You are on page 1of 6
CARREGADOR DE Nao existe nada mais descon- solador do que precisarmos do carro e descobrirmos, ao tentar dar a partida no motor, que ele nao quer «pegar». Mais descon: solador ainda @ percebermos que as luzes do carro estao fra: cas ou apagadas, denunciando a bateria como a culpada de tudo. Nestes casos, a solucao é come. ar a empurrar 0 carro, até que ele «pegue».na melhor das hipo: teses; na pior delas, seria neces: sario aplicar uma recarga a bate- ria, Todos os automoveis pos: suem um dispositive para man: ter a bateria carregada e com: pensar o consumo do sistema e- letrico; em alguns veiculos, esse dispositivo é 0 dinamo e, em ou tros, 0 alternador. Nem sempr porém, a acao desses dispositi- vos é suficiente para evitar que a bateria se descarregue, quando submetida a uma descarga in tensa, Isto se verifica com maior frequéncia em veiculos que pos- suem dinamo, em relagao aos que contam com um alternador. Pode-se entender esta dite. renga entre o dinamo e o alterna dor, Se soubermos que o dinamo carrega a bateria com uma cor rente que depende apenas da rotagao do motor (o que quer di zer que, em marcha lenta, mui tas vezes, a corrente fornecida pelo dinamo nao é suficiente pa arena cARREGADOR FIGURA 1 de seu automével! EQUIPE TECNICA DA NOVA ELETRONICA ra suprir as perdas devido ao consumo), enquanto a corrente do alternador depende também do consumo do veiculo, isto é quanto maior 0 consumo, maior seraa corrente fornecida pelo al ternador e, portanto, mais efici ente sera a carga Assim, 08 carros que sao do: tados de dinamo (Volks tipo «fusca» e Brasilia, por exemplo) necessitariam, apos uma noite de utilizacao intensa da bateria (luzes altas, limpador de para- brisa), por exemplo, de uma re- cargada mesma. Por outro lado, os automoveis com alternador nao estao livres. de serem submetidos, eventual mente, a uma recarga da bateria, devido a um defeito no alterna: dor ou na propria bateria Como se vé, as vezes é neces: sario carregar a bateria do automovel; entretanto, nem sempre se tem um auto-eletrico mao e, também, seria muito mais econdmico carregar a bate ria em casa mesmo. A resposta a esses problemas esta aqui: um carregador de baterias em kit para montar, e ser usado na pro- pria garagem, por qualquer pes: soa. £ um conjunto seguro (pos- Sui protegao interna contra cur- 268 NOVA ELETRONICA 20 to-circuitos), barato e compacto (sua caixa mede apenas 15 x 10 x 10 cm), e pode ser utilizado em qualquer carro nacional com bateria de 12 volts. Antes de analisarmos o circui: to deste carregador, vamos pas- sar por algumas caracteristicas das baterias automotivas e do proprio carregador. Caracteristicas das baterias ‘As baterias para automoveis tém, geralmente, uma capacida- de que varia entre 30 ¢ 40 amp res-hora. A unidade ampéres- hora se abrevia Ah e especifica o valor de corrente que uma bate- fia pode fornecer, em um deter- minado periodo de tempo. Por e- xemplo, 30 Ah significa que aba. teria pode tornecer,3 ampéres durante 10 horas (3 x 10 = 30 Ah). Esses valores de corrente e tem: po nao sao fixos, naturalmente, pois nada impede que essa mes ma bateria forneca 1 A, por exemplo, durante 30 horas, ‘apro: ximadamente. As baterias sao carregadas le- vando-se em conta sua especifi cacao em Ah. Em geral, carrega- se a bateria com uma corrente que esteja em torno de 10% do seu valor em Ah (assim, em uma bateria com 30 Ah, a corrente de carga seria de 3 A, mais ou me: nos). A isto se da o nome de «carga lenta», pois a carga total leva algumas horas. Para as ba terias de automovel, existe tam- bém a «carga rapidav, que nao é aconselhavel, pois danifica as placas internas da bateria. Na «carga lentas, limitase a corrente do carregador a um cer- to valor maximo; na «carga rapi: da», a bateria toma a corrente que quiser. Toda bateria apresenta uma certa resistencia interna, de va lor bastante baixo; este valor se eleva, a medida que a bateria vai se descarregando e volta ao nor- mal, quando a bateria é recarre- gada. Devido ao aumento da resis- téncia interna da bateria, duran- te a descarga, sua tensao vai baixando, simultaneamente. E por isso que uma bateria descar- regada apresenta uma tensdo mais baixa que a normal. Caracteristicas do nosso carregador Como vimos, uma bateria des- carregada apresenta uma tensao mais baixa e uma resisténcia " a aedlatis: i sean00 sov/aa TET a. yo og nov > «| Le | r van Dt ti oS 50v 470 a uA sean? FIGURA2 a NOVA ELETRONICA 269 tase pan OT FIGURAS lean e=2h mais alta, em relagao a uma ba: teria totalmente carregada. As: sim, durante a recarga de uma bateria, sua tensao vai subindo e sua resisténcia interna vai bai xando. Além disso, a corrente de carga (corrente que é fornecida pelo carregador a bateria), que & elevada, a principio, vai diminu: indo, no decorrer da carga. Baseados nesses aspectos, existem duas maneiras de recar- regar uma bateria: por corrente constante (e tensao crescente) € por tensao constante (e corrente decrescente). Nosso carregador @ do tipo de corrente constante: fornece a bateria uma corrente de 2 A, invariavel, e uma tensao que depende da propria tensao da bateria Neste sistema, podemos apli cara formula: Ve'= Vb+IRi, onde Vc é a tensao do carregador Vb é a tensao da bateria ea corrente de carga, constante Ri 6 a resistencia interna da ba: teria (vejaa figura 1). © valor de Ri € pequeno, mas nunca chega a zero; devido a 270 NOVA ELETRONICA isso, a tensao do nosso carrega: dar Sera sempre maior que a da bateria mas, ao mesmo tempo, seu valor vai depender dela (veja as curvas da fig. 1) Deste modo, quando a tensao da bateria subir, em consequén cia da carga, a tensao do carre- gador vai acompanha-la, sendo sempre maior que ela Funcionamento Vistos e esclarecidos certos pontos relativos a baterias e car- Tegadores, podemos passar, agora, para a operacao do nosso carregador, especiticamente, Siga a analise pelo circuito completo do carregador, repro- duzido na figura 2. © transtormador T1 € 08 dio- dos D1 e D2 formam uma fonte retificadora de onda completa, © Conjunto formado pelos transistores Q1 € Q2 € pelos re- sistores Rie R2 é 0 responsavel pela produgao de corrente cons- tante; o transistor Q1 esta polari- zado de tal maneira a poder for- necer correntes elevadas, quan do uma bateria é conectada aos terminais do carregador (figura 3a). Mas, devido a presenga de Q2, a corrente de carga é limita daem 2A. Vejamos como ele faz isto: Quando a corrente que atra- vessa 0 resistor R2 (que é a pro- pria corrente de carga) ultrapas- sar 2 A, a tensao resultante so bre o mesmo vai levar Q2 a satu ragao (ou seja, a condugao in- tensa), causando um desvio na corrente que, antes era total mente enviada a base de Q1 (fi- gura 3b). Isto vai fazer com que 0 transistor Q1 conduza menos, li: mitando a corrente de carga em 2A. Por outro lado, enquanto a corrente através de R2 estiver em 2A, Q2 estara cortado (ou se- Ja, nao estara conduzindo) e nao ira influir sobre 0 circuito (figura 3c), O diodo D3 exerce a funcao de proteger o circuito do carrega- dor, enquanto houver uma bate- ria Conectada ao mesmo. DS, um diodo emissor de luz (LED), serve como piloto do car- regadar, isto é, indica quando o aparelho esta ligado, D4 € um outro LED, este ser- vindo para indicar «recarga con: cluida» da bateria. O principio de funcionamento deste ramo de circuito é bastante simples: 0s resistores R3 e RG formam um divisor de tensao que no mo: mento em que a tensao, da bate- ria atinge seu valor nominal (13 V, aproximadamente), provoca a condugao do transistor Q3 que vai, por sua vez, ocasionar 0 acendimento de D4. Deste modo, 0 diodo D4 avisa quando a bateria esta completamente carregada A protegao. contra curto-cir- cuitos, da qual falamos anterior mente, é exercida pela propria fonte de corrente constante, que nao permite uma elevacao de corrente de saida para cima dos 2 amperes. Montagem do kit ‘A montagem do carregador é, tambem, tarefa bastante sim: ples; basta seguir as instrugdes @ as figuras reunidas neste capi- tulo. A figura 4 fornece uma visio da placa de circuit impresso 22 WOAY ETELBOMICY 3038 FIGURA 4 utilizada no kit, pelo lado dos componentes. A montagem deve ser iniciada com a solda- gem dos resistores e diodos; pa- fa identificar a polaridade ‘dos diodos, consulte a figura 5, re- servada para o desenho das pi nagens dos componentes. Em seguida, deve-se soldar os transistores Q2 Q3, sempre ba- seados na fig. 5, para que ambos sejam montados na posigao cor- reta. E aconselhavel, também, n&o se demorar muito com a Ponta do soldador sobre os ter: minais destes componentes, pois eles so mais sensiveis a0 calor que os resistores. © transistor Q1 precisa ser acoplado ao seu dissipador, an- tes de ocupar seu lugar na placa de circuito impresso; siga a figu- ra 6, para efetuar a montagem transistor + dissipador. SO en- to, Solde o transistor 4 placa. Monte, a seguir, o transforma- dor na placa, por meio de parafu- 808 e porcas; depois, solde os fios de seu enrolamento secun: dario, do modo indicado pela fi- gura 4. 23 E preciso, neste estagio da mootagem, ligar todos os com- ponentes «distantes» a placa, estes Componentes sao: 0 fusi vel, os dois LEDs, a chave liga- desliga, os fios de conexao a bateria e 0 cabo de alimentacao. A figura 7 reine todas essas gac6es, mostrando onde e como devem ser feitas (atengao: antes de soldar 0 cabo de alimentacao 4 placa, deve-se passa-lo pelo orificio correspondente, no pai nel post gador; antes, porém, de passar 0 fio peio orificio, instale uma bor. racha passante neste ultimo). Vamos, agora, montar o tusi- vel, a chave e os LEDs no painel frontal da caixa. Observe a foto de entrada do artigo e tera uma boa informagao de como proce- der neste passo da montagem. Note que os LEDs sao instala- dos com o auxilio de suportes adequados, fornecidos jun- tamente com o kit. w Ec, ar FIGURAS DIODos ——=)— ——_}+—. NOVA ELETRONICA 271 FIGURA 6 Resta-nos montar a caixa do carregador, para acomodar a pla: ca pronta ém seu interior (figura 8). Esta caixa é de aluminio e for- mada por 10 médulos, de facil montagem; @ so encaixa-los conforme ‘a _ figura ° Conjunto estar praticamente pronto ao se parafusar 0s pai néis posterior e dianteiro aos médulos de aluminio ja mon: tados. Por ultimo, ficou a solda- gem das garras de conexao = bateria, nas pontas dos fios de carga Carregando baterias O uso do carregador de bate- rias € bastante simples, mas p: rae efetuar uma recarga confié- vel e segura, deve-se obedecer a um certo procedimento basico. Em primeiro lugar, estao os cuidados rélativos a bateria: — A bateria pode ser recarre- gada no proprio local onde esta instalada, no interior do cotre do automovel; — Retire, dos terminais da ba- teria, 0s conectores que a ligam ao veiculo; — Limpe cuidadosamente os terminais da bateria, com uma li xa fina, até ficarem brilhantes: — Destampe todas as células da bateria e verifique o nivel de agua; se estiver baixo, complete © nivel, até cobrir a altura das placas internas; — A agua destinada a bateria deve ser agua destilada, somen: te, ou enjao, agua fervidae fria Os cuidados durante a recar- ga da bateria séo os seguinte: — A bateria deve ser mantida sem as tampas, durante a recar: 9a — Atengao ao conectar as garras do carregador a bateria: a garra do fio vermelho deve ser li gada ao terminal assinalado com um "+", e a garra do fio preto, ao terminal assinalado RELAGAO DE COMPONENTES. R1 — 470 ohms R2— 0,22 ohmsis W R3 — 4,7 kohms Ra, RS —41 kohm R6 — 220 ohms Obs.: Os resistores sem especi- ficagao quanto a poténcia, sao de % W. Q1 — SE 9300 Q2, Q3 — BC 337 D1, D2, D3 — 50 Vi3. A D4. 05 — LEDs vermeihos (FLV 110 ou equivalentes) 11 5 fanstormador 110/16-0-16 V —2A CH — chave liga-desliga F1— fusivel Ye A Dissipador para Q1 Peca em «L» para fixagao do dis: sipador Soquetes para os LEDs (2) Porta-lusiveis Placa n.° 3038 — N. Eletrénica Cabo de alimentacao Caixa modular de aluminio, com paratusos 2 vorrachas passantes Garra jacaré (2) 1mfion.® 28 AWG 3m fio vermeino n.° 18 AWG 3m fio preto n.° 18 AWG 4 paratusos 1/8” x 518", com por: caearruela 1m solda trinucleo, Ce EEE 272 NOVA ELETRONICA 24 CHANFRO com um “—"; a inversdo dos fios pode vir a danificar a bate- fia, por isso, muito cuidado nes- se ponto; — Durante a recarga, na for- magao de gases explosivos pela bateria e, devido a isso, deve-se evitar faiscas e até mesmo cigar- fos, nas proximidades da mesma; Pelo mesmo motivo, é aconselhavel deixar 0 cofre do motor aberto (caso a bateria es- teja em seu interior) durante a recarga; 0 préprio ambiente nao deve ser totalmente fechado; — Arecarga tem uma duracao variavel, que depende do estado da bateria, mas pode tomar des- de algumas horas, até 24 horas, com baterias muito descarrega- das; — Aconselha-se desligar o carregador logo apos, ou pouco tempo apés, 0 acendimento do LED de «carga concluida», pois © carregador esta em constante funcionamento e uma carga ex: cessiva pode vir a danificar a ba- teria: — ‘Durante a recarga, é normal ‘© aquecimento da bateria. Estes so os cuidados basi cos a observar durante a recarga . Caso 0 montador sin- ta falta de dados mais pormeno rizados, aconselhamos que se dirija a'uma oficina especializa da em eletricidade de automo- veis, ou que consulte folhetos tecnicos sobre a sua propria bateria. © carregador representa uma grande economia, face ao custo das recargas executadas por ofi- cinas especializadas e, usado de acordo com as instrugées, sera econémico por muito e muito tempo. 25 NOVA ELETRONICA 273

You might also like