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H. J. KOELLREUTTER HARMONIA FUNCIONAL INTRODUGAO A TEORIA DAS FUNCORS HARMONICAS f 3" EDICAO. RICORDI BRASILEIRA S.A. PREFACIO Este trabalho visa propor um método de ensinar harmonia, conciso e pritico, compreendendo os principios fundamentals da harmonia tradicional, suficientes para qualquer eetudioso, num periodo da historia da musica como o presonte, em que ‘2 composig#o musical, ao requerer novos principios do ordem diante de um novo ‘material gonoro praticamente inexaurivel, passou @ prescindir da tonalidade e do Ambito doe 12 cons da escala cromética. Por isso, este trabalho reine exclusivamente as nogdes imprescindiveis & andlise harmonica, A inerpretagao da musica classica e romantica (séc. XVill e XIX), & arte do arranjo © & pritica da realizago do baixo cifrado, introduzindo, ao mesmo tempo, fa arte da improvisagéo tonal A teoria da FungSos Harménicas, rectiada por Hugo Riemann, om fins do século XIX (1899), desenvolvida e aperfeigoada por Max Reger © Hermann Grabner, como aprotunda- mento da teoria graduada (*) da harmonia, a dnica em uso até entdo, parece ao autor do presente trabalho um excelente recurso para substituir os métodos que tratam da matéria, ‘anacrBnicos e obsolatos, @ que se acham ainda em uso. Este fol o motivo que o levou a ‘atualizar 0 métode, pondo-o em condigées de satistazer as exigéncias prdticas de nossa 6p0ca. Se 0 temperament Igual @ ordem tonal, como fundamentos incontestéveis da compocige musical, deixaram de exist, ¢ 0 estudo do contraponto e da harmonia se tornou irrelevante para a aquisig#o de uma técnica de composigo, remanesce, entre- tanto, © valor dessas disciplinas principalmente para a andliso e apreciagdo da misica composta de acordo com 0 principio tonal ‘Assim, em nosso tempo, 0 objetivo mais importante do estudo da harmonia, sem divida, € a introdugao as obras-primas do passade através da andlise das leis que thes ‘30. proprias, da ordem, redundancia @ logica intrinsecas & obra examinada, anélise que 6 indigpensdivel & realizagdo @ interpretagio cortetas do texto musical, pois fraseado, Anticulagdo e dindmica natural (imtersidade © agdoica), ov seja, a "diogho” da obra, ‘dopendem procisamonte da conscienliza¢ao desses fatores. ‘Tornar inteligivel © texto musical a ser executado & 0 primeiro_dever do intér- prete, fai ‘20 ovvinte a comproonsso do mesmo. Tomar inteligivet © texto musical, entretanto, significa fraseé-lo, articulé-lo e “declamf-lo” de acordo com 0 sentido musical das concatenagoes sintaticas dos sons, do contraponto © da ‘narmonia, conscientizando modulagées, todas as espécies de cadéncias, a preparacio ‘dos pontos culminantes, trechos e periodes de tenséo © alrouxamento, assim como todos os outros elementos oxpressivos da composicéo. Para adquirir os conhocimentos de harmonia necessérios & andlise musical, reco- menda-se, portanto, proceder da seguinte mancira: Desde 0 inicio dos eetudos, realizar a quatro partes, como partitura coral ou quarteto de cordas, todas as cadBncias aqui Incluidas © recomendadas. Eles deverdo ser realizadas no apenas por escrito, mas também praticamente, ou soja, ao plano, tavo ou harménio (harmonia a0 teclado). ‘Apés a Gonclusio dos estudos sugeridos, © aluno doverd passar a Improvisar pequenas composigdes de oto compassos aproximadamente, baseando-os em formulas fitmieas simples © aplicando os acordes © cadéncias estudados, devendo igualmente harmonizer, num instrumento de teclado ou no violdo, cantos folcléricos © melodias de ccaréter popular () ta deseminagto 20 4 apresentagto da harmorie como setrtuada Este método de estudos no 36 tranemite amplos conhecimentos musicais, mas também torna o trabalho interessante, alraente © criativo. [Aiém cisso, 6 importante que 0 estudante no porca nunca de vieta a finalidade dos sous estudos © ndo deduza das mesmas crilérios © normas para o julgamento de valor da ‘obra musical. No 6 da obediéncia a regras e principios de ordens tradicionais, mas de co- ragem de transgredt-los que depende o valor da obra-de-art, Principios de ordem e estrutura¢do representam apenas as caracteristicas de determinado estilo, da produgdo artistica de determinada época da historia da musica, € néo so necessariamente aplicdvels a outro estilo ou & produgao artistica de outra época. ‘Assim também contraponto © harmonia constituem principios de ordem especificos, caracteristicos de determinado estilo, e nBio devem ser considerados, de maneira alguma, ‘como etitérlos absolutos da composi¢ao musical. © valor da obra-de-arte, em vitima andlise, transcende esses recursce e independe das regras @ normas as quais obedece. Nao haveria coisa mais condenavel, sob o ponto de vista pedagogico e artistion, do que um método de ensine que, em vez de revelar 20 aluno o objetivo das leis musicals, seu desenvolvimento © sua relatividade, apresontasse as mesmas como valores absolutes ¢ incontestaveis. © livro reane material didético para 24 a 28 avlas de harmonia e analise. Ao pro- fessor cabera tecorrer @ exercicios suplementares, recomendando-se, em especial, 08 exercicios do curso condensade de “Harmonia tradicional” de Paul Hindemith (Ed. !rmBos Vitale, S80 Paulo). A professora Suzy Botelho, a Brasil E, Rocha Brito, a Heron Martins, amigos @ discf- pulos, agradego a revise do manuscrto, critica, conselhos e sugestdes @ 0 valioso tempo {quo puseram a minha disposicdo. H. J. KOELLREUTER, 8. Paulo 1986 INDICE PREFACIO CAPITULO I: Notas pretiminar CAPITULO II: Harmonia funcional . Primeira tei tonal (fungées principais) Segunda tei tonal (fungBes secundérias) . Terceira lei tonal (dominantes individuals) .. Eoquema do centro tonal "D6" ‘Quarta lei tonal (tonslidade dilatada) A cadéncia do Jazz Quinta lei tonal (modulacdo) . Tabela dos casos de dobramonto da torga ‘Anilises harménicas 4.8. Bach, Coral “Es orhub sich oin Streit", da Cantata N.° 19 CAPITULO Besthoven, Sonata op. 13, Adagio cantablle Schubert, Impromptu em La beriokmaior Debussy, “La fille aux cheveux de tin” Tabela cos simbolos @ acordes (cifragem) ‘Tabola se cadéncias, correspondentes as leis tonals ANEXO: Abaco analitico das fungdes harmonicas, de Brasil E. Rocha Brito 1” 4 31 35 37 2 4 45 a 82 56 0 62 or 1 — NOTAS PRELIMINARES 1 — TETRAFONIA (= composicio a quatro vozes) Escrove-se © toca-se a quatro voz0s: para soprano, contralto, tenor e balxo, respeltan- do-se # extensSo normal das vozes do quarteto vocal cléssico: (s) Soprano Contralto 2 — TRIADES (= acordes de tres not (© material @ ser usado consiste basicamente caesar —— © acorde pertelto consiste de uma terga — malor ou menor — ¢ de uma qui justa, agregadas a uma fundamental. € a fundamental que d4 0 nome a0 acor Letras maidsculas = modo maior; letras mindsculas = mode menor. Triades podem ser construldas sdbre todos os gréus da escala. Em caso de per cerem as notas do acorde & escala, a trlade é chamada diatdnica (*); em caso contrério @ chamada cromética (*). oradas atconderte ou descendertements, 10 Cordes perfeitos maiores, nos rau, um acorde de quinta No modo maior, encontram-se, nos gréus I, IV e V, grdus 1, IIe Vi, acordes perteitos menores, @ no Vi diminuta: m. M Mm. dim. No modo menor (harménico), encontram-se, nos gréus Ie IV, acordes pertetos menores; nos gréus V e VI, acordes perfeitos maiores; nos grdus Il e Vil, acordes de quinta diminuta, e, no IlI® grau, um acorde de quinta aumentada: = m. dim. aum. mM, M. dim. (© ¥ grau 6 chamado TONICA, o IV? SUBDOMINANTE, o V? DOMINANTE. Distinguem-se também uma MEDIANTE SUPERIOR (lll grau) @ uma MEDIANTE INFERIOR (VI? grau). A trfade da DOMINANTE, em ambos 06 modos ~ maior e menor - 6 maior. Sua terca 6 @ sensivel do tom, 3 — DOBRAMENTOS Podem ser dobrados nas trlades, se fOr necessario ou conveniente, a fundamental (de proferéncia) ou 2 quinta do acorde. Raramente dobra-se a terga. A quinta do acorde pode ser omitida. 4 — POSIGOES DAS TRIADES Posicdo cerrada: no hé espago para nenhuma nota do acorde ser intercala: fentre soprano e contralto, ou entre contralto © tenor. W otas do acorde serem intercaladas entre soprano Posigdo aberta: ha espaco ps contralto, ou contralto © tenor. Posig6es determinadas pela nota do soprano: posiglo do citava ou pri- posigto de terga ou tercel- posigfo do quinta ou se- | moira posi ra posigéo: gunda posigto: | a cilava encontre-se no s0- a torga encontrase no so- a quinta encontrase no so- | prano. prano. rane. | 5 — DISTANCIA DAS VOZES: Entre soprano @ contralto, ou contralto @ tenor, a distancia nilo de ‘uma oitava. Entre tenor e baixo, qualquer distancia & possivel 6 — MOVIMENTO DAS vozES: 8) Movimento direto: duas ou mais vozes seguem a mesma diregde, embora sem cconservar 0 intervalo original existente entre uma e outra. - e.— ea o b) Movimento contrério: duas vozes seguem em dirego oposta, uma a outra, 12 ©) Movimento oblique: uma ver se conserva firme enquanto a oulra so movi. monta om qualquer dirosao. 7 4) Movimento paralelo: duas ov mai vande © mesmo intervalo entre i vores seguem @ mesma diregio, conser

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