no resto restrínxense a
A decoración estampillados, incisións ou escotaduras nos
A decoración, moi exuberante na maioría moldurados.
dos casos, é o aspecto que caracteriza a estas A decoración nos espadeleiros non é
pezas, polo que chaman a atención, xa que algo arbitrario, senón que detrás da distri-
se trata dun instrumental que no resto de bución dos motivos hai un deseño previo,
Galicia ou non presenta decoración ou esta en base a un eixo de simetría, entorno ó cal
é moi escasa. A pesar diso, non podemos se artella o campo decorativo. Isto docu-
afirmar rotundamente que se trate dun mentouse nun elevado número de pezas,
fenómeno exclusivo desta zona, xa que nas que se aprecia o trazo tenue que deter-
non se pode descartar que se dese noutros mina o eixo de simetría que divide a peza en
lugares de Galicia e non fose detectado polo dúas metades, así como o resto dos trazos
momento. que serven de guía para determinar non só
A estética destas pezas non só ven dada o perfil da peza, senón tamén a ubicación de
polos motivos que se aplican sobre elas, cada un dos motivos que forman a composi-
senón que os propios perfiles remarcan ción decorativa básica.
este aspecto. Tal e como se analizou ante- Non podemos falar de dous espadeleiros
riormente, non se trata de táboas rectas, con idéntica decoración, xa que incluso esta
Táboa 2
78 14 9 3
Táboa 3
26 1 4 (Tamén no anverso)
concreto, nin de lonxe se aproximan á cali- II/D (Gráfico 1), case en exclusiva se aplica
dade técnica do orixinal. talla en negativo.
Sen dúbida, de todas as técnicas, a máis Aínda que mediante a incisión se xeran
frecuente e importante é a talla, por ser coa motivos e elementos específicos para a
que se elaboran a maior parte dos motivos decoración de espadelas e espadeleiros,
e en xeral a base da composición. Salvando normalmente van asociados a outros de
as diferentes calidades de talla con que nos maior tamaño, reenchendo os espazos
atopamos, e casos excepcionais nos que esta que quedan entre eles, ou remarcando os
non está presente, podemos afirmar que o bordes e arestas, como o caso dos punte-
resto das técnicas son un complemento a ados. Moitos deles, a pesar do seu pequeno
unha decoración de partida feita por esta tamaño, son combinados entre si, que dan
sistema. lugar a series.
Podemos falar de dous tipos de talla, en Están feitos con elementos punzantes,
función de si a decoración presenta relevo no caso dos punteados, ou cos extremos de
ou se afunde na madeira, falando de motivos gubias ou trenchas, que dan lugar a motivos
en positivo e negativo respectivamente. rectos ou semicirculares, en individual ou
Implica dous sistemas de traballo distinto. combinados de diferentes maneiras.
No primeiro caso o que se fai é ir dando Este tipo de técnica, aínda que a
volume ó motivo retirando o sobrante de atopamos en todos os tipos de espadeleiros,
madeira do seu entorno, sobresaíndo este con frecuencia está asociada á talla en nega-
da superficie plana que se vai xerando no tivo e ós modelos máis antigos.
seu entorno. No caso da talla en negativo, Pódese falar do troquelado como outra
o que se fai é escavar sobre a superficie lisa das técnicas a destacar, non só polo volume
da táboa, baleirando só o espazo correspon- e variedade dos motivos, senón polo feito
dente ó motivo en cuestión. de estar presente en todos os tipos de espa-
Tendo en conta que é frecuente que se deleiros e espadelas, tanto nos modelos
combinen ambos sistemas nunha mesma antigos como nos modernos.
peza, non tería demasiado sentido diferen- Os troqueis están feitos a base de pezas
ciar entre ambos, se non fose por que, na de ferro cilíndricas, cadradas ou rectangu-
maioría dos exemplares dos modelos de lares, que nun extremo presentan o motivo
espadeleiros máis antigos Tipo I/A, I/B e en concreto. Puidemos documentar este
Tipo II/B, e de outros máis modernos Tipo instrumental gracias a un dos carpinteiros
Con diferenza destacan sobre o resto os deleiros máis modernos, e incluso nalgúns
xeométricos, representados principalmente dos primeiros anos do século XX, a pesar de
polas universais rosáceas de catro, seis (máis seguir convivindo con tipos de corte xeomé-
frecuente) e oito pétalos, os soles, estrelas e trico e esquemático.
os abanos, presentes como motivo decora- Moi presentes están tamén os soles, de
tivo en diferentes contextos cronoculturais, e raios rectos ou curvos, e as súas variantes en
tan habituais na decoración de instrumentos, abanos, que xunto coas rosáceas configuran
mobiliario ou construccións das sociedades o esquema decorativo de base, sendo os
agrarias de Galicia, Portugal ou o resto da motivos que alcanzan os maiores tamaños.
Península Ibérica hasta ben andada a primeira Menos frecuentes son as estrelas, de
metade do século XX (Lorenzo, 1933, 1935, cinco ou seis puntas, as denominadas salo-
1940; Glahano, 1968; López Gómez, 1981; móns ou signum Salomonis (Lourenzo, 1935
Sánchez, 1984; e Florencio, 1986). e Vasconcellos, 1996), motivos ós que se lle
Tal e como se pode apreciar no Gráfico atribúe un carácter protector.
2, que non recolle nin moito menos a totali- Dentro dos xeométricos podemos incor-
dade das variantes, son moitos os modelos porar ademais a toda unha serie de motivos
e combinacións posibles, aínda que destaca menos habituais, que se poderían inter-
a figura da rosácea sexifolia, simple, ou pretar como recreacións dos carpinteiros,
con múltiples combinacións, que está e toda unha serie de pequenos elementos
presente na práctica totalidade dos espade- incisos de forma circular, semicircular, liñas
leiros e espadelas. Trátase dun motivo que en zigzag, de medias lúas, etc.
presenta claras evolucións cara a modelos Aínda que os podemos atopar en todas
máis naturalistas, documentados nos espa- as pezas documentadas, os xeométricos
predominan nos modelos máis antigos, nos tancia co paso dos anos, hasta o punto de
que aparecen de forma case exclusiva, pois que custodias, cruces, cálices ou corazóns
os motivos máis naturalistas que aparecen floridos pasan a ocupar lugares destacados
asociados restrínxense a ramas e follas moi nas pezas, entorno ós cales se artella parte
esquemáticas. do resto da decoración. De carácter reli-
Os vexetais podemos agrupalos en tres xioso son tamén as áncoras representadas
bloques, que poderiamos denominar como nos espadeleiros do Tipo II/A, os soles con
flora natural, rosáceas e árbores macetas triángulo no centro, e posiblemente tamén
e floreiros. Dentro da flora natural englo- algunhas pombas e peixes.
bamos aquelas follas e ramas, máis ou Con moita diferenza respecto do restos
menos esquemáticas que se empreñan ou dos motivos destaca a custodia, represen-
ben para reencher ocos entre os motivos tada con multitude de variantes, algunhas
principias e cubrir parte do campo deco- delas de gran detallismo. A súa incorpora-
rativo, ou para enmarcar ou acompañar a ción á decoración deste instrumental, prin-
motivos principias, é o caso de ramas que cipalmente a partir da primeira década do
rodean a rosáceas ou soles, que formar século XX, podería estar en relación coa
arquivoltas no campo superior dos espade- proliferación das misións pastorais desde
leiros (Figura 3), ou flanquean a elementos finais do século XIX, e que se manteñen
como cruces e custodias. hasta mediados do século XX, de ordes
Dentro deste grupos temos que incor- como os Franciscanos, Redentoristas, Capu-
porar a aquelas rosáceas referidas ante- chinos, etc. Posiblemente se deba a isto
riormente, cun carácter máis naturalista, tamén a difusión dos corazóns floridos ou
algunha derivadas de motivos xeométricos rematados en cruz, con puñais, coroas de
traballados para darlle ese aspecto, e outras espiñas ou os denominados corazóns de
concibidas cun carácter máis realista. pemento, tan frecuentes no veciño Portugal
Moi habituais son as árbores, macetas e (Galhano, 1968). Ocupan con frecuencia
floreiros, normalmente cun carácter natura- lugares predominantes en algún tipo de
lista e de gran detallismo, hasta o punto de espadeleiros concretos, e nalgúns casos
que nalgúns casos sobre eles se representan aparecen no canto das custodias.
paxaros ou flores. Aínda así, contamos con Os denominados corazóns de pemento
algún exemplo moi esquemático. A súa situa- están presentes sempre no Tipo II/E (Gráfico
ción dentro do esquema decorativo é variada, 1 e Figura 3), rematando os extremos do que
xa que os atopamos en moitos casos flanque- estamos a denominar cornos, polas simili-
ando a custodias e cruces, pero tamén como tudes cos dos carneiros, e que non son outra
motivos destacados, cubrindo grandes super- cousa que volutas estriadas que describen
ficies, caso de varios espadeleiros coa base un arco de medio punto ou de ferradura na
cuberta totalmente cunha árbore. parte central, lugar reservado neste tipo de
Só nos espadeleiros e espadelas reali- espadeleiros para a custodia.
zados no século XX atopamos motivos reli- Só en catro espadeleiros se documen-
xiosos, que pasarán a cobrar gran impor- taron motivos antropomorfos, dúas figuras
masculinas, unha feminina e outra dun era a forma de identificar o seu espadeleiro
posible anxo portando unha cruz. Trátase nunhas espadelas nas que se podían xuntar
de figuras enmarcadas dentro dunha estruc- hasta corenta mulleres para traballar (Rodrí-
tura porticada, con dúas columnas e arco guez, 1999). En casos as iniciais eran subs-
de medio punto. Dos catro exemplos, tres tituídas polo nome e primeiro apelido ou
foron realizados polo mesmo carpinteiro, o nome completo, ou tamén por fórmulas
coñecido como Ventura (Santo André de máis completas, das que é exemplo signifi-
Vea), e o cuarto é unha clara imitación do cativo o dun espadeleiro de Santo André de
seu modelo. Trátase de espadeleiros do Vea, no que no anverso se pode ler: Mi Dñª
Tipo II/E, realizados na década de 1920, Es A.D.R. 1905 (Mi Dueña Es Avelina Dorelle
moi semellantes entre si. Posiblemente se Riveira 1905). Este tipo de referencia é moi
trate de imaxes relixiosas, a pesar de que a frecuente en diferentes pezas da Península
propietaria dun deles afirma que é o retrato Ibérica, como é o caso dos hórreos astu-
do propio autor. rianos ou pezas de indumentaria leonesas
Peixes, paxaros, cabezas de can e unha (Cobo, 1986 e Casado 1991), e tamén docu-
minúscula cabeza de animal coas fauces mentado nunha colcha da parroquia de San
abertas son os únicos exemplos de carácter Miguel de Cora, no Val de Vea, cunha lenda
zoomorfo, algo que contrasta coa variedade na parte central que di: Mi dueña es Juana
que se atopa noutras pezas do resto da Penín- Viz Ferreiro. Año de 1866.
sula Ibérica ou Portugal (Galhano, 1968 e De difícil adscrición a un grupo concreto
García, 1987). En todos os casos se trata de son motivos como as coroas, bandeiras,
motivos de reducido tamaño, a excepción a escudos heráldicos e sogueados. A excep-
excepción dunha pomba e un peixe nunha ción dos sogueados, o resto dos motivos son
espadela da parroquia de Santa María de inusuais, pois se documenta un exemplo de
Couso, dunha coidada elaboración. cada, salvo dúas bandeiras en espadeleiros
Tamén moi escasos son os motivos de diferentes.
carácter arquitectónico, empregados para Moi frecuentes pola contra son os sogue-
enmarcar motivos relixiosos (cruces ou custo- ados, con ou sen nós, formando arquivolta
dias), ou os elementos antropomorfos refe- ou describindo unha liña recta, e o máis
ridos con anterioridade. En todos os casos se habitual, con tres nós e rematando o campo
trata de dúas columnas que sustentan unha decorativo na parte superior dos espade-
portada con arco de medio punto (Figura 3), leiros, presente sempre nos do Tipo II/E e
e que na parte superior poden ou non ter nalgúns do Tipo I/B (Figura 3).
algún remate tipo cúpula ou semellando o
rosetón dunha fachada románica. d. Paralelismos e referentes
Foron poucos os carpinteiros que Tentar buscar unha explicación ó feito
marcaron as súas obras coas iniciais do de que nesta zona tan concreta de Galicia se
seu nome, nembargantes, boa parte das documenten uns utensilios cunhas caracte-
pezas contan como mínimo coas iniciais rísticas tan especiais, levounos nun primeiro
da propietaria e a data de realización, pois momento a pensar no norte de Portugal, lugar
no que están documentados espadelas e espa- desde a Cultura Castrexa hasta os nosos
deleiros con decoración, máis exuberante se días (López Gómez, 1981), hai outros que
cabe que os do Val de Vea, pero tamén outros responden á creatividade e capacidade dos
elementos decorados como as rocas ou os artesáns para copiar e imitar elementos do
xugos (Galhano, 1968). Nembargantes, cunha seu entorno.
simple ollada, pódense apreciar que coinciden Exemplo claro témolo en varios espa-
única e exclusivamente no feito de decoralos deleiros feitos por un carpinteiro da parro-
e na forma (coa táboa vertical desprazada cara quia de Santo André de Vea que teñen
adiante), pois nin os tipos, nin as caracterís- unha custodia colocada sobre unha peaña,
ticas dos motivos se asemellan. exactamente igual que unha que na actua-
Plantexouse a posibilidade de que algún lidade aínda se pode ver na fachada prin-
portugués se afincase na zona e introducise cipal da igrexa de dita parroquia. O mesmo
o gusto por decorar, pero a nosa sorpresa pasa cuns moldurados de pezas do mesmo
foi cando unha vez revisados os libros de carpinteiro, das mesmas características
casados das parroquias do val desde 1750 que o que se pode apreciar enmarcando un
a 1950, se comproba que os únicos portu- escudo na ábsida da igrexa parroquial de
gueses casados na zona fano entre os anos San Xoán de Santeles.
1901 e 1916, e que todos proceden da zona Semellanzas apreciamos tamén entre os
de Monte Redondo (Coimbra), e polos sogueados que enmarcan o campo decora-
datos, posiblemente se tratase de expósitos tivo de boa parte dos espadeleiros, con tres
da inclusa dese lugar. O caso é que non nós, e os que se aprecian en sepulturas das
parece que as posibles influencias portu- parroquias de Santo André da Somoza ou
guesas chegasen por esa vía, xa que foron Santa María de Rubín, ambas pertencentes
documentados espadeleiros decorados que ó concello de A Estrada pero relativamente
foron realizados a finais do século XIX. lonxe do val.
Non tería sentido plantexarse a intro- No caso dos motivos de carácter relixioso
ducción deste gusto pola decoración se non resulta evidente cal foi a fonte de inspira-
fose polo feito de que, polo momento, non ción, xa que estes están presentes non só
se documentaron no val ningún outro tipo na propia liturxia, senón tamén en lápidas
de pezas que destacasen por ese aspecto. De sepulcrais, ou nas cruces misionais, que
feito, nin os xugos, nin o resto do instru- con frecuencia presentaban os atributos da
mental empregado na transformación do Paixón de Cristo (cáliz, lanza, escaleira, etc.)
liño presentan esa profusa decoración, ó e tamén corazóns floridos, chameantes, ou
contrario, responden ós patróns dos do con puñais e coroas de espiñas. Exemplos
resto de Galicia (Lourenzo, 1935). témolos en corazóns e áncoras de sepul-
Aínda que boa parte dos motivos decora- turas do cemiterio de parroquia de San Paio
tivos empregados responden á unha pervi- da Estrada, cruceiros das parroquias de San
vencia de elementos cunha orixe difícil de Xoán de Santeles e Santa María de Paradela
rastrexar (rosáceas e soles), que están docu- ou cruces misionais de San Xiao de Vea, San
mentados no Noroeste da Península Ibérica Miguel de Cora ou San Xiao de Guimarei.
Así mesmo, podemos atopar unha custodia deixaron pegada, tal é o caso dos enfoscados
no fuste dun cruceiro da parroquia de San de cal, que só se puideron rexistrar en tres
Xoán de Santeles ou nun hórreo de 1935 de casas das parroquias de Santo André e Santa
San Xurxo de Cereixo. Cristina de Vea.
Igualmente podemos atopar paralelos Do que non cabe a menor dúbida é de
de rosáceas en sepulturas de Santa Mariña que, a pesar da orixe e características dos
de Barcala e Santo André da Somoza, un motivos, todos forman parte dun mesmo
espello de pechadura da igrexa de San universo, o que fai que se mesturen sen
Xurxo de Cereixo, ou o xugo dunha campá ningún tipo de inconveniente nunha
de Santa Mariña de Rivela. mesma peza. De feito, para a totalidade das
É factible que o que hoxe documen- propietarias de espadeleiros e carpinteiros
tamos como algo peculiar e excepcional no que puidemos entrevistar, os motivos
caso dos espadeleiros e espadelas, se dese decorativos e as composicións non tiñan
tamén noutros elementos que dificilmente un significado en concreto, só un fin, o
podemos rastrexar na actualidade, que non estético.
Bibliografía
COBO ARIAS, F.: Los hórreos asturianos. Tipología y decoración. Oviedo, 1986
CORREIA, V.: Etnografía Artística Portuguesa. Porto, 1937
GALHANO, Fernando: Objectos e alfaias decoradas do Museu de Etnologia do Ultramar. I, Portugal
metropolitano. Lisboa, 1968
GARCÍA MEDINA, Carlos: Arte pastoril. Páginas de tradición, 5. Salamanca, 1987
GONZÁLEZ REBOREDO, X. M.: Arte Popular. En A arte galega, estado da cuestión; p. 489-504. Santiago de
Compostela, 1990
LISTE FERNÁNDEZ, Araceli: Funcionalidad y estética en el Museo Etnográfico Liste. Pontevedra, 1991
LÓPEZ GÓMEZ, Felipe Senén: A rosácea: arqueoloxía e simboloxía dunha figura xeométrica. En
Brigantium, Vol.2 (1981); p.83-104
LORENZO FERNÁNDEZ, Xaquín: Notas etnográficas da Terra de Lobeira: o liño e a lá. En Arquivos do
Seminario de Estudos Galegos, T. 6 (1933-1934); p. 24-84
ID.: Notas etnográficas de la parroquia de Borneiro. En Boletín de la Comisión Provincial de Monumentos
Históricos y Artísticos de Orense. T. 13, fasc. 3 (xan.-xun. 1942); p. 183-203
ID.: A arte popular nos xugos de Galicia. Separata de Trabalhos de Sociedade Portuguesa de Antropología e
Etnología, Fasc.IV, vol. VII. Porto, 1935
ID.: Lápidas sepulcrales gallegas de arte popular. En Actas do Congreso Nacional de Ciencias da Populaçao,
Vol. VII, p. 1-10. Porto, 1940
RAMÍREZ LUCAS, Juan: Arte popular. Madrid, 1976
RODRÍGUEZ CALVIÑO, M.: A actividade téxtil tradicional no Val de Vea (A Estrada – Pontevedra):
espadelas e espadeleiros. En A Estrada: Miscelánea histórica e cultural, N. 2 (1999); p. 165-178
RODRÍGUEZ CALVIÑO, M. e SÁENZ-CHAS, B.: O Tecido. Cadernos do Museo do Pobo Galego, 10.
Santiago de Compostela, 2000
ID.: Traballos de axuda mutua e relacións sociais. O liño no Val de Vea (A Estrada, Pontevedra). Santiago de
Compostela, 2004. En prensa
SÁNCHEZ SANZ, Mª Elisa: Maderas tradicionales españolas. Artes del tiempo y del espacio, 16. Madrid,
1984
VASCONCELLOS, J. Leite de: Signum Salomonis. A Figa. A Barba em Portugal: estudos de etnografia
comparativa. Portugal de preto, 35. Lisboa, 1996
1 A torre Martelo, en Sandycove, nas aforas de Dublín, debe a súa fama a que nela pasou uns días James Joyce e sitúa aquí escenas de
Ulysses. Esta torre, xunto con outras varias que hai pola costa irlandesa, foron levantadas polos ingleses ante a previsión dunha invasión
das tropas de Napoleón. A musealización deste sitio é bastante cativa.
Newgrange é un dos monumentos megalíticos máis visitados e famosos de Europa.
Como “domingo sanguento” é coñecido un domingo de xaneiro de 1972 no que os paracaidistas ingleses dispararon contra unha manifes-
tación polos dereitos civís en Derry e mataron trece manifestantes católicos.
Institute. Na orixe de todo este interese dade que afunde as súas raíces nun pasado
debemos situar o traballo da Liga Gaélica, glorificado e non nunha sociedade campe-
fundada en 1893, e que ten moito que ver, siña e mariñeira.
non só coa revitalización do gaélico, tanto Isto marca a diferenza ou orienta-
no falado como na escrita, senón tamén coa ción entre os estudos de “folklife” e os de
recollida de datos e co traballo dos folclo- “folklore” e a distinta institucionaliza-
ristas que axudaron a lexitimar a cultura ción que tiveron un e outro. Os primeiros
dos falantes gaélicos e traer a un primeiro dábanse no contexto do museo e poden ser
plano político e cultural as zonas máis entendidos como unha observación cien-
marxinais, ao tempo que crean institucións tífica herdeira da tradición ilustrada. Esta
que aínda hoxe funcionan ao nivel de toda vía foi a que se institucionalizou en Irlanda
a illa, creando lazos entre as dúas partes e do Norte, seguindo a tradición británica.
superando a liña ficticia da separación. Mentres, ao sur do “border” instituciona-
Toda estas institucións estaban moi lizáronse os estudos de folclore, que ten
orientadas cara á recollida de folclore máis que ver cunha tradición humanista
nas comunidades de falantes gaélicos e que procura o elemento espiritual e menos
esquecían outros compoñentes sociais a parte cuantificable da cultura (Ó Giolláin
e culturais que, tamén, formaban parte 2000: 58-62).
da sociedade irlandesa. En consecuencia, Mais o organismo oficial encargado
os museos etnográficos teñen en Irlanda da xestión, protección e conservación do
unha presenza máis ben tardía, xa que patrimonio natural e construído de Irlanda
as propostas para orientar as coleccións (engloba tanto parques nacionais, como
cara aos obxectos que falen da vida diaria monumentos nacionais e xardíns) é Dúchas,
non tiveron aquí a importancia que, por palabra gaélica que se pode traducir por
exemplo, chegaron a ter no Reino Unido “patrimonio”. Depende organizativamente
ou nana outra parte da illa, en Irlanda do do ministerio que ten ao seu cargo o medio
Norte, especialmente no período inmediato ambiente e goberno local e xestiona os
á Segunda Guerra Mundial, que levou á Heritage Sites of Ireland. Deste organismo
apertura de varios museos ao aire libre e de dependen unha serie de lugares históricos,
moitos dos denominados “folk museums” monumentos e parques naturais ao longo
e das “living history farms”. Nesta situa- de todo o país. Entre estes, hai bens que
ción tamén inflúe esa centralización no poderiamos cualificar como de patrimonio
elemento gaélico, que levou non só a idea- etnolóxico ou industrial, pero que teñen
lizar as gaeltacht, senón a reivindicar un a categoría de “monumentos nacionais” e
pasado aristocrático, o representado polos son, por exemplo, vellos muíños de fariña
líderes gaélicos derrotados, e a esquecer a musealizados, como o Newmills (cerca de
vida cotiá dos labregos e dos mariñeiros Letterkenny, Donegal) ou mesmo a casiña
irlandeses. E isto era así porque para os nativa de Pearse, ao lado de pazos e doutros
ideólogos deste nacionalismo a nación elementos que podemos considerar como
irlandesa fora concibida como unha enti- máis suntuosos.
2 Os seus nomes completos son: National Museum of Archaelogy and History, National Museum of Natural History, National Museum of
Decorative Arts and History e o National Museum of Country Life
3 Con fondos europeos tamén foi recuperado un antigo hospital militar, o Royal Hospital en Kilmaiham, cerca da cadea do mesmo nome,
e que hoxe alberga o Irish Museum of Modern Arte (IMMA)
reconstruídos; outros son réplicas e están Empeza entón a segunda parte do percor-
relacionados coa vida nesta parte da illa, rido: o emigrante chegou a América. Agora
como casas, escola, igrexas, forxa, etc., en o visitante do museo ten diante unha serie
case todas elas atopamos actores ataviados de edificios, réplicas de construcións ameri-
coas vestimentas da época que representan canas, coas súas dependencias e con algúns
o papel das persoas que podían ocupar eses dos produtos orixinarios dese continente.
edificios. Despois de atravesar unha estreita O propósito deste museo é mostrar o
estrada local chegamos á casa orixinaria dos mundo sociocultural dos emigrantes irlan-
Mellon, rodeada das vellas dependencias deses na súa sociedade de orixe e na de
anexas. Nela podemos atopar os animais colonización nun período que abrangue os
domésticos como en calquera casa rural da séculos XVIII e XIX (Ó Giolláin 2003:143).
época: as galiñas andan soltas e escalando Conta tamén cun centro de estudos migra-
nas leiras inmediatas, nun outeiro pasta un torios, que pretende ser un soporte para a
cabalo dos usados para o tiro e ao lado dun documentación do proceso de musealización.
camiño atopamos turba acabada de cavar e Na miña opinión o museo destaca o papel
que arderá nas chemineas destes edificios. dos emigrantes presbiterianos na forma-
Un pouco despois no noso percorrido ción do soño americano fronte ao papel que
chegamos á réplica dunha rúa, a Ulster puideron desenvolver os católicos. Os presbi-
Street, dunha vila do século XIX. Aquí están terianos teñen unha orixe escocesa e viñeron
os establecementos que poderiamos atopar ao Ulster no século XVII para repoboar as
en calquera rúa principal dunha vila, algúns terras que foran confiscadas a algúns clans
deles traídos aquí con todo o seu mobiliario católicos, coma os O´Donell e os O´Neill de
e útiles. A rúa desemboca nun inmenso Tyrone, que se refuxiaron en España5. Moitos
alpendre que garda unha réplica exacta dun dos seus descendentes emigraron pronto a
barco, o Brig Union, que a comezos do XIX América e axudaron á formación dos Estados
facía a ruta desde os portos de Irlanda do Unidos. Na actualidade, os herdeiros destes
Norte a América. Estamos nunha repro- presbiterianos son os máis enérxicos defen-
dución do que sería unha estación portu- sores de manter os lazos coa coroa inglesa,
aria de onde saían os emigrantes cara a son os loyalist ou lealistas, caso por exemplo
América e cara a outros destinos migrato- do reverendo Ian Paisley.
rios. Subimos á nave, atravesamos o seu O Ulster Folk Museum de Belfast foi
ventre e ao saír dela polo outro costado, creado en 1958 para “ilustrar el modo de
damos cunha rúa, réplica agora da dunha vida, pasado y presente, y las tradiciones
cidade norteamericana, a American Street4. del pueblo de Irlanda del Norte”6. No 1963
4 Unha idea semellante puidémola ver na mostra Galicia e a sega en Castela ó longo dos tempos que organizou o Consello da Cultura
Galega e que se puido contemplar no Museo do Pobo Galego ou no Museo Etnolóxico de Ribadavia entre outros. Aquí o barco era substi-
tuído por un tren.
5 A fuxida dos xefes destes clans é coñecida na historia de Irlanda como The Flight of the Earls (1607), marca o final da primeira etapa da
conquista, a dos Tudor. A súa marcha deixou a poboación irlandesa sen líderes e significou o desmantelamento da vella orden gaélica, o
que facilitou a implantación dos colonos traídos polos ingleses que poboaron intensas zonas, crearon novos asentamentos e rebautizaron
cidades como Derry por Londonderry. Sobre este aspecto pódese ver Collins (1990) ou Jackson (1985).
6 Citado en Diarmuid ó Giolláin (2003: 139)
instálase nos seus terreos a primeira casa do xeógrafo galés Estyn Evans, profesor
labrega, no 1964 abre ao público e no 1967 na Universidade de Belfast desde a década
únese ao museo do transporte de Belfast para de 1930 e autor do Irish Folkways (1957),
dar o Ulster Folk and Transport Museum. un clásico na etnografía irlandesa. Tamén
Este museo nace en anos conflitivos, cando quero salientar os traballos máis recentes
a comunidade católica empezaba a reclamar de Jonathan Bell, unha persoa vinculada ao
os seus dereitos (por exemplo: unha persoa, Ulster Folk and Transport Museum e autor
un voto). Por iso, cando menos, sorprende de interesantes estudos7. O museo edita a
que un director do mesmo se refira a este revista Ulster Folklife, que apareceu mesmo
contexto de “ameaza contra a situación antes da constitución do propio museo.
constitucional desta zona dentro do Reino Ambas as institucións museísticas son
Unido” (Gailey 1992: 165). Segundo este debedoras non só dos estudos de folklife,
mesmo autor os estatutos do museo din senón tamén dos museos ao aire libre que se
que ten que centrarse no modo de vida e inician en Skansen e que nas illas británicas
nas tradicións da poboación (de toda a teñen un florecemento, como xa dixemos,
poboación) de Irlanda do Norte. Este museo nos anos posteriores á Segunda Guerra
ten unha gran parte das súas instalacións Mundial, centrados na musealización das
ao aire libre e espalladas por unha ampla comunidades locais e da vida cotiá8. Visi-
propiedade con vellas árbores frondosas, tando os de Irlanda do Norte un percibe
pero tamén ten galerías interiores onde, por que esta forma de musealizar, ás veces
exemplo, está musealizada a mecanización non moi lonxe, cando menos aquí, dunha
dos labores agrícolas ou se fan prácticas certa idealización da sociedade campesiña,
de diversos oficios, como a fundición das parece precisar dunha revisión conceptual.
típicas spade (pas, que poderiamos equi- O organismo oficial dos museos do Ulster é
parar aquí aos sachos), imprescindibles para o Northern Ireland Museums Council.
cavar a terra e para extraer a turba. Noutra
parte do museo (ao outro lado dunha ancha Tocar as vidas desaparecidas
estrada de intenso tráfico) están as amplas A orixe das coleccións dos museos nacio-
coleccións de transporte. Un elemento que nais irlandeses está nun decreto de 1877 polo
chama a atención en ambos os museos é o que se funda, a instancias da Royal Dublin
gran silencio e a tranquilidade que un atopa Society, o Museum of Science and Art. Este
aquí, silencio que contrasta co moito ruído museo abre as portas en 1890 nun edificio
que sempre provocou esta parte de Irlanda. construído para gardar as súas moi diversas
O fincapé que este museo pon na cultura e variadas coleccións, que ían desde material
material débese á influencia dos estudos arqueolóxico e de historia natural ata xeoló-
7 Jonatam Bell é autor xunto a Mervyn Watson, de Irish Farming 1750-1900 (1986), no que se fai unha historia das prácticas agrícolas
en Irlanda. Outros artigos del están publicados na revista Ulster Folklife, por exemplo “Currachs from the Dunfanaghy Area, County
Donegal”, nº 47, 2001. En Anales del Museo Nacional de Antropología, Nº 1, 1994, Madrid, ten publicado “Social Anthropology and The
Study of Material Culture in Irish Musums”.
8 Un bo exemplo pode ser o Welsh Folk Museum (Amgueddafa Werin Cymru) situado nas aforas de Cardiff e aberto en 1946. A páxina do
Museo Nacional de Gales é www.nmgw.ac.uk
xico e etnográfico. Entre este material, había propia cultura –as folklife collections– e os
pezas procedentes das viaxes realizadas materiais prodecentes de culturas doutras
polo capitán Cook, mentres que no arqueo- latitudes –as ethnographic collections–. No
lóxico se podían atopar pezas orixinarias de museo das artes decorativas podemos atopar
puntos tan distantes de Irlanda como por pezas referentes á vida en Irlanda, pero que
exemplo o antigo Exipto. A maioría destas non están vinculadas á vida dos labregos
coleccións foron as que formaron o Museo ou mariñeiros, senón á destreza humana, e
Nacional de Arqueoloxía e Historia –o poden aparecer ao carón dunha peza de cerá-
termo “nacional” colócase co nacemento do mica chinesa ou dunha campá cerimonial
Estado Libre de Irlanda en 1922– e os seus xaponesa de hai dous milénios. Atoparemos
fondos abranguen agora desde a prehistoria alí salas referentes á pratería, ao mobiliario
da illa ata a súa independencia. A sección de doméstico ou á vestimenta e á bixutería,
historia natural xa fora aberta en 1857. todo relacionado cunha vida máis suntuosa
Estes museos dependen dun departa- da que podía levar un campesiño totalmente
mento ministerial que tamén se encarga pendente da difícil subsistencia diaria.
das artes, do patrimonio e das zonas onde En Irlanda empeza a haber unha política
o gaélico aínda é a lingua falada predomi- clara de recollida de material etnográfico,
nante (gaeltacht). especialmente o vinculado coa vida domés-
O museo da vida no campo, ou Museum tica, na década de 1920. Detrás desta política
of Country Life, é o primeiro museo dos está un influxo claro da tendencia escandi-
nacionais que se establece fóra da cidade de nava de estudo da xente dunha comunidade
Dublín, e vaino facer no oeste do país, no por medio da súa vida e cultura. Na década
condado de Mayo. Tamén é coñecido polo de 1930 sería a Irish Folklore Commis-
nome do lugar en que se asenta, Turlough sion a encargada da tarefa de recompilar e
Park, unha inmensa propiedade pertencente documentar esas pezas que, ante o avance
a unha antiga familia rendista, con casa da mecanización e da modernización da
vitoriana, lago artificial e coidados xardíns agricultura no seu camiño imparable para
e parques. Nesta propiedade ergueuse un adaptarse plenamente ao sistema actual de
edificio moderno para albergar as colec- produción, estaban caendo en desuso. Este
cións etnográficas do Museo Nacional9. Estas material foi exhibido en moi raras expo-
coleccións etnográficas son as referentes a sicións temporais, pero este patrimonio
Irlanda, pois as outras, as procedentes da etnográfico non tiña moito peso dentro das
expedición de Cook e doutras latitudes máis políticas do museo. Houbo tamén propostas
ou menos “exóticas”, está previsto exhibilas de crear, dentro da estrutura do Museo
no museo das artes aplicadas. Isto é unha Nacional, unha área específica dedicada á
proba da distinción que en certos contextos etnografía de Irlanda. E a idea calla a finais
se fai do material etnográfico procedente da do século pasado, cando se decide descentra-
9 Na documentación que manexamos sempre se di que o edificio foi feito polo Architectural Service of the Office of Public Works. Parece
que aquí o nome do arquitecto non é importante, sen embargo o edificio semella ser apropiado e idóneo para a instalación museística.
lizar os fondos do Museo Nacional e levar a loita pola supervivencia e dependía do coñe-
sección etnográfica fóra de Dublín. Isto ten cemento do contorno, da destreza e habili-
puntos ao seu favor e outros en contra. Os dade, da técnica e da capacidade inventiva.
pros son que a súa instalación nunha área Tamén se explica neste primeiro andar cal é
rural pode axudar a potenciar o turismo a orixe do coleccionismo etnográfico, o papel
cara a esa zona e, polo tanto, o desenvolve- do museo e o traballo que fai. Por exemplo,
mento da mesma. Os contras, que está lonxe explícasenos como se documenta unha peza
dos investigadores e do centro de toma de e dísenos que cando un obxecto entra no
decisións e pode quedar como o irmán que museo non é un artefacto máis, senón que o
marchou lonxe da casa e que ninguén mira que se adquire son uns coñecementos sobre
por el. Tamén que a etnografía volve a ser como a xente construíu e utilizou esa peza.
diferente e deixa o espazo urbano para as A imaxe que se quere expresar é que os
máis prestixiosas “belas artes”. obxectos son de sempre, poden ser eternos,
A visita ao museo da vida no campo pode o que cambia son as persoas que fan uso dos
empezar no edificio vitoriano, do mesmo mesmos. Tamén se explica nestes primeiros
arquitecto que fixo o museo en Dublín, paneis o que é folklife e o que é folklore, é
para ver algunhas suntuosas dependen- dicir, o tanxible ou material e o intanxible
cias da mansión dunha famila acomodada ou inmaterial.
e rendista. Aquí tamén están as oficinas, a Despois baixamos á seguinte planta,
tenda e a cafetería. Despois iremos cara ao pois neste museo o percorrido empeza pola
edificio moderno, perfectamente axustado planta alta, aínda que a entrada estea a
entre un desnivel do terreo e o lago arti- nivel da terra. O primeiro que atopamos ao
ficial, mentres sobre un outeiro próximo descer as escaleiras, ou o primeiro elemento
destaca a silueta dunha torre cilíndrica que que chama a nosa atención, é unha caixa de
caracteriza, segundo os folletos turísticos, á correo. Nun principio pode sorprendernos,
paisaxe rural irlandesa. mais logo decatámonos do seu valor simbó-
Na planta cero atopamos só a sala de lico. A caixa de correos está pintada de
vídeo, a atención ao público e unha pequena verde, como as que podemos atopar en toda
exposición na que se quere desbotar o mito a república de Irlanda. Pintar de verde as
romántico que idealiza o pasado. Isto repre- caixas de correos, que antes eran vermellas
séntase cun conxunto de postais, fotos como o son agora en todo o Reino Unido,
vellas e cadros para ver a vida rural polos foi unha disposición que tomaron axiña as
ollos dos outros, dos artistas e dos turistas. primeiras autoridades de Irlanda. Era unha
A contraposición a este panorama idílico medida fácil para facer visible aos cidadáns
vén dada por un cacharro que poderíamos irlandeses que xa non dependían da súa
calificar como curioso ou atractivo, pero graciosa maxestade británica. É unha mostra
que está esnaquizado polo uso que se fixo do poder simbólico das cores e da súa utiliza-
del. Avísannos que o que se quere mostrar ción. Nesta planta, a menos un, móstrasenos
aquí é a vida dunha xente nun período que o contexto histórico e o contorno natural
pretende ir de 1850 a 1950. A vida era a en que se desenvolvían as vidas ordinarias
dos labregos e dos mariñeiros irlandeses, vinculados a elas, como que no día de Santa
que entón eran a maioría da poboación de Bríxida se facían cruces de xuncos ou pallas
Irlanda. O tempo histórico está dividido en ou que no primeiro de maio varrían a porta
oito períodos e atende a ciclos propios e que da casa cun toxo e colocaban un ramo sobre
teñen que ver cos anos da fame (1850-1869), ela para manter as fadas afastadas da casa.
coa loita polo cambio ou autogoberno, polo Tamén as peregrinacións a lugares xa máis
dereito á terra, co camiño cara a unha nova distantes, como podía ser o Purgatorio de
centuria, co preludio do conflito (1901- San Patricio en Lough Derg e de onde traían
1915), coa loita pola independencia e coa unha cruz, a chamada “penal cross”.
Guerra Civil (1916-1923) e remata co logro A última planta, a máis soterrada e a máis
do estado irlandés. pequena, a menos tres, está centrada no
A importancia do medio natural móstrase cambio e nos motivos que o fixeron posible,
a través de obxectos, das construcións e de como a emigración á cidade, as comunica-
textos. Ás veces, os obxectos están colocados cións máis rápidas, a electricidade, etc. Aquí
por pares para mostrar como con distintos móstrannos a introdución da maquinaria
materiais se pode facer pezas similares que facilitou este cambio, non só a refe-
ou como co mesmo material se fan cousas rente ao traballo agrícola, como poden ser
distintas. Nesta planta tamén se fai referencia os arados de ferro, as sulfatadoras, os trac-
á eviction, é dicir, a expulsión pola forza de tores e outros, senón tamén a que permitiu
moitas familias das súas míseras casas, ao o cambio dentro da casa, como o tocadiscos,
non poder pagar as súas rendas, nos anos a máquina de escribir, de coser, os fusibles
inmediatos ao tempo da fame. que viñeron coa electricidade, etc.
A planta menos dúas está dedicada Todo acompañado por un deseño atrac-
á vida no fogar, ao traballo da terra e dos tivo e pola información suficiente para
mariñeiros e á vida en comunidade. Nestes entender toda esta musealización. Unha
tempos a vida doméstica xiraba ao redor da sensación que se pode ter é que o edificio
cheminea e do lume que alí ardía, grazas quedou algo pequeno, que podería haber
á turba cavada no verán e amoreada ao máis espazo entre as distintas áreas, e o seu
carón da casa. Polo tanto, as actividades que percorrido pode semellar laberíntico. Pero a
nela se facían, como a comida, os traballos impresión final é que estamos nun museo
manuais, a narración de contos, etc. son atractivo onde se pretende desbotar tópicos,
claves para explicar o xeito de vida. Na todo para que o visitante poida tocar as
sección do traballo da terra e da auga tamén vidas desaparecidas.
se inclúen os artesáns, como o ferreiro, o
carpinteiro, o zapateiro, o tendeiro, etc., que Musealizar a fame e a loita pola
facían obxectos para os labregos e para os independencia
mariñeiros. Na vida da comunidade dáselle Quizais o xiro máis importante que se
importancia ás relacións veciñais, ao ciclo deu na política museística de Irlanda sexa a
da vida e ás marcas do tempo por medio atención prestada ao estudo e á musealiza-
das festas do ciclo anual e dos costumes ción daqueles aspectos menos gloriosos do
os pertencentes aos primeiros movementos James Connolly, nin tampouco aos execu-
da loita pola liberación, como os Fenians tados durante a Guerra Civil. A proposta
ou os Young Irelanders, ata os vinculados non foi adiante, como tampouco outra que
ao IRA histórico e aos rebeldes de 1916; xa falaba de establecer aquí un museo. Non
é dicir, personaxes históricos do naciona- será ata 1953 cando se volva a falar da súa
lismo irlandés relacionados cos diversos restauración e conversión en museo, baixo o
levantamentos a prol da independencia. goberno de De Valera e, como di E. Zuelow
Así, desde 1798 ata 1916, pasaron polas (2004: 190), non porque De Valera quixese
súas celas Robert Emmet, Stewart Parnell, revivir os seus anos de prisión, senón que se
Padraic Pearse, James Connolly ou Eamon volve a falar do tema dentro dun plano de
de Valera entre outros. Despois do tratado desenvolvemento de emprego, pois o paro
de partición, Kilmainham tamén foi prisión daquela era alto en Irlanda e a emigración
para os que se opuxeron ao tratado e durante era xa unha epidemia de carácter nacional.
a Guerra Civil os primeiros fusilados do Polo tanto, a preocupación oficial pola
Estado Libre de Irlanda tiveron lugar contra restauración de Kilmainham Jail viña dada
os seus fortes e rexos muros. pola posibilidade de crear postos de traballo
En 1924 as portas desta cadea pechan ao tempo que dar cumprimento á vella arela
e outra etapa da súa histoira empeza. O republicana de recordar as loitas do pasado
peche levou ao abandono do edificio, pois pola independencia.
na memoria ficaba que era un lugar de Pero a proposta oficial tampouco vai
sufrimento, de opresión e, tamén, duns adiante e o estado de deterioro do edifico
feitos que se querían esquecer e que tiñan aumenta. Será entón a sociedade civil a que
que ver cos inicios do novo estado, no tire definitivamente da recuperación deste
que antigos presos pasaron a ser os carce- edificio histórico. Aparecen intentos para
reiros dos seus vellos compañeiros de loita. facer unha película sobre os “Invencibles”,
Uns anos despois do seu peche foi usado un grupo que levou a cabo unha serie de
como almacén. O seu estado foise dete- actos violentos, como o asasinato en 1882
riorando e o seu nome, desaparecendo da de Lord Frederick Cavendish, vicerrei para
literatura oficial. Na década de 1930 danse Irlanda, e do seu secretario no dublinés
os primeiros intentos por recuperar este parque Phoenix. A película non se filma e os
edificio e relacionalo xa á historia recente autores da idea, ao coñecer que o goberno
de Irlanda. De feito, a primeira proposta recibira propostas de diversas compañías
de recuperación vén promovida por unha para tirar co edificio e aproveitar o material,
asociación vinculada ao movemento repu- empezan accións para salvalo da demolición.
blicano, que tiña como obxectivo coidar A finais de 1958 comezaron as xuntanzas
das sepulturas dos mortos nacionalistas en para ver que facer. Unha das primeiras
toda Irlanda. A súa proposta era converter decisións que toman é que nada posterior a
o centro nun lugar de homenaxe, entre 1921 debe afectar á unidade de acción sobre
outros, aos fusilados polo levantamento Kilmainham, algo que tamén pedía o IRA
de 1916, aínda que non se facía mención a histórico, é dicir, obviábanse os temas aínda
quentes da Guerra Civil que sacudiu Irlanda de certos feitos puntuais, un símbolo para
despois da sinatura do tratado de partición o futuro e un centro turístico que mostra
en 1921. unha etapa problemática da historia deste
Serán vellos membros do IRA os que país sen complexos e cun fin didáctico.
formen o núcleo central dos voluntarios A visita á cadea faise de maneira guiada
encargados da súa restauración, especial- e é imprescindible ter uns mínimos coñe-
mente porque eran os que mellor coñecían cementos da histoira de Irlanda, xa que
interiormente o edificio, polo tempo que nomes, datas e feitos saen continuamente
pasaran como prisioneiros. A finais de 1959 pola boca do guía sen preocuparse de se nos
o Comité de Restauración entra na cadea son ou non familiares. O percorrido empeza
e contempla unha situación lamentable, por un vídeo na capela onde os condenados
moito peor da que agardaban. En 1960 a morte recibían a comuñón minutos antes
o goberno acorda arrendarlle o edificio de seren fusilados. Despois sáese por unha
polo prezo simbólico dun penique ao ano porta lateral e vaise percorrendo as dife-
durante cinco anos. Pouco a pouco vanse rentes ás do edificio, a galería central e
restaurando as diferentes ás do edificio e as celas. A filosofía dos restauradores foi
as capelas, tanto a católica como a protes- deixar as celas case como estaban, dando
tante. O problema xorde cando se chega ás a impresión dunha situación de desman-
partes vinculadas con feitos da Guerra Civil telamento, de mal aspecto, algo que podía
ou co fusilamento de James Connolly11. En corresponder coa situación real. Ao remate
1966 o Partido Laborista irlandés propón da visita pódese ver unha mostra sobre
que James Connolly debería ter unha placa o sistema penitenciario e a vida diaria na
comemorativa para el só onde foi execu- cadea.
tado, un lugar distinto a de onde foran O que queremos destacar aquí é o paso
executados os seus compañeiros. A idea da cadea do abandono institucional á restau-
non é aceptada polo comité encargado da ración grazas ao traballo voluntario, en
restauración, o que para os socialistas era parte dalgúns que coñecían as súas depen-
unha mostra da súa submisión ao Fianna dencias por telas habitado involuntaria-
Fáil; pero para o comité, Connolly era mente. Kilmainham Jail foi levantada polos
patrimonio do pobo de Irlanda e non só ingleses para encarcerar irlandeses, pero
do partido que el axudara a fundar. Tras a a súa reconstrución por un amplo move-
abertura ao público do edificio restaurado mento da sociedade civil, no que estaban
houbo un proceso de reelaboración do implicados nacionalistas e non nacionalistas
discurso e estas diferenzas fóronse resol- de diversas tendencias, axudou a construír
vendo co tempo. Hoxe Kilmainhim Jail é este espazo nun lugar da memoria, que se
un símbolo do pasado de Irlanda, máis alá foi reconstruíndo como algo colectivo ao
11 James Connolly, un dos líderes do levantamente de 1916 non foi fusilado cando os demais xefes da rebelión, senón días despois e
nunha cadeira debido ao seu lamentable estado. Entre os primeiros fusilados está Padraig Pearse, poeta, promotor do ensino en gaélico
e nomeado primeiro presidente da república de Irlanda. Dous dos lugares onde impartiu escola, Santa Enda en Dublín e o seu cottage en
Galway, onde levaba os rapaces no verán, forman parte do patrimonio de Irlanda e están musealizados.
tempo que se reconstruía o edificio. Hoxe inacabado e como un lugar no que se poden
móstrase como un símbolo da unidade pola mostrar os erros do pasado se valen para
liberación, que se presenta como algo aínda non repetilos no futuro.
Bibliografía
COLLINS, Kevin (1990) The Cultural conquest of Ireland. The Mercier Press. Cork.
CROWLEY, John (2000) “Exhibiting the Great Famine”. En Neil Buttimer, Colin Rynne e Helen Guerin (ed)
The Heritage of Ireland. Natural, Man-Made and Cultural Heritage. Conservation and Interpretation.
Bussines and Administration. The Collins Press. Dublín.
GAILEY, Alan (1992) “La resolución de conflictos en Irlanda del Norte: El papel de un museo popular”. En
Museum, vol. XLIV, 173-3.
JACKSON, T. A. (1985) [1947] Ireland Her Own. An Outline History of the Irish Struggle. Lawrence and
Wishart Ltd. Londres.
MONAGHAM, Nigel T. (2000) “The National Museum of Ireland”. En Neil Buttimer, Colin Rynne e Helen
Guerin (ed) The Heritage of Ireland. Natural, Man-Made and Cultural Heritage. Conservation and
Interpretation. Bussines and Administration. The Collins Press. Dublín.
Ó GIOLLÁIN, Diarmuid (2000) Locating Irish Folklore. Tradition, Modernity, Identity. Cork University
Press.
Ó GIOLLÁIN, Diarmuid (2003) “El patrimonio etnológico en Irlanda”. En J. A. González Alcantud (Ed.)
Patrimonio y Pluralidad. Nuevas direcciones en Antropología Patrimonial. Biblioteca de Etnología.
Centro de Investigaciones Etnológicas Ángel Ganivet. Granada.
ZUELOW, Eric (2004) “Enshrining Ireland´s Nationalist History Inside Prison Walls: The Restoration of
Kilmainham Jail”. Éire-Ireland 39: 3 e 4.
Direccións de internet
Cadea de Kilmainham: www.kilmainham-gaol.com
Museo da fame: www.strokestownpark.ie/museum.html
Museos nacionais de Irlanda: www.museum.ie
National Gallery, Dublín: www.nationalgallery.ie
Northern Ireland Museum Council: www.nimc.co.uk
Patrimonio Cultural de Irlanda: www.heritageireland.ie
The Ulster American Folk Park: www.folkpark.com
Ulster Folk and Transport Museum: www.uftm.org.uk
tiva, non só dunha urxencia documental escrita, obras de arte, obxectos e todo tipo
(...) senón que tamén e fundamentalmente de instrumentos relacionados co move-
sería un acto de xustiza cos nosos compa- mento migratorio galego.
triotas que tiveron ou teñen que pasar por A reivindicación dun museo da emigra-
ese transo..” ción (algunhas veces ligada a Vigo) foi un
O BNG rexeitaba neste momento propor tema recorrente nos debates orzamenta-
as condicións concretas do funcionamento rios dos seguintes anos, e frecuentemente
do museo ou a súa localización, aínda que naquelas intervencións da oposición nas que
sinalaba a conveniencia de que se situase se criticaba a política cultural ou museística
en Galicia, despois de valora-las cidades que do goberno popular.
tiveron significación no proceso migratorio. O Partido Socialista en xuño de 2004,
Grazas á maioría absoluta do Partido cando xa perdera a alcaldía de Vigo, reiterou
Popular no parlamento, a proposta foi rexei- a súa proposta nunha proposición non de
tada. lei na que se instaba á Xunta a iniciar estu-
O mesmo aconteceu en marzo de 1998 dios para crea-lo Museo da Emigración nas
ante unha proposición semellante presen- instalacións portuarias da cidade olívica.
tada polo PSdG. Estes concretaban máis: Vistos os precedentes, non sorprende que
propoñían situa-lo futuro museo na cidade o Partido Popular bloquease a iniciativa,
de Vigo e máis exactamente, nas súas insta- alegando que o verdadeiramente impor-
lacións portuarias. Estas foron as palabras do tante non era crear museos senón conserva-
parlamentario Antón Louro Goyanes, quen los arquivos da emigración. O que resultou
elaborou a proposta no pleno: “O museo máis inexplicable foi que naquela ocasión o
deberá estar definido, en parte, polo seu propio Bloque Nacionalista Galego, que xa
enclave histórico e ningunha cidade é máis presentara iniciativas deste tipo, tamén se
axeitada cá de Vigo para acolle-lo proxecto. opuxo, aducindo que non aceptaban que a
Calquera contexto portuario da cidade de cidade de Vigo fose imposta como sé.
Vigo pode recoller esa mirada atlántica de
ultramar ou europea, que é a que configura, Vigo, punto de partida
de maneira simbólica, a emigración dos Ante a falla de compromiso que amosou
galegos no mundo.” a Xunta durante os anos 90 pola creación do
Os socialistas daban algunhas pistas Museo da Emigración, xurdiron voces que
sobre as características que debería te-lo reclamaban iniciativas doutras institucións
futuro museo. Segundo a proposición, debía para desenvolver este proxecto cargado
combinar unha sala de exposicións tempo- de significación. O foco de atención estivo
rais, centro de documentación, biblioteca e durante un certo tempo sobre o Concello de
centro de estudios territoriais atendendo ós Vigo.
diferentes puntos xeográficos de destino ós A primeira proposta ó respecto partiu
que se dirixiron os emigrantes. no ano 2000 da Central Intersindical Galega
Deberíase prever tamén unha colección (CIG) que apoiou decididamente construí-lo
permanente baseada en documentación equipamento na cidade de Vigo, a causa do
seu simbolismo como porto de partida de actualmente dos populares, deixou o museo
tantos galegos e galegas que comezaron o completamente fóra de xogo.
seu periplo americano no Berbés. Malia todo, a CIG continúa apostando por
A idea foi saudada positivamente polos el. O sindicalista da CIG Emigración, Lois
medios de comunicación. Por exemplo Xulio Pérez Leira explica a situación actual: “Vigo
Ríos, escribía en La Voz de Galicia o seguinte ten pouca oferta museística, e as iniciativas
“Agora que se imaxinan novos proxectos do socialista Carlos Príncipe foron criti-
para o desenvolvemento da cidade convén cables e innecesarias, non era prioritario
reparar na importancia de non descoidar un museo de arte contemporáneo, que xa
a perspectiva exterior. Á hora de defini-lo hai un en Santiago, nin un da palabra. Un
plano estratéxico de Vigo e a súa área metro- museo da emigración na estación marí-
politana deberiamos dotarnos tamén dun tima de Vigo, aínda que daquela xa non
proxecto [...] para posicionar a Vigo máis alá había emigración en barco, podería ser un
do seu embigo. Que un alcalde nacionalista lugar de visita obrigada para toda Galicia.
sexa quen de liderar ese proceso rebentaría Non entendemos por qué os políticos non
máis de un tópico.” o toman como bandeira, sería un reclamo
Non obstante, pese as teóricas coinciden- turístico e para as segundas xeracións. Nós
cias que podería haber entre o programa seguimos a reivindicalo, mediante entre-
nacionalista e a reivindicación da historia vistas coa ministra de Agricultura, e cos
migratoria galega, o proxecto non foi adop- sucesivos alcaldes.”
tado inmediatamente polo goberno do BNG,
que en troques acelerou a decisión de crea- Perdido na Cidade da Cultura
lo Verbum (Casa das palabras), un museo En 2003, despois de negar repetida-
interactivo sobre a comunicación humana. mente a súa pertinencia, a Xunta de Galicia
A CIG e outros axentes defenderon o retomou a idea do museo da emigración, e
proxecto orixinal, non sen certa burla a fíxoo no lanzamento do que seguramente
conta do estilo ó seu parecer elitista do é o equipamento cultural máis ambicioso
proxecto municipal. nunca proxectado en Galicia. A polémica
Debido á insistencia do sindicato e Cidade da Cultura de Galicia, comezada
máis ó tirón electoral da idea, a proposta en 2001 e aínda en obras, dende un prin-
de situa-lo museo en Vigo volveu a saltar cipio presentou entre os seus obxectivos
á palestra municipal. O nacionalista Lois en materia museística albergar un espacio
Pérez Castrillo incluíno pouco despois no dedicado á Historia de Galicia.
seu programa electoral e cando se redactou A principios do 2003 o entón Conselleiro
o Plan Xeral de Ordenación Urbanística en de Emigración, Aurelio Miras, anunciou no
2003 introduciuse a conveniencia de cons- Parlamento a creación simultánea de dous
truí-lo museo no edificio da antiga Estación museos sobre este tema: na Cidade da Cultura,
marítima. o Museo da Emigración Galega; e nalgún país
Non obstante, a perda da alcaldía, latinoamericano de forte presencia galega, o
primeiro en mans do Partido Socialista e Museo da Galicia Exterior.
Cadro 1
Bibliografía
Barros, Isabel (Clarín, 16/04/2005)
Louro Goyanes, Antón (Boletín Oficial do Parlamento de Galicia, 23/03/1998)
Miras, Aurelio (Diario de Sesións do Parlamento de Galicia, 22/04/2003)
Ríos, Xulio (La Voz de Galicia, 09/07/2000)
Soutelo Branco, Olegario (Xornal.com, 08/05/2005)
Suárez Canal, Alfredo (Boletín Oficial do Parlamento de Galicia, 20/11/1995)
Entrevistas a:
Boj, Imma (Museo de Història de la Immigració de Catalunya)
Fernández Rial, Carlos (Tendencia Republicana 14 de Abril)
Gabinete de prensa da Cidade da Cultura de Galicia
Pérez Leira, Lois (CIG Emigración)
Cantigas, coros, danzas e bailadas naceron ó par e colleron o pulo por virtude
dos aires e sons de gaitas, tiorbas, laúdes e zanfonas, e sin a súa compaña cairán-
estámolo vendo– en brados, toadas, xipíos, pasos e punteados alleos, estranos ós
nosos sentementos melódicos,ós nosos ritmos íntimos, conxénitos co-a nosa alma
galega.
Ramón Cabanillas. Prólogo a “La Zanfona” de Faustino Santalices. Lugo 1956
mentos máis propios da hoxe chamada da fin da música antiga en Galicia non ten
música antiga que os recursos propios solución e realmente non importa. O impor-
da música aprendida nos conservatorios, tante é saber qué recursos e medios perten-
descendentes directos das ideas igualitarias, centes á música antiga perviven nas músicas
e polo tanto destructivas da diversidade, da de épocas posteriores ao 1750. Poderíamos
Revolución Francesa. Desta maneira, un incluso dicir que a pervivencia de elementos
motete de Santiago Tafall, composto para musicais propios da música antiga na prác-
a capela musical da catedral de Santiago tica musical galega ate ben entrado o século
nos primeiros anos do século XX podería XX máis que un rasgo de arcaísmo, que o é
ser facilmente considerado pertencente en certa medida, é mais ben un milagre que
ó ámbito da música antiga galega. Tamén pode ser aproveitado moi positivamente
as marchas interpretadas polos grupos de no rexurdir da música antiga de Galicia e
chirimías das catedrais galegas, onde tamén incluso aportar moitos elementos de refle-
se tocan baixóns, poderían ser consideradas xión para a música antiga en xeral.
pertencentes ao ámbito da música antiga; Outro problema de fácil solución é o
esas marchas son aínda hoxe interpretadas da denominación do concepto mesmo:
por instrumentos con sonoridades e afina- ¿música antiga de Galicia?, ¿música antiga
cións antigas moi diferentes da imperfecta en galego?....Músicas en latín feitas en
afinación de semitonos iguais. Galicia, músicas aportadas en peregrina-
O instrumento virtuoso máis representa- ción por todo tipo de músicos da cristian-
tivo da música galega, a gaita, mantivo tipos dade, mestres de capelas reais e cidadáns
de afinacións non temperadas ate a metade anónimos á catedral de Santiago, músicas
do século XX cando se comezou o abandono en galego-portugués presentes en todas as
das escalas máis afinadas para facilitar a cortes da península ibérica, pezas instru-
incorporación de instrumentos melódicos mentais recollidas en libros de órgano e
importados do ámbito “culto” aos grupos de guitarra de España e América, villancicos
música popular. Tamén a gaita mantivo ata barrocos en galego sempre compostos
hai moi pouco tempo formas de execución fora de Galicia, villancicos en castelán e
rítmica e improvisada que, unidas a unha compostos e interpretados nas catedrais
enorme gama de adornos e ornamentos de galegas, madrigáis, frótolas, villanescas
grande virtuosismo e gusto estético, fannos e ensaladas renacentistas que formaron
pensar nos máis variados recursos da música parte da vida musical das cortes de bispos
barroca. As danzas procesionais que aínda e nobres galegos; músicas italianas, fran-
perviven en diferentes puntos de Galicia, cesas, inglesas, interpretadas no laúde na
son practicamente iguais ás descritas por intimidade das casas dos cidadáns galegos;
viaxeiros que viñeron a Galicia no século músicas dedicadas a personalidades galegas
XVII como Lorenzo Magalotti ou Dome- con cargos políticos ou relixiosos fora do
nico Laffi. Estas danzas formaban parte do territorio galego; motetes, misas, vésperas,
espectáculo barroco das nosas catedrais. paixóns, compostas en latín nas catedrais
O problema da delimitación dunha data galegas durante a Idade Media, Renace-
O pórtico da Gloria. As
representacións de instrumentos
en Galicia
Na catedral de Santiago de Compostela
está o Pórtico da Gloria. Os 24 anciáns da
Apocalipse tocan os seus instrumentos.
Organistrum, vielas, laúdes, arpas, rotas,
xúntanse na máis valiosa e importante
representación de instrumentos de toda a Anxo guitarrista. Fonte de San Pedro de Cea,
Idade Media europea. Tamén na catedral Vilagarcía de Arousa. Principio do século XVIII.
de Santiago podemos presenciar unha das
máis importantes e coñecidas represen-
tacións dun instrumento medieval: o rei tocan laúdes, cítolas, etc... Outras represen-
David coa viela ou rabel da fachada das tacións moi valiosas en Galicia son o pórtico
Praterías. Outro rei David, esta vez tocando do Paraíso da catedral de Ourense, a portada
a rota, preside maxistralmente a praza do da igrexa de san Martiño en Noia, a portada
Obradoiro. Pero nesta mesma praza hai do mosteiro de Carboeiro. Todas estas repre-
máis representacións de instrumentos: os sentacións de instrumentos son coñecidas,
anxos renacentistas da fachada do hostal pero en Galicia hai multitude de represen-
dos Reis Católicos, tocando viola, arpa, tacións aínda completamente descoñecidas,
corneta, chirimía, viola de man, arpa, ou os como a ninfa laudista da capela do hostal
anxos da fachada de san Clemente, tocando dos Reis Católicos, o anxo laudista e o demo
laúdes, guitarras, arpas, mesmo na balco- gaiteiro dos claustros do mesmo edificio,
nada do Hostal podemos ver un músico de os músicos da capela de san Luís da cate-
pedra que toca a trompa. dral de Santiago, e pode ser que milleiros
Tras os muros do pazo arcebispal está de músicos espallados por toda a xeografía
outra das máis importantes representacións galega, nas catedrais, nos pazos, nas igrexas,
de instrumentos medievais. Músicos que en cruceiros e noutras construccións.
O coñecemento e estudo destas represen- man, arpa, órgano, corneta aparecen repre-
tacións é de moita importancia por moitos sentados nos dous conxuntos escultóricos.
motivos. A difusión e presencia da música A utilización de instrumentos de sonori-
nas distintas épocas ven evidenciada pola dades diferentes está en xeral asignada ás
mesma presencia dos instrumentos nos músicas do período barroco, e non ás do
monumentos. Moitos dos instrumentos período renacentista ao que pertencen os
conservados presentan características moi dous instrumentos citados. Así, a represen-
claras en canto a forma, o que pode ser tación de instrumentos moi concretos pode
dunha grande utilidade á hora de crear fundamentar, en unión con outras fontes
reproduccións. Mesmo podemos obter documentais, a existencia e as formas de
información relativa á técnica instrumental utilización deses instrumentos en Galicia.
nos instrumentistas e instrumentos repre-
sentados. Unha representación pintada ou O rei David. A importancia do
escultórica dun laudista pode transmitirnos intérprete
valiosísimas informacións sobre a técnica Cando observamos o rei David da
empregada. A utilización de plectro ou os fachada das Praterías o que primeiramente
dedos para a producción do son, o lugar e a chama a atención é o seu precioso rabel ou
inclinación coa que son pulsadas as cordas, viela. É un instrumento moi ben conser-
a posición do laúde con respecto do corpo vado que mostra unhas características moi
e dos brazos, a xestualidade, son todos definidas. Pero o instrumento pasa a un
elementos esenciais da técnica dun instru- segundo plano cando percibimos a inmensa
mento que moitas veces aparecen con clari- forza do músico que o leva. O xesto maxes-
dade nas representacións artísticas. toso do rei David pasa a transmitir unha
Un exemplo concreto tamén relativo á sensación de dignidade e sobre todo unha
técnica dos instrumentos antigos é o anxo conexión total co instrumento que ten nas
que toca a viola de arco representado na mans. O instrumento forma parte del. É o
portada do Hostal dos Reis Católicos. A seu modo de expresión; é o instrumento do
forma de coller o instrumento é a mesma seu poder. Sen el, David non sería rei.
que a que se difundiría no principio do Unha das cuestións de máis importancia
século XVII en Italia para o violín. A relativas á interpretación da música antiga
portada foi creada no principio do século é a relativa á especialización do intérprete.
XVI. Outro anxo, no retabulo da capela de Durante anos, en Europa, a música antiga
san Luís da catedral compostelá, feito no foi recuperada gracias á implicación total-
ano 1532, tamén toca unha viola de arco do mente altruísta de músicos afeccionados
mesmo xeito. Estas dúas representacións moi entusiastas, pero con moi pouca
teñen moito valor no que se refire á técnica formación e con moito descoñecemento de
coa que eran tocados eses instrumentos. técnicas instrumentais (os instrumentos que
Ademais os dous instrumentos son tocados utilizaban eran case sempre de moi pouca
en formacións onde cada instrumento ten calidade) e vocais axeitadas a esas músicas.
características moi diferentes; viola de Dende a metade do século XX, coa crea-
ción dos grandes centros de formación de cializados é urxente. Unha obra de arte, para
músicos profesionais, iniciouse un camiño ser restaurada ponse nas mans dos mellores
irreversible. especialistas e cando menos nas más de
A música antiga precisa, para a súa restauradores cualificados.
interpretación, de adicación exclusiva e As músicas de Galicia son moitas veces
especializada. Isto non diferencia en nada desprezadas, co que leva de desprezo
á música antiga de outras músicas como da mesma cultura galega, precisamente
a chamada clásica, jazz, rock ou contem- porque as únicas versións que as mostran
poránea. As interpretacións e gravacións están feitas por grupos de persoas con boa
actuais das músicas de grandes mestres da vontade pero non capacitados para mostrar
Idade Media, Renacemento e Barroco están unha das miles de versións aceptables. Non
realizadas na súa inmensa maioría por se pode correr o risco de mostrar unha cari-
músicos cualificados formados nos centros catura da obra de arte musical, sobre todo se
de música antiga de Bruxelas, A Haia, destas obras non hai outras versións garan-
Versalles, Basilea, Lyon, Londres, Milán. tidas pola calidade dos intérpretes, e, o que
Os estudos profesionais de alto nivel para é aínda peor, se as inversións económicas
a interpretación da música antiga permiten, e organizativas son as mesmas que as que
por un lado coñecer con profundidade a se investirían para que profesionais cualifi-
música antiga en xeral e por outro, ter un cados interpretasen e gravasen esas obras.
contacto diario e exhaustivo durante anos O estudo e a especialización permiten
e baixo a supervisión dos mellores profe- ao intérprete identificar os elementos e
sionais e profesores coa música mesma, empregar os recursos necesarios para que a
instrumental ou vocalmente. Evidente- obra sexa tratada primeiramente coa obxec-
mente, como no jazz, no rock ou na música tividade de parámetros rítmicos, de afina-
sinfónica, pode haber afeccionados que se ción, articulación, de calidade sonora e en
divirtan e deleiten tocando a música antiga, segundo lugar cos parámetros máis subxec-
pero hoxe calquera concerto, gravación ou tivos, pero tamén dependentes da práctica
proxecto serio relacionado coa recupera- permanente e continuada e do coñecemento
ción e difusión da música antiga realizado profundo e case obsesivo, da expresión,
en Europa conta para a súa realización con movemento, dinamismo, emoción, sempre
músicos e cantantes altamente especiali- presentes en calquera obra de arte musical.
zados. As opcións para a interpretación da
No caso de Galicia, e polo tanto das música antiga de Galicia pasan pola impli-
súas músicas antigas, é dicir, dunha das cación total das institucións culturais e
partes máis importantes e descoñecidas educativas, pero tamén pola implicación
do seu patrimonio cultural, aínda estamos dos individuos interesados activamente
nese estadio que fora superado en Europa nesas músicas. A opción de incorporar aos
arredor dos anos 50 ou 60. A necesidade conservatorios galegos departamentos de
de que as músicas antigas de Galicia sexan música antiga sería un paso importante se
interpretadas e gravadas por músicos espe- se fixera coa atención e planificación axei-
tucións culturais e sobre todo polas univer- Ela coñecía xa a maior parte dos órganos
sidades galegas nese camiño necesario da europeos e xa tivera tocado neles. Hoxe, o
recuperación das músicas antigas de Galicia. órgano de san Martiño Pinario non é máis
Outro ámbito que pode dar moitos froitos que unha marabillosa fachada barroca cun
son as bibliotecas e arquivos das catedrais e interior baleiro. A restauración, ou neste
igrexas de América onde xa se teñen atopado caso a reconstrucción, e conservación dos
villancicos barrocos en galego. órganos galegos é unha das tarefas máis
urxentes para a recuperación da memoria
O catálogo de libros do arcebispo musical pero tamén para comprender o
de Ourense espazo relixioso na súa totalidade. Eviden-
Na catedral de Ourense consérvase un temente, como no caso da interpretación da
catálogo dos libros de música do arcebispo de música antiga, a restauración e recupera-
Ourense Juan Febos Rodríguez. O catálogo, ción debe ser levada a cabo polos mellores
do ano 1589 cita un total de 96 volumes, con especialistas nesas materias.
23 autores, dos que só dous conteñen pezas
relixiosas. Entre os autores están os máis “Os alegres días de Nápoles
famosos músicos do seu tempo: Verdelot, de Girolamo Montesardo” e “a
Jacques de Wert, Adrián Willaert, Mateu moreniña” de Trabacci
Flecha, Alessandro Striggio... A importancia Un feito curioso, pero moi significativo,
deste documento radica en que mostra que aparece nun dos libros de música dedicados
en Galicia, e máis concretamente nos pazos ao conde de Lemos e Vicerrei de Nápoles, o
arcebispais, se practicaban as músicas de galego Pedro Fernando de Castro. Trabacci
moda na época, mesmo se eran profanas. inclúe no seu libro unha peza instrumental a
O estudio deste documento e doutros simi- catro voces titulada “La morenigna”. “A more-
lares pode potenciar a creación de proxectos niña” pode ser unha peza inspirada nunha
educativos, de concerto e gravación que muller, moza ou rapariga galega da corte
vinculen fortemente a situación da música de Pedro Fernando, pero tamén podería ser
en Galicia na Idade media, Renacemento e unha adaptación dunha peza galega cantada
Barroco coas músicas Europeas das mesmas cun texto que incluíse a expresión “more-
épocas. niña”. O achado desta peza non é impor-
tante por aportar ao repertorio da música
O órgano de san Martiño Pinario. antiga relacionada con Galicia unha obra de
A fachada barroca moito valor aínda que fose só pensando na
Cando a clavecinista e organista polaca escasa producción de músicas instrumen-
Wanda Landowska, máxima represen- tais escritas en Galicia. O importante é que
tantes da recuperación da música antiga sería posible que, como apareceu esta peza,
na primeira metade do século XX, visita poderían aparecer algunhas outras de igual
Compostela queda impresionada polo ou diferente relación con Galicia en obras
órgano da igrexa de san Martiño Pinario dedicadas a Pedro Fernando de Castro no
dicindo que era un dos mellores de Europa. seu período napolitano.
Para finalizar, podemos facer noso o o que temos que facer. Este segue a ser o
remate do precioso prólogo que o poeta camiño.
da raza dedicou ao ilustre músico Faustino Coido que este é o camiño.
Santalices co motivo da publicación do seu O que temos que faguer dito queda.
tratado de zanfona. Por certo, ata hoxe a Quénes o teñen que tomar de seu cárrego sabido é.
súa voz estaba perdida. Hoxe parece que ¿Perderáse no vento, como de cote, a miña voz?
un vento estraño nos devolve esas palabras Ramón Cabanillas. Prólogo a “La Zanfona” de
para reflexionar e como el di, para facer Faustino Santalices. Lugo 1956
Bibliografía
FILGUEIRA VALVERDE, Introducción e notas bibliográficas ao Cancionero musical de Galicia. Pontevedra
1942
HARNONCOURT, Nikolaus: Der musikalische Dialog. Salzburg e Viena 1984
REYES, Fernando: Santiago Música e peregrinacións na Europa do Renacemento. Santiago de Compostela
2003
SAMPEDRO, Casto: Cancionero musical de Galicia. 2ª Edición. Coruña 1982
TRABACI, M: Il secondo libro de ricercate & altri varii capricci, Nápoles 1615
O que ides ler a seguir son uns apunta- nización dunha mesa de debate chamada
mentos en forma de crónica ou bitácora que ‘Cultura e Poder’, nada menos. As conversas
recollen as miñas impresións no decorrer foron moi interesantes e constructivas na
dunha xira que fixen (e aínda estou facendo) xornada do sábado. Lástima que a xornada
polas vilas de Galiza cun espectáculo para do domingo deslucira a experiencia. Un
nenos, e que fun publicando na internet dos erros da organización consistiu en
nos últimos meses. Mais antes de ir ao reservar ese segundo día para presentar o
allo, quizáis sexa necesario entrar en ante- que serían unhas (precipitadas) conclusións
cedentes e clarexar algunhas cousas. Ou no seo dunha asemblea da organización
mellor, contemos o conto desde o principio. convocante –Burla Negra– e iso foi unha
Ou aínda mellor, desde antes do principio. mala decisión. Primeiro, porque non todas
Nazaret chamoume un domingo. Quería as persoas presentes compartían os presu-
quedar para proporme algo. Era urxente. postos desa organización –e non era tempo
Remataba o prazo. Urxente? Prazo? nin modo de iniciar en plena asemblea un
Vale quedamos ás 9 porque teño a tarde novo debate–, e segundo, porque aquela
ocupada. especie de clausura forzada tronzou o que
Aquela fin de semana eu pasáraa reunido podía ser máis interesante do encontro: a
cunha morea de xente no Instituto Galego continuidade no tempo dun proceso cons-
da Información. Autoconvocáramonos alí tructivo e aberto de debate. Mágoa. En todo
para unhas xornadas que baixo o sinistro caso, para quen estea interesado, o que alí se
título de Foro Negro habían de tratar dunha falou está parcialmente recollido en http://
serie de temas que previamente foramos burlanegra.vieiros.com/foronegro/index.
debullando nun foro de internet, e que bási- html e resultado de aqueles encontros foron
camente viraban arredor da cultura, a polí- outras interesantes iniciativas. Pero iso é
tica cultural e a acción social na Galiza post- auga de outro muíño.
Prestige. Organizadas con certa precipita- O conto é que ás 9 de aquel domingo
ción e non pouca ambición no espectro de eu tiña a cabeza coma un bombo cando me
temas a discutir, moita xente consideramos reunín por fin con Nazaret. A proposta en
importante participar e así, como quen non cuestión era a seguinte: ela ía pór a andar
quere a cousa, vinme mergullado na orga- unha oficina de distribución de espectá-
amigos de Trigo Limpo levarono á escena que neste país os teatreiros non cobran polo
en Portugal e saiulles ben. Só que aquel é seu traballo ata pasados unha chea de meses.
outro país, claro. De facelo aquí, tería que No momento de remitir este texto aínda non
ser de pequeno formato (obviamente, coma cobrei moitas das actuacións das que falo
sempre) pois eu tería que asumir a produc- na bitácora. Nese aspecto, pouco cambiou
ción. O ano anterior Nazaret xa insistira en 15 anos. Menos mal que estabamos
en pedir unha subvención á producción ao avisados. Estamos curtidos. Polo resto, non
IGAEM que fora pertinentemente deses- hai queixa. Puxemos a pasta, argallamos,
timada. O texto estaba prácticamente ensaiamos e estreamos. Vendemos bastante
feito, tiña a idea da posta en escena perfi- ben no 2004. Temos moitas actuacións máis
lada, contaba con xente que seguramente neste 2005. A cousa non rende como para
estaba disposta a embarcar, prometía ser facer vida, pero a iso tamén estamos afeitos.
un traballo divertido.Tería que ser algo Hai que diversificar. Somos ben recibidos e
pequeno, portátil, todos metidos nunha felicitados. Os rapaces gustan do que ven e
furgoneta e tira. Si, home, si, que eu iso quero pensar que o agradecen. Listo.
véndocho seguro, teimaba Nazaret. E eu que? Xa matei a miña curiosidade?
Foi entón cando comecei a lembrar Calmei a miña saudade? Como está agora
aquelas xiras que facía con Chévere a a cousa? Buff. Moito habería que falar. A
principios dos 90. Era aquelo mesmo. E, cousa está lonxe de estar ben. Hai sinais
lembrando, empezoume a roer a curiosi- optimistas aquí e acolá, pero en xeral... ás
dade. Todas aquelas vilas, aqueles palcos, veces un ten a impresión de que o traballo
aquelas casas de cultura. Como estaría feito por toda unha xeración de xente
agora todo aquelo? Se a cousa pintaba adicada ao teatro, á música, ás artes itine-
tan mal en Compostela, como non estaría rantes e en galego valeron pouco máis que
o resto? Daquela, cada función era unha nada. A sociedade cambiou moito nestes 15
batalla contra os elementos. Cambiaría anos, mais o papel que a cultura xoga nela
algo? Cambiaríamos algo 15 anos despois? pouco cambiou ou aínda recuou. Supoño
Cal sería a Galiza que iría encontrar agora? que todos temos a nosa parte de culpa pero,
Entre a curiosidade, a saudade e o viño, claramente, uns máis ca outros.
acabei por decidirme. Veña logo, vai. Mais non me vou pór agora a analisar,
Nos meses que seguiron a aquela decisión porque non é ese o propósito destas letras.
e que adiquei a tempo parcial a por en pé a Convídovos, simplemente, a que me acom-
montaxe, tiven tempo abondo para arrepen- pañedes nesta voltiña por Galiza en furgo-
tirme da miña decisión. Afortunadamente, neta.
a ‘demanda’ tardou un pouquiño en reac-
cionar e tiven tempo tamén para xuntar os 31 de outubro de 2004
aforros suficientes como para non naufragar Os Trabalinguas estreamos unha
antes da partida. O que pasara por alto na versión escénica da obra multimedia ‘O
miña conversa con Nazaret –esa bola non Labirinto dos Soños’ no cine Elma da Pobra
saiu do bombo–, e que xa case esquecera, é do Caramiñal o 21 de outubro de 2004. A
os seus comentarios. Aínda ben que malia oficinas municipais é moi bonito e alegre
todo, seguian as peripecias e ían comen- para traballar. O palco ten as medidas ideais
tando tamén as súas conclusións sobre o para o noso espectáculo. O patio de butacas
que pasaba na pantalla. O que está claro é é pequeniño e acolledor. A función estaba
que, como non, tiñan que facer notar a súa concertada cos colexios de Ortigueira, e
autoridade sobre os pequechos e intentaron temiamos que non houbera sitio para todos
conducir en todo momento as reaccións da os nenos. Ao final, resulta que todos os
platea. Ao final, mentres os demáis aplau- nenos de Ortigueira non chegaron a encher
dían, eles deron en nos apupar, como non de todo as butacas. Antes de comezar o
podía ser doutra maneira. Sen demasiado espectáculo, este feito e as rúas baldeiras
entusiasmo, o suficiente para que todo o da mañá, fixéronnos pensar no paradoxal
mundo lles prestase atención. Ah...que será despoboamento das vilas galegas. Acaba-
mañá dos nenos terribles? rían aqueles nenos marchando dun pobo
Temos agora un mes de descanso. tan bonito como Ortigueira? Por que? Non
En decembro temos unha boa tanda de había moito tempo para especulacións,
funcións – 9 –. A principios de mes volta- achegábase a hora de sair ao palco
remos a xuntarnos para repasar, retocar e Entre bambalinas axexamos o patio de
prepararnos para a xira de Nadal. butacas antes de sair. Aquilo era unha festa.
Pensamos que habería que dar un toque
15 de decembro de 2004 de atención para empezar. Pero apenas
Nova función matutina en Ortigueira. comezaron a funcionar os proxectores,
Tivemos que sair de Compostela de noite o rebumbio converteuse nun Oooooo!
e ver abrir o día mentres nos achegabamos unánime que deixou a sala sumida nun
ao norte. A viaxe fíxose breve e chegamos silencioso recollemento. Saímos ao palco
dez minutos antes do previsto. Que guai, un sorprendidos pola reacción. Algúns dos
cafeíño antes de traballar... pero, onde? Orti- nenos miraban para nós coa boca aberta
gueira, a esas horas tiña as trazas dun fantas- axoellados na butaca e co abrigo a medio
magórico pobo deshabitado. Non había nin sacar, como se quedasen conxelados na
a quen preguntarlle na rúa. Na parte vella postura da súa última trasnada. Desde o
da vila, moi coidada e chea de mobiliario primeiro momento seguiron as nosas evolu-
urbano de novo deseño que contrastaba coa cións cunha complicidade total. Cando
preciosa arquitectura antiga que se conserva, empezaron as primeiras cancións non dubi-
non encontramos a ninguén mentres vaga- daron en dar palmas, corear as letras que
bamos polas rúas neboentas. Finalmente, escoitaban por primeira vez e moitos deles
atopamos un café baldeiro na estrada xeral. pasaron toda a peza bailando sen perder
Acababa de abrir. Sorprendeunos o barato detalle. A función correu como unha seda...
dos cafés e que nos agasallaran cuns anacos alí todos estabamos xogando e disfrutando
de rosco ben saboroso. do xogo. Ao final da canción do zoo-lóxico,
O Teatro da Beneficencia, ubicado onde se di ‘pero non podemos repetir a
no histórico edificio que tamén acolle as canción porque...’ pareceume sentir unha
noite...en directo...no gran (enorme, colosal, mentos e agradecer a súa fortuna. O Local
inmenso) Auditorio de Vilagarcía. Xa só no Social de Tabeaio marcou, antes das festas
montacargas cabían todos os nosos lotes e do Nadal, un breve descenso non xa a prefe-
sobraba sitio para montar tamén nós. As rente, senon ao fútbol modesto. Ficamos
nosas pantalliñas e os nosos instrumen- sós no medio do chan de terrazo. Diante do
tiños parecían xoguetes vistos desde o alto escenario unha mesa que aínda conservaba
da última bancada. Tivemos que impro- o mantel. ‘Onte houbo aquí unha cea... Ala,
visar unha nova iluminación. O traballo eu marcho’.
fíxose doado coa colaboración do peroal O intrépido teatreiro debe agradecer a
do teatro (un saúdo a Ramón). A proba de fortuna de traballar nun local de usos múlti-
son ocupounos máis do previsto por ter que ples. Instala o seu camerino no cuarto de
nos adaptar ao equipo (moi mellorable) de baño. No de mulleres. E despois acondiciona
amplificación do auditorio. Aínda bo que a a acústica das paredes coas colchonetas da
función era ás nove. Ás nove? Virá algún clase de yoga. Coloca os bancos a xeito para
neno ás nove? o público e ocupa o palco. Coma nada. Aínda
Algúns viñeron, acompañados dos pais, ten tempo de ir tomar algo antes da hora da
claro. Aínda houbo público. Por volta das función, mais...Non! O intrépido teatreiro
200 persoas. Mais naquela inmensa tribuna está só e non pode deixar o teatro aberto.
parecían 20. A montaxe viuse moi bonita O futuro teatreiro debe saber que ademáis
naquel escenario grandioso e nós sufrimos de abrir as portas do teatro galego –que xa é
de vernos tan lonxe (o foxo da orquestra difícil– ten que saber pechalas. Menos mal
tamén é enorme, é un teatro da ópera!!) que nós temos a Armando, neno. Baixou a
mais moi mal non o fixemos, vistos os persiana metálica e arrimou a furgalla pega-
aplausos finais (xa non estabamos afeitos). diña á porta. ‘O que entre aí, ese si que é un
Tivemos mostras de aprezo, só que faltaron artista’. E alá fomos tomar un pincho.
algunhas presencias moi esperadas. Ao Cando volvemos xa chegara alguén e
rematar o traballo, non paramos na cidade había nenos á espera. Foi chegando xente,
que cantaron Korosidansas. Tomamos bastantes nenos, e saimos ao palco a escor-
unhas tapas en Carril. Non deixei de pensar rentar a friaxe. Boa. Pasámolo ben todos. O
en Roberto Camba. No pensamento, como intrépido teatreiro non está só. Peor debeu
nos soños, non morre ninguén. In memo- ser o dos mártires...de Carral.
riam.
27 de decembro de 2004
23 de decembro de 2004 Ames. A Casa da Cultura do Milladoiro
ferve de actividade. Despois de moitos anos á
Chegada a Carral sombra de Compostela, o cambio de goberno
‘Sodes os do teatro, non? Pois menos –igual que en Rois– propiciou un novo
mal que estou eu aquí porque se non, a ver despertar da programación cultural. Mentres
quen vos abre o local!’ O intrépido teatreiro instalábamos a montaxe sucedíase a chegada
ten que se afacer a esta clase de recebi- de xente para diversas actividades. O audi-
torio é moi acolledor e perfecto para o noso anfitrión dunha paparota na mesa do lado.
espectáculo. Non se esperaba tanta xente, Ana tamén apareceu por alí. Fomos moi ben
mais a chegada de moitos amigos e familiares tratados, como é costume da casa, e aínda
fixo que faltaran asentos. O público estaba por riba gañamos algúns espectadores máis,
un pouco amontoado. Os rapaces metían a o que é un alivio sempre no Gustavo Freire.
cabeza diante dos proxectores e abaneaban Para a nosa sorpresa, houbo moi boa
os soportes. Glubs! Haberá alguén contro- entrada e a función ficou moi lucida e con
lando. Para esta última semana do ano, con enerxía. Conseguimos vencer a friaxe do
funcións de tarde e para todos os públicos, o local e a distancia co público. Por unha vez,
espectáculo chegou áxil e moito máis expre- aquel teatro que antigamente acollía as
sivo. En cada función imos descubrindo cámaras frigoríficas do matadeiro de Lugo,
cousas novas e non nos resulta complicado non foi moi despiadado con nós.
implicar ao público nos nosos xogos. Debido
ás festas, acoden moitos pais acompañando 29 de decembro de 2004
a nenos moi pequenos. A montaxe non está A Casa da Cultura de Pontedeume está
pensada para eles, pero comprobamos que ubicada no primeiro andar dun antigo
seguen a función con atención e non chegan convento, na parte vella da vila. Hai que
a desconectar de todo cara ao final. Aínda subir as cousas por unha revirada e antiga
que o equipo de son resultou ser un pouco escadaría de pedra. O espazo deu xustiño
escaso para unha sala tan chea, todo resultou para instalar a nosa montaxe. Afortunada-
moi ben e a ovación final refrendou a boa mente, a práctica que agora temos fainos
acollida da nosa actuación. superar calquera problema sen complica-
cións. Dos camerinos improvisados na aula
28 de decembro de 2004 de manualidades accedemos á sala desde
Hoxe esperábanos o enorme e temíbel unha porta que dá á galería do convento.
Auditorio Gustavo Freire de Lugo. Un Tampouco aquí esperabamos a casa chea,
espazo enorme onde adoitan ficar deslu- mais voltamos ter sorte. Foi de novo unha
cidas as actuacións debido ao gran tamaño función moi próxima ao público, aínda
do seu patio de butacas. A acústica da sala é que, coas funcións que levamos ao lombo,
tamén un elemento en contra, mais esta vez non tardamos en distinguir que o de Ponte-
levamos reforzos e grazas á colaboración de deume é un daqueles que non ten moito
Ramón e un equipo de son mellor, conse- hábito de asistencia ao teatro, así que
guimos facer soar aquilo máis ou menos. tivemos que esforzarnos un pouco máis
Montamos de mañá para non chegar para que non caese a atención. A pesar de
apurados e o traballo rendeu ben. Tivemos todo, sempre encontramos entre o público
a sorte de poder dispor de tempo para aqueles espectadores cómplices que nos
regalarnos co sempre agradábel xantar no axudan a traballar. E aquí tamén había uns
mesón de Suso, onde experimentamos o cantos (non precisamente entre os nenos)
bo facer da nova cociñeira marroquí. O aos que se lle vía na cara que a cousa lles
inefábel Paco Pestana exercía de gourmet e estaba a gustar. Ao final, uns polos outros,
máticamente ese galego aportuguesado, ten un teatriño, o Pastor Díaz (Don Nico-
esa coiné que practico para desenvolverme medes), ben xeitoso e ben apañado. Dá gusto
cando estou alá e non fun quen de sacalo do traballar alí e máis logo de chegar atrave-
peteiro ata que rematamos. Nas partes máis sando a fermosa serra da Gañidoira (estra-
narrativas aínda tiven tempo de tomar algún gada, iso sí, polo insidioso eucalipto e polo
coidado na miña improvisada tradución seu novo compañeiro, o muíño de vento).
simultánea, pero nas partes cantadas ou de O público polo visto non é moi puntual e
ritmo máis lixeiro, mimadriña!, nin eu sei o dinnos que retrasemos un cuarto de hora
que alí fixen e dixen! O conto é que ao final, o comezo da función. Glups, a ver se non
aquela función nocturna, prácticamente para vén ninguén. Ao final, lixos fóra, o teatro
adultos –só había media ducia de nenos– e estaba case cheo. Tamén é certo que a xente
falada nunha estraña mestura de linguas, seguiu a entrar durante o primeiro cuarto
non saiu tan mal e gañou a cumplicidade do de hora de espectáculo e pola actitude de
público chavense. Recibimos os aplausos un certos sectores (rapaces que non paraban de
pouco descolocados. A nosa manager tran- falar e os pais sen dicirlle nada), semella que
quilizounos dicindo que a cousa saíra moi moita tradición teatral non che debe haber.
ben e gustara moito. Aínda bo foi. Eu non Incluso un neno do público, cando rematou
sei. Isto do galegués ou portulego (que eles a función, non puido evitar declarar voz en
toman por portuñol) ten a súa volta. Por unha peito: “Pois eu é a primeira vez que veño!”
banda é absurdo. Por que non habiamos de Pois sería. Espero que volva.
falar cada quen o seu? Logo non se entende? O espectáculo correu ben, dentro do que
E por outra, uns e outros somos incapaces cabe. As nosas interpretacións estiveron
de fuxir del, hai algo humano, algo de porse máis frouxas que nos días anteriores, pero
no lugar do outro, que inevitablemente nos a nosa capacidade de reacción vaise recu-
leva a ese híbrido estraño. A eterna peripecia perando e axiña chegaremos ao nivel que
portugalega. tiñamos a finais de decembro. A coordina-
A hora de diferencia pasa a súa tarifa. ción co novo equipo técnico tamén vai a
Tomamos un petisco rápido e embarcá- mellor. O público non ten queixa (véñen-
monos na viaxe de volta. Vaites, creo que nolo dicir ao camarín e transmítennos
ningún de nós se meteu nisto do teatro os parabéns do señor concelleiro) e nós
infantil para chegar a casa ás 4 da mañá. tampouco. Imos velo mar. E de volta, en vez
Nota: o grafiteiro de Chaves firma así: de pasar por Vilalba, probamos a ruta das
Labirinto. Pontes. Fico pampo, coma sempre, ante o
brutal complexo e a ostentosa chaminé. Co
9 de abril de 2005 coche aparcado á beira da estrada, Marcos
Función en Viveiro ás 6 da tarde do pregunta: para que carallo lle sacas fotos a
sábado 9. Voltamos aos horarios máis iso? Na miña mente mestúranse o protocolo
‘normais’ aínda que no teatro avísannos de Kioto e a arquitectura industrial, pero
que iso do teatro ás 6 da tarde non está a ter respóndolle algo a respeito do carallo (con
moita convocatoria. A ver que pasa. Viveiro perdón).
faltou investir un pouco máis (e mellor) no Remata aquí un abril intenso. Non
equipamento técnico e non caer no fallo de temos máis actuacións á vista. A próxima
sempre: colocar o control técnico alá arriba e celebración das eleccións galegas semella
detrás dun cristal. Pero non tén mal. O esce- ter paralizado o aparato cultural. Sairán
nario é amplo. O patio de butacas tamén. proximamente novas actuacións da Rede do
Non hai moito movemento antes da IGAEM e esperamos colocar canto antes un
función. A xente tarda en chegar, vaise paquete de 12 actuacións que concertamos
retrasar o comezo. Polo visto a xente chega coa Fundación Caixa Galicia. De momento,
tarde sistemáticamente. Apareceu pola tarde toca esperar. Xa sabedes que podedes estar
alguén do Concello, estaba pero logo xa non ao tanto en http://www.psicofonica.com/
estaba, non lembro o nome, non tiña moito trabalinguas.html
interés. Só nos acompañou toda a tarde un
chaval do grupo de teatro do instituto que Epílogo
foi o único que realmente nos axudou. Era E ata aquí chega, de momento, a bitá-
moi simpático e estaba moi interesado. cora dos Trabalinguas. No momento de
Esperaba que viñera a xente dunha mandar este texto, xa temos unha chea de
asociación cultural que se puxo en contacto datas marcadas que podedes consultar na
con nós o ano pasado intentando contratar nosa páxina web. A medida que as vaiamos
unha función. Asociación Mistura. Non facendo, iremos xuntando as crónicas ao
tiñan cartos abondo, pero alegráronse cando noso diario. Non sei canto tempo estaremos
viron que íamos ir pola Rede. Eu prometín con este espectáculo en cartel. O que sei é
regalarlle uns discos, só por ter un detalle. que co paso das funcións vou tendo unha
Pero non apareceron despóis da función. maior percepción de como funciona a polí-
Non sei se foron ou non. tica cultural deste país, e tristemente, non
Ao final houbo apenas media entrada. Un se diferencia moito daquela que nos tocou
público máis ben frio. John, o técnico que vivir hai quince anos cando empezabamos
aquel día nos sacou do apuro, fixo un traballo a intentar cambiala a base de traballo e kiló-
excelente e saiu unha función sen fallos. metros de estrada. Os meus apontamentos
Nazaret, a falta de xente, tívose que encargar son apenas impresións e comentarios, sen
das proxeccións. Estaba moi nerviosa, pero afán analítico, pero espero facer con eles
tamén fixo o traballo perfectamente. Nós algún día un traballo máis rigoroso por se lle
fixemos unha función máis. Un pouco ruti- presta a alguén o suficientemente inxenuo
naria, quizáis. Antes de saír ao palco vimos como para montar un grupo de teatro no
como brillaba fóra o sol da tarde de domingo. futuro próximo. Polo momento, só espero
Ao lonxe soaba a megafonía dos Lunnis. que, se ben non de moito proveito, estas
Recollemos nun tris e chegamos a nosas peripecias vos servisen de entrete-
Santiago antes de vir a noite. mento.
O patrimonio inmaterial
trimonio como un contido prioritario para • Unha rica literatura oral, músicas e dan-
o seu labor. zas. As regueifas, ou cantares de desa-
Desde esa data comezou a xestarse a ela- fio improvisados, son unha boa mostra
boración desta Candidatura, constituíndo desta literatura oral, como o son tamén
un proceso modélico segundo as directrices as variadas lendas, contos, cantigas, ro-
da UNESCO, que considera que as candida- mances, refráns e adiviñas que aínda se
turas de Patrimonio Inmaterial deben partir conservan, na memoria dos máis vellos.
da sociedade civil e dos portadores do pa- • Formas de cultura vinculadas ao medio
trimonio, lograr as adhesións e complicida- ecolóxico marítimo, con embarcacións
des das asociacións e finalmente seren as típicas como a dorna, a gamela ou o caro-
institucións as que recollan esta demanda cho, así como a lembranza dun sistema
e presenten formalmente a candidatura. gremial de división de funcións e de be-
Este é o caso da candidatura presentada na neficios entre as tripulacións, ou o apro-
sede da UNESCO en París o 18 de outubro veitamento do argazo depositado polo
de 2004 por Portugal e España para optar mar nas costas e usado para fertilizar as
á 3ª proclamación das Obras Mestras do terras.
Patrimonio da Humanidade previstas para • Unha cultura agraria nos vales máis ri-
novembro de 2005. cos con predominio de cultivos como o
millo ou a viña. Así como os coñecemen-
Ámbito xeográfico desta tos tradicionais sobre plantas e animais.
candidatura Nas zonas de montaña desenvolveuse
O Patrimonio que constitúe o obxecto unha cultura centrada na creación de
desta Candidatura ten como punto de orixe gando e no cultivo do centeo, que deu
a rexión constituída pola Galiza e o Norte lugar á creación de formas relacionadas
de Portugal, pero encóntrase espallado por co aproveitamento do inculto – montes
fóra deste territorio orixinario, con presen- comunais, veceiras de gando ou rabaños,
za en todo Portugal e, como portugueses e cabalos,etc..
galegos sempre o levaron consigo na súa • Persisten habilidades, saberes artesanais
bagaxe, hoxe podemos encontrar manifes- e oficios que se gardan na memoria oral.
tacións un pouco por todo o mundo, desde A vestimenta tradicional, e os enfeites
o Brasil a África, desde América a Ásia. que a acompañan, é tamén revelador
dun saber artesanal baseado en materias
A candidatura das tradicións primas, como o liño e a la, producidos
orais galego-portuguesas nesta área desde tempos pre-históricos.
O patrimonio inmaterial común a ambas • Unha simboloxía marcada polo contexto
comunidades abarca un extenso conxunto histórico e ecolóxico que identifica unha
de manifestacións que dunha maneira cícli- consciencia cun referente cultural idén-
ca se reproducen peridicamente e das que tico.
unha boa parte delas están asociadas a terra • Un universo festivo que tradicionalmen-
e ao mar: te se adaptou aos ritmos da natureza e do
ano, con festas do ciclo anual, festas dos datura das Tradicións Orais Galego-Portu-
patronos e romarías. Celebracións como guesas implicará:
o Entroido, en diversas localidades de • A súa promoción pola UNESCO atra-
Ourense e de Trás-os-Montes, conservan vés de todos os medios ao seu dispor no
máscaras que remontan, polo menos, aos mundo enteiro. A repercusión que este
tempos medievais. O mesmo sucede con recoñecemento presupón tórnase aínda
celebracións como o Corpus, que manti- máis importante ao atinxir un patrimo-
vo vellas danzas gremiais ou a Coca. nio compartido por ambas comunida-
• Falas, que apesar das súas variantes dia- des, que se estende por todo o territorio
lectais e a influencia da lingua dos respec- e que as comunidades da diáspora leva-
tivos estados, conservan afinidades léxi- ron consigo polo mundo.
cas, fonéticas, morfolóxicas e sintácticas • A garantía de que este rico patrimo-
evidentes. A orixe común da lingua gale- nio será convenientemente protexido
go-portuguesa mantén aínda sistemas lin- de acordo co estabelecido pola Unesco
güísticos próximos a este tronco común, na Convención do Patrimonio Inmate-
presentes en ambas as comunidades. rial.
• O desenvolvemento do turismo asociado
Características desta candidatura a estas manifestacións culturais disper-
Esta candidatura presenta algunhas ca- sas por todo o territorio, o que producirá
racterísticas que a tornan única, até ao mo- un maior aproveitamento e incremento
mento: das estancias, repercutindo na creación
• É a primeira en ser promovida por esco- dun desenvolvemento sustentábel e en-
las de dous países, co acompañamento dóxeno.
da sociedade civil e das respectivas insti- • Un selo de calidade para todas as ma-
tucións. nifestacións tradicionais que baixo este
• É a primeira na que participan como receñecemento internacional poderán
promotoras escolas da rede PEA da ser convenientemente postas en valor
UNESCO. como signo de identidade dunha cultura
• É a primeira candidatura multinacional común.
presentada por dous países pertencentes • O recoñecemento a un labor pioneiro re-
á actual Comunidade Europea. alizado desde as escolas de dous países
da Unión Europea na defensa, asunción
Vantaxes da proclamación e valorización dun patrimonio inmate-
A proclamación pola UNESCO da candi- rial compartido.
1 Nome dado ó codice polo profesor Otero Varela en honor o seu descubridor.
2 LÓPEZ FERREIRO, A.; Fueros municipales de Santiago y su tierra, pp. 695-710.
3 Ibidem
4 Existen diferentes teses sobre a formación e vixencia do dereito godo; unhas, as tradicionalistas, defenden a personalidade do Dereito
godo, é decir, manteñen que durante un período de tempo existíu unha dualidade de leis, as que rexían ó pobo godo e as que lexilaban
ós hispanoromanos, outras teses, as revisionistas, defenden que a lexislación escrita do reino visigodo alcanzou un ámbito de vixencia
territorial, de aplicación xeral e ca promulgación dun novo código derogábase o anterior.
reinado de Recesvinto (653-672) cando se feito que dará lugar a forma “vulgata” do
cree o denominado Liber Iudiciorum, resul- texto e que permanecerá vixente o longo de
tado da asimilación e compilación de leis toda a Idade Media.
polos distintos monarcas e que foi promul- A chegada dos musulmáns no 711,
gada por Recesvinto, sendo revisado por supuxo a ruptura da unidade territorial.
San Braulio e aprobado no VIII Concilio A inexistencia dun poder político forte e
de Toledo no ano 654. Este era un texto unitario capaz de cohesionar e unificar as
eminentemente práctico, de carácter xeral e distintas poboacións da España cristiá será
de validez en todo o territorio, onde se reca- a causa da aparición dunha gran diversi-
daban 500 leis, 300 procedentes do Código dade de ordenamentos xurídicos, “tendentes
Levixildo, e 200 compiladas por Chisdan- a formas de autogobierno desembocando en
vinto e Recesvinto, divididos en 12 libros, los consiguintes abusos señoriales” 5, a vez
seguindo a estructura do Código de Teodosio, que facilita a aplicación dun dereito consue-
precedidos dun proemio e onde cada un dos tudinario e de carácter localista, moi diver-
libros contiña varios Títulos, que indicaban sificado que aínda en moitos casos teñen
a materia ou tema a tratar, subdivididos, a como base o antigo Liber Visigothorum.
vez, en pequenos apartados. A penetración na Península, durante
As leis abarcaban aspectos tan variados a Baixa Idade Media, dunha nova cultura
como a labor e función do bo lexislador (L. de xuristas formados no Dereito Romano
I), os xuízos (L.II), os casamentos e nace- Canónico, en centros como os de Bolonia
mentos (L.III), as liñaxes (L.IV), as compras ou Francia, e que actúan como asesores
e vendas (L.V), as penas e castigos (L.VI), de reis e príncipes ou ben como xuíces ou
os furtos e enganos (L.VII), o comercio (L. redactores das novas leis, supón o inicio
XI), e a regulación e “defensa da fe” contra dunha nova etapa na historia do dereito
os xudeus. español, tendente ó centralismo e unifica-
A codificación vai dende aspectos ción do dereito. Este “novo” dereito, máis
do dereito procesual, penal, privados ata técnico e menos literario có dereito tradi-
algúns do dereito público, conxugando o cional, convértese no eixe vertebrador do
dereito romano teodosiano e o dereito de estado, elemento indispensable para levar a
base consuetudinario propio. cabo o proceso de unificación territorial tan
Ervigio, no ano 680 modifica e revisa no ansiado.
XII Concilio de Toledo o Liber Iudiciorum. Aínda así durante os séculos XIII e XIV
A parte da edición oficial e as poste- continuaron coexistindo no territorio distintos
riores revisións de Égica ou Érvigio, dende ordenamentos xurídicos. Monarcas como
o século VII o Liber Iudiciorm sufriu nume- Fernando III, nun intento de superación
rosas modificacións e alteracións producidas deste pluralismo, outorgará as novas cidades
polas actuacións de xuristas “anónimos”, reconquistadas un mesmo texto legal, o Liber
Bibliografía
FUERO JUZGO o LIBRO DE LOS JUECES.– Barcelona:Zeus ed., 1968.
GARCÍA-GALLO, Alfonso; Manual de Historia del Derecho Español.– Madrid, 1959.
LÓPEZ FERREIRO, A.; Fueros Municipales de Santiago y su Tierra. –Madrid, 1975
MINGUJON ADRIÁN, Salvador; Historia del Derecho Español.– Barcelona: Labor, 1927.
OTERO VARELA, A.; El Códice López Ferreiro del Liber Iudicioru: notas sobre la aplicación del Liber
Iudiciorum y el carácter de los fueros municipales. AHDE, 29.– Madrid, 1959
PETIT, Carlos: Iustitia Gótica: historia social y teológica del proceso en la Lex Visigothorum..– Huelva:
Bartolomé de las Casas (Universidad de Huelva); 3, 2001
ROMERO TALLAFIGO, Manuel; Arte de leer escrituras antiguas: paleografía de lectura– 3ª ed.–
Universidad de Huelva.– Huelva, 2003.
RODRÍGUEZ ENNES, Luis; Historia do Dereito de Galicia.Manuais da Universidade de Vigo; 5.– Vigo, 2000
SARRABLO AGUARELES, Eugenio; Nociones de diplomática: según las obras de Giry, Bouard, Muñoz,
Rivero, etc.– Madrid, 1941
UREÑA Y SMENJAUD, Rafael: La legislación gótico-hispánica(Leges antiquiores, Liber Iudiciorum): estudio
crítico. Pamplona, 2002
SIGNO: revista de la historia de la cultura escrita, nº 4. Alcalá de Henares, 1997
3.- PRESENTACIÓN: os artigos irán precedidos dunha folla na que figure. Nome dos autores
e autoras, enderezo postal, teléfono e correo electrónico.
4.- FORMATO: os orixinais presentados deberá remitirse unha copia en formato dixital (que
sexa compatíbel co programa word) e un exemplar mecanografado en DIN A4 por unha
soa cara a 1,5 de espazo e en follas numeradas. Os artigos deberán ter o título e o nome
dos autores e das autoras.
5.- EXTENSIÓN: os traballos non deberán superar unha extensión de 20 follas incluída a
bibliografía e notas a pé de páxina.
7.- CORRECCIÓN DE PROBAS: os autores e as autoras recibirán unha soa proba de imprenta
xa paxinada e terán un prazo máximo de dez días para a súa corrección.
ADRA • Revista dos socios e socias do Museo do Pobo Galego • Nº0 • Santiago de Compostela, 2005
Revista dos socios e socias do Museo do Pobo Galego
Nº0 Santiago de Compostela, 2005
O patrimonio inmaterial
SANTIAGO VELOSO TRONCOSO