You are on page 1of 39
‘Copyright© 2005, Maria Cristina Macha rie Copyright desta cto # 2008 org Zahar Editor Lt, reese 31 sto 20031-148 Wio defn, ‘el (21) 2108-0808 fa (21) 2108-0800 maje@rabarcom be ‘Ste wsaharcombe Tada dine reservados Areprodusonio-stoiads desta publ odo ‘em parte constituvinagn de dines nor (Lei 961098) (Cap Dupla Design CPB Casogado na fone Sindicto Nicionil dos lors de Lom RL Pie Orting, 161 osha Arteconesitul/Griina Pete Rio Jie ongeZakar same lance) Iochibibtiogai | Arteconciu2.Arteconcinal-Brs.3 Aten ‘SécloXK 1D IL Série 05-240. cepb 70904 cpu 7.06 sumario. Introducao. Heranca Fluxus ‘Manifesto/acio/exposicao De volta a Marcel Duchamp Projetos/situ-acées/registros Cireuitos alternativose arte postal ‘Arquivo como metafora Referéncias efontes Sugestoes de leitura 1) 0) feo ba) 66) ma o 09) Introdugéo 0 Que o senso comum entende porarte éa maior difi- uildade que se enfrenta para a compreensio da arte ‘ontemporiinea, Uma obra dearte, paraamaioria das pessoas, é uma pintura, um desenho ou uma escul- ‘ura, auténtica e nica, realizada por um artista sin- otha e genial, Essas sto as premissas que vém sendo, slesde o Renascimento, sedimentadas no imaginsrio social. Transformaresse tipo decompeténciaartistica ce substitu la por outra & sem ciivida um processo longo edifi [As certezas, arraigadas, causam dificuldades paraacompreensio do queos artistas realizaram, s0- bretudo a partir da segunda metade do século XX. Segundo o imperativo de uma histéria que se move paraa frente,a seqiiénciados"ismos” resiste em aban- ri cristina fore donar idéias ja aceitas, como a nocao moderna de autonomia da arte, para abarcar as poéticas contem- pordneas, A Arte Conceitual problematiza just ‘mente essa concepedo de arte seus sistemas de legit ‘magio, e opera nao com objetos ou formas,mascom idéias e conceitos. Questoes levantadas desde o final dos anos 60 ¢ a0 longo da década seguinte, periodo abrangido pela Arte Conceitual, sio ainda pertinen- tes e mobilizam a critica da produgio, recepgao ecir- ‘culagao artisticas no panorama atual, Por isso, este pode ser considerado um programa inconcluso. A distingao entre Arte Conceitual - como movimento notadamente internacional com duragio definida na histéria da arte contempornea ~ ¢ conceitualis- ‘mo ~tendéncia critica arte objetual que abarca di- ferentes propostas, como arte postal, performance, instalagao, land art, videoarte,livro de artista etc. ~€ muitas vezes difus, Dessa maneira, nto procuro aqui sinteses nem de programas, nem de esilos, mas identifica algu- mas das interrogacdese estratégias langadaspela Arte Conccitual,em especial no Brasil ena América La- tina, para as quais as préticasartisicas atais se vol tam com vigor renovado. Isso porque, vale nota, a [Arte Conceitual, de modo geral,operana contramao dos prineipios que norteiam o queseja uma obra de arte € por isso representa um momento tao significa tivo na histéria da arte contemporines. Em ver da permaneéncia, a transitoriedade; a unicidade se esvai Irente & reprodutibilidade; contra a autonomia, a contextualizagdo;a autoria se esfacela frente as post cas da apropriagao; a fungao intelectual é determi antena reeep¢ao. Tais contradigoesabalam asestru~ turas do sistema da arte ha pelo menos meio século, ‘ou quase um século se pensarmos em Marcel Du- champ. Nas paginas seguintes nos deteremos na influéncia seminal desse artista para a Arte Con- ‘cituale mais amplamente para aarte contempors- nea. certo que as vanguardashistéricas,em especial rica’, October n.4, outono de 1977. sugestdes de leitura Comenro Aearxo algumas das obras mencionadas na secdo anterios, além de indicar outras eituras. (+1 Ha vérias revisbes da Arte Conceitual publicadas, como Tony Godfrey, Conceptual Art (Londres, Phaidon, 1998), Michael Newman ¢ Jon Bird (orgs.) Rewriting Conceptual Art (Londres, Reaktion Books, 1999) e Alexander Alberroe Bake Stimson (eds.),Con- ceptual Art: A Critical Anthology (Cambridge, MIT Press, 1999), Nelas, e sobretudo em Conceptual Art, organizado por Peter Osborne (Londres/Nova York, Phaidon Press, 2002), de diferentes modos levanta-sea questao do contetido politico do conceitualismo la- tino-americano em relagao & narrativa dominante da historia dart. Esse tema foitambém tratadopor Mary Carmen Ramirez em “Blue print circuits: Conceptual mo cristina freee z Artand politics in Latin America’, publicado original- ‘mente no catélogo daexposigao"Latin Americanart of the twentieth century” (Nova York, MoMA, 1993). {+1 Em meu livro Poéticas do processo: arte conceitual ‘no museu (S20 Paulo, lluminuras, 1999), tomoacole- 0 de obras conceituais do MAC-USP como ponto de partida para analisar 0s limites impostos incor- poracao da Arte Conceitual aos museus, Observo aia influéncia do MoMA de Nova York na criagio dos ‘museus modernos no Brasil. Sobre o assunto ver ainda Aracy Amaral, Museu de Arte Cantempordnea da Universidade de Sao Paulo: perfilde umacervo ‘Sao Paulo, MAC-USP/Techint, 1988). {110 catilogo da exposigdo O queé Fluxus? Oque nao é! porqué (CCBB, 2002) publica contribuigoes de Jon Hendricks, itegrante do Fluxus, e do fldsofo Artur Danto. Ver também Walter Zanini, "A atualidade de Fluxus’ ARS vo.1,n.3 (Sio Paulo, ECA-USP, 2004). {+1 The Return of the Real, de Hal Foster, aborda o minimalismo em relagao a arte moderns. Em seu livro Recodings: Art, Spectacle, Cultural Poliscs(Seat- tle, Bay Press, 1985), Foster) observaraa necessidade de narrativasalternativas& historia e&teoria da arte dominantesa fim de levantar novas conexdes politi case tragar outros mapas culturais. {+}0 extenso titulo completo do livro organizado por Lucy Lippard indica seus propésitos:"Seis anos: a des- ‘materializagao do abjeto de arte de 1962 a 1972: um livro de referencias informagies sobre alguns limites estéticos: consistindo numa bibliografia na qual se inserem fragmentos de textos, trabalhos artisticos, documentos, entrevistasesimpésios organizados cro- nologicameente enfocando a chamada arte coneeitual, arte informagao ou arte idéia com mengoes a areas vvagamente designadas como minimal, antiforma,sis- temas, earth, arte-processos, ocorrendo agora nas Américas, Europa, Inglaterra, Austrélia e Asia (com temsticas politics ocasionais)”. O livro do espanhol ‘Simon Marchan Fiz Delarteobjetualal artedeconcepto: Lasartesplasticasdesde 1960 (Madi, Akal, 1972) intro- dz a idéia de um “conceitualismo ideol6gico” emer- gindo de paises periféricos que ja demarcaria a dife- renga da Aste Conceitual que se firmaya entao na Américado Nortee na Inglaterra. 41 As questées levantadas pela Arte Conceitual sio aprofundadas por Jean-Mare Poinsot em Quand. oeuvre a liew, sobretudo pela anslise dos dispositivos criticos para sua inscri¢do nahistorialaarte contem- Poriinea para os quais as condigdes de exposicio das obras sio reveladoras, {11"Noteson the index: seventies artin America” e“Vi- deo: the aesthetics of narcisism” (October n.1, prima~ vera de1976) sdoensaios clissicosde Rosalind Krauss que contribuem paraa teoriaecritca das poéticasdo Period, te] rte concetuat

You might also like