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“Ha de haver no mundo certa quantidade de decoro como hé de haver certa quantidade de luz. voi a dignidade humana...” “Quando 0 extraordinério se torna cotidiano, 6-4 revolugio.” Emnesto “Che” Guevara UMA REVOLUGAO NA AMERICA LATINA E possivel falar da revolucdo cubana em dois sentidos: como proceso de luta pela tomada do poder por Fidel Castro e os com: Panbeiros que com ele Iutaram na oposico insurrecional a0 regime do ditador Fulgencio Batista. Nessa acepeao, foi um movimento guerti- Iheiro que capitalizou o descontentamento do povo contra as condigées de miséria, corrupgio, falta de liberdade ¢ dependéncia em relagio ‘aos EUA, para instalar um governo revolucionétio nos primeiros dias de 1959, Na segunda acepeo, a revoluglo cubana de 1959 foi a conti nuidade das frustradas lutas de independéncia iniciadas na segunda metade do sSculo passado e pode ser caracterizada efetivamente lum produto histérico da cexistente. critor e leitores. E que a revolugio cubar ‘uma geragdo para a qual a revolucdo er futuro nebuloso ou seguro, confor ‘um fenémeno fonginquo inglesa — ou no espaco ‘mundo, porque ocorreu onde nao se es ‘em Iugar da Europa industrializada e, 6 de um programa de transformagées democraticas, nacionais © subana neste para o exterior que eles foram asstmindo. tuma visio das érvores com Este livro tem a pretensfo de despertar o interesse pela revolugao ccubana ou ajudar a desenvolver a pesquisa sobre esse process0 histé- rico, possibilitando apreender a sua significacdo ¢ a sua dinimica — ‘como nasceu, de onde veio, como foi se transformando, que sentido tem hoje e para onde aponta, A objetividade seré um compromisso com a verdade e no com a neutralidade, Sabemos que outra dificuldade se apresenta diante de nés — ex wna foi contempordnea de toda ra um fato histérico vinculad: ‘0 passado — a revolugdo francesa, em primeiro lugar — ou a Urs as convicgtes ideokigicas de socialismo, © comunismo. Mas de qualquer forma ‘no tempo — reyolugao fran- — Rassia, Chins. ‘a revolugfo no nosso ‘com classes operérias fortes —, a cubana ndo somente surgit. onde menos se esperava que der cubano que adeptos Procuraremos enfocar neste livro a 1. INDEPENDENCIA E NEOCOLONIA A independéncia: tardia e frustrada Cuba e Porto Rico foram dois paises latino-americanos que nao passado, quando a da dominagao colo- jjonada pela sua proximidade geo- ica com aquela que logo emergeria como a maior poténcia mundial José Marti com set panheiros de luta 8 ‘A primeira guerra de independéncia Enquanto a crise do sistema c do século eseravos e constituiu com eles © nicleo das tropas (08 espanhdis. Essa primeira guerra durou dez anos e dela participaram lideres por € todos os seus irmaos ¢ 0 rio concordaram com nizar suas tropas € poeta ¢ ensaista — cubano que desd atividades em favor da independéncia, sendo, No exterior dedicou-se a dificil tarefa de unificar todos os se © corgenizando com cles 0 Partido Revolucionério Cubano, para reiniciar a guerra contra os espanhéis. livar e dos préceres da inde pendéncia latino-americana e do pape vam a desempenhar os EUA como pot gando com seus tentéculos a autonomia dos paises do cont Jevou Marti a enquadrar a luta anticolonial de Cuba dentro concepedo antiimperialista, Isto fer de Marti o precursor da res ao sul tamente a independéncia A segunda guerra de independéncia A segunda guerra de independéncia de ‘quando os revolucionérios desembarcaram ni do desembarque, Gémez e Macco realizaram vitoriosamente a invasio da regido ocidental de Cuba, onde se encontre Havana —, ocupando grande parte do territério ¢ org ‘0 governo da (Cuba independente. ‘A vit6ria des forge 1s contudo ndo pode conereti deado no porto de Havana pel depois se revelou forjada pelo proprio governo norte-americano para viubilizar sua asio militar dircta na guerra. Washington declarou “guerra & Espanha”, cujas tropas estavam jé a queda de Havana e de S: governo que Ihes desse garantias de fidelidade. O Exéreito Libertador Yitorioso foi privado do imediatamente & agao desmobilizadora por pi ‘ceram grandes somas em armas, conseguindo assim discOrdia entre seus seguid convocada uma Assembiéia Constituinte para definir © nove de regime que deveria vigorar em Cuba, mas o seu funcionamento fortemente condicionado pela presenga das tropes norte-americanas © pela vigorosa agéo do nascente imperielismo ianque. Depois de vivias ameacas explicitas do governo norte-americano, foi aprovada 1901 a chamada Emenda Platt, apresentada por um senador norte- Cuba aceitaria a tutela se assim © dominio norte-americano sobre economia monccultora de exportagdo, onde © café e frutas eftricas, com um comer: almente vinculado aos EUA. Polit exportac’ ‘passou a ser uma pseudo-reptiblica, complemento da heocoldnia no. plano cconémico, tutelada pela presenca ostensiva dos BUA, ‘A vida politica cubana se limitou a uma luta entre 0s partidos ‘Conservador € Liberal, com perfis pouco diferenciados, em cujas I intamente para a intervengao das ti iagBes no poder, que convocou elei- i ernancia dos dois partidos no govern conservador, que ese elegeu para ditador, com 0 apoio norte-am Uma neocolénia a 140 quilémetros IA. Assim, com a dependéncia econémica se forjava também inagdo ideolSgica E no ern para menos. As ficava reduzido a 1/5. deixando 25% da popul 1a social exigia como complemento regimes duros e subservientes aos interesses das gran- Yazendo-se reeleger por seis anos mais em 1928, com 0 apoio de servadores. Teve de repri ue foi se reorganizando no lo ‘oposi¢ao popular & nna lute pela demoes vyersidade, mas desde o inicio se inspirou também no combate pela independéncia nacional diante da ostensiva e opressora presenca norte na regiéo. Com o tempo, Mella assumiu uma orientagéo , até participar da ‘cusses do assassinato de Mella contribufram para criar um de grandes manifestagdes contra 0 governo, que em 1930 desembo- caram numa greve geral que paralisou o pais. Surgiram varias tente- tivas de golpe militar © de putschs', que Machado conseguiu sufocar de forma sangrenta, enquanto manobrava politicamente para continuar A ascensio de Fulgencio Batista Finalmente, em 1932, depois de outra greve geral que durou 45 dias, a ditadura de Machado nao resistiu mais e, pressionado pelos proprios EUA ¢ pelo Exército, ele acabou abendonando o pais, em militar no quartel Cohimbia — principal do. sproveitando-se da continuidade bilizagées em comprometidos com o gover- foram passados para a re popular que @ prolongada agonia de Machado sé alentou. Assim, js a ocupagao de usinas pelos trabalhadores, com a igo de sovietes, enquanto 0 governo decretava uma série de sob a pressio da efervescén: lar. Medidas is como © estabelecimento da autonor por um governo do tipo sovietico, conforme classe dominante na Internacional Comunista, Quando as forgas da repressio, comandadas por fa, comecaram a atuar contra as manifestagdes populares, a frégil uunidade interna do governo se rompeu definitivamente, leyando Grau 4 renunciar em 1934, enquanto Guiteras passave & clan- ia insurrecional na regido sntio como © homem forte do pais. Reprimiu com rolongavam, conseguiu prender e executar exterior e retomar 0 14 Grau San Martin. A oposicao di Comunista apoiando Batist linha da Internacional ascensio. ao poder de Hi (© governo de Batis transformando-se rapidamente num gove: ‘anos depois, Grau San Martin consegui perseguicéo ao movimento sindical que se tinha és em prética a criagdo de uma estrutura sinc financlada pelo Estado para denu setores de esquerda, Iniciava-se 0 periodo da guerra { em todo © Ocidente, marcado pela passagem 2 clandestinidsde dos partidos comunistas ¢ pelas tentativas de liquidagio dos movimentos de massa independentes (© governo que sucedeu a Grau San Martin — de Prio So moral a que sc haviam ica. Conquistow enorm . provocando © todos 0s governos da pseudo: popular, especialmente entre a juvi jovem estudante Fidel Castro para @ Norte-amerleanos divertindo-se em ‘loqilente, Chibés agitava grandes setores do pove radiofonicas e comicios pablicos, em que fazia dentincias re casos de corrupedo do governo. Quando no conseguiu provas para certficar legalmente uma das dentincias que tinha feito, 2. A LUTA INSURRECIONAL assalto ao quartel Moncada stro tinha 24 anos quando Batiste interrompeu a cam- assumiu 0 poder por um golpe militar. Era um jovem advog do dois anos antes na Universidade de Havana, depois de ter estudado doze anos em escolas jes pais, onde havia nascido, no estado de Hol fio rural, Fidel tinha se revelado desde jo com grande carisma, tendo participado ativamente da ‘ao mesmo tempo uma ideologia democrética radical, que gio, em 1947, de uma expedigao par lo, na Repaiblica Dominicana, proj Eduardo Chibés, e participou da cany no golpe de Estado, ide em que foi surpreendido pelo golpe de Batista vam perpetuar a corrupgai centendrio do naseimento pYincipais contingentes militares do pais, que demorariam certo tempo até se deslocarem para lé. hd a cidadania despertou es tos do passado tinham s¢ ra a tinham agarrada pelas abortado pela policia de Batista. las pessoas dispostas € preparadas a do grupo, que mantinha em segredo acabava de cometer o horrivel crime entiio o Cédigo de Defesa Social, iblica, © encontrou que a ago de Batista 3 pfevistos: mudanca violenta da forma de armado contra os poderes constitucionais ente da capital cubana uma ta e seus dezessete camplices jo que conseguiram com as finangas arrecadadas la de objetos de trabalho e pessoais dos wora de mao era a arma mais importante que lado de rifles de baixo calibre, um fuzil M-1 revélveres. laram-se num pequeno sitio conseguido pelo tinico combatente de izaram-se nos trés grupos de assalto que © 1m © assalto ao quartel Moncada, aeio acabou sendo um desastre militar. A falta de coorde- rés grupos — um atacaria diretamente o posto de quanto os outros ocupariam © jue cireundam © Moncada — disso, 0 acaso fez com que igar onde © grupo de Fidel ou e, embora os dois grupos de apoio tivessem cor , uldade seus objetivos, f ocupagio do quartel jé se fazia impossivel. Fidel dew entao ordem fas ee tee setnebitaohe Uo pst ue deveria comunicar a decisio a uma guerra de guerrilhas rural, nem tinham ernativa militar a0 fracasso do assalto a0 Moncada 1c0 foram sendo descobertos e presos pelas forcas © gover com outros 20 vaso das suas vidas. Foi ass © compromisso de que 0 contra Fidel Castro, detido por uma p: or um sargento que se encarregou de pre: adversério do regime de Batista, sargento que pos ‘20s revolucionérios que cinco anos € meio depois Os companheiros de Fidel foram conduzidos para a da itha de Pinos, uma ilha situada ao sul de Havana, eng lider do frustrado staque era isolado de seus comandados do 2 um processo especial. O jovem advogado assumiu si defesa, para a qual escreveu o documento que se transformaria programa do Movimento 26 de Julho — que tomou o nome da da do assalto ao quartel Moncada. Fidel Castro é 0 primeiro a esquerda Movimento 26 de Julho sobre b: ravés de correspondéncia, a co ‘ago da censura ¢ a covardia dos partidos gem eait no esquecimento, ‘que sé aproveitasse a0 maximo @ finha condigoes de por into iss0 Batista desenvolvia seu projeto de “abertura de- ‘mocrética’, anunciando eleigSes gerais para novembro de 1954, aco- pando com a censura a imprensa e pondo fim a0 decreto de susperssio 26 de julho do ano 1 semestre de 1955 ‘Preparandosse para vencer as eleigoes que convocara, teu o vicepresidente norte-americano Richard Nixon. Paralelamente Gecretou que qualquer cidadio com atividade qualificada de come: hista perderia automaticamente seu emprego nos érgios do Estado, Py campanha pela incondici do se estendeu mais ainda e finalménte Bu iste se viu obrigado a conceder @ anistia total, em maio de 1955. ‘Antes de completar dois anos da aco do Moncada, os membros mento 26 de Julho safam do cércere. Fidel e seus companhei: ‘Havana, mas sua retomar 0 cat reencetar sem sucesso: ise de para 0 México que ‘seremo ", para evidenciar ‘Gio de nfo abandonar o povo cubano no seu combate contra de Batista, que Fidel e Echever Moncada e @ resposta de Fi endurecimento repressivo do regime de Batista contra coordenado diretamente com o gover See. Julho nasceu , projeto que her do governo de Fisenhower mer © incorporou como préprio. Em seguida 0 overno cubano prepés a trocn Jor preoe horteamericanos, por yr com que Washington contava principalmente 0 clero falangista, de origem espanhola, abertamente da campanha de rumores sobre o destino sob 0 regime revoluciondrio, incluida a histéria de que ‘enfrentou 0 processo revolucionsr norte-smericano, terminou enti jjunto a0 povo cubano. ay A intensificagao do conflito com @ Igre cuskdes, no plano externo, dos combates de pi zagio do processo revolucionéria, O aumentar as sangdes Cubs, decretando 0 em! total das relagdes com ppunindo as. companhi ‘nuassem ¢ anunciando represélias contra os navios dos pa tivessem qualquer forma de relaglo. com Havana. Os go Colmbia ¢ Venezucla imediatamente avederam e romperam la ‘¢6es diplométicas com Cubs, preanunciando 0 isolamento total do i por parte dos Estados latino-emericanos. No plano interno, jé antes da tentativa de invasdo, haviam sido crindas 2s ‘Nacionais Revolucionérias, com a incorporaco ma- ciga de cor es populares & luta contra as sabot formas de acfo terrorista contra a revoluciondrias no Escambray. A: ‘aos destacamentos regulares 1a do. proceso revolu: cionfrio. A seu lado passaram (CDR), organizados em cada quai de sabotagem. A eles se intes Comités de Defesa da Revolugao ‘Aaceleragio da buiu também para a agilizago do processo de unificagio dos tres ‘grupos politicos que perticipavam ativamente na dirego do processo ‘evolucionério. Foi criado assim, como primeira expresstio dessa cagdo entre o Movimento 26 de Julho, 0 Ditetério Revolucionério © Partido Socialista Popular, 0 Partido Unido da Revolugdo Socialista (PURS), mais tarde denominado Organizagdo Revoluciondria Integrada (ORD, antes de se transformar no Partido Comunista de Cuba, em 1965. (© desenvolvimento de todos esses acontecimentos compunha um ‘quadro global de mudanga hist6rica na revolucio cubar ‘cess0 democritico radi jura de Bi cenfrentando a pais — e dos setores da burguesie préprio governo dos EUA no plano exter vex mais atacando as bases do ca plano interno ¢ os vineulos com o EUA smo dependente cubano no tema imperialista dirigido pelos alelamente, a consciéncia dos Iideres e também do povo cubano (ci se desenvolvendo, conforme a polarizago punha de cada lado da polarizags lo ficagbes em Cubs, ni fem abandonar o pais, a espera de que uma nova interyencao wse no desfrute de seus n-burguesia, que ice da exploracdo norte-americana da ‘anos serem experi jana, para depois serem langado: nova etapa da re © programa do Moncad: ‘cubano fa da fase democratica & 4. DA DEMOCRACIA AO SOCIALISMO Qs anos de chumbo Os anos de 1961 1962 encerram a primeira fase da revolugao vvdo ficando mais nitidas, tetiam ainda desdobramentos imediatos, como con- de Cuba com a grande poténeia do da regio. imente expulsar Cuba do organismo, irio cubano “exportava a subversio" para o resto do cont Sucedeu enitio uma cadeia de rupturas de relagdes dos governos latino-americanos com Cuba. O governo mexi- cano foi o tinico na América Latina que nao obedeceu & decisio da ‘OEA, promovida pelo governo dos EUA. Mas isso néo impediu que Cuba ficasse totalmente isolada de todos os seus vizinhos do conti nente. Essa aprofunds sdida teve repercussGes infernacionais, obrigando suas relagGes econémicas com os paises socialistas © com rages da Europa ocidental, como # Espanha e a Suécia, mas teve também consequéncias na ema do ps era sem diivida um dos obj para tentar levar 0 governo a popula Os efeitos diretos para o nivel de vida imediatos. Um pais submetido a um esquema de elementos do comunismo Essa orientaga gratuidade dos se ito. O programa do Mon- - a dos trabalhadores cubar eal aunden oath eee = maquinaria comprada para o projeto de indus ‘A incapacidade de passar rapidamente de uma situagd industrializada ¢ a impossibilidade fato de que o social de condigdes para a soci neragao & 0 de que se fculdades de uma con- namento material que uma lista sofre num pais atrasado. A revoluglo cubana con- especifica, a previsio de Lenin de que é mais prové- ‘poder num pais atrasado — ou que combine elemen- iedade capitalista no chegou a ser no 6 resultado de Coerente com aquela concepeio, colocava-se 0 nacio do dinheiro, considerado to-some Tee ees ee estatal conforme a planificagao cent 58 mente econdmicos. de muitos anos de grande pendria Idades para obter recursos de impor- safra recorde, mas préxima aos ofto milhées ¢ meio de toneladas. A direcio da reyoluco assumiu a responsabilidade pelo fracasso, € ‘mas antes: mos como evoluiu @ situagao politica do pafs no trans- ‘curso da década inicial da revolugao. Be i ‘ 60 Essa estatizagio atendeu portanto ‘A derrote du invasdo de abril de 1961 situagio de pacificagde. Como ja dissemos, ay sobreviveram ainda p chegada de qualquer barco a Cubs, inclusive dos que traziam petréleo ¢ alimentos da URSS. Foi ¢ chamada “rise dos foguetes” @ conjuntura que mais de petto pos em risco paz mundial desde o fim da Segunda Guerra Mundial, com Cuba iransformando-se no pivé do possivel enfrentamento entre os EUA 2 URSS. ‘© povo cubano voltou a se mobilizar como no ano anterior diante {da iminente invasio, s6 que agora estava mais organizado e jé contava do fe um deles — modelo U- antiagrea, cchegou a seu ponto maximo, com a aproximagio ida pelos barcos da piiblico do governo nort ‘os EUA nio invadiriam Cuba ida de armamento similar norte-americano de territ6rio ture foi feito entre Kennedy e Kruschev, sem cons cubano, 0 que provocou o protesto de Fidel Castro, que alegava o direito de Cuba de ter armamento defensivo para se precaver diante dos evidentes sinais de agressio contra 0 seu governo ¢ o direito ina- Tiendvel de participar das conversacSes que versavam centralmente a0 acordo que pbs fim . s com a URSS entrassem num periodo prolongariam num interna imediata da na América Latina sua libertacao, Quando a -volucionrios emigraram leceram. O general Méxi- lependéncia de Porto Rico sempre esteve Porque eram os dois paises que nso inds recordar que os vinculos iavam presentes na época da com a. pa ativa de grande mimero de 8 de Cuba ao lado dos republicanos e, posterior: jiados espanhdis Castro participou d desembarque na Rept ara lular contra a ditadura de T: cubanos contaram com este recebeu o apoio direto ¢ concreto das dinastias, = de Trujillo da Repiiblica Domini . Batista se asilou posteriormente em ue tentaram o desembarque na praia Girdn € pparticipantes dessa aventura. do novo regime cubs Desde 0s primeitos dias do triunfo revolucionério, no clima entu- siasmado de Havana, se formayam grupos de cubanos, junto com gente de outras nacionalidades, dispostos a lutar contra outras ditaduras zo continente, como as da Repiblica Dominicana, Nicarégua, ‘Néo ctam iniciativas oficiais, nem incentivadas pelo novo 20 ‘mas 0 povo cubano i natural e parte integ 62 ideolgica do povo cubano no proces antes da tevolugio cubana compr iias. Para se contrapor ao “mau exempl a Progresso” pretendia ser uma alternativa “democritic St ‘escolhida por Cuba. ‘competicao nao era pacffiea. A medida que governos da ‘firea rompiam relagdes com Cuba ¢ passavam a apoiar diretamente ‘0s grupos contra-revolucionérios, 0 governo de Havana se sei ‘as mios livres pata ajudar por seu lado os movimentos gue desenyolver em varios paises 1k cisco Caamafio ane ‘a Sio Domingos, com a aprovagac da também o Brasil, um ano depois do golpe militar de 1964. Cruzavamese Guerritheiro Herdico. Fidel Castro recebe em Cuba o dirigente vietramita Havana se tornou centro do turbita ? bilo politico que comecava a ‘s¢ projetar sobre © continente eo EAana acon idversfrio de todos os fos 0s povos do do Terceiro Mundo, onde a explore. a0 nove auge do movimento gue ‘A reunifio da OLAS foi precedida da mensagem de “Che” 3 ‘Tricontinental, verdadeito Manifesto Comunista dos povos do Terceiro havia “desaparecido” depois de uma viagetn & ito um discurso vibrante defendendo os direitos dos povos do sobre 0 seu paradeiro, inclusive o di norte-americanas de que teria sido assassinado por Fidel Castro. Na verdade, soube-se depois que “Che” esteve na Africa apoiando os movimentos negros de libertacéo em sua luta contra o.colonialismo € i antes de se a Bolivia, aproveitando-se do fato de que a sua dariedade interna Jmbolo mesmo da solidariedade intemnaciona- cos, economicistas ¢ parlament que na pritica adievam ‘a revolugio indefinidamente e legitimayam o sistema de dominaga0 burgués. Depois dos atritos provenis da crise dos fogue- 8 cubano € ; a fazer o proceso chegar ao socia~ (ol se modificando até compreensfo de que ee i. ee Leavin revoluciondrio € s¢ ndo s¢ integra mente ele, reconhecendo a Tideranga inquest ndvel de Fidel Castro ¢ do Exéreit cee que exigiam uma ‘mica, depdis da morte de problema da reinsergao de Cuba na politica internac i crise dos foguetes, ae Os anos de consolidagio partir da pri plano qilingiienal da economia. Os objetivos centrais tambér ia com uma definicao no plano inter- ccolas que Cuba necessitasse, além da garantia d petrleo a pregos fixos, como jé ocorria desde o inicio da década 68. \ | anterior, ¢ de fornecimento de materi sua defesa. (Os resultados econémicos de 70 avangava e ja no momento PCC, em 1975, 0 balango evondmico sragdo, No fim dos anos 70 Cuba ja, centrada na producio % do desenvolvimento indust Fidel Cas de colaboragio econdmica e técnico-i sta radical no Terceiro Mundo ¢ em primeiro lugar na gimento de governos progtes de Washington em jtivo do bloqueio econd smericana, na Conferéncia da OE sia questio eubana = Com Washington também 28 am a melborar pela primeira vee ontatos para o derelo entre os doi de Gerald Ford © s¢ ef cestabetecimento de Havana ¢ em Washingt hngo serem restabelecidas as relagGes diplomél {es nos EUA foram autorizados a visitar suas 5 do governo cubano chega- ‘0 comego da revolugdo. Os shos foram feitos no governo 10 da gestdo © trfnsito turistico entre os dois rompida no iltimo ano do governo Cart rados por Maurice Bishop, na i caren de Granade, a queda de Somarn annie pura Cube, que 2 longa espera de um novo triunfo revolucionério chegava, vinte anos 70 nfrios salvadotenh: renascimento da tear ‘cano, temeroso de uma estratégica para os BUA. de Washington @ nece: Cuba e de movimentos gu J6 no ultimo ano ram uma mudan¢ cubanos no exitio & supostamente favordveis que 05 ou o terreno para o que se ch Depois de alguns episédios de tentativas de ingresso ilegal em embatx: das estrangeiras por parte de cubanos desejosos de abandonar o pais {quando um soldado cubano morreu em frente-& embaixada do Peru fhum tiroteio com slgumas dessas pessoas, o governo cubano decidiv Jegando que aqucles retirar toda a proteso a essa incidentes eram preparados por fu! Em pouco tempo milhares de pes ram para a embai- xada do Peru, com 0 objetivo de abandonat 0 pais. O governo cubano Geclarou que todos os que quisessem fazé-lo teriam as permissOes requeridas e que, se o governo norte-americano estinulava a emigragd0 Clandestina para territério ianque, todos os barcos que chegassem 20 porto cubano de Mariel seriam recebidos © poderiam conduzir as pessoas que quisessem abandonar 0 pats. ‘episédios mais de cem mil pes res — para uma populagio de Cuba, des que eneontravam na Nesses nais. No primeiro plano giiinglienal desta década foram alteradas as proporgdes entre os recursos dos ao fundo de acumulago — investimentos 4 longo prazo — e ao fundo de consumo — vinculado as necessidades mais imediatas da populago —, ao mesmo tempo em ue outras medi € ampliar © mercado privado ulago € votar uma nova escala lo de superar as dificuldades res- ponséveis pelos acontecimentos de 1980. sificou com © governo ma derrota eleitoral do governo progressista depois de uma grande pressio por parte do nacional, ¢ em 1985 a invasio da ilha de fropas norte-americanas, com um enfrentamento com cuban 0 civil no pais, € a morte de mais de duas centro-americana, a nova adminis- fon avangou rapidamente numa militarizagéo de Salvador, enquanto fomentava as agées terroristas guerra virtual na gerada, cubana entrou nos fado. No ano anterior jé de construggo do Poder forma politica de organizagio do poder tevolucionério na sociedade cubana. A experiéncia no estado de aprovada e, em 1976, convocaramse elei Poder Popular a nivel local, estadual e tig rovada em referendo nacional no , a Assembléia Nacional elegeu o governo, concentrando em Fidel Castro os cargos de presidente e primeiro-ministro, Em outros campos, como o cultural e 0 esportivo, a revolugao apresentou avangos que Ihe reservam um lugar privilegiado em todo osicdes de primeira Em 1975 realizou-se finalmente o I Congresso do Partido Comu- R milfcias ¢ impés um governo naci formara em mais um governo ce overno poderia sustentarse no continente com a oposigao ativa do Um balango resu ddas casas no pode superar os 10% da renda dos seus moradores; 0 labastecimento de sos € garantido para todos; ninguém fica sem renda mini de esportes € generalizada pare toda \s transformagées na sociedade cubana foram profun: usin enili ¥ Cuba atual 6 14 por cada 1.000 nascidos vivos, numa sociedede grande- tos que os de boa parte dos pais. £ a propria la revolueao € neces nos paises industrializados ¢ por isso ‘chamou-de-"sevolucéa-conira.o. Capital”. A chi icterizar-se como revolugiio cam . prova ‘governos eur que apsiam, a0 cont ‘Cuba, que se defrontou ainda com um arco de da com Do ponto de vista de um p: politico cubano no responde 20s ret enfocé-lo como a resposta popular num ‘conseguide depor e repor os governos que Se no tivesse constitufdo uma frente ‘eano e que {eve de lutar praticamente sozinho contra a maior poténcia rodurin — a 140 quilémetros de E assim que pode ser entendi vivido pelos cubanos como a unidade ’ sua prdpria sobrevivencia € nio como um iberdade — ou @ politica de informacée: ‘propaganda, como resposta a formiddve ‘de Washington, que chega por todas as vias & Mba. indos para realiz irigentes do governo cubano se contam aos mi- ne ‘0 modelo politico pelo qual opt ida teoria de Marx, Engels © ‘A reyolugdo cubana tem portanto de ser compreendida como ume via especifica de solugao aos problemas de miséria ¢ ditadura produ- zi. pla ees rae oop Ce glance. Esse consenso nao & propriedade do povo cubano. Ele é resultado de um sistema que rompeu com o capitelismo, porque sentiu que os segundo os vaivéns arbitrérios das leis cegas do mer- rarfo, € nfo por outra, que Cuba € considerada ainda ‘subversive por governos latino-americanos, ora o brasileiro, que no rest com © governo cubano. Nao é a alegac jernos de outros paises” que impede esse (erar que a revolugdo cubana é um tema 80 hist6rico novo. Seu destino esta aberio CRONOLOGIA 1868; Carlos Manuel de Céspedes liberta seus escravos, guerra de independéncia Maceo reiniciam a guerra ja. snas em Cuba, quando os Constituinte rma numa neo- : Aprovagio da Emenda Platt por uma instalada pelos EUA. O pais se iadura do general Gerardo Machado. do lider estudantil Julio Antonio Mella no México, licia de Machado. ‘movimento popular derruba a ditadura de Machado. sulgencio Batista & eleito president. patticipa de conferéneia antiimperialista na Co- 1954: Batista convoca ‘grupo de expedicionarios para yoltar a C 1956: No dia 2 de dezembro, desembarque dos guerritheiros a bordo 9 Soi eee nn 1997 1960: do iate Granma. Atacados pelo Exército, entre mortos ¢ disper- sados, sobram 22 homens dos 82 que partido do México. primeira ago da guerrilha: ataque a0 No dia 15 de marco, assalto fracassado ao palécio president ‘em Havana, onde morre José Antonio Echeverria. de greve geral decretada pelo Movimento 26 de Julho. Em junho/julho, ofensiva militar do Exército de Batista contra pais auxiliares para a Rept No dia 2 de janciro, Fidel Castro entra em Santiago de Cubs, No dia 3 de janeiro, “Che” e Camilo entram em Havana € ccupam-na, No dia 4 de janei No dia 8 de janeiro, entrada triunfal de Fidel Castro em Ha- ura da Lei de Reforma Agrétia, Em janeiro, o pi ‘a0 Congresso uma diminuigéo da cota de agdcar que os EUA compravam de Cuba, Em margo, explosio, no porto de Havana, por ato de sabots- lente norte-americano Eisenhower prope 1962: 1965: 1966: 1967: 1968: 1969: 1970: gem, do navio frai pradas por Cuba horas pelas Milicias Populares pelo Exéreito cubano, Fidel Castro faz discurso declarando o caréter socialista da revolu- fo cubana. Em maio, promulgacao da nova Lei de Reforma Agririe . conferéncia da OEA em Punta del Este decide 0 .condmico ¢ politico a Cuba, por proposta dos EUA. © México € 0 tinico pais do continente que nao rompe relagdes com Cuba, Em outubro, a “rise dos foguetes”, com bloqueio naval norte- americano # Cubs, termina com o acordo de retirads dos misseis irma que € necessério “criar dois, tres, m realiza-se em Havana a conferéneia da Orgat Em outubro, morte Em fevereiro, proces do Partido Com Em margo, so nacionalizados os estabelec 1972: 1975: 1976: 1977: 1979: 1985: © Chile, no governo de Allende, restabelece relagdes com Cuba, no que & seguido pela maioria dos paises do continente nos rminando com o bloqueio. iro acordo de colaboragao econémica © de Cuba. Em fevereiro, 6 aprovada em referendo nacional a nova Cons- a de Cuba. im-se eleigdes gerais para as assembléias mu- nacional do Poder Popular. Washington ¢ Havana, ropas & Etiépia para sjudar este pats na itha caribe- com Cuba. rogime somozista, recebendo total apoio de Cuba. Em setembro, realizase em Havana a VI Conferéncia de Paises Nio-Alinhados, sendo Fidel Castro cleito seu presidente até 1983. , realiza-se uma reforma geral de salérios. desenvolvese a chamada “crise da embaixada do ‘que a emigraydo ¢ liberada e mais de cem mil pes- soas abandonam o pais, em meio a grandes manifestagies de ‘massa em apoio ao regime cubano. Em dezembro, realiza-se 0 II Congresso do Partido Comunista de Cuba. Em outubro, invasio norte-americana na iha de Granada. Morrem duas dezenas de cubanos no aeroporto que ‘estavam terminando de construir. PARTE SUPLEMENTAR ‘Os anos da revolugio: Desde o seu triunfo, a revoluso cubana implantou s tradi¢do de atribuir um nome @ cada ano, conforme sua caracteristica principal Esta ¢ a lista dos nomes dos 25 primeiros anos da revolusio: 1959: Ano da Libertagéo 1960: Ano da Reforma Agréria 1961: Ano da Educagéo 1962: Ano da Planificagao 1963: Ano da Organizagio 1964: Ano da Economia : Ano da Agricultura 1969: Ano do Esforgo Decisivo 1970: Ano dos 10 Milhdes 1971: Ano da Produtividade 1972: Ano da Emulagio Socialista 1973: Ano do 20.” Aniversario (do Moncada) 1974: Ano do 15.° Aniversario (do Triunfo Revolucionério) 1975: Ano do I Congresso 1980: Ano do I Congresso \* Aniversério de Girén : Ano 24 da Revolugdo ‘Ano do 30.° Aniversirio do Moncada ‘Ano do 25° Aniversério do Triunfo da Revolugao Principais siglas da revolucio cubana — Associago Nacional de Pequenos Agricultores — Forgas Armadas Revolucionérias Federagdo de Estudantes Universitérios eee ‘Cubanas (0 Cubano de Arte e Indkistria Cinematogréfica de Amizade com os Povos pesca Susie MINREX — Ministio de Relages Exteriors OCLAE — Organizado de Coordenacéo Latin: — Organizago Revolucionéria Integrada — Partido Comunista de Cuba — Prensa Latina (Agéncia de Informagbes) — Partido Unido da Revolugao Socialista — Unio da Juventude de Cuba UNEAC — Uniio dos Escritores ¢ Artistas de Cuba — Unitio de Jornalistas de Cuba Principais 6rgios da imprensa cubana — 6rgio do PCC — diério matutino Trabajadores — 6rgo da CTC — diério matutino Juventud Rebelde — didrio vespertino da UJC it rio matutino da capital Sierra Maestra — didrio matutino de Santiago de Cuba jomal semanal de espetéculos jornal mensal literério ¢ cultural ‘mensal de artes e espetdculos EI Caimén Barbude — Revistas: Bohernia — re Verde Olivo — ‘Moncada — Revolucion y Cine Cubano — revi ‘Mujeres — revista mensal Prins persia smal de informe Cuba Socialista — revista tedrica Cuba — revista mensal de assuntos g UNEAC — revista bimensal da UNEAC TVs: Televisio Cubana — canal 6 ‘Tele Rebelde — canal 2 Livros para consulta ia latino-americana ainda € escessa no izado 0 livro A historia contempordnea da Halperin Donghi, Ed. Paz e Terra, como a) A bibliografia sobre a belied alge cua bean da antologia b) Sobre autores cubaros Hu josé Marti, editada nto de Paises Nao-Alinhados; ‘A nova escalada dos nao-alinhac ima introducao necesséria”, no Di publicado pela Alf Omega; © ¢ revoluco, uma antologia de autores cubanos pul ‘Achiamé/CEBES. ©) De autores brasileiros sobre Cuba destacam-se quails esto dda Brasiliense; € 0s livros de rel 85 revolugao, de Eric Nepomuceno, 4d) Também pode ser consultado Jo Alareén, encerregs- 8 entrevistas sio inéditas «© aqui as transcrevemos como subsidios para uma melhor compreensdo das repercuss6es internacionais da revolugdo cubana Entrevista de John Firch, encarregndo de interesses dos EUA em Cuba Bogota e sucessivamente pi ca Dominicana, para San anos, de 1975 0 1978, trabe- ra. 0 México, onde estive © segundo cargo em im- ‘a Havana. Minha carreira se desenvolveu sempre na América Latina ou vineulada a ela em las 4 ae ei no mere Me ve Sarena iplomético em setembro de 1958 e Castro de 1959, quatro meses depois. Mas nio ‘me lembro da minha reago nesse momento. — 0 que significa ser encarregado de interesses dos BUA em Cuba? 86 cias de escritérios de naquele momento que os d ‘como se fossem misses ‘glo ¢ 08 direitos de uma ‘como chefe de uma mis embsixada sem 0 nome, — E na pritica funciona assim? Vocés tem dificuldades de jato para Juncionar como missao diplomdtica e como embaixador? — Néio, Nenhuma. — Voce nunca havia estado em Cuba antes de 1982? — Nio. — Nao conheceu entio o regime de Batista? — No. B, obviamente, vocé nota que na lista dos paises em que cu ‘tinha trabalhado anteriormente nfo se inclui nenhum pais soci — Em que methorou ou pi tuba com o advento da revol ‘um pais sem usar as ci © tipo de edificios que existiam em todo © hemisfério ocidental, Para quem conhece Havana, por exemplo, vé que aqui havia © hé muitos bairros para operérios, todos idos de coneret ‘existem, Ainda hé evidéncias da riqueza que ex sm uma olhada. Mas as cifras cubanas indicam 1958, a porcentagem da renda nacional distribuida e ma de salérios era maior que @ dos BUA e a de qualquer Isto indica que em 1958 a distribuigao da riqueza em Cube — Como se explica entio que Cuba pudesse ter uma rica, sendo um pais monocultor, baseada num produt © agiear? — Este é um pais sumamente rico num bre Cuba, o que me impressiona muito é a ‘Toda a itha esté cultivada. Hé poucas re estdo cultivadas, onde existem 56 bosques, Eu s ‘deve ter uma das porcentagens de terra Eles tinham chegado a um nivel sumame um pouguinho ou mais que um pouquinho A revoluso era uma revolugdo muito popular. A pergunta ent \- Por que estava contra : — Mas qual é o seu Gallup? Qi sma ave 4 liagdo da estabitidade e do apo i — Eu suponho, em primeiro lug: maioria das pessoas pensa na sua prép geral, no mundo, um povo est a favor d um ser bastante conservador, em ger esto contra 0 governo. Si = posta que temos € 0 que ovorreu em 1980, quan de sair do pais © umas 250 mil pessoas safram. Eu ‘muitos paises no mundo onde ocorra isso. que este pais, como todos os paises socialists, tem controle sobre de pessoas do pais. Se voc€ quer ver que tipo de cubano 1 para sair, basta passar pela nossa seco consular ¢ ver que ‘ ‘média desses pobres € 70 anos ou algo assim, O governo cub: permite que saiam os velhinhos. Isso significa algo. — Em que medida voc eré que o regime é irreverstvel? — 0 regime aqui é muito sélido. Mas no mundo tudo muda. A per- renee eles note pei se unta é saber quando muda. Obviamente este governo nao vai mudar made outros paises da América aa, amanhé. E muito s6lido. ano da década de 50, — As relagdes entre EUA ¢ Cuba jd wo completar 25 anos, desde « tantes, camas em hospi- vitéria da revolugao. Essas relagdes passaram por etapas dis . ‘em geral podem ser sintetizadas como wma primeira etapa de te de derrubada do novo regime cubano (Kennedy, Johnson), di um periado onde predominou 0 bloqueio como atitude cativa — Bloqueio nio é a palavra. Essa € a palavra que eles usam, Tratase de um embargo. — ...bom, de «1 (Nixon) ¢ uma te Carter). A partir da ‘pessoas na Repblica Dominicana que em Cuba. (passou-se a uma nova etapa de endurecimento. A adi ue mostram que, nos iltimos vinte e poucos localiza no alinhamento com a URSS e 10 a lH i a & ly i i & 8 HE ut ndo we conseguite — Que grau de apoio interno voeé cré que disponha 0 regime hoje? nada até aqui. Nessa perspectiva, que balango se pode fazer desse quase 88 89. wean quario de século de politica norte-americana em relagio ao regime cubano? Que ligdes se podem tirar? — Otha, o problema principal que nés temos com os cubsnos & que cles no respeitam as leis internacionais. Que eles reservam a si mes ‘mos 0 direito de ros governos. E se acham que um gover- € um governo opressor do povo, se para eles no soviéticos, que dé aos cubanos a de outros paises. Sem o apoio no poderiam fazer 0 que esto fazendo. O segundo aspecto do problema sovitico € geogrdfico. Teo- ricamente este pedaco de terra, com os sovitti i, i no mundo, para nés. E por isso nés sempre vemos Cuba como um problema geogrdfico. © que eu estou tratando de dizer é que uma Cuba socialista ent si nfo & um problema. Uma Cubs que diz que Karl Marx foi o melhor homem em tode a histéria do mundo em si no & E uma Cuba que esté sempre atacando outros ‘governos latino-americanos, causando problemas neste hemisfério, este sim é um problema, — Mas essa politica de endurecimento jd foi tentada nestas mais de duas décadas e ndo obteve os resultados que seu governo busca. Seu lantecessor neste posto, Wayne Smith, cré que somente uma politica de “acordos graduais” consegue avangar no sentido de melhorar as relagdes. Que pensa disso? — 0 problema do que disse Wayne 6 que nds procuramos seguir essa Cuba, nfo é que nunca acordo, pouco @ pouco. Tratamos durant ‘anos, Carter comegou essa tarefa com toda a boa vontade, Sua meta era restabelecer relagdes normais com Cuba, — Mas vocé ndo cré que as pequenas conquistas desse momento, como 20 a visita de cubanos que ‘96es melhores com Cuba, mas esse dia garem a cultivar 0 seu prOprio jardim cultivar os seus — A posigdo de Cuba 6 a de que a relagto ino-americanos? Que pensariam da nossa po litice se estabelecéssemos relagdes normais com Cuba, ¢ Cuba 20 mes- ‘mo tempo esta, mandando armas para movimentos guerrilheiros em ‘outros paises? Os paises da América Latina esto bastante preocupa- ‘dos com a nossa politica em relagéo a Cuba, em saber se nés vamos ‘continuar apoiando o governo de Fl Salvador, por exemplo. A: ‘nds nfo podemos aceitar a tese de Cuba, segundo a qual nao tica extetior cubana, que devemos deixar isso de lado. iar e fazer concessdes em troca das condigdes que 0 sew estabelece para normalizar as relagées? jemos a oferecer € algo muito importat ‘este pais ¢ a sua economia tém possibi que a cubana, Qualquer pais centro-ar maior que a de Cuba. Cuba nfo t volveu a sua industria, porque néo tei sivamente longe da URSS para abaste nufaturados. Os soviéticos tampouco quer Eles funcionam de 1 que nos conselhos do bloc ressantes sobre a prefer industrial que tenquanto que agora eles vivem do agiicar. se apoio que permite que uma mi cde derrubar o seu governo. Obviat , uma ver. pagos os ‘outro problema — Thores. Porque sempre ‘que, uma vez que eles abandonem esse tipo de atividade, poderemos considerar a possibilidade de rela favorecidos. Uma classe operéria que ganhe mais. E as implicagdes ‘ges melhores. politicas disso sio enormes. Entrevista de Ricardo Alarcén, vice-ministro de Relacdes Exteriores de Cuba entre eles Cuba, a economia cubana par = Que balanco far 0 seu governo das relagdes Cuba-EUA, desde a reno terial aos efeitos do embargo do. qua foi ade dnot 6b) « 70. vitéria da revolucio? Que efiiéneia pode ter entdo o embargo? Que finaldade real se busca indamental das relagdes CubaEUA hi quase 25 i apacidade ¢ na inabilidade dos EUA par: ‘América Latina. Os FU mais do que todo o resto que @ URSS dé a outros De toda a ajuda que a URSS di a outros paises — que nfo é muita — mais da metade é dada a Cuba. Pergunta interessante: se vocé fosse vietnamita, o que pensaria disso? Se fosse do governo da Etidpia, o que pensaria disso? Eu suponho 92 93 econémica e social adotadas pela revolucio, sobretudo a partir da reforma agrétia, em maio de 1959, Nesse momento, os EUA, des- atingidas por essa lei de reforma agréria. F preciso dizer que os EUA foram 0 que adotou essa posigfio, porque Cubs dos outros paises ss empresas nacio- rnenhum centavo alizagao. A Gnica de pagamento, comegaram a i iene pressGes comerciais bloqueio. Posteriormente foi reconhecido publicamente margo de 1960 que o presidente Eisenhower deu instrugio a cia barque de praia Girén. Mareo de Cuba e a URSS rest ia das relagdes dos EUA com Cuba, a, eli nh tice como a presenga de tropas cubanas em Angola, ou quando falam da revolugéo centro-americana, Naqueles havia ainda preocupaclo pela seguranca do regime salvadorenho, nem pelas dimensdes de um aeroporto em Granada. Mas naqueles dias,” no entanto, eles chegaram a preparar e pér em as medidas mais, extremas contra Cuba, como a tentativa de invasio de Cuba, Mas as ‘causas eram os interesses da United Fruits, da ITT, das empresas norte-americanas afetadas, num processo em que inclusive algumas das medidas foram tomadas em resposta a atos agressivos norle-ameri- ‘canos, como a supressio da cota acuearcira ¢ a negativa de empresas 94 com a reforma agréria as ‘num processo de deterioracao, a pa interno a nosso pais. Vinte anos depois, ido. Desoonhecer 0 ‘argumentos no seu confronto com Cul do com o desenvolvimento das relagées reais entre os correspond & sua evolugio verdadeira, O argumento a rea hoje é o da suposta exportacio da revolucao, a sl esté levando a equivocarse de novo em 01 ‘A verdade € que em El Salvador ¢ no cexistem certes condicdes econdmicas, politicas que dem da politica cubana e do que Cuba possa querer ou fe que se desenvolveram historicamente de uma forma alheis 0 yolvimento da revolugio cubana. Comegando pelo fato de que parte do mundo houve insurreigdes, sublevagGes, guerras, que envolye am inclusive os EUA, como na época de Sandino, muitos anos antes da revolugdo cubana. A luta de Sendino precedeu @ revolucao cubana, Farabundo Marti, homem do qual os salvadorenhos revoluedo por parte de Cuba. — Nos EUA stuslmente a administragao do ps culos mais conservadores, e sua forma de tum grupo e uma classe, um setor que esti em decadéncia. Mas, infelizmente para eles, as coisas nfo se dio assim. Esse é 0 grande cesses problemas tém origem interna e que pela busca de soluetes, ¢ no ignorando-os ¢ -pedo notte-americana sobre 0 que ocorre na América égico, conseqiiente, em relagdo a um processo que, seguranga norte-americana € € tinica forma de destruir essa agéo 1a seguranca é pelo envio das suas 0 com o que chama- ro pela grande divul- muito, Quando # Nicarégua denuncia a invasio do seu 96 provas-fotos, armas, equip senga de tropas norte-americanas propria imprensa norte 1s créditos aprovados territ6rio hondurenho, aceltando tacitamente que est@o fazendo 0 que todo que esto fazendo. — Mas na América Cenral esto presentes norteamericanos ecubanos irios da América Central ¢ de El © como instrumentos de forcas ra que eles encontram para destruir a sua c bilidade politica, apresentando-se como um bando, um grupo mi ritério, e que portanto no é necessério chegar a um acordo com para uma soluglo negociada, posto que nao sao representatives. ‘corresponde ® realidade, Todo 0 mundo sabe que em existe um movimento guerrilheiro forte, que, além disso, e-presidente da Frente Democratica Revolucionaria, dade de conjura e de manobra de Cuba acs extremos Interesses que se deve supor que sejam os de intervengao, a guerra, um envolvimento zona, com 0 passar do tempo vai se revel proprios interesses dos EUA. Conforme pas ito negativo para os ipo, é cada vez mais, dificil convencer @ opiniao piblica norte-americana de que 0 movi- mento revolucionério salvadorenho deper ‘uma suposta ajuda I crises internas, porque € um exército que esté perdendo a guerra. Mas cada vez que os guer obtém uma vitéria em Chalatenango, cubanos ou pelos pelo Pentéigono, que vinham legi eleitoral agora ‘vem 08 projetos de suspensio do financiamento dos EUA para a guerra em El Salvador. Eles aceitam hoje a nevessidade de dar prioridade & defesa dos direitos humanos do povo salvadorenho © & negociacao com as forcas guerrilheiras para encontrar uma solugio politica a0 conflito, Se os norte-americanos néo mudam de politica, poderemos ver, dentro de alguns anos, 0 governo dos EUA acusando 0 governo popular — que naquele momento j@ existiré em El Salvador — de estar enviando, & guerrilha de outro pais, as armas que cles haviam manda- do ao atual exército salvadorenho, da mesma forma que eles dizem que as armas que cles mesmos tinham enviado ao Vieina e a Etiépia impede os EUA de derroté-lo. familiares a nés tar que nesta parte que possam afetar mente 0 pais BUA s — Quais sao os critérios de Cuba para normalizar relagdes com os EVA? — 05 conflitos se iniciaram com a negativa norte-americana de res- peitar a soberania cubana em assuntos que competem somente a Cuba decidir internamente, como foi 0 caso da reforma agréria. A partir de igualdade. Enqu expressa fundament lista de temas sobre os quis’ nfo ‘do podemos aceitar também condigao alheia ao conflito bil ‘que podem discutir esses dois pa inventadas ou adicionadas a este temario pelos norte-ame as nossas relagées de cooperaga0 com Angola, que nfo ver com os EUA. Da mesma forma que Cuba nio vai e que mudem as suas relagdes com a Coréia do Sul para que nos sentemos e discutamos as nossas diferencas — Um argumento da Casa Branca é 0 de que as relagoes entre ppatses passam necessariamente pelas posigdes internacionais de 4 comecar pela presenca de armamentos estratégicos soviéticos ‘ameacando a seguranca interna dos EVA. E que as delaras dirigentes da URSS diante da instalagdo dos Pershing na Eur cluent a ameaga de instalar armamento nuclear estratégico de caréte ofensivo em territério cubano. O outro argumento & o da intervenga0 de Cuba nos assuntos internos de outros paises, ex a subver tema restrito as relacdes bilaterais. — Se esse argumeno fosse aplicado de forma conseqiiente, traria re sultados imprevisiveis, porque a URSS tem alguns vizinhos que siio paises esto instal aliados préximos dos EUA. Nes ppor instalagdes militares norte-americanas, et Rico, na zona do Canal do Panamé. Sem no passa um dia em que nao existam m revoluciondrio, governo que ait ‘que ainda ndo tinha tomado m éem que em outras partes do continente tri proximos ido isso como uma ameaca & sua modificagao na politica norte- . que os BUA comecem @ aprender a viver com um mundo que é cada vez menos décil aos seus interesses. Se pretendem relacionar-se bem com o Terceiro Mundo, na base de que o Terceiro Mundo aceite graciosamente a i 5» € imaginarse algo impossfvel. Isto & véo viver num trauma constante a sua politica terior ou tém de se adequar & re do mundo exterior. Isso izeram outras grandes poténcias capitalistas. Os EUA, quem sabe, terio de fazé-lo algum dia. — Que pensa Cuba do oferecimento norte-americano de abrir os seus ‘mercados em troca do que solicita para a normalizagio das relagées entre os dois paises, oferecimento que possibilitaria a Cuba transformar- se numa nova Taiwan? — Isso me faz lembrar quando a inica coisa qu exemplo da livre empresa e da ini privada como meio para resolver seus problemas fundamentais. Todo 0 mundo tomou como ‘uma piada naquele momento, ¢ 6 como eu acho que deve ser tomada ‘essa afirmago agora, Em primeiro lugar, é realmente chocante que 0 modelo que proponham a um pais em desenvolvimento soja Taiwan, que para eles pode ser um modelo de muito sucesso, mas que nunca jidente Reagan em Cancdn, ises subdesenvolvidos foi 0 100 norte-americunas nesta zona do mundo. Portanto, nenhum dos dois argumentos norte-americanos atuais estiveram na raiz dos conflitos jeaca nds nao estamos em condigées de suprimir. E quando serviu como pélo de atragdo pa no seja Porto Rico o model ada pela pritica. Apesar de que foi of do Caribe uma relagao parecida com a criou nenhum entusiasmo na zona, Qi ‘trial de Cuba, é lamentével que, nem sequi que isso seja mente 0 contrério. Nossa capacidade para ajudar indica também que aquela afirmacio nfo é nada possa acontecer essa relagao entre Cuba e 0s EUA. do mercado — que para os reaganistas tem um valor ereio que, se se dess © interciimbio entre os dois paises se desenvol parece supor 0 governo norte-americano. Nao percebem que nest vinte anos, como resultado do bloqueic, » economia cubena mud — 0 balango que Latina nos tiltimos anos e na ‘com os paises com os quais temos v boas. Houve dois casos em que, por diferentes motivos, o nivel proto- colar governo Betancit ido de que nao ha problemas principais desta do que as que tinhamos, intercdmbio de embaixedores, Com a Venezuela existem rela Ou 0 seu pessoal diplomiético como quando houve # ameaga de que bes diplomiéticas plenas. Cul expressio de desagrado, em 98 autores da sabotagem a0 por parte do governo venezuelano que nés reconhecemos como positi- vos, no plano latino-americano. Um governo que teve uma atitude muito destacada na defesa dos interesses latino-americanos no conflito de Contadora, tratando de influir numa solucéo politica negociada desse conflito, afastando-se portanto da estratégia norte-americana. — Com que paises latino-americanos Cuba tem hoje relagées diplo- ‘méticas? — Temos relagdes do que cra hé dois ou tres anos, quando os BUA gaia como objetivo da sua administracio, promover novamente o isolamento de Cuba, Isso efetivamente se expressou em algumes dificuldades nequele 102 paises manifestou temor algum sobre préximos de Cuba, como a Jamaica, ‘nunca acusaram Cuba de ser uma amea: valida a teoria do dominé e da infeccso revoluci pensar que vizinhos tio préximos de Cuba © tio cerdnicos e corrompidos, censurados em todo 0 mundo, de século com uma Cuba socialista em frente das duvalierista, e no entanto nunca houve esse tipo de pr dois, exceto que ndo temos nenhum tipo de relagéo oficial 103 Ai Revowucho Cugana Colecao Polémica Ss isieaeeee teen iileiachan

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