A Aporia Do Conceito de Trabalho em Marx

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UTOPIA, ANARQUIA E SOCIEDADE Escritos em Homenagem a José Maria Carvalho Ferreira Coordenadores: Rita Raposo Isabel Mendes Rafael Marques Helena Mateus Jersnimo alina Dias Sardinha Jo Carlos Lopes Manuel Coelho fereceear cael ata rae 1A tee aiescnan an AB roms axanouae soci: Jt Mar Cava Fee EES dk ea ering icons attronsa 5, Eaten se em stolen Poors te ps ni ne ai oo {oh nto dt hep em ote gr enamel tcc ‘TOMA ANARQUAESCCHDADE ea na esos ioe omg af Mae craters nt npr onl" reenter eye eigen ‘Um ensaio que é também uma introducto Rt Raposo seen ae Especto de um bomen vivo projectad sobre uma parede branca are ® " Entei Jone Marla Carbo Feri: af aventurt) da iberdade Holo Mates fren uel Marques ~ Pare Jose Maia Casatio Fema Ut Pasanero Iconroea Jost Mara Carratho Feri: de Homem inconformado 2 Profesor lavestigador~um testeminho Annis Ro [Numa vide hi sempre mais vidas do que parece rtathos a vida dem operdsionanversitirio era Mei a Jos Maria Carvalho Fez: uma mente ruptiva Ink Cast. oe Narration telegeiea de uma elo com mais de quatro dass. dita Cate ar " 24 Mara, um romintico ds atopis ont Nes. es, Conte aetingem aad: wna atoenograta com José Masia ‘Cava Ferre {gor Vn Line Vet aes 3 » us ma ‘Aaporia do conceito de trabalho em Marx: uma andlise cronolégica ‘Nuno Miguel Cardoso Macha ‘© canctto de trabatho & porventura 0 mais ambiguo inchs sive contraditrio, no seio do efit treo costeuldo por Marx. [Neste capital, anlisremos cronologicamente a evolugto da n0- gio marsiana de trabalho. O nosso derradeir objetivo sexé, me Giante a transcendéncia dss apoias que perpassam as obras ma Nanas, alangar um entendimento coerente do wabalho enguanto forma de aividadehistoriamente esos, Preendemos resgatar 0 ‘nicl mais radical das reflexdes de Marx acerca do trabalho: pot ‘Sutras palaves,almejamos ir com Marx ara além de Mars, no sen {ido da erica do taba, 1, © trabalho nas obras dajuventude de Marx [Nas suas obras da juventude, Marx ainda no utiliza um com sito bifdo de trabalha ~ trabalho concreto/abstrato ~ para clas Scar a aividade prodativa no capitalism. Este concito dual sO ‘eri adotado, defnitivament, a partir de Pant a Crt da Economia Policy, vr publiado em 1859, [Nos Matuscrtos Eainimic-Flosfies, obra esrita em 1844, quando Mars contava soments 26 anos, o trabalho é desert: SOCUS/ESG SEC, Unwed de Liston ‘aseen 0 ape nce sonst pla Utersidade de Los, no mo Se uma bose de Dower, 1) Como uma atividade inerentementealienads, que escapa a0 ‘ontrolo dos sere humanos. Na Sica de Mar, “o rable ‘onsttul apenas uma expresio da atividade humana no seio da alienagio, da manifetagio da vida enquantoale- nagio da vida” (Mary, 1985/1844: 220, tlica no original) 1) Como a essdncla da propredate prion, Marx salenta que “a essncnsubjeioa da propriedade privada, a propriedade prvada enguanto atividade para st propria, como suo, ‘como pessoa, ¢0 trabalho” (Ibid 185, alco ne orginal), Mar proconiza que ¢ possivel dedusir as demais categories ‘mercantis ~ capital, dinheiro, concortacia, et ~ 2 pti destas suas catogrias basilres: trabalho e propredade privada (bid. 170), Ademais, na sociedade capitalist, allen “gravita em tomo do estrankamento do trabalho” (Arthut, 1986: 3), ou sea, todas as outras formas de manifestagio da allenagi dervaan da lenacio do trabalho bi). © conceito de trabalho &, pois, eminentemente negative, © trabalho é uma “atividade nso here” (Mary, 1993/1844 168), "a conelusio logica da negagso do homem” (Ibid: 183), Marx depo 4 que individuo exista “como trabalhador, nio como homem” \lbid: 107. Na qualidade de wabalhador, vse “reduzido espn ae isicamente& condicdo de wma maquina”, coaverendo-se "de ‘ser humano em simples atvidade abtrata” bi 105), Mara caroe teria o trabalho, enquantoatividade alienada, da seguinis forma: “101 rabaho 6 exer ao trabalho, quer der, mo perience ‘su atuez; portato, le ose afin tlh, mas nee si mesmo, nose sente em mas fel, no desenvole liven tw as eneriafsase ments, mas expose fscamentee araina © esprit. Por consegulte, 0 taalhador 56s ante em s fora do traatho,erquanto no wataho se sete fora des. Assim eu a ‘hon lune, ae mposto, tu ad, No consi a satisagio de uma necrsdae, mas apenas tm me de stefan ‘utras ncesiades. © seu critereranho ress clremente do facto de se fugit do trabalho come da pst, lage que no ete ne Aap, rie rnc uma compulsto fica on de quale out tipo. O trabalho ex ‘ern, otras em que © homem se aliens, xm taba de tif desi mesma, de moticaaa(.) Asc conn nareligido lvidade espontines da fantasia human, do cero do corso hhumaos, rage independentemente como sma aidade eran (69 sobre o individu de mesma maneia a avid do trabalho no 9 sun atvdade exponen. (.) [El pera des mesma Aoi 192, cone oil) Marx arescenta que “o ato de alienagSo da atividade prt ‘x humana, o trabalho” (bid 153) deve ser considerado sob dois sper ") A relagSo do tmbalhador ao pode alo cio a um ‘bjto eteanho que o domins Ta aio € 20 mesmo temp a Iago ao mundo extemo senstl aoe obtor nature, como 4 um mundo estan e hort 2) relagiado tab ao at de pate lento do ratio, Tl reac @ a relagio do talhador 3 propria vida como a lguma enna era, (aida come sot ‘mento (pasion come impoténcia, a ciagio come ems culaco, a prin enegia sen mental do tables, asa vida psc (.) como uma atviade digi conta ee, independente eo, que othe portence” (hid, #0 no olga) as dfn ta igure ns “Caer sabe James Mi sto ene mesma ae: "No coed ops pao ab "ea ‘loa nia um verge tba ae cr pn pe {uence ma devi nt nan vid ele dee ‘Sonate ela cr etra pra (Mar 180/143 ls to Sigil) Mane estar ets psig so “Tah Seslarno «Capa te (oesto e 147-"E oper, Surat Sone hry pa, cnet» ps taproot ne rs de esa, de ago, de teat cam tarbaqinoucom 9on de Pi, adr 28 eat sno atin ou ico vi? fem Felsen. an quando ern rata &quccomog 9 uit Pssst, aca (ar 1/8 19, {3741 Wop Aang Scat Para além de ser uma atividade irremediavelmente alienada, trabalho nto € apresentado como uma categoria ontligica. A thur observa que, de um modo geral, nos Monusrites, a entegora de “atvidade produtiva” que parece possuir um “significado on- tolégico para Mary” (Arthur, 1986: 10). Neste sentido, o trabalho ‘entendido como wma forma de “medingio de segunda orden” {bid 10-1), i, como uma forma historicamente epee assum dla pela “atividade proctva” ‘Se em O Capital ~, lis, desde logo, em Par «Cri da Eco ‘nomia Politica ~ 6 wabali (concreto se converters nama “caego- ia intempora”, ie, passa a ser equiparado a atividade predutiva enguanto tal isso nao sucede nos escritos da juventude de Marx id: 12. Embora Marx nio sep “absolutamente consstone” (bid 13, nos Manuscrte ~ assim como nos “Comentrios sabre Friedrich List” e em A Iecogin Ale, 0 trmo “trabalho 6 def ido de wm mado restive como "atioiade produto cto ‘ob a ide da propriedae prcada” (id, ico no origina, 8 58, como a atvidade produtiva pecliar da modernidade capitalists Em suma,o trabalho ndo € uma categoria ontoiglea que me- dela o intercimbio material com a natreza em lads as soctedades hhumanas (Ibid). Nao surpreende, portant, que Marx defenda a sua aboligo: a liminato da alinagdoreguer a aol do taba [Ademas, se 0 trabalho 6 a causa da propriedade privada, entio ‘sta nio pocers ser abolida sem aboligto simultinea do psp trabalho (Zlbersheld, 2004 130). Marx esreve isso mesmo noe ‘Comentiios sobre Friedrich is” “O strabathos & a hase wea da propridade privads, 6 pro Prndade privada eaquano fate ciadorn de sl mest. A px predade privaa mas no ¢ do que trabalho ej. See quer lester gope moral conta propritade priv ¢preiso 0 apenas atcta enquant ado de cose ej, mas aban ey ‘jun aide enquarto tala, Em doe mais graves euvosos ‘prscremce mai nt chon obiague oman sora Apo conc deta en Mar: andi neg 375 falar de ato ire, humane soca falar de tabalho smn pro- ‘redade privada.O srallos, pela sua propria etna, € atv Eade no le, numana, ns sca condiionada pla propria privadae que por sex arma rit Panto, a aboligbo da prope Ende privaa 1 se trad uma raidade quando fr coeebida ‘somo abligo do =rabalho= (.). Consequntemente, uma srg zach do ako» & uma contradic. A methor ogoizagio que ‘taba pode cer € a onganizaso aul, ve concoréna, | disoitode das as anteriores nganzages sci do trabee Tho (Mara, 2108/1845: 7273, iio no eign) Em A eologin Alem, Marx reafima, por diversas vezes, a lla de que o communism sigafica a aboligao do trabalho: 1) “Brn todas as revolugdes anteriores, poemaneciainaltora- ddo.o modo de atvidade e procedi-se apenas a uma nova Uistrbuigio dessa atividade (); a revolugio comunista 6, ‘pelo contro, dirgida contra 0 mato de atvidade anterior Ssuprime otratli” Marx & Engels, 1974/185-46: 47-8, italic no original, traduio modifica. 2) Assim, “os proetirio, se pretendem afirmarse como pes ‘Sons, dover abolea sua propria condigio de exitenca an- leroy, (sto 6 evem abolir trabalho” (bid: 82). 23) °O Estado madero, o dominio da bourgeoisie rpousam so- brea ihrdade do tabla. (.)Aliberdae do trabalho €a i bondade que os rabalhadore tom de competi entre si. (.) (© trabalho ¢ live em todos os pases eiviizados, Nao se trata de Hbestaro trabalho, mas deo suprise” (bid: 258- 259 tlico no origina. 4) Marx eitica 0 “teabalho, esa atividade miserével que se ve para gonhar a vida com esforgo” (bid: 280), acrescen tanda que, "seo comunismo quer aboir (.) a miséria do proletirio, & logico que =6 0 pode fazer abolindo a [sual usa (0 trabalho” (bi). Arthur chama a atenego para o facto de que quando Marx “fala (.) em abolicao do trabalho, cetamente que nao se est are fert 8 aboligso da propria aiidade produtiva material” (Art, 1986: 137). Zhersheidpartlha esta opiniao: “a aboligo do trabe Iho no significa a aboligio da propria producto mas 2 tanstor- smagto do modo de produsio [capitalist] prevalecente num novo ‘modo [de producto] que jt no poderi ser chamado de wtb hoo” (Zilbersheid, 2004: 117), porquanto perders 0 seu caiz in {ramental Ibid: 120, A aboligio do trabalho significa que, na so- ciedade comunista, 0 trabalho sert superado por una forma de ‘atvidade autonoma, a atividade live” (Marx, 19/1844: 16) ‘Ser legitimo conelr que na perspetiva do jovem Mare, 1 frm communists avid podtiva nto poe sr en tendidncom fora mats ire do wake sto um uabelho que Sorganizado democratiamente pelos tatelkadores O comsnisme no seria [de te bseado no taba, mas 2 Inés num nove ‘mode de atvdade produtvs, que inroduriria uma deacon doa stn humana”, Zbersbek, 206 119) Em particular comunismsuprimitia «especalizagSo, que, no capitalism, se apresenta sob a forma da diviso do trabalho. Marx ¢taxativa:a divisao do trabalho mutila os individuos (Marx { Engels, 1975/ 1845-46: 299), Fla impede 0 Wvre desenvolvimen'o 4a individualidade, 0 desabrochar multifcetado das eapacidades| do ser humano Ibi: 244-245), na medida em que “cada incviduo tem uma esfera de atvidadeexcusiva que Ihe ¢imposta eda qual ‘ao pode sae” (Marx de Engels, 1974/1815-46: 40) 'No comunismo, a figura do especialista, do ttalador, desa- parece pura esimplesmente: Na socndode comunints, por, onde cd indivue pode aperfegearseno campo que The aprowetnio tendo per sso uma ‘Stor de afividadsexctuiva, € a socadade que regu a producto {etl e me possbita faze hoje uma co, aman otra, cage de ‘mani, pesca nde, pstoren ate ater ceca depo dave Asya do conto de tea em Mar uma ane rena | 377 etude sto a meu bel prazer, em por iy me torn excita: ‘mente actor pereador ot eico” (41) 2 Otrabalho nos Grundrise 2. Categoria histérca ou transhistrica? (Os Grundvise,eseitos durante os anos de I857 ©1858, cons- tituem o primero ascunho de O Capita. Olivo & 0 culminar de uma dada em que Marx se ddicou a0 estude aprofundado do ‘lnone da economia politica. Nesta obra, o conceto marsano de trabalho tora-se eminentemente aporlico,Veamos pony. ‘Mane comeca por salienae 0 seguinte: "0 wabalbo parece uma ctegora mato simples. A rpresen- ‘acto do trabalho nesauniversaldade- como trabalho em eral ~ também é mato antiga. Contd conssbidoeconomicimene ess simplicdade 0 stnbatbos € uma eategcia So modeens quanto a2 eagdeque gor ous simples abtragh.” Mars 201/157-5857) Marx aerescenta que o trabalho pode ser entendido camo “a expresso abstata da relago mals simples emai antiga em qe os seres humanos = a em qual fora forma de socedace ~ aparece ome produtores Pau a, 6 4 are. Pro, ni” (bi, i= ‘o;osso),porquantosomente com o surgimento histiic da “univer: ‘alcadeabsrata da aividade cradors de riqueza”podemos falar do “trabalho em geal” ede “iqueza” em ger bia), ce valor ‘Mar frisa que "essa abstacio do trabello em geal” no & uma mera genealizacio ou “resultado mental de uma totalidade conereta de wabalhos” (bid), pois “o trabalho develo no somen- te enguanto categoria, mas na efetividade, meio para a criagio da riqueza em gerale, como detorminacto, deo de eta igado 08 individuos em uma partcuaridade” (bid: 58). Por outas pale ‘ras, o trabalho tornou-se uma algo re. Marx conc que 3781 opin, AmngineSecade a abrtracio da atgoriastrabatho, stabs em get, te Ino pure simples.) absragio mas simples, que a Economia ‘moderna colo no pine plano «que xprize wma reag40 mu to ania e vida pra todas as formas de sociedad, tal absacto aparece verdadelta na pica como categoria da socisdade mas ‘moderna. (.) Esse explo do tabla mest cam era cm ae proprias categorise mais abst, apsar de sua vlbade para todas a poe = ptamente por causn de sua abtacio =, na d- ‘erminabildade daca propia sao, igualnente produto de relies Nias em sua plena valida sé pr ses rage © otro dens” (id) Estes techos dos Grundiseoforecem-nos uma séle de ape rentes contradigdes. Por sm Ind, o trabalho & defini como wma ‘categoria antediloviaa,transhistria, presente em "todas as for mas de sociecade”, Por cutto lado, Mars reais que a podemes falar tendadiramente de trabalho, 0 si, 0 trabalho s6 devém uma realiade eee, na modernidade capitalist. Roza © provérhio a lo saxénico: you can have your eae ad eat it, Ao contro do que sucedin nas obras da sa juventude, Marx parce ser incapaz de determina inequivocamente seo trabalho € ou no wma categoria ontolgica CCeio que poderemas encontrar a solugao para este enigms partindo de um eélebre aforismo de Marx: “A anatomia da sr hhumano é uma chave para a anatomia do macsco” (Ibid. Ora, & impossivel no vishumbrar nestes avangos © TEcwos concepts o riciocinio que acabars por conduzit Marx 8 adage de uh con ‘exto bipartido de trabalho ~ trabalho coneret trabalho abstta- to embora o fléeofo alemio ainda nio utlize esa nomencla- a nos Grundvse. Assim, © que Marx parece querer dizer € que 0 trabalho, entendido como aividade coneret, enquanto praficis| material genérca de detorminados bens? é uma categoria bastante Vera esto dom fois mg de ato cnet" ee Sao mal my rn sig a ar Asp umn poles | 379 antiga, quas-ontoligia,Todavia, trabalho abstatamente social — nalmenteabstrato ~ criadoe de “iqueza em geral”, ie. de valor eo némico,¢ uma eategora quc existe somente no siodo de prougio capitalist, 22 Entendimento positivo vs, entendimenta negative do trabalho Em varias passagens dos Grimdriss, 0 concito negativo de trabatho, prasente nas obras da juventude, &subetituido por uss tentendimento positvo do mesmo: “o trabalho € atvidade pai ‘,cradon” (bid: It, tlico no origina). Neste sentido, o objet vo deixa de ser a aboligio do trabalho, ito ¢, sa superagto por tua forma de atvidade mais elevada, mas a ransformagio do ra Tho ru supst trator Marx critica Smith pela sua visso excusiomentenegativa do trabalho (Ibid: 509). Na‘perspetiva ce Mars, @ trabalho pode ser ‘uma atividade da liberdade” cujas“Rnalidades” sio determina- das pelo “proprio individuo” (Ibid) assim, o trabalho pode trans formarse em “autorrealizacio, cbjetvagio do suet, dal bends de real” (bid). O que sues é gue, ate hop, “o taba, em suas formas histricas como trabalho escravo, servile asalariado,sem- pre aparece como repalsvo, sempre como trabalho forgado extern, Perante 0 qual o ni trabalho aparoce como siberdade> ewflici aces” (Ibid, itlco no original. Em sua, sina nko foram cia das as “candice, subjtivas e objaivas, () para que o trabalho ‘ej trabalho atratvo,autoralizaio do individu” Id) Porém, em outros techos, © wabalho material, industrial, & apresentado explcitamente como uma atvidade mo-livte, como uma esfera da neoessdade que ¢ preciso reduzr tant quanto pos- sivel.O tempo lore ergido sobre para além do tempo de trabalho 6 que aparece, ento, como ama ester da liberdade: 0 aspeto mats "importante" do desenvolvimento das forgas produtvas € a (po tenca) redusio do “tempo de trabalho necessirio 8 satisagio das oO {1 Uo, Anan Soc ecessidades absoltas” ea consequente criaglo de “tempo ltr” para outro tipo de atividades bi $10, alico no origina. Ito € ‘crucial, na medida em que “o tempo de trabalho como mesa da Fiqueza (. significa por toda o tempo do individkio coma tempo de trabalho, e data degradacio do individuo a mero tabalhador, ‘su Subsungio eo trabalho” (bd 591). Existe, portant, uma aporia central nos Grondrisse, Por um Indo, 0 trabalho 6 definido como uma forma de atividade poten ciumont livre. Por ato lado, o comunisma proposto por Marx ‘consubstanciarse na redugie do tempo de trabalho ao minim ena :maximizagio do tempo dispoaivel dos individues 5, Otrabatho a parte de Para a Critica da Economie Politica 3.1, Adogio do conceito bid de trabalho: trabalho concre- to e trabalho abstato Como scabies de ver, snd & possvel discerir nos Gr vise, em alguns trechos, um entendimento~ algo contador, & certo ~ do trabalho enquano categoria historicamenteespectica, Todavia, no ano seguinte, com a publicago de Parta Craze da Fey: noma Patic, Marx adotae defatisanete im conceit ontolgico {erabalho Zlbersheid, 2004136). Marx escrve que & de suma importincia “compreender a dic feronga entre 0 tabalho que ajeda a criar oma wtidade, um valor dle wso, eo trabalho que cia uma forma delerminada de rgueza, 0 valor” (Marx, 19823/185 37a). Por um lado, "0 carder do tra batho que pie valor de toca € (.) espeiicamente burguts” (bid 51), Por outro lado, “como atividade que visa, de uma forma os de ‘utr, A apropriagto do que ¢ natural otal é onion da existéncia hima, wa contig do meatlisno entre home entre, independentomente de uaue ora sca” (Ib: 37, tio nos), Marx introduz assim em Pra a Crice da Ezonomit Police cer sobre aquele eno da neesidade come Sua base. A redo Aajomada de trabalho 6 [ual condico fundamental” Obi) Apesar do aparonie rcuo teérco de Marx, creo que é posiva harmnonizar eta posi com a idea radial de abo o wabalho pre 10 1 tin, Angin Sociedade sentenas suas obras da javentude. Se rab cance for encar ddo como uma categoria hstoncamente especie, indissocsvel do trabalho asta, entto a aboigio deste —inquestionsvel em Manx ~ implica a aboigi daguele. Por ostzaspaavras, 0 processo de ‘radio material da humanidade numa socedade pés-capitalists, busch as aividades da “esfera da necessidade” do Liv Teco {de O Copal, nunca poderso ser denominadas trabalho ‘Atente-se que ose tata de um mero pedantismo em forno dda nomenclature das atividades produtiva, mas da trnsormagio prtcn do metabtine coma natures, que perder texas as caateris fica soca e matarinis do tral. No comunistno seré abolido no apenas 0 proceso de valorizagio, como também o process de re- ‘tho, Na ausénca de capital, nfo exist, obviamente, qualquer Sutwungid ral da produgio material, qe poder assumie uma for- ‘na pos-cpitalisa, inawdits na hctva da humanidade. Cliudio Duarte observa acertadamento que “a produsto So 6 pode debar de ser proceso de trabalho garde coorgio e ne fstilade” ~ a0 contro do que defende o imo Marx ~ “come ‘la pode deixar de ser o momento central da vida” (Duarte, 200 59, tlio nosso), Neste sentido, “a produgio tornase novamen temero pressuposto mara”, perdendo a sua preponderincia 0 fio da "nove onienagio do tempo e espago sociais” bid 61, it Tico no original Referéncias bibliogriicas Adorno, Theodor W. (2009/1966), iain Negi. Rio de Jani: Zahae “Arthur Christopher. 19869), Dist of Lab Marx and is Reetion eg. Oxon Bal Blache: Disponiel en: ps: /munomiguel ‘shade sarondpess.om/2012/01/dlalcticeo labora Pit (Conelado em 10/08/2016) ‘chat, Manned (1), “Uivumait lle toujours ral", "Tietguus, VoL 3 No.2 pp <8. ott, Maio Lana (2009) Cre da Scie do Tuo = Ter er Confit. 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