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GUITARRISTAS E REPERTORIO DO CLASSICISMO ESPANHA NTRE OS DISC{PULOS DO PADRE BASILIO destaca-se Dionisio Aguado y Garcia, rconsiderado como um dos maiores virtuoses da guitarra classica. Nascido em Ma- em 1784, e falecido na mesma cidade em 1849, Aguado iniciou seus estudos com 0 Padre Basilio (Miguel Garcia)’ Em 1803, herdou de seu pai uma pequena propriedade no povoado de Fuenlabrada, onde residiu durante a invasao napoleénica & Espanha. Ali, desenvolveu seus principios guitarristicos que foram apresentados ao piiblico no seu método traduzido para o francés por Frangois de Fossa e publicado primeiramente em Paris, em 1826, ¢ depois reeditado por ele mesmo em Madri, em 1843. Sendo o mais completo método para guitarra do classicism, considerado por muitos como atual hoje em dia, € de grande utilidade por apresentar explicagdes de cardter técnico € interpreta- tivo sobre os estudos do autor. um método que ensina os principios te6ricos e praticos do instrumento. Transferindo-se para Paris com o objetivo de co- nhecer o famoso guitarrista e seu compatriota Fermando Sor, Aguado logo se faz conhecido por seu virtuosismo e inicia uma grande amizade com Sor. Este dedica-Ihe seu duo Les Deux Amis op. 41 e a 7° Fantasie et variations Brillants, op 30. © uso de unhas na mao direita, por Aguado, criou uma certa polémica junto a Sor, que se refere nos seguintes termos a técnica de Aguado: Era necessirio que a técnica de Aguado pos- suisse as excelentes qualidades que possui, para perdoarlhe 0 uso de unhas, e cle mesmo teria renunciado a0 seu uso se no tivesse logrado tal grau de agilidade, e nem se encontrasse num tal ponto da vida em que & dificil Iutar contra um habito adquirido por muito tempo, E mais tarde Sor escreve: E assim que ele ouviu algumas das minhas obras, logo as estudou e até pediu-me cons Thos sobre sua execuglo, mas eu era muito jovem para permitir-me 0 direito de ¢: um maestro de sua celebridade. Ainda assim atrevi-me a insinuar-Ihe a inconveniéncia das unhas, especialmente em minha mtisica entio concebida distintamente da misica dos guitar istas em geral. (..) Depois de muitos anos, Nos reencontramos e ele entao confessou-me que, se fosse recomegar, o faria sem unhas. 2 Aguado, foi ainda, o inventor do iripodion, uma espécie de tripé em que o instrumento era apoiado, liber- tando as maos para a execucio do instrumento. Para sua 62 AS Dionisio Aguado, litografia do seu Nuevo Método de Guitarra (1843), com sua invengio, 0 tripodion. = Fernando Sor (1778-1839), Mateo Carcassi (1792-1853). Ferdinando Canulli (1770-1841) obra Fantasia Elegiaca op. 59, Sor recomenda 0 uso desta "excelente invengio" de seu amigo. Aproximadamente em 1838-39, Aguado deixa Paris e retorna a Madri, onde reside até sua morte. Sua obra é diversa e de boa qualidade musi cal, destacando-se o j4 mencionado Método para Guitarra, Trois Rondo Brillanis op. 2, Le Menuet Affandangado op. 15 ¢ Le Fandango Varié op. 16, obras que utilizam a tipica danga espanhola Fernando José Macario Sor, nasceu em Barcelona a 14 de fevereiro de 1778, e faleceu em Paris a 10 de julho de 1839. Sor teve sua formagio musical realizada no monastério de Montserrat, nas cercanias de Barcelona, onde estudou, sob a diregio do Padre Anselmo Viola, harmonia, con- traponto, canto, orquestragio € composi¢ao. Saindo do monastério depois de cinco anos de es tudos e com 17 anos de idade, Sor retornou a Barcelona e retomou seus estudos de guitarra, sendo desta época a in- fluéncia das composicbes de Moretti, Também deste periodo data a primeira dpera escrita por ele, Telemaco en la Isla de Calipso, que teve sua primeira representaglo em 25 de agosto de 1797 no Teatro Santa Creu de Barcelona. Con- seguindo um grande sucesso de critica € piiblico, Sor se tor- nou uma celebridade j4 aos 18 anos de idade Logo, Sor se vé em Madri, onde foi levado a corte de Carlos IV pelo Duque de Miranda. A Duquesa de Alba, percebendo talento do jovem compositor, logo © tomou mestre de sua capela particular € professor de guitarra de sua filha. Com o falecimento da Duquesa, em 1804, Sor se vé desprotegico e procura outro nobre para sua protecio. O Duque de Medinaceli chama-o € 0 nomeia misico de sua corte e administrador de seus bens. Desta época, a producao musical de Sor € composta de duas sinfonias, trés quartetos € algumas cancoes. Com a invasao francesa na Espanha, Sor é acusado de simpatizante dos invasores e decide partir para Paris em fins de 1812. Chegando em Paris, dedica-se mais profunda- mente As composigées para a guitarra, sendo que as primei- ras composigdes publicadas datam deste periodo. Depois de alguns anos em Paris, decide mudar-se para Londres. Em Londres, dé numerosos recitais de guitarra, 63 sendo muito importante sua apresentacg4o no Royal Philar- monic Concerts, além dos recitais na Society’s Concerts e no Argyle Rooms, onde apresentou sua composicao Concer- tante for the guitar with violin, viola and cello. Uma citacao no livre de P. J. Bone confirma a excepcional execucio de Sor. Segundo George Hogarth em suas memérias da Philar- monic Society "ele surpreendeu a audiéncia com sua e- xecucao brilhante" Com a apresentacao de seu ballet Cendrillon, Sor retorna a Paris. A fama crescente de guitarrista foi acrescida de representagdes de seu ballet Alphonse et Leonore. Convi- dado para apresentar-se na corte de Sao Peterbursgo, parte para a Riissia. Ali, recebe a comissao de uma marcha fiine- bre pela ocasiao da morte de Alexandre I ¢ compée o ballet Hercules et Omphale para o coroamento de Nicolau Retomando a Paris, tenta representar seu ballet Le Sicilien ou l'amour peintre, sem sucesso. Viaja novamente a Londres, onde permanece por um curto periodo, e neste espago de tempo compée o ballet Le dormeur. Eveille ¢ a 6pera La belle Arsene. Retornando definitivamente a Patis, nasce a ami- zade € a colaboracio com Aguado Fernando Sor é geralmente lembrado nao. Por seus ballets e 6peras, mas sim por sua inestimavel producto gu: tarristica. As obras de Sor para a guitarra incluem solos € duos para duas guitarras e algumas cancoes com acompanhamento de guitarra. Entre as obras para gu destacam-se intimeros estudos, obras didéticas e algumas que se tornaram verdadeiras pecas de concerto dos violonis- tas modernos, varias fantasias € tema com variagdes, come Introduction et variations sur un theme de Mozart op. 9 e Introduction et variations sur Malborough se’en va-t-en guerre op. 28. Entre suas melhores obras estdo as sonatas opp. 15, 22 € 25, sobre as quais William Newman escreveu ura valor criativo das sonatas para guitarra de Sor @ alto. As idéias que surgem do instru- mento, ainda que nao dependam dele, sio frescas © atraentes. A harmonia € engenhosa 64 TE, ‘Mauro Giuliani (1781-1829) a julio Regondi (1822-1872) Marco Aurélio Zani de Ferranti (1802-1878) Napoleon Coste (1805-1883) surpreendentemente variada com audaciosas mudangas de tonali- dade € com ricas modulagdes nas secdes de desenvolvimento, A textura também € naturalmente de interesse com a melodia pas- sandlo ora da parte superior para o baixo ora para a parte inter- medidria, além de freqiientes toques contrapontisticos. Entre as formas maiores, © primeiro movimento allegro mostra uma flexibilidade considerivel na aplicacao da forma sonata, especial- mente no grande nimero de idéias introduzidas e recapituladas. No que conceme a este assunto, o estilo ainda vai ao encontro de Haydn e Boccherini, especialmente no Op. 22/1, 0 qual tem toda a claridade de sintaxe e acompanhamento encontrado em uma sinfonia clissica, e 0 Op. 22/III € IV, que poderiam passar facil- mente por um minueto € rondé de Haydn. O Op. 15 6 em um movimento, com uma sec2o de desenvolvimento curta mas efetiva, tanto tonalmente quanto tematicamente. O Op. 22 € em Quatro” movimentos, répido-lento-moderato-ripido, 0 segundo sendo um expressivo adagio. © Op.25 é em tés movimentos - um Andante livre e patético na ténica menor, um Allegro em 6/8, ¢ lum tema € variagdes que nos lembram dos problemas que su Postamente os editores tiveram em vender a mtisica de Sor para guitarra a amadores, sendo que grande parte dela & escrita em uma dificil textura de quatro vozes. Ainda h4 os duos para duas guitarras, como L’En- couragement op. 34, Les Deux Amis op. 41, Divertissement op. 38, Fantasia op. 54bis e Souvenir de Russie op. 63, sendo este o iiltimo ntimero de opus de Sor. O Méthode pour la Guitare (Paris, 1830) € 0 mais completo tratado te6rico sobre o instrumento do século XIX, e uma ines- timavel fonte de informagdes sobre a miisica para guitarra desta época. A obra de Fernando Sor representa o auge da mésica classica para a guitarra, s6 encontrando paralelo na obra do italiano Mauro Giuliani Francisco Trinidad Huerta (1804-1875) foi outro grande virtue da guitarra no século XIX. Huerta desen- volveu uma grande atividade como concertista na Europa ¢ até nos Estados Unidos. Varios sio os relatos sobre suas ha- bilidades, como do grande escritor Victor Hugo: 65 A guitarra, este instrumento tio circunscrito, nao conhece limites nas suas maos. O senhor a faz produzir todos os sons, todos os acordes, todos os can- tos. © senhor sabe tirar destas poucas cordas as notas mais variadas (...) A vossa guitarra € uma orquestra. Pouca coisa restou da obra de Huerta, como a Overture to Semiramide e varias obras de carter leve como valsas, divertimentos e mazurcas. Antonio Cano (1811-1897), assim como Huerta, distinguiu-se por sua habilidade a guitarra. Esteve associado a Aguado em 1847, sendo que recebeu grandes elogios deste liltimo no que diz respeito as suas qualidades de executantes. Cano € autor de um método para guitarra publicado em 1852, ampliado, em 1868, com um interessante Tratado de Armonia aplicado a este instrumento. ITALIA NA ITALIA, OCORREU um dos maiores movimentos guitarristicos do século XIX, registrando-se uma grande quantidade de guitarristas, virtuoses ¢ amadores. Muitos dos virtuoses italianos deixaram seu pais natal e se dirigiram para centros musicais maiores, como Paris e Viena. Felipe Gragnani (1767-1812) foi um notével guitarrista e compositor, cujas obras ainda hoje constam no repertério dos violonistas. Gragnani teve sua instrug&io musical com Giulio Maria Luchesi e desenvolveu uma carreira de concertista na Alemanha, Itdlia € principalmente em Paris. Suas principais obras constam de varios duos para duas gui- larras, um quarteto para duas guitarras, violino € clarinete op. 9, um trio para trés guitar- ras op. 13, e varias obras para guitarra solo, como a Fantasia op. 15 € os Divertissements op. 11 Francisco Molino (1775-1847) foi compositor, guitarrista ¢ violinista. A sua car- reira de virtuose desenvolveu-se na Itilia, onde também foi diretor musical do Teatro de Turim. Visitou a Espanha, € radicou-se em Paris aproximadamente em 1820, onde per- maneceu como virtuose da guitarra e do violino até sua morte, em 1847, A obra de Molino consiste de um Nowvelle Méthode Complete por Guitare ou Lyre, um concerto Para guitarra ¢ orquestra, varias obras de miisica de cimara com guitarra e diversas pecas € estudos para guitarra solo. 66 Luigi Legnani (1790-1877) foi considerado como um dos maiores virtuoses da guitarra do século XIX. Desenvolveu uma carreira brilhante, se apresentando nas maiores cidades da Espanha, Alemanha, Franca e Austria. Aproximadamente em 1822, Legnani fez uma tournée a Alemanha e Austria, se estabelecendo por alguns meses em Viena. Em 1827, surge uma nova série de concertos, desta vez, segundo Fétis, com Paganini. Em Paris, em 1829, Legnani tem contato com Sor © Aguado e em 1835-37 realiza nova tournée com Paganini A respeito de um concerto realizado em Barcelona, Legnani recebeu a seguinte critica publicada no Iberia Musical de Madri Barcelona, 23 de maio de 1842. Na noite de ontem se apresentou no Teatro Principal desta cidade, o senhor Luis Legnani, guitarrista italiano de nome. To- cou uma fantasia solo e umas variagdes brilhantes com acompanhamento de orquestra, ambas pecas de sua composiclo. Este professor retine muita agil dade na execugio, grande qualidade no som de seu instrumento e muito sen- timento no Cantabile. © senhor Legnani foi muito aplaudido e o gue nos chamou a atengao foi seu Adagio, tocado com muita exatidao e gosto: Legnani, quando em Viena, também colaborou com os construtores de guitarras Staufer € Ries, ¢ em 1850 retornou a Itdlia onde se dedicou a construcao de instrumen- tos.” A principal obra de Legnani sio os Caprice op. 20, obras de dificil execugao devido 40 seu cariter virtuosistico. Além disso, compés a Fantasia op. 19, Il terramoto con variazioni op. 1, € um timo Metodo per impare a conoscere la musica e suonare la chi- larra op. 250. Nicolo Paganini (1782-1840) € geralmente conhecido como violinista € virtuose daquele instramento. Mas, durante certo perfodo de sua vida, dedicou-se exclusivamente ao estudo da guitarra, provavelmente influenciado por seu pai € por seu professor de violino, Alexandre Rolla, um eximio guitarrista e violinista. A guitarra, para Paganini, foi mais do que moda passageira. Prova disso € o grande ntimero de obras destinadas a gui- larra € a sua utilizagdo em obras de cimara. Entre estas, estao varias pequenas sonatas €m um movimento, varios minuetos, além de duos para guitarra e violino e quarteto para violino, viola, cello € guitarra. © napolitano Ferdinando Carulli (1770-1841) iniciou-se_primeiramente no violoncelo e depois na guitarra. Apesar de sua formacao autodidata, Carulli atingia um nivel de virtuosidade que o colocou como um dos grandes guitarristas do século XIX. Em 1808, radicou-se definitivamente em Paris onde atingiu um enorme sucesso como guitar- rista € professor deste instrumento. Durante um periodo de 12 anos, Carulli publicou cerca de 300 obras para guitarra e miisica de camara com guitarra. Notivel é seu método, o7 Ta reeditado varias vezes até nossos dias. Carulli ainda é 0 autor de L’harmonte applique @ fa guitare (1825),!° um tratado sobre a forma de acompanhar 0 canto ou outro instru- mento, destinado ao guitarrista amador. Nascido em Florenga, Mateo Carcassi (1792-1853) desenvolveu uma cameira mais ampla que Carulli. Empreendeu vérias toumées entre a Franca, Alemanha, Inglaterra € Malia, Radicando-se em Paris, Carcassi logo encontrou em seu compatriota Carali ur val. Com um estilo mais modemo e mais virtuoso que Carulli, entio em decadéncia, logo se tomou 0 nome mais conhecido entre os guitarristas da capital francesa, Sua obra € numerosa, composta de varias pecas para guitarra solo, tais como rondOs, caprichos ¢ fantasias. Destaca-se especialmente seus 25 Estudos Melddicos ¢ Pro. gressivos op. 60, obra de grande valor pedagégico ainda hoje. A maior figura italiana da guitarra classica é sem divida Mauro Giuliani, nascide em Bisceglie em 1781, '! pouco sabemos a respeito da sua vida até sua chegada em Vi na em 1806, onde desenvolveu grande atividade musical e teve contato com os maton compositores € instrumentistas da época. E sabido que, em 1808, Giuliani se apresentou Para uma audiéncia que inclufa Beethoven, e em 1814 participou da formacae de uma Orquestra (Provavelmente executando outro instrumento que nao a guitarra) para a © xecucao de obras de Beethoven. * Também existem evidéncias do contato de Giuliani com Schubert. Em 1861, Victor Ritter Umlauff von Frankwell cita que Schubert partici- Pava de reunides na casa de Frau von André juntamente com Giuliani Ainda em 1815, participou dos Dukaten Concerte, formando trios com o pianista Hummel ¢ 0 violinista Mayseder, mais tarde Hummel foi substituide por Moscheles, be. ois de intensa atividade musical em Viena, parte em 1819, em direcao a Venera e subs A obra de Giuliani consiste aproximadamente em 150 numeros de opus. De toda esta produgao destacam-se a Sonata op. 15 © a Gran Sonata Heroiea op. 150, a Primeira em tés movimentos muito bem construidos e equilibrados, € a segunda em um movimento de cardter virtuosistico. Ha, ainda, a Gran Overture op. 61 € as 6 Rossinianas, além de varios temas com variagdes. Nas composicbes de miisica de camara, € notavel a Parceria de Giuliani com os virtuoses da época, tais como Moscheles, Mayseder e Hum- mel. Tais obras incluem varios duos e trios com guitara, como € 0 caso do Grand Duo Concertante para piano e guitarra, composto juntamente com Moscheles ¢ Der Abschied der Troubadours para voz, piano, violino e guitarra, composto com Moscheles ¢ Mayseder. Também merecem destaque especial os trés concertos Para guitarra e orques- tra opp. 30, 36 € 70. Giuliani ainda foi o inventor da lerz gitarre, uma guitarra afinada uma 3* acima da afinacao normal. Outras figuras importantes sao Giulio Regondi (1822-1872) e Marco Aurelio Zani de Ferranti (1802-1878) Regondi, considerado menino-prodigio, ji aos 8 anos de idade, recebia criticas como esta: "Tem pouco mais de 8 anos € toca a guitarra espanhola tao perfeitamente que © ptiblico e os entendidos ficam maravilhados. Realmente impressiona sua grande habili- dade, em contraste com sua idade juvenil",* Concertista de fama internacional, Regondi tocou na Inglaterra, Italia, Austria e Alemanha. A sua obra para guitarra nao é grande, mas contém obras primorosas como a Réverie op. 19, Air varié op. 21 ¢ a Introduction et Caprice op. 23 Zani de Ferranti também teve uma carreira de virtuose intemacional. Excur- sionou por toda a Europa ¢ em 1827 foi apontado professor de guitarra no Conservatorio Real de Bruxelas. Ferranti recebeu criticas elogiosas como: Nés temos ouvido este mui distinto artista muitas vezes, e em cada ocasiao sua execucao foi tao brilhante e variada que ele nos revelou novas maravilhas to- talmente inesperadas. O que Paganini é para o violino, ‘Thalberg para o piano, Servais para o cello, Godefried para a harpa, Ferranti o € para a guitarra, '> A obra deste notavel artista consiste de varias pecas para guitarra solo, como os 8 Caprices op. 11, a Fantasie variée op. 1, 6 Nocturnes Bibliques op. 3, além de varios duos e trios para guitarras. VIENA VIENA, ASSIM COMO AS MAIORES CAPITAIS européias, foi um centro Pro- curado por muitos mésicos. Com uma importancia fundamental para a musica dos sécu- los XVIII e XIX, foi talvez o maior centro musical da época. A guitarra classica também se fez presente na cidade imperial. © ambiente foi Propicio para a mtisica de cAmara, e a guitarra foi naturalmente incluida neste tipo de atividade musical Antes mesmo da chegada do virtuose italiano Mauro Giuliani, j4 existia uma grande atividade guitarristica em Viena. Muitas obras escritas nessa época destinavam-se ao grande circulo de guitarristas amadores presentes em Viena Entre os autores desta época destaca-se Leonhard von Call (1767-1815), um Prolifico compositor que deixou uma obra musical considerdvel, sendo esta composta na 69 ed sua maioria por mtisica de cimara, quase sempre incluindo a guitarra. De facil execucao, a obra de von Call foi destinada ao grande circulo de guitarristas amadores da Viena da €poca. Destacam-se varios duos para violino e guitarra, duos ¢ trios para guitarras ¢ um trio para soprano, tenor e€ baixo com guitarra e flauta, op. 136. Simon Molitor (1766-1848) também foi o autor de uma obra extensa e dedicada na sua quase totalidade aos guitarristas © mtisicos amadores de Viena. Em 1799, jun- tamente com Klingenbrunner, Molitor fez uma compilagao de um método para guitarra. Entre a sua grande e variada produgao destacam-se seus opp. 7, 10, 11 € 12 para guitarra € varios duos para violino e guitarra. Wenceslau Matiegka (1773-1830) natural de Chotzen, Bohemia, radicou-se em Viena aproximadamente em 1800. Tendo uma sdlida formacao musical, foi mestre de capela em St. Joseph e St. Leopold, em Viena. Considerado como um dos melhores gui- tarristas da sua época, Matiegka deixou-nos uma obra de boa qualidade musical. Entre as variacdes para guitarra destacam-se os opp. 5, 6, 10 € 15, € entre as sonatas os opp. 1, 2, € 31. Seu Notturo op. 21 para flauta, viola € guitarra foi arranjado por Franz Schubert em um quarteto para flauta, viola, cello € guitarra, o qual € erroneamente considerado como uma obra original de Schubert. '® Anton Diabelli (1781-1858) foi uma importante figura na vida musical de Viena. Teve um papel duplo no que diz respeito A sua relaco com a guitarra. Primeiramente como guitarrista, compositor ¢ professor deste instrumento. Tendo tido uma grande ativ dade em Viena, Diabelli manteve contato com muitos dos grandes guitarristas da época, inclusive Giuliani, A sua obra para guitarra € numerosa: musica de camara para guitarra e piano, trios para guitarra, violino e viola, um trio para guitarras e as trés sonatas para gui- tarra, consideradas entre as melhores obras do género no repertorio violonistico atual Por outro lado, Diabelli foi um dos mais importantes editores de misica na Vie- na dessa época. A firma Cappi & Diabelli, estabelecida em 1818, publicou no seu inicio as primeiras obras de Schubert, as primeiras, deste compositor, a serem impressas. Para 08 guitarristas, foi especialmente importante a publicacio da antologia Philomele fiir die Gitarre, uma colegio de obras para guitarra que permaneceu popular por décadas e que inclufa varias cangdes de Schubert com acompanhamento de guitarra, provavelmente ar- ranjados pelo proprio Diabelli, Como editor, Diabelli manteve contato com os grandes compositores da época, entre os quais encontravam-se Beethoven, Haydn e Schubert. Johann Kaspar Mertz (1806-1856) foi um renomado virtuose da guitarra, Hin- Baro, estabeleceu-se em Viena aproximadamente em 1840. Alcancando ali um grande sucesso, logo realizou toumées pela Alemanha, incluindo Berlin, Dresden e Leipzig. A obra de Mertz para guitarra consta de numerosas pecas originais, entre as quais 0 Caprice op. 50, Harmonie du Soir, Tarantelle e 3 Morceaux op. 65 (Fantasie Hongroise, Fantasie Originale © Le Gondolier), sendo que esta obra foi premiada em um concurso de com- 70 posi¢ao para guitarra organizado em 1856 pelo nobre russo Makaroff. Mertz faleceu antes de saber da sua premiacao neste concurso ALEMANHA COM O DECLINIO DO ALAUDE NA ALEMANHA, a guitarra tomou-se o mais Popular entre os instrumentos de cordas dedilhadas. Em conseqiiéncia apareceram varios uitarristas atuando em diversas cidades da Alemanha. Christian G. Scheidler (1752-1858) foi descrito pelo Dr. Zuth como o tiltimo dos alaidistas ¢ o primeiro dos guitarristas alemaes.’” Joseph Kreutzer atuou na primeira metade do século XIX, mas pouca coisa sabemos a respeito de sua carreira. Suas obras seguiram a tendéncia da época e foram escritas para miisicos amadores. Joseph Kiiffner 4776-1856) foi um prolifico compositor. De sua obra restam algumas sinfonias e musica de camara diversa. A guitarra foi seu instrument predileto, tendo destinado a ela varias obras, entre as quais, trios para flauta, viola e guitarra e duos e trios para guitarras, Suas obras sao, no geral, de facil execugao, além de terem o cariter didatico. Heinrich Marschner (1796-1861) foi um importante compositor de éperas que esteve ligado afetivamente a guitarra. Entre suas principais Operas estao Heinrich IV und d’Aubigné (1820) ¢ Der Vampyr (1828). Marschner ocupa um importante espaco entre Weber © Wagner na hist6ria da épera romantica alema. A sua produgao guitaristica € Pequena, incluindo obras como as 12 Bagatelles op. 4 e varias canoes com acompanha- mento de guitarra. Outro compositor de importincia fundamental para a Gpera romantica € que teve como seu instrumento predileto a guitarra foi Carl Maria Von Weber (1786- 1826). © autor do Der Freischittz (1817-21) ocupa um lugar especial na hist6ria da misica alema, e € considerado o libertador das influéncias italianas na pera germanica. Sua obra guitarristica € pequena mas significativa para o instrumento, incluindo o Diverti. mento (1816), para guitarra © piano, e mais de 20 lieder com acompanhamento de gui- tarra. 71 FRANCA NA FRANCA, ESPECIALMENTE EM PARIS, surgiram novos guitarristas, discipulos dos espanhdis Fernando Sor e Dionisio Aguado que ali viveram por muitos anos. © mais importante guitarrista francés desta época foi Na- poleon Coste (1805-1883). Discipulo de Sor, Coste iniciou sua car- reira como concertista em 1825, € a publicago de suas obras para guitarra em 1840. Em 1856, no concurso promovido por Makaroff em Bruxelas, Coste foi premiado em segundo lugar. Grande parte da obra deste guitarrista e compositor foi composta para uma guitarra heptacorde, um instrumento com uma sétima corda adicional cuja invengao € atribuida ao proprio Coste. A obra de Coste € grande e variada. Sao 53 mimeros de opus em que so encontradas obras para guitarra e misica de cAmara com guitarra. Notiveis sio os 25 Etudes de Genre op. 38, que rivalizam em qualidade com os estudos de Sor. La Chasse des Sylphes op. 29, La Source du Lyson op. 47 e Feuilles d'Automne op. 41, sto outras obras de qualidade excepcional. Coste foi ainda um dos primeiros guitarristas a reelaborar as obras de Robert de Visée para a guitarra classica, que estao presentes no Le Livre dor du §uitariste op. 52. Também € importante o método Coste-Sor, uma ampliagao do método de Fernando Sor, o qual foi acrescentado de estudos deste compositor além de outras obras. Francois de Fossa, um guitarrista amador que chegou a ter certa fama na capital francesa, traduziu para o francés o método de Dionisio Aguado, publicado pela primeira vez em Paris, em 1826. Aguado, em gratidao a Fossa, dedicou-lhe os seus Trois ronco bril- lants op. 2. Segundo Aguado, Fossa foi o inventor dos harménicos artificiais, ou harménicos oitavados, permitindo desta maneira que todas as notas da guitarra tivessem a possibilidade de serem execu- tadas em harm@nicos. Poucas obras de Fossa chegaram até nossos dias, entre elas os 3 Trios Concertanis op. 18 para guitarra, violino € cello € 0 Quartet op. 19, n°3. para duas guitarras, violino e cello. © grande nome da miisica francesa do século XIX é Hec- tor Berlioz (1803-1869) que, apesar de nunca ter escrito obras originais para guitarra, fez varios arranjos de cangdes com acom- panhamento deste instrumento. A guitarra que pertenceu a Paganini e, depois, a Berlioz A guitarra de Carl Maria von Weber. Berlioz foi um amante da guitarra e de sua peculiar sonoridade, incluindo-a no seu Grand Traité d'instrumentation et d’orchestration modernes, onde escreveu: "E quase impossivel escrever bem para a guitarra sem sabé-la executar. A maior parte dos compo- Sitores que a empregaram estao longe de conhecé-la, e a razao € Porque escrevem coisas com dificuldade excessiva sem uma boa sonoridade € sem efeito." 18 Depois de fazer uma pequena anilise das possibilidades técnicas do instru- mento, Berlioz cita, como os melhores guitarristas, Zani de Ferranti, Huerta ¢ Sor, e ainda nos da algunas informac®es sobre o declinio do instrumento: Com a introdugao do piano em toda casa onde existe um pouco de amor pela misica, a guitarra tornou-se pouco usada, exceto na Espanha e na Ilia. Al guns executantes a cultivaram, e hoje a estudam como instrumento solista, al cangando efeitos nao menos originais que deliciosos. Os compositores no a tem empregado, seja na igreja, no teatro ou em concertos. Sem dlivida, a causa para tal € sua débil sonoridade, que nao permite uma combinacao com outros instrumentos nem com muitas vozes. No entanto, o seu carter melan- c6lico € meditative poderfa ser utilizado mais freqtientemente. !? As limitadas possibilidades técnicas comentadas por Berlioz refletem a visio de compositores nao guitarristas, e que empregaram o instrumento de maneira limitada e quase sempre amadoristicamente. INGLATERRA FINALMENTE NA INGLATERRA, encontramos como maiores expoentes da gui- larra clissica © polonés Felix Horetzki (1800-1871), Ferdinand Pelzer (1801-1860) e sua filha, Catherina Josepha, depois Madame Sydney Pratten (1821-1895). © virtuose polonés Felix Horetki teve uma importante carreira internacional. Radicou-se em Viena, onde teve contato com Giuliani e Diabelli, fez tournées pela Europa, ¢ em 1820 visitou Londres ¢ se apresentou nas principais cidades inglesas. Em Edimburgo, onde se radicou até 1840, desenvolveu intensa atividade didética. Depois deste per‘odo na Inglaterra, Horetzki retorna a sua patria. A sua producao musical foi destinada na sua maioria aos guitarristas amadores da Inglaterra, destacando-se a Grand Fantasia op. 14, a Serenade and Variations op. 12 ¢ varias cangdes com acompanha- mento de guitarra. Ferdinand Pelzer, um guitarrista alemao que em 1829 se radicou em Londres e desenvolveu intensa atividade didatica € concertistica naquela cidade, tornou-se uma im- Portante figura no mundo guitarristico inglés. Apresentou-se com Moscheles e o flautista Dressler. Ainda foi o autor de dois métodos para o instrumento: Instructions for the Spa- nish Guitar e Instructions for the guitar tuned in E major. A filha de Pelzer, Catherina Josepha, foi considerada um prodigio na guitarra. Sua atividade guitarristica foi conside- ravelmente importante na Inglaterra. Em 1829, executou duos com o entao menino- Prodigio Giulio Regondi. Logo Madame Pratten se tornou a mais requisitada professora do instrumento na Inglaterra, e publicou dois métodos: The Guitar Simplified, em duas Partes ¢ destinado aos diletantes, e Instructions for the Guitar tuned in E major. A atividade destas duas personalidades foi importante, sendo o inicio de um tra balho que dard seus frutos no século XX, quando a Inglaterra adquire um papel funda- mental no mundo violonistico atual Como vimos, a atividade guitarristica nos principais paises da Europa do século XIX foi bastante grande. O declinio do instrumento na segunda metade do século XIX, em favor do piano, apontado por Berlioz, é grandemente exagerado hoje em dia. A in. tensa atividade ¢ a grande produc musical para a guitarra confirmam tal fato. O reper- t6rio guitarristico do século XIX dependeu essencialmente dos virtuoses do instrumento para uma producao musical de qualidade. Esta situacao mudara com o advento do violao modemo ¢ com a criagiio, no século XX, de um repertério composto em boa parte por obras de autores nao guitaristas. NOTAS | Brian Jeffery coments a possbildade de parentesco entre o Padre Basilio e Aguado. Cf. Introdugio 4 Variations on the Fandango op. 16. Lorddon: Tecla Editions, 1982. 2 SOR, p. 17 { Ao que nos consta até © presente momento esta obra esté perdida. Citado por BONE, p. 337. $ Ibid. p. 337. ° NEWMAN, William S. The Sonata in the Classic Era. Chapel Hill: The University of North Carolina Press, 1963. p. 664. © PRAT, p. 163. 7 BONE, p. 205 74 8 PRAT, p. 176-177, 2 BONE, p. 206. ° PRAT, p. 79. a teaeel CRRA and death dates confirmed. Guitar Review 37, New York: Al- ace d., 1972. p. 15. "TURNBULL, p. 72, 13 DEUSTCH, Oto, Sebubert, PRAT, p. 259. 15 BONE, p. 114. 1c BONE, p. 1 ‘memoirs by bis friends. London: Adam & Black, 1958, HOORICKX, Fr. R. van, Schubert's Guitar Quartet. Reowe Belge de Musicologie, XXX, 1977. p. 111- 135 7 BONE, p. 310, zs cree | Hector, Grand Traité dinsiramentation et d'orcbesiration modernes. Mitanc G. Ricordi &C lsd] p. 72. : Ibid, 75, 75 OADVENIO DO VIOLAO MODERNO O VIOLAO MODERNO, tal como o conhecemos hoje, € 0 resultado do trabalho de- senvolvido no final do século XIX pelo luthier espanhol Antonio Torres Jurado (1817-1892). Torres, marceneiro de profissio, teve seu aprendizado na construgao de violdes dirigido pelo também luthier espanhol Jose Pemas, que tinha sua oficina na cidade de Granada, onde Torres se estabeleceu depois de seu primeiro casamento. Por quanto tempo Torres permaneceu sob a supervisto de Pernas, no é sabido. Ja eximio construtor, Torres muda-se para Sevilha, onde mantém contato com Julian Arcas (1832-1882), que teve considervel influéncia sobre seu trabalho. Logo, reconhecido como um excelente construtor de violdes, Torres recebe en- comendas de intimeros paises, inclusive da América do Sul. A sua oficina passa a ser freqiientada por famosos violonistas que divulgam cada vez mais seus instrumentos, en- tre os quais se destacam Arcas € Tarrega. Apesar do sucesso como luthi volta de 1870, retorna a sua cidade natal, Almeria, e dedica-se 20 comércio © grande mérito de Torres, foi o de desenvolver 0 violao a tal grau de per- , Torres, por Visdo da parte int See ee ee UE mostrando a armacio do leque e a parte frontal, feicdo, que seus instrumentos tornaram-se exemplos para quase todos 0s construtores do século XX As inovagoes de Torres sao diversas. Entre elas est4 0 estabelecimento do com- primento da corda vibrante em 650 mm., 0 qual tornou-se padrao para todos os violoes. Este comprimento de corda naturalmente levou Torres a modificar as proporgées da caixa de ressondncia € do brago do instrumento. Outra inovagio atribufda a Torres € 0 uso da cravelha mecanica, assegurando uma melhor afinac&o do instrumento. Mas sem diivida, a grande inovagdo destes instru- mentos esta no tampo harménico. O uso do leque, um conjunto de tiras de madeira co- ladas na parte interior do tampo e que asseguram uma melhor distribuicao dos harménicos e um equilibrio sonoro maior, torou-se a grande inovagao no desen- volvimento do instrumento. © leque usado por Torres era composto de sete tiras de madeira, sendo uma central ¢ trés em cada lado. Para demonstrar que o segredo do som de seus instrumentos estava no tampo € no uso do leque, Torres construiu um violao com as laterais e fundo de papier maché, conservando somente o tampo de madeira. O resultado foi excelente segundo relatos da época. Torres foi o primeiro de uma geragio de construtores espanhéis, que na su: maioria tornaram-se seus seguidores. Entre eles citamos a Vicente Arias (c. 1845-1912), Manuel Ramirez (1869-1920), Enrique Garcia (1868-1922), Santos Hernandez (1873-1951), Domingo Esteso (1882-1937) e Francisco Simplicio (1874-1951). 78 Esquema do leque de Torres Leque usado por Robert Bouchet Mais recentemente, outros construtores se fizeram conhecidos pela excelente qualidade de seus instrumentos, como também por alguns aperfeicoamentos das ino- vacoes de Torres. Entre estes est o francés Robert Bouchet, que desenvolveu um sistema de leque diferente do de Torres, e que obteve um étimo resultado. Entre os construtores mais bem conceituados da atualidade, estao na Espanha: Paulino Bernabe, Manuel Contreras, Ignacio Flea & Hijos, Antonio Marin Montero, Jose Ramirez e Francisco Santiago Marin. Na Inglaterra estio: Paul Fischer, David Rubio e Jose Romanillos. Na Franga: Daniel Friedrich e Joel Laplane. Na Alemanha: Hermann Hauser (4882-1952). Nos Estados Unidos: John Gilbert e Frank Haselbacher (1922-1990). No Japao: Masaru Kohno ¢ no Brasil destacam-se os violes de Sérgio Abreu. © desenvolvimento na construgao de violées ocasionou um iiltimo passo na melhoria da qualidade do som produzido pelos violonistas, Trata-se da introducao das cordas feitas de ndilon, em 1946, Gracas a insisténcia de Andres Segovia junto aos indus- triais du Pont e depois junto a Albert Augustine, temos hoje em dia cordas resistentes, sonoras ¢ com boa afinacao, 0 que nao seria possivel com as cordas de tripa, até entac em uso. © desenvolvimento do violao, desde 0 século XVI, quando era um instrumento Pequeno de quatro ordens, até instrumento atual, levou quatro séculos. Uma evolugio lenta se comparada ao violino ou o piano, mas que resultou em um dos instrumentos mais apreciados nas salas de concerto hoje vs) FRANCISCO TARREGA E SUA ESCOLA FRANCISCO TARREGA EIXEA, nasceu em Villareal, em 1852 e faleceu em Barcelona em 1909. Tarrega € reconhecidamente o criador da modema escola de violao. Suas contribuigdes para o desen- volvimento técnico e musical do intrumento sao muitas ¢ de importancia fundamental para o que foi chamado por muitos como o “renascimento do violo" Segundo Pujol,” Tarrega teve sua formacao musical iniciada, primeiramente, com um violonista Popular cego chamado "El ciego de la Marina". mais tarde freqiientou os cursos de harmonia, com. Posicao e piano no Conservatério de Madri Julian Arcas (1832-1882) também teve uma certa importancia na formagao musical de Témega, mas a ligacao entre os dois mestres é incerta, Tar. rega encontrou Arcas em varias ocasides, mas nao é certo que tinha tido ligdes regularmente. O mais Provavel € que tenha assimilado aspectos técnicos musicais diversos, que contribuiram na sua for- Francisco Térrega (1852-1909) magao musical. Obtendo fama internacional cedo, excursiona pela Espanha ¢ pela Europa, apresen. tando-se em Londres e Paris. Fol Térrega quem definiu as bases de técnica modema do violao. Entre seus méritos esti a racionalizacao da digitagio de obras Para viol4o, antes raramente indicada nas partituras. © uso do toque de apoio, em que o dedo ds mac direita que pulsa a corda € apoiado na corda imediatamente Superior, também foi sistematizado Por ele. E sabido que Arcas j4 usava esse tipo de ataque, mas fol Térrega que o aperfeicoou. Esta maneira de pulsar as cordas acametou mudangas na Posigao da mao direita. O dedo 2 €Poca em que foram compostas € mostram a influéncia da miisien de Chopin, Wagner € Nerdi . Algumas destas obras tomaram-se clissicos do repert6rio, como € orcaro de ca- pricho Arabe, Danza Mora e Recuerdos de la Albambra, © mais popular cetace ds ue. molo da literatura violonistica. Mas o melhor da producao musical de Térrega esta em S se encontram obras de Al- béniz, Bach, Beethoven, Chopin, Mendelssohn, Mozart, Schubert e Schuman. algumas destas obras tornaram-se muito executadas, como € 0 caso da Canzonetia de Men- delssohn. Ainda em certa ocasiao, é relatado que Albéniz confessou preferir as trans- crigdes de Tarrega de suas obras do que as versées originais para piano. A obra de Tarrega é bem conhecida hoje em dia gracas ao trabalho de alguns de seus disci ipulos. Daniel Fortea (1878-1953) © Maria Rita Brondi (1889-1941) junfaram, como concertistas. Emilio Pujol (1886-1980), por sua vez, foi o responsivel pela divul- gacao de boa parte da obra de Térega, O seu método Escuela Razonada de la Guitarra 956), em 4 volumes, sistematizou a técnica de seu mestre, Pujol, também foi um impor- fante music6logo. Foi o primeiro a difundir a obra dos vihuelistas neste século, através de varias transcrigdes para violao, estudos € edicdes das obras daqueles autores. Também O encontro entre Segovia e Heitor Villa-Lobos (1887-1959), deu-se em Paris, em 1924, por ocasiao de uma tertilia musical organizada na alta sociedade brasileira Segundo um depoimento de Segovia, o encontro deu-se como segue Quando termine’ minha apresentagio, Villa-Lobos aproximou-se e disse-me em tom confidencial: "- Também toco violio." *- Maravilhoso!* respondi. "Voce € enti capaz de compor diretamente para o instrument". Estendendo-me as maos, ele pediu-me o violate. Sentou-se, atravessou-o nos joelhos € segurou-o firmemente de encontro ao peito, como se temesse que o instrumento fugisse. Olhou severamente para os dedos da mio direita, como ameacando-os de cas. tigo por ferir erroneamente alguma corda. E quando menos esperava, desfe um acorde com tal forca, que deixei escapar um grito, pensando que o violio tinha se despedacado. Ele deu uma gargalhada e com alegria infantil disse-me: " espere, espere..." Esperei, refreando com dificuldade meu primeiro impulso, que era o de salvar meu pobre instrumento de tao veemente e ameagador en tusiasmo. Apés varias tentativas para comecar a tocar, ele acabou por desistir (.) es poucos compassos que tocou foram o suficientes para revelar, Primeiro, que aquele mal intérprete era um grande miisico, pois os acordes que conseguiu produzir encerravam fascinantes dissonancias, os fragmentos melédicos possuiam originalidade, os ritmos eram novos e incisivos e até a dedilhagao era engenhosa; segundo, que ele era um verdadeiro amante do violio. No calor desse sentimento, nasceu entre nés uma sélida amizade, Hoje © mundo da mtisica reconhece que a contribuigao desse génio para o reper- tério | violonistico constituiu uma béngao tanto para o instrumento como para mim, Da colaboragao entre Segovia e Villa-Lobos resultou a série de Doze Estudos 89 4929). Obra de importancia fundamental no repert6rio atual do instrumento, € original nos seus achados técnicos, melédicos ¢ harménicos. Dedicados a Segovia, os estudos abrem um nove caminho na escrita idiomdtica para o instrumento. Destacam-se varias obras de Villa-Lobos para violto. Por exemplo, a Suite Popu- laire Bresiliene (1908-12), composta de cinco movimentos, Mazurka-Choro, Schottish- Choro, Valsa-Choro, Gavota-Choro e Chorinbo, constitui um excelente retrato da miisica popular brasileira do inicio do século. Mas a melhor homenagem aos seus companheiros de choro, € o primeiro da monumental série dos Choros. 0 Chores n°1 (1921), dedicado a Emesto Nazareth. Os Preltidios datam de 1940. Originalmente em néimero de seis (o sexto esta perdido), os cinco restantes toraram-se das obras mais populares e executadas na litera- tura violonistica do nosso tempo. Sao obras que exploram de forma inteligente as possi bilidades timbricas, expressivas € técnicas do violio. Os preltidios tiveram sua estréi izada em 1943, pelo violonista uruguaio Abel Carlevaro, em Montevidéu, A tiltima obra composta para violao por Villa-Lobos € 0 Concerto pour Guitare et Orchestre (1952). Esta obra foi fruto da insisténcia de Segovia junto ao compositor brasileiro. Concebido como uma fantasia concertante, foi-lhe acrescentada uma cadéncia para o violao, tomando-se o concerto para viola e orquestra, O concerto € a sintese da ita violonistica de Villa-Lobos, apresentando recursos jf utilizados nos estudos e preltidios. A estréia desta obra deu-se em 1956, em Houston, nos EUA, tendo Segovia como solista € o autor como regente. Todo este repertério, dedicado na sua maior parte a Segovia, é apenas uma. parte do que foi escrito para o maestro espanhol. Poderiamos citar mais uma centena de obras dedicadas a ele, que é claramente a figura mais importante do violao na primeira metade do século XX. Criticamente, poderiamos reprovar a atitude de Segovia junto aos grandes com- Positores da vanguarda musical da primeira metade do século. Compositores como Stra- sky, Schdnberg, Webem, Bartk, Ravel € tantos outros, poderiam ter escrito obras. para violao solo, caso Segovia as tivesse comissionado. No entanto, 0 trabalho de Se- govia resultou em um grande conjunto de obras compostas por compositores com forte influéneia romantica € neoclassica, em que a obra do brasileiro Villa-Lobos sobressai como a mais arrojada em termos de linguagem instrumental ¢ originalidade de con- cepcio Por outro lado, 0 violto é agora um instrumento respeitado nas salas de con- certo e faz parte do curriculo das maiores escolas de misica do mundo gracas ao tra- balho € esforgo de Andrés Segovia OVIOLAO NA EUROPA A INGLATERRA TORNOU-SE um dos paises com maior atividade violonistica da Europa, gracas ao trabalho de dois dos maiores violonistas da atualidade: John Williams e Julian Bream Williams (*1941), australiano, _radicou- Inglaterra em 1952. Teve sua formagao musical realizada no Royal College of Music ¢ foi discipulo de Segovia nas masterclasses da Accademia Chigiana di Siena. Além de uma intensa carreira internacional e de gravagoes, Wil- liams € responsivel por estimular a criagao de obras para violao. Sua associagdo com Stephen Dodgson (1924) re- sultou em importantes obras, como € © caso da Partita (1965), dos dois concertos para violio e orquestra (1956/1971-72), e do Duo Concertante (1972) para viola © cravo; todas estas obras demonstram um profundo co- nhecimento da linguagem iciomética do instrumento. Mas a grande figura violonistica da Inglaterra & sem diivida o genial Julian Bream (*1933). Com uma for- magao autodidata, Bream se iguala aos grandes mestres do instrumento, como Tarrega e Segovia. A su: portancia na criaglo de um repertério de miisica contemporanea para violo é funda- mental. A ele sto dedicadas obras dos mais importantes compositores ingleses do nosso tempo. Por exemplo, o Nocturnal op. 70 (1964) de Benjamin Britten (1902-1976), um tema com variagdes sobre a cangao de John Dowland "Come, heavy Sleep". As elabo- radas variagdes apresentam novas possibilidades técnicas, ritmicas € musicais proprias do instrumento, como no caso das obras de Villa-Lobos, Neste caso também se encontram as Five Bagatelles (1971-72) de William Walton (1902-1983), das quais se pode afirmar que esto entre as melhores obras de repertério. Estas cinco pequenas obras-primas foram orquestradas pelo autor como Varti Capricci em 1976, © Concerto para violao © orquestra, de Malcolm Amold (*1921), foi composto em 1961, € € considerado co1io um dos melhores concertos para o instrumento. Tendo o jazz como principal inspiracao, © concerto espanholas da miisica para violao. Sobre o belis : "0 Lento foi escrito como uma elegia em meméria do famoso guitarrista francés Django Reinhardt - um her6i especial, tanto para mim quanto para Malcolm. Seu estilo é refletico em um blues de escrita refinada, brevemente interrompido por uma segao vivace".> na John Williams im- o1 ae Richard Rodney Bennett (1936) escreveu duas obras importantes para Bream. Os Impromptus (1968), pequenas pecas que serviram como estudo preliminar sobre as possibilidades do instrumento e que deram origem ao Concerto para violao € orquestra de camara (1970); Michael Tippett (*1905) escreveu a Sonata The Blue Guitar (1984) para Bream. Lennox Berkeley (*1903), ainda, escreveu para Bream um belo concerto para violao e orquestra e a Sonatina (1958), que j4 se tornou um clissico no repertério. Entre as composicdes inglesas com uma linguagem musical mais moderna, des- tacam-se as obras de Peter Maxwell Davies (*1934) Lullaby for ilian Rainbow (1972) & Hill Runes (1981), de David Bedford (*1937) You Asked for it (1969), de Tom Eastwood (71922) a 6tima Ballade-Phantasy (1968) € Romance et Plainte (1979), € de Brian Femey- hough (*1943) Kurze Schatten I1(1984), Além de Williams e Bream, a Inglaterra tem outros intérpretes que se destacam com uma sélida carreira internacional, entre estes esto John Mills, David Russel, Robert Brightmore e Carlos Bonnel Fora da Inglaterra destaca-se a obra do compositor alemao Hans Werner Henze 71926), que escreveu duas das mais importantes obras do repertério contemporaneo para violdo. Sao as duas sonatas que compdem a Royal Winter Music (1976 e 1979), obra baseaca nos personagens de Shakespeare. Henze resumiu bem a sua associagao com Ju- lian Bream e seu pensamento em relagao a linguagem contemporinea na mtisica para violAo: Eu adquiri um conhecimento mais profundo da técnica ¢ do mundo sonoro do violto. Eu iria até mais longe, dizendo que esta colaboragio me deu um, novo conceito de como escrever para um instrumento com uma rica tradigao. © violio é um instrumento possivel de se conhecer, com muitas limitagbes, mas também com muitos espacos inexplorados dentro destes limites. Possui uma riqueza de sons capaz de abarcar tudo que alguém poderia encontrar numa grande orquesira contemporinea, mas deve-se comegar do siléncio para se notar isto; tem que parar e excluir completamente o ruido. ° Sobre o restante da produgao de Henze, devemos destacar a genial Kammermu- sik 1958, para tenor, violao € 8 instrumentos solistas; Al Cimarrén (1969-70), para baritono, violao, flauta e percussio e An eine Aolsharfe (1985-86), misica concertante para violao e 15 instrumentos. Além de Henze outros compositores alemaes acrescentaram importantes obras ao repertério. Hans J. Hespos (+1938) compés Kitara, Michael Denhoff, Quinterna (1974), e © argentino radicado na Alemanha Mauricio Kagel (*1931) incluiu 0 violao em 92 aia varias de suas obras mais importantes como em Sonant (1960) para violao/guitarra, harpa, contrabaixo € percussao. Entre os mais distinguidos violoni Kappel € Goran Sollscher. Na Franga o repertério também recebeu grandes contribuigdes. André Jolivet (2905-1974) compés um dueto para Ida Presti e Alexandre Lagoya, a Serenade pour dewe Guitares (1956), e as obras para violio solo Deux Etudes de Concert e Tombeau de Robert de Visée. A pequena Sarabande (1960) de Francls Poulenc (1899-1963), dedicada a Ida Presti, apresenta um total conhecimento dos timbres proprios do instrumento. A origi- nalfssima obra de Maurice Ohana (1914-1992) foi normalmente escrita para violao de 10 cordas (inventado por Narciso Yepes) com adaptacOes para o instrumento normal. A in- fluéncia da musica espanhola, em especial do flamenco, é sentida na maioria de suas obras para violao, O Concerto (Trois Grapbiques 1950-57) €, embora pouco executado, um dos melhores ¢ mais interessantes concertos para violaio € orquestra. O Tiento (1957) € inspirada nos sientos flamencos. Ja a fabulosa suite Sf Le Jour Parait... (1963), composta de sete movimentos, evoca atmosferas de uma forma impressionista, sem abandonar a linguagem contempordnea de Ohana. Alias, a influéncia de Debussy na miisica de Ohana € grande. A titima obra escrita para violao por Ohana € Cadran Lunaire (1981), obra ex- temamente complexa e que reflete a originalidade deste grande compositor francés. Jean Frangaix (1912) escreveu boas obras para o instrumento, sendo o seu es- tilo neoclassico notivel na Serenata per chitarra (1978) e no Divertissement pour deux Guitares (1981). Henri Sauguet (*1901) escreveu Trois Preludes e Musique pour Claudel. Também o compositor mais importante da Franga na atualidade, Pierre Boulez (*1925), inclui o violao em muitas de suas obras, como € 0 caso do jf clissico Le Marieau sanz Maitre (1953-55) e em obras orquestrais como Pli selon Pli (1957-65) e Eclats/Multiples (1976). Mais recentemente uma grande quantidade de miisica nova para violao tem sido composta na Franga, muitas vezes por violonistas/compositores, como Francis Kleyn- jans (11951), que tem como sua obra mais conhecida A ['Aube du dernier Jour (1980), em que descreve o tiltimo dia de um condenado a forca, a Libra Sonatine de Roland Dyens, © Matematico non Fuba de Thierry Rogier, obra baseada no choro Tico Tico no Fubd. Os violonistas franceses que mais se destacam na atualidade sao: Jean-Pierre Jumez, Rafael Andia, Roland Dyens, Thierry Rougier, Tania Chagnot ¢ Amaud Dumond. Da miisica composta na Austria para ou com viollio, nao podemos deixar de ci- tar algumas obras da Segunda Escola Vienense, como a Serenade op. 24 (1920-23) de Ar- nold Schénberg, € os Drei Lieder op. 18 (1925) de Anton Webern. © discipulo de Schénberg, Hans Erich Apostel (1901-1972) escreveu Sechs Musiken fiir Gitarre op. 25, publicadas em Viena, em 1963. Ernst Krenek (*1900) compés uma pequena suite em 1957, obra dodecafénica e um dos melhores exemplos do género para violAo. Polonés de origem, Roman Haubenstock-Ramati (1919), € um dos mais importantes compositores da as alemnaes estao Siegfried Behrend, Hubert vanguarda musical, escrevendo obras que explora noves efeitos ¢ apresentam notagao Brifica, como Frame (1972) ¢ Hexachord 1 & 2(1973) para 1 ou 2 violdes. Come violonistas, 0 trabalho de Karl Scheidt (*1909) e de seu discipulo Konrad Ragossnig (*1923) merecem especial meng, tanto por seu trabalho pedagégico, como concertista ou editor. Aliés, uma das grandes obras-primas de repertério do inicio do século XX, dedicada a Karl Scheidt, € Quatre Pigces Bréves (1933) do compositor sufco Frank Martin (1890-1974) A brilhante geracao de compésitores italianos do pés-guerra muito contribuiu Para o repertério contemporfineo do violic. Compositores como Goffiedo Petrassi (71904), que escreveu a vanguardista Suoni Noiturni (1959) e a elaboradissima Mune (2971), € Franco Donatoni (11927) que escreveu Algo para violAo, sao importantes para repertorio. Jé Bruno Bartolozzi (1911-1980), com uma producao um pouco maior para o instrumento, escreveu Tre Pezzi per Chitarra (1952), Omaggio a Gaetano Azzolina (1972) ¢ Adles (1977). Entre os Ifderes da vanguarda musical italiana, Bruno Madema (1920- 1973) escreveu a importante obra Y Después (1970), obra baseada em um poema de Gar. Cia Lorca e que exige um virtuosismo exacerbado do executante, este também € 0 caso da Sequenza XI (1988) para violio de Luciano Berio (*1925), Pioneiro na pesquisa musicoldgica violonistica, Oscar Chilesotti (1848-1916) tem © seu trabalho continuade por Ruggiero Chiesa (*1933), que tem como importantes tra- balhos, as wanscricodes e edigdes do El Maestro de Luiz de Milan, e das obras para alaide de Francesco da Milano ¢ de Silvius Leopold Weiss. J4 Angelo Gilardino (*1946) ocupa lugar de destaque, tanto como editor de novas obras para o instrumento quanto na com. Posicao. Entre suas obras destacam-se Estrellas para Estarellas (1970), duas sonatas, a fantasia Ocram (1975), e a fabulosa série de 60 estudos de virtuosidade Entre os violonistas italianos que mais se destacam esto Oscar Ghiglia (*1938), Carlo Carfagna (*1940) e Mario Gangi (*1923). Além do grandioso trabalho do maestro Segovia, a Espanha nos oferece um Panorama extremamente rico em obras criadas especialmente para o violao, Iniciaremos com um ripida mengao sobre uma geragao de compositores con- temporiineos de Manuel de Falla, € que sto pouco conhecides dentro da historia do violto. Trata-se dos compositores que formaram 0 "Grupo de Madri".O Grupo formade por Julian Bautista, Salvador Barcarisse, Gustavo Pittaluga, Rodolfo Halflter e Antonio José além de outros, contava ainda com a presenca de Regino Sanz de La Maza. O grupo fol logo dissolvide com o aprofundamento da Guerra Civil Espanhola, que levou varios de seus componentes a se exilarem no exterior. Destes compositores 0 mais promissor €ra Antonio José, que teve sua carreira bruscamente interrompida pela guerra 4s obras destes compositores silo pouco conhecidas, apesar de sua otima quali- dade musical, Entre as mais importantes estao a Sonata de Antonio José, considerada por muitos violonistas como a melhor peca escrita por esta geracao de compositores. O 94 oar Preltidio ¥ Danza (1933) de Julian Bautista € mais conhecido entre os violonistas. As duas homenagens de Gustavo Pittaluga, Homenage a Mateo Albeniz de cardter neoclas- sico, e a Elegia (Homenaje para la Tumba de Murnau), que introduz um ambiente ex- pressionista, fazem um par contrastante de excelentes obras. As composigdes de Salvador Barcarisse sao as mais conhecidas do grupo, fato devido & divulgagao € publicagao de suas obras Petite Suite e Ballade por Nicolas Alfonso (71918) e do dificil Passapied IT por Narciso Yepes. Mais importante é a produgao musical espanhola para violao do pés-guerra Destaca-se em primeiro lugar a obra serial de Cristobal Halffter (1930) Codex I (1963), dedicada a Narciso Yepes e que apresenta uma linguagem extremamente densa. Na "Geragio de 51" destacam-se dois compositores catalies, Josep Maria Mestres-Quadreny (#1929) com sua pequena pega, Perludi, e Xavier Benguerel (*1931), que escreveu impor- lantes obras para o instrumento como o sao Versus (1974), 0 seu concerto para violio € corquestra de 1971, € Vermelia (1976) para 4 violoes. Leonardo Balada (*1933) desenvolve suas atividades fora da Espanha, entre suas obras mais significativas estio Lento with Variations (1960), ¢ Analogias para violio solo, um concerto para 4 violdes € orquestra (1977) € os Appuntes para 4 violoes. JA Antonio Garcia Abril (71933) tem uma grande quantidade de obras destinadas ao instrumento. Entre elas estio a Fantasia Mediterra- nea, Evocaciones € Planto y Tocata, Antonio Ruiz-Pip6 (71934) € um dos mais prolificos compositores espanhéis da atualidade. Sua producio para violao inicia-se com Cancion y Danza ell, obras de cariter folclérico. Também importantes so suas pegas Estancias Tiento por Tiento, esta iltima de cariter virtuosistico. A obra de Toms Marco (*1942) como ele mesmo a define "é ampla e orientada para uma investigagao psicoaciistica € cultural".” Entre suas obras para violao estio a excelente Fantasia sobre Fantasia, Nalureza Muerta con Guitarra (1975) € Paisaje Grana (1975). Entre os intérpretes espanhdis mais destacados da atualidade esto Narciso Yepes (*1927), famoso por ter criado um violao de 10 cordas, a familia Romero, Cele- donio (1917), Pepe (1944), Angel (1946) e Celin (71936), radicada nos EUA durante anos, José Tomas (+1934), Alberto Ponce (#1935) ¢ Guillermo Fierens (71961). No leste Europeu, a Tchecoslovéquia apresenta um grande movimento violonistico. Compositores importantes como Vaclav Kucera (*1929) ¢ Jana Obrovska (1930-1987), escreveram obras que j4 se tomaram classicos do repert6rio. Kucera compés Diario, Omaggio a Che Guevara (1971), obra baseada nos principais acontecimentos da vida do herdi revolucionério. Obrovska escreveu obras com uma marcada influéncia de Bart6k, mas que apresentam seu préprio estilo: Passacaglia e Toccata (1974), Hommage @ Bela Bart6k (1972) ¢ Hommage a Choral Gothique (1975), todas obras revisadas e digi- tadas por Milan Zelenka (+1939). Ainda da Tchecosloviquia, € importante a presenga de Stepan Rak (*1945). Autor de uma extensa obra para violo solo, nisica de cémara, con- certos para violao € orquestra, Rak ainda € considerado por muitos como inovador da 95 eee técnica violonistica. Entre suas obras mais conhecicas esto Farewell Finland e Voces de Profundis (1985). Atualmente o grande divulgador da nova mtisica tcheca é€ Vladimir Mikulka (+1950), que desenvolve um grande trabalho apresentando novas obras do Leste Europeu. © iugoslavo Dusan Bogdanovic (*1955), atualmente radicado nos EUA, tem uma grande quantidade de boas obras para o instrumento, sao, duas sonatas, Introduction, Passacaglia and Fugue e 5 Miniatures Printanibres, suas obras mais conhecidas e execu. tadas. E por tiltimo, 0 compositor € violonista russo Nikita Koshkin (°1956) tem se des- tacado com suas obras influenciadas por Shostakovich e Prokofiev. A sobreposi¢ao carac- teristica de diferentes timbres, articulagdes € varios efeitos, toma suas pecas de dificil execucio mas com excelente resultado sonoro. Destaca-se a suite The Prince’s Toys (1980) € Andante Quasi Passacaglia e Toccata. OVIOLAO NAS AMERICAS NA AMERICA DO NORTE desenvolve-se atualmente um dos maiores movimen- tos em torno do violio, tanto a nivel de composicao de novas obras quanto de execucac instrumental. Grande parte do estimulo para a criagho deste grande movimento deve-se a Andrés Segovia, que por anos seguidos residiu e desenvolveu seu trabalho nos EUA. Atu- almente, todas as grandes universidades norte-americanas possuem cursos de graduagio © pos-graduacao em execugao instrumental de violao. Grande parte dos mais importantes compositores norte-americanos tem escrito para © violao; muitas vezes, sio obras comissionadas por violonistas de fama interna- cional e que tem, desta maneira, sua esiréia assegurada. Compositores tao importantes na miisica do século XX como Milton Babitt (+1916) e Elliot Carter (#1908) escreveram obras importantes para o repert6rio. De Babitt veio Composition for Guitar e de Carter, Changes (1983), duas obras extremamente complexas musical ¢ tecnicamente. As obras de Lou Harrison (#1917) Para violao caracterizam-se pelo uso de micro- tons. Nas Serenade for Guitar (1952) e Suites for tuned Guitars (1978), Harrison utiliza es- calas especificas, sendo que a escala normal do instrumento € substituida por outra espe- cificada pelo autor. © mesmo procedimento € utilizado por Alan Hovhaness (1911) em algumas de suas obras. Em outras, este compositor utiliza o instrumento normal como acontece em sua Sonata for Guitar op. 136, n°. Barbara Kolb (1939) utiliza em Looking for Claudio (1975), a gravacao de um conjunto de cimara, acompanhante do violao solo, em fita magnética, aumentando em muito as possibilidades sonoras da obra. O mesmo pro- cedimento € usado por Steve Reich (71936) em seu Electric Counterpoint. Tod Machover (+1953) também compés uma obra para violao e fita magnética, De- Placement (1984), em que a maior parte do material sonoro € produzido pelo violao, gravado e tratado pelo computador. George Crumb (*1929) compés Quest (1989), para violao. Estas duas Gltimas obras foram comissionadas por David Starobin, um dos mais atuan- es intérpretes norte-americanos, especializado em mtisica contemporanea, nda se deve destacar Ned Rorem (*1923), que criou duas obras extremamente originais para ‘lao: Romeo and Juliet, nove pecas para flauta e violao (1977) e uma Suite para violao solo, datada de 1980, Também Lukas Foss (*1922) compés um belo concerto para violio ¢ orquestra, American Landscape (1989), em que utiliza cangdes folcléricas norte. nas. merica- Entre os intérpretes_norte-americanos_ mais atuantes estio: Manuel Barrucco, cubano radicado nos EUA durante anos, Eliot Fisk, Sharon Isbin, David Tanenbaum e Alice Artzt No Canada devem ser citadas obras de alguns dos melhores compositores daquele pais, R. Murray Schafer (1933), destaca-se pelo seu trabalho na edu cago musical ¢ pela sua visto global da miisica Schafer escreveu uma das mais importantes obras para © instrumento nos tltimos anos, Le Cri de Merlin (71987), para violio e fita magnética, situando o viola No meio aciistico canadense. Esta peca e o seu ex- celente concerto para violto e orquestra, foram dedi- cadas e escritas para o canadense Norbert Kraft, que se destaca cada vez mais no cenario internacional. Jacques Hétu (71938) escreveu a Suite pour Guitare op. 41 (1986) e Claude Vivier (1948-1983) Pour Guitare (1975), duas obras de excelente qualidade musical que foram editadas pelo violonista uruguaio Alvaro Pierri radicado em Montreal. Ainda do Canada merecem destaque as figuras de Alan Torok (71947), compositor e violonista, 97 RE Brower Abel Carlevaro. autor de importante e grande obra para violdo que utiliza uma complexa linguagem to- nal, ¢ Eli Kassner, um dos mais conceituados professores do instrumento daquele pais No México ainda predomina a genial obra de Manuel Ponce. Importante tam- bém, € a tinica obra escrita para violao por Carlos Chavez (1899-1978), Three Pieces for Guitar, originalissima em seus novos efeitos no uso do rasgueado. Dentre os violonistas que desenvolvem atividades no México estao o argentino Manuel Lopez Ramos, Coraz6n Otero, conhecida por seus trabalhos sobre a obra de Ponce e de Castelnuovo-Tedesco, Alfonso Moreno, Mario Beltran e Roberto Limon. Em Porto Rico, Emesto Cordero ganha cada vez maior destaque. Usando mo- tivos do folclore latino-americano, Cordero est criando novas obras de cardter naciona- lista para violao, destacando-se Descarga (1980) e a Suite Antillana (1983). Mas sem diivida, e reconhecidamente, a figura mais importante da misica la- tino-americana atual para violao € o cubano Leo Brower (*1939). Brower estudou violao com Isaac Nicola e composicao na Julliard School em Nova Iorque, com Persichetti ¢ Wolpe, e no Hartt College of Music com Iadone e Freed. Em Cuba, desenvolveu traba- Ihos na Radio Havana, foi diretor do departamento de misica do Instituto de Artes Inddstria Cinematografico ¢ professor de composig’o do Conservat6rio de Havana. Tam- bém € importante sua contribuigao como violonista, com excelentes gravacoes de obras contemporneas. A obra musical para violao de Brower é uma das mais importantes do repertério atual ¢ merece um comentério mais aprofundado. Suas composi¢des sto normalmente divididas em trés periodos. O primeiro (1956-64), data das suas primeiras obras, em que utiliza elementos do folclore cubano e latino-americano, como os ritmos de tresillo (IJ) ¢ cinquillo (AFM). Entre suas mel- hores obras deste periodo estto Preludio (1956), Fuga n*I (1957), Danza Caracteristica (1958), Tres Danzas Concertantes (1958) para violao e orquestra de cordas, Tres Apuntes (1959), os Stimos Estudios Sencillos (1960-61), e talvez sua obra mais conhecida e execu- tada, o Blogio de la Danza (1964). A grande maioria destas pecas e de outras que fazem parte deste grupo, tornaram-se obras "standard" do repertério. © segundo perfodo inicia-se em 1968 com a composigao de Canticum (1968). Nesta fase € not6ria a influéncia de Luigi Nono e Hans Wemer Henze, que visitaram Cuba em 1967 € 1969-70, respectivamente. As obras deste periodo se caracterizam pelo uso de formas musicais nao tradicionais, elementos de aleatoriedade, experimentacio com timbres, articulag4o € notagao, clusters e sons de altura indeterminada. No entanto, ‘os elementos folcléricos ainda se encontram nestas obras. Deste grupo de obras, as m: conhecidas sao, além de Canticum, La Espiral Eterna (1970), Memérias del Cimarron (4970), uma adaptagao para violao solo da obra de Hans Wemer Henze, 0 Concerto (1972) para violio e orquestra, Pardbola e Tarantos, ambas de 1973-74 O terceiro e atual periodo da produgao musical de Brower é chamado por ele mesmo de "Hiper-Romantismo Nacionalista", e caracteriza-se pelo retomo as formas tradi- cionais, pelo uso de escalas pentaténicas, modalismo e uma linguagem musical mais tradicional. As obras mais representativas desta fase sto: El Decamer6n Negro (1981), Es- tudios Sencillos (1980-81), Retrats Catalans (1981), obra para violao e orquestra de camara que apresenta uma instrumentagao primorosa, e 0 Concerto Elegiaco (1986), que marca 0 inicio da colaboragao entre o compositor cubano e Julian Bream, a quem este concerto € dedicado, ¢ que resultou, mais recentemente, na Sonata para violao solo. Na América do Sul destacam-se, especialmente, compositores como o venezuelano Antonio Lauro (1917-1986), dono de uma obra de cardter nacionalista, da qual grande parte foi revisada e editada por Alirio Diaz (1923), violonista de fama inter- nacional; € a curiosa figura do paraguaio Agustin Barrios Mangore (1885-1944), que de- senvolveu uma carreira de concertista na América do Sul e Central, muitas vezes se apresentando vestido de indio para atrair mais piblico aos seus recitais. Da extensa obra de Barrios, mais de 300 pecas, algumas sito consagradas, como La Catedral, Choro da Saudade, Alegro Sinfonico e Confesién, além de varias valsas, e que na sua maioria apre- sentam uma refinada linguagem harménica. Mas é na Argentina, Uruguai e no Brasil que o violao atinge seu maior destaque na América do Sul. Na Argentina, o excelente trabalho de Jorge Martinez. Zarate (71923) e Graciela Pomponio (71926), que juntamente com Horacio Ceballos, Hector Farias e Miguel Angel Girollet, criaram um dos mais atuantes centros violonisticos da atualidade. Entre seus alunos mais destacados esto Roberto Aussel, radicado na Franca durante anos, Eduardo Isaac, Delia Estrada ¢ Eduardo Castaiera, todos com uma sdlida carreira internacional. Entre os compositores argentinos que escreveram para o viola, Alberto Ginas- tera (1916-1983) destaca-se com sua nica obra para instrumento, a Sonata op. 47 (1976), que quando da sua estréia por Barbosa-Lima foi aclamada como uma das mais importan- tes adicdes ao repert6rio "tanto por sua Concep¢ao como por seu modemismo e imagi- nagao sonora inédita." Astor Piazzolla (1921-1992), 0 consagrado renovador do tango, escreveu para o violio as Cinco Piezas (1980), dedicadas a Roberto Aussel. Estas cinco obras apresentam elementos do folclore argentino de uma maneira mais abstrata que em suas obras para seu quinteto. J4 a Tango Suite (1984) para dois violdes e escrita para o Duo Assad, é to- talmente escrita no estilo que caracteriza a obra de Piazzolla, isto é, o tango modemo. A obra para flauta e violao, Histoire du Tango (1986), descreve as diferentes formas da evolugio do tango, passando pela origem do tango nos bordéis argentinos do final do século passado, ao romantico tango da década de 30, a criagao da bossa-nova e do nuevo tango em 1960, ¢ finalmente ao tango moderno, com a influéncia da misica de Bartok e Stravinsky. ? Ainda destacam-se algumas obras de Carlos Guastavino, 3 sonatas € a peca para violio € quarteto de cordas, Las Presencias n? 6 "feromita Linares! Jorge | Gomes Crespo € autor da conhecidissima Nortena, Luiz Jorge Gonzales escreveu Soledades Sonoras IT para Manuel Barrueco e Tientos, editado por Angelo Gilardino, e fi- nalmente Jorge Luis Campana (*1949) escreveu Nexus 83 para Roberto Aussel. No Uruguai, mais especificamente em Montevidéu, surgiu um grande ntimero de violonistas que se consagraram internacionalmente. Grande parte destes instrumentistas devem sua formagao a Abel Carlevaro (1918). Carlevaro € 0 iniciador de uma nova escola de violao, cuja teoria instrumental encontra-se exposta no seu livro Escuela de la Guitarra, a qual € complementada pela Serie Didatica para Guitarra, composta de 4 volumes, dedicados exclusivamente a exer- cicios de técnica. Esta nova técnica instrumental pode ser, seguramente, considerada o Passo mais atualizado depois das escolas de Tarrega e Segovia. O principio basico da técnica carlevariana resume-se, como o proprio Carlevaro diz, "em alcangar © maior re- sultado com o menor esforgo".'° Os resultados desta técnica instrumental sao visiveis na qualidade de execucae alcangada tanto por ele mesmo, quanto por seus discipulos. Como compositor, Carlevaro tem uma consideravel producac musical, como os j@ bem conhecidos e executados Preludias Americanos, que utilizam motivos do folclore uruguaio, a sonata Cronomias 1, obra atonal mas que tem © mesmo lirismo presente nos preludios, e 0 Concierto del Plata (1973), para violao e orquestra, sua maior obra orques- tral. Também sao not6rios os Cinco Estudios (Homenaje a Villa-Lobos), € as mais recen- tes, Introduccién ¥ Capricho e Aranguay, esta para dois violées. Como pedagogo, Carlevaro desenvolve um intenso trabalho, € 0 resultado € visto no nome dos seus mais distintos discipulos: Eduardo Fernandez, Roberto Aussel, Baltazar Benitez, Miguel Angel Girollet, Alvaro Pierri e Eduardo Castanera, entre outros, todos premiados nos mais importantes concursos internacionais e que tem alcangado sucesso internacional como instrumentistas. Outros compositores que desenvolveram e desenvolvem um trabalho interes- sante no Uruguai sao Jaurés Lamarque-Pons (1917-1982), autor de uma Sonatina (1978), € © ftalo-uruguaio Guido Santérsola (1904), que depois de uma longa residéncia no Brasil radicou-se definitivamente no Uruguai, autor de uma prolifica produgao musical para violao. Destacam-se a Suite Antiga (1945), Three Airs of Court (1966), varias sonatas para violao solo € duo de violdes, musica de camara diversa com violao € 0 6timo Con- cierto para dos guitarras y orquesira de camara (1966) dedicado e estreado pelos irmaos Abreu. Mais recentemente temos uma obra de Hector Tosar (*1923), Gandbara (1984), € as obras de Eduardo Fernindez (*1952), que, além de excepcional violonista, demonstra talento na composigio. Entre suas obras estio El Punto Quieto (1981), inspirada pela poesia de T. S. Eliot, ¢ Consecuencias (1983). Outros violonistas uruguaios de destaque sto Oscar Caceres (*1928), que formou um belo dueto com Turibi Santos, Betho Davezac (*1938) e Jorge Oraison. Todo este grande movimento violonistico na Argentina e no Uruguai tem suas 100 rafzes na tradicao musical espanhola, que desde a colonizagao teve © violao como seu instrumento preferido. A grande popularidade deste instrumento nestes paises atesta tal fato. Também devemos recordar que as presengas de Miguel Llobet, na Argentina, e de Andrés Segovia, no Uruguai, trouxeram ainda maior entusiasmo para os violonistas destes dois paises, que j4 possuiam uma grande tradigao violonistica OVIOLAO NO BRASIL ‘A VIOLA, INSTRUMENTO de 5 cordas duplas, precursor do violao e popularis- sima em Portugal, foi introduzida no Brasil pelos jesuitas portugueses, que a utilizavam na catequese. Jé no século XVII, referéncias sio feitas a viola em Sao Paulo, uma delas colhida por Mario de Andrade: "Em 1688 surge uma certa viola avaliada em dois mil réis, preco enorme para o tempo. E, caso Curioso, esta guitarra pertenceu a um dos mais notiveis bandeirantes do século XVI: Sebastiao Paes de Barros." Ainda na mesma obra, Mario de Andrade cita Comélio Pires, para quem a viola € um dos instrumentos que acompanham as dangas populares de Sao Paulo. A confusio entre viola € violdo comeca em meados do século XIX, quando a viola € usada com uma afinacao propria do violdo, isto é, 14, ré, sol, si, mi. A confuso no uso do termo viola/ violo, continua nessa época como atesta Manuel Anténio de Almeida, autor da Memérias de um Sargento de Milicias (1854-55), quando se refere muitas vezes com ter- minologia da época do final da colénia, & viola em vez de violio ou guitarra sempre que wata de designar o instrumento urbano com © qual se acompanhava as modinhas. A vio- la, hoje, torou-se a viola-caipira, instrumento tipico do interior do pais, € © violao, de- pois de ter sua forma atual estabelecida no final do século XIX, tornou-se um instru- mento essencialmente urbano no Brasil. O violio também tornou-se o instrumento favorito para o acompanhamento da voz, como no caso das modinhas, e, na misica ins- trumental, juntamente com a flauta e 0 cavaquinho, formou a base do conjunto do choro. Por ser usado basicamente na mtsica popular pelo povo, o viol adquiriu ma fama, instrumento de boémios, presente entre seresteiros, chordes, tornando-se sin6nimo de vagabundagem. Assim 0 violao foi considerado durante anos. Os primeiros a cultivar o instrumento de uma maneira séria foram considerados verdadeiros herdis. O engenheiro Clementino Lisboa foi o primeiro a se apresentar em piiblico tocando violao, especialmente no Clube Mozart, o centro musical da elite carioca fin-de-siecle, Ainda algumas figuras proeminentes da sociedade carioca dedicaram-se a0 instrumento na tentativa de reergué-lo, tal € 0 caso do desembargador Itabaiana, do escritor Melo Morais € dos professores Emani Figueiredo e Alfredo Imenes. Um dos pre- 101 Eee cursores do violao modemo no Brasil foi Joaquim Santos (1873-1935) ou Quincas Laranjeiras, fundador da revista O Violdo em 1928, € que nos iltimos anos de vida dedicou- sea ensinar 0 violao pelo método de Tarrega. 7 Uns anos antes, em 1917, Agustin Barrios se apresenta em uma série de recitais no Rio de Janeiro, to- cando © instrumento de uma forma nunca vista/ouvida antes. Segue-se a tournée de Josefina Robledo, que tendo Permanecido aqui por algum tempo, estabelece os funda- mentos da escola de Tarrega. Dessa época destaca-se a agora reconhecida obra de Joao Teixeira Guimaraes (1883-1947) ou Joao Pernambuco, sobre quem Villa-Lobos dizia, a respeito de suas obras: "Bach nao teria vergonha de assind-las como suas'."? Awalmente a obra de Joo Pemambuco € bem conhecida gragas ao trabalho de Turfbio Santos e Henri- que Pinto. Anibal Augusto Sardinha (1915-1955), 0 Garoto, foi um dos precursores da bossa-nova. Atualmente as ex. celentes obras de Garoto ganharam vida nova, gracas a Paulo Bellinati, que recuperou, editou e gravou boa parte de sua obra. Mencionamos 0 samba-exaltagao Lamentos do Morro, os choros Tristezas de um violao, Sinal dos Tempos, Jorge do Fusa e Enigma, e a Debussyana, entre tantas outras. Ainda na linha da misica popular desta- cam-se Américo Jacomino (1889-1928), © Canhoto, o grande Dilermando Reis (1916-1977), Nicanor Teixeira, e mais recentemente a figura de Egberto Gismonti com suas obras Central Guitare e Variations pour Guitare (1970), ambas de caréter experimental. Também Paulo Bellinati realiza excelente trabalho como compositor, obras como Jongo, Um Amor de Valsa e Valsa Brilhante ganham notoriedade. © violao no Brasil passou a se desenvolver, principalmente, em dois grandes centros, Rio e Sao Paulo, de ‘onde vem a maioria dos grandes violonistas Agustin Bares sentido e Quine” D*#sleiros, que tiveram ou tém sua formacao instrumen. pete tal com os professores dlestas ciclades Rio de Janeiro, c. 1929 Em Sao Paulo, o excepcional trabalho desen- volvido pelo violonista uruguaio Isaias Savio (1900-1977), Joao Pernambuco, de pé & esquerda, 102 que teve sua formagao violonistica com Miguel Llobet, resultou em uma das melhores escolas de violonistas da América do Sul. Depois de residir na Argentina, Savio radicou- se definitivamente no Brasil, primeiro no Rio, depois em Sao Paulo. Nesta cidade, onde desenvolveu a maior parte do seu trabalho, fundou a Associagao Cultural violonistica Brasileira, e em 1947 tornou-se professor de viol do Conservat6rio Dramatico e Musical de Sao Paulo, como fundador da cadeira de violao, a primeira do pais. Ainda em 1951, Participou da fundagio da Associagao Cultural de Violao de Sao Paulo. Além desta in. tensa atividade, Savio se distinguiu pela composi¢ao de mais de 100 obras para o instru mento € cerca de 300 transcrigdes e revisoes. Hoje em dia suas compilagdes de estudos ainda sto usadas em muitas escolas por todo o pais. Entre os discfpulos de Savio que mais se destacaram est4 Antonio Carlos Bar- bosa-Lima (*1944), que aos 13 anos estreou como concertista € aos 14 gravou seu primeiro LP. Barbosa-Lima € na atualidade um dos mais conceituados violonistas, tanto em concertos, como na edicao, tanscrigao € comissio de novas obras para o instru- mento. Basta dizer que a Sonata op. 47 de Alberto Ginastera foi por ele comissionada e a ele dedicada. Henrique Pinto, também aluno de Savio, € reconhecidamente um dos mais importantes pedagogos do instrumento na atualidade. Além de desenvolver uma grande atividade como editor € revisor de obras para violao, Henrique € o responsavel por uma geragio dos melhores violonistas brasileiros. Entre estes estao: Angela Muner, Jacomo Bartoloni, Edelton Gloeden, Ewerton Gloeden e Paulo Porto Alegre. Ainda de Sao Paulo devemos citar a Manoel S40 Marcos e sua filha Maria Livia So Marcos, radicada na Europa, e Pedro Cameron, também compositor de excelentes obras como Repentes, vencedora do 1° Concurso Brasileiro de Composigao de Musica Erudita para piano ou violao - 1978 No Rio, destaca-se a figura de Antonio Rebelo (1902-1965), que também foi aluno de Savio quando da residéncia deste no Rio. Rebelo desenvolveu atividades como docente, impulsionando o violio na cena musical. Entre seus discipulos estao Jodacil Damasceno, Turibio Santos, Sérgio e Eduardo Abreu Jodacil Damasceno (*1929), além dos estudos com Rebelo, estudou com Oscar Caceres. Turfbio Santos (*1943), também estudou com estes dois mestres € com Julian Bream e Andrés Segovia. Santos foi o primeiro brasileiro a vencer, em 1965, 0 Concurso Internacional de Violao da O.R-T-F., em Paris. Fez a primeira gravacao integral dos Doze Estudos de Villa-Lobos ¢ participou da estréia mundial do Sexteto Mistico, também de Villa-Lobos. Turibio € um dos maiores divulgadores da obra do grande compositor brasileiro ¢ hoje dirige 0 Museu Villa-Lobos no Rio. Os irmaos Abreu, Sérgio (1948) e Eduardo: (*1949), desenvolveram uma das mais brilhantes carreiras de concertistas internacionais. Ambos estud: ram com seu avé- Antonio Rebelo e com Adolfina Raitzin de Tavora. Foram premiados, em 1967, no Con- curso Internacional de Violio da O.R-T-F.. Realizaram intmeras gravacdes na Inglaterra, é 103 ERE ~—y se destacaram como um dos melhores duos de violio de todos os tempos. Atualmente, Sérgio dedica-se 4 construgao de violdes. Ainda devemos mencionar outros violonistas cariocas como Léo Soares, Nicolas Barros, Mz reelo Kayath, também premiado em Paris, € © brilhante Duo Assad, formado pelos irmaos Sérgio ¢ Odair. ‘A masica brasileira para violdo tem se desenvolvido, praticamente, sombra da excepcional, embora pequena, obra de Villa-Lobos, que continua sendo a mais co- nhecida nos meios violonisticos nacionais ¢ internacionais. ‘Alguns compositores tentaram reprisar 0 sucesso dos 12 estudos. Este € 0 caso de Francisco Mignone (1897-1986), que com sua série de 12 Estudas (1970), dedicados gravados por Barbosa-Lima, ndo obteve o sucesso musical almejado. Ja o mineiro Carlos ‘Alberto Pinto Fonseca (#1943), compos Seven Brazilian Etudes (1972), também dedicados a Barbosa-Lima, nos quais demonstra um nacionalismo e lirismo da mais pura escola na- cionalista. © compositor paulista Mozart Camargo Guarnieri (1907-1993), uma das figuras mais proeminentes da misica brasileira escreveu pouco, mas bem, para o violao. O Pon- teio (1944), dedicada a e estreada por Abel Carlevaro, a Valsa-Choro € os trés pequenos Estudos, apresentam-se com uma linguagem mais livre da influéncia da obra violonistica de Villa-Lobos. Mais original quanto a sua linguagem musical € a obra de Radamés Gnatalli (1906-1988). A forte ligagao de Gnatalli 4 mtisica popular brasileira € claramente visivel em varias de suas obras que misturam a mésica urbana carioca a uma refinada técnica € musicalidade. Das suas obras para violo, destacam-se os varios concertos para violao € orquestra, Dez Estudos, 3 Estudos de Concerto, Brasiliana n® 13 (1983), Petite Suite, a suite Retratos para dois violées, brilhantemente gravada pelo duo Assad, a Sonatina para violao € piano, Sonatina (1959) para flauta € violio, Sonatina (1966) para violoncelo € dois violdes, Sonata para violoncelo e violAo € a Sonatina para violao e cravo, além da inclusio do violao em varias obras para grupo instrumental de carter regionalista. Edino Krieger (*1928) compés urna das mais importantes obras para o repert6rio dos tiltimos tempos. A Ritmata (1975), dedicada a Turibio Santos, explora novos efeitos instrumentais e associa uma linguagem atonal a procedimentos técnicos utilizados por Villa-Lobos. A obra de Almeida Prado (*1943) Livro para seis cordas (1974) apresenta uma concep¢ao musical originalissima livre de qualquer influéncia violonistica tradicional e que delineia bem o estilo deste compositor; esta obra ainda apresenta certas seme- Ihangas com as Cartas Celestes (1974) para piano quanto a sua concepsao sonora. Marlos Nobre (*1939) tem na série Momentos a sua obra mais importante para violao. Escrita a pedido de Turibio Santos e projetada para 12 ntimeros, os primeiros qua- tro foram escritos entre 1974 e 1982. Ainda de Nobre destaca-se a Homenagem a Villa- Lobos e Prélogo € Toccata op. 65. Para dois violdes, Marlos Nobre recriou 3 Ciclos Nordestinos dos originais para piano, Otimas obras miniaturistas que utilizam motivos do folclore nordestino. Ricardo Tacuchian (*1939) escreveu Ltidica I (1981), dedicada a 104 Turfbio Santos, em que apresenta uma linguagem contemporanea com toques de nacio- nalismo e efeitos sonoros os mais diversos. A sua Ltidica IT (1984), escrita em home- nagem a Hans J. Koellreutter, € uma obra mais tradicional quanto A sua concepcao sonora. Jorge Antunes (1942) escreveu Sighs (1976), na qual o autor requer uma afi- nacao especial para o segundo movimento, uma invengao em tomo da nota si. Lina Pires de Campos escreveu o excelente Ponteio e Toccatina (1978), obra premiada no 1° concurso Brasileiro de Composigao de Musica Erudita para Piano ou Violao - 1978. Deste mesmo evento surgiram novas obras, como o ja mencionado repen- tes de Pedro Cameron, a Suite Quadrada de Nestor de Holanda Cavalcanti ¢ o étima Ver- dades de Marcio Cortes. Ainda cabe aqui mencionar a obra do boliviano, mas radicado e ligado a Curi- tiba ¢ ao Brasil durante anos, Jaime Zenamon (*1953), dono de uma excelente e prolifica produgfo para o instrumento que tem sido extremamente bem aceita nos meios violonisticos internacionais. Entre suas obras destacam-se Reflexdes 7, Demian, The Black Widow, Iguacu para violao e orquestra, Reflexes 6 para violoncelo e violao, ¢ a Sona- tina Andina para dois violdes. Para finalizar mencionaremos jovens talentos na composicao € que se destacam por sua produg&o para violo: Francisco Aratijo, Celso Machado, Artur Campela e Sérgio Assad que escreve, para o duo com seu irmao, excelentes obras de cardter virtuosistico de efeito impressionante. Devem ser lembrados também Jécomo Bartoloni, que tem escrito excelentes obras tonais como Eliptica, Ditirambo e o tango Martes, que tém sido muito executadas, ¢ Paulo Porto Alegre, com a Mini Suite, que apresenta uma clara in- fluéncia da obra de Leo Brower. E ainda o paranaense Chico Mello, que tem a otima Do Lado do Dedo (1986), obra de cariter experimental e que explora efeitos sonoros inédi tos, € como o proprio Chico diz: "minimalista a la Chico", 105 NOTAS * DEMARQUEZ, Suzanne. Manuel de Falla, Barcelona: Editorial Labor, SA, 1968. p. 122-3. ? OTERO, Corazon. Manuel M. Ponce y la Guitarra, México: Ediciones Fonapas, 1981. p. 31. 3 bid, p. 137. * Gitado em SANTOS, Turibio. Heitor Vi p. 12:13, > BREAM, Julian’ Guitar Concertos. contracapa do disco RCA, LSC 2487. New York, 1961 °HENZE, Hans Wemer Royal Winter Music. Mainz: Schott, 1976. No preficio. 7 MARCO, Tomés. Historia General de la Musica, el siglo XX. Madcid: Editorial Alpuerto S. A., 1983. p28. ® GINASTERA, Alberto. Citado no preficio Sonata op. 47. New York: Boosey & Hawkes, 1978. 9 PIAZZOLLA, Astor. Prefiicio & Histoire du Tango, Paris: Henry Lemoine, 1986. 10 CARLEVARO, Abel. La Escuela de la Guitarra. 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S. 100 Espinel, Vicente, 32 Esteso, Domingo, 78 Estrada, Delia, 99 Fabbricatore, Giovanni Battista, 55, 58 Falla, Manuel de, 83-4, 86, 94 Farias, Hector, 99) Goya, Francisco, 88 Jachet, 19 Marco, Tomas, 95 Felipe Il, 16, 19, 20 Gragnani, Felipe, 66 __‘Jacomino, Américo Marin, Francisco Felipe IV, 40, Grajon, Robert, 29 (anhoto), 102 Santiago, 79 Foredit‘e,Femando, Granados, Enrique, 82 Janequin, Clement, 28 Marquesa de Tarifa, 20 53-4 Granata, Giovanni Jiménez, Juan Ramon, 88 Marschner, Heinrich, 71 Fernindez, Eduardo, 100 Battista, 35, 37, 40. _Jolivet, André, 93 Mastin, Frangois, 38 Femeyhough, Brian, 92 Grénerin, Henri, 38 Jose, Antonio, 94-5 Martin, Frank, 94 Cee Mero Aurelio Guerau, Francisco, 41 ‘Jumez, Jean-Pierre, 93. Martin de Jaén, 14 Zani de, 69, 73 Guerrero, Francisco e Kagel, Mauricio, 92 ‘Martinez, Joseph, 57 Fétis, 38, 67 Pedro, 21 Kappel, Hubert, 93 Matiegka, Wencesiau, 70 Fezandat, Michel, 29 Grunfeld, Frederick, 35, Kassner, Bli, 98 Matos, Lucas de, 14 Fierens, Guillermo, 95 4 Kayath, Marcelo, 104 -Mayllart, 21 Figucuedo, Eman 101 Gustavino, Carlos,99_Kleynjans, Francs, 98 Mayseder, Joseph, 68 Fisk, Eliot, 97 Guichard, L, 52 Klingenbrunner, 70 Maza, Regino Sanz de la, Fleta, Ignacio, 79 Guimaries, Joo Kohno, Masaru, 79 87,94 Fonseca, Carlos Alberto Teixeira Josie Kolb, Barbara, 96 Médard, Remy, 38 H Pinto, 104 Pernambuco), 102 Koshkin, Nikita, 96 Mello, Chico, 105 Fortea, Daniel, 81 Guzmin, 14 Kraft, Norbert, 97 Mendelssohn, Felix, 81 Foscarini, Giovanni ‘Guzman, Ramiro Felipe Krenek, Emst, 98 Mersenne, 29 Paolo, 345, 40, 44 Niifiez de, 40 Kreutzer, Joseph, 71 Mestres-Quadreny, Josep Foss, Lukas, 97 Halffter, Cristobal, 95 ‘Krieger, Edino, 104 Maria, 95 Fossa, Frangois de, 61,72 Halffter, Rodolfo, 94 Kucera, Vaclav, 95 Mertz, Johann Kaspar, Frangaix, Jean, 93 Hamilton, Anthony, 35 Kilner, Joseph, 71 70-1 Frankweli, Victor Ritter Harrison, Lou, 96 Lacote, $7 Mignone, Francisco, 104 ‘Umlauff von, 68 Haselbacher, Frank, 79 ‘Lagoya, Alexandre, 88, 93 Mikulka, Vladimir, 96 Freed, Isadore, 98 HaubenstockRamati, _-—-Lamarque-Pons, Jaurés, Milan, Luis, 11, 13-6, 18 Friedrich, Daniel, 79 Roman, 93 100 Milano, Francesco da, Fuenllana, Miguel de, Hauser, Hermann, 79 __Laplane, Joel, 79 19, 94 14, 20-1, 25-6, 31-5 Haydn, Joseph, 70 Lauro, Antonio, 99 Mills, John, 92 Gangi, Mario, 4 Henestrosa, Lays Le Cocq, Frangois, 38 ‘Molino, Francisco, 66 Garcia, Enrique, 78 ‘Venegas de, 14 Legnani, Luigi, 67 Molitor, Simon, 70 Garcia, Miguel (Pe. Henze, Hans Wemer, Lemoine, A M, 51 Monferer, Marquesa de, Basilio), 54, 61 92, 98 Leon, Juan de, 18 38 Garcia Lorca, Federico, Henrique 1, 28-9 Le Roy, Adrian, 29 Montedosca, Martin de, 4 Hemando de Jaga, 4 Limon, Roberto, 98 ai Gatayes, Guillaume,52__ Hemandez, Santos, 78 Lisboa, Clementino, 101 Montero, Antonio Marin, Chiglia, Oscar, 94 Hespos, Hans Joachim, Llobet, Miguel, 815, 101, 79 Gilardino, Angelo, 10092 103 Montesardo, Girolamo, Gilbert, John, 79 Heétu, Jacques, 97 Lopez, 14 B Ginastera, Alberto,99 Hogarth, Georg, 64 Lopez, Dom laigo, 18 Montron, 57 Girollet, Miguel Angel, Horicio, 19 Loyole, 19 Morais, Melo, 101 99, 100 Horetzki, Felix, 73, Luchesi, Giulio Maria, 66 Morales, 19, 21, 31 Gismonti, Egberto, 102 Hovhaness, Alan, 96 Luis XIV, 35-6, 38 Moreno, Alfonso, 98 Giuliani, Mauro, 6, 68 Huerta, Francisco, 65-6, Lully, Jean Baptiste, 35, Moretti, Federico, 52-3, -70, 73 B 38 6 Gloeden, Ewerton € Hugo, Victor, 65 Machado, Celso, 105 —-Morlaye, Guillaume, 28.9 Edelton, 103 Hummel, Johann Machover, Tod, 97 ‘Mouton, 20 Gnatalli, Radamés, 104 Nepomiuk, 68 Macotera, 14 Moscheles, Ignaz, 68, 74 Godefried, 69 Iadone, 98 Madera, Bruno, 94 Mozart, Wolfgang, Gombert, 189, 21 Imenes, Alfredo, 101 Madrid, Pedro de, 14 ‘Amadeus, 81 Gonzales, Jorge Luiz, 100 Isaac, Eduardo, 99 ‘Magin Alegre, 81 Mudarra, Alonso, 18, 20, Gorlier, Simon, 28 Isbin, Sharon, 97 Makaroff, 71-2 26 112 Muner, Angela, 103 Pruniéres, Henri, 83 Santos, Turibio, 100, Murcia, Santiago de, 41 Pujol, Emilio, 11, 54, 80-4 102-4 Narviez, Luys de, 11, Rada, 57 Sanz, Gaspar, 32, 35, 39, 13-4, 16, 18, 20 Ragossnig, Konrad, 94 40, 46, 87 Naumann, Herr Johann Raimondi, Mare Antonio, So Marcos, Manoel € G, 54 folha de guarda Maria Livia, 103 Nazareth, Emesto,90 Rak, Stepan, 95 Sardinha, Anibal Newman, William, 64 Ramirez, Baltasar, 14 ‘Augusto (Garoto), 102 Nobre, Marlos, 104 Ramirez, Jose, 79 Satie, Erik, 84 Nono, Luigi, 98 Ramirez, Manuel, 78 Sauguet, Fenti, 93 Obrovska, Jana, 95 Ramos, Manuel Lopez, 98 Savio, Isaias, 102-3 Ohana, Maurice, 93 Ravel, Maurice, 84,90 Schafer, R. Murray, 97 Oraison, Jorge, 100 Rebelo, Antonio, 103 Scheidler, Christian G, 71 Ortiz, Diego, 19 Regondi, Giulio, 64, 69, Scheidt, Karl, 94 Otero, Corazon, 98 74 Schonberg, Amold, 90, Otto, Jacob August, 53. Reich, Steve, 97 93 Ovidio, 19 Reinhardt, Django, 91 Schroeder, 57 Paganini, Nicolo, 67, 69, Reis, Dilermando, 102 Schubert, Franz, 68, 70, 72,87 Ribayas, Lucas Ruizde, ‘81, 88 Pages, Jose, 57 41 Schuman, Robert, 81 Panormo, Luis, 57-8 Ribeiro, Manuel da Segovia, Andres, 79, 82, Pellegrini, Domenico, Paixio, 52 85, 91, 96, 100-1, 103 37, 40 Ricafort, 18, 21 Sepilveda, 19 Pelzer, Ferdinand, 74 Ries, 67 Servais, 69 Pepys, Samuel, 36 Rippe, Albert de, 28 Severino, Julio, 14 Pérez, Santiago, 14 Robledo, Josefina, 102 Shostakovich, Dmitry, 96 Pernas, José, 77 Rodrigo, joaquin, 87 Simplicio, Francisco, 78 Perscheiti, Vicent, 98 Rodrigues, Manuel, 14. Smit, Giovanni, 27 Petrarca, 19 Rolla, Alexander, 67 Soares, Léo, 104 Petrassi, Goffredo, 94 Romanillos, Jose, 79 Sollscher, Goran, 93 Phalése, Pierre, 30 Romero, Pepe, 87 Sor, Fernando, 53, 57, Piazzolla, Astor, 99 Romero, Familia, 95 62-5, 67, 72-3 Pierri, Alvaro, 97, 100 Roncalli, Ludovico, 37. Sotomayor, Henando de Pinto, Henrique, 102-3 Rorem, Ned, 97 Habalos de, 21 Pires, Comélio, 101 Rougier, Thierry, 93 Sotos, André de, 40 Pisador, Diego, 20, 22, 26 Roussel, Albert, 86 Spencer, Robert, 32 Pittaluga, Gustavo, 945. Rubio, David, 79 Starobin, David, 97 Playford, John, 30 Rubio, Juan Manuel Staufer, 67 Pomponio, Graciela, 99 Garcia, 53 Stravinsky, Igor, 84, 90, Ponce, Alberto, 95 Ruiz-Pip6, Antonio, 95 9 Ponce, Manuel, 88,98 Russel, David, 92 Tacuchian, Ricardo, 104 Porto Alegre, Paulo, 103, Stadiman, Michel ‘Tanenbaum, David, 97 105 Ignatius, 57 “Tansman, Alexandre, 87 Poulenc, Francis, 93 Salle, L Jourdan de la, 38 Térrega, Francisco, 77, Prado, Almeida, 104 Sancta Maria, Thomés 80-3, 85-6, 91, 100, 102 Praetorius, Michael, 27-8 de, 14 ‘Tévora, Adolfina Raitzin Prat, Domingo, 52 San Martin, Fray de, 103 Pratten, Madame Leonardo de, 40 Sydney, 74 Santérsola, Guido, 100 Prés, Josquin de, 18-21 Santos, Joaquim Presti, Ida, 88, 93 (Quincas Laranjeiras), Prokofiev, Sergei, 96 102 Torok, Alan, 97 113 Torres Jurado, Antonio, 55, 78-79, 80, 83 ‘Torres, Gaspar de, 14 ‘Térroba, Federico Moreno, 86 “Tosar, Hector, 100 ‘Trombetti, Agostino, 37 Turina, Joaquin, 85 Tumbuil, Harvey, 32, 55 ‘Tyler, James, 19, 27, 30, 32, 36, 49 Valderrano, Enriquez de, 19, 27, 32, 36 Valois, Isabel de, 20 Vasques, Juan, 19, 21, 31 Vega, Lope de, 32 Velasco, Nicolas Doizi de, 40 Verdolot, 19 Verdi, Giuseppe, 81 Villa-Lobos, Heitor, 88-91, 102-4 Viola, Pe. Anselmo, 63 Virgilio, 19 Visconde de Tours, 29 Visée, Robert de, 38, 47, 48, 87, 93 Viver, Claude, 97 Wagner, Richard, 81 Walton, ‘William, 91 Weber, Carl Maria von, 71,72 Webern, Anton, 90, 93 Weiss, Silvius Leopold, 4 Willaert, Adrian, 19, 21 Williams, John, 86, 91-2 Wolf, Johannes, 45 Wolpe, Stepan, 98 Yepes, Narciso, 93, 95, ‘Yrol, Pablo Miguet y, 40 Zarate, Jorge Martinez, 99 Zelenka, Milan, 95 Zenamon, Jaime, 105 Zoiniga, Dom Francisco de, 19 Zuth, Dr Josef, 71 ESTA © OBRA ¢ FOr ¢ IMPRESSA ¢ NA ¢ GRAFICA ¢ TECNOGRAF ¢ NO ¢ MES ¢ DE ¢ NOVEMBRO ¢ DE ¢ 1994 # PARA ¢ A ¢ EDITORA ¢# DA ¢ UNIVERSIDADE ¢ FEDERAL ¢ DO ¢ PARANA See UPPR IMMA

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