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tendo como bisturi a pulséo de morte. 'E importante lembrar que hao $1 articulado ao $2 na cadeia significan- tee que ha SI naoarticulado a cadeia —a Coisa é da ordem do nao repre- sentavel. Eo desejo do analista que ‘mantém a sustentacio do lugar va- zio para que aise fale. Nesta funcio de vazio a presenca do analista tta- balha o objeto a, pata destitui-lo (objeto causa do desejo, nao repre- sentavel; posigio do sujeito na cena fantasmatica, posicio esta de com- pletamento do Outro, de tampio da falta do Outto). O objeto em psicanalise € desde sempre perdi- do. Da fungao de Sss para a funcio de pura presenca faz-se a articula- glo entre o saber eo rochedo da cas- tragio. Introduzir 0 discurso do Outro € introduzit a possibilidade de articulagao do sujeito € 0 meio de locates ignificaco, que prende o sujeito 2 alienagao no dis- curgo do Outro. Ena travessia desta posigo que, em sua estitica, res- ponde a ética do desejo, ao mesmo tempo que é ponto de dessubjeti- vaca0; suporte do desejo, 20 mes- ‘mo tempo que o ponto em que o goz0 se desvela Eo fim deandlise? Ea radicalida- de da singularidade. A psicanilise € © exetcicio da diferenga no sentido de permitir que sujeito ¢ objeto ‘possam ser tomados em sua nfio-re- presentabilidade, elevados 4 cate- goria da Coisa. O fim da analise € tum poder desejar na spaltung, sus- tentado na castragio; poder operat mais a sublimaci0 como destino da pulsio; poder passar de objeto do desejo do Outro a sujeito do desejo na travessia do fantasma, pela des- titmicao do objeto a. Bibliografia Feeud, Sigmund - OA Berne Cina, Lec, agu Oy in en de Pr ah Jacques =F Ebigue del prycbovnpe Comic anaisa boy Teer Eat ate ‘nal del Campo Feudana «Maan eras Casa Publis dx Coa Freudian Cartan 3 Modules: No A cia sem etic Clnice des Prcoues a Bite Freudiana Brsetea, @7 O “Unheimlich” em Freud e Schelling Bernardo Carvalho Ao utilizar uma citagio de Schelling em seu artigo sobre 0 unheimlich, Freud a desloca do seu sistema original de referéncia ¢ a interpreta num sentido oposto a este. (EI Sinistro”, na tradugio espanhola, L'Inquiétante Etrange- 6°", na edigdo francesa, ou, como nos parece mais preciso, "“O Es- tranhamente Familiar"), Trata-se de uma andlise bastante oti- ginal para a época, uma abordagem psicanalitica de um conhecido conto de Hoffmann, “°O Homem da Areia’' (Der Sandmann). Embora aparentemen- te rigoroso ¢ cotteto em sua constructo, existe algo no cerne da propria argu- mentagio desse texto que pode criar problema, e mesmo uma significativa contradigio, se examinado com mais cuidado. Trata-se aqui de uma citacio de Schelling, fora de qualquer contexto e interpretada de mancira bastante tendenciosa, no caso, psicanalitica. A frase do fil6sofo ver 2 baila para ilus- tar, entte outras tantas de outros autores de lingua alemi, os diversos senti- dos e empregos do termo unheimlich. O que se torna interessante € que, pot ironia ou talve por simples inadverténcia (a citago, como as outras, sc en- contra totalmente descontextualizada), o trecho atributdo a Schelling, se re- - ‘m 1919, Freud publica um texto como titulo "Das Unheimliche”” Bernardo Carano ~ omalista 7 ft nen CE it ae Hag He iff a fazer olhar através das lentes ou da satdnica lunera do tico, ou que tal- vez ele mesmo, em pessoa, tenha othado através de um desses instru- mentos. A conclusio do conto mos- «ra claramente que o tico Coppola € realmente o advogado Coppélius ¢, por conseguinte, também 0 ho- mem da areia’ (identificagio atti- buida, em principio, apenas ao de- sequilibrio do personage”). ‘Construido inicialmente em for- ma epistolar — forma subitamente intetrompida pela voz exterior € anénima de uma narrador —, 0 conto trata evidentemente de um processo de loucura, mas que sera sustentado, ao final, na ambigiii- dade da ficgio, como real. Um jo- vern (Nathanael), afastado de sua familia por razbes de estudo, en- contra um vendedot de barémetros c acredita ser ele 0 mesmo advoga- do Coppélius responsavel, hé mui- tos anos, quando ainda era crianca, pela motte violenta de seu pai. O vyendedor se chama Coppola, 0 que contribui para que o personagem confirme essa identificacao. A lem- branca de Coppélius, identificado, por sua vez, por Nathanael quando pequeno, 2 figuia acerrorizante de um “*homem da areia’ (artimanha impingida as criancas para conven- cé-las air paraa cama) que visitava © pai com alguma frequiéncia, sem- pre a noite, 0 assombrae atemoriza nna atualidade, traz de voltaumaex- periéncia fancasmicica da infancia (a morte do pai). Nathanael escreve so irmdo de sua noiva (Clara) e esta Ihe responde que seu temor em re- lagio a0 advogado Coppélius (rea- rnimado pela imagem do vendedor Coppola) é obra de sua imaginagio infantil. pois o terrivel “homer da areia”’ no passava na verdade de tum alquimista e quea morte de seu pai, longe de poder ser vista como resultado dos poderes malignos do advogado, era conseqiiéncia exclu- sivae bastante comum de explosbes causadas pelo tipo de experiéncia a que se entregavam os dois durante a noite. Clara traz, portanto, a di- mensio do real ao relato imaginécio de Nathanael. Mas isto nao se reve- lard suficiente. Depois de uma esta- da junto & familia, Nathanael volta a cidade onde estuda ¢ se instala ‘num apartamento cujas janelas dao para a casa de seu professor, o fisico Spalanzini, Recebe ai, novamente, a visita de Coppola, agora venden- do éculos, lentes ¢ lunetas. Com uma dessas lentes, conseguiré ver a “filha’” de Spalanzini, Olympia, € se apaixonara por ela de uma ma- neira cega, completamente obsessi va. Finalmente, descobrirg que Olympia é um autOmato ctiado conjuntamente por Spalanzini ¢ Coppola (ou Coppélius) ¢ enlou- quecerd definitivamente, termi- nando por se atirat de uma torre (depois de tentar matar sua noiva) ao ver Coppélius I embaixo, no meio da multidéo, Freud analisara 0 conto, inter- ainda claramente delimitado em telagio a0 mundo exterior € 20 ou- tro". ‘No entanto, néo sera a interpre- ‘agio psicanalitica — sem daivida, brilhante — que nos interessard na contraposica0 com 0 pensamento schellinguiano, mas antes essa no- fo de identificacao entre real ¢ imaginario como caracteristica de lum sujeito ainda inacabado ou, se- ‘nfo, como no caso do personagem, desequilibrado. ""O estranhamen: te familiar surge com freqiiéncia e facilmente cada vez em que os limi- tes entre imaginacao e realidade se dissolvem, em que o que tomamos por fantéstico aparece como real, ‘em que um simbolo toma a impor- tinciac a forca daquilo que erasim- bolizado e assim por diante"”. Besta iltima frase que nos parece mais marcante da distineia das ) estranhamente familiar surge com freqiiéncia ¢ facilmente cada vez em que os limites entre imaginacio ¢ realidade se dissolvem”” pretando toda a questio selativa aos olhos (0 "*homem da arcia’” € aquele que vem jogar areia nos colhos das criancas, Coppola vende lentes e lunetas, além de ter criado osolhos de Olympia etc.) como me- do de casttagdo; 2 obsessio por Olympia como amor narcsico, ¢, por conseguinte, a trajetoria’ de sdentificagao do personagem (con- fundindo tealidade com imagina- Gio) como um "‘retorno a certas fa- ses da histéria evolutiva do senti- mento do ego, (...)tepressio a épo- a em que 0 ego nao se encontrava 19 idéias ¢ a0 mesmo tempo da proxi- midade tematica entre Freud € Schelling. Enquanto 0 primeiro ptetende mostrar como esse sujeito nao-delimitado, identificando imaginatio ¢ real”, resulta em de- sespero ¢ angtistia, Schelling centa- 14 pensar exatamente essa identifi- cagio (entte real e imagindtio, en- tte teal c ideal) como fonte da sere- niidade do homem dentro da natu reza, Torna-se curiosa, entdo, a in- erpretacio freudiana da frase de Schelling (‘*Chama-se unheim- ich wado 0 que deveria permane- pms _B fi HI th HE Ty Porm pennants gaat ald nthe it

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