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15 de Dezembro 2020
Fundador/Diretor : Fernando de Abreu
Periodicidade: Diária dias úteis
Gratuito
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O presidente da Câmara de Tondela os serviços perceberam que era como estando Por exemplo, uma deslocação a
justificou hoje o facto de ter recebido paga- a meter viatura própria”, explicou. Coimbra foi mudada de 21 para 22 de setem-
mentos indevidos por deslocações em viaturas José António Jesus admitiu que, a bro de 2015, porque, ao confrontar o boletim
próprias com a interpretação feita pelo serviço partir do momento em que foi eleito presidente de itinerário com a sua agenda, verificou que,
de Recursos Humanos à forma como eram da autarquia, passou a ter “um conjunto de no dia 21, teve Assembleia Municipal em Ton-
preenchidos os boletins de itinerário. representações mais intensas que levaram a dela e não poderia estar em Coimbra, justifi-
José António Jesus e o seu vice- que não preenchesse com regularidade” os bo- cou.
presidente, Pedro Adão, começaram hoje a ser letins de itinerário, chegando a acumular José António Jesus disse ainda que
julgados no Tribunal de Viseu pelos crimes de vários meses. várias pessoas (entre técnicos, vereadores e
peculato e falsificação de documento, que À exceção de “uma ou duas vezes” assessores) usavam as viaturas disponíveis
terão ocorrido entre 2010 a 2017. em que foi a sua secretária a preencher o bo- para a presidência, o que muitas vezes obri-
Segundo a acusação, em causa está letim, habitualmente era ele que o fazia, base- gava a que usasse as pessoais.
o pagamento de ajudas de custo por deslo- ando-se em dados da agenda que esta lhe “Não havia registo, nem pré-sinaliza-
cações efetuadas em viaturas próprias que fornecia. ção”, contou, explicando que, muitas vezes, a
terão sido realizadas em viaturas do municí- Quando questionado se não se decisão de qual viatura levar era tomada no
pio. apercebia de que lhe estavam a pagar dinheiro próprio dia, mediante a disponibilidade.
José António Jesus (PSD) – que as- a mais, o autarca respondeu que não, porque, José António Jesus e Pedro Adão
sumiu a presidência da Câmara em 2013, de- como por vezes se juntavam vários meses, não foram acusados pelo Ministério Público em
pois de ter sido vereador - admitiu ao coletivo tinha noção a que mês se referia o montante dezembro de 2019. No início desse ano, du-
de juízes que, muitas vezes, não colocava nos recebido. rante uma reunião de Câmara, os autarcas
boletins de itinerário a indicação se tinha José António Jesus foi confrontado anunciaram que já tinham devolvido o dinheiro
usado viatura própria ou do município nas com alterações de datas nos boletins de itin- recebido indevidamente: o primeiro entregou
deslocações. erário, que referiu ter feito na sequência da 11.099,76 euros e o segundo 10.144,68
“Quando tinha presente se era confrontação de documentos (agenda, boletins euros.
viatura própria ou viatura municipal, eu es- de itinerário e extratos de Via Verde do municí- Na altura, o Ministério Público disse
crevia. Quando não sabia, ia em branco”, para pio), em julho de 2017, quando se apercebeu ter requerido a perda de mandato relativa-
o serviço de Recursos Humanos verificar o ex- de que haveria inconformidades e quis perce- mente aos dois arguidos.
trato da Via Verde do município e depois pro- ber quais.
ceder ao pagamento em conformidade,
justificou.
O autarca disse estar convencido de
que esses “eram os procedimentos que o mu-
nicípio fazia desde sempre” e que, só em
2017, quando a Polícia Judiciária solicitou
documentos à Câmara, é que teve “noção de
que havia incongruências”.
“Naqueles em que não havia infor-
mação (se era viatura própria ou do município),
Viseu Global -15 de Dezembro 2020
BE diz que MAI está sem autoridade política para liderar mudanças
A coordenadora do Bloco de Es- vez que, na altura, “fez o que estava “Parece-nos que lhe retira a ca-
querda (BE) defendeu hoje que o ministro certo: disse que ia abrir um inquérito e que pacidade e a autoridade política para as
da Administração Interna não tem capaci- era preciso retirar consequências e que mudanças que são necessárias e que são
dade nem autoridade política para dirigir nada podia ficar na mesma”. necessariamente difíceis de fazer na
as “grandes mudanças” necessárias nas “O problema é que, entretanto, política de imigração”, defendeu.
políticas de imigração e controlo de fron- passaram oito meses e não se conhece No seu entender, “o mais
teiras. nenhum processo para mudar o SEF, não chocante é perceber que, do momento ini-
“É complicado que o ministro, houve a responsabilidade de pagar a ind- cial em que o ministro agiu bem,” até
passado estes meses, consiga ter as emnização à família, tratar a família agora, “não acontece nada e o ministro
condições políticas para dirigir o processo daquele homem com compaixão. É ab- decide fazer declarações públicas
de grande alteração que precisamos na surdo saber, estes meses todos depois, vitimizando-se como se fosse a vítima
política de imigração e controlo de fron- que pagaram a trasladação do corpo”, neste processo”.
teiras, mas queremos saber [na audiência apontou. “Não, não é a vítima neste
de hoje] o resultado das averiguações que Catarina Martins considerou processo. A vítima é Ihor que foi torturado
o ministro disse que iria fazer, em 08 de “muito violento” que, passado oito meses, até à morte por agentes de segurança. É
abril”, defendeu Catarina Martins. “o ministro não ter nada a dizer sobre o a família deste homem que ficou sem nen-
A coordenadora do BE elogiou a que é que vai fazer para que esta situação hum apoio depois deste crime tão brutal.
atitude do ministro, quando foi ouvido no não se repita nunca mais e vir tão tarde, São todos os imigrantes que sofrem abu-
parlamento em 08 de abril, “após o crime e só depois do escândalo público, dizer que sos às mãos do SEF todos os dias”, acu-
violento sobre Ihor e a pedido do BE”, uma vai apoiar a família”. sou.
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Catarina Martins disse ainda que fendeu. de seres humanos”, mas “a dimensão da
“os problemas no SEF não são pontuais, No seu entender, o debate sobre política de imigração é sobretudo civil e
são sistémicos” e que “o crime que acon- o SEF deve ser feito e do ponto de vista administrativa que não devia ter o caráter
teceu é de uma brutalidade tremenda”, do BE, “desde logo começando por com- policial”.
uma vez que se trata de “um cidadão que preender porque há uma dimensão da Catarina Martins disse ainda aos
foi torturado por forças de segurança do política de imigração que é uma dimensão jornalistas que considera “estranho" que
Estado português”, mas “é verdade que é iminentemente civil e administrativa e não o Presidente da República se reúna com o
um problema sistémico de abusos do SEF” policial”. diretor nacional da PSP "sobre o SEF”,
que “têm sido denunciados”. “A própria conceção do SEF, referindo-se a uma audiência ao diretor na-
“Também temos dito que os cen- achando que a política de imigração é so- cional daquela polícia realizada no
tros de detenção do SEF são espaços de bretudo uma política policial, como se as domingo passado, em Belém.
ausência de Estado de Direito que não são pessoas que chegam ao nosso país fos- A coordenadora do BE falava aos
admissíveis, desde logo não é admissível sem criminosas, é uma política errada”, jornalistas, ao final da manhã, em Viseu à
haver um espaço onde não há obser- criticou. margem de uma reunião com agentes cul-
vadores, onde os advogados não têm Para Catarina Martins, “tem de turais sobre as consequências que a pan-
acesso livre, não é compreensível e temos existir segurança nas fronteiras, segura- demia de covid-19 tem provocado no setor
defendido que estes centros têm a sua mente, é muito importante para a segu- que atua nesta região.
conceção errada e não devem existir”, de- rança do Estado, para combater o tráfico
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