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paar GP do 66: Ano 66 Ano Giatea meas Numero 1579 GAZETA pos CAMINHOS pe FERRO FUNDADA EM _ 1888 RUE VOUS TA QU 1 NGZaE NE ASL | comeote « Traneortes Esovoma Fnanoat Tar REDACO4O B 4DMINIEFRACIO SOA RCAIAG 7 LEEEEESZ® | | Casmctatoan’eiremseomal| asopaste e AiiesieT ‘ip Ge counts cen Cumiance de Ferre | Ghees Pabicas | Agricultura: | Engenharia) tadiwiria | RUA 4 Worse 6 ten te Herm sts, 7—s1an04 | CA MINH OS DE FERRO | Tom rare GAZETA DOS CAMINHOS DE FERRO COMPANHIA DE SEGUROS «BONANCA» ‘A imais antiga Companhia de Seguros Porluguese REOMENOADA PELA COMPANHIA DOS CAMINHOS DE FERRO NDADA EM 1908 SEGUROS: Fogo, Maritimos, Agricolas, Pe ‘Automéveis, bilidade Civil, Rou! tais, Transpor tren ¢ Aér008, Cac Viagens, Caugdes ¢ Fraudes Delegacéo no PORTO: Rua Sd da Bandeira, 289, 1.” Delegaeao em COIMBRA: R. Visconde da Luz, 88, 2.” Sede: Rue Aurea, 100-LISBOA rs ESCOLA ACADEMICA INTERNATO E EXTERNATO (SEXO MASCULINO) CURSOS DIURNOS E NOCTURNOS Liceal, Comercial, Ciclo Preparatério e Instragéo Primaria com Aulas Infantis LARGO DO CONDE BARAO, 47—LISBOA (PALACIO CONDES DE PINHEL) fELEFONE: 62430 SAO 0S MELHORES conDUTORES DE AGUA PARA ALIMENTAGAO E REGA % Inteirigos, resistentes homogéneos ¥ Inalterdveis o de duracao ilimitada ¥ Loves, fdceis de transportar e colocar % Didmetros absolutamente uniformes ssima, répi % Econdmicos pela facilidade de transporte, montagem e eliminagao dos gastos de conservacao. Consultee & Sociedade Técnica de Hidraulica, S.A.R. ESCRITORIOS— Av, Fo le Melo, 14—LISBOA Telal, 4.0798— 5 7127 — 5.7128 FABRICA: Cortes de Quintiohe — ALHANDRA Telel, ALHANDRA 62 PA: Largo do Andaluz, 14 COMPANHIA | | «Cimento Tejo» FABRICA EM ALHANDRA Ml CIMENTO PORTLAND ARTIFICIAL Ml Telefones 2 8552—2 8953 Lt SEDE Rua de Vitéria, 88-2°_L1SBOA Gazeta dos Caminhos de Ferro COMERCIO E TRANSPORTES— ECONOMIA EB FINANCGAS—ELECTRICIDADE E TELEFONIA —OBRAS POBLICAS —NAVEGACAO E AVIACAO—AGRICULTURA E MINAS—ENGENHARIA—INDUSTRIA E TURISMO Fondade em 1888, por t. DE MENDONCA £ COSTA rector, Edlior © Dre cantos popwenas Rodaogto, Administragto © Ofioinas: Rua da Horta Seca, 7, 1 LISBOA —Tolofone: PBX 20188; Diroogto: 27520 Premmiada Mas EXDOSIGOBS: srs: mio becein vou -sooacsan bm RROMR: Ane, 0 tal Brine ale) Gorenpondente no Porte: CARLOS LOPES PINTO, Mus das Moree, 1% 1570 hy 16—MAIO—19953 Me ANO LXVI Namero avaleo: Ese, 5$00, Assizaturer Portugal ‘semestre) 30300. Afeica (ano) 72$00, Name atrazados 7850 —_Nimeros Especiais (avleo) 25500 GAIETA DOS CAMINHOS DE FERRO ‘CONSELHO OIRECTIVe: Genera) RAUL ESTEVES Begeuciro RAGL DA. COSTA COUYREUR Eayesheiro MANUEL J, PINTO OSORIO Comandante ALVARO DE MELO MACHADO Eageshelrs ANTONIO DA SILVEIRA DUAL pingcton: ‘CARLOS DORNELLAS SECRETARIO DA REDACCAD: ‘ALVANO FORTELA REDACCAO: ogeaheiro ARMANDO FEREEIA RRBELO DE. DETTENOOUE Protester VIDAL DR CALDAS NOGUEIRA ‘CARLOS mrvaK COLABORADORES: Corenel 46 ag CARLOS ROMA MACHADO Bagwntelee OARLOS MANISTO TORRES Coronel Go. Engenbarla ABEL URBANO. Major do Engenharia ac{RI0. COSTA ‘ANTONIO MONTES Buerior AQUILINO RIBEIRO Engenbeteo Capitto ADALEERTO ¥, PINTO De. MANUEL MORU GUERRA MAIO De, BUSQUETS DE AGUILAR 3, b, COELHO Dos REIS 3. TeMOs DE MIGUEIKEDO ORLANDO GALRINHO PEAXES Sel Me WA Ravel Goneral Joo de Almeida 2. Carlos @’Ornel Gontraternizagto Forroviéria. . . . ss ee ee 84 Romagem dos Antigon Combatonton Portuguoun 2 France eA Bélgica. Henan eee reece sis 0 Jardim Zoolégico do Lisboa e o encanto do seu roseiral Antigo Batathto de Sapadores do Camiahos do Ferro «Sempre ‘Uma vata de estado a Angola, polo Hag EDUARDO PERRU- GENTO GONCALVES . |. gs a Amendociras em Flor> . ss + Panorama, por REBELO DE BETTENCOURT ... . - trangelra, por JORGE RAMOS ‘Ourfosidades da imprens 8 caminhos de ferro na Rissia, por DENNIS BARDBNS « aaecincoa sie ey Oe eee eect Tats Otte ep eet XI Concurso das Estacdes Floridas Revista quinzenat ‘GAZETA DOS CAMINHOS DE FERRO General Jodo de Almeida Com o seu falecimento desapareceu um dos maiores e mais distintos coloniais de outros tempos e um dos mais antigos colaboradores da «Gazeta dos C. de Ferro» OM 0 falecimento, ocorrido no dia 5 do corrente, do general Joao de Al- meida, desapareceu do quadro da vida nacional uma das mais nobres e ilustres figuras, daquelas que a Histéria fixard, para sempre. Foi, de facto, uma grande figura portuguesa o Heréi dos Dembos, como ficou conhecido entre nés, em homenagem 20s feitos do soldado que, em mui- tos combates, em A’frica, eno- breceu a sua carreira de mili- tar e contribuiu para a gran- deza do patriménio nacional, sobretudo na famosa campa- nha dos Dembos, em 1907, de que foi organizador. Foi essa uma das suas mais duras e gloriosas campanhas, em que ficou ferido por duas vezes. Paiva Couceiro que, ao tempo, era governador-geral de An- gola, e estava nas condicées, por experiéncia, de avaliar e e admirar o génio militar ea valentia do herdi, ao enviar a0 Ministro do Ultramar um officio propondo que Joao de Almeida fosse promovido, por distingao, a0 posto de major, creditava-o e consagrava-o com estas palavras: «Qualidades de organiza- dor ¢ de comando acaba de demonstrd-las pelo facto, quer na preparacdo da coluna dos Dembos e habeis disposigdes para o sen re- conhecimento, quer ria execucdo do servico, através de um povo insubmisso e demorada- mente resistente e através de um solo em grande parte aspero e fechado, quer, final- mente, no acerto das providéncias tomadas para as ocupag6es do pafs e sua abertura ao transito comercial e influéncias civilizadoras». O seu nome glorioso, porém, nao figura apenas nas campanhas da Ocupacio, est ligado também: aos servicos da administraga0 militar, em que revelou excepcionais quali- dades de organizador, 4 engenharia civil e & historiogratia. Era uma das pessoas mais cultas do Exército. Tendo feito na Escola do Exéreito 0 curso do Estado-Maior, era ainda bacharel em Matemdtica e Filosofia, pela Universidade de Coimbra e engenheiro civil pela Ecole du Génie Civil, de Paris. Tendo-se alistado, como voluntério, no regimento n.° 5 de Cacadores de El-Rei, em 1891, em Janeiro de 1906, ja entZo com o posto de capitao, embareou para Angola, tendo sido colocado no quartel-ge- neral como subchefe do Estado Maior. Pouco depois, desempenhava as fungdes de chefe, e organizou, nessa qualidade, a primeira cam- panha do Cuamato, e foi o primeiro a atraves- sar o rio Cunene, A frente da guarda avan- cada. Foi ele também que dirigiu a constru- 40 do Forte de Encombe e da ponte daquele rio. A sua primeira batalha, em que recebe o baptismo de fogo, é quando, em 28 de Agosto de 1905, empreende um reconhecimento, comandando o destacamento formado pela 1." Companhia Europeia, a Companhia Disci- 99 GAZETA DOS CAMINHOS DE FERRO plinar e a 11.* Companhia Indigena de Mo- cambique. No ano seguinte, isto é, em 1907, da-se a campanha dos Dembos e de 1908 a 1910 par- ticipa em diversas expedicdes e campanhas, conquistando novos louros. E ao mesmo tempo que consegue a pacificacdo dos indi- genas, constréi obras importantes, como, por exemplo, a do Forte do Cuangar, que fixava a intercessdo no rio Cubango, a partir da qual a margem deixa de ser portuguesa, fi- cando assim garantida a fronteira Sul da Pro- vincia de Angola contra as manifestas ambi- ges dos alemaes que, em 1909, j4 se encon- travam na margem esquerda, e assegurada a ocupagio de uma drea territorial duas vezes superior & de Portugal metropolitano. A se- guir a este, Jodo de Almeida projectou e construiu outros fortes, com que gatantiu a soberania portuguesa e auxiliou a acgdo dos nossos soldados, Foi uma vida admirével a sua, sempre posta ao servico da patria e dos interesses superiores da grei, E nada resultou imitil no seu esforco magnifico, As suas actividades multiplicaram-se ver- tiginosamente, dando a todas o fulgor da sua inteligéncia, a solidez dos seus conhecimen- tos € 0 sentido alto dos seus deveres de por- tugnés. Com efeito, Jofo de Almeida multi- plicou-se, vivendo assim uma vida intensa. Planos de ocupacio, contas do Estado-Maior, projectos de fortes, de pontes, de linhas de comunicagées, de oficinas, de caminhos de ferro, de engenharia civil, de aproveitamentos hidroeléctricos, de bases navais e militares, em tudo isso deixou a marca inconfundivel da sua personalidade, da sua cultura, do seu patriotismo ardente. Tendo arriscado a vida, por varias vezes, para bem servir a Patria, foi louvado, com frequéncia, pelas suas virtudes militares, ten- do-lhe sido conferidas as medalhas de prata +Rainha D. Amélia», com a legenda «Dem- bos— 1907+; de oiro, comemorativa das cam- panhas do Exército Portugués, com alegenda Huila— 1908-1910» ; das campanhas do Exér- cito Portugués, com a legenda «Baixo-Cuban- go—1909*; e das campanhas do Exército 100 Revista quinzenai Portugués, com a legenda «Além-Cunene— 1908-1910.» Grande-oficial da Ordem dz Torre e Es- pada, com palma; grande oficial de Cristo, com palma: medalha de eiro da Classe de Bons Servicos, com palma; medalha de iro dos Servigos Distintos ou Relevantes no Ul- tramar; Gra-cruz da Ordem Militar de Avis; comendador da Legifo de Honra francesa; Gra-cruz da Ordem do Império Colonial e, finalmente, medalha de Oiro dos Servicos Distintos ou Relevantes no Ultramar, com a legenda «Homenagem Nacional aos Herdis da Ocupagao do Império — 1943». A politica apaixonouw este homem de acco. Tendo servido a Monarquia, aos principios mondrquicos sempre se manteve fiel. Em 1910, com 0 advento da Repiblica, exilou-se voluntériamente de Portugal, sendo demitido do Exército em 1912, por auséncia ilegitima, Em 1918, também voluntariamente, regres- sou ao Pafs, sendo j4 coronel, mas em 1919, apés o malogro de Monsanto, Joao de Al- meida foi novamente demitido. Reformado em 1926, voltou, contudo, ao servico activo, tendo exercido depois, mas por poucos dias, © cargo de Ministro das Colénias. O iiltimo cargo que exerceu foi o de director da Escola Central de Oficiais. Conhecedor dos grandes problemas na- cionais, proferiu intimeras conferéncias, em Portugal ¢ no estrangeiro, ¢, apoiado numa solida cultura histérica, escreveu algumas obras admirdveis, entre as quais figuram, em primeiro plano: «Roteiro dos Monumen- tos Militares Portugueses*, cujo quarto vo- lume se encontrava em preparagao; «Histé- ria da Dominagao Portuguesa em Marrocos» e «O Fundo Atlantico da Raca Portuguesa e Sua Evolugio Histérica». general Joio de Almeida pertencia ha muito tempo a0 quadro dos nossos colabo- radores maisilustres, tendo honrado por imi- meras vezes as colunas da Gazeta dos Cami- nhos de Ferro com artigos de grande interesse. Respeitosamente nos curvamos perante a sua memoria, e A ilustre Familia enlutada apresentamos a expressao do nosso profundo pesar pela morte de t4o eminente figura na- cional. Reviste. quinzena CARLOS D’ORNELLAS Seguiu para Franga ¢ Bélgica, como partici- pinte da TIL Romagem dos Antigos Combatentes Portuguanes aqueles dois pefses, onde, na primeira ide Guerra, muitos dos nossos soldados fica- pater Sos, /o-noesoquyeide director: Ostlog @’Ornellas com 0 Dr. Agostinho 84 Vieira, muito auailiony nos -trabalhos de organizacto, 0 sr. Genoral Ferreira Martins, dirigente dessa Roma- gom patridtion. Carlos d’Ornelina aproveitaré a sua ida a Bélgica para assistir também, na sua qualidade do Director da Gazeta dos Caminhos de Ferro da revista Viagem, aos trabalhos do XT Congresso da Imprensa Periddtica que, este ano, se realiza om Braxola ‘Ao nosso querido Director, que regressard a Portugal no fim do més, desojamos as melhores felicidades na sua missao, bem como a todos os participantes da Romagem A Franga ¢ Bélgica. “Conjraterninagia Ferrouidsia” Como, com devida oportunidads, anunoifimos, Tealizon-se, no domingo, 8 do corrente, a festa da Confraternizagao Ferrovidria, em quo tomaram parte mais de com pessoas, © cuja iniciativa « deve a0 pessoal directive © empregados de esori- t6rio das 7 Circunscrigoes das Divisoes de Explo: ragao @ Comereial da C. P. jue 6 @ quinta da série, constou de um passeio turfstico, que se iniciou em Lisboa, até Ericeira o Mafra, © de um almogo om Sintra, quo fot idido pelo sr. Engenheiro Roberto de Espre- gueira Mendes, o a que estiveram também pr tes os srs. Engenheiro Lima Rego e Prof. Joao Faria Lapa. Por falta de espago, s6 no préximo nfimero da Gazeta nos referiremos mais espacadamente a esta Festa, que deixou as melhores impressoes em todos 08 participan 3." Romagem dos Antigos Combatentes Rbrapcace como haviamos noticiado, partiu no Sud Express um grande ntimero de An: tigos Combatentes eee para a Frenga 6 Belgica, a fim de ali gem A meméris ses que, pos de batalha daqueles d ‘Alguns dos Antigos Combatontes fizoram-s0 scompanhar de pessoas de famtl A despedii No acto de despedida, a Gazeta dos Caminhos de Ferro for-se representar por um dos sous re- dactores efectivos. GAZETA DOS CAMINHOS DE FERRO O Jardim Zoolégico de Lisboa e 0 encanto do seu roseiral Um dos mafores, mais cativantos atractivos do nosso Jardim Zoolégico, por esta époea, 6, sem. Ativida, o seu roseiral. A Primavera de Lisboa nao tem par om todo © Mundo. E 6 precisamente em Maio, quando a Tosas se abrem, estontountes de beleza © porfume, que a nossa Primavera nao tem par em todoo Mundo. Dizem-no nao apenas os lisbootas, que seriam sus- Peitos de bairrismo, na sua aprociagao, mas os es- trangeiros que vem de visita a0 Pais, O sr. Prof. Fernando Emidio da Silva, que herdou do seu ilustre pai o amor e o carinho por aguele Jardim, com aquola oativante amabilidade, que 6 uma das suas mais distintas qualidades, con- vidou, para uma visita ao Roseiral, a Imprensa © alguns amigos, na tarde de 4 do corrente. Entre 08 convidados, encontrava-se o ilustre catedratico brasileiro, director da Faculdade de Dirsito do Rio de Janeiro, sr. Dr. Edgardo de Castro Rebelo, a quem o sr. Prof. Fernando da Silva, ao agrade- cer a visita dos representantes da Tmprensa, sau- dou muito particularmente. E foi também com en- canto que a assisténcia ouviu o eminente professor brasileiro, numa confisso de agrado pelo nosso Jardim. Alguns methoramentos novos foram introdu- xidos no Jardim ¢ outros foram anunciados para breve, @ que terao, como muitos outros, a colabo- ragao do ilustre arquitooto Rail Lino, quo 6 tam- bém, de hé longos anos, um grande amigo do nosso maravilhoso Jardim de Aclimacao. Antigo Batalhdo ce Sapadores de Caminhos de Ferro «Sempre Fixe» EXPEDICIONARIO A FRANGA EM 1917 E’ j& no proximo dia 24 do corrente quo se rea- liza, na Colonia de Férias da F.N. A. T., Costs da Caparica, a romniao anual dos combatentes do Ba- ‘talhao de Supadores de Caminhos de Forro, sob presidéncia do seu antigo Comandante, General Rail Esteves, comemorativa do 84° aniversério do seu rogresso de Franga, onde se cobriram de na capela da F.N. A. T,, 0 sen antigo capslao—Padre Dr. Ave- lino de Figueiredo, seguiado-se, pcles 13 horas, o grande banquete de confraternizayao, para o qual jf esto insctitos cerca de 350 antigos combatentes, Abrithantarao afosta a Orquestra da¥.N. A. T. © 0 seu Elenco Artfstico. Pe eee Uma visita de estudo a Angola ul ELINEADOS os elementos gerais e basicos D que orientam o esquema e 0 problema dos transportes em Angola, lancemos um olhar, ainda que rapido, sobre um mapa da Pro- vincia, e atentemos no que respeita as linhas de ca- minho de ferro existentes. Concluimos que as linhas principais correm no sentido Oeste-Leste, que par- tem de portos importantes sobre o Atlantico Sul, € que se dirigem para o interior do territério. Esta orientagdo das vias férreas deixa-nos desde logo pressupor 0 seu cardcter de linhas de penetra- $0, construidas com o objectivo de estabelecer as necessérias ligagdes eficientes dos pontos base e de apoio no fitoral com os niicleos de colonizagao por- tuguesa no planalto, Na realidade, diferentes foram os objectivos con- cretos que se pretenderam atingir com a construgio de cada uma das linhas férreas de Angola. Diferente foi também o grau em que esses mesmos objec tivos foram alcancados. Mas 0 facto incontestd- vel & que, perante a re- latividade dos resultados obtidos quanto aos fins que prépriamente deter minaram a construcao das linhas existentes, grande foi a importancia por essas mesmas linhas assumida no campo da penetragio e da coloni- zagho do territério an- golano, Sob este ponto de vista, falam suficien- temente por si as cida- des e vilas que nasceram © cresceram, pode dizer- -se, & sombra das insta- lagdes ferrovidrias. Visi- 102 “MAPA COR DE ROSAT ENTO GONCALVES témos algumas. Passdmos simplesmente por outras. De muitas mais nos falam, porém, como exemplo digno de ser devidamente apreciado. E interessante e variada @ histéria dos caminhos de ferro em Angola, as suas origens e evolugao. Nao vamos aqui naturaimente desenyolvé-la em pormenor, pois isso seria exceder 0 ambito destes breves apon- tamentos de viagem. Folheando ao acaso um estudo (datado de 1948) sobre as linhas férreas da Provincia, chamou-nos a atengdo a seguinte passagem do texto com indubitd- yel interesse sob os pontos de vista informativo e histérico: «De entre as Nagdes com colénias em Africa, foi Portugal uma das primeiras a reconhecer a necessi dade de aqui estabelecer o caminho de ferro. Data de 98 de Agosto de 1857 (quando alguns paises euro- peus nao tinham caminho de ferro) a primeira con- cessio para uma linha portuguesa transafricana>. Esta concessao nao teve infelizmente realizagao- prética, mas ficou a mar- car um passo importante ‘nos anais ferrovidrios de Angola, Desta primeira ideia de lancar uma linha férrea de penetracao par- tindo da capital da Pro- vincia nasceu o actual Caminho de Ferro de Luanda. S6 em 1886 se inicia- ram os trabalhos de cons- trugdo do caminho de ferro que, partindo de Luanda e seguindo pelos vales do Bengo e do Luce, devia, numa pri- meira fase, atingir a re- gigo de Ambaca, tert nando na margem direita do rio Lucala, Denot naya-se a empresa cons- evista quinzena trutofa . Enquanto decorriam os trabalhos de construgao da linha de Luanda « Ambaca, esbocavam-se jd os estudos iniciais de langamento de uma nova via fér- tea em Angola, agora no Sul da Provincia. Trata- va-se do caminho de ferro de Mogamedes, tendente @ proporeionar uma via de facil acesso as terras al- tas da Huila, do Cunene © do Cubango. A construcao desta linha $6 teve, porém, inicio GAZETA DOS CAMINHOS DE FERRO em 1905, dois anos depois de terem principiado idén- ticos trabalhos para a extensa linha do Caminho de. Ferro de Benguela, tinica que até & data logrou atra~ vessar Angola ¢ ver realizados, dum modo geral, os setts objectivos internacionais. © Caminho de Ferro do Amboim, servindo uma regio angolana —o distrito de Quanza Sul—é de abertura muito mais recente e fot inaugurado, céren de dois anos depois de celebrado 0 contrato de con- cessdo da construgao, em 1 de Julho de 1925, com 6 troco de 80 quildmetros de Porto Amboim a Car- laongo, na base da escarpa de acesso 20 planalto. A vila da Gabela, términus actual desta linha férrea, 86 foi, porém, atingida em 1941, apds uma dificil e Tonga subida das montanhas, subida que acarretou grandes problemas de cardcter técnico, & semex Thanga do que sucedera, na passagem da Serra da Chela, com o Caminho de Ferro de Mocamedes. Das linhas citadas apenas s30 do Estado as dos Caminhos de Ferro de Luanda e de Mocamedes. No decorrer da nossa visita de estudo a Angola tivémos oportunidade de percorrer a linha geral do Caminho de Ferro de Luanda e a do de Mog&medes nna aia totalidade, como jé anteriormente referimos, € apenas parcialmente a do Caminho de Ferro de Benguela. Lamentamos que, para um melhor conhe- cimento das vias férreas angolanas e dos problemas técnicos, a todos os titulos.interessantissimos, que a sia construcao levantou, nao nos tivesse sido dado visitar a parte da linha férrea de Benguela além de Nova Lisboa, e 0 Caminho de Ferro do Ambeim. Mas o que vimos supomos ser jé bastante para nos permitir formar uma ideia conereta do que & 0 cami- inho de ferro em Africa. Do ponto de vista de tragado das vias, a geogra- fia do terreno, e a sua prépria natureza, impoem su- jeigdes muito importantes, que condicionam profun- damente as solucdes téenicas a adopter. O Tanga- mento dim caminho de ferro através de montanhas como as que constituem a transicdo da faixa costeira, para o grande planalto africano, é um problema de. Engenharia verdadeiramente de extrema delicadeza, mas sem diivida apaixonante, pela multiplicidade de factores a que é necessdrio atender, nomeadamente ela influéncia primordial que um tracado deficiente teré nas condi¢des econémicas de exploracao da li- nha, comprometendo-as perigosamente, A imponéncia e a aspereza da Natureza mos- tram-se quase impossiveis de ser dominadas; quase impossivels de ultrapassar nos parecem as sucessi- vas barreiras que se opdem a penetragao para o in- terior. Sdo os vales profundos a atravessar, sto os grandes declives a vencer, 880 importantes acidentes, do terreno a evitar, sao pontos obrigatérios de pas- sagem a respeitar, E contudo, ainda desta vez 0 ho- mem acabou por triunfar da Natureza lancando en- costa acima o caminho de ferro que, contorcendo-se, em curvas e contra-curvas apertadas, adocando-se &s 103 vertentes dos montes, contornando vales e espordes), uma tinica vez, em Angola, perfurando a terra (alids em curta extensao), transpondo torrentes ¢ reentran- cias rochosas por meio de obras de arte, (por vezes muito notéveis), e subindo, subindo sempre, com uma persisténcia realmente impressionante, alcanga final- mente as terras do planalto, para nelas depois se langar francamente para o interior através de exten- sas planuras de areias, das florestas e das anharas, Num terreno de t8o dificeis caracterfsticas, em que domina em alto grau a aspereza, nao sto ape- as os estudos de fixacao da directriz da via férrea gue assumem aspectos de grande complexidade; tat bém, e muito especialmente, a implantagao dessa rectriz. no terreno constitui trabalho que oferece apreciéveis dificuldades, para ser realizado com o indispensdvel rigor. Sitios ha, e nao raros até, em que um simples deslocamento lateral da directriz de 1 metro para o lado da encosta ou para o exterior, pode conduzir & escavagdo de uma trincheira que atinja 30 metros de profundidade ou A construgao de tum muro de suporte com 15 ou 20 metros de altura! E isto porque, dum modo geral as vertentes das mon- tanhas apresentam inclinagdes que muito se apro- ximam da perpendicularidade, quando a nao excedem. até. Que dificuldades oferece, por exemplo, a im- plantagao das curvas do tracado?... Pelo menos, as inerentes ao simples facto de, por vezes, os vértices dos Angulos ficarem situados 100, 200 ou mais me- tros abaixo da cota da plateforma da via! Depois, vém os trabaltios da construgto propria- mente dita. Se para realizar a implantacao topogrd- fica do tragado é frequente terem os técnicos de tra- balhar suspensos por cordas a drvores ¢ a macicos rochosos, enguento cometem verdadeiros prodigios, Ge alpinismo, pelos mesmos motivos, 0 principio das, obras de abertura da plataforma da via oferece difi- culdades de trabalho que nao sao menores. Parece as vezes que a Via vai ser essente em pleno espaco,, tal a profundidade dos precipicios, com vertentes que chegam a ultrapassar em inclinagao, a verticalidade. 104 Foi por estas razdes aue a ascensao das monta- nhas que barram 0 acesso ao planalto constituiu uma fase de trabalhos demorados e dificeis no lancamento das vias férreas angolanas. Nao admira, pois, que durante os anos que corresponderam a esta fase o ritmo de avango da linha tenha sido relativamente fraco. Eram muitos, e grandes, os obstéculos a vencer. As caracteristicas especiais dos tragados nas z0- nas montanhosas, necessériamente com curvas de pegueno raio e rampas de fortes inclinagdes, condi- cionam grandemente a exploracdo das linhas. Este aspecto é talvez mesmo o mais importante que im- porta registar, porque é afinal o regime de explora- Gio de que a via férrea é susceptivel, que forneceré as indispensdveis indicacdes praticas sobre a renta- bilidade do caminho de ferro construido, considerado éste no campo econdmico, Nos caminhos de ferro, mais propriamente até, e dum modo geral, em todas as obras de Engenharia, encontram-se intimamente ligadas a Técnica e a Economia, Toda a obra racionalmente concebida tem de 0 ser em fungao das contribuighes daqueles d grandes ramos do conhecimento; nem a solugao técnica pode altiear-se dos condicionamentos econd- micos, nem a Economia pode solucionar os proble- ‘mas que envolvam conhecimentos técnicos sem ter ‘em conta os seus principios basicos e consagrados, E assim que um tragado deficiente de uma via férrea acatreta sérios problemas econdmicus & sua exploracao, problemas que se repercutirao sucessi vamente, enquanto nao forem corrigidas essas defi ciéneias. Nao nos referimos naturalmente a maus resultados de explorado em consequéncia de, por exemplo, a linha ter sido construida baseada em pos- sibilidades econémicas que nao venham depois a corresponder a realidade ; queremos apenas acentuar que, na sequéncia dos estudos de um tracado de uma linha férrea, se adoptam por vezes, e para de- terminados trogos em que as dificuldades de véria ‘ordem sao apreciaveis, solugdes técnicas que 0 na- MOGAMEDES Grupo de moradias mun dos Revista quinzenal tural desenvolvimento do tréfego, com o rolar dos, anos, acaba por tornar deficientes. Dessas deficién- jas proveém entao dificuldades mais ou menos im- portantes de exploragao mas que se tradazem sem- pre na organizacdo e na realizagao anti-econdmicas do transporte, Assim, rampas fortes ¢ muito extensas obrigam a por em circulagao comboios de tonelagem pouco ele- vada, se se nao optar pelo aumento da poténcia das locomotivas (0 que corresponde mais geralmente a substitui-las por outras mais potentes); material de grande capacidade de transporte € incompati- vel com bitolas demasia- do estreitas--a sua adop- go réquere, portanto, @ transformagao das linhas de bitola muito reduzida em linias de bitola mais larga; curvas de raio muito pequeno também no se coadunam com razodveis velocidades de circulagao e com 0 em- prego de material de tracgao de grande emba- samento (precisamente aquele que tem capaci- dade de rebocar grandes cargas); afastamentos entre locais de cruza- mento (estagdes ou des- vvios em plena via), da or- dem das duas ou trés dezenas de quildmetros obrigam a intervalarapre- ciavelmente as. circula- goes de comboios no mesmo sentido, com a consequente redugao da capacidade de transporte da linha férrea, sobretudo se tivermos em atencto as em regra reduzidas velocidades dos comboios de mercadorias. Para fazer face ao aumento de trafego, dias so- lugdes fundamentais sao evidentes: por em circula: ‘g20 maior nimero de comboios, ou aumentar as pos- sibilidades de transporte dos comboios existentes. A primeira solugao —maior nimero de citculagoes— acarreta imediatamente um maior dispéndto de com- bustiveis para traccao, e, eventualmente, 0 aumento dos parques de material tractor e circulante; a se~ gunda solugo—acréscimo da capacidade de trans- porte— pode ser realizada, na pratica mediante a Constituicao de comboios com maior mimero de vel- culos, ou com vefculos de maior capacidade, ¢ em GAZETA DOS CAMINHOS DE FERRO qualquer caso aumentando a carga dos comboios. Este facto levanta o problema das possibilidades de reboque das locomotivas. Se a hipétese da dupla ou da miltipla traccao_nem sempre constituird a solu- to ideal, resulta entio natural o emprego de locomo- tivas mais potentes. Para a sua adopcao ha, porém, que atender nao s6 as dimens6es e péso que uma, elevada poténcia thes acarreta, mas também ao ve lor da bitola da via, ao raio minimo das curvas ¢ a rampa de maior inclinagio. Para traccionar deter= minada carga maxima num trogo de linha com as caracteristicas mais desfavoréveis, ein planta e-em perfil longitudinal, da via férrea dada, re- quer-se uma locomotiva capaz de fornecer 0 es- forgo de tracgaio maximo desenvolvido pela loco- motiva que é susceptivel de ser utilmente empre- gado no reboque dos comboios, & como se sabe, funcdo nao s6 pelo péso aderente da refe- rida locomotiva, mas tam- bém das possibilidades e capacidade de vapori- zagto da caldeira, Ora para que a acho desse peso aderente e desse esforgo de tracgao se fagam racionalmentee sem descurar 0 caracter econsmico da questio, importa que as compo- sigdes dos comboios se~ jam as adequadas as ca- racteristicas dos diferen- tes trogos de linha que esses comboios devein percorrer. O emprego de locomotivas potentes pressupde também, e por outro lado, a constituicao normal de comboios pesados ou a realizacao de altas velocidades. Se em Africa, ou pelo menos em An- gola, as grandes velocidades europeias © americanas nao podem ser, presentemente, motivo de especial Interesse perante a natureza do actual movimento de passageiros e de mercadorias, certo € que 0 es- coamento do tréfego exisiente se devera fazer com um minimo de rapidez, indispensdvel para se aten- der favoravelmente os aspectos econémicos do trans- porte. Um importante condicionamento é, porém, a bie tola das linhas, Uma via de 60 cm. utiliza, como é ce sorts ta Cac 105 ; : : GAZETA DOS CAMINHOS DE FERRO Revista quinzenw natural, material tractor e“circulante de reduzido péso © de pequena capacidade de transporte. Por outro lado, deve notar-se que uma via muito estreita permite uma adaptagao bastante grande da linha fér- Tea ao terreno, tornando possivel vencerem-se im- Portantes rampas e empregarem-se raios de curva muito pequenos. Mas da conjugagao destes dois fac- tores resulta na pratica a quase obrigatorledade de apenas se formar comboios relativamente leves e circulando com velocidades bastante modestas. As vantagens da melhor adaptacao ao terreno, traduzi« das num mais econémico primeito estabelecimento a via férrea, acabam muites vezes por na realidade no compensar as dificuldades que resultam mais, tarde para a exploracdo da linha, em virtude das, baixas velocidades de marcha e da pouca possibili- dade de transporte dos comboios, quando houver que fazer face a um aumento do tréfego apreciavel. UNHAS FERREAS DE ANGOLA (css8ea) Cone As caracteristicas modernas exigidas ao transporte em grandes linhas de caminho de ferro de interesse geral ndo se adaptam convenientemente as reduzi- das capacidades de uma linha de 60 cm. de bitola, Em linhas férreas de penetragao como as ango- lanas, 0 progressivo desenvolvimento dos hinterlands que servem, de origem, mais tarde ou mais cedo, a um natural acréscimo de tréfego a escoar em direc- sao ao litoral e aos seus principais portos de expor- tacdo. Para garantir a indispensdvel eficiéncia dos transportes ferrovidrios no desempeniio dessa missao especifica que ihes compete executar, importa, por- tanto, nao s6 melhorar a quantidade mas também a qualidade desse transporte, de modo a onerar 0 me- nos possivel os bens carreados. Ora essa melhoria sob os aspectos quantitative e qualitativo equivale a admitit a organizagao de maior nimero de comboios, ‘© aumento das suas composigdes, a utilizago de ma- 106 Companhia Internacional das Carroagens- Camas e dos Grandes Expressos Europeus Inavguragaéo das novas carruagens-camas do Amenha, na Estagao do Rossio, o sr, Conde de Penalva, ilustre representante, em Portugal, da Companhia Internacional das Carruagens-Camas © dos Grandes Expressos Europeus, oferece um aperitivo, pelas 11,30 horas, na Carruagem-Restau- ranto do «Sud-Express», a convidados e represen- tantes da Imprensa, para solenizar a inauguragao das novas excelentes Carrusgens-Camas daquel comboio, COLABORAOOR: sAMENDOEIRAS EM FLOR» A propésito do artigo do nosso ante-pemtiltimo niimero, da autoria do nosso prezedo calaboradar sr, Guerra Maio, sobre expressos populares do Porto a Barca d’Alva, por ooasito das vindimas das amendogiras em flor, escrevemnos do Poci- nho, aplaudindo a iniciativa ¢ lombrando que seria interessante que, quando esses combdios se reali- zarem de novo, tosse permitido acs passageiros, ida ou & yolta fazerem o pereurso nos répidos & Beira Alta, indo depois essa caminheta de Vila Franca das Naves a0 Pooinio ou vice-versa, afim dos forasteiros conhecerem ‘Trancoz, Meda 0 ‘Foseoa, trés vilas das mais curiosas do Pafs 0 gos rem 0 panorama vastissimo de Riba Coa, que so porde para If de Castelo Rodrigo. ira uma volta redonda, indo pelo Douro e regressando pela Beira Alta e vice-versa, que muito seria apreciada por quem fosse de Coimbra e do Porto. Af fiea 0 alvitre, terial circulante moderno e de maior capacidade, 0 emprego de material tractor mais potente, a realiza- Gio de maiores velocidades médias e comerclais, Pa- ralelamente, € até como condigao primordial para a melhoria dos servigos de exploragao das mesma li- 1as férreas, torna-se conveniente, e de certo modo indispensdvel, a existéncia de uma via forte e geo metricamente perfeita, a de instalacdes © extensio de linhas apropriadas nas estacdes, e a de caracte- risticas de tragado e de bitola de via que permitam a constituigao de comboios pesados circulando a velo- cidades comercialmente aceitdveis. E precisamente’ no sentido’de'se realizaram pré- ticamente estas condigdes essenciais de um bom tfansporte que nos pareceu estarem presentemente evoluindo os varios Caminhos de Ferro angolanos de interesse nacional. (Continua) Revista quinzeual de REBELO DE BETTENCOURT Semana do Ultramar A realizagao da Somana do Ultramar deve-se & iniciativa da bonemérita Sociedade de Geogratia de Lisboa que, assim, todos os anos, com a cole boragao de ilustres personalidades, chama a aten- ‘go © 0 carinho dos portugueses, nao 86 na capi- tal, como noutros pontos do Pafs, para os proble- mas @ para o8 recursos extraordingrios das nossas provincias ultramarinas Como nos anos anteriores, a sessdo inaugural ofectuou-se na Sociedade de Geografia, sob a pr sidénoia do Chefe do Estado, © na presenga do sonhor Cardes] Patrisrca de Lisboa e outras figu- ras das mais represontativas da vida cultural do Pat orador da sessao foi o sr. Padre Domingos Maurfeio, que produzin um admiravel estudo sobre a personslidade de S. Francisco Xavier, a quem a nossa expansao imperial ficou a dever servicos inesquectveis. Salado da Primavera Com a presenga do Chefe do Estado, inaugu- rou-se na Sociedade Nacional das Belas Artes o Salao da Primavera, em quo se reunom 336 traba~ Thos, estando largamente representada a nova geragto. Sdo muitos os artistas, entre os quais alguns dos nostos mais prestigiosos mestres, que figuram no catélogo, como Varela Aldemire, Domingos Rebelo, Joao Reis, Ant6nio Satide, Fal- cao Trigoso, José Basalisa, Maria Eduarda Lap: Joaquim Lopes o outros. Entre os novos hd que mencionar Jardim Portela, com dois megvificos 61008, Rosa Mendes @ Alvaro Duarte de Almeida. José Basalisa, que jé tem oitenta ¢ dois anos de idade, facto de que muito se orgulha—e tem, na ‘verdade, motivos para isso—apresenta dois qua- Gros: . ‘Na maloria dos paises qualquer pessoa pode com- prarlugares confortaveis ¢ camas se tiver dinheiro; mas nna Riissia ndo se necessita s6 de dinheiro, mas de muito tempo para perder a espera, ¢, acima de tudo, hf que ter um lugar vantajoso na sociedade soviética. O traba- Thador comum tem extrema dificuldade em obter bi- Ihetes nas principais linhas férreas, porque é o iiltimo fem uma lista de prioridades. Eis aqui as cinco cate- )\ S duas horas da madrugada de certo dia de gorias de bilhetes de comboto, tal como foi descrito por um refugiado russo, que era até muito recente- mente ferroviario: 1.4—Lugares reservados para tunciond-ios do Estado, membros do Comité Central do Partido, Mi nistros, diplomatas estrangeiros, policia, exército © corrtios diplomdticos, Se ndo forem utilizados por nenhuma dessas pessoas, esses lugares devem perma: hecet vagos para o caso de serem precisos mais tarde. 2.4—Pessoal militar em servico ou de licenca. |*—Os soldados com honrarias militares elevae das ¢ funcioratios do Estado em missio de impor- tancia nacfonal .'—Fanclonérios em viagem de importancia Lo- cal; as mulheres’ no dltimo més de gravidez, mies, com criancas ¢ veteranos de guerra incapacitados. 5—Todos os demais eldadios da U. R. S. S.. © passageiro comum nao vem apenas em cltimo lugar; tem frequentemente que esperar uma semana ou mais para obter um bilhete. Nio pode embarcar sem bilhete e comprd-lo mais tarde na carruagem, tumma lei de 17 de Margo de 1951 tornou isso um crt me punivel com dois anos de prisao. E & um aspecto interessante na e emacios», sendo o primetro mals barato. Por exemplo, a viagem de Moscovo a Chelyabinsk 109 GAZETA DOS CAMINHOS DE FERRO fnos Urais do Sul, custa cerca de 400 rublos viajando na classe «dura>. Para os que podem viajtr na Unito Soviética as inconveniéncias, as humilhagdes e ansiedades so in- finitas. A Rdssia € pobre de material ferroviario, e, como os caminhos de ferro sao a principal forma de transporte, sistema é por consequéncla, calamitosa- mente inadequado. Uma faceta tipiea é-nos dada numa carta ao Kro™ kodil, datada de 13 de Junho de 1951 : Os funcionarios na estagao Stalinabad sto indi- ferentes as perguntas dos passageltos. Quando tive de fazer uma viagem a Moscovo, perguntel quando a bilheteira abria e foi-me dito que abriria a uma hora do dia anterior a0 da chegada do comboio. Permaneci de pé diante de uma bilheteira durante cerca de 10 horas e a janelinha nunca se abria, Com prei o bilhete no dia segitinte, mas cobraram-me um extra, sob alegacao de que tinha retardado a compra do bithe © trabalhador parece significar pouco em Stall- nabad, pois outra queixa sobre a mesma estacdo foi apresentada em «Kommunist Tadzhikistanae, também datada de 13 de Junho de 1951, 2h Bag, NOGUEIRA Limitada 1 pare Porlugel e coldnias porlugueses: tisnoa ielar milace’ wclehisevel: faery +0 x94; naeldslaiwasy tes ‘rat PBX nivoess ra et Ra ae i del {MALA REAL INGLESA iese see lesia Porn g ree ; a, } cAPEEIPAS PARA © BRASIL E RIO DA PRATA } areerar mana cammmno ve zenro | | SARETIEAS Pane © | pene Merancend Seer Aas E. 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