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Deaccates, Drseueso do rte lo Bee How pny 1464 Texte de ahoto noe NOTAS cave wn rao ere a i ro ea & Ovacata nese 8 Fu, palate be ven [Racine wenzanane le sun tt ota 6 Mom Proves (03 Sot aia humane. 1V PARTE Nio sei se deva falar-vos das primeiras meditagdes que ai fiz (*), porque to rietafisieas e120 paieo comuns que nao agradargo talvez. ao gusio de toda o gente. E, lodavia, veja-me de certo modo obrigado a falac delas, 4 firm de que se possa julgar se os fundamentas que enunciei sdo bastante Tirmes, Desde ha muito notara eu que, no que se refere aos costumes, & neces- sirio as vezes seguir como se fossern indubitiveis opinides que sabemos serem munto inicertas, como j8 atrds foi dito (2). Mas, porgue agora desejava dedicar me apenas 4 procura da verdade, pensei que era precisa que eu fizesse exac Lamente a0 contrério e que rejeilasse como absolutamente (also tudo aguilo » em que pudesse imaginar a menor diivida, a fim de ver se, depois disso, nda Ticaria alguma coisa na minha crenga que fosse inteiramente indubitavel. ESCLARECIMENTOS Wy PARTE | — TEORIA DA DUVIDA nvre Ourubro de 1628 e Julho de 1820, apés finalizar o esboco ds Regras para a Direvede da Espirito, Descartes elebora um primeiro manuscrita sobre os seus pen femenios metofoicas, danda astim corpo & oplcardo da repre da divide (primeira Meqra} 20s objecos de estudo especficamente fdoséjicos — Alme, Mundo, Dews ¢ Vardade. Esla1¥ Ponte do Discurso do Mé\ode é um resumo desses estudas e parece teva bose partir da quel Descartes redige, em 1638, as suas Meditactes Metafisicas, publiendas cm 1641, em latin, juntamente com seis Objeccbes de véri0s tesogos € : Jilosofos ¢ as devitas Resposias do autor. } Desenrtes nicia sia IV Porte dstinguindo 0 dmnbiro de aplicaso do provesso da iiunide - enbora nda ophieével ao domina ds pratica moral (cf. Segunda hdxina ‘io «Aforel Provisdrion a [If Parte —, 0 divide deve ser aphicada w todo @ davrinio 59 Assim, porque os nossas senticos nos enganam algums vezes, quis sum que nao existe coisa slguma que seja tal como eles a fazent imiaginar. F porque ha homens que se enganam ao raciocinar, mesmo a propdsilo das mais ssn ples questoes de geometria, ¢ neles cometem paralogisnays ("), a0 cumsideras que eu estava sujeito a engansr-e, como qualquer outro, rejeiei came fal sas todas as razdes de que anleriormente me servira nas demonstracbes. inal 40 conhecimmento até que, por via dela, e atinja qualquer coisa que seja absoluta ‘mente indubitdvel, ita ¢, 2 verdade. Deste mado, a compreensin plena do desenvot mento do flosojiecartesiana apenas pode ser enlendida através da expicardo do uso que Descores for do pracesso de divide. Analisemos, entéo, 0 questo a ci fm Descartes A necessidade da exsténcia do processo da di vida em Descartes € assim steicads or Martial Guerouit: Se se ques atingi¢ una certeza intcira, € preciso nada adnnir fm nos que ni seja absolulamente c#10, Ou, nouifOs termios, € preciso levantar # dfivide em todo o que nd & certo de wina certeza absolu.se, por outro lado. precise texcluir absolutamente de nds tudo 0 que éimpregnado por essa ihivida. Dai aparecer ‘uma tripla necessidade:1.*) Neeessidade previa divida (no eonhecimento}; 2.*) Neces sidade de nada excuir da divida enquanto ela nde for cadicalmente impossiel; 3 [Necessidade de rata provisoriamente como falsas as coisas impregnadas de divide, ‘aque provocn a necestidade de as reeitar inteiramenie. A esta tila nevesilade co fespondem (réscaracteristcas da duvida cartesiana: Ble & metéidca, ela € vnivessl cla radicel, Para além disso, o seu cardeter meiSdico, tarnando-a num simples instrumento tendo como fim fundar a certera do saber, isto &, 0 doginatismo da cia. tia, origina uma quar caracieritica: a divida cartesiana & provisérie (M. Guerroul, Descartes Selon L"Urdre des Raisons, Paris, Aubier-Montcigne, 1968, T. 1, p. 43) Explicanda 0 pensamenio de AM, Guerroult, podemos diver que a divida em Des corte da) Metedica, isto, ela postulase coma um instrumento groseotdgico cu percurso tem como mela alingir a verdade, Distingue-re, assim, da diva pirrénica {de Pirro) cujo dmbito ndo £0 € absoluto e universal como considera previomente Jmpsivelatingt-se 9 verdades b) Universal, isto é, no processo de conhecirento nada deve ser inure 6 apiicesdo do criteria de dhivida. Esta universaldade da divida levard Descortes 9 postular na Primeira dos seis Meditagbes Metafisicas a hinstese dda existéncia de um Génio Maligno que nas ivesse de tal modo criado ue nviea fnos deicestectingr @ verdade, mesmo quondo a julgamos passur: Suporel eniao que txist, ndo um verdadeiro Deus, que & a soberane fonte da verdade, mas um certo ‘mau génio, nfo menos manhoso e enganador que poderoso, que empregou iodo 0 seu engeno a enganar-me, Bu pensarei que 0 clu, 0 af, a tera, as cors, as ora, fs ons ¢ lode 8 cosas exteriores que nds vemas nao sao sendo ilusdes ¢ eaganos de que ele se serve para surpreender a minha eredulidade. Bu considereime a mim. prépria como nfo tendo macs, cllios, came, sangue, como no tendo nenhum dos Sentidos, mas crenda falsamente le 1odas estas coisas (Meditardes Metafisces, Pi tneira) A esta universelidade do dvd, que ating a exsiénci do prio Lew airs So ortificio de hipotese do Génia Maligno, ¢ habliwal designor-se por divido Wiper. bélica no senso de exireme, exogerade, levada 20 seu sndvimo timite:c} Racal 60 menie, considerando que (odos 05 pensementos que temas no estado de vigh fis nos podem também ocorrer quando dormimos, sem que, reste caso, zlgum ‘eva verdadeira, resolv supor que todas as coisas que até enti tinham entra tro mow espitita nao eram mais verdadeiras do que as ilusBes dos meus sonhes. sn no no seid pinicoacima enanciad d re divida qe permonee 1 ie nada enegande et atingindo Oe verdad, mas no sei re ora de tgos es tents de tga ono send de ie bse Pur raateqalger Que se reconcst. (mesmo o 3 is 1 eee or) de noco a Pode ang we ers 290 oe ee gue nem raga ser capa de deste) Finalmente Sam en oe mostulga como wn meio para ange 8 verde, ea desprece somone Gut enon por M, Guero, podeninsareentar te caiman si oso ainda aca oA dv (0b Lana tod el 2 a a vonage (2 Chevalier. op. ct p 212) Nas Metis ne a one Dacores Osan a yorfae A vad cis 7s gis Meiel 17 ar gn gn os ov gva-os das cH Que o Eten Fe nos deal do que oo senmos nenhurs Tore exit ree ett tf, noses Fs, £6, afrme Deseesce Me gor de ros enganados. 4 vontae tm por fnte ore daa am A ede opmes on m0 eno, de ir Hiertormos dbs ee i iplo coi, de oes edema, Segundo DES, @ ona eee vemos sndo op conuecimento muita conf Pt ae ei al plac do vontade que ns arcs J 6 Fo eee i a coins urs idea), as 180 podem, propsareels as reeionr mt cr eugtes Mica, Asin 0 er. existe ara Lan ato logo bo cae din endo 0 uso dood 1 ee ee enendinento are vee a impulse von can aie oo, precploto ea prevenedo dor noses uta Ora, @ So us aus or onde oven de cote eoreoat © enenimen'o et er pra asa rata coe ae suspen odo 0 0s F1 aan al eos opis comecrnenteniico«Hossie pa LSA area yt propa a eceigee de apenas ait 20508 7 legen pl eerdimen. Hos Prien lwo 7 3 Lee jnins mena Chx Caf bul qe €preseNE MAN Descari dein 2o comodizana ver anentecs bets quando, 800 fs um A onemeni (7 E atato aqua aren ce el odo ore Pree ge tours eqn sb em saul que apace ranifecmente a ene anit A coreca eo doting no conhecimen0 3a 62 doi st Mas, logo a seguir, notel que, enquanto assim queria pensar que tds era falso, era necessario que eu, que o pensava, fosse alguma coisa. 1 nods que esta verdade: penso, logo existo, era to firme e ldo certa que todas as mais extravazantes supdsiedes dos cénticos no eran capares de a ubalay julguei que a podia aceitar, sem escrapulos, para primeiro principio da file sofia que procurava, Depois, examinando atentamente 0 que eu era e vendo que podia imaginar que nao tinha corpo algum e que ndo havia nenhum mundo, nem qualquer ugar onde en existisse; mas que nao podia imaginas, em fungdo disso, que eu nfo existia; ¢ que, pelo contrario, justamente porque pensava duvidar da damenta do método, & sempre 0 expressio de umm acl lure do vontde, 0 qual per mite, por ur lade, suspender 9 julko preconceituaso, canfuso, falso ou errad or attra, dar 0 sua adesio ao juts verdadeir, ito ¢, 0 juen claro e sino. ou. como escreve Mf. Guergult: O acto de rejeitar voluntasiamente como also tudo 0 ‘que em geral eu ndo tenho a certeza testemunha a intervencdo da liberdade. que nio 56 suspende 9 julzo de afirmagdo, coma o transforma ein juize negativo |) Esta passagem do plana da natureza do meu espirito a0 plano metafsico que o transcende 0 poe em questdo faz apacecer, no processo da cvida exaustiva, uma descontinui lade que torna bastante manifesta a invervencto do meu Hivresarbittio (e de vontade) fof, M. Guercult, op. cit., pp. 37-38) ‘As quaira enunciades por M. Gueroult #4 da voluntariedade da dhivida, acrescen lamos ume ovira€ silima earacteristica, que como que englobs as resiantes:{) ivita é Metafisica, cto 6, fal ;omo toda sue ciénia se desenvotve a parti da Inspi rato das longas eadeias de raviocinios elaboradas pelos gedmetras, asst a elabora (0 do Filosofia de Descartes tem c zeu centra.na divide, comipreemdida esie coma tim instrumento, par won fado, de negacdo das filosofias anteriores, e, por awire, de ‘construcao da sive prépziafilosofia. & a partie da divide que Descartes suspense os seus juizos sobre 9 existéncia do mundo, deixondo emerg\r no seu inderior @intuigda do Cogito ou do Bn penso, logo existe. Dito de outro modo, 0 ciivida suspende a ‘adesdo do entendimento de Descartes a fodas as enfdo consideradas verdades, ppermitindo-the reformulétas a partir dos seus fundamentos, ou, como afirna Len: nardo Polo numa frase bastante expressive: a divide aponta para average (L, Polo, Evidencia y Realidad en Descartes, Madrid, Ed. Rialp, 1963). 2-0 cocITo 0 cogito éa expressto final sintévica eintitivada processo de divide. Com efi, através deste processo gue se atinge a substincia do alma comma puro pensamento {res cogitant)e que.se define a esséncla do homem por via desia substancic: ew penv0, ogo existo (cogito, exg0 sum). Do mesmo modo, € do interior do cogito que surge ‘ ideia de Deus como suprema peifeicdo e existéncia, Assin, de wn ponto de visa {40 interior da sua filosofia, compreende-se que Descartes nha zxigico a east «agit rg sum 2m primeiro principio da Tiosofia que procurava 62 ‘ordade das outeas coisas, seguia.-se muito evidentemente e muito ceitamtente Gue cu existia; ao passo que se deixasse somente de pensar, ainda que tudo 6 que tinha imaginado fosse verdadeira, ado teria razdo algume para crer que eu enstia, Compreendi, por isso, que eu era uma subst&ncia cuja essen: ‘aa ov na(ureza € unicamente pensar eque, para exstir, no precssa de nenhuam lugar nem depende de coisa alguma material. De mancira que esse eu, isto € 2 alma pela qual eu sou 0 que sou, ¢inteiramente distinta do corpo, © mesmo mais facil de conhecer do que ele, ¢ tinda que este nio existisse, ela no deixaria de ser tudo que & Depois disso, considerei em geral o que € nesessario a uma proposiga0 para ser verdadeira € certa; porque, como acabava de achar uma quea sabia como tal, pensei que devie saber também em que consiste essa certeza. E tendo riotado que no Eu penso, logo existo, nao hé nada que me garanta que digo a verdade, ando ser que vejo muito claramente que, para pensar, € preciso existr, juletci que podia tomar como regea geral que as coisas que cancebe- ‘mos bastante clara e bastante distintamente sf todas verdadciras, havendo apenas alguna dificuldade em notar bem quais s4o as que cancebemos dis linrament. Porém, também de um ponto de visia de histria do fitosofia, este seu princi nie enconira eo na iradigdo jloséfica exabelecidaacadernicamente. De facto, erid0re Imilénio © meio de crisignismo tivesse cenirado a esséncia anvoldgica do hornent ae ttima, enquanio semethanga com a divindede, eleere, porém, considerado como wm fer constiuinemente fornado de alma e corpo, sendo 0 corpo mais distinsamente tosnoscivel do que a alma e, einda, tendo 01 sentido do corpo o Ingar primeira @ tstenctal doconhecimento. Ora, por viada divide, Descartes nego ndo S02 prime- tia dos sennidos no processa de conhecimento, como thes eecusa qualquer legtin ode para se estetutrem como crilério de verdode,Pelo contrdrio, para Descertes nfo butte despojar os sentidos dos seus elementos propriamente materia, como afirma a ftosofie exoldstica, elevando o sew conteido 2 um nivel formal e racianol, para gue o verdade sejo encontrada: Descartes nega toda e qualquer possibilidade de a terdade sor exconirada através das sentidos, afumando que estes sao fonte de er70 Ce toniradigées. Deste modo, Descaries posiulauma separarao radicol entre o pen Jamenta.e o corpo, este da ordem da sensibitdede, da imaginagio e da causoliade Imeciniea de naturéea, 0 que a (radiggo flosdfce greco-crista ndo adimitia, Para esto tradigdo, existia uma co-sudstancialidade ontoldgica ¢ gnoseoidgia enire o alina ¢ 0 ‘Corpo que nda permilia que o corthecimento, por mais Idgico, formal e racional que {osse, se separasse em absoluso dos elementos e conteidas materiais que também © compaem. é TNO & I! dos Principios de Filosofia, Descartes critiea 0 conjunto das filésofos pas: sades que tinham aceitodo que mais fcibmentepoderiam conkecer as coisas Go ca'p0 fp ue ws coises do espitito: Esta mesma lx (retural, a razdo, nosso) mosita-tos tamblin que conhecemos tant melhor uma coisa ou substincis quanto nela maior shumera de jopeiedades notamos. Ota, certo que as notaries mult mais no pensa 63 Depois disto, tendo reflectide sobre o que duvidava e que, por consequen~ cia, 9 meu ser nao era totalmente perfeita, pois via claramente que é ums tnaicr petfeigéo conhecer do que duvidar, iembrei-me de procurar de onde me ieria vindo 0 pensamento de alguma coisa de mais perfeito do gue eu: Cconheci evidentemente que (al se devia a alguma naturcea que fosse, efecti vamente, mais perfeita, Quanto aos pensamentos que tinha de muitas outras toisas a mien exieriores, como do céu, da terra, da luz do calor ede mil outras, nio me preocupava tanto em saber de onde me vinham, porque, nBo notando nelas algo que me parecesse torné-las superiores a mim, podia crer que, caso fossem verdadciras, dependiam da minha natureza, na medida em que tiaha alguma perfticdo; ¢ se néo Fossem, que as extraia do nada, isto &, existiant fem mim, porque eu tinka defeito, Mas isso jé néo podia acontecer com a mento do que ent qualquer outea coita, tanto mais que nada ha que ns incite aconheces fea o que fore que 180 10s condura, ainda com mais cerlera, 3 conhecer 0 n0ss0 pensamento. Se, por exemplo, me persuado de que hd ums tera por a tocar ou ver, for revdo ainda mais forte devo estar pessuadido de que o meu pensamento € ou Existe, embora nao haja talver nenbuma tecta no mundo, que no seja passive! que fu, ino £2 minha sima, nada geja enquanto ela tem estes pensamentos, Podemos Conclulro mesmo de todas as ovtras coias que nos v8m a0 pensamento, ito &, Que inde, que os pensin0s, existimos, embora eas sejam talvez felsas ou ndo tenham exis: "Festa viragem radical do comhecimento, que até entio julgara que @ ultimo crite rio.de legitimidede esloria no seu exterior, sefa no Idela platdnica, seje ro objecto Caperieneidvel eristorélico, para o sex prdpro merior, para a sua orden, 0s seus prin, Glos, osu léstca feita de cadeias deracioinios geometricos os seus criterias iniin fecos de clarexee distinpdo conceptuals, que constitu, na hstdria da flosofia, a revo Isao crtestena. Dito de outro modo, com Descartes inirodua-se na tzaicdo osfica Dorimado absoluro do sujeita sobre a abjecto fornando-se 0 cogito 0 micleo central Iie pras universal do sujeifo, ‘Sequindo w ordem apresentada no Discurso do Método, a primeira oplicardo da divide operade por Descartes consiste no andlise da veracidade das ideias advent tias, as que nos advom pelos drgdos dos sentidos. Na V1 Meditacdo das Medilag®es Mevatsicas, sublinhando a necessidade de ndo se acreditar nas fesiemunhos dos se fidos, Descorte: escreve: Porque ev natel vilas veves que forces, que de Longe me Uinham pavecido redendas, de perto parecem-me quadradas, e que colossos, clevados Sobre o cimo dessas torte pareciam-me pequenas estéiuas olhando-as de baixo. E assim, notniainfiaidade de oulras vere, eu encontrei 0 er0 nos jus fundados sabre Se sentidos externos. E M80 s6 nos extetnos, mas rembém nos interno: haverd colsa mais intima ou mais interior do que a dor? , todavia, eu tive conhecimenco no pas Fado dealgnmas pessoas que, tendo os bragos €as pernas cortados, Ihes parece sent fem por veues alguma dor nas partes que thes titham sido cortadas. Deste mode, tiplicand 2 regra da dhivida, Descores concli que falta ds sensoroes u cloveza © @ 64, ieia de um ser mais perfelto do que 0 meu, pois tela formado do.nada ea 1a ae sajfestamente impossivel, € porque no tepugna menos () adrmitir (Got o mais perflto seja uma consequéncia ¢ ma dependéncia do mens pet Ieee que admitr que do nada procede algoma coisa, nAo a podia tambérn ran ne de ran proprio, De mado que restava apenas que ela tivesse sido Toa cm om! por uma naturera que fsse verdudsiiamente mals pee pete eu, e que ate contivesse em al todas as perfeigbes de que cu podia io Sigur iela, isto €, para me explicar numa s6 palavra, que fosse Deve seeareerescentel que, vito ev conhecer algumas perfeigdes que nao tinha, sapere o inico ser que existia (utlizarel aqui, se vos aprouver, livremente vie on da Bacola (), ras que necessariamente devia existir algum outro mais frarfat, do qual eu dependesse de quem tvesse recebido tudo o que inno Porque, se eu fosse 0 Unico sere independente de qualquer outrd, de modo fuc houvesse recebido de mim: prptio todo esse pouco pelo qual cu partic tia do set peifeito, paderia, pela mesma razia, (er tido de mim proprio distingdo pora que passam ser tomadas como jonte de verdade. Logo, escreve Des aor no piscurso do Mévodo (IY Parte}: Assim, porque os nossos sentidos os nga wes pumas vere, fesolsisupor que ndo existe cosa alguma que fosteexactaments eae apatinas fazem limaginat (que 380, nosso). Ista é, todos as aspectos de mundo sur apenas 350 conhecitas através dos sentidas ou pele conhecimento emprico 370 iigodos por Descartes por carecerem de indhbitablidade absoluia, aoe tcsprosseeue, na aplicagéo da regra da divide, analisando os parslogismos dona int, on erves tdenicas do reiocinia eristentes até nas mais simples ques Tpeniie geomettia, Podernossinetigr as raxdes que Descartes apresenta paro dv wre to Heclocinio discursivo em trés pontos: 8) 0 raciocinio envotye a memoria, ¢ oot avacets langas cadeas causus ou de rlapdo Iégco, ¢ humanamente folivel: Vy Siutcra neponclo at deias que advém dos senidos ¢, cam elas, odos ox preroncelts iigados ao onkecinen empirzo, odificldade prdpria do raciocini do pensomienio vane didinto, hberte dos seuidos e preconceitos, € muita e, natureioerte, snesmo coro minha, vontade, aguelasideiase estes preconceitos podem intesferir no racio Sine forgundo-o a exiroleconclusses felsas;c)finalmente a reado mats poder os, sau obriga Descartesa nem sequer conseguir distinguito estado de wigiodo estado cero de da hipdiese da existéncia de um Génio Maligno. Leiamos Descartes oe eves, a qoomeitia ¢ ouiras ciencias desta Natureza, que 56 tratam das coisas derremamente simples e gers € no se preocupam em saber se elas existem ou no aecetareva teal, contém algo de certo indubitavel. Poigue, quer eu esteja acordado peer dwrma, dois e 12 somadas so sempre cinco eo quadrado nunca fem mais do (Nel Aiuto ‘don, parece imposslvel ave verdades (fo evidentes paséam incor aarti de Tasidades, Parém, esth gravado no meu expiita uma velha erent, aeaetoa uu existe um Deus que pode tuda e pelo qual fui criado tal coro existe Fee ivmne garante que Ele nfo procedeu de modo que na houvesse nem tera aan eee sem corpo evtensos, nem figuras, nem grandeze, nem lugar, € que, no 85 6 lado o excedente que reconhecia faliar-me, ¢ ser assim infnito, eierre, inne tivel, omnisciente, omnipotente, em suma, ter (odas as perfeigbes que posta hhotal em Deus Com efeito, segundo 0: raciaeinins que acabo de fazet paca conhecer a naturezt de Deus, tanto quanto disso a minha capaz, hastava. me considerar, acerea de todas as coisas de que em mim encontrava alguma ideia, se era 08 ndo perfeigdo possui-las, ¢estava cerlo de quie algumas dos fave contém algiima imperTeigdo no estavam nele, mas estavain todas 35 ultras. Vja que adiivida, @ inconstancia, a tristeza e coisas semelhantes 10 podiam Able cxistir, uma vez que @ mim proprio seria muito agradavel estar Gelasisento, Além disso, tinha ideias de muitas coisas sensivets ¢ corporaiss porque, embora eu supusesse que sonhava e que tudé 0 que via ou imaginaya tra also, nao podia negar, contudo, que estas ideias existiam vercadeira mente ne meu pensamento; mas, como finha jd reconhecido em mim prdptio Claramente que a natureza inteligente ¢ distinta da corporal, consicerando ‘entanto, cudo assim me parecesse exists tal como agor (Meditagdes Metalsics. f Med jE, mais ediante, acrescenia Desceries: Vou supor, portanto, nao o Deus susia Ienle bor, fante da vercade, mas usm certo gésio maligno, nfo menos manlicso Penganador que poderoso, que émprepou todo o seu engeno a engarar-me. Vou creitar que 0 céu,o a1, 2 terra, as cores, 25 Mura, 08 Sons, todas as cbisas exe Flores no séo mais do que ilusdes de soahos por que Ele arma ciladas a minha c:edu figade. Vou cansiderarsme a mim proprio como nfo tendo maos, no tendo otos hem came, nen sangue, nem sensidos, ras erendofalsamente possuir tdo isso, Come tr feu, erraves do hipdiese da exis!éncia do Génio Maligno, Descartes recusn confertt triterio de verdade oos proprias resultados cienifcos eftosdfieas de entéo, bem core ega @ existncia, tal como as vé ow concebe, dos coisas simples (de que as obra! Bio composias) com o ar, a lerre, 0Céu, OF SONS, as cores, as figuras, el, neRandd, Dortanta, 0 exisléncia do seu préprio corpo. Tudo negondo pela divida, algo resia porém: 0 préprio acto votuntrio de nesor isto ¢, res © divide, O acto de duvidar surge agora aos olhos de Descertes coro endo claro edistnto, resistindo ele proprio & duvida universal. Descartes nao po UGuvder que eté dividenda: duvidou des sentidas, duvidou da separagdo nitide elt Sstado de vgibae estado de sono, duvidou do raciacinio discursivo ¢, por via do Génio Maliguo. duvidou de existéncia de todas as coisas, até do seu prcprio corpo ta de que dots mais dois s40 quatro, O que resiou? Se nda aexistemm sentidas nto Nlewsten corpo, nao aexisiema contelidos dscursvas da ragdo, nao wexisien mundo, garda o que evste? Existeo acto da divida, E 0 que é duvidor? Ora, duvidar € vine forma de penvar; enfda- se eu sempre lenho dovidado t se ndo possp duvidar de que Guridoc sea divida £ ume forma de pensar, logo se duvido, perso, ¢s¢ penso, esto {copito ergo sum), mesmo ado esaberdio» se a terra existe, s¢ 0 meu corpo aexise» tre Ous como eserove Descartes no §7 dos Principios de Filosofia: Enquanto cesta fmaneits tejeiamos tudo aquilo de que podemos duvidar, © que simulamos mesmo ter falso,supomes, facilmente, que nfo hd Deus, nem céu, nem terra, ¢ que nse lemos SGipo. Mas nde pederfamos igualmente supar que ndo existimos enquanio se chirds 66 que toda a composigao lestemunha a dependéncia, ¢ que a dependents & see vfestamente um deleito, julguel, por isso, que em Deus ndo pocia consi aaa ta perfeigaa o ser composto dessas duas naturezas (7) qe, or conse anignera, Rab EF2; Mes que, se exitem no unde alguns corpos. a}RUmAS inte tigencias ov ovtras naturezas que no scjam completamente PerFelias, 0s er devia depender do seu poder, de tal modo que sem Ele no poderiam subsistir um s6 momento (7),/~ ‘Quis procorar, depos disso, ouras verdadese, endo-me proposto ocho dos gebmetras, que concebia como um corpo continua au um espaco indet aletwente extenso em comprimenta, largura caltura ou profundidade, divi- Tiel em muitas partes, que podiam ter diversas figuras ¢ grandezas eet MOV! / ees ‘que vm geometra inventasse alguma niova emonsiragiie, vy 9e1 st Why hn impediria de eer verdadeira, E quanto ao erro mais habitual) dos to%sv> rn que consiste em eles nos representarem diversos objectos como faz411 > sen tidos anteriores, nao importa que ele nos leve a desconfiar da ch:lat> se tas ideias, pois estas podem (ambém enganar-nos muitas vezes, seir = mamos: como quando os que témi ictericia véem tudo ainarela, x1 quando (08 astros € ouiros corpos muito afastados nos parecem muito tis evs do ordem de razdo que oiritngulo tenho iréstados e que 8 cweunferess Ds seus pontas equidistantes do centra, mas na ardem de raxdo do dade igual para que o (idngulo ou acireunferéncie extort. Orv, ue fom a ideia de Deus? Néo, afirma Descartes, derenvelvendo 0 seu con st) e190 mento ontolbtico: porque x perfeigéo de um iriéngula € win perjersto ve reise fede definicao, enquantoo perfeicdo em Deus € uma perfeipéo absouta =»: ssa tamente perfeto endo exstr endo mepialmente s46 termos contra. defeito na perfeio e, consequentemente, tornaria Deus wn ser ony 1 a idete de Deus como ser perfeita implica também a ideia de exits diz Descortes, a exisiéneia esta contida na esséncia de Deus, dele nin ey stende separar ‘Do mesmo modo, ainda gue tmitadoe finito, pois que duvides pus wine e distiniomente, exisie om mim a ideia de um ser perfeito € nyfnic, © W366) se tno sentido negetivo, porque tal come ndo posso trar de nim, ser imyrerieuv. 2 wits de perfeigéo, também néo posto tar de mim a idela de infinit, nts peas ade finde inido: Eu faco 2435 wina distingdo entre ndefinido € mUinito, Nav ts ss Ge tu chame proprigmenteinfinito sendo a0 que em todas as pattes nc sulalade € Jo evra nm |

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