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Um gosstrid,com explicasSessipliicadas ‘no fim do livro; poder ter al; st ia 5 leltones ae afr: st sale sea pa a Sou muito grato aos Profs. Roberto de A. Martins, Puppi (UNESP) e Lednidas Hegenberg (Caps, I), asin Coes a meus irmios Lineu (UFMG) e Ademar Freire Maia (UNSen pela letura critica dos originais quando representavam coresnyy elas sugestées dadas para melhord. -ampliado (como agora © ehcontia ‘pelos. Profs. Ubaldo Puppi, Oswal (DSH), ntinio Brit da Cunhs (USP) cLineaPrcke Nene eee Vill recebeu as crticas do Padre Joto Batista Libnio, 8), de Sohy onsabilidade alguma sobre’ que de erra a ido possa conter este livo, Nao acetel todas es suas ~ tim dls nfo mou conheciento das sgn fon dees Hi echoes que foram acrescentados depois que eles fizeram a leitura dos fe, sou muito glato 20 meu quer “Pessoa por haver escrito a Apresenta- Devo também um agradecimento especial Irene Sedosk! pela cuidadosa e repetida datlogrefia Gotan /. Por tltime, um aviso: quando no estiver tratan: inet grat ot dprolemaepectcs douse dio potur rede a stugdo brasera Qrnepainents os Newton Freire Mata Depto. de Genética, UFPR Caixa Postal 19071 81504 Curitiba, PR 1. Clénela-disciplina ciéncia-processo ‘Aciéneia pode ser visualizada sob dois aspectos fundamen tais: a cléncia je feita (tal como é ensinada)-e a ifneia-processo (que esté sendo feita). A primeira é a disciplina (ciéncia forma- Tizada) que o professor ministra aos seus estudantes ¢ estes devem aprender na linha pela qual ensinada para que possam fazer exames e ser aprovados. Alids, os alunos aceitam a discipli- na que thes é ministrada na base da autoridade dos seus profes- sores e dos livros em que estudam. Acciéneia-processo (ciéncia em vias de faze ciéncia que o cientista realiza e que pode ser dividida em duas fases: & prépria pesquisa (isto 4 os procedimentos de investigacio) ¢ a Eivulgecto de seus resultados (isto 6 sua publicagto original). Essa tripla distingdo é essencial: de um lado, a ciéncia-disciplina, talcomo é ensinada em vérios niveis de complexidadee, de outro, a ciéncia-pesquisa (que possui dois estdgios). A primeira é um. pacote;.e a segunda & um processo. Enquanto aciéncia-pesquisa ‘claramente representa algo de inacabado, sempre em fase de ampliagdo e retificacao, a ciéncia-disciplina, com o fim de se facilitar sua didética, é, muitas vezes, ministrada de forma dogmatica, sto é, com caracteristicas opostas as de sua fonte.° Gitncia-disciplina: conjunto de descrigSes, interpretasdes, leis, teorlas, modelos, ef, que Visa ao conhecimento Ww pateela da realidade e que resultou da eplicagio de uma m Gologia especial (metodologia cientifica). aaa Gitncia-proceso: primeiro estégio ~ atividade, na base de ma metodologi cal taetodologi cientifica}, que visa & formulagio de descrgdes, interpretagées, les, tearias, modelos, ete, sobre uma parcela da realidade; segundo estdgio divulga” ‘primeira, pelo menos nos gratis mais elementares de “Gasino pode parecer um edifcioacabado, iretocdvel, helo de verdades (as Pe cientificas”); a segunda, pelo contrério, 5, ampliagao e revista. ‘Ao nivel de primeiro grau, hé um velho preconceit ‘ensino deva ter sempre caréter dogmatico, O bom ae =o entanto, jf luminard a mente dos jovens estudantes com problemas clentifcos e mesmo com pequenos proj! came eames nee on poten er cote oe et ee ~ = enconitram em continua processo de renovagto e aperfeicoamien- 0, que mesmo criengas e jovens podem realizar investigag6es _ capazes-de-elucidar certos problemas, ete. A medida que 0 ~ estudante faz sua maravilhosa caminheda ao longo dos curso: i pr mens cine la ee ‘vendo seu esptrito ertico, preparando-se, em alguns casos, para ssteleprépio, um cent, Nunca, dese forme estudante ‘em contato coin a cidnci nace sere ‘itncia como se: esta fosse-algo- ssa importante diferenga entre citncia formal (dis. {jf feitae irretocdvel) e ciéncia-processo (em fase a ealngeo 6, pé isto mermo, mareadn por hipéteseaprovisres) aparece | deforma precisa na primeira aula (dada a 23 de dezembro de -_ 1854) do curso de fisiclogia experimental aplicada & medicina, teri por Claude Berard (1819-1678) 00 Calige de rence I Pela exceléncia de suas pelevras, permito-me fazer es il en ptm pein “Todo mundo sabe que o ensino no College de Fran: n ce Ed lima natureza diferente do que caracteriza as faculdades; que ae 1, Gide Bemard 1855 Leon deplpsilogie xprimencl ppg “dicing fites au “ ea susie oe 0 Cale France. Tone 1" 8561069, 18. Bailar t atende a outras necessidades; que se dirige a outro piblico; que Sua maneira de proceder é essencialmente diferente. / Aqui, © professor, sempre situado no ponto de vista da investigagio, deve Prekiderar a ciéncia, nZo no que ela possui de adquirido ¢ Sssegurado, mas nas lacunas que apresenta, para se esforcar por preenché-las com novas pesquisas. B pols, as mais érduas ¢ Precuras questGes que ele de preferéncia se acomete, diante de Gon aulitério j4 preparado, por estudos anteriores, a abordé-las. 7Nas faculdades, 20 contrézio, o professor, situado no ponto de ‘sta dogmatico, propée-se a reunir, numa exposigao sintética, 0 Tonjunte de nogBes positivas que a cincia possu ligando-as por Joe desses lagos que se chamam teorias, destinadas a dissimu- iar, tanto quanto possivel, os pontos obscuros e controvertidos jerturbariam, sem proveito, 0 expirto do aluno inielante, / Hesck forma, esses dois tipos de ensino so, por assim dizer, _—Giametraimente opostos.-O professor de-faculdade vé-s.ciéncia Tho seu passado; ela é para ele, como se fosse perfeita no presente; ele avulgeriza zo expor dogmaticamente o seu estado Frual.O professor do Collage de France, ao contrdrio, deve ter 05 athos veltados para o desconhecido, em direglo ao fururo. / Longe de estar conclulda, a cidncia da vida apresentar-se-nos-& omsuas imperfeigBes; preocupar-nos-emos sem cessar, nfo com ‘mas com o que resta a fazer; e essa diregzo progressva tanto mals importante vss ‘o compreendereis sem Fifeuldades ~ quanto a ciéncia de que aqui nos ocupuuuvs se Sheontra mais distanciada de seu completo desenvolvimento. / FP efeso, Senhores,extabelecer com precisfo nosso ponto de ‘vse para bem compreender otipo de liberdade que hé em nossas Tales e a variedade de assusitds que este ensino comporta; equi, programa algum poderia ser rigoresamente seguido, contrar Pitnente aos cursos das faculdades, necessariamente enqua- “hades em uin programa periodicamente recomecado e nunca - Glarepessando o nivel dos conhecimentos adquirides. Pode-se, ‘aqui, mudar de assunto todos-os anos, todos os semestres; Saismo no decurso de um semestre, nosso plano poderé modifi- Tanse se, atingindo win fldo de pesquisas interessantes, houver peneficio para a cincia em prosseguilo sem demora. / Em uma fara, excolhemios nossos estudos sob’ tinica condigao de Pralizar esforgos incessantes com o fim de cooperar para © Dprogresso da fsiologia e da medicina, procurando realizar esse rogreaso em todas as questdes que pessamos ating ¢ por todos Be mieios que se encontrem a nosso alcance” (p. 10-11). 2, Cléncia ¢ conhecimento vulgar Hé um limite preciso entre ciéneia (tal como praticada pelos cientistas) e senso comum (que as pessoas sem formagéo Gientifica usam em suzs observacées do dia-edia). Bo que Gaston Bachelard (1884-1962) chamou de “corte episte- molégico™, Gracas a este, rata-se de esferas cognitivas diferen- tes, ‘embora se possam referir 4 mesma realidade. A ciéncia a-metodolégico, rigor e maior capacidade pre- ditiva ao conhecimento vulgar, ainda que este, de modo trivial e— —gssistemdtico, também-descubra fatos, formule explicagées e “desenvolva teorias. como a experiéneia pessoal aeumulada, Ried akan cue noe perce mals rapes pacrseiear— -—etornar os argumentos aceitéveis". ae = “Como bem lembra Bertrand (Arthur William)_ Ru aursiyroy peti e 12), o metodo chain, “epee de tea simplicidade essencial", 6 € empregado por uma fracio ficante de pessoas para resolver uma fragfo insignificante de ~ 2ssuntos. Consultee qualquer cientista sobré patriotisma, mile sica, esportes, artes plésticas, amor * nena, amizade, impostos, teologia, democracia, racism, etc.; ever-se-4 que ele sempre usard 0 senso comum, talvez impregnado de 1 acerca ie ret sid SE Gearon gegen as ee ees rere anc cee See ee eee eee Sn en at Fe ae eran nee ‘de Conscruindo 0 saber: técnicas de metodologia cientifica ‘Maria Cecilia M. de Carvalho), Papiras, Campinas. ae er ae cae pk RG oe ofa De UNIVERSIDADE FEDERAB dogmatismo ~ que repudiaria se se tratasse dos problemas que Sborda cientificamente, Para Russell, a ciéncia nfo passa de “senso comum educado” (idem; p. 71) © senso comum julga-se dono de verdades eternas, Néo tendo 0 refinamento da ciéncia, guarda as suas ‘verdades® com ‘elo e recusa-se a aceitar as teorias cientificas que as contradi gam. Assim é que oheliocentrismo teve de esperar cerca de dois Egeuios para se integrar a cultura geral, enquanto @ teoria da evolugao ainda esté muito longe de ser consensualmente aceita, O senso cotmum acredita’que diferentes pessoas, vendo 0 ‘mesmo fendmeno, sempre véem 2 equivoco; hé figuras de cubos, piramides, escadas, rostos, etc. que, examinadas até pela mesma pessoa, podem se mostrar, epois de alguns segundos, diferentes da forma como se mostra- vamaprinepio, Quando duas pessoas olham uma dessas figuras, pode acontecer que, num mesmo momento, uma este}é do Elgo bem diferente do que v8 a outra. A expresso “eu vi com os Sneus proprio olhos” nao oferece garantie alguma-de que seja Yerdade o que se diz. ‘Aciéncia no é 0 “eduicado”. Ele criout as teorias da Terra plana, da Terra centro ‘estético do universo, dos seres vivos criados instantaneamente e imiutéveis desde entao, do Homem sem ligagGes de origem com os demais seresvivos, ete. A cigncia mudou tude isso apesar de fado isto estar alicergado em “dades". Estes no mudaram; nudou a sua interpretagio. Se as coisesfossem como parecer Ser, ndo séria preciso a ciéncia para tirar, do que esté escondido, a interpretagio correta dos fatos. SO conhecimento vulgarndogera oconecimentacentifico. O cientista pode, através do primeiro, descobrir algo a pesquisar ¢, af sim, fazer ciéneia, Ele realiza, entio, um “corte episte- mol6gico", deizando de lado o que Bachelard chamou de “obs- tdeulo epistemoldgico”. Porque o conhecimento vulgar ¢ | ingénuo. Um einente cientista contou que, certa ‘Vez, em conversa com um asidtico que vivia 2o n{vel de cultura ‘tibel muito atrasada, ouviu deste a informaglo de que, & noite, 0 Sol voltava ao seu lugar de origem (0 nascente), para reprodu- zir,no dia seguinte, o seit percurso normal em direcio ao poent ~E por que no o vemos voltar? —E porque estd escuro. | | | rofundado, refinado.ou_ Em suma, 0 Sol seria visto de dia porque esté claro; obviamente, nfo poderia ser visto na escuridio da noite. = Depois de analisar oito postulados da fisica cléssica, elabo- rades por 0. L. Reiser ~ proposigdes “evidentes” diante do conhecimento vulgar ~ Bachelard diz o seguinte: “Séo conside- radas_evidentes porque_sio-simples_e familiares; calocam:se = jjstamentena base da.conhecimento vulgar porque efetivamente a ento vulgar €todo: 2, Mas ultras construgdes so possives, eas novas construgées —Gientificas como a relatividade, a teoria dos quanta, a mectnica onduletéria ou a mecinica de Dirac, nfo continuam 0 cone , mgs nascem de uma ‘€.gue.aconstrucé ae ee a critica” (p. 43). GEV 1es trees da ctncia pou miner Sgn Gas outras parcels do conhecinento vulgar Into einen mmpteensivel: a ciéncia vai mais longe e, por isto, muitos de = “seis vos no tm o mesmo grau de precisfo a que chegou 0 ‘conhecimento vulgar em vdrias éreas que aborda. Quando se | ESemai segura, mais. : "5. Gaston Bachelad, 1978, A flosfa do no, Flosofa do : Gon Zacher novo espirto ‘demic. Trad. de Joaquim JoséMoura Ramos. Abi, S, Paulo (Colegio “Os 6. Conheinexto obi, Una ebordagem evcicionria, Trad de Mien ‘nado. atl, BH/EDUSP, SP, 2978. re | | | { | 2 | | sf 1 __] tal de todas as coisas seria a égua. A tese da estrita continu ‘A posigio descontinuista, acima mencionada, refere-se & “ciéncia modema’ (que muitos aceitam como tendo surgido com Galileu ~ 1564-1642) ¢ ao conhecimento vulgar igualmente de ssultou de wi ee ae <3 Homem primiti de for 4 mani. Festava preocupagées “filosdficas” e “cientificas” Fae Reo eatard,forinas Ge escrta,tenativas de las. sificagao, desenvolvimento de terminologias, documentos mate~ mdticos, observagées astronémicasy ete- 20s ‘poucos, lado lado com a “filosofia” ea religido, dentro de alguns Jailénjos anteriores & nossa era. A fildsofia grega (que inclufa a tigneia de seu tempo) teve inicio no século VII aC; costuma-se, por exemplo, colocer onascimento da “ciéncia natural” grega em Teles de Mileto (ca. 640-562), para quem o elemento fundamen- lade ‘histérica foi muito bem expressa por Forbes e Dijksterhuis’: “A nossa ciéncia modema descende segundo uma linha continua e {ininterrupta dos pensamentos dg Tales e de homiens do mesmo quilate de seus contempordneos*, Temos tanta justificagao para {faiciarmos a histéria das citneias com ele como para comegar a Diografia de uma pessoa a partir da altura [época] em que era ‘uma crianga” (p. 36). ois pontos merecem ser aqui acentuados. Primeiro: Em suas observagdee corriquelras do dia-a-dia x em suas opi entre o pablico em geral que, desta forma, explicagbes, teorias ¢ leis (oriundos da ci igeridos), que costama répetir sem que saiba justific 7.R.J. Forbes e EJ. ifaterhuls,s/, Hira da Citneia eda Tenoloia. Vol 1. De antigidade ao éulo dessete Trad. de H. Siva Hora, Uist, Lisboa. ', Asaximandro (ca, 610547), Anaximenes (ca. 550-480) e Herécito (640-475), Outs fleofor gregos vveram mais ou menos na mesma Sidgoras (870-497), Parménides (535-450), Leucipo (500-430), ete. Aristéeles, com quem a cla grega sing o apogeu, € de 364-322. 3, Uma definigio de ciéncia 0s filésofos da ciéncia nao costumam propor definigSes de Giéncia, Creio que essa precausio se deve a pelo menos trés Sazbes:1, toda definigio tende a ser incompleta (sempre imitan- 0, excludente), 2. 0 problema & muito srd-ver-a0.longo deste livro; 3. dificl- “sto 4, fazer caber numa formulagio reduzida — todo o objeto de sais estudos. | = = prencupacdes epistemolégicas de alto nivel e usando os elemen- {5s bésieos equi jd referidos como caracterfsticos da ciénciadis= tiplina e da ciénéia-processo, podemos apresentar uma tentativa Simplificada e tosca de definicdo: Ciéncia € um conjunto de aescricdes, interpretacBes,teoras, leis, modelos, et, visaido 20, onheeimento de uma parcela da realidade, em continua amplia ~ 4. Gignela pura e cléncia apticada " Antigamente, chamava-se de ciéncia pura a que nfo tivesse ‘preocipasdes e niem possibilidades previsiveis de aplicaggo (por exemplo,sistemética de abelhas, comportamento sexual de dro- séfilas, estronomia lunar, etc.). Por outro lado, ciéncia aplicada : stamente se voltava para a solugéo de problemas réticos e, como tal, apresentava uma perspectiva préxima de _splicagdo (por exemplo, a quimica das sulfas ot dos antibiéticos, 4 fisica dos meios de propulsdo, a tecnologia da extragdo de ‘ninérios radiatives, etc. “Hoje, a citncia € vista por outro angulo, Como varias "© pesquisas da antiga “ciéncia pura” acabaram tendo aplicagio e | puites tantas da chamada “ciéncia aplicada” temminaram nfo -produzindo os frutos esperados, prefere-se, em geral, dizer cién- Ibdsica e aplicasdes da ciéncia, isto ¢, tecnologia. A primeira isa diretamente 20 seu aproveitamento na érea da utilizagio | , mag.pode vir a encontré-lo; isto significa que ela se faz” fom a iniea preocupagio de resolver problemas de conhec ‘nento, sem excluir a possibilidade de que possa vira ter poderosa iligncia no setor que nao foi procurado de inicio. A tecnologia, eer por outro lado, visa, de infcio e durante todo o seu trajeto, & rocura de uma aplicagéo. A biologia molectlar realizou, entre 0s anos 40 ¢ 60 deste século, um progresso semelhante ao da quimica dos fins do século XVIII aos anos 1930. Ela surgiu e se desenvolveu sem preocupagdes de aplicago, mas, além de continuar a ser uma ‘ciéncia bdsica, tornou-se, nos uiltimes-anos, com a engenharia (genética e os estudos sobre virus, uma tecnologia. Além desse ‘especto, é importante lembrar-que,-& medida que_evolui.a tecnologia, podem igualmente se ampliar as possibilidades de aplicagdo de uma ciéncia bésica. Por exemplo: a astronomia, cujos conhecimentos foram antigamente usados para fins religio- ‘05 (marcar datas de festas ecerim6nias),agricolas (determi épocas de chuva, de frio, etc; de plantio e colheita, etc), astrol6gicos, etc., hoje é imprescindfvel 2o desenvolvimento da stronautica. SEE ae = Nao hé, pois, dois tipos de ciéncia - um “puro” ¢ outro nas varias subteoties ~ além das mencionades ~ da teoria geral |=» Ga évolucdo (por exemplo, as ligades 4 selego natural, & deriva, © go polimorfismo, a flogénese, etc). Sind. em Davida E.Yellogy, 1988, “And then a miracle ccs? Weak Ins othe chain of argunent fom puncuation teary. il 6 Pls, 23.28. Ha quem distinga entre ciéncia ¢ filosofia, crendo que aquela nos daria conhecimentos seguros e, &s vezes, irretocdveis, Geis da fisica, teoremas matemsticos, algumas teorias biolégicas, etc.), enquanto a segunda ~ com pretensées acimas das nossas capacidades — apenas nos ofereceria “visbes do mundo” sujetas, em geral, a sofrer total descrédito, A teoria da evolugdo (na sua formulago mais geral), 0 teorema de Pitdgoras, a lei de Boyle- Mariott, ete seriam “fatos" insofismAveis, enquanto 0s sistemas de Santo Tomés de Aquino e de Karl Marx (para s6 citar dois cexemplos extremos) seriamc igdes antagéni ‘cas que continyam vives apenas porque clara escolas que Fecebemamplo deptos. Hi, como bem se pode ver, i i pensar. Nem-a-cidneia 6 uma fornecedora perene de “verdades" ¢ nem 2s doutrinas filoséficas s6 t8m o valor de composigées dem agradar a uns e no a todos. Ambas preten- ‘dem procurar a “verdade”, se bem que os clentstas saber que 0 {que realmente encontram ¢ a verossimilhanca. A fllosofia no seria a, sabedoria, “s6_digna dos Pitégoras (570-497), mas_ 9 “amor.da sabedor arciéncia bém o fem parte. Ambas se distinguem, no entanto, tem! = antire ‘que pode fer a certeza com base em critérios que transcendem as da filosofia e da cincia. Mas o que muitas vezes cuutece & que os cientistas, também com elementos sabidamen- te insatisfatérios, afirmam saber o que, na verdade, apenas eréem saber. Hd uma é cienifica, que obviamente difere da f religiosa, mas que nio deixa de ser também uma fé. Aceitar, por exemplo, que a megaevolucio seja produzida pelos mesmos mecenismos -festes, aparentemente bem conhecidos) que promovern a mieroe-— volugdo ndo deixa de ser um ato de fé. a Aciéncia no flutua no véeuo. Nao ha cientista que seja s6 7 cientista; ele é também cidadéo de uma cultura, politico, ilds04¢, ete., mesmo que nfo tenha consciéncia disso, Quem fala mal da politica ou da flosofig est, sem o saber, tomando uma posicHo, politica ou filoséfica. io 13. SSemoque dea phisopie es vraiment pico? Rae aia 96a fod Te abl fr Loa Lafune Ptns fhe on Ss 22s (lio ea taf 1902 rasan npr sStemsnon em 989) cba Rosancts (nt: nts de Ane de Cara), PL 5a, 1978p 1 = | ___pelos mesmos caminhos. Cada ciéneia pode e deve ~flosofia, jutro ponto a ser assinalado & que a filosofia nfo pode ser aceta como ina simples “continuagio” da esncia, no sentido de que, depois de obtido um conhecimento cientifico, se poss fazer a “flosofia” desse conhecimento, desta forma constuindo- se toda a filosofia, Isto sealmente pode (e deve) ser feito, mas jenri Bergson’ (1859-1941), ainda étarefa do préprio y josofia a mera prosseguidara do féncia j4 conseguiu (ou pretendeu)-determinar_seria nuadora da cignci, i deve fazer & 0 préprio cientista. A filosofia feita pelos fléeofos fem dimensbes malores e aleances mais profundos--— 5 Se a cidncia é 2 busca_da verossimilhanca através da interpretagao de fatos, a filosofia da ciéncia procura saber como, | procuta 34 EFegigeots athgern fia petentiga meta Ge € que a atngem), ope outros, termos, & uma reflexdo sobre 8 pressupostos _ SAREE Bios a cltncia (que eouida 0s fates) e a flosofa-da aa (1982-5, que propée a visio acima ( ‘John Losee (1932- "5, que a @ 1 grosoba da cdnca como wind crterioloia de segunda cess, sendo a ciéricia uma criteriologia de primeira classe), a primeira aborda problemas tais como: 1. Que earacteristicas diferenciam a indagaglo cientifica de outros ties de indagacto? 2. Que procedimentos devem ser seguidos pelos clentistas? 3, Que condigdes precisam ser satisfeita’ para que uma explica- ‘$40 cientifica possa ser aceita como correta? ee ee vi hsigt emt erat lenses die i nanan eerie tees ome ea fee cod rn oe eae mec devine pen rns Catan Ie DARD, Espécies, tal'como Darwin nasceu no ano (1809) em que Lamarck pablicou sua oe Soe ae A spree amen Ae ores damentais ¢ os procedimentos-gerais- jentifica. Dessa forma, pédemor visualizer tés~ tual-de alto gabarito, deve ir mai 4, Qual € 0 estado cognitive dos prineipios cientificos (leis, 1 teorias, ete.)? * ‘A proposteto ea tentativa de solucionar problemas desse tipo repreentam a fomada de uma posieso que esta acim da ratica da prépria ciencia, que apenas procura descrever, ela- ‘lonar prever, modifier e explicar os tos Os cientistas nfo preczam estudarflosofia da clnia para] saber como fezer citneia. Essa atividade é aprendida pelos jovens iniciantes, no-trebalho-didrio,lado-a lado-dos cientistas mais experimentados ¢ estudando trabalhos cientificos originals. As- sim fazendo, o jovem candidato a cientista desenvolverd sua “técnica” de elaborar pesquisas ¢ de redigir comunicagBes cien. —tfieas (Cf. Cap. 1X2). it a, Mas isto nio basta. Se o cientista pretende ser um intelee.* ei Met jteza de sua especialidade, corre o isco de ndo ter consciéncia plena dos pressupostesfloséficos que tacitamente aceta e nem dos proce.

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