Etica Fe Vida

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dé Cristo A Etica José M. Castillo “Eles nao tém vinho” Jo 2,3) Etica, fé e vida Encontramos frequentemente pessoas que se quei- xam da falta de credibilidade da religiao, da Igreja, da pregacao eclesidstica. E 0 fato é que os que se queixam disso tem razao para fazé-lo. Talvez, nunca como agora, as instituigdes religiosas se viram tao carentes de credibilidade por parte de grandes seto- res da populacao. Mais concretamente, o que chama a atencdo neste momento é que, enquanto a crenca em Deus e 0 desejo de espiritualidade se mantem na maior parte das pessoas, a fé na Igreja e o senti- mento de pertencer a ela diminuem dia a dia. Ca- minhamos diretamente, a uma grande velocidade, para uma “espiritualidade sem Igreja”’. Nao se trata, 1. MILLAN ARROYO MENENDEZ, Hacia una espiritualidad sin Iglesia, in J. E TEZANOS, Tendencias en identidades, valores y creencias, Madri, Sistema, 2004, 409-436. Adtica de Cristo neste capitulo, de analisar por que“ocorre isso hoje. Se faco mengio a este assunto, € porque ele dé ensejo a que se compreenda um dos aspectos mais desconcertantes da ética de Cristo. Vou explicé-lo analisando 0 primeiro dos “sinais’ que Jesus realizou em sua vida publica Antes de tudo, ¢ preciso dizer algo sobre os “sinais”. © evangelho de Joao termina seu relato com estas palavras: “Jesus operou ante os olhos de seus discipulos muitos sinais que nao estdo consignados neste livro. Estes foram escritos para que creiais que Jesus € 0 Cristo, o Filho de Deus, ¢ para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo 20,30-31). Assim resume o - tiltimo evangelho o que foi a atividade de Jesus, De acordo com 0 que aqui se afirma, tal atividade consistiu em uma série de “sinais", que ficaram por escrito porque tais sinais produzem “fe” e essa f€ da “vida”. Temos, por- tanto, trés palavras-chave: “sinais”, “fé” e “vida”. Jesus realizava coisas que tinham um significado. Por isso, tais coisas sao denominadas “sinais”, sinais que produzem uma profunda experiencia que € a fé. E com tudo isso, 0 que Jesus queria, definitivamente, era dar vida. Que a pessoa tivesse uma vida plena, digna, segura, feliz. Por isso curou os enfermos, deu de comer aos famintos, acolheu os estrangeiros ¢ excluidos sociais, tratou com res- peito ¢ delicadeza as mulheres e as criancas, conviveu com’os pecadores @ as pessoas malvistas na sociedade de seu tempo. Mas ndo somente isso Porque a vida, inclusive a mais segura e a mais digna, afinal de contas, chega a um momento em que se vé limitada, enferma e termina na morte Dai que Jesus disse muitas vezes que a vida, que ele prometia, ¢ a vida “eterna” (Mt 25,46; Mc 10,30; Le 18,30; Jo 3,15.16.36; 4,14.36; 5,24.39; 6,27.40.54.68; 12,25.50; 17,2.3), a saber, uma vida sem limitacdo alguma, , uma vida plena, que nao acabard nem com a morte, mas que, mediante a morte, ver-se-4 transformada e chegara a sua plenitude total. Assim sendo, 0 que gera esta maravilha de projeto, que satisfaz toda aspiracao humana, sao os “sinais” que Jesus fazia. O que quer dizer o evange- Tho de Joao quando fala desses “sinais”? O texto grego do Evangelho utiliza a palavra semeton, a qual indica um ato que € um sinal ou um distintivo que garante, constata e confirma algo*, Diferentemente dos milagres, como atos de poder, os “sinais” so atuacdes que confirmam a presenca de um profeta en- 2. O. HOFIUS, Signo, in L. COENEN, E. BEYREUTHER, H. BIETENHARD, Diccionario Exegético del Nuevo Testamento, II, Salamanca, Sigueme, 1983, 89. “les nao tém vinho” ae viado por Deus e que suscita a fe (cf. Ex 4,1-9). Na tealidade, trata-se de atos de Jesus que produziam, naqueles que os viam e viviam, um efeito concreto e profundo: davam fé (Jo 211.23; 4,53-54; 6,30; 11,48; 12,37; 20,30-31). E, mediante a fé, potencializavam e enriqueciam a vida das pessoas que tinham a felicidade e a sorte de estabelecer contato com tais “sinais”. E importante recordar essas coisas porque s4o a resposta adequada aos que se lamentam da pouca credibilidade de que goza hoje a Igreja, especial- mente seus dirigentes, seus hierarcas. Que “sinais” apresentam esses hierarcas diante de tantas pessoas que hoje nao se sentem atraidas a crer na mensagem transmitida péla lgreja? Sao tais dirigentes religiosos “profetas” que suscitam a {6 na pessoa, ou sao “funcionarios” que velam pela ortodoxia e pelo prestigio da instituicao clerical? Aqui esta o ponto de partida de quanto ¢ posstvel dizer sobre a ética de Jesus. A chave: acabou-se a velha ordem religiosa Nao é 0 caso de explicar aqui, passo a passo, o relato das bodas de Cana (Jo 2,1-11), a respeito do qual o evangelho de Joao diz que foi o primeiro “sinal” feito por Jesus (Jo 2,11). O que importa € responder a esta pergunta: em que consistiu aquele “sinal”? Como é bem sabido, 0 que la aconteceu foi que, quando no meio da festa ficaram sem bebida para continuar a cele- bracdo e o divertimento, Jesus converteu a agua em vinho (Jo 2,9). Dizendo isso, porém, nao tocamos o fundo do assunto ou, se preferirmos, nao ati- namos com a chave do problema. Chegaremos a compreensao dessa chave quando nos dermos conta de que a agua que Jesus converteu em vinho nao era Agua para os usos domésticos ou, mais propriamente, para usos “profa- nos”, ou seja, nao era agua para a vida (beber, preparar alimentos, lavar-se, regar...), mas era agua para a religiao. Q Evangelho diz isso expressamente: “Havia l4 seis talhas de pedra destinadas as purificacées dos judeus; elas continham cada uma duas ou trés medidas” (Jo 2,6). Portanto, seiscentos litros de agua, envasilhadas em pedra. Expressa-se assim, em linguagem me- tafdrica, a enormidade e 0 pesadume da religiio que, como é frequente nas 3, O. BETZ, Semefon, in H. BALZ, Sigueme, 1998, 1391 SCHNEIDER, Diccionario Exegético del N.T., 11, Salamanca, a A tica de Cristo tradigdes religiosas da humanidade, expressa desta maneira © que ja recor- dei antes, citando um texto certeiro do professor Dodds, a saber: que “a pu- reza, mais do que a justica, converteu-se no meio cardeal da salvacao™., Essa convicgdo, que téo profundamente marcou a cultura do Ocidente, fazia-se notar com veeméncia na religiosidade judaica do tempo de Jesus, como consta no capitulo sete do evangelho de Marcos®. Nesse contexto, Jesus foi direto ao ponto desde o primeiro momento de sua atividade publica. Por isso, na primeira oportunidade que teve (segundo o critério de Joao), su- primiu a dgua da religido e converteu-a em vinho, no generoso vinho da vida, sinal da abundancia de vida e do prazer de viver, como 0 haviam anunciado os antigos profetas (Am 9,13; Os 2,24; Jl 4,18; Is 29,17; Jr 31,5)° A questdo esta em compreender o que realmente fez Jesus mediante este gesto simbdlico e profético. © estudo classico de Charles Harold Dodd explica-o com clareza meridiana: “O que é, pois, a agua que é substituida por este vinho de Deus? O evangelista nos deu uma dica ao dizer que as talhas de pedra que Id estavam eram “destinadas as purificacdes dos judeus”. Represen- tam todo o sistema da observancia ritual judaica, e implicitamente a religiao a esse nivel, seja onde for que se encontre, enquanto distinta da religido ao ni- vel da “verdade” (cf. Jo 4,23-24). Portanto, 0 primeiro dos sinais simboliza ja a doutrina segundo a qual “a lei foi dada por Moisés, a graca e a verdade vie- ram por Jesus Cristo” (Jo 1,17). Ea isso o mesmo Dodd acrescenta: “E desse modo que se manifesta a gloria de Cristo: mediante um sinal que proclama a verdade de que com sua vinda a velha ordem religiosa é substitufda por uma ”’_ Na opiniao dos mais autorizados comentaristas do evangelho de Joao, esta interpretacdo € a que tem melhor respaldo no texto. E vem a ser | expressdo da “superacao da Antiga Alianca pela Nova”®. Definitivamente, o que Jesus quis dizer, mediante o primeiro dos “sinais” que tealizou em sua vida, foi que a velha ondem religiosa havia terminado. A partir de entao, Deus manifesta sua “gloria” (doxa) (Jo 2,11) de outra maneira, Jesus tracae marca uma ordem nova: Deus deixou de impor e exigir rituais religiosos ordem nova’ 4. E.R DODDS, Las griegos y lo tracional, Madri, Alianza, 2001, 150. 5. Cf. R, SCHNACKENBURG, EI evangelio segin san Juan, 1, Barcelona, Herder, 1980, 373. 6. R SCHNACKENBURG, op. cit., 378, 7. CH. H, DODD, Interpretacién del cuarto evangelio, Madi, Cristandade, 2004, 348, 8. R. SCHNACKENBURG, op. cit., 379. “Eles nao tém vinho” na € purificacdes sagradas. Em vez disso, Deus se comunica na vida, no prazer da vida, na alegria e no desfrute de viver, em tudo o que, de maneira espontanea, evoca o melhor vinho que nds, humanos, podemos beber neste mundo. S6 o amor é digno de fé Ainda nao tocamos o fundo. O fundo desse relato surpreendente. Nao nos esquecamos de que tudo isso aconteceu em uma festa de casamento. E € fato sabido que, na cultura judaica, 0 vinho evocava, entre outras coisas, 0 sim- bolo do amor prazeroso e apaixonado que flui entre o esposo ¢ a esposa, o amor que os leva a se entregarem mutuamente na intimidade. O Cantico dos Canticos, obra que expressa o auge da literatura amorosa na Biblia, comeca falando de beijos, precisamente os beijos que se comparam com o vinho: “Que ele me beije com boca ardorosa! Pois tuas caricias so melhores que o vinho, Melhores que a fragrancia de teus perfumes. Teu nome é um perfume refinado. Por isso as adolescentes se enamoram de ti. Arrasta-me apos ti, corramos. O rei me faz entrar no seu aposento: ‘Sejamos felizes e alegres gracas a ti’ Celebremos tuas caricias, mais que o vinho. E com razéio que se enamoram de ti” (Ct 1,2-4). £ 0 vinho, o mel € o favo de mel que o amante encontra no jardim da amada (Ct 5,1). “Teu paladar, como um vinho de qualidade... indo direto para meu querido, colando nos labios dos que vao dormir” (Ct 7,10). Mais ainda, como diz a esposa apaixonada:; “Poderia encontrar-te Ié fora, te beija- ria, sen que as pessoas me desprezassem. Conduzir-te-ia, te faria entrar na casa de minha mae. Tu me iniciarias; eu te deixaria beber do vinho aromati- zado, do meu suco de roma” (Ct 8,1-2). A presenca de Jesus nas bodas de Cana foi relacionada, na pregac&io popular, com o sacramento do matrimonio, o que ¢ inteiramente impensavel, = A tica de Cristo uma vez que em todo 0 Novo Testémento nao consta em parte alguma que existisse uma relacao direta entre Jesus e esse sacramento. Tampouco a pre- senga e a intervencdo de Maria, a mae de Jesus, constitui o centro do relato. Nem mesmo a referéncia do préprio Jesus a que nao havia chegado ainda “sua hora” (Jo 2,4). Esses dados nao serviram para outra coisa além de distrair a atencao daquilo que € a chave de compreenso do relato. E essa chave esta em um fato que é inegavel e que, na religiosidade judia daquele tempo, era fundamental, a saber: Jesus nao produziu o vinho do nada, mas tudo consis- tiv em que converteu a Agua em vinho. Nao, porém, uma 4gua qualquer, mas precisamente a dgua da religiao. A agua daquelas purificacées rituais, as quais, segundo o evangelho de Marcos, os judeus se aferravam, enxaguando tacas, jarras e panelas (Me 7,3-4). Pois bem, nessa situacao € nesse contexto de ideias ¢ sentimentos sagra~ dos, Jesus suprimiu a dgua da religiao, convertendo-a em vinho de festa. Con- siderando-se que a relagio simbélica do vinho com o amor apaixonado dos enamorados nao deve ser entendida como uma explicagao rebuscada e fora de contexto. Sabemos que o relato de Cané foi explicado a partir da chave ofe- recida pela lenda de Dionfsio®. Um ponto de vista reforcado por R. Bultmann em seu comentario’ ao quarto evangelho: “Na tealidade, o motivo da historia, a conversdo da agua em vinho, ¢ tipico da lenda dionisiaca””. Por mais ina- ceitavel que seja para alguns a ideia proposta por W. Bousset, segundo a qual co relato de Cana deve ser interpretado em relacao com a lenda do deus Dioni- sio, que durante a noite, no santudrio de Elis, enchia de um vinho excelente trés vasilhas vazias (R. Schnackenburg), é certo que a abundancia e o prazer proporcionados pelo vinho tém muito a ver com o que, em qualquer cultura (judaica, helenista, crista), representa o prazer e o desfrute do amor conjugal, tal como se expressa no simbolismo amoroso do Cantico dos Canticos. O ensinamento de fundo que a pessoa encontra neste relato € genial: “Nao ponhas tua fé na eficacia magica que possam ter os rituais religiosos, por mais que sejam rituais de pureza imaculada; nem ponhas tua fé na presumida e dissimulada salvacdo que brota do puritanismo dos irtepreensiveis; nem 9. Cf. ]. GRILL, Untersuchungen iiber die Entstehung des 4 Evang. II, Tabingen, 1923, 107-120; J. E. CARPENTER, The Johannine Writings, Londres, 1927, 379ss; W. BOUSSET, Kyrios Christos, Gottingen, 1935, 270-274. 10. R. BULTMANN, Das Evangelium des Johannes, Gottingen, Vandenhoed & Ruprecht, 1957, 83. “Eles nao tém vinho” na nos conselhos que te séo dados pelos que te querem ver indo pela vida como pessoa incensuravel; pde tua fé somente no amor, no qual a alegria inefavel do carinho compartilhado € palpavel e se faz visivel, no qual os amantes se fundem em um mesmo projeto ¢ com uma tinica ilusdo, a iluséo apaixonada e apaixonante de dar e receber a entrega livre de quem te quer sem interesse, porque és tu, tal como és, e nada mais”. E dificil converter-se ao Evangelho A enorme dificuldade apresentada pela ética de Cristo nao esta no fato de impor exigéncias que contradizem nossos desejos mais profundos e mais humanos. Absolutamente © contrario. A ética de Jesus torna-se tao dificil de ser assumida por nés precisamente em virtude de sua desconcertante humanidade. © relato das bodas de Cand termina dizendo que este foi o primeiro sinal realizado por Jesus, que assim se manifestou sua “gloria” (doxa) e seus discipulos creram mais nele (Jo 2,11). Assim, e tal como soa, isso nao entra em nossa cabeca. A “gloria” de Deus expressa sua grandeza e sua majestade. E isso, segundo as crencas religiosas dos antigos, manifes- tava-se sobretudo no templo, no clamor dos anjos e por entre a fumaca branca da solenidade liturgica (Is 6,1-5). Pouco mais ou pouco menos, é 0 que muitas pessoas sentem quando assistem emocionadas a grandiosa liturgia de nossas catedrais ou de nossas abadias monacais. E, nao obs- tante, o Evangelho de Jesus, sua Boa Nova, nos diz outra coisa. Segundo o evangelho de Joao, a “gloria” de Deus se manifesta, a partir de Jesus, no gozo da festa e na alegria dos amantes que compartilham o melhor vinho Isso é muito humano! E exatamente por isso ¢ téo divino. Essa é a razao pela qual € tao dificil converter-se ao Evangelho. De uma forma ou de outra, todos nés ouvimos, a todos nds chegou a mensagem das religides que, desde tempos remotos, vém pregando a ética do dever e da remuncia, da moral do sacrificio e da mortificacao, da superagdo, da toleran- cia ¢ da paciencia, da privaco de todo o bem e, acima de tudo, a negacao do prazer proporcionado pelo amor entre os seres humanos. Nossa cultura € nossa religido nos educaram nessa mentalidade. E nao nos explicaram que 0 verdadeiramente dificil € amar buscando sempre a felicidade da outra pessoa, seu exito, seu prazer, sua alegria, sua liberdade, sem pretender jamais domind-la, A ética de Cristo nem fazé-la A nossa imagem e semelhanca, sem desejar que Ihe agrade o que agtada a mim, sem querer de modo algum 0 meu triunfo mais do que o do amigo ou da amiga, do amado ou da amada, sem censuré-la em nada, sem jamais pedir algo em troca. Amar assim, com tal transparéncia de sentimentos € de intencées, isso pureza, isso € a coisa mais dificil da vida. Por essa razao, ai nos deparamos todos com o grande obstaculo para nos deixarmos deslum- brar pela “gléria” do Senhor. E o afirmo novamente: nao nos educaram para isto, nesta ascética do amor prazeroso e da felicidade compartilhada. O co- nhecido historiador Jean Delumeau, em seu excelente estudo sobre “o pecado eo medo”, estudou até que ponto a pregacdo eclesidstica rechagou, durante séculos, tudo o que representa ou produz diversio, alegria e prazer. Desde Sao Jeronimo até S4o Bernardino de Siena, repetiu-se constantemente a paté- tica afirmagao que hoje nos causa espanto: “Rir e regozijar-se com este mundo nao € préprio de uma pessoa sensata, mas de um frenético”!!. E Grignion de Montfort fazia com que as jovens que iam ingressar no convento cantassem: “Beber, comer, dormir, rir, tudo isso deve ser para nds um grande martirio”? Assim sendo, a ideia que se pregava antigamente é que, se Jesus assistiu as Dodas de Cana, “é porque sabia que os convidados se comportariam dentro dos limites da mais estrita decéncia”. Segundo a pregacao religiosa ocidental de todos os tempos, isso é 0 que importa e € o que se ha de buscar antes de qualquer outra coisa. Daf que, para muitas pessoas religiosas de nossos dias, isso continua tendo o valor que sempre teve. © fundo do problema esta no fato de que a obrigacdo religiosa nao ape- nas se dissociow da necessidade humana, mas (0 que € pior) ambas as coisas se defrontaram até o extremo de, com frequéncia, tornar-se incompativeis entre si. Por essa raz4o, pode-se afirmar, sem medo de exagero algum, que a grande revolugio trazida por Jesus, na historia das tradig6es religiosas é da humanidade, consistiu em apresentar um caminho para encontrar 0 divino que no $6 nao supée entrar em conflito com o humano, mas de- monstra que precisamente a divinizagao do homem consiste em sua mais profunda e radical humanizacao 11. J. DELUMEAU, Le péché et la peur, Paris, Fayard, 1983, 510 12. Op. cit, 511. 13. Op. cit., 509,

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