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O Mundo das
Alianças
As alianças têm grande participação neste jogo [da concorrência global]... São críticas para a vitória
em termos globais... A maneira menos atraente de tentar vencer em termos globais é pensar que você
pode abraçar o mundo sozinho.
A integração cada vez maior do mercado global na última década tem sido chamada por alguns de
"globalização" das atividades económicas, embora globalização da concorrência pareça uma
descrição mais adequada. Para outros, a integração dos mercados mundiais chama-se "triadização",
refletindo o avançado grau de integração nas três regiões desenvolvidas do mundo - América do
Norte, Europa Ocidental e Japão.
Seja com que nome for, o mercado global gerou novas abordagens em muitas atividades
económicas. A formação daquilo que ficou conhecido por "alianças estratégicas" vem sendo
observada pela administração sénior das empresas em todas as regiões da "tríade". Akio Monta,
diretor-presidente da Sony, observou: "Uma empresa não é uma ilha. Em um mundo interdependente,
toda empresa deve pensar trabalhar com as outras se quiser concorrer no mercado global".3
As alianças - o Collegiate Dictionary da Merriam-Webster, décima edição, define-as como
"associação(ões) para fomentar os interesses comuns dos membros"-, ou os acordos entre empresas,
abrangem uma ampla gama de funções, que vão do suprimento de componentes à pesquisa e
desenvolvimento e à produção e comercialização. Os exemplos incluem:
Alianças Estratégicas Cap. L 4
© a cooperação entre IBM, Siemens e Toshiba para desenvolver uma nova geração de
chips de memória;
Uma aliança estratégica vincula facetas específicas das atividades-fins de duas ou mais
empresas. No fundo, o elo é uma parceria comercial que aumenta a eficácia das estra-
tégias competitivas das organizações participantes, propiciando o intercâmbio mútuo e
benéfico de tecnologias, qualificações ou produtos baseados nestas. Uma aliança pode
Cap, l O mundo das alianças 5
assumir várias formas, que vão do simples contrato à joint venture. Como existem várias
interpretações do termo, definimos uma aliança estratégica como aquela que possui simultaneamente
as três características necessárias e suficientes a seguir:
© as duas ou mais empresas que se unem para cumprir um conjunto de metas combinadas
permanecem independentes depois da formação da aliança;
Que as joint ventures das EMNs costumam ser uma resposta às pressões dos governos fica
bem ilustrado com o que aconteceu na índia nas últimas duas décadas. Nos anos 70, o governo indiano
decretou que as EMNs não podiam deter a maioria do capital acionário nas subsidiárias locais. A
maioria das EMNs reduziu sua participação acionária a menos de 50%; umas poucas, como a IBM e
a Coca-Cola, preferiram sair do país a perder o controle. Os novos recém-chegados, como a Pepsi-
Cola, formaram joint ventures cuja maioria acionária cabia aos parceiros e investidores locais. No
início da década de 1990, o governo hindu reverteu a política, e logo todas as EMNs que operavam na
índia, entre elas Unilever, Colgate Palmolive, ABB, Suzuki, Pepsi-Cola e DuPont, forçaram os
parceiros locais a ceder-lhes a maioria acionária.9 A Coca-Cola voltou para o país com capital
majoritário; e a IBM, com 50% de participação em uma joint venture com um grupo industrial local
(embora, ao que se acredita, o controle estratégico tenha permanecido com a multinacional).
Muitas multinacionais passaram a apreciar a possível utilidade das subsidiárias na estratégia
global.10 Antes vistas sobretudo como geradoras isoladas de receitas, as subsidiárias estão sendo
cada vez mais integradas ao sistema do grupo de empresas. Em geral, as empresas-mãe e as
subsidiárias exibem um alto grau de congruência, e as tensões tendem a prejudicar fortemente o
equilíbrio entre as preocupações com a autonomia local e a integração global. As relações com as
subsidiárias não são alianças estratégicas porque não envolvem empresas independentes com metas
individuais.
A Fuji-Xerox, do Japão, por exemplo, é uma joint venture de 50% de participação entre a Fuji
Photo Film e a Xerox, cuja política tem sido ditada pela Xerox. Ao mesmo tempo, a Fuji-Xerox
desfruta de muita autonomia em virtude de motivos históricos. Os relatórios insinuam que a Xerox
vem tentando integrar ainda mais a joint venture à sua estratégia global, mesmo tendo permitido que a
subsidiária japonesa tivesse considerável autonomia em um amplo leque de setores, como projeto de
produto, fabricação e comercialização. A Fuji pouco levou para a associação, além de uma
contribuição inicial em capital.13 Dada uma nova ordem estratégica, a Fuji-Xerox pode desempenhar
papel significativo nas atividades globais de projeto e desenvolvimento de produto, mas ainda assim
será uma subsidiária da Xerox.14 Com certeza, isto não é uma aliança estratégica.
Os acordos de licenciamento e franquia, por não exigirem transferência contínua de
tecnologia, produtos ou qualificações entre os parceiros, não são alianças estratégicas, assim como os
acordos de licenciamentos cruzados que envolvem o intercâmbio contínuo de tecnologia, mas não o
controle compartilhado das tarefas ligadas à tecnologia.15
Considere, por exemplo, a Mips Computer Systems, que projeta e desenvolve chips
semicondutores e sistemas e tem sede na Califórnia, e que entre 1987 e 1992 participou de alguns
acordos de licenciamento e licenciamento cruzado com empresas como a LSI Logic, Sony, Siemens,
NEC, Philips, Toshiba e Daewoo. Alguns observadores aclamaram-na por ter executado uma estratégia
com base em alianças, mas fazer acordos de licenciamento para fabricar produtos com base em
tecnologia própria não chega a ser novidade.16 As empresas frequentemente têm de optar entre
explorar uma nova tecnologia ou produto diretamente ou por meio de licenciados.
Cap. l O mundo das alianças 7
"Acho que estamos um pouco românticos demais nos negócios americanos, usando palavras como
parceiros e alianças", disse o presidente da Mips. "O que fazemos é entregar o projeto [de um chip]
aos nossos parceiros nos semicondutores, em troca de um royalty, e eles que o fabriquem e comer-
cializem."17 Ocorre o mesmo com a estratégia baseada em aliança da Mips.
Assim como os acordos de compra e venda de commodüies ou matérias-primas, esses tipos
de combinações não envolvem dependência mútua de longo prazo, controle gerencial compartilhado
nem contribuições contínuas de tecnologia ou produtos. Por isso não constituem alianças estratégicas.18
A Figura 1.1 ilustra a amplitude dos possíveis elos entre empresas e o subconjunto
abrangido por nossa definição de aliança estratégica. As associações descritas na abertura deste
capítulo pertencem ao subconjunto, pois as empresas aliadas, que continuam a existir como empresas
independentes - IBM, DuPont, Siemens, Sony, GM, Hitachi, Toshiba e Motorola -, compartilham do
controle do desempenho dos projetos conjuntos e fazem contribuições contínuas de tecnologia e
produtos. Há anos que as empflesas vêm trabalhando com outras sem precisar nomear os acordos,
então por que tanto interesse nas alianças estratégicas? A resposta, em parte, é que ultimamente os
elos entre empresas vêm crescendo em quantidade e importância.
AS "NOVAS" ALIANÇAS
Não podemos pensar que a realidade tem traços muito definidos. De-frontamo-nos
com um continuum que atravessa as transações - como nos mercados organizados
de commodities, onde é mínimo o elemento de cooperação -, passa por zonas
intermediárias onde existem elos de conexão tradicional e boa vontade e chega
enfim aos aglomerados, grupos e alianças, complexos e entrelaçados, que...
representam a cooperação plena e formalmente desenvolvida.
Cap. l O mundo das alianças 9
Implicações de Gestão
As relações entre empresas não são novas nem recentes, como já foi dito antes. Os elos das empresas
com fornecedores e distribuidores, com organizações que possuem tecnologia correlata, e mesmo
com concorrentes, já foram alvo de profunda análise na literatura gerencial. Por exemplo, os elos
estreitos das empresas automobilísticas japonesas com os fornecedores, o êxito da Matsushita com o
formato de seu videocassete VHS, que superou o formato do Betamax da Sony através de
licenciamentos extensivos, e a abordagem com que a associação japonesa trata a pesquisa já foram
todos estudados em separado para explicar a importância desses elos entre empresas na concorrência
global.
Cap. l O mundo das alianças 17
O que falta na literatura gerencial é uma perspectiva integrada sobre as alianças. Apesar do
entusiasmo atual, há muita ambiguidade conceituai quanto ao verdadeiro significado das alianças para
os administradores, e até mesmo confusão, em certos autores, sobre o que é uma aliança. Além disso, os
observadores das alianças entre rivais tenderam a tratar essas ligações como um fenómeno novo, não
relacionado com outros tipos de elos entre empresas. Não é de surpreender que as receitas sobre como
gerenciar alianças tenham variado tanto, e cheguem mesmo a se contradizer?
De acordo com Howard Perlmutter e David Heenan, para quem as estratégias cooperativas são
a onda do futuro,26 a essência da tarefa de gerir alianças é trabalhar no sentido das relações harmoniosas
e assim aumentar o valor da atividade cooperativa. Quanto à rivalidade existente entre essas relações,
pouco dizem. Também para Kenichi Ohmae, as alianças estratégicas são essenciais para uma estratégia
global eficaz, principalmente no Japão;27 ele não salienta a ideia de concorrência, de modo algum, e vê a
harmonia como um subproduto e não como um fim em si mesmo.
Gary Hamel, C. K. Prahalad e Yves Doz, ao prescreverem uma abordagem maquiavélica para
a gestão das alianças, contradizem Perlmutter de modo mais incisivo. Para eles, a tarefa precípua da
administração é aprender - abertamente, se possível; sub-repticiamente, se necessário - com os parceiros
da aliança e usar o aprendizado para vencer no mercado, supostamente às custas de antigos aliados. O
gerente de aliança da R. D. Reich e E. Mankin está atento aos cavalos de Tróia avalizados por Hamel et
ai. Para estes, as alianças "entregam" o futuro da empresa (normalmente americana) aos estrangeiros
(normalmente os pérfidos japoneses ou coreanos). Qual a receita implícita? Evitar as alianças como se
fossem uma praga.29
Estas são apenas umas poucas recomendações que a literatura professa para a administração de
alianças estratégicas. Derivam todas de análises substanciais e fecundas de situações da vida real, são
todas razoáveis e atraentes à intuição, mas deixam implicações gerenciais que não são fáceis de ajustar. As
alianças, por exemplo, são sempre benignas? Os administradores devem sempre buscar harmonia?
Quando a empresa deve procurar o "entendimento" dos objetivos dos parceiros, em oposição à "busca"
de seus interesses próprios? O "aprendizado" só é importante quando estamos trabalhando com
concorrentes, ou o é também quando estamos trabalhando com fornecedores ou distribuidores? O
aprendizado, por si só, não é coisa boa? As alianças são sempre cavalos de Tróia? Os administradores
devem evitar as alianças por elas serem prováveis cavalos de Tróia?
As ações ditadas por um objetivo estratégico com frequência impedem de se alcançar outro objetivo
igualmente importante, exigindo que os gerentes definam prioridades, frequentemente com pouco
êxito. Os gerentes se apoiam em uma estrutura para identificar as opções de objetivos estratégicos e
poder assim avaliar os benefícios relativos e os custos potenciais. Precisam também de uma estrutura
que os ajude a escolher a recomendação que encaminhe a gestão das alianças estratégicas globais.
A estrutura que vise organizar a literatura das alianças estratégicas deve satisfazer três
critérios: deve abranger todos os tipos de alianças (relações com fornecedores, cooperação entre
atividades económicas, alianças entre não-concorrentes de um mesmo ramo e elos com concorrentes
diretos); deve tomar como ponto de partida a definição de aliança, já enunciada neste capítulo, como
sendo a cooperação entre duas ou mais empresas independentes, que inclui o controle compartilhado
e as contribuições contínuas por parte de todos os parceiros; e deve facilitar a identificação e o
reconhecimento da urgência das questões gerenciais primordiais em cada tipo de aliança.
A premissa subjacente à nossa estrutura é simples. Uma empresa que busca aliança deve
ter em conta duas dimensões gerenciais - cooperação e concorrência ou, mais genericamente,
cooperação e conflito. A tarefa de gerir alianças é alcançar a otimização, dentro dessas duas
dimensões. A ênfase das dimensões varia com a natureza das em-presas-parceiras e a extensão da
interação organizacional necessária para que o esforço cooperativo dê frutos. A gestão bem-sucedida
de uma aliança volta-se para a gestão das interações entre cooperação e concorrência, dando
prioridades aos objetivos estratégicos primordiais da empresa.
Que objetivos são esses? As metas estratégicas das empresas-parceiras cabem em quatro
categorias amplas. Duas são positivas e relacionam-se com o aumento da eficiência da empresa, e
duas são defensivas, visam impedir a perda de eficiência. Uma empresa deve tirar mais valor de uma
atividade cooperativa do que se agir sozinha, caso contrário a aliança não faz sentido. A primeira meta
estratégica, então, é adicionar valor a uma atividade. A segunda meta de um parceiro é aumentar suas
competências estratégicas por meio do aprendizado com quem está à sua frente. Aprender é um
objetivo estratégico implícito, se não explícito, de toda empresa que busque conservar sua posição
competitiva. A disposição de aprender propicia a inovação do produto e do processo.
No lado defensivo, uma empresa em parceria deve conservar flexibilidade estratégica. A aliança não
deve permitir que a operação de uma organização dependa demais de um ou outro elo entre empresas.
Os gerentes conhecem bem a necessidade de administrar riscos estratégicos diversos - políticos,
competitivos e tecnológicos, para citar uns poucos; para tanto, conservam as opções em aberto e
criam novas opções quando viáveis. Conservar a flexibilidade é particularmente crítico no caso dos
esforços entre organizações. As alianças, como laços que se unem em um mundo de rápida mudança
e obsolescência, podem restringir as opções estratégicas dos administradores. A observação
explícita da flexibilidade como objetivo estratégico reduz a possibilidade de a empresa emaranhar-se
impensadamente.
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Cap. l O mundo das alianças
Por fim, a empresa deve proteger suas competências nucleares e vantagens estratégicas contra
sua apropriação por parte do parceiro.31 Pode-se argumentar, com certa justificativa, que a capacidade
competitiva de uma empresa deriva do conhecimento de propriedade. Isto é óbvio no caso das patentes,
mas, em outros setores, não o é. Para o êxito competitivo, as empresas se baseiam muito no conhecimento
acumulado de pesquisa e desenvolvimento, operações industriais, marketing e outras áreas. Esse
conhecimento com frequência não é codificado, e seu sigilo é crítico para os planos estratégicos da
empresa. Para impedir que os elos entre empresas causem a divulgação incontrolada dessa informação, a
proteção das competências vitais deve ser tratada como objetivo estratégico explícito:
Como esses objetivos estratégicos cabem na pauta dos gerentes em diferentes tipos de alianças
está ilustrado em nossa estrutura conceituai (Figura 1.3). A estrutura é nova, mas aproveita as pesquisas
existentes sobre as relações entre empresas. A maioria dos autores que escrevem sobre alianças
estratégicas tem se concentrado na natureza das empresas-parceiras ou na atividade cooperativa. Nossa
estrutura leva ambas em conta. A natureza das empresas-parceiras determina em grande parte o aspecto
competitivo, a natureza da atividade conjunta e o aspecto cooperativo da relação. Ao considerar simul-
taneamente a cooperação e a concorrência, nossa estrutura capta a essência do dilema de gerir alianças.
Opções Estratégicas
A gestão de uma aliança apresenta aos supervisores uma realidade complexa e multidi-mensional. Os
pronunciamentos do tipo "aprendam aliando-se aos concorrentes", "as alianças são cavalos de Tróia e
devem ser evitadas" e "coopere e terá harmonia" são parciais, na melhor das hipóteses, e simplistas, na
pior. A tarefa do gerente é descobrir de que modo combinar a ampla percepção de quem está em posição
de perceber, para orientar a edificação e gestão de uma estratégia flexível, multidimensional e baseada
em alianças.
Pensem, por exemplo, nos objetivos potencialmente contraditórios de aprender com seu
parceiro e proteger sua informação. Seria sensato dizer que o aprendizado, principalmente a aquisição
de conhecimento não imediatamente codificável, torna-se mais fácil nos contatos amplos, contínuos e
intensos entre duas empresas, estratégia que aumenta o risco da divulgação incontrolada de informação.
À medida que proliferam os pontos de contato entre as empresas, torna-se cada vez mais difícil
monitorar, e tanto mais controlar, o fluxo de informação da própria empresa para a outra.
NOSSA PAUTA
O enfoque deste livro é a formação e gerência das alianças estratégicas. Assim, sua maior plateia são os
administradores. As entrevistas com gerentes envolvidos com associações e o extenso estudo dos dados
secundários pertinentes a essas alianças, juntamente com o exame de outras associações até o ponto
permitido pela disponibilidade de dados de domínio público, são a base das especulações e observações
aqui apresentadas.
As alianças que analisamos são em grande parte internacionais, isto é, entre empresas
americanas e estrangeiras, sobretudo nos ramos de automóveis, eletrônica de consumo, comunicações
móveis, sistemas médicos, equipamentos de geração e transmissão de energia, automação fabril,
biotecnologia e equipamentos de escritório. Umas poucas alianças que envolvem empresas domésticas
em ramos de negócios diferentes e não-correlatos também estão incluídas.41
O livro é em parte descritivo, com algumas alianças examinadas em detalhe, e em parte
positivo naquilo em que algumas descobertas nele relatadas confirmam nossas hipóteses quanto à gestão
dessas relações. É também em parte normativo ao assumir implicitamente que alguns dos melhores
procedimentos, abstraídos do âmbito da bem-sucedida gestão de alianças, podem encontrar aplicações
mais amplas.
NOTAS
1. No linguajar daqueles, as atividades ou são globais ou multidomésticas (M. E. Porter, ed., Competítion in
global industries, Boston, Harvard Business School Press, 1986). Porém, como toda atividade pode ser contestada
em bases globais, parece mais apropriado pensar em termos de concorrência global, o que, por reconhecer
a primazia das estratégias empresariais competitivas, cabe no propósito e na gestão das alianças - os tópicos
deste livro.
2. K. Ohmae, em Triad power: the coming shape of global competition, Nova Iorque, Free Press, 1985, introduziu os
termos "tríade" e "triadização". Desde então, galgaram considerável fluência entre o público.
3. Comunicado a M. Y. Yoshino em entrevista pessoal, 10 de agosto de 1989.
4. Muitos autores que escrevem sobre alianças estratégicas não definem o que elas são, e assim detêm a
flexibilidade de falar de quaisquer tipos de associações entre empresas, sejam fusões, aquisições, coligações
com participação majoritária, participação minoritária no capital, joint ventures de capital igual ou em
regime de co-propriedade, ou licenciamento. A abordagem dificulta a transmissão de diretrizes para os
leitores.
5. M. Hergert e D. Morris, em "Trends in International collaborative agreements", em F. J. Con-tractor e P.
Lorange, eds., Cooperative strategies in international business, Lexington, Mass.; Lex-ington Books, D. C.
Heath, 1988, usaram uma definição semelhante para o que chamaram acordos de colaboração.
6. A Asea continua em outros ramos, apesar de deter 50% da Asea Brown Boveri. A empresa Brown Boveri é
hoje uma empresa-casulo que existe quase exclusivamente para deter a participação de 50% na Asea Brown
Boveri. Se os acionistas da Brown Boveri tivessem optado por ações da Asea Brown Boveri, nem assim as
duas empresas seriam independentes! Talvez a melhor maneira de ver essa associação entre empresas,
reconhecendo a existência das duas firmas, é tratá-la, como o fazemos no Capítulo 8, como uma aliança no
nível do grupo empresarial, em oposição ao nível da atividade comercial.
7. A obra de J. M. Stopford e L. T. Wells, Managing the multinational enterprise: organization of the firm and
ownership of the subsidiaries, Nova Iorque, Basic Books, 1972, ainda é o estudo marcante sobre as joint ventures
internacionais das empresas multinacionais. J. W. Tomlinson, The joint venture process in international
business: índia and Pakistan, Cambridge, Mass.; MIT Press, 1970, é um bom estudo das joint ventures
internacionais nos países em desenvolvimento. R. D. Hall, International joint ventures, Nova Iorque, Praeger,
1984, é um trabalho voltado para profissionais e trata das joint ventures internacionais.
t
8. Ver em D. J. Encarnation e S. Vachani, "Foreign ownership: when hosts change the rules", Harvard
Business Review, setembro-outubro de 1985, p. 152-160, algumas abordagens inovadoras usadas pelas
empresas multinacionais para conservar o controle das joint ventures mesmo diante de uma legislação hostil
dos governos regionais.
9. As multinacionais na índia, além de conseguir retomar a maioria acionária, fizeram-no a um custo reduzido
emitindo novas ações com grandes deságios, para infelicidade de acionistas e governo indianos. Ver S.
Wagstyl e R. C. Murphy, "Foreign buying triggers concern in índia", Financial Times, 4 de novembro de 1993,
p. 30.
10. Na verdade, as primeiras pesquisas sobre as subsidiárias estrangeiras das empresas multinacionais e sua
participação no comércio internacional tratavam de aspectos desses sistemas de grupos integrados. Ver G. K.
Helleiner, "Manufactured exports from less developed countries", Economic Journal 83, março de 1973: 21-
27; J. P. Jarret, "Offshore assembly and production and the internalization of internatíonal trade within the
multínational Corporation", tese de doutorado, Universidade de Harvard, 1979; G. L. Reuber, Private foreign
investment in devélopment, Oxford, Clarendon Press para o OECP, 1973; e C. V. Vaitsos, Intercountry incarne
distribution and transnational enterprises, Oxford, Clarendon Press, 1974.
11. Ajoint venture é hoje entre a Rank Xerox da Grã-Bretanha, subsidiária com 51% de participação da Xerox, e a
Fuji, do Japão. Essa estrutura de joint venture é um mero acidente histórico e não é relevante para nossa
discussão.
12. Para maiores detalhes, ver Ben Gomes-Cassares, "Xerox and Fuji-Xerox", Caso n5 9-391-156, Boston,
Harvard Business School, 1991.
13. A joint venture Fuji-Xerox foi estruturada de modo a eliminar qualquer fluxo de tecnologia da joint venture
para a Fuji Photo Film. Esta última, em troca, não contribuiu com qualquer tecnologia para a joint venture,
que, por sua vez, depende muito dos fluxos contínuos de tecnologia de uma única empresa-mãe, a Xerox.
14. A relação entre a Xerox e a Fuji-Xerox não pode ser uma aliança principalmente porque a última não é
uma empresa independente em qualquer acepção significativa do termo. Em primeiro lugar, a Fuji-Xerox
precisa da concordância da empresa-mãe, a Xerox, em todos os principais setores do empreendimento:
despesas de capital, planos comerciais e operacionais, relações com terceiros e vendas fora do território
licenciado. Se é autónoma, ela o é por acidente histórico, por ter sido estruturada como joint venture entre a
Rank Xerox e a Fuji Photo Film. A autonomia persiste porque, entre outras coisas, a Xerox não quer agredir
seu parceiro, a Fuji Photo Film. Em segundo lugar, a Xerox tem acesso ilimitado a toda a tecnologia
desenvolvida pela joint venture, mas a Fuji Photo Film não. Uma maneira de identificar o domínio da Xerox
na relação é postular uma pergunta contrafactual: o que acontece se a Xerox e a Fuji Photo Film resolverem
dissolver a joint venture? A Xerox pode simples e facilmente reestabelecer-se no Japão com uma
subsidiária toda 'própria. Por outro lado, sem qualquer acesso à tecnologia desenvolvida na Fuji-Xerox, a
Fuji Photo Film não pode entrar no negócio xerográfico com tanta facilidade. Na verdade, é muito
provável, portanto, que a Xerox possa comprar a Fuji Photo Film, eliminando-a, e conservar a grande parte
do pessoal da joint venture paia assegurar continuidade administrativa.
15. Muitos estudos sobre as alianças estratégicas incluíram os licenciamentos em sua definição de aliança.
Alguns exemplos são R. N. Osborn e C. C. Baughn, "Forms of interorganizational governance for
multinational alliances", Academy of Management Journal 33, n" 3, setembro de 1990; 503-519, e B. Gomes-
Casseres, "Computers: alliances and industry evolution", em D. B. Yoffie, ed., Beyondfree trade: firms,
governments, and global competition, Boston, Harvard Business School Press, 1993, p. 79-128.
lado (D. Dimancescu e J. Botkin, The new alliance: America's R&D consortia, Cambridge, Mass., Ballinger, 1986),
ignoram o que é comum à formação e gestão das alianças estratégicas de todos os tipos.
40. Ao examinar as associações entre empresas, que vão dos contratos simples àsjoint ventures, nos afastamos da
dicotomia, comumente apresentada na literatura, entre alianças de capital e de não-capital. Achamos que a
participação ou não-participação no capital é parte implícita na formação e gestão das alianças estratégicas e
que as distinções baseadas unicamente em capital são irrelevantes.
41. A legislação americana antitruste geralmente não permite elos estreitos entre empresas nacionais do mesmo ramo.
Procure conhecer a polémica que cercou até mesmo uma reunião informal, no início da década de 1980, dos
altos gerentes das Três Grandes empresas automobilísticas, que discutiu as implicações dos projetos da Lei
Federal de Despoluição do Ar. A atual legislação sobre colaboração em pesquisa e desenvolvimento (Lei Nacional
de Pesquisa Cooperativa de 1994) entre empresas nacionais e a visão flexível do governo Clinton quanto às
alianças locais, principalmente quando o governo federal é membro da aliança, como no caso do
desenvolvimento do automóvel movido a energia, podem alterar a situação e fazer com que grande parte da
presente discussão passe a ser relevante para esses elos.