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eprToRa-paopractaRig {COMP MELAORAMENTOS DF. S, PAULO (Wee ios neopaay "Sau - €a¥ntoas - ho = REcE EAS 00 * atoms ero (2, saben Misone 83. Brag CARTA DE S.S. PIO-X quando Patriarcha de Veneza a0 editor da traducga italiana’ desta obra Uhh obstat Shrsaiy aa Mai 1904, 1B MAGALHAES +. Muito me honra o sou pedide de ou juntar minha. hyde vor 4 dos sminentes Plains, que louvara,0 Curso @ Apolopeticn Christa do PL W. Devivier. ‘ 7 Tal 6, na verdade, 9 sierity desta obra quo, onde quer que ‘ois gt gta et pa pls sls pa fe a ved aprendidae no sed. curse, dogmatico™ Elles a, espaharko. lantern naa itis como round dane Usp. gue’ lege toon tular dum modo incanpltg, mas que ado poten. ignore Yarn fateh = aslo da°aon {6 a si ¢ aos outs, delendendo-a conire as accinagben ‘susditads, peers ‘ Approvo, pois, o°juito:ldvorarel Jado por tnlos betiend dis. Kineloy'e axhd a6 0 slogig do traduclor inferior & memia. bea. aad 3, bem jyizers: val: nas aioe! dos’ jovens-e homes de fda cone °° ge igh, « reamo. sag mios das’ tenhows, pois cllas'iy vets debug «$5 SMC Ate, nite pocha’ do nogtigencia om. msiféria dé instrucnso religiosé, Ea ms plicit 7° oe Bp wiotordar ao, coisag da 1 @ vivom, n'uth éolsdo do duvida, produ” Be do pelea objéogdes, quo nko. saben resolver. Ane A Regotiamioipe do bem- quo. tari, preparaniio wala 2a lig.” tian, tno’ votas pars us ela obra soja. conbesiéa dois cams, “Vembranga da 1.2 cémmunhie,-como premio nas casaw’ de ‘edtucagtio, .* Se aeindte } “4 zone tons pga enn alee fa veo eer on i ar § Beeofcomo. lirro de. eitotp “as. familias crisis. Tendo. pace mim, due. *> “Be conn, Raat Bea : Bids os que a. lerom,.dinéo, 40 Senbot, confjmadot nn ‘veriade fp go Pauls #0 pene Be fiona: “« Vossos testemunios® aio infnilgmnente digios’ de té > (Ps Begs). Bion recohtecetéo tambem yasnla jertidia ba om, outoe limos, =: Bj BE demain expalhaos, inehigos da rligito, e rolusria, ao alo nobre frenquera, of que am converts parieulares sam caluce gi fae 2 Egroja em algum ponto. % Henin, 20 a'sbet do 1904 ees G8 Tae, Can, Bair ‘simian’ iw Maly gs, 4984" oe Imprint potest Babia, Snovemibris 1926... ALOIS! “sup! las Jini. Sept. Babe. Lai JOSEPHUS GLANNELIA 5, Be Hin: ay Cantal, CARTA DO EX" e Rey.° Sr. D. SEBASTIAO LEME, , M.D. Arcebispo-Coadjutor. do Rio de Janeiro to Rev.e Ps Antonio Pinto, Superior dos Jesuitas portuguezes An do Norte do Brasil : Me Ree Sr, Padre” “\O°2%. som pode V. Paternidado avalinr oom quanta wlegra zecebi a hhotisia da. proxima triduero pdrlugueza do 'e Cours Apologetiquo Chrelienne »"do Pe. W. Devivier! TLivao’approvado © louvada por 48 bispos de revonbocida com- etenein p pot vullos abplorizadag daa letras Tolgi0sas, ubea que coula fais do 16° olioes © jh esta traduside om diverse Tingtns, 0. Curso {do Apologelica ic Fe. Devivier Jor si ineauo se ImpOé cos ‘bowen fesbadacot 40. Brasil ina ‘Roologatca que marcos an mai, Longs apni “a Biblingraphie Cathokigue, do. Proois Uistorigue, ao Pelbiion, da \Giodls Cattsion ede outtas revistas de. valor mundial, nlo 6) do erly um. manual ‘commum” de’ yulgarizagto, destinado a pessoas ... Os homens insttuidos o lero com fruclo’.” AS ‘pesssas do mundo 0 percomrerin- cam proveito © pravet... € uta obra fabiano profanda,.. Ofiewe sos ospinitos™ serio um onsino claro, s ‘concisd-6splida." “uma. apologetiea completa quo est a0 par das _alivexssies ‘© descobertas toodornis. Tem todas” as qualilades para op um’ [iro lasso...» 2 "Basta -ralleli, “pouco que seja) no valor dessus palavras do%. ‘ettininls. ¢ gubio Cases! para se verifiear logo que um Livro. assim ‘do pods deixar de fazer grande bom 4 noava mocidate estudiosa 0 208 yhoztens.callos, enh go Muito. € pure dosejar que a obra de Devivier sei conbecida’ 6 eattiade. pelos ealholicos de’ nossa ere e por quanios se inleressamn 47 "por asstmptoe de ordem Teligoss i ‘Tonho para mim que, medilando nos argumentos compendiados pok-oove auctor, um eapirlo sem preconceitos tert meio camiaho an- ye “itde' na conguiata e fitmess da {6 a9 08: notsos,parochos'e sicordotes, zelosos du salvagto das lmas,~ proourem dittindie “0 Curpo. de Apologeliea entre tantos Nie luverd mais bello apostolado: nem mais valiosa. obra: d De V. Paternidade Servo em N. Senhor Jesus Christo . t Seoiniko Lamm, Ac. CARTA-PREFACIO Mew Padre Manvel Martins gaia WV. Rev.é de prostar um rolovantlissifio. servigo “causa fle Dis nas termas de lingua porlugadsa, ‘Tradusindo Devivien weet zou um dosejo de quantos. ealre és conheciam 0. oripil do te... suit Belga, De Mim confesso que neuhum outro auctor me eneheu as me. Aidas om tal assumpto. como J coe Jer enbo sié gain ume das male sands © nso Jadores recordacses da minha vida: — foram essen as peginas uo Imundel & RawaLo Onttcko, quando, numa extensa catty due a lps pazecoa ‘dim lance de ousadia, mas ‘que’ foi inconlastavelmenie we ‘eaafogo de> sinceridade ‘amistoss, convidei 0 maravilhoso ‘esetipioe «4a gimitimo ico, & comerio. decisive ‘pace inepa ca fholiciemo. A ‘leitura ‘daquelia sobriae vigotosa Apologetica. scans de ioundar-the.a alma de luz; pouco Wepole de feckato © voluina, publicow Ramalho, a proposito ‘do. projecto de ‘monumente, ao ties gues, de -Pombal, ‘a sda. lealissima rottactagio averea Gx Compansig le Yesus, geguitla por outzos artigos de ovientanto bem orlodor, 2 alguns dos quaes foram enrijneset a prosa Spulenla das “e Ulisn, Faxpas ». Mas houye mais io que ‘isto: as conviegdes, encaitades i ha intelligeneia do. auctor da Hbllanda’s, por aquells leilaea hestant on pulluler seivose um pomat quo sp resainou de tructos.‘Voulade f ‘coragdo receberam li_calot, como a razio recebera luz. RAMAa- ay Brecon pena tte ars cml om hora do 2 hota "busldente pease neo Gm Mle Ions’ oon alah wal” annette gee mg fo ruindo dasfotos no pd de sua proptia iuconsistoneis; a “inoti- Eacia dos pxlriGes jecabitos aca dao um alamo de fellcdade, 09 ‘alaclysn profundamenle inditose de tantas heorias sem Deus; (lo oste 5/2 Sonjuncto" de desilusdes proparava x geraqio contemporanea, nior- Jeol of salacious ¢|a!meidade, ‘yan recberom lua de Ua elucagdo solidumonte apologetica, em que, a tanta inaaidade, se Sbtituass wea bem eimentado.aliceyce de carta do vilude. 2" Deum antigo diseipalo ‘meu, talento brihants, bom orientado & amigo de estudes serve, academieo. hoje do ullimo ano judo Sct ha diss eas linden — «Nio 96 pode avaliar o que sbria o mnixdo, 0 yue vetian, 5. ,;ap "homens, seo catboticismo forse comprebendida. de’ verde Nes is tempor de tanta tnguielagio, mas tambem de Zo anciosa “busca da Vordado, nto sora tma. grande missio a do. Uscriplor que, om: prokendesse’ ostrar de uma mancira, persuasive e madera que YYerdade, plenitude, “0 eocego, spar ‘eslto uo. Catholcssmo? Neat 4e'diga que" ala 30 tom feito tm todos os leaps. Se je 0 fzeram, hhuncao-ambente ealeve prepariio como 0 de hoje. NEO sei que me fa vet eo sump, Verde mul sacar tn. te yninente \@. proxime, Que nor estard” preparando ‘Deus para 0 dla de amenba? men ™ Este vetbo da esperanca ethoa hoje por toda 4 parte, onde quer que aja ura Intelligencia. reflexiva, ou uma. juvenile vbrioss, para nap sairmos das, tts do lingua portuguésa, € abritmos os olhos Bara 0 ccplesdide dpsabrochar da inocidale nas Escolas Superiores dx Bahia eis Minas; © pereorrermes as columnas que a imprense. cx tholiea”portosudsn’ consagra aos symipathicos rapages. da" Univeis dao do Coindra e da suventude ca‘tolica de. Lisboa Gom-a'iradvefto do Gureo de Apologeticn do. Pang, Devivren veia °V. Revs (ransmiltir & Brasileiros e Pontuguéses. a liminoes. ¢ Spportunissitnn rexposta do auctor a. ease varbo' da ceperonoa No'livto dot que devem ‘igorat na estantet Go tolor os homens insttidos, como livro de consulta ete Livro & cobrelao dos qitsnauimes mide entagioms Gove aiopar cote fsto ma aulas eeu, arar com dlurae ¢ noclura mio tas‘heras de tia culinra do eapsto. Digo mats: este livro 6 pare ear idee tlio por quantos na tibuna, nas cathedeas, na imprénsa, nos sal0es, na3)via~ fens, hnjam de venta, com conbeelmento de casa, o8 grandes 0: otis gue elaine cn los deton dn Sata Como V. Reva va, estou quasl-a_plagiice. Ainda I poveo Y. mov mo opeeria com. pouch diforenpa eta ullimas" phason, a inna am Goe ne anima. ob npresee Teehua eiri Br cose obra. presiosa . B uma vor que entsei em Wo bom cemiabo, vi 14 mais um, tregho, ato a plagio, mas ds cltapto, ‘ranscrowetda, para aqot esse pessagem da sun lara, tarei do- Ja a quen me er qudo dosocsoarin ora ela waka’ humilina So Ho pie recusac:i' ‘sae, qealo hows de — 4 yordade — 0 meu alfecté fraternal; isfazer ao convite, que 36 a modestia do S sociaes desles ultimos annos, a firmarem 4 restltnale” canra-paeracio, ‘ tk ‘Traduclor pode ler inspieado, nfo adhel, em fomnalas miahis, mais fexacla informagéa da obra, que o despretenciosa, parser de V. Rev.s, ‘o-qual nesia carta Ibe reanvio: —"et um livro esspncialmento didactico, rnuilo melbodica 1a ontrina, sogur © eonvingento no raciosinio, ead. mesmo tempo ali- filo cireumapesto no ventilar ag quesiOe, sabrio. sam defuencias nom domasias na Tingaagemn, © emifim io bem meditaly © substan los quo. suave e ‘orlemento teioraphe das inlelligenciar que nko Techem’aeintosamente 08 olhot & verde.» . "Aecresgenlarel que ate o8 adversarioe terio qi elogiar em De! vivisn= quando mais nlo seja, a carrosqio e corteria do polemisla, 56 egualada polo vigor do dialoctico o do apologota. i Boa prova slo dasles doies sobselevantos a mullipliidade de ligdes que obra lave em pnicor.annos, © 08 muilos. zaductores (que The quizeram dar {ros do cidade nas’ suas Pattias respectivas Ayprovarges episcopaos ao faltaram tambem a Devirian, como esting esta Tecamponse. Na 22 edigho da Helgica quo sa fb ie. eho itis veo as do. Santo Tuite Pio Sao (erdesoe, 10 Avcsbispos «8 Iespos. Goin Ueda esr Ululos de valor intinseco ¢ de auckridade x- lbinsece estava’ mais que justifieada a esootha ‘ila ‘por V. Rev para ompregar o seu Iompo € entiquecer o% paisee de lingua pore fugues com a oa traduoyto.. Deixerme felicitalco, ao terminar, pelo smgdo camo’ realinma sea. traduegte. Deixou bem’ deemen ‘do "0. div lado italiano: traduttore, trodtiore, ou ielbor eriod para essa triste ogra uma forsinsa ‘excepedo. Devivirk passou nas suas paginas. a falar portaguts 0) Ie wm rebuscamenios nem desleixos, com: tal Tucidos, singeoza © di fnidade que ovin encarecimenio so podo dizer que o wluctor foi Smulo feliz do auctor : ‘A Deus Nosso Sealior fico podindo se digne abengoar 0 apes: lolado que 0. seu yolumé & chamado & oxercer no Brasil, 0a Portagal @ nas Colonias deste, mormente eatro os intellesiaaes © ene a md dade. ~ Collegio Antonio Vieira, festa da Assumppto de Ns 3.4, 1992, P. Luz Gonzaga CamraL 8.1. iINTRODUGGAG Ao CURSO DE APOLOGETICA GHRISTA PROLOGO. Toda a sciencin toma cama ponlo de partida nas suas demons- trigdes, verdes evidentes, ou ji damonsteadas em outra. Tambep ‘Apologetica, que quer provar a realidade do facto da Rovelaio © da Be instituigdo Givina da groja catolica romana, podria. presugpdc pro- E‘vado bom manero de verdades philosopiicas.‘Julgemos” comdd ul na tempos actoaes mesmo necessaio, aprosentae aos jorens’ ca tholcos una demonatrapto preliminar da. existncia de" Dens, © da cepistuaidade,literdade e immortaidade da alma. humans TE primeico a existencia de Deus Niinea doveria’ser nocosserio, para “hon da homanidedo, pro arse. a exsiencia de Dens. Mas como ha homens, quc « negam 01d menos pot palavns, convém, que se aaiba. reapondes-ihes titm- Psnlemesie. Ha até gabios que. por uni Iado ‘affitmum: que a scien ; sia ae esttibe unjoainente a ezperiencia », que «este expetiensia ‘Mo tem, nade ce questdes de earencia «de ortgemy (Litt, os «a fctencia ndo se occupa doe causas primarias nam ak finali- dado das coinis » (Berthelot), sat por oitto lado queren concn fem nome. da moome sciensis, « no-existoncia da eavea primatia| Se seredinssemoe a esles, 1m progrestos da chinica, physica, blologia, istronomia ‘© tay mais cciencias prperimentacs, cojo camps? uiicat WA 8g, 36 Dany ens tka profandamtnta, eraveds ug slung 23 homem, ‘e.g onion anes Ja Wut se pv te Bihenint St & a § Peeeench Oe homens que segais n iivinicio porque senicadiaem & evidend tenon. (Game 87) ’ i ¥ materia, teriamr demonsirado {64gan.@-origem do tuo. BA Motos bival, mas main perida 6 « duvide, ctusnda por una (@ de anenmja inlellectual, Esla obscarecow ide enfraqueceu as conviogbes da muilos. A’ forga de ourit Syflldas vores, gue a raxto humana aio 6 capaz de eslabelocee on fmentos da.t8, que azo se pode domonslrar nom a Livinlale de Betas cn, noms tmorande ds cg es 2 iia de tmeisio qualquer verdade ohjectiva, a ‘civietdos a porguatares iAdoieton se realmente a sua {6 eth bascade em fondumentes, bas. Baile soidos. O que & induitavel & que o ehristo instraito deve, hoje Fils gut nunes, poder prorar, a sie ios outros, a verlade primar, Hilde existencia do Deus. Haverk problome mais importante «fone Viealal entre todos os que podem excitar a curiosidade do hoinemn? to, ealé todo o edificio da ‘religito fandado sobte a existetia de 2-H" bakdade prolensto do corta philosophia, querer fazer consists SES 0 rperewo na nogaclo do que ella chama « chimera >; no impedica f%7 dae deanlo ak inteligencia. eapaz de ‘relletir se levante, colo: ou SERB Le fStde; cot pergunia decisiva: «Donde vens? Para onde yacs? ‘Tens BERR oe Seatac? ons we ater pane we ‘posto 9 problams, poderd PR GP /Mee™deixato do lado, razoavelmente, sem procurar-selhe. a solugio? EATS Sona vide muda erideatencate do aapesto s sipetonte enmee RETA N st aspscto. qoe tom, ou d'uma cadeia fatal de phenomenos mechani- GR oom a decomposigdo definitive por temo, ou d'um_preiudio ou PSH vida som im endo a iberdade’ hsm sascha real eee = boas obras, ttctondas durante notsa carla permanencia nesta tacre “RR < Depie a6 tecmos demoastado a oxistncia de Deus, fallarnce da inh hamana e provaremos ua espirtualidade, Uhendade: 6 tmeeor, divas, 8 inullidade dum Creador, as verdades mais rg Wes, 000 ha Bit a a ae tg nalor 8 cbucutidade em guy deft, asa Cite: Hee dat Doone ie fae ange Ra (eeaer libra gue elle quia ceoree bapa eet 'D ebpiite aie mais ve ectaaan 9 etalon yh ce | CAPITULO T Deus, sua existencia e natureza ART. I, — EXISTENCIA DE DEUS jldeia de Deus. — Observa-se no mundo um facto real- mente innegavel, a saber, que toda a humanidade possue a ideia de um Ser superior, Causa primeira do universo ¢ * Senhor soberano do homers. E, no. sémente todos teen esta ideia de Deus, senzo que timbem todos ereem na sud fxistoncia e todas as Tinguas conhecidas teem uma pa. lavra para o nomear?, Namos provar como este facto de uma ajfirmario und persal da existencia de Deus ¢ verdadeiro o depois demous. traremos que elle, s6 por si, consiitue uma prova da ovis tencia de Dens . Mas, se asi sim é, em que se funda entio a humani- dade para tio unanimemente crer na existencia de Deus, gu qual ¢ a raza desta cronga? Respondemos com § Paulo e com 0 auctor do livro da Sabedoria%, que a exis. fencia de Deus ¢ uma consequencia logica da existencia, do mundo sensivel e do universo, Diviséo. — Para a prova da existencia de Deus fun. * { @arnoshemos pois, 1° indirectamente na affirmagao unt versal'do genero humano; 2° directamente na, existencia a DE fk ter o mais i Talla “ae ‘Deus seam ilion ‘cam’ wns iad ua, Smale Cel Sieitos 0" ellocam A feats 2, Gerla oe ap Dosa pacts of eet io ences ee las Joie! Um, Deas, Be" none, Dea fa ft on Doron aor, gan rata spol sale aon ae ‘iy aioe Fhmanon dain Seal, SRO sip. ean 408 Com ‘niwitia BROVA' DA exasatinctA do wniversd e na otdem admiravel, qué nelle campeia; ‘ Be mas. ‘consequencias, absurdas e desastrosas, que deri vam do atheismo. Quanto ficuella affirmagio universal da ‘oxistencia de Deus, pode olla apresentar-se-nos por duas formas: uma eaiplicita e formal, quando vem expressamente formulada fis profissdes de {6 ou em praticas religiosas; e outra ém- ‘plicita, .quando, apezar de nao vir onunciada em tetmos piectsos, se acha comtido encerrada na allirmagao geral de outra verdade, de que, convindo, a poderemos conside- far como. separada, Passemos desde ji a estudar esta \dupla ‘ffirmagio, explicita e implicita, do genero humano. PRIMEIRA PROVA, AFFIRMAGKO EXPLICITA DA EXISPENCTA D@ DEUS ‘Temos nés que provar duas proposicdes: =1) 0 genero humano affirma enplicitamente a exis- “teiieia de Deus; - " q 2) + As propricdades caracteristioas desta affirmagsto © 08, fructos, que della pfocedem, nos demonstram clara mente que ella nao’ pode ser falsa. a, 1. — 0 genero humano affirima a existericia de Lge Deus. — Ar universalidade da crenga em Deus ¢ um facto air evidentemente attestado pela historia, pelas narragdes dos viajantes ¢ pelo veredicto de uma sciencia, nova, a chamada sciencia das religies. Verdade é que o genuino conceite de Deus se foi con- ; linvamente adulierando; @ nao, menos verdade & que’ os homens-estao Jonge de conformar os seus procedimentos com as normas por essa crenga exigidas nas diversas cit cumstancias, em que se encontram, na-sua vida. “Mas, e “isto sé hasta pata a nossa these, nas mais graves con: juncturas dellz, nesses momentos em que, abafadas. as ‘paixdes, a’ consciencia levanta mais alto a sua voz, o =) £72 genero humano, reconhecendo. a exislencia de um, Sor su- 7° ERGs" Cult Saas ste peta ae dpe olny gue cocta oe foram rule Inga gedaan oe bot er teste, Ee Wie* ihc eu srponcee, Guaterk Tes fishes Mig: Foaul de Costin us cata nt a mo>. Sobreveio, porem, Napoleéo, que acuiliu logo a des- embaragar dentee as suas ruinas a religiao da «immensa maioria dos francezes » Ainda mesmo foje em dia sio os atheus, nos pai- s abalados pela impiedade, uma insignificante minovia «Nem mesmo um atheu para cada cem paes de familia pode servir de: base para os vossos caleulos», dizia o raclona- lista Julio Simon yos partidarios da escola neuiva'. E, ainda se concedia demasiado, opinava o mesmo ancior, om admittir-se um partidario ou dois da escola neutra para cada um dos departamentos francezes. Uma coisa pare- la se passa nos outros paizes civilizados: na Inglaterra, na Allemanha, na Russia, na Hespanha, na Belgica, etc., como seria facil verificar, Examinem-se os testemunhos dos auctores menos sus peilos*, © yer-se-ha como todos reconhecem uma ou di- versas religides professadas pela humanidade. Assim que, ninguem, ante um accordo de pareceres tao grande e tio imponente pela sua unanimidade, ousaré por em drvida a seguinte conclusio de Quatrefages: «Eis-nos ante um facto realmente importante: 0 atheismo, quando se encontra, é em estado erratic, As massas populares Sempre ¢ em toda a parle Ihe so extranhas; nem uma s6 das grandes racas humanas, e nem sequer alguma das menos importantes divisdes dellas professou 0 ailieisinos', Sim, o facto ¢ verdadeiramente notavel. Onde so viu ja. ‘mais uma similhante tinanimidade de pareceres em’assum- pto tio grave? Nao sera, porventura, a’ propria natureza, que, inclinando-se ante a évidencia da verdade, the rende esta solemne homenagem? Buseia-se a forga demonstrante deste testemunho uni versal no seguinte principio de S. Thomaz de Aquino: «f. impossivel que seja falso'um asserto, que todos os homens Por unanimidade dio como verdadciro. Uma opiniio erro- Jules Sinem, eat, iit SERMDIS, © snaichisla Uvit-yensador Wlsew Reclas, na sna Gao out teiemtnto. TBs Walle Sao! aaaenbeanes co ceeseniaaes oe teleost semis cont de 8 ‘RIUINA BROVA DA HIOSTENCIA DE DEUS: nea, s6, de facto, se ha de attribuir a um lapso da mento, @ nova natoreza do egplnii, considerada em si mesuna. 0 caracter, proprio da opinifo erronea tem que ser por co feguinte accented; bra 0 que. & accidental jimais. poe ser universal. 0 que, portanto, 0 consenso dos homens, em materia de religito ¢ de moral, d& pof verdadeiro, de ne- nhum modo'se pode ter’ por falso.» (Contra Gent. Il, 34) . -Gamiogko, — Se bem se considera, nao basla esic ‘Yestemunho do genero humano s6 por si para demonstrar avexistencia do Deus, & coisa vabida que a idolatria rei- now durante Iongos seculos em quasi todos 08 povos. « Tudo era deus, excepto o proprio Deus», disse Bossuet. Ora ter por deus um pedago de pau ou negal-o vem a ser equiva. cs fe a mesma coisa, eMeNEOSTAT = 1) Ta Cicero respondou muito bem 4 esta difficuldade. Embora entre os homens haja divergencia quant) & naturesa de Deus, comtudo quanio & sua exis- fencia ninguem ha que a ponhe em duvida. Quales sint, varium est; ess, nemo negat. Pelo facto de se errar quanto 4 natarera de um ser, nfo se nega a existencin dest ser Ne ontura, a ‘existencia da electricidade um ho mela ijumanto $5 porue sas da mesma clectsidade tn conceito erroneo? Se assim fora, tambem os physicos haviam de por em duvida a existencia della, porgug ainda “ estic' muito ‘longe de’ se porem de accordo quanto 4 sua natureza, " 2) Tao evidente é a existencia de um: Ser supremo, ‘nfo obstante as deturpagdes, por que passou atraver dos’ seculos a ideia de Deus, persistiu, comtudo, sempre reconnecida por todo o género humane. Esta solugdo tem egualmente valor para as difficulda- dos tiradas do. pantheismo 2, — As propriedades ¢ fructos desta atfirmagio provam a verdade della, : . 1) As PHOPRIEDADES CaRACTERISTICAS da affirmagde gral da existencia de Deus séo: A universalidade e a cs- ' pontaneidade, , Gf, Mcomins, qvsreme do. 187%, 9 ,conlesscin, — Advittaen tam tate tip an tai do PolyStosna Se coavarasn "ation do Mot: WSetams tanto, 2) Universatidade. — Ji. della bastantemente nos te mos occupado. E realmente tem grande peso em seu favor uma opiniao, que a grande niuioria dos homens, se nao todos, admittem. «Em vez de suppormos que toda a gonie 50 engana, somos antes tevados a exer que toda a gente 6 que tem razdo.» (P. Monsabré) b) Bspontaneidade. — «Haveis notado, observa o Pe, Olivier 8. J., que entre os nomes, que uma crianga mais facilmente aprende ¢ retem, como séo os do pae e da mac, tem a primazia o santo nome de Deus? Reparastes como nio $6 0 aprende e rete com facilidade, sendio quo tam bom Ihe comprehende o significado, pois yue lhe liga uma importancia, que ho dé a uma muitidao de, outros nomes, que parece a deveriam interessar mais? » «Sinto que ha Deus, dizia La Bruyére,-e nia sinto , que o nao haja; isto me basta e todo o raciocinio dos homens para mim 6 inutil; conelio que Deus existe, por esta conclusio estar na minke naturesa; os seus comeros vieram-me tio espontaneamente com a infancia e conser vei-cs Zo naturalmente na edade madura, que no silo: para eu os ter por falsos. » Conhecidas so a este proposito as eloquentes pala. vras de ‘Tertuliano. « Quereis que vos prove a existencia de Deus pelo testemunho da vossa alma? Apezar da prisio ao corpo, que a opprime; nilo obstante os preconceitos da . educacdo, que a captivam; miau grado as paixdes, quo a’ enerram e os idolos, que a degradam; logo que tora em i, logo que sae do seu tozpor, da sua lothargia e recobra @ saude, nomeia a Deus: Grande Deus! Santo Deus! Quei- 1a Deus! so as exclamacdes que sien espontaneamente dos labios de cada um.'0 testemunho da alma por natu. tera cliristan! » Pouco faz ao caso que ou a educagio ou o ensino tam- bem fivessem parte na ideia da existencia de Deus, O fa. clo ¢ que apenas esta ideia desperla numa alma, se The impoo irresistivelmente por estar de perfeito accordo com as aspiragdes da natureza humana. Ora nio se pode admit fir que a’ nossa natureza espontaneaménte peopenda para © erm, 8 2) Os rRucTOS DESTA ‘ARERMAGKO. — Pode-se ap- Plicar.o que Nosso Senhor Jesus Christo, diz dos homens 10 PRINRIRA PROVA DAIS! & propria doutrina dellos: Ma fructibus corwm eognoscotis eo (Math. VIL). Para a humanidade foi sempre a crenca em Deus, no Deus verdadeito sobretudo, a fonte do feli cidade, a udica verdadeira cousolagio nos infortunios © © ainparo efficaz da virtude. Em contraste com estes in centivas’da crenga em Deus, ahi estao hoje em dia paten- tes aos olhos de todos os fructos abominaveis: do ensino atheu; a criminalidade nos menores, os suicidios, a corru- pedo, que @ maneira de maré, enchente ge immundicias tem nos ultimos tampos ido subinido, como‘ confessam auctori dades nada suspeitas nesta materia’. Se Deus nio existisse, a religiao seria uma pura men. fire ow ym convencionalismo social; ora como 6 possivel que uma mentira dé origem as virtudes heroicas éos santos, & paz, & alegria das suas almas; a uma innocencia, por extmplo, como a de um Estanislau ou uma caridade como a de 8.’ Viconte de Paulo? Seria uma coisa incrivel. Mas Deus existe ¢ a religiio € divina; e por isso, onde ella é venerada, tambem com ella é venerada a virtude. «Sim, exelamava Schiller, lei divina 6 essa que os melhores dos homens professam ». «Tenho. observaio, dizia Frederico Bastiat, que os melhores dos homens 6 se acham entre os, crentes »; e tomou-se tamhem crente*, on oy, Atif 2 Romi ax anae, 6 alain apts prove de Dea > aia ‘pila "0 aon Sa a ‘Usd chestan ao Uaioe os Camper, por exemplo os da iia ae a des, Tone LIK, 1803. Ter tompe owunane: Ta jeinoe. & su’ a lantacedoeratgal cm Pasi ob, Galo, tases he pence: s Nol Hao Sarge Go"tobr abe” isi caanion tah SANTA tnt eet etn adc names a 6 eae ah Oe eta ere eettts Geant ato eta heen: ie Tds’talo TAINS “istiaesole? cr ae eats te Bm 8 eebrest go’ Link fanoee ais tember: € Av cans tein um ebialdae s80'v Shiela do Whit mera ant oy none Sel a mattize dg de. fario, aireige da estalation oiimiaal no, Minitaie, aa a til ice dot pobre Seite cee ia ae see tee aie wining, ue a ele dl a See, baal ane Seated Ae he, ae Te aad haat mt er Si naa alti ri gah cont aa ame ae cate He ole gees See Shona, cee FP ius Da oe ot Sgt Dade gts PHUPUIRA PROVA DA ISTRNGIA DE DB As PRrinzira on7eooKo, — A crenga na existoncia do Deus 6 um preconceito de ‘edweagso. Rusposts, — 1) Nao se pode near quo a éducagio tom uma grande parto na origem das ideias, A experiencia guotidiana nos mostra com effeito quio arraigadas ficam semare as ideias recobidas durante a infancia, Nio 6, com tudo, a educactio que dé origem 4s ideias, mas dessnvol- ve-as apenas. Nao dé, pois, explicagdo a0 conselho do ge- nero humano em crer em Deus. 2) Alem disto, o que é preconceito ou como que c0s- tume, ‘varia de povo para povo ¢ de seculo para seculo. A crenza em Deus, pelo contrario, encontrase por toda a parte @ sempre a mesma. Como é, pois, qe a, universal dade e perpetuidade haviam de ser attributos 86 deste pre- vonceito? O que é certo & que, independentemente de qual- quer educacao, existom no intimo da alma os germens pelo menos desta crenga. 5 3) Se emfim esta crenga. ndo fosse mais que um pre- coneeito, como & que a sciencia, segundo o testemunho dos subios mais eminentes, a vem donfirmar mais, em vaz de acabar com ella? SEGUNDA OBI¥CGKO. — Foi do temor que derivou a erenta na existencia de um Deus. «Os homens, tomados de terror ante os grandiosos phenomenos da nitureza (0 aio, 0s movimentos sismicos, etc.), ndo Ihes descobriado a causa, attribuiram-nos a um Ser Superior». Assim peasava Lucrseio: Primus in orbe deos fecit timor ». Resosza. — 1) Mas, sendo assim, como é quo-entao todos os povos teem a ideia de um Deus bom, misericor- dioso?, Donde vem revonhecer 0 selvagem ignorante, a par dos genios malfazejos, por elle esconjurados, uma’ divin. dade tambem tutelar? ¢ que o pagio chame a Jupiter Deus Optimus macimus, assim como os christios qualificam « Deus como Summamente Bom? i 2) Aceresce ainda que este temor, se querem que gle seja religioso, j& ovidentemonte hha’ de presupjor & SOS dervarog, sacha posside de sentimantos chains, pslo gun, alles, ex are po, ino ', Same) on, par, ventana vas aera palo ia, Higa sSesbacaetcle llr ue apuniaon, Alles Goquo poe varer cts Bod : 12 PRIMERA PROVA D4 EXISTENCDA DH DEU “ 3), finalmente, note-se que, conbecida a causa na- tural gs phonomenos, se ha de forrosamente desvanecer 0 iemor por elles causado, por conseguinte tambem a crengu em Deus, porquanin so suppée nao ter ella ouiro funda- mento. Ora, como nos ensina a historia, os grandes'sabios 4 medida que iam conhecendo mellior as maravilhas da i natureza, mais humildemente idm tambem reconhecendo a Deus como seu Auctor. (Vid. 5. prova) 5 um systema assim fecundo em effeitos desastrosos. Sé a crenga nun Deus vingador do crime © remunerador da vrtude ¢ que dé consolagao e conforlo em meio dos trabalhos da vida, e sé ella € que reprime de- véras as, paixdes, alenta a obediencia, inspira a justiga, a caridade, a dedicagdo, 0 patriotigmo, e em geral toda a sorte de’ virtudes. PROVA SURSIDIARIA DA EXIBTENCIA DE DEUS 0 BSCOL DAS INTRLLIGENCIAS DO GENERO HUMANO AFFIRMOU SEMPRE ESTA BXISTENCIA J4 notimos como a humanidade em seu conjuncto, tanto nos povos barbares como nos civilizados, sempre creu na existencia de Deus. Houve entretanto homens que cerraram os olhos & luz brilhante desta verdade; mas, como ja dissemos, 0 atheismo delles néo 6 fructo de uma scieneia mais avantajada, como passimos a demonstrar, appellando para o testemanho dos sabios erentes B um facto incontestavel que a grande maioria dos espiritos superiores reconhecem a existencia de um Ser eminente, causa primaria do universo. Esta homenagem, rendida 4 divindade pelo escol da mentalidade bumana, por homens, cuja convicrdo se baseava forgosamenle num 2, lamer cyt lemmas ffgtes do alien. La Dene, ekahdas Heat "Bachna takes cos SOM ie UMS ny EN Ge Nstiga, de inte 8 ao Seapetaii, ue 2d ae prineipaes aor ies CME Sy sacistom,aliee nlp roa ate oder on na ge uleaer Ses ce oe pantie aa te “levee! nts utealante 42 PROYA SuISHDIARUA DA BxisTENCIA D8 DEUS exame mais sério e mais profundo, possue um valor uma efficacia especial para confirmat a nossa these e corroborar 4 prova que tiramos da. alfirmacao universsl do genero amano. Dos homens da antiguidade, que com o seu genio e si- der honraram a humanidade ¢ que altamente reconheceram a existencia de Deus, relembromos os nomes de Homero, Virgilio, Sophocles, eic. Xenophonte e Platao attribuem a Socrates uma bellissima prova da existencia de Dous. E © proprie Platio no Timew © na Apologia de Socrates ira cla admiravelmente este ponto, e chega a sentirse enc jado por ter, de provar uma verdade tao indubitavel. De- clara elle no livro das XI Leis que a ordem das revolu: (Ges celestes prova a existencia de uma intelligencia sum- ma, e demonstra como ndo s6mente a astronomia nfo 6 fa- voravel a0 atheismo, sen’o que pelo contrario o condemna, «Ao contemplar-se a terra, o mar, o céu, diz similhante. mente Aristoteles, poder-se-ha pOr em duvida a existencia de um Deus e que elles sejam obra sua?» E Galeno, de- pois de ter feito a anatomia da mao do homem, exclama: «Nao € um livro, que ew escrevi, mas é um hymno, que acabo de cantar em honra da divindade ». Mas foi sobretudo depois que Jesus Christo veio ao mundo, que a maioria dos homens eminentes foram nao sé homens de f6, sendio tambem intrepidos defensotes das sas crencas. Bastard nomear os Athenagoras, os Justinos, os Itineus, os Amobios, 03 Clementes de Alexandria, os Tertullianos, os Origénes, os Minucios-Felix, os Cyprianos, 08 Gregorios, os Cyrillos, os Ambrosios, os’ Agostinhos, os Jeroaymos e innjumeros outros, que, animados de uma. fe ardente, empregiram a sua rara eloquencia na defesa das verdades christas. E yue homens nao sio tambem um S, Anselmo, um Alberto Magno, um S. Boaventuxa e sobre. tudo um S, Thomaz de Aquino, «um dos mais bellos ge- nios, de que se gloria‘a historia do pensamento humano »s Foi alle quem em certo modo codificou as provas da exis. tencia de Deus. Mais tarde escreveu Bossuet o Tractado I rligion ab 1p stone, PROVA SUBSIDIARIA DA_RSISTENCIA DE DEUS Jo Conhecimento de Deus ¢ de si mesmo; e Fenelon o ‘ractado da existencia ¢ aitributos de Deus. E como elles, tumbem Copernico, Bacon, Galileu, Kepler, Descartes, Pas. cal, Malebranche, Newton, Leibnitz, Euler e quasi todos os homens eminontes pela intelligencia e saber, punham toda a sua gloria nas suas conviegdes religiosas. Publicou ha tempo um protestante, o Dr. Dennert, allemio, um opussalo, em que expde 0 resultado dos es tudos, que fizera, Acerca das opinides religiosas de qua: 300 Subios, que’ viveram durante os quatro ultimos se- culos. Foz a escallia entre os mais eminentes nas scien Ciak naturaes, em physica, em, astronomia, na, biologia, ha anatomia, na physiologia, na geologia, na hotanica, etc. As suas diligencias foram ‘baldadas quanto a 38 delles; © quanto, aos domais, s6 20 que se podem considerar como indifferentes em religiio ou como incredulos. ‘ira, pois, como conclusio que 92 por cento acreditavam em Deus, e que muitos delles eram até muito affeicoados as coisas religiosas, ' Com relagio ao, ultimo seculo, justamente ufano pelas suas maravilhosas descobertas, cita este escriptor 163 no- mes, dos quaes 124 foram de homens crentes; 27 de indi- viduos que no manifestaram opinides philosophicas bem conhecidas; e 86 :2 pertenceram a ineredulos, como Tyn- dall, Huxley, Moleschott, Vogt e Biichner, ou a indifferentes eomo Arago, Goethe Darwin’. Daqui se segue quanto é falso 0 que dizem e repetem os sequazes do materialismo, que a sciencia moderna ox. nulsou definitivamente dos seus dominios a ideia de Deus. verdade ¢ que os grandes sabios, os fundadores e glo: Vlas da sciencia, os genios, de que se pode, com Renan, di- Mo'Ditcwin afo'podia ser mais lactnawe @ dies do om wmbio'e a tnt penade deri qe ee aren Na name as ae fPSey, bom ts “onras “do Boos imporcaraaor as ago ‘san a mesma Palas eet beets eu Sora ™ = Ase GFota do traductor), a zer que «mudaram a base do pensamento humano, modifi- = cando lotalmente as ideias acerca do universo e das suas leis», admittiram ¢ proclamaram a existeneia de Deus. ‘Aém daquelles, cujos nomes apontamos, muitos outros podiamos citar que rejeitam o atheismo'. No 6 possivel reproluzir.aqui_ os brilhantes testemunhos que aquelles ae homens extraordinarios prestaram @ divindade, testemu- nhos que é facil encontrar nas obras que de’ proposito as versam este assumpto*; nao podemos, entretanto, resistir ao prazer de mostrar quanto’ nos mais illustres sabios era intima © profunda a convicgao Acerea da existencia de Deus e quao grande era a admiragio que tinham pelas suas obras.” , «Dowvos gragas,’ Creador e Senbor, escrovia Kepler, por todas as ulegrias que experimentei nos enlevos, eri que me arrebatou a contemplacao das vossas obras. Ante os homens proclamarei as suas grandezas. » «No movimento regular dos planetas e seus satellites, observava Newton, na sua direccdo, na sua orbita, no gra da sua velocidade estio marcados os planos, esta vineada @ acolo de uma causa, que de nenhum modo é cega © ca sual, sendo que, pelo contrario, se revola muitissimo habil em mechanica geometria. » Eerschell confessa que .« quanto mais 0 eampo da scien- cia s¢ dilata, tanto mais avultam as numerosas e irrecn- { saveis demonstragdes da existencia ofema de uma intel- ’ ligencia creadora. . 4S Hizn, depois de affirmar que o materialismo esté con: domnado’a negar a ideia de uma finalidade harmoniosa, acerescenta: «Ora uma tal negacio vae tio udemente de onabe, Moreen, ao. m i? Seoenls Sea coeten Pe, > a Me esac, Ménard, J. Dazsas, “Leese, Oh “arte; sion eel Saka Se gpa, Sea Re rata 4 MR ten Pe, a Spo, Md "Ti Rear deren det ety, aay A ie tt aay Beer aap wpe ue an Etisee, pee 2h encontro aos mais elementares dictames da razao humana, que da um golpe mortal & theoria de que ella dimana ». Assim se expressam homens eminentes, cujo valor scientifico por ninguem é contestado; ¢ assim proclamam que evidentemente se veem no universo, objecto dos seus estudos assiduos, os signaes de uma intelligencia divina; © porgue assim o viram, é que Ihe rendem um preito pu: lico de homenagem, como a ordenador do universo; & prestamlh'a como pleno resplandor da sua gloria scien- tifica Revela-se Deus tio visivelmente na creagao, que nem mesmo muitos inimigos notorios das nossas\ erengas _pu- deram deixar de reconhecer o divino Artista na sua obra, © universo; & seu testemunho, por ser delles, 6 muito mais abonado ¢ significative. «Tudo, diz Voltaire, 6 arte no universo e a arte de nuincia um artifice. Examinae mesmo um carabl, um inse- cto, uma mosca; nelles vereis uma arte infinita, que ne nhuma industria humana pode egualar. Forgoso é, pois, que haja um artista infinitamento habil; ¢ a este artista é que os homens chamam Deus». «Se um relogio necessa- Hiamente presuppoe um relojoeiro, diz elle ainda, se um palacio requer um architecto, como nfo ha de o universo presuppor uma intelligencia suprema? Que planta, que ani mal nfo leva a marca d’Aquelle que Platio chama o Geometra eterno? Parece-me que o corpo do menor ani- nal revela uma profundeza ¢ unidade de plano, que jun clamente devem arrsbatarnos a admiragto e confuidir- nos 0 espirito », « Affirmar que os olhos no foram feitos para ver, nem os ouvidos para ouvir, nem o estomago para digerir, no sera porventura o maior dos desatinos, a mais revoltante das Toucuras, que podem caber num entendi- mento iumano? Apezar de eu ser pouco credula, comtudo, confesso-o, esta demencia para mim € evidenles. «Pro. vas contra a existencia de Deus jamais as hcuve». Nio Au etm a propesito a+ palaras de Thiers: « Cia intligensia 6 i Sbia pose Pecaber™ as" elon dat crag “i NosNoaaatIndigentings Fada aa eros ev tals apt pte Ser Bom Wiraer dag" neas beast ena, 6 pois, para admirar que Voltaire nem sequer supportasse cs atheus. 0 alheismo, escrevia elle, 6 0 viciv dos tontos, € um erro, quo nem tem logar nos amtros do inferno... O atheismo especulativo é a maior das loucaras, e o atheismo Fractico 6 0 maior dos crimes. De cada opiniao da im Fiedade saé uma furia armada de um sophisma e de um Funhal, que torna os homens insensatos ¢ crueiss. « Que olhos, néo prevenidos, perguntava J.J. Rousseau, deixardo de ver na ordem sensivel do universo uma intel: igencia soberana? f-me impossivel conceber um systema de scres tao constantemente ordenado sem junctamente Pensar na intelligencia, que o ordena. Nio me 6 possivel acreditar que a materia passiva e inanimada fosse capaz de produzir seres vivos e sonsitivos; que 0 acaso pudesse pro- duzir seres intelligentes e que v que no pousa pudesse produzir seres que pensam, » «Concordemos, observava Diderot, em que seria, uma rematada loucura ‘negar aos nossos similbates a tacul. dade de pensar. & verdade, direis; mas o que se segue abi? Segue-se que o universo, quo digo o universo? que 85 a aza de uma borboleta me apresenta signaes muito mais evidentes de uma intelligencia, do que o3 que tendes para dizer que vosso similhante pensa; e 6 inil vezes maior Joucura negar que Deus existe, do que negar que vosso similhante pensa. Appello para a vossa illustragho e para a vossa consciencia, afim de que me digam se isto 6 ou nio verdade, Nao se patenteia a divindade tao claramente nos clhos do’ ougdo, como a faculdade de pensar nos escriptos de Newton? Pois que! nfo se revela acaso melhor a divin- Gade pelo mundo. fabricado, que pelo mundo explicado? Sem duvida, direis. E, comiudo, reparae que eu ndo me referi senfo 4 aza de uma borholeta, mas que pudera an- niquilar-vos com todo o uhiverso em peso.» : ‘Nio menos significativa 6 a seguinte pagina, que nfo ha muito escrevia Ch. Richet: «Ser possivel negar que 0 olho fosse adaptado visio? Seria, a meu ver, eair num exeesso de absurdo inerivel querer suppor que nfo ha Telagdo de causa e effeito entre o olho e a visto. Nao & por acaso que o olho vé; ha nelle uma cambinagao (de pattes e um mechanismo tio maravilhoso no seu conjun clo e nas mais insignificantes particularidades, que’ so- PROVA SURSIDIARIA DA EXISTENOIA DR OFUS a mos Jevados a affirmar sem sombra de duvida: 0 olho foi feito para ver. Nao creio que haja alguem que se possa subtrabir & forca desta verdade: que o olho esti adaptado a um fim, que & a visdo. Impde-se ella por tal forma, que nunca og mais bem imaginados sophismas con- seguirao abalar uma fal conviecio em ninguem, nem mes. mo nos proprios sophistas. ‘Tomamos n6s para exemplo o olho, mas poderiamos egualmente tomar outro-orgio, como, por exemplo, 0 ou- vido, ou o estomago, ou o cerebro, ou os musculos. Po- dera duvidar jamais o physiologista de que 0 ouvido fosse feito para ouvir, o coragdo para propulsar o sangue para as differentes ‘partes do corpo, 0 estomago para digerir, 0 ce- rebro para sentir e perceber e os musculos para darem 0 movimento? A adaptagdo do orgio 4 sua finecio & tho perfeita, que nos ¢ forgoso admittir que ella nao é fortuita, mas premeditada. Mesmo nos mais pequenos mechanis- mos é perfeitissima a adaptagdo; nada na natureza se fez inutilmente. A cada passo s¢ dio em anatomia razdes, que de ordinario me patecem plausiveis, para explicar tal ou tal apparelho, Assim admitto como’ digno de nojar-se 0 modo como o globo ocular esta protegido pela arcada orbi- taria saliente e solida, pelas palpebras moveis e de mo- vimentos rapidos, pics sobranceltias, que as defendem da poeira, pela delicada sensibilidade da conjunctiva, que pro- voca_um reflexo immediato, » Esta pagina de um sabio eminent © positivista & esmagadora para a3 theorias do materialismo. «Nunca eu ousarei acreditar, diz elle ainda, que sejam effeitos do acaso estes extraordiaarios e complicados organismos de uma {do prodigiosa harmonia. Vejo nelles uma vontade apostada ou resolvida a conseguir um determinado fim. »* Opsacgxo, — Acabamos de demonstrar que 08 sabios mais insignes e as intelligencias mais sublimes creram sempre num Ser eterno e necessario e 0 reconheceram eomo Senhor soherano do mundo e Artista divino, cuja obra maravilhosa extasion sempre as almas. Mas, ‘dirdo, nao faltam homens cultos ¢ verdadeiros sabios, que se Tecusam a crer em Deus, 1) a Probleme dee causes Fines, Alcan, Pas 1408 BRISTUNCIA DE DAMS __ Rusrosta, — Nunca n6s pensimos em negal-o. Mas com isso nem pouco nem muito fica abalada a verdade da existencia de Deus, como vamos ver. Antes de tudo convém notar que, quando alguma ver- dade esti demonstrada por provas, que lhe sio proprias, nenbuma objecoao em contrario pode ter valor algum real contra ella, Sera especiosa essa objecgio on seri até dif ficil de resolver; mas é impossivel que tenha base solida. numero, comtido, dos atheus instraidos ¢ muito li mitado e, como j& nctamos, insignificante, comparado com © dos sabios que creram em Deus, Cértos philosophos chegam-mesmo a sustentar que jamais houve verdadeiros atheus, isto é, homens realmente convencidos pelos mo- tivos da razio. Ha, ¢ verdade, sabios que negaram o va lor de tal ou tal prova, de que outros se serviram para demonstrar a existencia’ de Deus, mas nio negaram com isso essa existencia, J4 vimos haver duas sortes de atheus; mas ou elles 0 sejam realmente ou simplesmente se digam faes, sio-no por motivos, que menhuma relagio teem eom a Sclencia; & por isso a sua auctoridade é nulla aos olhos la razio Os*poucos sabios, que ousaram declarar-se_atheus, quasi nem procuraram justificar a sua incredulidade. E vezo seu dirimirem a questio sem a estudar’, e pol-a, de cago pensado, para o lado. E pouguissimos s40 os que vio Procurar as suppostas razdes para a sua incredulidade em alguma theoria seientifica *, 0 raciocinio dos-atheus é sim. 12 Me me lig, tiene mei, dteone, dito td Pate gatas tant ieee aie heuer ian Ce ae I comer anion do rlgine deaata de Norton, attharaco eas logo, divende: “eRe ces dees "oulve Yes" absaiatenss nse ‘Ara, irueroy et stator eS 9. Ba ha “ - 2s Seitoig'sprfator os ilacia"he Maca ae Hino Ramatay, 2, Agger ‘contest howtns, doo non yeaa dine" ase ag maraviiae ay Setatie ig? Fay cht "do toy, Mitek oonesiuencisg fergoane" oe eames Mm His Ce ote itis Mins iypihees a alba Cordes nee nova SUMSIDIARIA DA RSBSMENCA 1 _ ples ¢ commodo: «86 podemos olhar como verdadeiro o que vemos, 0 que os nossos sentidos podem aleancar», dizem elles. Equivale a dizer: «A priori, afora a materia, nio admittimos nuda». Temos aqui, evidentemente, um cireuto vicioso, que uada lem de scientifico nom te logico.” Dirse como prova (nada exislir fora da materia) o que se deve provar e que ‘nunca se provard e que ji nil vezes foi rofatado. Mas enlzemos so amago da questio e extminemos bem que valor possan ter coutra a existencia de Deus os argumentos, que os adversarios pretendem tirar 4a scien cia, £ esta questio de grande ‘momento, mérmente nos ‘tempos que vao correndo, em que de bom grado so appella par a auciridate Ga sone Antes de tudo, notemos que pelo nome de sciencia se designam as sciencias exactas e us sciencias naturaes. En. cerra a sciencia, assim entendida, tres grupos de sciencias: as de observacao propriamente dictas, as exactas propril. mente dictas, © as mathomaticas applicadas as sciencias de observagdo. A esphera das sciencias de observacio limita-se ne- cessariamente 20 mundo material apenas, © s6 s2 occupa de factos materiaes; pelo que fora destes factcs, sujei tos & percepgao dos sentidos, ndo tem absolutamente au ctoridade nem competencia alguma, Quanto as sciencias mathematicas, versando ellas tio sémente sobre as rela. Cet entre of numoros e as suas granderas, nfo tem pot fiao mono, aves falar soaked ee dee ates das suas grandezas. Nao. tendo, pois, direito para intro- metter-se nos dominios da metaphysica, ficam por isso mesmo. impotentes para tacar qucesguer verdates me taphysicas ou religiosas, a cuja categoria pertence a exis. tenets de Bout Pode o mathematico, como qualquer sabio, occupar-se de metaphysjea, esti claro; mas ja nio pode neste caso ‘eee carpe are rir tn tn SS Soe Seis Mean oo Sele ‘a {ie fexttitantae, recor 6 otervngia' do am nt eresded +" Rows deh colt ‘ondfinace 50______mova suanyuzama pa_nxsstuncra of oss apollar para a gciencia propriamente dicta, como ella 6 . hoje entendida. Se se tractasse de mathematica’ applicadas as scien- cias de observagao, encontrar-nos-hiamos em face de uma dessas sciencias, que, para passarem do faclo A hypatheso, precisamn acudir ao caleulo, Mas ainda aqui o punto de par. tida fica sendo o facto material, ¢ delle é que so tem de partir, para se chegar 4 hypothese, ainda. que so te pha de recorrer a um instrumento de ‘um poder maravi hoso. Qual 6, pois, das das causas a abonada pela sciencia: 4 do materislismo ow a do espicitualismo? Nem uma nom oitra; porque, afinal de contas, essa quéstio nao 6 da alcada della; e assim o confessa ella propria, quando af firma quo as questdes da essencia e origem dos seres Ihe io exranhas e as causas finaes e fim das coisas nao Ihe dizem respeito (Littré e Berthelot). Sobremaneira grande 6 a inaptitio da sciencia para dar a solugko dos graves problemas, que preoccupam ¢ em allo grau interessam a humanidade. 0 astronomo po- > yma ori bin tc da sue oie ag ens es oe ae Baki aici, fe ns emcee eno et Scatoiie eters arg Sigua pete tina a astray Git daceic i, uae eee once gi ae ie Bart's lace dae Skies, ae, ware dame melee athchieg ig Sena Gti mete ‘alte noe ain eye at a 9 Sekine tas nails shea hia, Sets ae tae pia stata, legate, St Get Se aah poeta agra aa ei co DA eRSS Sle ate le ha me e Roepe soi Te cu, tae yt, 18,“ SEG ae el at ie i Bee ae ae BS pele ie eee Seemann ga Da age Stearic atte IGS hat rh POSH a pes lg ty ast sei Nid @ouan Go nde ena Mebee"S Beye PROVA SURSIDIAIA DA HXISTENCIA UH DEUS 5 deré mostrar-nos os movimentos dos céus, mas néo como se vae ao eéu. Chegaré um chimico a forga de observacoes © experiencias a conhecer minuciosamente as propriedades da materia; 0 geologo poder descrever a estructura do globo; mas o que poderio as suas scieneias tirar a limpo © que informagées nos poderio ellas dar acerca da origem do homem, do seu futuro destino, e acerca dos designios da misericordia e amor de Deus com relagio & erealura racional, obra das suas mios ‘iremos, pois, como gonclusio que, quando algum sa- bio se mette a fallar s6"em nome da scioncia, nao tem como tal, dire-o algum para nos impor ama opiniao, que esteja fora da algada da sciencia especial que elle cul. fiva. Nem to pouco a celebridade do seu nome tem va- lor algum ante a cerleza da nossa {6 corleza haurida de outras’ fontes. Fagamos ainda aqui, para rematar, uma advertencia. Muito se falla hoje, e com muita emphase, nas leis da sciencia. Nao ha duvida que existem as leis da na. tureza, pois que os phenomenos nella esto sujeitos a leis. Mas ¢' mister nio exaggerar o sentido e alcance desta pa. layra, porque as que nas sciencias de observacdo se cha. mam’ leis ndo suppoem forgosamente uma certeza abso. Tuta. Quantas dessas presumidas leis nao foram postas em. duvida ou reconhecidas por falsas, depois que sobre ellas Se fizeram mais diligentes observacies? Que de vezes 0 que se proclamava como lei natural nao passava de uma mera_hypothese? Entende-se por lei neste caso uma formula geral, que exprime, em termos simples e precisos, o resultado de um Grande numero de observagdes ¢ exporiencias. Observagbes Aparato 'e formasy porem aunen'o parva! da masta e da vila. ie ye os we SE a i ata hh he ek (ht deste raukigbar oad canoe ian a Deve — cw do Apotopeion Ciel cy NACORIZA I ATYRIRU ow mais numerosits @ exaclas on favorecidas pels cir Cansei. vieram_ por veros a sempostrar. que. Dre tonsa Jei era, quando muito, uma simples approximacio dda verdaude, Servindo-se de hypotheses 6 quo as scioncins dle obserracao. procuram explicar as leis de que avabaros de falla. So estas bypothoses ules @ ale, necesearias 4 sconcin, mas estio Jonge de dar. yor st ss. eoter Quem ignore, por exempl, quantas theorias se foram su cessivamente imaginando, para so dar uma explieagio dos phenomenos da electricidase? ART. I. — NATUREZA BE ATTRIBUTOS DE DEUS Acabainos de demonstrar a enistencia de um Sor ae- cessario, Causa suprema de tudo quanto existe; agora sh nos resta estudar a sua natureza ou essencia: Comquanto Jews seja em si incomprehensivel, nem’ por isso é, para nis, invognatoteal Nos poten no Soments conoces que Hi existe, mas tambem, ainda que de um modo imperfeito +, saber o que Elle é em si mesmo. E este conhecimento 6 para nés de tanto maior importancia, quanto € certo que henbuma nocio hoje anda tio constantemente atacada e de- turpada como esta. Grande numero de philosophos, de as © homens de sciencia nos fallam de Deus © 4 por- Ete czalam, eno" enlanio, fazom. ale um ones completamente faiso. O deus do. deismo, do sentimentalismo © especialmente do pantheismo (e é sabido quanto esta outrina seduzin a muitos homens modernos*) riada, tom gue ver com o Deus do espiritualismo christda. Que ideia faca da natnreza de Deus esta doutrina, € 0 que agora pas- samos a expor. 2 a n ral, pediriamos & nossa razio tudo 0 que as suas proprias Amyorelio Me oompila, Ni gahomos ‘hig ud oar She se a A cima Aen", 1° A Aetnmene gare” ia Hearts io i cushave, ‘Patric dee Belle-tatiet, luzes Ihe dio a conhecer da natureza, altribndos e per feigdes de Deus. Mas nem se necessita’ este longo e labo tioso estudo, nem elle poderia caber nos limites forgosa. mento restriclos desta inlroducedo, que sb tom em vista preparar 0 caminho & Apologetiea Christa. Pelo que nos limitaremos, no estudo desia importante questio, « expor aqui summariamente as conclusies a que a razio logra che gat, Sord isto ji 0 bastante para reconhecermos os direitos que estas perfeigées conferem a Deus sobro us suas creaty, Fas, @ em especial o direito que a sua omnipotencia, a sua santidade e veracidade Ihe conferem sobre 0 homem, quan. lo @ obrigagko, que este tom, de dar pleno assenso’a tudo © que Deus se dignar communicar-Ihe, se assim lhe aprow ver. De passageim teremos occasiio de verificar como os ensinamentos da {6 longa de contradizerem os dietames da razdo, 08 corroboram grandemente, Deus 6 0 Ser necessario. — Ja 0 deixamos pro vado. E Elle proprio nos deu, pela Revelagdo, uma idein equivalente a esta, quando, fallando a Moysés, se definiu, dizendo: « Eyo sum qui sum. Eu sou ojque sou». (Exod. Ill) ¥ como se dissesse: Eu sou o Ser por excellencia, de cuja essencia & 0 existir, que existo por mim mesmo © que nfo posso nao existir, Revelowse, pois, Deus como o Ser necessario 2, 2, Deus 6 um s6. — A unidade de Deus 6 uma Verdade, que est 20 alcance da razio humana ¢ que, ‘nao obstante as espessas trevas do paganismno, por alguns es pititos privilegiados foi entrevista, como foram Socrates, Palio, ‘Aristoteles, etc. E, com effeito, um 36. ser hasta bara nos dar, como causa, a explicagio dos sores contin. Senles, que existem; e seria mister haver alguma ru7o Positiva para que se houvessem de admittir owizos. Ora a Iatmonia ¢ unidade de plano so revelnm no mundo por iim modo tio brilhante, que a raxio se vé forgada a reco. "hecer nesta unidade de plano a unidade do seu Aurion Ata lene yee en anes 4 _____nawunnza m_apnemuros oR onus ‘Yambem neste ponlo a vordade revolada ost de ac- cordo com os dictames da razao. Era, com effeilo, a crenga na unidade de Deus o artigo, por assim dizer, fundamen- tal das rovelagdes patriarchal e mosuica, «Creo in, unum Deum: Creio num s6 Deus », 6 tambem o artigo fundamen- tal do Symbolo “ehristao *. - . ‘A unidade, ou antes, a unieidade & um aftibuto neces sario do Ser infinitamente perfeto, Se de faelo houvesso varios deuses, differiriam entre si em alguma coisa; ora tsta coisa, pela qual um se caractonsasse © clfferencasse dos demais, necessariamente havia de fazer falia a estes. E dagui se seguiria que jé estes no seriam infinitamente perfeitos, 0 que repugna @ ideia de Deus. 3. Deus 6 soberanamente perfeito. — A titulo de causa’ primaria possue Deus eminentemente todas as per feigdes dos seres, que por Elle teem o ser. Tendo Elle, além disto, em si ou por si a.razdo da sua existencia, € sendo o existir da essencia do sou ser, nada Nelle esta em potencia, mas todo Elle 6 0 Acto puro. Como um ser é perfeito, segundo o que nelle esté em acto, tem Deus que set por conseguinte Soberanamente perfeito 2 nunca se yode imaginar Nelle a mais leve imperfeicao. Ao revelar-se Deus como o «Ser que é», affirma de si a plenitude da perfeigo, ¢ se 44 como unm Ser sem limitacdo, sem parti- Gipagdo de enao-sers, 4. Deus 6 infinito. — Julgaram alguns philosophos que w prova da infinidade de Deus ndo esta ao alcance da azo; mas nds nao concordamos com 0 sentir delles. Haverd difficuldade em basear esta prova, mas no im possibilidade, Quando menos, pode a razio demonstrar ue é impossivel designarse uma causa para limitagao ou termo no Ser divino, Sendo Deus, com effeito, a causa primaria de tudo, 0 Ser independente e necessario, act Steines Mee Bo uberis saoraRe ano a cot Wraitete ena ela 5 lunge os highs as, us, af aan igo ate polo Maval-ar "nant stntivo quo 0 dove interrae S."Pionae io se vd como posit ser limitado por ouérem; nem tiv poueo se vd como esta limitagio possa'ser inlierente ao Ser divino em si, porquanto o existir 6 da sua essencia, ¢ a existencia de per si no implica uegagio uem limitagiio de qualquer genero, Bm summa nada encontra a razio que a mova a erer que o ser absolufo necessatia @ por si mesmo subsistente, qual 6 Deus, tenha confins ou limilugdes de qualquer natureza, Porem, ainda mesmo que nao valesse este argumento para provar a infinidade de Dous, nem por isso ficaria, me. hos certo que Deus ¢ soberanamente perfeito, e isto nos parece bustar & Apologetica. Sendo realmente Deus sobe. Fanamente perfeito, ja tem pleno direilo a que se dé credilo 4 sua palavra, caso, Elle se digne revelar-se, © se revelar precisamente como 0 Ser Infinito. FE Deus se nos revelou de facto. Todos os Padres concordant em reconhecer isso como implicitamente uffirmado na detinigao que Deus de Si deu a Moysés. E 0 Psalmista o repetira mais tarde em palavras formaes: Magnus Dominus et magnitudinis ejus non est finis. (Ps. CXLIV, 3) 5. Deus 6 um puro Espirito. — Ja atraz deixamos apontadas as imperieigdes radicaes, os defeitus essenciaes, & que a materia anda por sua naturéza sujeite, Vimos, aféra isso, que a sua imaginada necessidade se oppunka aos principios da razio, pelo que se nio podia conceber como 4 causa primeira e razio suificiente dos sores contingentes, Se, além disto, considerarmos como ella esta sujeita 4 di- visio e composigao, © como est4, por conseguinte, de. Bendente dos elementos que a constituem, tiramos por nclusdo que se néo pode conceber a causa primeira das coisas sendo como essencialmente immaterial © simples. A simplicidade deriva da absoluta independencia de Deus, como absoluta perfeipio sua ‘Tambem a fé esi om harmonia com o que sobre esto 2 AL miutasto, do Paniisintio, mattis, quo cosfuce, enti Gtatocoe Deus" oa tala’ Tavaras-bia ‘mails Long oye Gg Mea. ets ho tals pale Sar, Reon” plate {BE csr Indo ders Guan a Pega ocala algae, cosa fra hele Bat gus Pee ate na eta fry lle ann pee ee ala et nas Sa ‘eels (Va, a Flan Di) NATURRDA R ArTAMDITOS MR ORUS ponto nos dicta a saxo. Spiritus est Deus, diz 0 Senhor (oan, 1V-24). 6. Deus 6 uma intelligencia infinita, — Ji a oxen: admiravel do mundo ¢ especialmente x existencia dos st. res intelligentes, claramente altestam « sabedoria de Deus E que a sua intelligencia seja infinite ou infinitamente perfeita se deduz de Elle ser puto Espirito no ser, ¢ in finito na perfeigdo. Conhece-se, pois, Deus a si e se 0 prebende adequadamente. Vé assim mesmo que a stil essencia encerra todas as perfeicdes possiveis, ¢ que estas sio imitaveis em graus diversos por innumeras classes de seres contingentes. I estes seres conhece-os Elle d + ljneta, individual ¢ adequadamente, pois que 0 conheci- mento indeterminado e confuso presuppoe limite e impe feicio na intelligencia que 0 possue. (0 passado,,0 presente e o porvir, tudo, emfim, Ihe esta patente. Vé tudo e sabe tudo. Sua vista ‘penetra até aos mais reconditos affectos do nosso coragao, alcanga até is futuras determinagdes da nossa livre vontade; 2 sua sciencia nfo € feita de conjecturas, mas ¢ certa, precisa ¢ infallivel. Repugna, de facto, & infinita perfei¢ao o aper feigoarse com a acquisicao de novos conhecimontos? rmentaie ctnita'aproncead do Deus, supporters thcoatiltnel om a libeide Seas Saad gee sae «a PR RE oo eat encarta ope Ratha eee eat ie rer aera ie aks rnd Go ete ts heat ent rh, Aba a Sandman SBE ad Gt reads Pas Gisele BR mat ae eid Sota fa iin aa" anyones am, cesta, po eal 9 Seieeecs HM Th, eae ae Paw: Wha wc ae Cie, Sh haa, arate Sachi pO EaaRT lt eon iee Sae'y ge Stan eae eh ae Sareea uarimae at arent fe as SE tea tis See Se miele" @a Deas matinee tal worad” Bq ley ‘Preand.9a waagio ‘ta ti ie GAaMe eat see ean exigoucas” da oun “nausea tps” aaeenien SG, recta, inal iytens 9) parmle on Maat AR erin "peda dovu’ tor eto 7. Deus 6a infivita Bondade. — Dens 6 plona e:to- que Ihe eonvém, Nous & além disto, a fonte de todo o hem; d'Blle deriva lado quanto em suas ereaturas nos pode enrankir ¢ enlevar E com effeito un altributo do hom o ser diffusive. A hon tude de Deas é que o leva a fazer compartilhar dos seus dens ¢ perfeicdes as suas crealuras, ¢ do um modo especial ils snas crratmras racionaes. Foi a sua bondade a que 0 moveu a dar-thes a existencia e a sua bondade 6 que 0 move a quorer-Ihes bem, assim como a rocompensal-as pelas suas boas obras. A bondadle, diz Bossuet, 60 ca~ racter proprio de Deus. £ como a’ expunsio da’ sua per- cigdo infinitas. & a hondade de Dens wm dos altrihutos divinos sobre que na Revelacio mais se insiste, © com lermos mais eloquentes ¢ mais formaes, Quasi no ha pa- gina dos Livros Sunctos, em que xe nao exalte a hondade 8. Deus 6 a infinite sanetidade, — Deus, yue 6 0 bem soberano ¢ infinito, ama-se a si mesmo com uma von. {ade sempre recla © pura, Nao pode deixar de amar o om, nem pode deixar de detestar o mal. Se ama as suas elie no iene. Sando cto i ‘ue x practiso um acto tera, necoesiameate ‘ert Somstencin de ioar? : este BE MENED 080, Codtautiate 66 com isto, © quizesse ainda saber 0: come oe conhesimento do Deus, & fosposta @ darcihe thas Ionseon ta sou oe, Bao primer nists, de "Deas nano thet da Leona efaiada, sein tuainents aa tess - sie apart lent, pon be fermos “expon ysteros “de amor’ da vida soleatteal a eae’ O88 a0 Tianpede & da Richest tage APRenulctenice ainda aqui"ana Altea,» do copear cam boxe el Bega sen, a ten Wo yrande ners Ci & Raaeifa, Ste ‘tira a luck do" fcc ab? Eat 4 pondide de out o-p profits do mat, Distingamoe, anien de tudo ‘ole detnirnt? Um Gangcorde sia o ace ira’ ei, ‘Sind physieo "0 desoenordo eas © weatteg Theta in, demonsemoe cnmno Dru pain 1) ser coat, ainda que indie Ras si a da al Mora, dada te psa *Sbeo"aka Momte par the poe ate ode Sar a via asgune Lage be olga ne elles creaturus, @ sogundo 0 grat dle perfeigio om yuo ells rellctem us suas perfec infinias, & por eonseguin sogundo a medida do em, ano, ols. possuem, Nom 4 lag quer otra coisa senio a gloria, que The pode, aie pelo conhecimento @ amor de que ollas para com Elle si Eipuses. este recy lila da voulale que so chara Sanctidade. Deus 6 Sancto; ama a ordem, ¢ deteslie 0 pecealo como inimigo da orden. A sua sonctidade & 0 nodelo da nossa perfvicto. — Estas verdades, se acham cada paso consignadas nas Sagradas Eseripturas (Ch I Potr. 1-16; Sap. XIV, 9). 9. Dons 6 a veracidade infinita. — Nao pode Deus tado 0 saber, no ge pode enganar; sendo todo sancidads, nfo nos pode enganar. 0 erro ¢ a mentira repugnam es sencialmente & natureza divina, que 6 a verdade mesma, fae seme a_i» moi a fim areal loge a stark da juin to a Poa cats al ea) oe ini sete i ‘aT wo” pgle, "Bae ais OE Sei aban ett ae perf? ele Ne Doweivel partie abel Saraarer emfaeauty Sala “a So.Tam ‘oud Resta qual fe sau mundi tege-o, como. 18 no Soe oe eee eae Pee hs sem ASS om ee Dees 9 it moral Ue coase & ser'eausa do mal mo- au gotg mileetine fal noah, me comets ae Rahs jo" mal moral, "Naw seria. oom effeitn, conteadictario que Deis fose causa do ‘uty ‘i'd, lacks alah wpe. Sete amiss Getta dap Beate penton) eat i dat ho Neto ae mrt) “th” apie abuse da‘ isd © oa "Soa Soe’ Sie Haw Sanne “Sa Sie i atom. am fe, unm ore pm © Shast butte th Sen de" becky um ale srback, Remnpdareion cans AP sepia Shang dao thle de Tbtnaste mes cae ae cai eee eee) wees ‘Sen ih Gea oO oe Bieees rey, cette an abuse. do Nardade, slo 0 dove Deng iinpeit. Se 1 s fee ‘igeoome falta on oxge GTaieda home” ait’ chal a aii Lan et BB at i ea ahha ei renege Fm meric infinite, Soa a. qne stan ut toe se? eile coon ‘elena ae i as Dens & infinitamente veraz, porque & infinitamente vera. dleiro. Quanto a este, comd quanto avs outros ponlos, viw a par a {6 com a razio. Est autem Deus veraz, repete S Paulo, como ja o dissera 8. Joao. ‘Rom. I, 4; Joan Ill, 31). 10. Deus 6 omnipotente. — Nada ha que o acto in finitamente perfeilo da vontade de Deus nio possa fazer. Manifestou-se particularmente a omnipotencia de Deus na creagao. Tirou Elle du nada o céu e a tetra; isto 6, por Seu acto creador deu av céu © A terra, que nao existiam, a existencia que teem» A omnipotencia de Deus € proclamada em innume. ras passagens da Sagrada Escriptura, (Gen. XVI, 1; Ps, CXLVUT, 7; Apoe. IV)? 11, Deus 6 immenso. — Esté Deus em toda a parte Presente, nfo s6 fela sua potencia (como o principe esti ho seu reino), nem s6 pelo conhecimento (como 0 espe: ctador est presente ao drama, que se desentola ante seus olhos), senao tambem por sua essencia. Como poderia cir cumscrever-se a um limitado espaco a essencia infinita? Deus & pois, immenso, no sentido rigoroso da palavra >, E sel-o-hia ainda mesmo que nao tivesse creado o universe, «Nao encho eu o, céu e a terra?» diz o Senhor pe hocea de Jeremias. «Deus, affirma 0 Apostolo, no est Jonge de nés, porque nelle vivemos, nos movemos e es- tamos» *, : 12. Deus 6 immutavel. — Sendo Deus um Ser abso- MWtamente necessariv, jamais houve para lille comeco nem 1, ie side que, 9 repthsiano sppel sdbetudo pars as image adas sides Gt Sedo."Nenhame te ite aera, Mg tia o pruripy tuniketta ean sbi eo ae di eta te sar, ae erent hiner tet, ha Hit" oad i ae ten sens 8s "eecsnats, kk EA 0” que coulames “dda dy we dbo, we ad ete amen ay aS ia oem AMES act, x alteragdo; niin teve de sair do naila, nem por consegninle ha-de vollar ao nada. Sendo um Ser perfeilo, bao pode al cuirir nem perder perfeicao alguma; ¢, pois, essencialmente immutavel Nem pode, pela mesma razio, ser susceptivel de in- constancia, de ignorancia e de imprevidencia. &, digamos as sim, immutavel tanto moral como physicameate’. «Nao ha nelle mudanga alguma nem sombra de alteragio», diz S, Thiago (1, 17) 18. Deus 6 eterno. — ‘Como Deus é 0 Ser de per si, 0 Ser absolulo e necessario, segue-se que nuica houve um instante em que Ele nao existisse, que jamais ha-de ha- ver um instante som que Elle exista; nio teve comeco, nem teré fim; é eterno. Por sua essencia exclue de si qualquer success. Nao ha em Deus passado nem faturo, mas sémente um immutavel, constante e interminavel pre. sente. Rigorosamente fallando, nao se pode affirmar que Elle era ou que serd, mas simplesmente que Ble 6, Ja 1a a sabedoria paga. proclamou esta mesma verdade pela penna de Platio (Timeu, 88): «Foi e seré designam propriedades relativas ao tempo, as quaes sem darmos por isso, erradamente applicamos tambem ao Ser eterno (& divindade). Dizemos nés que elle foi, ¢ 2 ser, quan- do, em verdade, s6 podemos dizer que Blle é Ter sido, aver de ser, sio modos de fallar applicaveis sémente aps seres, qué teem origem no tempo, porquanto designam 9 movimentos ¢ variagdes por que elles passam. Mus o Ser eternamente immovel persiste, som na edade ou na duragio variar. Nelle ndo ha preterito nem futuro nem coisa alguma das que so essenciaes aos sees sensiveis, em raza0 de elles terem tido comeco «Antes de se jazerem os montes ¢ de se formar a terra 6 9 mundo, 068 sois Deus desile « cternidade & por 2) A immbtniiante sPisive 6 coeinis msn na rota eaten ann Sanat vy) "tele define iravelmoute_ stemide sisal 2, esta goersntat apes alte sie ‘oraerons renga Ber ino: uaianee Aces fvoiantents erie time tae ore ont Snes inno Fae Sie inte se pods ater ole od veedadeted aes ew venbaleroe NATHNRZA AT TRIRUYOS pe DES oT todos os seculos », dir o Psulmista. «Os ceus g¢ mulariio, liz elle ainda, mas vds sois sempre 0 mesmo». ES. Joao, ho Apocalypse, chama a Deus «O que é» (I, 8) 44. Deus 6 0 fim ultimo de todas as coisas, — 1 Deus propoz-se tm fim om todas as suas obras. — Tinaginar que Deus creasse 0 mundo sem ter razéo nem fim algum, © que 0 abandonasse aos caprichos do acaso seria alfrih 4 Intelligencia, e 4 Bondade infinita uma grosscirissima im. perfeigho, Operar sem um designio, sem um plano seguido, € 86 proprio do insensato, Propoz-se, pois, Deus no acto greailor um fim digno de si; e este fim guere-o efficag- inente. Este fim ndo pode ser outro senio 0 proprio Deus. — F impossivel que Deus se propuzesse um fim, fosse qual fosse, distinoto de si mesmo, Tudo quanto fora de Dous existe provém de Deus e tudo delle esta inteiramente de- pendente quanto 4 essencia, existencia e perfeigdo. Sem Deus qualquer dos-seres que existem seria um puro nada © nem sequer seria possivel. Daqui se segue, como conse quencia rigorosa, que nenhuma ereatura quanto a si, o por si mesma, ¢ realmente amavel. Que uma’ intelligencia, por limitada, nem sempre se capacite desta essencial ‘dependencia, e que uma vontade contingente ame wma creatura por si mesma, & coisa infe- lizmento muito facil. Mas uma tal inconseuencia seria, por parte do Ser infinito um absurdo. Nio pode, pois, Deus amar uma creatura considerada em si; e, por conseguinto, Mio se pode propor outro fim, a nao ser a si mesmo®: Bo Este fim é a gloria de Deus. — Sora, por acas verilade que, teferindo a si mesmo toda a creagdo, espe masse Deus que duhi Ihe adviesse algum acorescimo na sna hemaventuranga? Bvidentemente no, porque Elle lena © infinitamente feliz. O unico bem ‘que pade ter om vista 6 a manifestagéo da sua gloria. Eis como: lou: ve de Deus a croalura, como vimos, o seu ser ¢ tado B By, ARER, 2 os, O27 : abe Als nolere oa egtom & une desorcn, Oeple eina 22 SeaPhade Pea A Ba Sew, ei et quanto fom; 6 ella obra da sua omnipotencia, dla sa sa- hedoria edu sua bondade. Reflecte-se nella, segundo a medirli da sua perfeicio de crealura, 0 poder, a formo- sura, ¢ a grandeza do seu Auelor. f, portanto, da es seneit mesma do ser creado o ser wma manifestagio dos attributos de Deus. Quer Deus, ao tiral-a do nada, e deve querer (sob pena de contradizer-se) que ella manifesto um grau da sua perfeigao infinita. sta manifestagao é quo se chama a gloria de Deus acterior. 40 Deus 6 0 ultimo fim do homom. — Cada ser creado &, por essencia, um vestigio, um reflexo e até uma imagem .de Deus; e 0 homem, creatura intelligente ¢ livre, 6 ingu- bitavelmente no mundo sensivel a imagem d’Elle mais no. bre e perfeita, A sua natureza exige, pois, que elle glo- rifique a Deus como a seu Auetor em harmonia com : sua perfeicdo ¢ faculdades, isto é, pela sua intelligencia e pela sua vontade. E forcoso que sua intelligencia pro cure a verdude e que sua vontade ame o bem. Ora, como a causa primeira, a fonte unica de toda a verdade e de todo o bem, ¢ tambem a Summa Verdade eo summo Bem, segue-se que Deus 6 0 objecto final e necessario do. co nhecimento e amor do homem. Para esto vertice culmi- nante se elevam a intelligencia e a vontade, como por de graus, servindo-so para isso dos vestigios, que o Croador deixou impressos em suas obras, £, portanto, pelo homem € s6 pelo homem que 0 mundo sensivel alcanga o sen fim E por este titulo é que o homem é 0 rei da creagio, Accrescentemos ainda que, sendo o fim do homem ‘uma consequencia da sua mesma natureza, forgosumente quer Deus esto fim. E daqui vem que o homem esta rigo- rosamente obrigado a procurar a gloria de Deus*. E quio agradavel © facil no 6 esta obrigugio! Quiz Devs, com effcito, que 0 homem, glorificando ¢ sezvindo a seu Deus e seu divino Auctor, assegurasse por este meio a sui propria felicidade, e que, por conseguinte, entre a gloria de Dens ea bemaventuranea do homem honvesse uma relagio indissohwvel 1), 0 camotee ohvinaleyio de isi fonda-rexnetamania nosis, yontade eft saz 86) Dewar HD deve guoree "aw homer" lies deve Best Siem ome sive! gti ein yn SemZA F_AFMRURUTOS DE DELS 6 Assim 6 que munca a intelligencia humana, que por natureza tende para a verdade, podera ficar satisfeita se- nao pela fruigao da summa Verdade, que 6 Deus; como nem tambem a humana vontade, que em suas aspiragdes, por natureza, é infinita, poder plenamente sactar-se, a nao ser pela posse do soberano Bem, do Bem perfeitissimo, mue esta em Neus. N° Nao pode, pois, © home, por sua natureza levado a manifestar a gioria do seu Auctor, fazer um 6 esforgo para este fim, sem ao mesmo tempo se aperfeigoar e avan- Gar no caminho da sua felicidade; assim como pelo con trario nfo pode elle negar-se a procurar a gloria de Deus sem 20 mesmo tempo ‘iar de mao a sua bemaventuranga, Se se percorrerem as Sagradas Paginas facilmente se vert como esta doutrina esti completamente de accordo com as verdades da fé. «Eu sou o Alpha e 0 Omega, 0 principio e 0 fim», diz 0 Senhor, no Apocalypse’. «'Traze a todos os meus filhos das terras longinquas, dissera Elle a Isaias... porque a todos os que invocam 0 meu nome os creei para minha gloria>'. E, referindo-se 4 sua missio sobre a terra, dé-Ihe Jesus Christo como fim tanto a salva- gao @ bemaventuranga do homem, como a glorificacao de seu Pae. «Eu vim, diz o Senhor, para que elles tenham a vide © para que a'tenham com maior abundancia »*. «Eu Vos glorifiquei (meu Pae) sobre a terran‘. «Se alguem negar, diz 0 Concilio do Vaticano, que 0 mundo foi feito para gloria de Deus, seja anathema »*. Concnusio. — Deus 6, portanto, nao s6 a Causa pri: meira de todas as coisas, mas tambem o seu Fim ultimo. Toda a realidade deriva delle, ¢ a Elle em retorno se refere. Forgoso ¢, pois, que, se queremos ser logicos, para Deus orientemos e ordenemos todas as nossas acgies, palavras © pensamentos, E dever nosso conjunclamente a nossa felicidade. CAPITULO IT A alma humana Espiritualidade, liberdade, immortalidade ‘Nao ¢ este capitulo um preliminar, come 0 precedente, indispeusavel 4 Apologetica. Pois que, para o homem se , inclinar reverente ante a palayra de Deus revelada, 6 mis. fer conhecer-the de antemo a existencia e veracidade. Nao passa o mesmo com a espiritualidade da alma. Para que nos obriguem os etisinamentos divinos, nio 6 preciso que cada um demonstre a si mesmo que é tapaz de obe- liecer, que 6 livre; basta que o seja de fadlo. Ainda que se désse o caso de nds nao podermos provar a espiritual dade e a immortalidade da alma, nfo deixavia por isso de ser verdade que Dous tem todo 0 direito sobre nds, 0 di- reito, por exemplo, de nos obrigar a crer nesta immortali- , fundando-se em sua palayra infallivel Como, porem, os adversarios do Christianismo, para tbalar todo 0 edificio religioso, se valem frequentemente das duvidas, que levantam ‘cerca da espiritualidade da ima, convém demonstrar: 1. a eapiritualidade da alma; 2.'a sua Tiberdade; 3. a sua immorialidade. ART, I, — ESPIRITUALIDADE DA ALMA HUMANA! § L. Nogoes Por esta palivra alma pode designar-se qualquer prin- ipio de vida, seja qual for a sua natureza. B neste sen- ido que a tomamos, quando nos referimos 4 alma ‘das Bogie wean: wes, lant » alee ue Rhu en ‘prac nid gue’ “amine” ne saat tea: lores ae ome Ipmenente oun nilat's” Awim "oropons, & Gated” fe ge garimente plantas © & dos animaes. Rste principio & que ads affir- namos, ser espiritual no homem !, Queremos por esta. pa layra designar que a alma humana & distinela do orga- nisino e delle inciependente, tanto que The sobrovive e por si mesma, sem elle, uetiia, e que ella nem é materia, nem dependente da materia. spiritual e immaterial siu, por- tanto, synonymos. Bara se comprehender 0 termo negativo ndo-material, de nenhum modo se precisa comprehender a natureza in tima e bastante obscura da materia, Observemos, com. : tudo, que nos argumentos, que vamos adduzir, tomamos a Palavra materia como designando nio 86 03 eorpos inorga nicos, nos seus diversos estados de solidus, liguidos ¢ ga- 20808, mas tambem as formas superiores do mundo orga nico: a vida das plantas e dos animaes. De tudo sabe- 0 mos o bastante para bem precisarmos o sentido da these materialista. § IL. Adversarios Como uma noticia historica do materialismo nos le- Jevaria muito Ionge#, contentemo-nos com apontar, s6 por alto, algumas das’ suas formas. 1. “Para alguns materialistas modernos a alma nao 6 Sendo um como rotulo, um nome collective, que designa 0 conjuneto de funcgdes do systema nervoso’. Nao se dis. . tingue do organismo. ide; pale gue, vous to, yodemon duviaa que vivemos, fora & conte tings ado Adatirmes actu eanan, toma hava aol em SSeS, : i, Sala ied feotido, aaulla perganta egaivae a enoutra: © Ra captya ade, Ritincta di cite cyngor io ‘ngsntamoz delrenet-e della penta ‘do os dominat oe toad oe ae Saxtindo etalon ‘don maleaetay 4 ana human ude is ae edad dlveratfanerdge erpensnn, mir sls tippicacnts. 4 aaranaene 9 onanism, diseat ato" Senden a WOU da ean mag Rigen 'p setiden ve treqaosemerts Soe st te Bn aa tte 2 m Moguagess ise tn 30 alm od Cont yt em “ SPINITUALADADE DA_AtAEA_HOMAMA 2. Oulros nao negum a alma; sorvem-se frequente, mente deste termo; mus empregam-no s6 para dar meiof precisio a oulza palivra, a de principio das nossas seusa- gées internas (Stuart Mill, Taine, etc.). Vao-so tornango aro: estes materialisias positivistas; e a sua posiedo 7ae ficando reduzida simplesmente a uma, caulelosa resorva scientific Como a experiencia nfo entra para nada nestas ques tes da essencia, pouco se preoccupam com a alma, nas suas investigagses, So dolla fallam € como philosopkos, © neste caso diio-se por ignorantes ante uma coisa inco: gnossivel, que nfo esti ao alcance das suas investigagles § LL, Provas da espiritualidade da alma Pela obra se conhece o obreiro, Ora, em nds pro- duzem-se actos espirituaes; logo em nés se revela a exis- tencia de um agente espiritual, Estes actos sio os da nossa vontade e do nosso entenilimento, PRIMEIRA PROVA, ACTOS DA VONTADE 4. Actos livres. — Se ha um facto innegavel e univer salmente admittido, ¢ 0 de que a materia nao possue Ii perdade e de que ella esta sujeita a leis necessarias. Ora, a alma humana 6 eompletamente livre, como adiante pro varemos, apezar de ser uma verdade evidente, e tem, como senhora, 0 poder de resistit a' todos os altractivos € de dirigir a sua actividade como ¢ para onde Ihe apraz; logo a alma humana nio 6 material, senao ospiritual B. Actos da vontade, tendo por objecto wm bem im- ‘material. — 0 homem pode desejar e querer hens, que elle sabe serem absolutamente immateriacs, Pode @ sé, ‘em certos casos, deve fazer 0 sacrificio dos hens sensiveis ¢ xpeion snperor pertencem a0, spalama nervo% catia, ao. ctebre SE eames Aig toe ewe ai ‘esas "Vogt tim ad» ‘estores so materaiinme dierag,” “V"* A“ °* ‘ainda da propria vida por obedecer & honra, @ virlude e ho dever+. E comprazso nestes bens immateriues. Ora, © homem fosse pura materia, soriam esta tendencit ¢ este gozo inteiramente impossiveis. Na realidade nao é ura objecto appetecivel nem amavel senao porque elle & bom para quem o procura. Q immaterial, emyuanto imma- tetial, ndo pode causar nem satisfacdo, nem prazer, nem gozo ‘algum a wm ser puramente sensivel; no pode ser bom para elle. Assim que a propensio do homem para o bem immaterial nao tem explicacdo alguma possivel, a nko hayer nelle ‘um principio qualquer, estranho 4 materia, Este: principio immaterial 6 @ alma®, SBGUNDA PROVA ACTOS DA INTELLIGENCIA Nora pReximcivar, — Para bem se comprehender a immaterialidade dos nossos conhecimentos intellectuaes, volyamos primeiramente a nossa atfen¢4o para os nossos, conhecimentos sensitivos. ‘ E primejramente, quanto aos nossos sentidos exterio- res, facil 6 de verificar: a) que todas as suas percepcdes (visuaes, auditivas, tacteis, etc.) so compostas e divisi veis; —'b) que silo individuaes © conoretas: eu vejo este objecto, sinto este determinado som, etc.; — ¢) que ellas dependem de uma excitagéo material: a visio varia segun. do-o angulo e a forga illuminativa;-a audigao modifica-se segundo a distancia, 0 meio; — d) emfim que a impressio- nabilidade dos orgilos nfo vae além de uns determinados limites: 08 ouvidos soffrem com um som demasiado forte, os olhos deslumbram-se com um brilho grandemente in tenso. 1D, Deyer_¢ vide somiden-te oat, ab emanante. dear 0, eamutnte ‘ite'dle sos ck ls asian" te copetinnon amveteton erlaa wantoyens ie" ono wrmaivel: show aida acompastiada, de cerlon testament exo cir nue qeninmee do aeye orl versie bnce yr "sa abjtto.databetdodee Sehivan han aus anys aus urna, Serer atta ds ino” wesc on BS Sais ee tes, Gruner bes uiler se ts biologie, ch, Eim segundo logar, quanto d imayinacto, foruna-se ell) do representagses inleroas, analogs sis sonsucdes exter) bas: os movimenios, as cires, os sons, as palavras, oly Toom estas inayons verebraes, de bom grado assimilhallas pelus amateriulisias as éidetas, imma natnréza parecidia a d4s Ses: teem como orgao 0 cerebro, em que se localisayp; so compostas de partes; dependem da excitagio dos oft ros nervosos, etc. So estas propriedades admittidas por todos os physiologistas e psychologos, propriedades porytal forma essenciaes aos actos organicos, que seria impossivel negal-as som fazer da imaginaciio uma faculdade espirilual Passemos ja a ver a opposicio fundamental existente entre as imagéns cerebraes ,¢ 0 actos intelleclnaes, Dé- nos ella logar 4 seguinte argumentagio : Todo o phenemeno organico 6, como acabamos de de monstrar ¢ 08 adversarios concedem, um phenomeno essen cialmente composty, recebido num orgao extenso, ¢ depen. donte de uma excitagso material, Os actos do conhecimento nao sho organicos, mas espirituaes. Existem realmente em nés_actos intellectuaes, simples, abstractos, independentes da excitagio material; © sio as ideias, os juizos e 0s racio cinios. 1, As ideias, — a) £ um facto incontestavel o co. nhecermos nés, posto que imperfeitamente, a Deus © aos anjos; assim como ¢ tainbem tm facto conhecermos coisas imomateriaes, como 0 dever, o direito, a justiga, a sancti- dade. Temos, além disso, conceitos independentes da ma. teria, applicaveis tanto ao mundo immaterial como a0 m: terial, por exemplo, os conceitos de ser, de substancia, de natureza, etc. Ora nunca uma potencia material pode ‘por gnalquer forma alcancar um objecto immaterial. ‘Temos, pois, que a nossa intelligencia ¢ uma faculdade indepen. dente da materia, uma faculdade espiritual 5) Nos tayibem conhecemos 08 objectos maleriaes, mas de um moto immaterial. As ideias sio, com elfeito, universaes; porgue além da imagem cerebral, que me rc: presenta uma arvore, um cavallo,.ete, coneebo tumbem a idoia da arvore, do cavallo em geral; © esta ideia, assim universalisada como eu a conhaco, nio 6 inioterminuda ¢ confusa, como a suppéem certosphilosophus, mus, uituln que geral, ¢ de uma perfeiti nitidéz, Ora ms ideia, assim pela concepcio universalisada, de neulrura mode pode ser ’. ideia material € orgauica. A razio 6 clara: uma imagem organiea 6, como disse. thos, compostn, de partes o tem uma forma ‘doterminads Para que ella fosse universal, para que se applicasse, por exemplo, a todas as arvores, fra mister que simullanea- mente representasse as formas, as dimensdes de todas as aryores possiveis, das faias, das jaqueiras, dos carva Thos, ete. — Deveria do inesmo modo a imagem universal da cdr applicar-se a todas as céres, deveria simultanea. mente representar todos os matizes das céres, 0 que é evi- dentemente itpossivel, j& porque uma imagem nio pode ser ao mesmo tempo toda verde e vermelha e azul, j& po que a percepedo e vibragao do azul differem da. percepydo © vibraco do vermelho ~~ 0 mosmo se diga da ideia ‘do som em geral; 30 se tractasse de uma imagem organica de- voria ella representar todos os sons ¢ vibrar ao mesmo tempo 'todas as notas, Supponhamos ainda que a ideia é de um triangulo.em geral. Se ella fosse uma imagem, deveria ser limitada por um contomno fixo; mas neste caso ficaria reduzida a um detorminado triangulo. Para ess imagem representar todos os triangulos, tinha que ser limitada por todos os contornos ‘triangulares possiveis, 0 que seria um ahsurdo manifesto. Este raciocinio é applicavel a todas as ideias universaes dos objectos materiaes +e) As ideias sio independentes de excilagdes mate. Hiaes. Toda a excitagio organica varia segundo a impressio, ’ excitagao e o estado do orgio; ora, as nossas eias apre. sentam-se sempre immoveis ¢ inalteraveis, —‘As impres. 8des variam, de facto, indefini¢amente, e as imagens suc- cedem-se vivas ou fracas, Ionginquas ou proximas; e, pelo coutrario, as ideias do lever, do verdadeiro, do justo, upre- sentam-se identicas Sempre as mesmas. 2. Ox juizos © os raciocinios, — Mencionemos sé, por abroviar, os juizos, que se chamam principios ou ver- dades necessarias e elernas, como por exemplo: «Uma coisa nao pode, aw mesmo tompe, ser ¢ nao ser»; ou «Nada. cxiste sem razio sufficionle». Nelles se patentela. a inde pendencia absolute cle qualquer impresséo material: nada ha nestes juizos de relativo, de variavel ¢ transitorio. Que 0 ESPIRUTUIALIDADE PA. ALMA HUMANA differenga entre 0 principio da razdo sufficients, invariavel/ mente claro, peremptorio e sempre o mesmo ¢ a lembrangd de um homem, que outr’ora se viu! Esta imagem human apaga-se, altera-se, extingue-se, desapparece @ associa-ge avoutras imagens. E porque? porque @ uma imagam depeh. dente do corebro, a cujas inffuencias anda sempre mais pu menos sujeita, E, pelo contrario, 0 principio da razdo shi. ficiente permanece sempre inalteravel, porquanto procéde de uma fsculdade sobranceira 4s influencias organicas, acta apenas sob o influxo do verdadeiro, e participa da pureza, da simplicidade e estabilidade da otema Verdade. Assim que, suppde 0 poder de generalisar ¢ de raciocinar em nés a cxistencia de um prittcipio espiritual A concluséo deste paragrapho é, pois, que, tendo nés demonstrato a existencia de actos vitaes’ immateriaes no homenr, e nio se pdendo dar um effeito sem que Ihe cor. responda uma causa proporcionada, forcosamente tom que existir uma causa ou principio de vida immaterial no ho: mem, o qual 6 a alma, § IV. Objecooes Obsersagiio préliminar sobre a unio entre a alma e © corpo. — Nao pode o grande problema da uniao entre a alma e 0 corpo ter cabimento neste estado. A resposta, porem, 4s objeccdes ganhari em forga ¢ clareza, se apte- sentarmos um breve resumo dos principaes dados da razio e da experiencia sobre esta importante questa. 1. As demonstragdes precedentes deixam em eviden- ia existirem no homem tanto os phenomenos sensiveis ¢ organicos como os actos immateriaes. Ha, por conseguinte, nelle dois principios, um material ¢ outto immaterial 2, A experiencia nos assegura tambem que estes dois principios nao sto de tal modo distinctos, que os possamos olhar como dois individuos, dos quae’ um governe 20 outro, como um cavaileiro governa 0 seu cavallo ou como um piloto dirige © sow navio. A alma e 0 corpo completam-se mutuamente ile sorte que formam uma s6 natureea, 4 humana; assim que a ‘mesma pessoa, que lem consciencia de ver ¢ apalpur (actos sensiveis), lem larbem conscieucia de pe 0 actos’ igmuterianst. 8. Esti unido intima ¢ a causa da reciproca influet: civ da alma sobre 0 corpo ¢ do corpo sobre a alma. Os nos- sos Orgivs reugem sob a aecio dos objectos exteriores. 0 fluxo nervoso iransmitte-se a0 cerebro © provoca uma re: presentagio interna, 2 em seguida a ella, entra a intelli gencia em actividade e forma as ideias, os juizos e os ra- cioeinios. Ha, sem embargo, uma intima relagdo entre a imagem ¢ a ideia, ent:e 0 acto organico ¢ 0 acto espiritual 4 imagem chama u ideia e por sua vez a ideia ovoca a imagem. Se umu'leso, uma doenga, a velhice alterar o centro corebral, onde as’ imagens sensiveis se acham_dispostas, © se vier # perturbar a associagio dolias, a desordem no: cessariamente repercutirse-ha nas operagées intellectuaes Dadas estas explicagses, passemos 4 analyse das princi. paes objeccdes adduzidas contra a espiritualidade da alma Primettta o1sRCGKO. — As faculdades chamadas intel lectuaes desenvolvemse com 0 cerebro, transtornam-se ¢ extinguem-se com elle, Logo nfo sio mais que funceSes do cerebro, — Lucrecio foi: jueim primeiro propoz esta objec do, que os materialislas de tédos os tempos de bom grado repelem: ‘are querer, que mi pariter cum corpore eb una Geet sends porlergua soctere senten Rusvosta. — Os factos allegados sio innegaveis, @ fo- ram conhecidos ¢ admittidos por toda a eschola espiritua. lista durante o volver dos secillos. As descobertas da scien- cia moderna? $6 nos revelaram o mecanismo das funegées 2 fio, ly, taguisment om detdpiomen ora, Cat errs parece iene pevvaon cee "de propria ‘donut deat Foro" Mem! dor aol pall eigen stay Cantino: ‘smiions 0 etamaonie di etmaoionria. sh.” Vi-se evideatamnenie” que se eres” Aetna jt iffsetin wisaen teal" See dese ian "por ain que seat. cestene-se" wnt “coee” proms A iets ee ene 2a” pares Sete, Maden Mkt laa de peer a dont Ga. yoriyitesin, cereal, a weutrs do assouinsfo do tachi, se rosaltnos Gn imtoo 2 DSDIRMYYALIADE 04 ALMA MuMANA organics, mas deixaram intactos os argumentos do ospi: ritualismo. Quando muito prova esta objecedio que o cerebro 6 0 orgio’ das facnldades sensitivas, cujo fauecionamento. &, como condigao, indispensavel & setividade espititual , Fun use a nevessidade desta condiefo ‘na wnian da’ alma ¢om 0 corpo. Mas daqui a concluir-se que o cerebro 6 a condi¢io suificiente, 0 orgio do pensamento, vac muita distancia Secunpa onsecexo. -~ Esta natureza unica, formada de dois elementos, um espiritual ¢ outro material, ¢ coisa inconcebivel, contradictoria e absurda, Rusrosta, + a) Que seja mysteriosa e obscura, passe. ts affinidades chimicas, a attracedo ¢ a clectricidade sto faceis de comprehender? Nao fallam sabios que ultitmem ser a materia tao incognoscivel como o proprio espirito, 5) Nada tem de contradictorio esta uniao da alma com 0 corpo. Que contradiceio pode realmente haver em que um elemento de natureza superior communique a ou tro de ordem inferior umas certas perieigdes como slo a vida, @ sensagdo, ¢ em que este principio superior exija e's, a Uemporotinay de tan oles? Sl ing Paget ea, Aion ieee thats farce Maa coe SoS Stites 'seiguass, Mera “om peimeitm Togne Sauiston of aforyoa Geto ees te hy Siete me em, ed Abe a Bf Gig 8 tir os aot saeco, fitas sobretude reatomente, ‘tris tambem 0 veo da resin e'o nasloamio Iuceos ace Reauee eee nls vale tanto gomo 9 a6. qsem die rien at tm Gelatlas Seeks ‘cepacia sit “ale oe ee hate art as st fnaigdaaiy na ah a? Rewind 9 caus elecereies sobre seta questo, dais wes 1918 o madicg gman tay “ap endo 0 apes “uhgaa S128 0 madleg Oe dot feds ‘no Grn, “Pa, Ta Mtegeeds nag (errs, ane a nel” piers at geet tt ta Mecha irae El ot i oat ea ote ao tmdictor) LIBERDADE DA ALA neaANA - % para o exereicio de certas faculdades © concurso intimo de bulro prineipin inferior? ©) Aecresee aiuda yuo ost unio & a unica explica fo para os farlos da sensibilidade experimental (Vid p. 62). Ora ante a experiencia nenhumm valor teem ox apriorismos, TURCEIRA OBJECQAO, — No se pode conhecer o imma: terial, se até o que é materia se ignora. Ora no fallam sabios que affirmem ser tio incognoscivel a materia como © espirito Resvosra. — Renos mysteriosa, nio ha duvida, a es seucia da materia, © nisto estamos de accordo com todos 08 positivistas © dgnosticos; mas conhecemos sein duvida cerlas propriedades e imperfeicdes a ella inherentes; ¢ € 0 que nos hasta para podermos assogurar que um ser, % que faltam estas imperfeigées nio pode ser material Sabemos com effeito que @ materia nio pode actuar sem 0 Concurso dos corpes; donde concluimas que wn ser dotado de uma actividade independente dos corpos, como base, niin pode pot natureza ser material, ART. IL, — LIBERDADE DA ALMA ' HUMANA § 1. Estado da questto Entende-se por liberdade a faculdude que o homem tom de, por si mesmo, se determinar a fazer ou ndo fazer wma coisa ou a fazela de um modo antes que de outro, Precisa-se, pois, pata que a alma seja livre, que no hija constrangimenlo nem forga extrinseca, nem haja impulsy ow neeessidade intrinseca, que forcosamente a delerminem na sua oscolba. A alma,’ senbora de si_ao escolher, goza ta liberdade physica ow livre arhitrio, Esta liherdade ph Sica nto deve ser vonfundida com a Jiberdade moral, que 46 Se estende is ucgdes lioitas. Posso eu ser, do facly, livre hysicamente ora commoller umn pecrado; mas -moradmente e“nenhame mudo-a- poss ser u LIRRDADE DA ALATA_aINCANA § UL. Adversarios Comquanto so possum, rigorosamente fallando, consi: derar como inimigos da liberdade os philosophos, que, como ‘th, Reid, uffirmam nao poder a vontaie humana determinar-se sem motivo, comtuclo s6 se consideram como taos 03 /atalistas © os deterministas. 4) Os fatatistas negam a liberdade humana em nome de um principio superior e unico, que segundo as diversas formas, que 0 proprio fatalismo’ toma, se chama destino (antigos gregos), vontade soberana (mahometanos), natu- rea (Spiuosa ¢ os pantheistas) e mesmo graca’ divina (lotio Huss, Luthero, Calvino, Jansenio, Baio). b) Os deterministas defendem que o homem nos seus actos ‘se determina néo por uma causa unica e superior, mas ou pelas leis da natureza em geral ou pelas di sua propria natureza em particular. Todos os phenomenos do universo slo determinados por causas; a vontade humana nio pode ser uma excepedo a esta lei universal ‘Toma © determinismo tres formas principaes, a scien- tifica, & piysiologica © 2 psychologica. 1. 0 determinismo scientifico defende que a these da necessilade universal ou do cmechanismo universal » € a unica, que se harmonisa com os resultados da sciencia positiva, a unica que torna a propria sciencia possivel. Os actos da voniade teriam como causa as forgas physic chimicas ¢ estariam, eomo todos os outros movimentos, st jeitos as leis geraes da mechanica® 2. 0 determinismo physiologico defende que o ho. mem vive sob a dependencia absoluta ou das circumstan. cits physicas extoriores (clima, meio, regimen, ote.), ov das condicées physiologicas do organismo (estado dos ner vos, do cerebro, ete. Este determinismo 6 inalerialista, «lo mesmo modo que o precedente, ¢ teve como fantores prin. cipues a H. Taine, K. Vogt, Moleschott, W. Wundt, ete 3. O determinismo paychologico suppoe sero humem Se ia ae flint thane bees sation’ de" Vensnie ei a ari a aL doterminady, nav de Jéra, mas por si mesmo. Seu princip defensor foi Leibnitz, que o formulou em duas proposi- vdes: ¢NAn ha vontade sem motivas, «A vontade segue sempre 0 motivo mais forte »?, § UL Proyas do tivre arbitrio A these do livre arbitrio pode formular.se do seguinte modo: «Quando se dio as condigdes necessarias do sew exer- ciciv, fom a vontade humana pleno poder para, por si mes: ma, $0 determinar ao acto que ella muilo bem quizer, sem que a, isso seja obrigada por forga alguma externa’ nem por alguma necessidade interna». Vamos dar so duas das principaes provas: o testemunho da consciencie e a analyse do acto livre, PRIMBIRA PROVA ‘THSTEMUNHO DA CONSCLENCIA * PRRLIMINARIS, — O homem tem a convicedo intima © sentimento vivo, interno, da sua liberdade. Sente que mui- tos dos seus acids so completamente espontaneos ¢ Uni Ciena depenente da sun rota, de modo ghe ella 86.6 que os tlege ¢. que toma sobre sia Tesponsabil lade delies. # este um facto experimental, a que os deler ministas dario a explicagao, que quizerem, mas que jé mais poderdo negar. Depois veremos ual’ seja 0. valor deste testemunho; 0 que por agora importa 6 analysal-o bem e estudar-Ihe os caracteres e condigdes. 1. Objecto desta persuasiio, — a) A eonsciencia nos diz que potemos Teatmenle. Lier ow omillir tal vu. tal acgio; ©, quando ajuizamos sobre os procedimentos dos 1) esr ll noi mo ey Ee ei Oi a hd ety Se ee Dendinon eb daverminndiy esta di seetvar tale ant dors oreo "conboatneaty oe" interno 8 LIDRRDADE DA ALAA HENAN educar o homern? Nada teem de semethante as recompen: sas, 08 casligos e demais meivs, usados part os homens, com os affagos e ameagas, que empregamos, para amansar e domesticar os animaes, © pura Thes impor determinados actos. OS premiox ou oS castigos, usiuilos com a homem lant o suppdem dotado de libertade, que com elles, si se lem em vista recompensar 0 bom ow mau uso, que della porventura tenha feito Nora. — Suppondo mesmo que o livre arbitrio nio pas: sasse de hypothese, ainda assim deveriamos concluir que cila tem um valor tio apreciavel para a explicagdo do mun- do moral; que Ihe € td indispensavel, que lle é mesmo mais indispensavel do que a hypothese do ether, espulhado pelo-vacuo, & explicagdo du mundo physico. Sem liberdade ha para a humanidade significado moral ‘Acabamos de demonstrar 0 facto da crenga no livre arbitrio e a influencia grande quo elle exerce sobre a vida humana. Elle explica-a satisfactoriamente. Ora a unica explicagdo possivel para um tal facto 46 & ou s6 pode ser, gomo vamos demonstrar, a real enistencia da liberdads mans Primeiro argumento. — Se esta persuasio fosse falsa, seria impossivel qualquer certeza. Acabamos de yer quanto esta persuasto & universal, clara, distincta © indelevel. Estamos tio convencidos de que temos liberdade, como de que existimos. Ora, como estou eu convencido de que existo e de que traballio? Pelo testeminho evidente da minha consciencia, e sémente por elle. Néo tenho outra prova para esta conviegio. Pois bem, esta mesma conseiencia, com egual evidencia, me assegura que eu sou livre, Se 0 segundo testemunho é falso, tam- bem me nao posso fiat no primeiro, que tem por si a mes- ma prova; © acabou-se toda a certeza no dominio da con sciencia. E, sendo assim, acabou-so tambem toda 1 sciencia. Porquanto, como & quo, de facto, nds estamos certos da existencia dos corpos, das leis physicas, dos phenomenos do mundo externo? Porque temos a consciencia de os lia 1 Vil, A. Pine, Sonor inde ab droib wit, ne 384 LMIONADADR DA. ALALA HUMANA ” vormos experimentado, verificalu & conhecido. Assim que, seo lesiemunho da cons¢iencia nao lem nenhum valor, nunea mais posso estar certo de ter visto, de ter experimen tao nem de ter conhecido ou aprendido, Segundo argumento. — Existe indubilavelmente a lei moral; ora nio havendo lilerdade ¢ impossivel que ella exista: logy existe tambem a liberdade, Estas duas pre missas ja as deixamos provadas. ; ‘Terceiro argumento, — Admittamos por um instante a_hypothese do determinismo universal. Todos os pheno- mmienos, segundo esta hypothese, todos os actos, 1u.08 0s juizos so tegidos por uma necessidade absolula. E nem mesmo a c-enca na liberdade poderia ficar exceptuada, por- que tambem ella se deveria considerar como fatalmente re Sultante das leis e das forcas naturaes, Ora, seria realmente absurdo sappor que o resultado necessario ¢ fatal das forgas da natureza soja, o erro e a falsidade. D’aqui se se gue, o isto basta para fazer ruir a hypothese determinista, © ser verdadeira a crenga da nossa iberdade, por, naquella hypothese, tambem ser fatal esta crenca. SEGUNDA PROVA ANALYSE DO ACTO LIVRE ' © ponto de partida para a demonstragko precedente foi o facto de que a consciencia attesta ser 0 homem livre Este facto com as suas propriedades caracteristicas © a8 fa consequencius us fuece argumentos irreapondivele i'favor di reatidade do nosso livte alvedrio. Poderiamos contentar-nos 86 com elles. Mas o espirito humano desoja ir mais longe, e quer ver, por um exame mais profundo, como se cerlitica dessa liberdade, Este estudo, que os sophismas em voga tornam hoje mais que nunca opportuno, apresenta-se, digamol-o com franqueza particularmente ‘diffieil de expor’, nao tanto pela obseuridade da questio, quanto pela analyse subtil, Por tego lie, Caio ag rémous msnoy proparudas em aan york spain aa lect das vest. "Sua a an eat er st edtaS indculindes saan ales, quo’ than” pales opp JOMRADARE DA_ALMA_HUNANA que se requer; de modo que o espirito nao acerle muitas vezes com o ponto, para 0 qual deve fuzer convergir toda * a sua attengdo. E afinal 0 que costuma acontecer com as mais simples nogdes, as quaes como que se perdem de vista, quando nos pomos x dar uma explicagao dellas. f mais zuma razdo para, yuantor a ellas, procedermos com maior’ cireumspecgtio. Examinemos, pois, 0 que se passa, quando Lemos von. sciencia de agir com’ liberdade. Descobriremos no acto livre cineo diferentes phases * ou elementos para elle xe realisar, que sio: . PRIMEIRA PHASE: O acto do conhecimento. — Apre. sentam-se & nossa mente cerlos bens, como: umas dleter- minadas vantagens a aleancar, alguns gozos a fruir ou al- gum dover a cumprir, otc. Devemos nds primeiro ter 0 conhecimento delles, porque sem conhecimento prévio nao ha vontade: Nihil volihem nisi praccognitum, diz o axioma philosophico SzGunpa Puase: O primeiro movimento da yonta- de, — Quando & mente se apresenta um bem qualquer, en- tra logo a vontade em acco; ¢ ow propende para esse bem ou delle se desvia. Por vezes a intelligencia, logo que pela primeira vez se Ihe depara 0 bem, descobre inconvenientes que delle podem originar-se. — Evdar estes inconvenien. tes ¢ do mesmo modo um bem, e par causa deste pode a vontade ow rejeitar definitivamente o primeiro. bem pro- posto, ou simplesmente desviar delle a attencio, sem so importar com as vantagens que elle trax. comsigo. ‘Acontece tambem por vezes que os inconvenientes, que com um bem, que se nos propde, andam relacionados, se nfo véem logo & primeira vista: freyuentemente a irrefle- xl, o habito inveterado ou a cagueira, propria da paixio, nolos escondem, — Neste caso 0 primeiro movimento 1) Bounado sent obwsevae que or phases 20 nolo live entendemos oe Aiveans actsy gue © lactam’ Tost" gon oe sy" etn a Bo ow *Hnintaniey ‘she sor LMRDADIE 1A ALMA. MARA i tla vontade & propender para esse bem, «ue se nos propos, ¢, embort nav prapenda para elle com a forge irresistivel, que nolly exeitaria uma clara visio do Bem absolulas mente perfeile (ido chega a fascinagio dos bens finilos @ Jimitados a iLudil-a tanto), propende, comude, para elle com uma cerla forca, porquanto mio deseubre nelle motives deo no abracar ou amar. Péde, porem, aquellé primeira movimento, por espontinen que’ seja, sor preve- hido ou alalhado, se a infelligencia intervém i tempo para © considerar, Ainda depois quo a propensio se produzin, sohrevém a reflexiio, que 6 i terceira das phases TBRHIRA PASE: Ponderagio dos bens propostos, ~ Revela-nos a rflexao dcerea do hem, que se nos propoe. unr duplo aspecto: um de hem e outro de mal; um de van. lagens ¢ outro de desvantagens, como sio, por exemplo, as difficuldades em alcancal-o, a impossibilidie de, ao mesma lempo, gozar a sitisfaetio de outro bem, incompativel opm elle, ou tambem a vista de certas deficiencias deste bem, a qual, embora nol-o apresente como evidentemente ama. vel sob um respeito, nao nol-o apresenta como tal sol) ou- tros respeitos. H esta apreciacdio ou juizo € que serve de Jundamento & liberdade. 0 homem 6 livre pelo facto de ser dotudo de razao. Seria realmente absurdo que um ser, sendo racional, houvesse de querer necessariamente o que elle reconhece nso ser necessariamente amavel ou desejavel. QuaRTA PHASE: A deliberagio. — f ella, sobretudo quando se prolonga, um tio manifesto signal da vontule Livre, que os deterministas se viram forcados a excogitar diversos modos de the deturparem a natuzeza. Assemeliiain 4 vontade, a0 deliberar sobre diversos pareceres, a uma halanga, que cede uo peso maior. Representam sob a forma de uma attracgéo a influencia dos motives, que movem a Vontade. A consciencia nos revela exactamente 0 contrario. Apresenta-se-nos a deliberacio como voluntaria; & im putavel @ pode alé ser culpavel*. Considerese com effe 'o um homem preaccupado om tomar uma deliberagao: vinoe @ dearer da umn selemingda ack fared et 2 lo “oato uy sual evade de ibaa, Bas" desir fant deaiese dir vé-se que pesa as razdes, isto 4, que volta a atlencio ora para uma dellas ora para outra, afim de as comparar. E ainda mesmo quo ja tenha aleangado a certoza de que uma delles é evidentemente preferivel, e que reconheca como obrigatorio 0 acto proposto, sem embargo ainda esl longe de se sentir arrastady ou forgade, © pode ainda, se the apronver, prolongur a deliheracao © recomegal-a de nove. Quivra PHASE: Decisfio final. — E aqui que. pro priamente se exerce a liberdade, ¢ se manifesta a relagdu os que ha entre 0 acto e a faculdade Jivre, isto 6, como elle Cella provém. Nao se va, porém, julgar que o acto livre se propde & consciencia como que, ssparado de tudo que © preceden; pois que 4 consciencia, abragando num como conjaneto todos os pslados deeorridas, reconheco que « conbecimento do objecto, o juizo do seu valor, a analyse © comparagio das razies, apezar do solicitarem a vontade 4 deixam inteiramento livre em decidir-se na escolha Proclama ella, por conseguinte, que na determinagéo ou decisio que toma, fica sobranesira a tudo 0 que 6 de ue. cessiade | Concztsxo. — Mostrou-nos a analyse precedente como se jtstifica 0 testemunho, que nos da a consciencia, acerca do livre arbitrio. E conjunctamente ficam explicadas e jus. tificadas as consequencias da liberdade, como so 0 senti mento de responsabilidade, o remorso, a estima, o em- prego das recompensas e castigos, ete. § IV. Objecedes. PRIMEIRA ODFEOQAO, — Ja que a vonlade dé prefe. rencia a uma determinagao antes que a outra, forgoso 6 admittir para isso uma razdo sufficiente. Ora, esta razio sufficiente 80 pode ser 0 excesso, 0 grau de ‘bem maior, em que se avantaja a resolugao tomada, Escolhe, pois, Sempre necessariamente o bem, que se lhe antollia maior, segundo opinava Leibnitz, Logo, concluem os determinis. fas, j& no é de facto livre a vontade, pois que escolhe forgosamente o que ella tem por melhor, 1) ag clara que ertan diverian bese #¢ nto uccidem cons a letidae, om. oo lscrveson; "mas ess hot abaevdat vomeeteensees asl Sao ddteal'gn a rapier daw tech Rosposra, — Necossita sem duvida o asto livre uma rundo sufficienle; mas onde encontral-a? Esta, porventura, no objecto 0 motivo da altracedo? ou estar antes nn Jacudade, que tende para o objecto? Quando um ser por yatureza inerle, uma pedra, por exemplo, esti em movi mento, nao se ‘pode uchar ‘a razio sulficiente deste mo. vimento sono no impulso, que Ihe foi communicado por uma forca extranha. E, quando um ser vivo produz una aceao vital espontanea, mas ndo livre, a sua Tazo suffi. ciente encontra-se num impulso, numa necessidade interna Ora, a vontade humana é, como ji vimos, uma faculdade livee, Demonstramos que ella, por conseguinte, tem 0 po- ler de determinar-se por si mesma e de tender panto * vbjecto da sua escollta, © que, portanto, possue ‘em si mesma a razio sufficiente para dar a explicacio desta resin fficiente para dar a explicacao dest: SwauNDa oByECoAO. — Quem, instam ainda, escolhe : lum ber menor, no procederia razoayelmente. Logo, sendo o homem um ser racional, escolhe sempre o bem” que Ihe parece o melhor; é por elle que a vontade 2 determina, Rusposra, — Nao procederia razoavelmeate, estamos do accord, se se quer d'zer que commetteria de ordinario uma falta, que faria uma loucura de que haverd de po nitenciar-se depois, e pela qual a sua propria razic o D Adrttarwe, dda dito, aus a com ore io ‘ara ata fea iia Ga gly SENG lt oe it Sede ae bets hells ea eon Gul" ipa a's Neue os See ‘Prodesth >. Hlvaria Tapenecrel’ aie sees 8S pepe oa a tutes 2, detain, ie Sa later aur cae Sule Tle, rtd oh Pai ata = ol hi sie, Sa a unl Bt aotearoa one a its sili gam an emer Epc hats Boer ak ; ie fe A gat ae Stat Sead ar ele ey Ee 4 Devin — cerso de Apotogetion cheats

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