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772 Decreto-Lei n.° 46/94 de 22 de Fevereiro ‘Com o presente diploma pretende 0 Governo rever, actualizar e unificar 0 regime juridico da utilizagao do dominio hidrico, sob jurisdicdo do Instituto da Agua. Com efeito, tal revisio torna-se imprescindivel, j4 que a legislacdo actualmente em vigor, para além de dispersa, mostra-se desactualizada, encontrando-se mui- tas das suas normas consagradas no Regulamento dos s Hidrdulicos de 1892 ¢ na Lei de Aguas de 1919. presente diploma pretende reunir, de forma coe- rente, as utilizagdes do dominio hidrico, quer publico, quer privado, sujeitas a licenciamento e sob jurisdigao do Instituto da Agua, contando para tal com as regras definidas a0 nivel do Plano Nacional da Agua ¢ dos planos de bacia hidrografica. Distinguem-se 13 utilizagdes do dominio hidrico que necessitam de ser tituladas por licenga ou contrato de ‘concessio. ‘A licenga caracteriza-se pela sua precariedade ¢ pode ser atribuida por um prazo méximo de 10 anos ou de 35 anos, consoante as utilizagdes. Nos casos em que a licenga ¢ atribuida por periodo superior a 5 anos, € precedida de um processo de inquérito piblico. O con- trato de concess4o, que pode atingir um prazo maximo de 75 anos, &, por regra, precedido de concurso pi- blico e caracteriza-se por ser um verdadeiro contrato administrativo com direitos € deveres especificos das partes contratantes. Procura-se, deste modo, instituir uma gestdo eficaz dos recursos hidricos, baseada na articulacdo de utili- zagdes distintas da dgua ¢ terrenos com ela conexos, incluindo as aguas subterrdneas, sujeita ao principio do licenciamento da utilizagao do dominio hidrico. Foram ouvidos os érgdos de governo proprio das Re- gides Auténomas dos Acores e da Madeira ¢ a Asso- ciago Nacional de Municipios Portugueses. Assim: No uso da autorizacdo legislativa concedida pelo ar- tigo 2.° da Lei n.° 62/93, de 20 de Agosto, € nos ter- mos das alineas a) € 6) do n.° 1 do artigo 201.° da Constituicdo, 0 Governo decreta o seguinte: CAPITULO 1 Disposigées gerais Artigo Orjecto presente diploma estabelece 0 regi 40 do dominio hidrico, sob jurisdi¢do do Instituto da Agua (INAG). Artigo 2.° Ambito 1 — O dominio hidrico abrange, para efeitos do pre- sente diploma, os terrenos das faixas da costa ¢ demais guas sujeitas & influéncia das marés, nos termos do attigo 1.° do Decreto-Lei n.° 201/92, de 29 de Setem- bro, as correntes de agua, lagos ou lagoas, com seus _DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-A N° 44 — 2-2-1994 Ieitos, margens ¢ zonas adjacentes, nos termos do Decreto-Lei n.° 468/71, de 5 de Novembro, com o res- pectivo subsolo e espaco aéreo correspondente, bem como as aguas subterréneas. 2. —O dominio hidrico referido no mimero anterior compreende 0 dominio piiblico hidrico estabelecido no artigo 1.° do Decreto n.° 5787-11, de 10 de Maio de 1919, e 0 dominio privado estabelecido nos ar- tigos 1385.° e seguintes do Cédigo Civil Artigo 3.° Utzagdes saeltas 1 tale de utlizagto 1 — Para efeitos do presente diploma, carecem de titulo de utilizagéo, qualquer que seja a natureza ¢ per- sonalidade juridica do utilizador, as seguintes utiliza- des do dominio hidrico: 2) A captacio de 4guas; }) A rejeigdo de aguas residuals ©) As infra-estruturas hidréulicas; @) A limpeza e desobstrucdo de linhas de égua; @) A extracgdo de inertes; A) AS construgdes; '2) Os apoios de praia ¢ equipamentos; 1h) Os estacionamentos € acessos; As culturas biogenéticas; J) As marinhas; 1) A navegagéo ¢ competigdes desportivas; m) A flutuacdo ¢ estruturas flutuantes; n) A sementeira, plantagdo ¢ corte de arvores. 2 —O presente diploma ndo se aplica aos recursos hidrominerais, geotérmicos e Aguas de nascente a que se refere 0 Decreto-Lei n.° 90/90, de 16 de Marco. Artigo 4.° Requistos gerals do tiulo de wtlizasto 1 — Sao requisitos gerais do titulo de utilizasao: 4) O respeito pelo disposto no Plano Nacional da Agua ¢ pelos planos de bacia hidrografica; 1b) O respeito pelo disposto nos planos regionais, de ordenamento do territério ¢ nos planos mu- nicipais de ordenamento do territério; ©) 0 respeito pelo disposto nos planos de orde- namento de albufeiras classificadas; 4) O sespeito pelo disposto nos planos de orde- namento da orla costei €) O respeito pelas zonas deli protegidas; JD) Nos casos previstos na lei, a apresentagio de um estudo de impacte ambiental. itadas como Areas 2 — O titulo de utilizagdo deve prever que o utiliza- dor se abstenha da pratica de actos ou actividades que causem a exaustdo ou a degradac&o dos recursos hi- dricos e outros impactes negativos sobre 0 meio hidrico da prética de actos ou actividades que inviabilizem usos alternativos considerados prioritérios. N° 44 — 2-2-1994 DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-A 773 CAPITULO II Dos titulos de utilizagio ‘SeccAo I Disposicies goris Artigo 5.° Formas de utiizagto 1 — A utilizagao privativa do dominio hidrico a que se refere o presente diploma é titulada por licenga ou or contrato de concessao. 2 — A licenga é atribuida pela respectiva direcgdo re- ional do ambiente recursos naturais (DRARN) € 0 contrato de concesso é autorizado pelo Ministro do Ambiente e Recursos Naturais. 3 — Os titulares de licengas ou concessdes de uti zagéo do dominio publico hidrico, no 4mbito do pre- sente diploma, esto sujeitos ao pagamento de taxas, nos termos fixados em legislagao prdpria. 4 — A atribuigdo de qualquer titulo de utilizagao & precedida da emissdo de parecer por parte das entida- des competentes, nos termos da legislagdo em vigor, ca- bendo & DRARN remeter-lhes a documentagao neces- sria para o efeito. Artigo 6.° Licenga de utilzagio do dominio hiérico A licenga de utilizagéo do dominio hidrico é confe- rida a titulo precério, podendo ser outorgada pelos pra- 20s maximos de 10 ou 35 alos, consoante 0s usos li- cenciados, estando sujeita a inquérito piiblico a licenca atribuida por prazo superior a 10 anos. Artigo 7.° Conteido das gas 1 —Da licenga deve constar: a) A idemtificagio do seu titular; ) A indicacdo da finalidade da ‘wilizagto; ©) A situagdo exacta do local da utilizagdo; @) O prazo da licenga; e) A Obrigatoriedade do cumprimento das normas de qualidade; A) A obrigatoriedade de pagamento ou isengdo, to- tal ou parcial, da taxa de utilizacao. 2—A licenca atribufda pelo prazo maximo de 10 anos ¢ titulada por alvard entregue ao interessado mediante termo de responsabilidade, no qual devem constar os elementos referidos no ntimero anterior. 3 — A atribuicdo de licenga pelo prazo maximo de 35 anos é titulada por alvard, entregue mediante termo de responsabilidade que, para além do referido no 1n.° 1, deve conter outros elementos fundamentais re- lativos & utilizagao atribuid: 4 — O inquérito pblico referido no artigo anterior € aberto pela DRARN através de afixacdo de editais nos lugares de estilo e, se necessério, mediante aviso Publicado em dois dos jornais mais lidos no concelho, um dos quais de ambito nacional. 5 —O periodo de inquérito piiblico ¢ de exposicao do projecto, a anunciar com a antecedéncia minima de 8 dias, ndo pode ser inferior a 30 dias. 6 — As reclamacSes so entregues na DRARN res- pectiva no prazo maximo de 30 dias a contar da pu- blicagdo dos editais referidos no n.° 1, devendo aquela decidir no prazo de 30 dias a contar da entrega das reclamagées. 7 — Findo 0 prazo estipulado na primeira parte do niimero anterior sem que sejam enviadas quaisquer re- clamagdes A DRARN, prossegue o proceso de atribui- 0 de licenga. Artigo 8.° Decurso do prazo 1 — Findo o prazo da licenga, as instalagdes desmon- taveis devem ser removidas pelo respectivo titular no prazo que Ihe for fixado; as obras executadas ¢ as ins- talagdes fixas devem ser demolidas, salvo se a Admi- nistragdo optar pela reversdo a titulo gratuito a seu fa- vor, sem prejuizo de legislagdo especial. 2 — Em caso de demolicao, deve o titular da licenga repor a situagdo que existia anteriormente A execuco das obras. Artigo 9.° Concessio de utiizagio do dominio hidrico 1 — A utilizag4o do dominio hidrico pode ser atri- buida mediante contrato de concesséo a celebrar entre a Administracdo ¢ 0 interessado, pelo prazo maximo de 75 anos. 2— A competéncia atribuida ao Ministro do Am- biente ¢ Recursos Naturais para autorizar a celebracéo dos contratos de concessdo € susceptivel de delegacdo no presidente do INAG. 3 — A iiniciativa para a atribuicdo da concessdo pode ser privada ou piiblica. 4 — Sio os seguintes os elementos essenciais a in- cluir no programa do concurso piblico, quando a ele houver lugar: 2) A identifieacdo da entidade concedente; 5) A composigao da comissio de avaliagdo das propostas; ©) Os prazos de prestagdo de esclarecimentos adi- cionais ¢ de recepgéo das propostas; @) A forma juridica a adoptar pelos concorrentes; ©) Os requisitos de admissibilidade respeitantes as exigéncias técnicas, econdmicas ¢ financeiras minimas; J) A obrigatoriedade da redacrdo das propostas em lingua portuguesa 8) O montante da caugdo a prestar, quando exi sida; 1) O prazo de validade das propostas; 1) A data, o local, a hora ¢ as pessoas autoriza- das a assistir & abertura das propostas; J As entidades cujo parecer deve ser obtido pela comissio de avaliacdo, se for caso disso; DO prazo de avaliacéo; m) O critério de adjudicacao; 1) O prazo de adjudicacao. 774 DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-A N.2 44 — 22-2.1994 Artigo 10.° Contrato de concessio 1 — 0 contrato de concessdo de utilizagdo do do- minio hidrico deve mencionar todos os direitos ¢ obri- gagdes das partes contratantes, bem como 0 seu ob- jecto € prazo de validade. 2.— A concesso confere ao seu titular a utilizagdo exclusiva, para os fins e com os limites consignados no respectivo contrato, dos bens objecto da concessao € © direito de utilizar, nos termos da lei, terrenos priva- dos de terceiros para realizacdo dos estudos, pesquisas € sondagens necessdrios, mediante indemnizagao dos prejuizos causados. 3 — Em todos os contratos de concessio deve ser re- ferida a faculdade que assiste, nos termos da lei, & Ad- ministragdo de: 4) Modificar unilateralmente 0 conteiido das pres- tagdes, com respeito pelo objecto da concessio € © seu equilfbrio financeiro; b) Rescindir unilateralmente o contrato, antes do termo do prazo, por motivo de interesse pui- blico, mediante © pagamento de justa indem- nizagdo; ©) Fiscalizar 0 modo de execusdo do contrato ¢ aplicar as sangdes previstas para a sua inexe- cugao. Artigo 11.° Decurso do prazo Findo o prazo da concessdo, as instalagdes desmon- tdveis devem ser removidas pelo respectivo titular no prazo que Ihe for fixado; as obras executadas ¢ as ins- talagdes fixas revertem gratuitamente para o Estado, sem prejuizo de legislagdo especial. Artigo 12.° Revopasio © revisho dos ttulos de vtiizaro 1 — Constituem causas de revogagio das licengas ¢ concessdes, nomeadamente: 4) O nao cumprimento dos requisitos gerais pre- vistos para cada utilizacdo; b) A no observancia das condigSes impostas na respectiva licenga € no contrato; ©) O abandono pelo periodo maximo de um ano da utilizagdo objecto da licenga ou da con- cessdo; @) O nio inicio da utilizag&o no prazo de seis meses. 2 — A entidade competente para atribuir o titulo de utilizaglio pode proceder & reviso das condigdes fixa- das nas licengas € concessdes quando: 4) Se verifique alteracdo significativa das circuns- tdincias de facto existentes & data da sua ou- torga ¢ determinantes desta; 'b) Ocorram secas, catéstrofes naturais ou outros casos de forca maior. Artigo 13.° ‘Transmissiblkdade dos titulos de utizacto 1 — As licencas e concessées sao transmissiveis me- diante autorizagdo da DRARN, desde que se mante- nham os requisitos técnicos que presidiram 4 sua atri- buicdo. 2— A transmissdo ¢ averbada & licenga ou ao con- trato de concessio, que para 0 efeito sao remetidos a0 novo titular. Artigo 14.° Caducldade dos ttulos de utlizagio Os titulos de utilizagéo caducam: 4) Com 0 decurso do prazo previsto na respectiva licenga ou concessao; b) Com a morte da pessoa singular ou extingdo da pessoa colectiva titulares da licenga ou con- cessio respectiva, sem prejuizo do disposto no artigo anterior. Artigo 15.° Pedido de informacto prévia 1 — Qualquer interessado pode requerer 4 DRARN, pedido de informagdo prévia sobre a responsabilidade de utilizagdo do dominio hidrico para o fim pretendido. 2— Do requerimento previsto no mimero anterior deve constar: a) A identidade do requerente; b) A identificacdo rigorosa da utilizag&o preten- dida; ©) A definigdo exacta do local pretendido. 3 — A resposta referida no ntimero anterior é valida pelo prazo de seis meses a contar da sua emissio. Artigo 16.° Pedido de utilznsto (Os pedidos de utilizagéo so apresentados pelos in- teressados na DRARN respectiva, dos quais devem constar 0s seguintes element 4) Identificagdo do requerente; b) Finalidade da pretensio; ©) Planta de localizagao na escala 1:25 000; 4d) Plantas e cortes em escala adequada, com a lo- calizagdo do pedido relativamente a linhas de agua, albufeiras ou praias. Axtigo 17.° Pedide de virlas wtllzastes Quando 0 pedido implique mais de uma utilizagao, deve ser instruido um tinico processo de licenciamento. Artigo 18.° Prioridade de wtlizagto No caso de se verificarem pedidos de utilizacdio do dominio hidrico conflituosos, deve considerar-se que a DIARIO DA REPUBLICA — 1 SERIE-A 718 prioridade de utilizagéo da 4gua é, sempre que possi- vel, a seguinte: @) Consumo humano; b) Agricultura; ©) Industri @) Produgao de energi e) Turismo; J) Outros: SeccAo II Captagio de bgues Artigo 19.° Definigto 1 — Entende-se por captagéo de Aguas a utilizacdo de volumes de gua, superficiais ou subterraneas, por qualquer forma subtraidos ao meio hidrico, indepen- dentemente da finalidade a que se destina. 2— A captagao de Aguas, superficiais ou subterra- reas, esté sujeita a licenciamento, quando os meios de extracgdo excedam a poténcia de 5 cv ou, no tiltimo caso, quando 0 furo ou pogo tenha uma profundidade superior a 20 m, ou a contrato de concessio, nos ca- sos definidos no presente diploma. 3 — Para efeitos dos n.°* 1 ¢ 2, a captagdo de agua pode ter as seguintes finalidades, com ou sem retengio: @) Consumo humano; b) Rega; ©) Actividade industrial; ) Producdo de energia; e) Actividades recreativas ou de lazer. 4 — A captacao de 4guas, quer superficiais quer sub- terrdneas, esta sujeita a notificagéo @ DRARN, me- diante 0 preenchimento de impresso por esta fornecido ao interessado, quando os meios de extracgéo tenham uma poténcia inferior a 5 cv ou os furos ou pogos uma profundidade inferior a 20m. Artigo 20.° Requisitos gerais Qualquer que seja a finalidade da captagao, a atri- buigdo do titulo de utilizacdo depende das disponibili- dades hidricas ¢ da inexisténcia de incompatibilidades com outras utilizagdes ja licenciadas ou previstas em instrumentos de planeamento, tendo em conta as prio- ridades de utilizagdo consagradas no artigo 18.° Artigo 21.° Pedido de atribuigio de titulo para» captacio de éguas 1 — Qualquer que seja a finalidade da captagao, 0 respectivo pedido deve ser instrufdo, para além dos re- feridos no artigo 16.°, com os seguintes elementos a) Titulo de propriedade ou, no sendo 0 reque- rente 0 proprietario, titulo que confere o direito 2 sua utilizagdo; 1b) Regime de exploracdo previsto, com indicagao do caudal maximo instanténeo ¢ do volume mensal maximo; ©) Tratando-se de aguas subterraneas, indicagao das caracteristicas previstas para a obra de pes- quisa ¢ captagdo, nomeadamente profundidade maxima a atingir, diémetros méximos de per- furagdo ¢ tubagem de revestimento ¢ equipa- mento de extracgao; 4) Niimero de captacdes existentes na propriedade, com indicagdo do seu regime de exploracao. 2 — Quando se pretenda a captago de aguas com meios de extracgdo com poténcia entre 5 cv ¢ 20 cv, a realizagdo de um furo ou a abertura de um pogo com profundidade entre 20 m e 80 m, o pedido é formu- Iado junto da DRARN, mediante o preenchimento de impresso por esta fornecido ao interessado, consubs- tanciando 0 deferimento tdcito do pedido com 0 con- teido da pretenso formulada pelo requerente a ausén. icagdo da decisdo no prazo de 30 dias. Artigo 22.° Contesdo do titulo de capiasto de suas Dos titulos de captacdo de aguas devem constar, con- soante se trate de licenga ou de concessio, respectiva- mente, os documentos referidos no n.° 1 do artigo 7.° ou no artigo 9.°, bem como: @) Os volumes caudai 4) O regime de exploragdo, com indicagéo do cau- dal maximo instantaneo ¢ dos volumes mensais maximo: ©) A definigdo de areas de protecedo & captagio; d) As caracteristicas técnicas dos meios de capta- do e exploracao; ©) A profundidade ‘maxima do grupo electro- ‘bomba submersivel, quando se trate de dguas subterraneas; J) A obrigatoriedade de instalagdo de instrumen- tos adequados para 0 controlo do nivel da agua ¢ dos caudais extraidos, quando se julgar ne- cessdrio pela situagdo hidroldgica ou hidrogeo- 6gica; 8) A obrigatoriedade de instalagdo de um sistema de medida que permita conhecer com rigor os volumes totais de agua extraidos mensalmente, quando se trate de volumes de agua superiores a 10.000 m’ mensais, ou quando os meios de extracedio sejam susceptiveis de proporcionar caudais instantaneos superiores a 5 1/s; 1h) A obrigatoriedade de fornecer periodicamente & DRARN elementos sobre os volumes de agua extraidos e 0 periodo de funcionamento das captagdes, nos casos mencionados nas alincas Des). Artigo 23.° Pesquisa ¢ captagio de dguas subterrineas 1 —A pesquisa e captagéo de aguas subterrdneas estd sujeita A obtencdo de licenca, respeitando 0 licen- ciamento as seguintes fases: a) Pesquisa e captacdo de éguas subterréneas, que consiste no conjunto de operagdes de sondagem ‘ou escavacdes executadas com a finalidade de determinar a existéncia de aguas subterréneas, 7716 __DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-A N.¢ 44 — 22-2-1994 bem como 0 conjunto de obr tos téenicos tendentes a possi ploracao; b) Exploracio de aguas subterrdneas, que se tra- duz na faculdade de proceder a0 aproveita- mento de aguas subterraneas de acordo com as condigdes fixadas na respectiva licenga. 2— A licenga a que se refere o presente artigo deve obedecer aos seguintes principios: @) Na execugo do pogo ou furo, seja qual for a sua finalidade, deve proceder-se de modo que no haja poluicdo quimica ou bacteriolégia da gua dos aquiferos a explorar, quer por infil- tragdo de dguas de superficie ou de escorrén- cias, quer por mistura de Aguas subterrineas de ma qualidade; 2) Os pogos ow furos de pesquisa e captagio de Aguas repuxantes so, sempre que possivel, mu- nidos de dispositivos que impegam o desperdi- cio de agua; ©) No caso de a pesquisa resultar negativa ou ha- ver necessidade de substituicdo da captacdo em virtude de erro técnico, a empresa executora dos trabalhos é responsdvel pelo entulhamento da perfuracdo ¢ restituigdo do terreno a situa- so inicial; @ Afastamento minimo de 100 m entre as capta- ges de diferentes utilizadores de um mesmo aquifero, salvo autorizagdo expressa, tecnica- mente fundamentada, da DRARN respectiva. Artigo 24.° Coatesido da ticenca prévia para pesquisa ‘© captacio de Aguas subterrinens 1 — Da licenga referida no n.° 2 do artigo anterior devem constar, para além dos referidos no artigo 22.°, 0s seguintes elementos: 4) As condigdes necessdrias a0 cumprimento dos Principios enunciados no artigo anterior; 6) A profundidade maxima da obra; ©) As normas técnicas de execupio e conservacio dos aquiferos; ) Os tipos de ensaios de caudal a realizar e con- trolo fisico-quimico da qualidade da 4gua pros- pectada, se julgados convenientes; ©) A obrigatoriedade de apresentacdo de um rela- t6rio final, no prazo de 60 dias apés a conclu- so dos trabalhos, de onde pode constar, con- soante © exigido pela DRARN: 1) Localizagéo da obra de captacao; if) Indicac4o do mimero do processo de li- cenciamento; iif) Datas de inicio e conclusdo dos traba- thos; iv) Profundidades, diémetros ¢ métodos de perfuragao utilizados; ¥) Profundidades, didmetros ¢ natureza dos materiais de revestimento utilizados; vi) Tipos, posicao € material dos tubos ralos; vii) Profundidades dos niveis estatico di- namico € respectivos caudais viii) Profundidade aconselhada para coloca- do do sistema de extraccdo; ix) Posigao, granulometria e natureza do macico filtrante outros preenchimen- tos do espaco anular; +) Caudal e regime de exploracdo recomen- dados; 2d) Andlise quimica da agua captada; xii) Tabela dos valores medidos nos ensaios de caudal; xiii) Observagdes quanto aos cuidados a to- mar nas exploragdes das captagdes para se evitar 0 envelhecimento prematuro da obra; xiv) Desenho apresentando: 1) Cotte litolégico dos terrenos atra- vessados, indicando as profundi- dades dos mesmos; ii) Perfuracdo efectuada, referindo \ett0s e profundidades; iii) Profundidade e didmetros da tu- bagem de revestimento; in) Posigdo dos tubos ralos; ») Preenchimento do espaco anular (macigo filtrante, isolamentos e ci- mentacdes); vi) Outros elementos colhidos durante 5 trabalhos, tais como diagrafias. 2 — Apés a apresentagao do relatério previsto na ali nea ) do mimero anterior, ¢ emitida a respectiva li cenga de captacio e exploragéo em fungdo dos usos, nos termos dos artigos seguintes. Artigo 25.° (Ceptacto de dgua para consumo humane 1 — A captacdo de agua para consumo humano tem Por finalidade 0 abastecimento puiblico ou particular. ‘2 — Um sistema de abastecimento piiblico funciona Permanentemente sob a responsabilidade de uma enti- dade distribuidora, autarquia ou entidade concessio- néria, 3 — Um sistema de abastecimento particular fun- ciona sob a responsabilidade particular. 4 — A captagdo de 4gua para consumo humano est sujeita & obtengdo de licena, que pode ser outorgada pelo prazo maximo de 10 anos, nos termos do n.° | do artigo 6.°, no caso de abastecimento particular, ¢ ‘a concesso, nos termos do artigo 9.°, no caso de abas- tecimento piblico. Artigo 26.° Pedido de Ucenca pars captasto de gus para conrume humane pedido de licenga para captacao de Agua para con- sumo humano apresentado pelo interessado, no caso de abastecimento particular, ou pela entidade interessada, ‘no caso de abastecimento puiblico, ¢ instruido com os ele- mentos referidos nos artigos 16.° e 21.° e com uma me- méria descritiva e justificativa do projecto que inclua: @) Caudal necessério; ) Caudal maximo estimado para o més de maior consumo; N.2 44 — 22-2-1994 DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-A m ©) Caudal médio anual; 4) Populacao a abastec e) Meios € técnicas para 0 sistema de captagao; J) Condigdes de rejeicao; ') Declaragio da cdmara municipal respectiva da impossibilidade de integrarao na rede de abas- tecimento piiblico, no caso de abastecimento particular, Artigo 27.° Captagho de fgun para rege ‘A captago de 4gua destinada a rega esta sujeita a obtengdo de licenga, que pode ser outorgada pelo prazo maximo de 35 anos, € a contrato de concessio, quando se trate de uma associacao de utilizadores ou de uma junta de agricultores e de uma area a regar superior ‘a 50 ha. Artigo 28.° Pesido de titulo de captagio de Agua para rege O pedido de titulo para captagio de agua destinada a rega ¢ instruido com os elementos referidos nos arti- gos 16.° e 21.°, bem como com uma meméria descri- tiva ¢ justificativa do projecto que inclua: a) Caudal necessirio; ) Caudal maximo estimado para o més de maior consumo; ©) Caudal médio anual; @) Area a regar ¢ area total do prédio; 2) Especificacdo das culturas; ‘f) Caracteristicas agronémicas do aproveitamento € cdlculo da dotacdo por meses em que a rega se torna necesséria, no caso de areas superio- res a 20 ha. Artigo 29.° Captacto de 44% ‘A captacio de Agua destinada a actividade industrial estd sujeita & obtencdo de licenca, que pode ser outor- gada pelo prazo maximo de 10 anos, nos termos do n° 1 do artigo 6.° yar actividade industrial Artigo 30.° Pedido de licenga para captagio de dua para actividade industrial © pedido de licenga para captacao de agua destinada & actividade industrial é instrufdo com os elementos re- feridos nos artigos 16.° ¢ 21.° e com uma meméria des- ctitiva e justificativa do projecto que inclu a) Caudal necessario; b) Volumes mensais estimados para 0 perfodo de laborasao; ©) Descrigdo geral do proceso produtivo ¢ ma- térias-primas utilizadas; @) Caudais rejeitados, suas caracteristicas e destino final. Artigo 31.° CCaptasho de Agua para producto de energin 1 — A captagio de agua para producio de energia hidroeléctrica estd sujeita & obtengao de licenca, que pode ser outorgada pelo prazo maximo de 35 anos, nos termos do n.° 1 do artigo 6.°, e a contrato de conces- sto, nos termos do artigo 9.°, consoante se trate de aproveitamento em que a poténcia instalada seja até ‘ou superior a 10 MVA, respectivamente. 2— Quando se trate de outras formas de produgao de energia, ao licenciamento para captagéo de aguas aplica-se 0 disposto nos artigos 29.° ¢ 30.° Artigo 32.° Pedido de Uulo de captacio de dgua para produgio de energla bidroeléctrica 1 —0 pedido de captagao de 4gua para producdo de energia hidroeléctrica é instruido, para além dos re- feridos nos artigos 16.° 21.°, com os seguintes ele- mentos: a) Rigorosa identificagdo da linha de agua a uti: izar, com identificagao das cotas de tomada ¢ de restituigdo de agua e respectiva bacia hidro- gréfica; 1b) Definigao do local exacto de implantagao das obras; ©) Previsdo aproximada das principais caracteris- ticas do aproveitamento, nomeadamente a queda bruta, 0 caudal, a poténcia instalada ¢ a energia produzida anualmente. 2—O pedido de captagdo referido no mimero an- terior é ainda instruido com um estudo de viabilidade técnico-econdmica do qual constem os seguintes ele- mentos: 4) Descrico do aproveitamento, com apresenta- 0 dos aspectos gerais mais importantes do curso de Agua, vegetacdo circundante, configu- ragdo topogratica e breve descrigéo do terreno de implantagdo das principais obras (barragem, canal adutor, cimara de carga, conduta forcada € central); 'b) Descrigéo’ suméria das instalagdes existentes, condigdes de conservagao ¢ obras previstas, no caso de recuperagdes; ©) Estimativa da queda bruta aproveitavel, pela determinagdo das cotas de tomada e de resti- tuigdo de 4gua; @) Estudo hidrolégico, com recurso a dados das estagdes hidrométricas ¢ ou pluviométricas, com indicagao dessas estagdes, para a determinacdo da distribuicdo de caudais ¢ do caudal modu- lar e indicagdo da metodologia seguida na de- terminagdo do caudal de cheia; ¢) Determinagao de consumos ¢ agua a montante € a jusante do aproveitamento para célculo dos caudais aproveitaveis e determinagao do caudal de projecto em fungdo da distribuicao de cau- dais; ‘f) Célculo da poténcia a instalar, em funcdo da queda, do caudal do projecto, do regime de ex- ploragao de albufeira e do rendimento do equi- pamento; 8) Determinacao da producao de energia eléctrica ‘em ano médio, através da poténcia instalada e da distribuigdo média de caudais; h) Definigéo das caracteristicas aproximadas da barragem (tipo, altura acima das fundagdes 778 desenvolvimento pelo coroamento), da drea da bacia hidrogrdfica relativa ao local da barra- gem, da capacidade da albufeira, do seu tipo de exploracdo, da tomada de agua, do canal com eventuais obras de arte, da cimara de carga, da conduta forcada, da central, das tur- binas, dos grupos geradores, do sistema de re- gulaséo, do controlo e automacdo, da ligagdo A rede de distribuicdo, do sistema de proteccdo € do posto de transformacd 9) Descri¢do da ocupacao e utilizagéo actual dos terrenos a montante, com defini¢do das carac- teristicas da obra a executar para garantir o ci- clo biolégico dos peixes usuais na linha de agua; A) Informacao sobre as condigdes de ligago a rede receptora; ) Planimetria do aproveitamento a escala 1:25 000; ‘m) Documentacéo fotogréfica dos locais de plantac&o das diferentes obras que constituem © aproveitamento, com montagem das obras: rn) Perfil longitudinal da linha de 4gua, com im- plantagao da barragem ¢ indicagdo dos niveis de pleno armazenamento ¢ de méxima ch ©) Planta com indicado da drea inundada; P) Estimativa de custos, com determinagdo dos custos de construcao'e ou reparagdo, equipa- ‘mentos ¢ respectiva montagem, automagio e te- lecomando, acrescida de uma percentagem para imprevistos; 4) Calculo dos custos de explora¢o ¢ manuten- $0, incluindo 0s custos de aquisicéo, monta- gem ¢ leitura periédica dos aparelhos de obser- vacdo, se 0 tipo © dimensdes da obra o justificarem; 1) Estimativa da valorizagao de produgdo de ener- gia eléctrica; 8) Avaliagio da rentabilidade do empreendimento. Artigo 33.° Contesido dos titulos de captacto de agua ara produpio de energla hidroeléctricn Da licenga ou do contrato de concesstio devem cons- tar, para além dos elementos referidos nos artigos 7.° e 10. 4) As caracteristicas principais do aproveitamento; 5) O estabelecimento dos caudais ecolégico e re- servado, julgados necessdrios para salvaguardar © interesse piblico ou legitimos interesses de terceiros; ©) As medidas de protecc&o aos ecossistemas ¢ & piscicultura; d) As restrig&es excepcionais ao regime de utiliz 40 da gua, por periodo a definir em situs so de emergéncia, designadamente secas, cheias ¢ acidentes ecoldgicos. Artigo 34.2 Captacio de agua para actividades recreativas (ou de Inzer A captagdo de 4gua para actividades recreativas ou de lazer est sujeita a obtengdo de licenga, que pode DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-A N.° 44 — 22-2-1994 ser outorgada pelo prazo maximo de 10 anos, nos ter- mos do n.° 1 do artigo 6,° Artigo 35.° Pedido de llcenga de captaso de égua para actividades reereativas ou de lazer © pedido de licenga para captacdo de agua para ac- tividades recreativas ou de lazer é instruido com os ele- mentos referidos nos artigos 16.° e 21.° e com uma meméria descritiva ¢ justificativa do projecto que in- lua: @) Volumes necessérios; 4b) Especificagéo da necessidade da actividade com referéncia a eventual contacto directo ou indi- recto; ©) Caracteristicas técnicas da captacio; 4) Local de rejeicao. Sec¢Ao II Pejpdo de hgus reiimis Artigo 36.° Prineiplo gerat 1 — A rejeicdo de aguas residuais na agua e no solo estd sujeita a condigdes especificas atendendo as neces- sidades de preservacéo do ambiente e defesa da salide publica. 2— A rejeigdo de Aguas residuais na agua ¢ no solo std sujeita 4 obtengdo de licenga, que pode ser outor- gada pelo prazo maximo de 10 anos, nos termos do n.° | do artigo 6.°, com as especificidades previstas na Presente secedo. 3 — A licenga referida no numero anterior tem por finalidade o sistema publico ou particular de elimina- do de aguas residuais na 4gua e no solo, 4 — Um sistema puiblico de eliminagao de aguas re- siduais na 4gua ¢ no solo funciona permanentemente sob a responsabilidade de uma autarquia local ou en- tidade concessionéri 5 — Um sistema particular de eliminagao de aguas residuais na dgua e no solo funciona sob a responsa- bilidade particular. 6 — Devem existir sistemas puiblicos de eliminacdo de aguas residuais na 4gua ¢ no solo nas areas urba- ‘nas ou urbanizdveis, nos termos previstos nos respec- tivos planos directores municipais. 7 —O titular da licenga referida no n.° 2 pode, no prazo de seis meses antes do termo da respectiva li- cenga, pedir a sua renovacdo, caso se mantenham as condigdes que determinaram a sua atribuigdo. 8 — A entidade competente para atribuir a licenca pode proceder a revisio das suas condigdes, nos ter- mos do n.° 2 do artigo 12.°, se, durante o prazo de vigéncia da licenga, ocorrerem alteracdes substanciais € permanentes na composicao qualitativa e quantitativa dos efluentes brutos ou apés tratamento, em conse- quéncia, nomeadamente, de substituigo de matérias- -primas, de modificagSes nos processos de fabrico ou de aumento da capacidade de produgao que a justifi- quem. N.2 44 — 22-2-1994 DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-A 719 Artigo 37.° Condigdes gerals de licenciamento 1 — A atribuigdo de licenga de rejeigdo de dguas re- siduais no solo agricola ou florestal depende de pare- cer favoravel da direcedo regional de agricultura res- pectiva. 2—O licenciamento de qualquer descarga no mar através de emissério submarino 6 ¢ admitido quando devidamente justificado e apés parecer das entidades competentes dos ministérios responsaveis pelas areas da defesa, da saiide e do mar. 3 — A utilizagdo de emissérios submarinos, em subs- tituigo do grau adequado de tratamento de aguas re- siduais, € proibida em estudrios. 4 —'A utilizagdo de 4guas residuais adequadamente tratadas para a recarga de aquiferos s6 pode ser auto- rizada apés parecer favordvel do INAG. ‘5 — A qualidade do aquifero, apés recarga, deve ser equivalente A qualidade definida para a classe Al das Aguas superficiais estabelecida nas normas de qualidade das Aguas para producdo de 4gua potdvel nos termos da legislagdo aplicdvel, enquanto nao entrarem em vi- gor as normas de qualidade das dguas subterraneas des- tinadas ao consumo humano. 6 — Qualquer anomalia grave no funcionamento das instalagdes, ou acidente, com influéncia nas condigées de rejeigéo de aguas residuais, deve ser comunicado pelo utilizador & DRARN respectiva ¢ ao servigo com- petente do ministério da tutela, no prazo de quarenta € oito horas a contar da sua ocorréncia, sob pena de caducidade da licenga. Artigo 38.° Pedldo de licens 1 — 0 pedido de licenga de rejeigio de aguas resi- duais na dgua e no solo é apresentado pelo interessado, no caso de um sistema particular, ou pela entidade i teressada, no caso de um sistema piiblico, na DRARN do local onde se pretende efectuar a descarga. 2—0O pedido de licenga previsto no niimero ante- rior € instruido, para além dos referidos no artigo 16.°, com os seguintes elementos: a) Planta A escala 1:200, 1:500 ou 1:1000, cando as redes de drenagem dos efluentes ¢ a localizagao da estado ou estagdes de trata- mento de aguas residuais e do ponto ou pon- tos de descarga; b) Planta a escala 1:25 000, indicando a localizagdo do ponto ou pontos de descarga de efluentes, bem como as captagdes de agua de superficie ou sub- terrdneas existentes nas proximidades. 3 — O pedido de licenga deve ainda conter os seguin- tes elementos: a) A descrigéo sumaria das instalagdes fabris, matérias-primas utilizadas, processos de fabrico € produtos fabricados, capacidade de produgdo instalada, tipo de tratamento a adoptar, destino final ¢ eventual reutilizagio do efluente, no caso da rejeigdo de aguas residuais provenientes de actividades industriais; 1) A descrigiio suméria dos edificios, mimero de quartos ou de fogos, actividades econémicas ¢ populago maxima a servir, tipo de tratamento a adoptar, destino final ¢ eventual reutilizacao do efluente, no caso de rejeigdo de 4guas resi- duais urbanas; ©) A descrig&o sumdria das exploracées (tipo ¢ di- mens&o), tipo de tratamento a adoptar, destino final e eventual reutilizagdo do efluente, no caso de rejeigdo de Aguas residuais provenientes de exploragdes pecudrias; d) A descrigao suméria das instalagdes (tipo ¢ di- mensio), tipo de tratamento a adoptar, destino final e eventual reutilizagéo do efluente, para © caso de rejeigdo de aguas residuais provenien- tes de quaisquer outras actividades econémicas ou servigos ndo contemplados nas alineas an- teriores; @) O dimensionamento dos érgios que compdem a estagdo de tratamento e respectivos desenhos; A) A caracterizagdo quantitativa e qualitativa do efluente bruto e apés tratamento; 8) O sistema de autocontrolo que se propée adoptar; 1h) Os dispositivos de seguranca previstos para fa- zer face a situagdes de emergéncia ou de aci- dente, quando necessarios. 4 —O titular da licenga assume, no Ambito desta, a responsabilidade pela eficiéncia dos processos de tra- tamento e ou dos procedimentos que adoptar com vista a minimizar os efeitos decorrentes da rejeicao de aguas residuais. Artigo 39.° Contedéo da license Da licenga referida no artigo 36.° devem constar, para além dos referidos no n.° 1 do artigo 7.°, os se- guintes element a) Caudal rejeitado; b) Valores dos pardmetros fixados para a des- carga; ©) Periodicidade das descargas tendo em conta 0 regime hidrolégico do meio receptor; @) Equipamento de controlo para efeitos de ins- peccdo ¢ fiscalizagao; 2) O sistema de autocontrolo, especificando-se, nomeadamente, pardmetros a analisar, métodos analiticos, precisdo dos resultados, bem como a frequéncia e 0 tipo de amostragem e a perio- dicidade de envio dos registos & entidade licen- ciadora; A) O dever de apresentar na DRARN apélice de se- guro que garanta o pagamento de indemnizacdes por eventuais danos causados por erros ou omi s6es de projecto relativamente a drenagem e tra- tamento de efluentes, ou pelo incumprimento das disposigdes legais regulamentares a ele aplicd- veis, no prazo de 30 dias a contar da emissao da licenga, sob pena de caducidade desta; 8) Outros elementos considerados apropriados tendo em conta a especificidade da actividade licenciada e do meio receptor, nomeadamente procedimentos técnicos a adoptar para minimi zar os efeitos decorrentes da rejeicao. 780 Artigo 40.° ‘Autocontrolo, inspecsio ¢ Miscallzacto das descargas 1 — 0 titular da licenga deve instalar um sistema de autocontrolo adequado a rejeigéo efectuada, cujasica- racteristicas, procedimentos e periodicidade de envio de registos A entidade que atribui a licenga, fazem parte integrante do conteiido da licenca referida no artigo an- terior. 2. — Os encargos decorrentes da instalacdo ¢ explo- taco do sistema de autocontrolo so da responsabili- dade do titular da licenga, 3 — O titular da licenga deve manter um registo ac- tualizado dos valores do autocontrolo, para efeitos de inspecgo ou fiscalizacdo por parte das entidades com- petentes.. 4 — A existéncia de um sistema de autocontrolo néo isenta a Administragdo de proceder as acpdes de ins- ecgdo ou de fiscalizacéo que entender mais apro- p 5 — Compete as entidades responsaveis pela fiscal zagao e pela inspecedo da qualidade da gua assumir ‘0s encargos inerentes A execugdo dessas acgdes de con- trolo, sem prejuizo dos encargos serem suportados pelo titular da licenca quando se demonstre que as condi- Ges de licenciamento nao estdo a ser cumpridas. 6 — O titular da licenga obriga-se a fornecer A Ad- ministragdo todas as informagdes necessérias ao desem- penho das fungdes de inspecedo ou fiscalizagao. 7 — No caso de os resultados das andlises efectua- das pelos laboratérios das entidades que procederam {as acces de inspecco ou de fiscalizacdo serem, sobre a mesma amostra, manifestamente diferentes dos resul- tados apresentados pelo titular da licenca, deve recorrer-se a um terceiro laboratério, acreditado no &m- dito do Sistema Nacional de Gestdo da Qualidade (SNGQ), constituindo os boletins de andlise deste uil- timo prova para todos os efeitos previstos na lei SEcgAO IV (ntra-ostrutures hidfulicas Artigo 41.° Definigho 1 — Entende-se por infra-estrutura hidrdulica a obra u 0 conjunto de obras que, com cardcter fixo nos lei- tos € margens, permita a utilizagdo do meio hidrico, 2 — A construgio, alteragio, reparaco ou demoli- 40 de infra-estruturas hidrdulicas, independentemente do fim a que se destinam, esté sujeita & obtencdo de licenga, que pode ser outorgada pelo prazo maximo de 10 anos, nos termos do n.° 1 do artigo 6.°, com as especificidades previstas na presente seccdo. Artigo 42.° Pedido de eensa 1 — 0 pedido de licenga, previsto no n.° 2 do ar- tigo anterior, é instruido com os seguintes elementos, para além dos referidos no artigo 16.°: 4) Descricéo do aproveitamento, com apresenta- do dos aspectos gerais do curso de agua, ve- DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-A N.° 44 — 22-2-1994 getacdo circundante, configuracdo topogréfica € descrigdo geolégica do terreno; +) Planta de localizagio ¢ planimetria do aprovei- tamento a escala de 1:25 000; ©) Planta com indicagéo da bacia hidrogréfica ¢ da drea inundada; 4) Perfil longitudinal da linha de agua, em exten- sdo representativa para montante e para jusante do local da obra, com implantagao do local da obra, indicagao dos niveis de pleno armazena. mento ¢ de maxima cheia, quando se justifique; @) Estudo hidrolégico, com 0 recurso a dados das estagdes hidrométricas ou pluviométricas, para determinagao da distribuigaéo de caudais e do caudal modular, ¢ indicagdo de qual a meto- dologia seguida na determinagdo do caudal de cheia; J) Estudo hidraulico; 8) Determinagéo dos consumos de 4gua a mon- tante ¢ a jusante do aproveitamento, para cél- culo dos caudais aproveitéveis e determinagdo do caudal do projecto em fung&o da distribui- do de caudais; A) Dimensionamento estrutural; i) Estimativa de custos; A) Descrigao das instalagdes existentes, condigées de conservacao ¢ obras previstas, em caso de recuperagdes. 2— Em caso de aproveitamentos abrangidos pela legislacdo relativa & seguranca de barragens, deve o pro- Jecto obedecer ao estipulado nos artigos 12.° ¢ seguin- tes do respectivo regulamento, aprovado pelo Decreto- Lei n.° 11/90, de 6 de Janeiro. 3 —Em caso de aproveitamentos néo abrangidos pelo regulamento referido no mimero anterior, 0 pro- Jecto inclui apenas os elementos referidos nas’alineas b) Od), N) ¢ 8) don? 1, Artigo 43.° Prestasio de causio 1 — A atribuigdo de licenga, no dominio puiblico hi- drico, obriga & prestacdo por parte do requerente, no prazo de 30 dias a contar da atribuicdo da licenga, sob ena de caducidade desta, de uma caugio a favor do INAG, por depésito, garantia bancéria ou seguro- -caug&o, que ndo pode exceder 500 000 contos, corres- pondente a 5 % do montante do investimento previsto no projecto. 2— A caucdo referida no mimero anterior extingue- se em 50 % do seu montante logo que se encontrem realizadas, no local da instalagio, obras que correspon- dam a mais de 50% do investimento previsto. 3 — A caucdo extingue-se na totalidade do seu mon- tante apés a emissao de parecer favordvel por parte da DRARN, no prazo de 30 dias, com base em fiscali gio a realizar no prazo de 90 dias, contado a partir da data em que o requerente notifique aquela direcgao regional da conclusdo das obras. 4 —O requerente perde o direito ao montante cau- cionado, que reverte integralmente para 0 INAG, no caso de se verificar 0 previsto nas alineas c) e d) do n° 1 do artigo 12.° N° 44 — 2-2-1994 DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-A 781 5 — Esto isentas de caugo as obras previstas no n° 1 do artigo 9.° do Decreto-Lei n.° 269/82, bem como as do grupo Ill previstas no n.° 2, quando par- ticipadas pelo Estado. Artigo 44.° license Da licenga devem constar, para além dos referidos no n.° 1 do artigo 7.°, os seguintes elementos: Conte 4) As caracteristicas principais do aproveitamento; ®) As condicionantes de natureza ambiental; ©) A obrigatoriedade de instalagao dos dispositi- vos necessdrios para deixar passar 0s caudais ecoldgico € reservado para salvaguarda do in- teresse piiblico e legitimos interesses de ter- ceiros; 4d) As restrigbes excepcionais ao regime de utiliza- fo da agua, por periodo a definir, em situa- ges de emergéncia, designadamente secas, cheias € acidentes ecoldgicos. SeccAO V Umpera © desobatruplo de inhas do igun Artigo 45.° Prt tert 1 — Os utilizadores de parcelas privadas nos leitos ‘ou margens piiblicas, bem como as entidades que exer- cem jurisdigdo sobre margens publicas, devem manté- -las em bom estado de conservacdo, procedendo a sua limpeza ¢ desobstrugao. 2. — A limpeza e desobstrugao de linhas de Agua pre- vista no mimero anterior, quando implique acces de regularizagdo, aterros, escavagdes ou alteragdes de co- berto vegetal, esté sujeita a obtengao de licenca, que pode ser outorgada pelo prazo maximo de 10 anos, nos termos do n.° 1 do artigo 6.°, com as especificidades previstas na presente secgao. Artigo 46.° Requsios gerals A licenga referida no n.° 2 do artigo anterior sé pode ser conferida desde que a actividade a licenciar: 4) Sirva para a consolidacdo das margens e pro- tecgdo contra a eroséo € cheias; b) Sirva para a melhoria da drenagem ¢ funcio- nalidade da corrente; ©) Mantenha a diversidade ¢ interesse ecol6gico; @) Minimize os cortes de meandros ¢ a artificiali- zagio das margens; 2) Nao provoque impactes negativos na fauna ¢ na flora; ‘D) Nao tenha implicagdes negativas no nivel fred- tico. Artigo 47.° Pedido de atribuiglo de lcenga pedido de licenga previsto no n.° 2 do artigo 45.° 6 instruido, para além dos referidos no artigo 16.°, com (os seguintes elementos: 4) Descrigao da intervengdo pretendida; b) Técnicas e meios a utilizar; ¢) Apresentacao de um estudo especifico, quando se justifique, em funcdo da natureza'e da di- mens&io das accdes de limpeza e desobstrucdo; 4) Local proposto para deposigtio dos materiais a extrair. Artigo 48.° COvrigatoriedade de limpera e desobstrusio 1 — A DRARN, sempre que verifique a necessidade de limpeza e desobstrugdo prevista no artigo 45.°, no- tifica 0 utilizador do terreno, ou afixa nos lugares de estilo, no caso de terrenos de varios proprietarios, para a ela procederem. 2 — Quando se trate de uma linha de agua inserida em aglomerado urbano, cabe ao municipio respectivo a responsabilidade pela sua limpeza e desobstrucdo. 3 — Da notificagao ou do edital previsto no n.° | deve constar a indicagdo das acgées de limpeza e de- sobstrugdo a realizar. 4 — Se no forem realizadas as operagdes previstas no n.° 1, ou a pedido expresso dos particulares, a DRARN pode executar as accdes de limpeza e desobs- trugdo, repartindo as despesas proporcionalmente pe- los ‘proprietarios confinantes. Artigo 49.° Contesdo da cenga Da licenga devem constar, para além dos referidos no n.° 1 do artigo 7.°, os seguintes elementos: a) As técnicas a utilizar; b) As normas para a sua execuséo; ©) O local de deposicdo dos materiais extraidos. SeccAo VI Extraceio de inertes Artigo 50.° Detinicdo 1 — Entende-se por extracedo de inertes a interven- gio de desassoreamento das zonas de escoamento e de expansio das Aguas de superficie, quer correntes, quer fechadas, bem como da faixa costeira, da qual resulte a retirada de materiais, tais como areia, areao, burgau, ‘godo € cascalho. 2.— A extracgdo de materiais inertes das zonas de escoamento e expansao das Aguas nos trocos interna- cionais dos rios obedece as normas estabelecidas entre as autoridades portuguesas ¢ espanholas, devendo as consultas reciprocas entre estas autoridades ser veiculadas pelas entidades que para o efeito sejam de- signadas em protocolos estabelecidos pelos dois paises. 782 DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-A N° 44 — 2-2-1994 3 — A extracgo de inertes esta sujeita a obtenclo de licenga, que pode ser outorgada pelo prazo méximo de 10 anos, nos termos do n.° 1 do artigo 6.°, com as especificidades previstas na presente secclo. Attigo $1.° Requistos gerais 1 — A extracedo de inertes 56 & permitida quando existam planos especificos que definam os locais po- tenciais de extraceo ¢ ndo afecte, nomeadamente: 4) As condigdes de funcionamento das correntes, @ navegagao ¢ flutuagdo, 0 escoamento ¢ es- praiamento das cheias 4) O equilibrio das praias e da faixa litoral; ¢) O equilibrio dos ecossistemas lagunares; @) Os lengdis subterraneos; ©) As dreas agricolas envolventes; A) O uso das guas para diversos fins, obras de captaco, represamento, derivacdo e bombagem; 8) A integridade dos leitos e margens; ‘A) A seguranca de obras marginais ou de trans- posi¢ao dos leitos; 9) A fauna e a flora. 2 —Na falta dos planos referidos no mimero ante- rior, a extracgéo de inertes s6 deve ser autorizada quando justificada por razdes de ordem técnica, am- biental ¢ paisagistica ¢ em locais cujo desassoreamento seja imprescindivel e possa conduzir & existéncia de me- Ihores condigdes de funcionalidade, quer das corren- tes, quer da orla costeira 3 — Em funcdo da dimensio da extracglo, é obri- gatéria a realizagdo, por parte da DRARN, de um es- tudo de impacte ambiental ou de incidéncia ambient 4 — O prazo de validade da licenga para extraccao de inertes deve ser o estritamente necessério & remo- do dos materiais considerados em excesso. 5 —A obtengo de licenca fica dependente do de- Pésito de uma caugdo, a ordem do INAG, que garanta a execucto do projecto de extracco, a recuperagao do local e © cumprimento de outras condigdes impostas na licenga. Artigo 52.° Atribuigdo de lcenga de extracglo de inertes em terrencs ‘do dominio piblice 1 — A extraceo de inertes em terrenos do dominio piiblico € promovida pela DRARN, através de afixa- a0 de editais nos lugares de estilo, de publicagao de antincios em pelo menos um dos’ jornais de maior divulgagao na respectiva regido ¢ no Didrio da Repu- blica, quando se trate de volumes superiores a 10 000 m’, 2 — O edital previsto no numero anterior deve con- ter os seguintes elementos: 2) Prazo ¢ local para apresentacdo de propostas; 6) Valor minimo a pagar por metro cibico ex- traido; ©) Local ‘de extraccio; ) Local de consulta do caderno de encargos. 3 — As propostas dos interessados na realizado da actividade referida no n.° 1 sdo entregues na DRARN Tespectiva em sobrescrito fechado, das quais constem: @) O modo de execugdo da extraccac 5) O tipo de equipamento a utilizar; ©) O prazo de execugdo da mesm: @ O valor a pagar por metro ciibico extraido; e) As medidas de minimizacéo ambiental. 4 — Os elementos referidos no niimero anterior cons- tituem, no seu conjunto, factor de decisfo para a es- colha da melhor proposta. Attigo 53.° cenga de extraccio de Inertes em terrenos privados A licenga para extracg&o de inertes em locais reco- nhecidos como propriedade privada é emitida a reque- rimento do interessado, do qual constem, para além dos referidos no artigo 16.°, os seguintes elementos: @) A indicagfo do local, em plantas nas escalas de 1:25 000 © 1:1000 ou 1:500; 4) Documento comprovativo da propriedade do terreno ou, nao sendo 0 préprio, de autoriza- g40 do proprietari ©) Projecto justificativo da intervengdo pretendida do qual constem, nomeadamente, o volume a extrair, 0 plano de extracedo, o destino do ma- terial extraido ¢ 0 tipo de equipamento a uti- lizar. Artigo 54.° Contesdo da Ueenga Da licenga devem constar, para além dos referidos no n.° 1 do artigo 7.°, os seguintes elementos: @) A delimitacao da area onde é permitida a in- tervengdo ¢ a profundidade maxima de ex- tracgao; ) As condig&es em que a extracco deve ser rea- lizad ©) A quantidade maxima a extrair; @) O equipamento a utilizar; €) O local de deposicao dos’ materiais extraidos; A) As condicionantes de natureza ambiental SEC¢AO VII Construpées Artigo $5.° Defiaigto 1—Entende-se por construgdes todo 0 tipo de obras, qualquer que seja a sua natureza, designada- mente edificagdes, muros ¢ vedagdes ¢ aterros ou es- cavagdes, bem como as respectivas alteragdes e demo- ligdes. 2 — Exceptuam-se do disposto no niimero anterior as infra-estruturas hidrdulicas, 3 — O licenciamento de construgdes em terrenos do dominio hidrico depende da obtencdo de licenga, que ode ser outorgada pelo prazo maximo de 10 anos, nos N° 44 — 2-2-1994 DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-A 783 termos do artigo 6.°, ¢ a concessdo, nos termos do ar- tigo 9.°, com as especificidades previstas na presente secgao, quando se destinem a instalaco de servigos de apoio & navegacdo, de postos de venda para combus- tiveis ou de estagdes de servicos para apoio a circula- slo rodovidria ¢ a edificagao de estabelecimentos ho- teleitos ou similares, bem como de conjuntos turisticos declarados de interesse para 0 turismo. Artigo 56.° Requistos gerais licenciamento ¢ a concessdo previstos no artigo an- terior s6 so permitidos desde que nao afectem: @) As condicdes de funcionalidade da corrente, 0 escoamento € espraiamento das cheias; 4) Os ecossistemas em presenga, nomeadamente zonas htimidas e sistemas dunares; ©) A integridade biofisica ¢ paisagistica do meio, dos leitos e das margens; ) Os lengéis subterraneos; €) Os terrenos agricolas envolventes; A) A captacko, represamento, derivacdo e bomba- gem de agua; 8) O respeito por plano existente nos termos da lei; 1) A seguranca de obras marginais ou de trans- osi¢do dos leitos; DA flora ¢ a fauna. Artigo 57.° Pedido de licenciamento 1 — 0 pedido de licenga referido no artigo 55.°, para além dos referidos no artigo 16.°, é instrufdo com os seguintes elementos: @) Meméria descritiva com as areas de construgéo € com a apresentagdo das caracteristicas gerais da drea, nomeadamente vegetacdo ¢ configura- so topografica; 5) Projecto da obra e da rede exterior de dguas € esgotos, quando aplicavel; ©) Cota da maxima cheia conhecida para um pe- iodo de retorno de 100 anos ou linha maxima de preia-mar de aguas vivas equinocia @) Distancia ao nivel de pleno armazenamento, quando em terrenos marginais a albufeiras. 2 — Na auséncia de planos nos termos da lei, 0 pe- dido de licenga deve ainda ser acompanhado de um es- tudo ou plano especifico. Artigo 58.° Requlsitos de icenga © da concessdo 1 — A emissdo da licenga ¢ da concessao pressupde termo de responsabilidade dos autores do projecto. 2.— O titular deve apresentar na DRARN, no prazo de 30 dias, apdlice de seguro por danos provocados por cheias, nos termos a definir na licenca ou no contrato de concessio. SECGAO VIII ‘Apoios de praia © equipementos Artigo 59.° Definigto 1 — Entende-se por apoio de praia, para efeitos do presente diploma, 0 niicleo basico de fungdes € servi- 60s infra-estruturados que, completo, integra vestidrios, balnedrios, instalagdes sanitarias, postos de socorros, comunicagdes de emergéncia, informacdo ¢ assisténcia a banhistas, limpeza da praia e recolha de lixo, sem prejuizo de, complementarmente, assegurar outras fun- ses € servigos, nomeadamente comerciais. 2 — Sao ainda considerados apoios de praia, para efeitos do presente diploma, pranchas flutuadoras ou outras instalagdes de cardcter tempordrio para despor- tos nduticos ¢ diversdes aquéticas, barracas para bi hos, toldos e chapéus-de-sol para abrigo de banhistas € barracas para abrigo de embarcagdes, seus utensilios € aparelhos de pesca, com cardcter tempordrio e amo- vivel. 3 — Entende-se por equipamentos, para efeitos do presente diploma, o micleo de funcdes e servigos que no corresponda a apoio de praia, nomeadamente res- taurantes e snack-bars. 4 — Os apoios de praia previstos no n.° 1 esto su- Jeitos & obtengdo de livenga, que pode ser outorgada pelo prazo maximo de 10 anos, nos termos do n.° 1 do artigo 6.°, com as especificidades previstas na pre- sente secgdo. 5 — A instalacdo ¢ a explora¢do dos equipamentos previstos no n.° 3 estao sujeitas a contrato de conces- so, nos termos do artigo 9.°, com as especificidades previstas na presente seccao. 6 — A instalado e exploragdo simultanea de equi- pamentos ¢ apoios de praia & objecto de concessio nos termos do mimero anterior. Artigo 60.° Requisltos gerais Os apoios de praia equipamentos previstos no ar- tigo anterior s6 so permitidos em locais especifica- mente demarcados, de acordo com a classificagdo ti- poldgica das praias e desde que: 4) Salvaguardem os ecossistemas em presenca, no- meadamente zonas hiimidas ¢ sistemas dunares; b) Nao afectem a integridade biofisica e paisagis- tica do meio; ©) Nao se incluam em dreas de riscos naturais, no- meadamente de erosdo, inundacao ou sujeitas a instabilidade geomorfolégica, como abatimen- tos € escorregamentos; 4) Nao sejam incompativeis com outros usos licen- ciados. Artigo 61.° Pedldo de intalasto ¢ exploracto de apotos de praln © equipamentos em terrenos privados Quando se trate de terrenos privados, 0 pedido de licenga para apoios de praia e 0 pedido de concessio 784 DIARIO DA REPUBLICA — 1 SERIE-A N.° 44 — 22-2-1994 para equipamentos, para além dos referidos no ar- tigo 16.° € no artigo 57.*, quando aplicdvel, ¢ instruido com os seguintes elementos: 4) Projecto ¢ meméria descritiva, com indicacao das infra-estruturas de agua, esgotos ¢ electri- cidade, quando aplicdveis; b) Areas de construsio, areas cobertas, tipo de materiais, tipo de cobertura, tipo de equipa- mentos € acabamentos exteriores; ©) Fungdo ¢ servigo a prestar. Artigo 62.° Pedido de utlizacio de terreaos do dominio pra s instalapio e exploragio de apolos de pralas ¢ equipamentos 1 — Quando se trate de terrenos do dominio puiblico, © pedido de licenga para apoios de praia é instruido com os elementos referidos no artigo 16.° e no artigo anterior. 2—Nos terrenos referidos no mimero anterior, a concessdo para equipamentos ¢ precedida de concurso, piiblico, nos termos dos n.°*3 e 4 do artigo 9.° Artigo 63.° Conteido da license © da concessio Da licenga ou do contrato de concessao devem cons- tar, para além dos referidos nos artigos 7.° ¢ 10.°, os seguintes elementos: a) A area maxima de construcdo, reas cobertas e tipos de materiais; }) A especificagdo do tipo de infra-estruturas obri- gatdrias; ©) Os limites espaciais do exercicio do respective direitos @) Os fins e actividades permitidos; €) Os condicionamentos de natureza ambiental, sa- nitéria e de conservacdo. SECCAO IX Estacionamentos © acessos Artigo 64.° Princip geral licenciamento da instalagao ¢ exploracdo de areas de estacionamento, bem como da abertura ou altera- so de acessos ¢ caminhos, aterros ¢ escavagdes, fica sujeito 4 obtencdo de licenca, que pode ser outorgada pelo prazo maximo de 35 anos, nos termos do n.° 1 do artigo 6.°, com as especificidades previstas na pre- sente seccio, Artigo 65.° Requistos gerais ‘As Areas de estacionamento e acessos previstas no ar- tigo anterior s6 s4o permitidas nos locais demarcados ‘em plano especifico ¢ de acordo com a classificacdo tipolégica das praias ou, na auséncia de plano, desde que: @) Salvaguardem os ecossistemas em presenca, no- meadamente zonas hiimidas e sistemas dunares; 1) Nao afectem a integridade biofisica ¢ paisagis- tica do meio; ©) Nao se incluam em dreas de riscos naturais, no- meadamente de erosdo, de inundagéo ou sujeitas a instabilidade geomorfolégica, como abatimentos e escorregamentos; 4) Nao sejam incompativeis com outros usos licen- ciados. Artigo 66.° Peaido de artbulgfo de cena © pedido de licenca para dreas de estacionamento ou acesso & instruido, para além dos referidos no artigo 16.°, com os seguintes elementos: @) Local, com descrigo da envolvente € do de- cliv 4) Dimensdo do acesso, area ¢ ntimero de lugares para estacionamento; ©) Tipo de pavimento; d) Projecto de drenagem de aguas pluviais; e) Natureza e material de construcao; J) Limite maximo de alargamento. Artigo 67.° Contedido da lcengn Da licenga devem constar, para além dos referidos no artigo 7.°, os seguintes elementos: @) A especificago da dimensdo dos acessos ¢ reas de funcionamento; 5) O ntimero de lugares por tipos de veiculos ou acessos condicionados a veiculos de emergén- cia ou limpeza; ©) O tipo de materiais a utilizar; 4) Os condicionamentos de natureza ambiental € de conservacao. seog&o X Catares biogendtices Artigo 68.° Definigso 1 — Entende-se por culturas biogenéticas todas as ac- tividades que tenham por finalidade a reproducdo, 0 crescimento, a engorda, a manutencao ou o melhora- mento de espécies aquicolas. 2—O estabelecimento de culturas biogenéticas em gua doce, salgada ou salobra ¢ seus fundos, devida- mente demarcados, bem como de quaisquer artefactos flutuantes ou submersos ¢ instalagdes em terra firme, estd sujeito & obtencdo de licenca, que pode ser ou- torga pelo prazo méximo de 35 anos, nos termos do n° 1 do artigo 6.°, com as especificidades previstas na presente ecco. N.2 44 — 22-2-1994 Artigo 69.° Requisitos gerais O estabelecimento de culturas biogenéticas previsto no n° 2do artigo anterior s6 pode ser permitido desde que: 4) Nao altere o prisma de maré ¢ a funcionalidade das correntes; +b) Nao prejudique a navegago ou outros usos i cenciados; c) Nao prejudique as espécies da flora e da fauna. Artigo 70.° Pedido de atribuigio de licenca © pedido de licenga para o estabelecimento de cul- turas biogenéticas ¢ instruido, para além dos referidos no artigo 16.°, com os seguintes elementos: 4) Sistema e regime da cultur ') Projecto das instalagdes; ©) Estimativa de volumes de agua a utilizar; d) Condigdes ¢ caracteristicas das rejeicd @) Elaborasdo de um plano ou estudo especifico, no caso de auséncia de planos, nos termos da lei, que definam a localizacdo especifica do es- tabelecimento de cultura biogenética. Artigo 71.° Contedde da Heense Da licenga devem constar, para além dos referidos no artigo 7.°, os seguintes elementos: a) As condicionantes de natureza ambiental, quando se trate de zonas sensiveis; b) As formas de delimitacdo e sinalizagao dos es- tabelecimentos; ©) O regime de culturas. Secgao XI Marinhas Artigo 72.° Definigto 1 — Entende-se por marinhas, para efeitos do pre- sente diploma, todos os locais onde se exercam activi- dades que, qualquer que seja a forma de captacao ou retengdo de Agua, tenham como finalidade a produgéo de sal. 2—O estabelecimento de marinhas, rebaixamento ou alargamento do seu leito, bem como reparagéo de muros € instalagdes complementares, estd sujeito A ob- tengo de licenca, que pode ser outorgada pelo prazo maximo de 35 anos, nos termos do n.° I do artigo 6.° Artigo 73.° Requisitos gerals © estabelecimento de marinhas previsto no artigo an- terior s6 pode ser permitido desde que: 4) Nao altere o prisma de maré e a funcionatidade das correntes; DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-A 785 +) Nao prejudique a navegacdo ou outros usos li- cenciados; ©) Nao prejudique as especies da flora ¢ da fauna; ) Nao altere 05 aquiferos de agua doce e de agua salgada. Artigo 74.° Pedido de leenga venga para o estabelecimento de ma- rinhas & instruido, para além dos referidos no ar- tigo 16.°, com os seguintes elementos: a) Meméria descritiva e pegas desenhadas, com a especificagdio dos equipamentos, infra-estruturas complementares, rede vidria de apoio e tipos de Pavimentos ¢ materiais a utilizar; b) Area e fisiografia das marinhas, fracgdes, com- portas e regime de exploracdo; ©) Estimativa de volumes de dgua a utilizar. Artigo 75.° Contedido da license Da licenga devem constar, para além dos referidos no artigo 7.°, os seguintes elementos: 4) A Area de exploragao ¢ depésito; b) As infra-estruturas, edificacdes ¢ tipos de ma- teriais; ©) Os condicionalismos de natureza biofisica € pai- sagistica. secgao XII Navegaedo 0 compeigbes desportives Artigo 76.° Principio ger 1—A utilizagZo do dominio hidrico por meio de ‘embareag6es, com ou sem motor, incluindo motos de gua, com finalidades maritimo-turisticas, bem como a pratica de actividades desportivas em competicio, es- Go sujeitas A obtengdo de licenca, que pode ser outor- gada pelo prazo maximo de 10 anos, nos termos do 1° 1 do artigo 6.°, com as especificidades previstas na presente seceao. 2— A exploragdo de embarcagdes atracadas, ou fun- deadas, sem meios de locomoedo proprio, ou’ seladas, esta sujeita a obtencdo de licenca, nos termos do ni- mero anterior. 3—A licenga referida no mimero anterior € prece- dida de parecer do organismo competente em matéria, de seguranca do material flutuante e de navegacio. Artigo 77.° Requisitos gerals ‘As actividades previstas no artigo anterior s6 sao per- mitidas desde que nao afecte a) Os usos principais do meio hidrico; 5) A compatibilidade com outros usos secunda- ros; ©) A qualidade da agua; 786 DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-A N° 44 — 2-2-1994 @) A integridade dos leitos ¢ das margens ¢ dos ecossistemas em presenga; ¢) A integridade de infra-estruturas e equipamen- tos licenciados. Artigo 78.° Pedldo de Ucenga 1 — O pedido de licenga para 0 exercicio das activi- dades previstas no artigo 75.° é instrufdo, para além dos referidos no artigo 16.°, com os seguintes ele- mentos: a) Indicagdo da area, zona ou percursos onde se pretende exercer a actividade; 2) Indicagao do periodo de duragio da actividade € 0 tipo de servico a prestar; ©) Indicagdo da data e hora, caracteristicas da Prova ¢ meios de sinalizagdo ¢ balizagem, no caso de actividades desportivas; 4d) Indicagéo das embarcagdes a explorar e respec- tivas caracteristicas técnicas; ©) Indicacdo das infra-estruturas em terra neces- sdrias para 0 exercicio da actividade; J) Declaracao de responsabilidade pelo. cumpri- mento de normas especificas de seguranca ¢ re- isto. 2— Quando o exercicio da actividade implicar a construcdo de infra-estruturas de apoio, nomeadamente embarcadouros, rampas, pontos de amarracio, portos de recreio ou marinas e demais instalagdes de apoio, © pedido de licenca € ainda instruido com: 2) Meméria descritiva com descrigao do local pre- tendido e com identificagao do nivel de méximo alargament 4) Projecto com identificagdo dos equipamentos, infra-estruturas € tipo de construcdo; ©) Fim a que se destina. 3 — O titular da licenga deve apresentar na DRARN, no prazo de 30 dias, apdlice de seguro de actividades licenciada, sob pena de caducidade. SECCAO XIII Flutuaptes © ostratures fhrtantes, Artigo 79.° Principio geral 1—A utilizagao do dominio hidrico fluvial para transporte de madeiras ou pecas soltas flutuantes que, pela sua dimensdo e caracteristicas, ndo sejam consi- derados complementos de usos recreativos, estd sujeita & obtencdo de licenca, que pode ser outorgada pelo prazo maximo de 10 anos, nos termos do n.° 1 do ar- tigo 6.°, com as especificidades previstas na presente seccdo. 2 — Estdo igualmente sujeitas A obtengdo de licenga, nos termos do mimero anterior, a instalacdo de estru- turas flutuantes fixas, tais como jangadas, piscinas, cais, balizagem e sinalizagdo, qualquer que seja a sua finalidade. 3 — Excluem-se do nimero anterior as jangadas des- tinadas a instalacdo de culturas biogenéticas. Artigo 80.° Requistoe gerals ‘As licengas previstas no artigo anterior s6 sao per- mitidas desde que néo afectem: @) Os usos principais da albufeira ou linha de agua; ) Outros _usos secundérios, nomeadamente a navegacdo; ©) A integridade dos leitos e das margens, bem como de infra-estruturas hidrdulicas; @ A fauna € a flora. Artigo 81.° Pedide de licensa 1 — O pedido de licenga para os casos previstos no n.° 1 do artigo 78.° é instruido, para além dos referi- dos no artigo 16.°, com os seguintes elementos: @) Niimero, dimensdo ¢ caracteristicas do material flutuante; 1) Trogo do rio que se pretende utilizar; ©) Relagdo de obstéculos existentes, nomeada- mente acudes, barragens e captacdes e suas ca- racteristicas; @) Sistema a lizar para a transposigdo. 2 —0 pedido de licenga para 0s casos previstos no n.® 2 do artigo 79.° instruido, para além dos referi- dos no artigo 16.°, com os seguintes elementos: 4) Meméria descritiva; 5) Formas de sinalizacdo ¢ de seguranca a adoptar; ©) Projecto com a respectiva dimensio, — 0 titular da licenga deve apresentar na DRARN, no prazo de 30 dias, apélice de seguro de actividades licenciada, sob pena de caducidade. Seccko XIV Semontora, plantagso © corte de érvores Artigo 82.° Principlo geral 1 — A utlizagdo do dominio hidrico para sementei- ras, plantagdes € cortes de drvores esta sujeita & ob- tendo de licenca, que pode ser outorgada pelo prazo méximo de 10 anos, nos termos do n.° 1 do artigo 6.°, ‘com as especificidades previstas na presente seccdo. 2— A utilizagdo de pastagens em terrenos do do- minio publico hidrico fica sujeita 4 obtengdo de licenca, ‘nos termos do nimero anterior. Artigo 83.° Requislos gerais 1 — As utilizagdes previstas no artigo anterior s6 po- dem ser permitidas desde que: 4) Nao criem alteragées 4 funcionalidade da cor- Tente e espraiamento das cheias; N° 44 — 2-2-1998 DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-A 787 ‘b) Nao impliquem movimentagdes de terra que al- terem a secgdo de vazio, a configuracdo do curso de agua e a integridade das margens; ) Nao agravem riscos naturais, nomeadamente de erosio; d) Nao afectem a integridade biofisica e paisagi tica do meio; €) Nao impliquem a destruigao da flora, da fauna, de ecossistemas em presenga, nomeadamente zonas himidas e sistemas dunares. 2—No nao é permi 0 referido no n.° 2 do artigo anterior, la pernoita. Artigo 84.° Peiildo de licence © pedido de licenga para sementeiras, plantagdes € cortes de arvores é instruido, para além dos referidos no artigo 16.°, com os seguintes elementos: a) Meméria descritiva com indicagdo da area a uti- lizar, seus limites, culturas e densidade; ) Documento comprovativo da legitimidade so- bre o terreno. CAPITULO IIT Artigo 85.° Fiscallzagto ‘As fungGes de fiscalizagio, para efeitos do presente diploma, competem ao INAG, as DRARN, as autori- dades maritimas e as autarquias locais. Artigo 86.° Contra-ordenagées 1 — Constitui contra-ordenagao a pratica dos actos seguintes: @) Execucdo de obras, infra-estruturas, planta- ges ou trabalhos de natureza diversa, com prejuizo da conservacao, equilfbrio das praias, Tegularizagdo ¢ regime de rios, lagos, lagoas, pantanos e mais correntes de’ dgua; 6) Execucao de obras, infra-estruturas, planta- Ges ou trabalhos de natureza diversa, sem a respectiva licenga ou de forma diferente das condigdes previstas no respectivo titulo de uti- lizagao; ©) Execugio de obras, infra-estruturas, planta- ges ou trabalhos de natureza diversa dentro do perimetro da zona reservada de uma albu- feira de Aguas piblicas classificada ou na zona de proteccao; @) Execugdo de estruturas flutuantes sem a res- pectiva licenga; ¢) Nao acatamento da obriga¢do, por parte do titular da licenga, de suspender os trabalhos e alterar ou demoliar aqueles quando amea- cem a seguranca ou prejudiquem os interes- ses da navega¢ao; A) Abertura de posos € furos de pesquisa ¢ de captacio de Aguas subterraneas, sem a respec- tiva licenca; 8) Langar, depositar ou, por qualquer outra forma, directa ou indirecta, introduzir nos aquiferos qualquer substdncia ou produto s6- ido, Kquido ou gasoso, susceptivel de provo- car a sua poluicdo, alterando as suas caracte- risticas ou tornando-os impréprios para as suas diversas utilizagde ‘) Manipulagdo, depésito ¢ armazenamento de quaisquer produtos ou substdncias junto de captagdes de dguas subterraneas que ponham em risco os aquiferos; 1) Extraccdo de materiais inertes sem a respec- tiva licenga; JD Extracedo de materiais inertes em dreas demar- cadas, mas distintas das consagradas na res- pectiva licenca, a utilizagao de equipamentos ‘ou meios de ac¢do nao autorizados e a omis- sdo total ou parcial dos volumes de materiais inertes extraidos; D) Destruigdo ou alteracéo total ou parcial de infra-estruturas hidrdulicas, fluviais ou mari- timas, de qualquer natureza, ou de materiais necessarios & conservaco, manutengao, cons- trugdo ou limpeza daquelas sem a respectiva licensa; ‘m) Sementeiras, plantagdes ou corte de arvores, ramos ¢ arbustos em terrenos dominiais, sem a respectiva licengas n) Competigdes desportivas, aluguer de embarca- Ges, navegacdo sem a respectiva licenca, ou sem’ respeitar as condigdes constantes na matricula obrigatéria, respeitantes ao nome, mimero de tripulantes, servigo a que se des- tina, tonelagem ¢ restantes obrigagdes. im- postas; 0) Pastagem de gado sem licenga nos terrenos do dominio piiblico hidrico; P) Captagdo, retengdo ou derivacdo de Aguas, sem a respectiva licen 4) Nao cumprimento das normas de qualidade, nos termos da legislagao em vigor; 1) Distribuigdo de agua para consumo humano, pelas entidades responsdveis pela sua distribui- 40, que nao obedera aos parmetros minimos de qualidade previstos na legislagao aplicavel; 8) Extraccéo de Agua para irrigacdo, sem a res- pectiva licenca; 1) Extraceo de volumes de agua superiores aos constantes na respectiva licenga, ou aplicacao da gua para outro fim, sem nova licenga; w) Nao acatamento da proibicao de lancar, de- positar ou qualquer outra forma de introdu- ir na gua residuos que contenham substén- cias que possam alterar as caracteristicas ou tornem impréprias as Aguas e que contribuam para a degradacdo do ambiente; ¥) Descarga de residuos ¢ efluentes sem a respec- tiva licenga ou descarga de residuos e efluen- tes em local diferente do demarcado pelos or- ganismos competentes; x) Rejeicio de Aguas degradadas directamente para 0 sistema de esgotos, ou para cursos de gua, sem qualquer tipo de mecanismos que assegurem a depurarao destas; 788 2) Falta de cumprimento das obrigacdes impos- tas pela licenga; aa) Impedimento do exercicio da fiscalizacao; bb) Falta de cumprimento do disposto no ar- tigo 90.° 2 — As contra-ordenagdes previstas no mimero an- terior so punidas com as seguintes coimas: a) De 50.0008 a 1.000 0008, no caso das ali- neas 6), c), d), f), ™), 0), P)s 5) 1, 2) & bb) 2) De 100 0005 a 10 000 0008, no ‘caso das ali reas a), €), 2), A), D, J, D. ms as 1) © aa ©) De S00 000$ a $00 000 000$, no caso das ali reas u), v) € Xx). 3—A tentativa e a negligéncia séo puniveis. Artigo 87.° Sangies acessbrias ‘As contra-ordenasdes previstas no n.° 1 do artigo an- terior podem ainda determinar, quando a gravidade da infraccdo 0 justifique, a aplicagdo das seguintes san- ‘Ges acessérias: 4) A privagéo de subsidios outorgados ou a ou- torgar por entidades ou servigos piblicos; ) A privacdo do direito de participago em con- feréncias ou feiras nacionais ou estrangeiras com o intuito de dar publicidade aos seus pro- dutos ou as suas actividades; ©) A apreensdo de equipamentos ou de meios de acgdo utilizados na prética da infraccao; @) A interdig&o do exercicio de actividade respon- sdvel pela ocorréncia dos factos previstos no ar- tigo 86.°, por um periodo maximo de dois anos. Artigo 88.° Processos de contra-ordenario ¢ aplicagdo de colmas fe anges ncessérins 1 — 0 processamento das contra-ordenagdes ¢ a apli- das coimas ¢ sangdes acessérias competem & res- pectiva DRARN ou autarquia local. 2 — Acompeténcia referida no numero anterior cabe a0 Instituto da Conservacio da Natureza, no caso de as infragdies seem praticadas em zonas de dreas protegidas A afectacéo do produto das coimas faz-se da seguinte forma: a) 60% para o Estado; 2) 25% para 0 INAG; ©) 15% para a entidade que tiver aplicado a coima. Artigo 89.° Reposigio da situago anterior & infracsio 1 — A DRARN pode ordenar que se proceda a re- posi¢ao da situagdo anterior @ infracedo, fixando con- cretamente os trabalhos ou acgdes a realizar ¢ 0 prazo Para a sua execucao. 2— A ordem de reposigo antecedida de audicdo do infractor, que dispoe de 15 dias a contar da data da sua notificagao para se pronunciar sobre 0 contetido da mesma. DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-A N° 44 — 22-2-1994 3 — Decorrido o prazo referido no n.° 1 sem que a ordem de reposigéo seja cumprida, a DRARN procede aos trabalhos € accdes necessdrios, por conta do in- fractor. ‘4 — Os documentos que titulam as despesas realiza- as por forga do niimero anterior, quando nao forem pagas voluntariamente pelo infractor no prazo de 20 dias a contar da sua notificacao, servem de titulo exe- cutivo. CAPITULO IV Disposigées transitérias e finais Artigo 90.° Situagies existentes 1 — Os utilizadores ndo titulados € os titulares de licengas e concessdes existentes & data de entrada em vigor do presente diploma devem apresentar 4 DRARN respectiva, no prazo de seis meses a contar da data de entrada em vigor do presente diploma, uma declara- ‘cdo contendo os seguintes elementos: a) Identificagao do utilizador ou do titular da li- cenga ou concessio; 4) Apresentacdo do respectivo alvard de licenga ou contrato de concessao; ©) Tipo de utilizagao. 2 — Para efeitos do presente artigo, & considerado também utilizador quem capte égua com meios de ex- tracgdo com poténcia inferior a 5 cv ou, no caso de Aguas subterrneas, quem proceda & abertura de pogos ou furos com profundidade inferior ou igual a 20 m. 3. — A DRARN deve enviar as declaragdes previstas, no n.° 1 a0 INAG, 0 qual deve elaborar um cadastro nacional de todas as utilizagdes existentes. 4 — Cumprido 0 prazo estabelecido no n.° 1, € atri- buida aos utilizadores ndo titulares de licengas Ou con- cessdes uma licenga proviséria por um ano 5 —Findo o prazo referido no numero anterior, é imposto ao utilizador 0 cumprimento do disposto no presente diploma, sob pena de caducidade da licenga. 6 — Quando a’captagdo de aguas for a mencionada nos artigos 19.°, 1.° 4, € 21.°, n.° 2, os utilizadores nfo licenciados no momento da entrada em vigor do presente diploma devem proceder nos termos previstos nos referidos artigos. 7 — O nao cumprimento do prazo referido no n.° 1 dé lugar & aplicacdo da contra-ordenagdo prevista na alinea bb) do n.° 1 do artigo 86.° 8— Apés a entrega das declaracdes previstas no n.° 1, a DRARN procede a fiscalizacdo da utilizacdo em causa, podendo, na sequéncia desta, impor 20 ti- tular da licenga ou concessdo que, no prazo maximo de trés anos, proceda as alteragdes necessdrias a0 cum- primento do presente diploma. Artigo 91.° Norma derrogatéria 1 — Nao se aplicam na matéria respeitante ao pre- sente diploma: a) O Decreto n° 8, de 1 de Dezembro de 1892; 5) O Regulamento dos Servigos Hidrdulicos, de 19 de Dezembro de 1892; N.° 44 — 2-2-1994 DIARIO DA REPUBLICA — 1 SERIE-A 789 ©) © Decreto n.° 5787-1111, de 10 de Maio de 1919, com excepgdo do artigo 1.°; @) O Decreto n.° 6287, de 20 de Dezembro de 1919; 6) O Decreto n.° 12.445, de 29 de Setembro de 1926, com a redacgéo dada pelo Decreto n.° 40 722, de 2 de Agosto de 1956; J) O Decreto'n.° 16 767, de 20 de Abril de 1929; 2) O Decreto-Lei n.° 23 925, de 29 de Maio de 1934; ‘hy O Decreto-Lei n.° 27 820, de 5 de Julho de 1937; ) O Decreto-Lei n.° 28 036, de 14 de Setembro de 1937; JD O Decreto-Lei n.° 30 448, de 18 de Maio de 1940; DO Decreto-Lei n.° 30 850, de 5 de Novembro de 1940; m) O Decreto-Lei n.° 32 112, de 30 de Junho de 1942; n) O Decteto-Lei n.° 33 236, de 16 de Novembro de 1943; 0) O Decreto-Lei n.° 43 371, de 3 de Dezembro de 1960; P) O Decreto-Lei n.° 48 483, de 11 de Julho de 1968; 4) Os artigos 17.° a 31.° do Decreto-Lei n.° 468/71, de 5 de Novembro; 1) O Decreto-Lei n.® 376/77, de 5 de Setembro; 8) Os artigos 1.°, 2.° ¢ 5.° do Decreto-Lei n.° 292/80, de 16 de Agosto; 1) O Decreto-Lei n.° 403/82, de 24 de Setembro, com a redaccéo dada pelo Decreto-Lei n.° 164/84, de 21 de Maio: u) O artigo 7.° do Decreto-Lei n.° 189/88, de 27 de Mai ¥) O Decreto-Lei n.° 70/90, de 2 de Margo; x) A Portaria n.° 795/74, de 6 de Dezembro; 2) A Portaria n.° 251/79, de 30 de Maio; aa) A Portaria n.° 323/79, de 5 de Julho; bb) A Portaria n.° 30/83, de 8 de Janeiro; ¢c) A Portaria n.° 43/85, de 21 de Janeiro. 2—A Portaria n.° 445/88, de 8 de Julho, com a redaccao dada pela Portaria n.° 958/89, de 28 de Ou- tubro, aplica-se em tudo 0 que nao seja contrério a0 presente decreto-| Visto ¢ aprovado em Conselho de Ministros de 7 de Outubro de 1993. — Anibal Anténio Cavaco Silva — Mario Fernando de Campos Pinto — Artur Aurélio Teixeira Rodrigues Consolado — Joaquim Fernando Nogueira — Manuel Dias Loureiro — Jorge Braga de Macedo — Luis Francisco Valente de Oliveira — Ar- lindo Marques da Cunha — Luis Fernando Mira Ama- ral — Joaquim Martins Ferreira do Amaral — Arlindo Gomes de Carvalho — Fernando Manuel Barbosa Fa- ria de Oliveira — Maria Teresa Pinto Basto Gow- veia — Eduardo Eugenio Castro de Azevedo Soares. Promulgado em 21 de Janeiro de 1994. Publique-se. (O Presidente da Repiiblica, MARIO SOARES. Referendado em 27 de Janeiro de 1994, Primeiro-Ministro, Antbal Anténio Cavaco Silva. Decreto-Lei n.° 47/94 de 22 de Fevereiro A dgua é um recurso natural escasso ¢ indispensdvel para a vida e para o exercicio de uma enorme varie- dade de actividades econémicas. Constituem, por isso, objectivos do Governo forne- cer agua de uma forma fidvel e estavel no tempo, em quantidade ¢ qualidade, ao maior mimero de portugue- ses, bem como rentabilizar os investimentos realizados, assegurar a rentabilidade dos que se venham a rea- lizar. Estes objectivos encontram-se associados a um con- junto de principios estratégicos de actuacdo no sector da agua, tais como a clarificacdo das tipologias da in- tervengdo publica (investimento directo do Estado), pondo a énfase na gestdo da procura ¢ no seu even- tual financiamento, em detrimento de uma actuacéo simplista pelo lado da oferta, centrada numa ldgica pas- sada de fomento, ¢ restaurar a dignidade ¢ a morali- dade do conceito publico da 4gua, regulando as for- mas da sua utilizagao directa ou indirecta e valorizando ‘em sentido econdmico as suas utilizagdes, assegurando, em ultima instdncia, que o financiamento da politica da dgua decorre da bolsa «consciente» do consumidor. ara se alcancarem os objectivos ¢ os princfpios atrés enunciados torna-se necessdrio introduzir alteracdes a0, nivel legislativo, redefinir o modo de financiamento da politica da dgua e reestruturar 0 modelo institucional vigente. Torna-se igualmente imprescindivel atribuir-se um va- lor (prego) justo e adequado ao recurso, em funcao do significado que realmente tem a sua utilizacdo. ( presente diploma consagra inequivocamente 0 prin- cipio de que qualquer utilizacao do dominio hidrico precisa de ser autorizada ¢ paga, consagrando-se em simultaneo um conjunto de capacidades de iniciativa para os utilizadores Por outro lado, 0 regime econdmico € financeiro ins- tituido, que significa a consagracdo de que todos os usos tm um custo, representa, de facto, a transferén- cia do sistema «cont tema «consumidor-utilizador/investimento», que € mais, justo, mais rico € dindmico. Séo deste modo consagrados os principios do utilizador-pagador e do poluidor-pagador, responsabi- lizando-se os utentes dos recursos hidricos pela sua cor- recta gestdo ¢ utilizacdo e criando simultaneamente um fundo que possa vir a ser utilizado no financiamento de acgdes ¢ estruturas que visem a melhoria dos recur- sos e da sua utilizacao. Assim: No uso da autorizacdo legislativa concedida pelo ar- tigo 2.° da Lei n.° 62/93, de 20 de Agosto, e nos ter- mos das alineas a) ¢ 6) do n.° 1 do artigo 201.° da Constituigéo, 0 Governo decreta o seguinte: CAPITULO 1 Disposigdes gerais Artigo 1.° Objecto © presente diploma estabelece o regime econémico e financeiro da utilizacao do dominio publico hidrico, sob jurisdigdo do Instituto da Agua (INAG).

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