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De Evana Ribeiro
Capítulo 78
CENA 1 – LONDRES/HOSPITAL/SALA DE ESPERA – INT – DIA
Continuação da cena final do capítulo anterior. A mulher, que é Lucille
disfarçada, se afasta de Layla, fazendo-se de desentendida.
LAYLA – Mas você só pode ser Lucille! É idêntica... Quer dizer, o cabelo e os
olhos são diferentes, mas é você sim!
LUCILLE – Senhora, está me confundindo com outra pessoa. Acho que precisa
descansar, percebo que está sem dormir direito há um bom tempo...
LUCILLE – Mas que droga! Eu devia ter feito uma cirurgia plástica.
CORTA PARA
CENA 2
Tomada de Recife.
CORTA PARA
AURORA – Que bom, eu também estou hospedada aqui. (t) Cris, se você não
tiver nada muito urgente pra fazer agora, a gente pode conversar?
CRISTINA – Agora?
CORTA PARA
PIETRA – Achei que você fosse fazer uma festa quando visse a sua mãe. Ainda
mais estando grávida...
CRISTINA – Valeu.
Cristina dá a mochila para Pietra, que sobe com Mateus. Pietra sai.
CORTA PARA
CRISTINA – Pronto.
AURORA – Como?
AURORA – É verdade. (t) Agora você vai ter que abrir mão dos seus sonhos,
como eu tive que abrir mão dos meus quando engravidei da primeira vez e aí veio
você. Meus sonhos não eram tão grandiosos como os meus, mas enfim.
AURORA – Queria ser aeromoça. Sua avó morria de medo de avião, não queria
que eu seguisse essa carreira mas nem passando pelo cadáver dela! Depois que
eu comecei a namorar seu pai, ela quis de todo jeito que eu virasse aeromoça e
fosse morar longe.
AURORA – Não é isso. Eu gosto, mas não o suficiente pra casar, entende?
CRISTINA – Por isso que se engraçou com o Flávio?
AURORA – Não fui eu, foi ele. Meu erro foi ter caído na dele e não ter sido forte
pra cair fora depois. Por isso que até hoje eu fico me perguntando: por que não
segui a minha vontade?
AURORA – Também não sei, não me preocupei com isso. (t) Cris, você ainda tá
com ódio de mim?
CRISTINA – Ódio?
AURORA – É. Ficar esse tempo todo sem falar com você foi a coisa que mais me
doeu... Se eu pudesse voltar no tempo, com certeza eu não teria nem me
envolvido com o seu irmão.
CRISTINA – Eu não te odeio, mãe. Fiquei muito magoada por você ter traído o
pai, mas tô vendo que você tá arrependida de verdade.
AURORA – Qual?
CRISTINA – Quando o bebê nascer, não dê ele a ninguém. A gente leva ele pra
casa e dá um jeito de explicar de onde ele veio. Mateus é bom de contar
mentirinhas...
CORTA PARA
CENA 6
Tomada de Salvador.
CORTA PARA
FERNANDO – Apesar de ainda saírem notas nada agradáveis sobre mim nos
jornais, eu ainda os leio. (t) Então saiu a única notícia que faltava! Esposa de
empresário falido presa portando cocaína!
BÁRBARA – Esses jornalistas aumentam tudo pra aumentar as vendas! Eu não
tava com isso aí.
FERNANDO (pega o jornal sobre o sofá) – Então quer dizer que esta foto aqui é
uma montagem!
FERNANDO – Era tudo o que faltava para acabar com a minha vida!
BÁRBARA – O que a sua vida tem a ver com isso? Se alguém fica desmoralizado,
esse alguém sou eu!
BÁRBARA – Então não reclama! Se isso te deixa mais alivado, eu não sabia que
aquele doido que tava comigo tinha tanto pó assim.
FERNANDO – Tá, já chega. Por que estou me estressando tanto com isso? O
problema é todo seu.
BÁRBARA – Pois é!
Bárbara sobe as escadas. A sala fica vazia. Permanece assim por alguns
instantes. Gabriel entra, vindo da rua.
CORTA PARA
CENA 8
Tomada de São Paulo.
CORTA PARA
KAREN – Vai. (t) Mas vai se comportar direitinho, não é, meu amor?
Eles saem.
CORTA PARA
VINÍCIUS – E agora?
MILENA – Agora eu tenho que dar um jeito de conversar com eles e explicar toda
a situação.
MILENA – É, eu devia ter trazido a foto! Mas também tem outra opção. (t) Eu
podia dar um jeito de tirar Valentina de casa e promover o encontro. Que acha?
VINÍCIUS – É, seria legal. Mas de todo jeito, tem q falar com eles.
MILENA – É...
CORTA PARA
RECEPCIONISTA – Disponha.
CORTA PARA
CENA 12
Tomada aérea de São Paulo, indicando passagem de uma hora e meia.
CORTA PARA
JERRI – Ana Paula, pode ser depois? Eu tenho que falar com o Leon.
ANA PAULA – O Leon pode esperar, ele vai entender. Eu é que não posso
esperar mais!
ANA PAULA – Não, vamos ficar aqui embaixo mesmo. Eu quero que todo mundo
ouça o que vou dizer.
JERRI – Vá lá...
ANA PAULA – Eu fui uma idiota, uma egoísta, uma burra quando te tratei daquele
jeito! Eu só pensava em grana e fama... Nunca duvidei que você gostasse de mim
de verdade, mas... Eu não queria gostar de você! Pelo menos não antes de
conseguir o meu objetivo...
ANA PAULA – Agora eu penso assim. Mas antes eu não imaginava que dois
lascados como nós poderíamos fazer algo juntos... Eu queria que você me
perdoasse... Queria não. Quero.
LEON (off) – Tipo, se fosse eu, com certeza não ia querer ficar com ela depois de
toda aquela humilhação, mas se você ainda gosta, e quer ficar com ela, vai fundo!
Jerri abraça Ana Paula e eles se beijam. Reação das pessoas presentes.
Corta para Leon descendo a escada. Ele ri ao se deparar com a cena. Corta de
novo para o casal, ainda se beijando.
CORTA PARA
CENA 14
Tomada aérea de Recife.
CORTA PARA
AURORA – Acho que você devia tentar trabalho num hotel, numa loja ou...
CRISTINA – Mãe, respira fundo, tá? Daqui a pouco vai chegar o táxi e a gente vai
pro hospital.
CORTA PARA
CORTA PARA
CORTA PARA
FLÁVIO – Onde é que essa criatura tá que não atende esse bendito telefone?
Logo agora que tem uma bomba pra ela saber?
CORTA PARA
CENA 17
Tomada de São Paulo.
CORTA PARA
ALICE – De forma alguma, mas... Acho que você devia ficar mais tempo com
Valentina. Ela é sua noiva e não a vejo ao lado dela em momento nenhum.
HERMAN – Não sei... Acho que ela tem preferido ficar sozinha.
ALICE – Aposto que se você se aproximar, conversar com ela sobre qualquer
coisa, distraí-la, ela vai se sentir melhor. (t) Ou é você que está se esquivando da
companhia dela?
HERMAN – Para mim, gostar e amar tem o mesmo sentido, nesse caso.
ALICE – Não, não... Se você sentisse por ela algo tão forte, diria logo que a ama,
não que apenas gosta. (t) Me diga, Herman, com toda a sinceridade. Você ama
Valentina de verdade ou ama apenas a parte de mim que viu nela?
HERMAN – Não sei por que você me faz essa pergunta! Por acaso você acha que
eu pretendo resgatar aquilo que você chamou de ‘aventura’ e que eu chamei de
‘amor’?
ALICE – Acho que sim. E de uma forma muito pior, usando a minha filha para me
representar nas suas fantasias! Não quero que ela saia de um sofrimento para
entrar em outro. Não quero que ela passe a vida inteira sendo comparada a
ninguém, muito menos a mim.
Corta para o outro lado do jardim, mais perto da entrada da casa. Marcelo
sai, vê Alice e Herman alterados e se aproxima um pouco mais para poder ouvir, o
suficiente para não ser percebido. Corta de volta para o casal.
ALICE – Tá vendo? Você acabou de admitir que a Tininha pra você é uma
representação do que eu fui. Você não ama Valentina pelo que ela é, e sim pelo
que há de meu nela!
HERMAN – Eu posso amá-la pelo que ela é por inteiro, sim! (t) E vou me
empenhar em esquecer que um dia amei você, da mesma forma que você se
empenhou, e pelo jeito, conseguiu. (t) Vou esquecer que um dia eu disse que você
era a mulher da minha vida!
CORTA PARA
FADE PARA
MICHAEL – Oi!
VALENTINA – (sorrindo) Ah... Então é você o homem das rosas vermelhas, hein?
MICHAEL – Eu? Não, eu não. Eu tava vindo pra cá, um rapaz me abordou e me
entregou as flores. Só disse que era pra sua casa e se mandou.
VALENTINA – Tenho medo dessas coisas. Quase todo dia chega um buquê
desses, sem cartão, sem nada. São lindas, mas é melhor me desfazer delas.
FADE PARA
CORTA PARA
CENA 22 – ESTÚDIO – INT – TARDE
MILENA – Não, é que... Eu queria falar com vocês dois sobre um assunto
delicado.
MILENA – Da Angela.
MILENA – Bem, acho que vocês souberam alguma coisa sobre o seqüestro de
uma garotinha chamada Angela, que sumiu em Londres há um certo tempo.
JULIAN – Se saiu alguma notícia sobre o caso foi depois que viajamos. E
andamos tão ocupados que mal dá tempo de ver as notícias...
MILENA – Acho que por uma coincidência milagrosa, esta menina que vocês
adotaram como filha é minha sobrinha. (t) Tenho quase certeza, porque não
consigo imaginar que possam haver duas meninas fisicamente iguais, com a
mesma idade, no mesmo país...
JULIAN – Uma vez, quando já estávamos aqui, uma babysitter disse que Angela
falava muito sobre mãe e avó. Isso me deixou intrigado e eu até ia viajar à
Inglaterra para saber o que era, mas acabei não indo.
MILENA – Sim! A mãe deve ser Valentina e a avó, Lucille, que foi acusada do
seqüestro e morreu logo em seguida.
KAREN – Não pode ser! (t) Não é possível que eu vá perder outra criança! Eu
achava que dessa vez tudo ia dar certo?
MILENA – Bem, eu quis falar com vocês logo porque quero que Valentina veja a
menina e tire a prova. A mãe não vai se enganar.
JULIAN – Tudo bem. Marque o encontro se quiser. (t) Karen, lembra que uma vez
você me disse que o encontro com Angela só podia ser coisa da Providência
Divina? Pois é... Pelo jeito a nossa missão foi trazer a garota de volta aos braços
de sua mãe verdadeira.
KAREN – Eu não queria me desfazer dela... Já estou tão apegada...
CORTA PARA
Vinícius, sentado na calçada, toma sorvete com Angela, que está em seu
colo.
ANGELA – Não...
VINÍCIUS – Ah, que pena. Porque uma cantora famosa tem que ter uma voz
bonita e um rostinho lindo. O rostinho você já tem. (t) Do que você gosta de
brincar?
VINÍCIUS – Ah, então eu vou dizer pra Karen comprar um cachorro bem pequeno,
que dá pra guardar na bolsa. Já viu desses?
ANGELA – Não! Karen não. Mamãe.
VINÍCIUS – Mas eu só conheço esse nome da sua mamãe, Karen! (t) Qual é o
outro nome dela?
ANGELA – Tininha!
VINÍCIUS – Meu Deus. É a minha filha mesmo! (t) Essa coisinha fofa é minha filha
com a Valentina... Como eu pude ser tão idiota de ter rejeitado essa garota?
CORTA PARA
CENA 24
CORTA PARA
LAYLA – Nada... Amanda está se acabando de aflição porque não pode ver o
menino, mas ele não melhora! (t) E é tão pequeno... Tenho medo de que ele
morra.
ISAAC – Tomara que isso não aconteça... Não sei como Amanda ia ficar se
perdêssemos ele.
Lucille passa apressada por eles, tentando não ser notada. Layla a vê.
LAYLA – Olha, Isaac, eu preciso ir embora agora... Diga a Amanda que volto
amanhã. (sai correndo)
Layla não ouve. Isaac sai atrás dela e consegue ver que ela persegue a
ruiva (Lucille).
ISAAC – Ora essa... Agora ela deu para perseguir enfermeiras! (t) Ou ela anda
sabendo de algo que eu não sei?
Isaac olha para a entrada do hospital, depois para a rua, e decide-se por
seguir Layla, que acaba de entrar em um táxi. Isaac chama outro táxi, que segue o
veículo da frente.
CORTA PARA
CENA 26 – LONDRES/RUAS – EXT – NOITE
CORTA PARA
LUCILLE – Droga! Estão me seguindo. (t) Eles não podem ter me descoberto...
Estou perdida, perdida!
CORTA PARA
Isaac olha fixamente para o carro da frente, que é o táxi onde Layla está.
Está muito nervoso.
ISAAC – Meu Deus... Não posso perder essa mulher de vista! Ela com certeza
descobriu alguma coisa importante pra sair correndo desse jeito. (t) Hey, man!
Don’t lose that car!
O motorista acelera.
CORTA PARA
CENA 29 – TÁXI 2 – INT – NOITE
CORTA PARA
CORTA PARA
CENA 31
CORTA PARA
MARCELO – Sobre Herman. (t) É que eu andei ouvindo algumas coisas sem
querer, e gostaria que você me explicasse. (t) Por acaso você e ele tiveram algo
enquanto estivemos em Londres?
CORTA PARA
VALENTINA – Quer dizer que existe um comparsa! Lucille tem um, ou uma
comparsa, que mandava as rosas vermelhas. Ela se fazia de desentendida... Mas
agora tudo é muito claro! A gente tem que descobrir quem é a pessoa que
mandava as rosas, aí a gente provavelmente vai chegar no paradeiro da Angie!
VALENTINA – Ai, Mi... Se for coisa pra sair é melhor esquecer. Você sabe que eu
tô muito sem ânimo pra pôr os pés pra fora de casa.