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oncom gan CIENT Programa dno Eat do Pa eorrores ‘comissko execura ‘ere ta as Shane Sree ‘CONSELHO EDITORIAL (ere eter Sat an) (Unter S80 Pas (Gnesi ear etm Gon) (ets Coane 55 al (Garis oy (Cine isto Pau) (rt Cease Si Pay ‘Ponce Unters Caen — Rl ‘seg et ies carga Sra (Unicel a fl rade do Su) i | | ESTUDOS VOLUME 4 NEOLATINOS NUMERO 1 {NERO / JUNO 2002 Seen wee Corre Cope an SF 22431050 Ro. ne ‘eres 20) anieous Foe 20 aot1 ares ‘all eeameeanretcom be eras oh Ps Greta mn Lets Nets 4/101 Rio de Jonsita, ho / Dezembro de 2001 1. Lees Welt - Paes bu Issn 15171064 coo. 807 via Qcnpq alea Sumario A sombra de Nadar Flaubert ¢ as artes visuais JOSEPH JURT Apés 0 “violento abalo”. Notas sobre arte ~relendo Walter Benjamin aRCIOSELGMAMNSIYK Saramago leitor de Durer compromissos para um nove Evangelho TERESA CRISTINA CEROEIRA Jogos especulares em Un Cabinet d'amateur, hist6ria de um museu particular Entre o cinema e a literatura: 0 cine-romance como estrutura literdria aut8noma {NORE SOKRES VIEIRA ‘Tradugio A Exposigio dos Independentes em 1881 JORIS KARL HUYSMANS 19 33 55 19 93 109 Entrevista Robert Ponge Por LUCIANA HIDALGO © ARR MACHADO Resenhas Liclia Santos. Kitsch tropical: las medios en literatura y el arte en América Latina sua chAcaMo Lucia Santaella e Winfried Noth, Imagen: cognigao, zemidtca, midi afta AEATRZ DA ROCHA LAGOA José Pedro Antunes. “Tradugfo comentada de 0 surrealism francés, de Peter Burger tz eareos wonrez Pedro Paulo G. F. Catharina. “Quadros literérios em A rebours, de J-K. Huysmans” VERACASANOVA 119 139 1s alea Contents Nadar's shadow ANNATERESA FABRIS Flaubert and visual arts After the “violent shock”, Notes on art rereading Walter Benjamin Jukacio SeLIGMANN-SLVA Saramago as Durer’s reader: compromises towards a new Gospel TERESA CRISTINA CEROEIRA Mirror games in Un Cabinet d'amateur, the story of a private museum ahaa ARBEX Between cinema and literature: cine-romén as autonomous literary structure ANDRE SOARES WEIRA ‘Translation ‘The 1881 Independents’ Exhibition JORIS KARL HUFSMANS 38 9s 109 Interview Robert Ponge by LWouNA HoALGo and NARA MACHADO Reviews Lidia Santos. Kitsch tropical: los medios en literatura y el arte en América Latina ‘St céRcAMO Lucia Santaella e Winfried Néth. Imagens cognicio, semibtica, midia ungia BEATRIZ ROCHA LAGOA José Pedro Antunes. “Critical translation of Peter Burger's French Surrealism wiz Banos wonTeZ Pedro Paulo G. F. Catharina. “Literary paintings in JAK, Huysmans’ d rebours’ VERACASANOVA ng 135 139 148 147 Editorial Em um mundo permanentemente sobressaltado por imagens, cuja textura se pretende cada vez maisimporcomo registro da realidade como dado de mem6ria, ‘no surpreende que otema’“Texto e imagen objeto dereflexto para este nimera, tenha susitado tanto interese. tal ponto que nos vimos obrigadas a subdividir ‘© entio nimero tnico em “Texto e imagem I" e “Texto e imagem II. Para por em questio, de sada, a hierarquia que titulo ds volumes poderia sugerir ao fazer preceder textoaimagem, abrimos este imero com trésgravuras dda exposicfo “Signos e Graphias", de Carlos Alberto Mayer, realizada em 2000, €cujostrabalhos perserutam a origem da escrta, Na materializagio pléstica das _graphias,esfumarn-se as fronteiras entre figura e letra, resultanclo o processo em formas que parecer tornar texto e imagem irvemediavelmente indissocidveis. Quanto aos artigos propriamente tos, a tendéncia dos trabalhos apresentados 6 como no poderia deixar de ser, ade discutir as virtues miméticas—no sentido ‘mais tradicional do termo — tanto da imagem plistica quanto do texto escrito, O leitor, portant, se depararé, ao longo dos artigos, com um sigificativo elenco de nomes proprios dentre aqueles que contribuiram —e contribuem ainda~ para 1 problematizagao da questo, com todas as suas nuangas e impasses Em Nadar e Flaubert, encarna-se, desde 0 século XIX, a resisténcia — tmaterializada pelo rigor formal de suas respectivas linguagens estética, @ fotografia e 0 romance ~ a idéia de arte como mero mecanismo de reprodugéo da realidade. Com Walter Benjamin, cua obra parece se atualizara cada dia, dscute- seo sentido da vertente testemunhal da arte contempordnea, com suas freatientes alusdes meméria e violénci, Na companhia de Saramago, Ditrer e Pere vém a baila as relagoes entre escrita pintura, de um lado, e entre fiero erealidade, narrago e histéria, do outro, mostrando 20 leitor que, ao fim e 20 cabo, nfo hi linguagem sem arestas, sem remissio xo infnito do sentido, H, por fim, um artigo que aborda, a partir de Mario Peixoto cle Marguerite Duras e de Hubert Aqui, a autonomia do texto em recto imager no cine-romance. ‘Onvimero conta também com uma entrevista sobrea presenga do surrealisto no Brasil e na América Latina, feta durante a exposigo realizada no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro em 2001, ¢ com a traduco de um fragmento de uin Salon de J-K, Huysmans, grande representante da linhagem de escritores franceses que se dedicaram &ertca de arte, e que remontam a Diderot. Se esse conjunto de artigos e textos nfo consegue abarcar a totalidade dos problemas que o tema implica acreditamos queo niimero “Texto eimagem IW, a ser lancado no segundo semestre deste ano, traré outros enfoques, abrindo, assim, novas perspectivas de discussto. Os Editores Hieréglifos hititas 1500 aC. ~ 0 pov hittapossula duas dierent formas de escrita.A cuneiforme, adaptada dos cuneiformes babildncos, era usada na administragio © na regio, e também para registrar o acadiano,corrente na correspondénciainterna- cional em outraslingvas do império, tis emo ohourita 0 hati. A hieroglca, com simbolos simétricos,permita 4 leitura nas duns ditegdes, partindo quer da divita, quer da esquerda CJ essa obsessiva reprodupt de letras tom tudo a er com as origens dda prépria gravura. E & isso que interessa também a Carlos Alberto Meyer. Ele como que sorve a sua energia criatioa da origem do -grafismo, mas iso de modo a esquecer 0 absoluto de wm suposto referencial realsta, eentao passa a confeccionar, sin, uma obra atual, ‘ainda que eivada dle merecidas nostalgias. O que importa ests por inteio na explorasto do cardter grafic, e &justamente essa explo- ragao dos abecedérios mais remotos que termina por oferecer a vibranteatualidade da obra de Mayer: Tudo sd0 origens, e tudo se revela soberbamente contenportnea, Gerd Bornheim Ao voume 4 fOueko1 nena samo aoe 2 Linear B 1600 .C. ~Inicialmente aceita como escrita minéica (origindria, de Cnossos, Creta), posteriormente também encontrada em Chipre e no Peloponeso (Pilos e Micenas), foi decifrada em 19858. A arte das grasuras de Carlos Alberto Mayer dirige-se — em agao ‘ontréria ao comm do emprego da matriz — para outr sentido: 0 ste germinar diferencas. Ind, assim, ao encontro do inevitével destino da pintura, 0 de ser nica. Como na pintura,delicia-te tambien da cor e das superfcies ltrapassando a condigto do papel, sobrepondo- the massas de tntas, ranlueras, sombras e vtos, tornando ristco € industrial 0 campo pléstic sobre o qual atua. O papel a dialogiar ‘com a tcelagem. O papel, a tela, a taperaria. Roberto Corréa dos Santos AEA Yeue “MinIO 2 sseRD sumo so “ Runas Sistema de escrita germfnica que se origina em torno dos séculos Ie Il d. C. No velho island@s, runar significa segredo, no velho saxio, runa quer dizer susstrr9, cacicho; 0 islandés rate o galés rhin significam segreda. A tradicko nérdica atribui sua invengao 20 deus Odin, o que Ihe dé, na origem, uma fungo igica. En. suas numerosas produgtesserigrficas, um fator importante, que 0 leva ao desenvolvimento da linguagem plastica individual, & 0 priprio trabalho, perseverante ¢ intensiva, Este serfgrafo consegue Tenovar-se constantemente e descobrir infindéveis modalidades de composicoes,nas quais ora prevalece a orqustrapo dos diversosplanos de cores, ora zonas de finas e requintadas texturasintegradas com nuangas que palpitam no corpo do trabalha Dionisio Del Santo Me voume® WOMEROL soso 62 on 16 CARLOS ALBERTO MAYER (Caco) Natural do Rio Grande do Sul, 6 Bacharel em Artes Plésticas © em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Sua carreira tem a marca da versatilidade: passa Pela pintura, pelo desenho, pela criagéo de jéias (ceramica, cobre, esmalte a fogo, pedras ndo lapidadas e couro) e pela ‘cenografia para pecas teatrais, Artista premiado, tem participado de diversos saloes ¢ exposicoes no Brasil eno Exterior. Amante da arte da gravura, ‘vem se especializando na modalidade de imagens serigréficas “inicas. Seu gosto pela pesquisa e seu espfrito criativo o levam a obter resultados de grande efeto plistico e de grande origi- nalidade, j i {| j Artigos 54 practice, by a transposition of visual sensitiveness, in artistic works. The numerous descrip tions in Madame Bovary are not the translation of reality but a ‘wansposition of the model of painting representation. For some historical scenes of L'Edu- cation sentimental, Flaubert was clearly inspired by pictorial and ‘graphicrepresentations, Through his painter character Pellerin, Flaubert reveals his own aesthe- tic conceptions, between art for art and ideological commit ‘ment, between painting and pho- tography. Samely for Salanmbs's characters and seenes, Flaubert will look for inspiration in orien talists' pictorial works, €erture, pr a transposition Tune sensible visu dane oeuvre dart Les nombreuses descriptions das Marne Be ‘esont pela traduction de Pelt mai Te eransposton da rode de representation dela Peintare Pour certaines snes Fistoriques de ication sn menial Flaubert set inspire des representations tures et sraphiques A travers l gure du peintrePellerin Flaubert the. ratise se propresconeptons esthetiques Toslation entre tare pour Tart et Tengegement ideslogiqe, entre printure et, Photogrphi, Pour Tévocrtion fes personnes cds sete dans Selon Flbertsinsprera également doeurrespetrles ar orientalis, Apés 0 “violento abalo”. Notas sobre a arte — relendo Walter Benjamin Marcio Seligmann-Silva ‘Walter Benjamin é um desses autores que, jé hé mais de qua- venta anos, so com freqiiéncia relembrados e cujos textos so amitide citados quando se trata de pensar a obra de arte. Em ‘que medida o que ele escreveu nos anos 1920 ¢ 1950 sobre a literatura, a narrativa, a experiéncia [Erfahrimg], a meméria, ahistoriografiae a arteainda pode ser Vélido diante das “impres~ sionantes” modificagdes que as cenas social, teenolégica e artis- tica t8m softido nas iltimas décadas? Talver.ndo encontremos muitos opositores ao afirmar que seu famoso diagnéstico das doutrinas tatalitarias como perpetradoras de uma “estetizagio da politica" nio 36 estava correto, como também se provou cficiente para descrever nossa atual sociedade pés-totalitaria, Sabemos, contudo, que a “politizagio da arte” nao necessaria- ‘mente engendra, como ele pensava, mais liberdade... Mas esse 6 apenas 0 tiltimo axioma do famoso ensaio de 1986 sobre a obra de arte. No que se segue, gostaria de “testar” — esquemna- ticamente, devido ao espago a que tenho de me limitar ~ndo 6 cessas, mas também algumas outras teses benjaminianas desse mesmo trabalho de 1936, na tentativa de responder & questo ‘o que é, hoje, uma obra de arte’, "Benjamin, Walker. GeomaeSeron 7 vole Femurt aM Subrkamp Verlag 1972, Organizes de. Tuderanne. Schweppenbiuser Asreferénias 4s obras completas de Benjamin aprerenta-se nas notar bibliogrses, endo indiadoso némerodo volume em algrinmor omnos eda pginy emalguistnos ribicos. Craremos o ensaio de Benjamin “Das Kunstwerk in Zeitalter seiner Technischen Reproduktsierbarkst” 2 partir da segunda versio, publieda no Yolume Vi da digo mencionads 950-84), Tamblm tearm mascitagces, {versio frances de Perr Klossowsh,autoriada por We Benin, que se ‘neontra no velumel da mesma aig (p. 709780). A eadu para oportuguts cltnda, “Abra de arte na era de sua reprocusbilidade tei’, de autora de ‘Sergio Paulo Rouanet,encntra-seem Obeseslides magica ate policn (Gs Paul: Brasione, 1985, 165196), eer indieada plas incns OF. 58 380) 56 L Arte e politica Se, para Friedrich Schlegel —e pera Benjamin, que gostava de citar esta frase -,“o historiador 6 um profeta as avessas", pode ‘mos dizer que, para esse ltimo, Karl Marx também era um tal proféta ~ nto menos, dirfamos ainda, que ele mesmo. Assim, a introdusdo de Kistwerkayfiats abre-se com uma rellexd0 $0 bre Marx como historiador do capitalismo e concomitante autor de prognésticas sobre seu futuro: afinal, a “superestru- ‘ura leva tempo para se “adequar” a “infra-estrutura’, e a des~ crigfo correta desta permite —ao menos “teoricamente” — uma aantecipaséo da primeira. Do mesmo modo, as préprias reflexdes de Benjamin deveriam ser lidas, conforme seu ator, como prog hésticos acerca das tendéncias “de desenvolvimento” da arte Seu objetivo programitico é por nas maas de seus leitores uma série de conceitos condizentes com as “exigéncias revolucio~ ndrias na politica artistica” e que nfo poderiam ser apropriados pelo fascism’. Essa reflexio de cunho politico é retomada no fim do ensaio, na tese sobre a politizagao da arte. Essa arte politica permitvia a concretizacdo das promessas e profecias lidas pelo historiador da arte nas obras do passado. Assim, apro- ximamo-nos de uma primeira e paradoxal definigao — benja- ‘miniana e ainda atual ~ da obra de arte como a um s6 tempo obra “politizada” e espécie de “hierdglifo contendo inscrit. ‘em si desejos libertérios no realizados. Se com “politizad no entendemos mais a “grande politica’, mas sim a micropo- litca das relagoes cotidianas ~ que comega em nosso corpo, passa pelas relagdes interpessoais de nosso efreulo mais préxi- mo e apenas eventualmente se estende a um didlogo com a ‘ampla sociedade—, entdo de fato é podemos reconhecer as obras de muitos artistas atuais ao mesmo tempo como “politicas” ¢ ‘como “arquivos" de desejos. Como lemos nos fragmentos prepa vratérios para o ensaio sobre a obra de arte: “ Abreviaeao ale do titulo densi" obra de arena ea desu reprodu- vided tenis "Benjamin trio o rif cbretudoem se ivr sobre o Taupin (desma barroo alent). obra de art barroe seria arcade dioretterente faba de arte clissiea, orginica~peloenrelaginento entre agente palacras

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