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Wal : em anar ) Karim re hrvmnd pc) ! Cen) 4 ) Re Cea Reflexoes e Ensino > Pee ROC n PEGE Ey | Lata Peer PR ee COT) Err Tc) ‘ida Garcia Lopes-Rossi | a Rodrigues Rojo Pree ey We oe OR oe mere i Tai Paty NY sacios, sem autorizaga0 expres ~~ MAMEDES Bo ee ox 0 Sr BLIDIECA CENTRAL “ZILA & Pde ies ue ap ee Diagramagao /__—— = pas) — Letra & imagem we ; Fomegedor Io Prt Faederco de Mello Neto Jaw ua SD om f+ 2001023 5 Cordovan Fred _aAdd Praco Artefinal de cape Rossana Henriques FEmpenho 4h- 4893 )oF : 7 cIP-Brasil. Cata do na fonte 49 [v G | of sinticate Neclonal dos Eatores de Livros, RI Hegbh 4)3 5 G2 2ed. - : . Géneros textuais : reflexdes ¢ ensino / Acir Mario Karwoski, Beatriz Gaydeczka, Karim Sicbencicher Brito (orgs.). ~ 2.ed. rev. ¢ ampliada. — Rio de Janeiro : Lucerna, 2006 192 p. ; 23cm. Inclui bibliografia ISBN 85-86930-54-7 1. Linguagem ¢ linguas ~ Estudos e ensino. 2. Anilise do discurso. 3. Professores de lingua ~ Formagao. I. Karwoski, Acir Mario. I. Gaydeczka, Beatriz. III. Brito, Karim Siebeneicher. CDD-407 06-0731 CDU-81 EDITORA LUCERNA® é marca registrada da poiara Mra ariaiiaes Lrpa. lina, 210 ~Jd. G a 21931-380 ~ Rio de ea felefax: (21) 3393-3334 1 2462-3976 came ucemna.com br / info@lucerna.com.br “ostal 32054 — CEP 21933-970 ~ Rio de Janeiro — RJ Géneros discursivos no ensino de leitura e producdo de textos Maria Aparecipa Garcia Lopes-Ross! (UNITAU) Apresentagao Ja € bastante difundida, pelo menos nos meios académicos, a orientagao discursiva (ou enuncid posta pel Ficulares_ iais ~ PCN (BRASIL, 1998) para o ensino de lingua portuguesa, fundamenta- da, em parte, na teoria dos géneros discursivos de Bakhtin (1992) e, como comenta Rojo (2000, p. 9), em “releituras didaticas dessa teoria” feitas por pesquisadores do Grupo de Genebra. Alguns dos textos desses autores estéo reunidos em Schneuwly e Dolz (2004). A divulgagao dessas idéias e propostas, bem como de discussdes e experiénci- as para sua transposicao didatica e, conseqiientemente, implementagao dos PCN tem sido feita com muita competéncia por muitos dos participantes deste II SIGET, iluminando novos caminhos e possibilidades para o ensino. Manifesto aqui meus agradecimentos e reconhecimento a esses pesquisadores por muito do que aprendi nos iiltimos anos em que venho estudando esse tema e por muito do que ja pude concretizar no meu trabalho como formadora e capacitadora de professores. O contato profissional com professores de diversas cidades de minha re- gido — Vale do Paraiba (Sao Paulo) — ¢ regides circunvizinhas leva-me a crer que, fora dos meios académicos, no entanto, o conhecimento sobre o traba- Iho pedagégico com géneros discursivos ainda é bem restrito, Os professores manifestam-se muito interessados no assunto, porém, carentes de fundamen- tagdo tedrica e de exemplos praticos. Assim, oportunidades como esta de divulgacao das caracteristicas principais de projetos pedagégicos bem sucedi- dos podem contribuir, num cendrio mais amplo, para a realizagio de novos Projetos, adequados e adaptados as diversas realidades do pais. Proponho-me aqui a expor e comentar as principais caracteristicas de pro- jetos pedagégicos de leitura e produgio escrita de géneros discursivos desenvol- vidos sob minha orientacdo em muitas escolas ptiblicas ¢ particulares, dos niveis fundamental, médio e superior, de varias cidades. Alguns desses projetos esto descritos com detalhes em Lopes-Rossi (2002). Os professores que desenvolveram GENEROS TEXTUAIS: REFLEXOES E ENSINO cetuidos sobre a fundamentagio tedrica bas saico — alg Ja académicos do tiltimo ano de agigico ~ alguns aind vara esse enfoque pedagogi " ee nanifestaram-se muito Si isfeitos com OS resultados, surpresos pela Er okcio dos *inspiradlos para novos projetos. Nao ra- paca os, motivados ¢ articipagao dos altunos, Pipnente essa mrotivagao se estenet 3 OULTOS professores da escola. posigdo desse assunto, farei algumas considerac6es sobre o fato de de maneira geral, néo apresentarem propostas de atividades 0s livros didticos, oon géneros discursivos na dimensiio em que esse tema deve ser abordado. esses projetos apés um periodo dle Apés a eX} Estrutura de projetos pedagégicos para leitura e producao de géneros discursivos na escola ico com géneros discursivos, de acor- do com os pesquisadores do Grupo de Genebra, € 0 fato de proporcionar 0 desenvolvimento da autonomia do aluno no processo de leitura e producao textual como uma conseqiiéncia do. dominio do funcionamento da linguagem em situacdes de comunicacao, uma vez que é por meio dos géneros discursivos que as praticas de linguagem incorporam-se nas atividades dos alunos. ~ Cabe ao professor, portanto, criar condigdes para que os alunos possam se de caracteristicas discursivas e lingiisticas de géneros diversos, er feito com muita eficiéncia por Um dos méritos do trabalho pedagogi apropriar- em situagdes de comunicagao real. Isso p meio de projetos pedagdgicos que visem ao conhecimento, a leitura, & discus- séo sobre 0 uso eas fiungbes sociais dos generos escolhidos ¢, quando pertinen- te, asa produgio escrita ¢ circulagio social. Como comentei em Lopes-Rossi (2002, p. 30-13), as atividades de leitura, por si s6, podem constituir-se objetivo de um projeto pedagdgico. Nem todos os géneros se prestam bem a produgio escrita na escola porque suas situagdes de produgdo e de circulacao social dificilmente seriam reproduzidas em sala de aula ou porque o professor julga conveniente priorizar, em certos momen- tos, atividades de leitura. Essas, na perspectiva aqui proposta, permitem uma releitura, 4 luz do conceito de género discursivo, dos modelos tedricos interatvstas, bastante divulgados por Kleiman (1993 ¢ 1996) e Solé (1998), & 7 ean Cujas caracterfsticas principais podem ser conhecidas catodan Tie, sale, Uma associagiio de caracteristicas de Lopes (1996) Bases model rabalho pedagégico jé foi proposta por Moita- independent perkins —— oo de leitura desenvolveram-se de forma associlos torma-se mais compres ee ne eNO 4 possibilidade de ipreensivel e vidvel. foe | | GENEROS DISCURSIVOS NO ENSINO DE LEITURA € PRODUCAO DE TEXTOS 75 Alguns generos discursivos que se prestariam bem a projetos pedagégicos de leitura, nos varios niveis de ensino, sio rétulos de produtos, bulas de remédio, propagandas de produtos, propagand: Politicas, etiquetas de roupas, manuais de instrugio de equipamentos, contratos, nota fical. As atividades de leitura, em cada caso, devem levar os alunos a perceber que a composigao do género — em todos 0s seus aspectos verbais ¢ nio-verbais, nas informacées que apresenta ou omite, no destaque que da a algumas mais do que a outras é planejada de acordo com sua fungao social e seus Propésitos comunicativos. Isso contribui para a formagio de um cidadio critico e participativo na sociedade. Exemplos de outros ggneros que se prestam bem a atividades de] Teitura para entretenimento, aquisi- Gao de conhecimentos ou resolugao de problemas sio poesia, romance, verbete de dicionario, lenda, fabula, cordel, adi ‘inha, piada, letra de mtisica, mapa. A leitura de géneros discursivos na escola nao pressupde sempre a produ- fo escrita, Esta, no entanto, pressupde sempre atividades de leitura para que 6s alunos se apropriem das caracteristicas dos géneros que produzirao. ». E por isso que, no meu entender, um projeto pedagégico para producio escrita deve sempre ser iniciado por um maédulo didatico de leitura para. que os alu- Ros se apropriem das caracteristicas tipicas do genero a ser produzido. © esquema a seguir reflete uma série de fundamentos sobre o trabalho com projetos pedagégicos, como expostos em Lopes-Rossi (2003a), e sinteti- 2a as etapas de desenvolvimento de projetos pedagdgicos visando a produgao escrita de géneros discursivos. Médulos didaticos Seqiiéncias didaticas Série de atvidades de letura, comentarios © Leitura para apropriagio das discussbes de varios exemplos do genero para carcteristicas tipicas do género | mam | conhecimento de suas caracteristicas discursivas, discursivo {ematicas e composicionais espectos verbais © nio- verbais) Série de aivdades de produgio: ~ Planejamento da produedo (assunto, esbogo geral, forma de obtengto de informagses, recursos nnecessérios) Produgdo escrita do genero de ~ Coleta de informagdes acordo com suas condligdes de | mmm | ~ Produgdo da primeira versdo producao tipicas = Revisdo colaboratva do texto ~ Produgio da segunda versio = Revisio colaboratva do texto ~ Produgio da versio final, incluindo o suporte para ireulagio do texto Série de providéncias para efetivar a cireulagio da Divulgagao a0 publico, de produgao dos alunos fora da sala de aula e mesmo acordo com a forma tipica de | mam | da escola, de acordo com as necessidades de cada cireulagdo do genero evento de divlgagio e das caracteristicas de itculagdo do género GENEROS TEXTUAIS: REFLEXOES E ENSINO 76 ys concretizaram-se com sucesso Como de Icitura ¢ produgao escrita, em di- os Fundamental e Médio: abaixo relacionade os pedagogice Dlicas ¢ particulares dos Ensin rtazes para divulgagao de duas festas promovidas pela es- abelecimentos comerciais do bairro. ificados com antincios de servigos prestados por familiares e amigos e distribut-lo 0s objetivos abaix resultado final de proj versas escolas pti 1. Produzir cola ¢ afix _ Elaborar um jornal de ou de produtos caseiros vendidos los em va pelo bairro. 3. Confeccionar cartdes de natal 4. Produzir livros de contos (de mistério, ilustragdes para langamento em evento da escola. 5. Produzir livros de poesia. : 6. Elaborar jornal e revista — impressos € yeiculados pela internet - com reportagens sobre a cidade e sobre temas de interesse dos alunos. 7. Confeccionar cartazes veiculando propagandas sociais visando a conscientizagio sobre temas atuais e apresenta-los em local de circula- ao de seu piiblico alvo. 8. Elaborar criticas de filmes selecionados para uma semana de cinema na escola e divulgé-las, em forma de catélogo, para orientar a escolha do publico convidado a assistir aos filmes. 9. Elaborar criticas de CDs para inseri-las na programacao da radio da escola antes da apresentacdo das musicas. 10. Elaborar noticias para a radio da escola. 11. Elaborar parddias para um concurso na escola, 12, Elaborar curriculum vitae com carta de encaminhamento e, ainda, carta de solicitagao de emprego para enviar a empresas da cidade, bus- cando, de fato, um emprego. ¢ envid-los a familiares € amigos. fantasticos, de humor) com 13. Produzir livros de histérias infantis ilustrados (visando a um piiblico- alvo de 6 a 8 anos) para doagio a uma escola ptiblica da cidade. / \ Caracteristicas dos médulos e das se jee acordo com Lopes-Rossi (2003) aéncias didaticas, GENEROS DISCURSIVOS NO ENSINO DE LEITURA E PRODUCAO DE TEXTOS 77 discursivo escolhido para o projeto a partir de varios exemplos. £ fundamen- tal que o aluno tenha contato com 6 portador daquele género, que pode ser um jornal, uma revista, uma embalagem, uma folha de papel. Ainda que 0 professor reproduza o texto para todos, deve procurar levar 0 original para a sala de aula. A percepgao dos aspectos discursivos do género permite enten- der melhor também sua organizacao textual. Por “caracteristicas discursivas” — de uma forma nao tio teoricamente aprofundada, mas possivel para a sala de aula e minimamente suficiente para 0 trabalho pedagdgico — podemos entender as condigdes de producio e de circulagao de um, genero, de maneira.geral reveladas com respostas a indaga- ges do tipo: Quem escreve (em geral) esse género discursive? Com que pro- pésito? Onde? Quando? Como? Com base em que informacées? Como 0 re- dator obtém as informagdes? Quem escreveu este texto que estou lendo? Quem Ie esse género? Por que o faz? Onde o encontra? Que tipo de resposta pode dar a0 texto? Que influéncia pode sofrer devido a essa leitura? Em que condicées esse género pode ser produzido e pode circular na nossa sociedade? /— Esse nivel de conhecimento do género discursivo permite uma série de inferéncias, por parte do leitor, para a escolha vocabular, 0 uso de recursos lingiiisticos e nao-lingitisticos, a selecao de informagées presentes no texto, a omissao de informagées, 0 tom e 0 estilo, entre outros, S40 comentarios que proporcionam aos alunos, ainda que de forma gradual, a percepcao da rela- do dinamica entre os sujeitos e a linguagem e a percep¢ao do carter histéri- co e social do género discursivo em estudo. “Na seqiiéncia, as atividades de leitura também devem levar os alunos a perceber: a tematica desenvolvida pelo género discursivo em questio; sua forma de organizacao (distribuicao das informagdes); ¢ sua composigio ge- ral, que inclui determinados elementos nio-verbais, como: cor, padrio grifi- co (diagramagao tipica), fotos, ilustragdes, graficos e outros tipos de figuras ou recursos, Deve-se observar que 0 suporte no qual o género circula também apresenta caracteristicas determinadas (um papel com determinada grama- tura e tamanho, um livro, uma embalagem, uin suporte metilico, de madeira, uma revista, um jornal). Essas observages remetem a aspectos das condi¢des de produgio e de circulacaio do genero. Na perspectiva de ensino atual, ¢ fundamental que consideremos como is dos géneros nao apenas 0 text parte das caracteristicas composiciona ver bal, mas também todos os elementos nio-verbais que os compoem. Uma re- portagem de revista, por exemplo, permite a construgio de intimeros signifi- cados pelo leitor a partir de tamanho e tipo das letras ~ especialmente do titulo -, divisées do texto, foto, cores, posigdo na pagina, posi¢io na revista, GeNEROS TEXTUAIS: REFLEXOES E ENSING 78 tipo de revista em que esta publicada, entre ver rejeitado ou causar ma impressdo sobre antes mesmo de ser lido, apenas pela 4rios exemplos do género exto ¢ das fotos, Jum vitae pode emprego nentarios sobre os Vi a perceber que, apesar das caracte- tamanho do t outros. Um currict! ; to a uma vaga de apa isso, OF COM éncia, Além disso, 05 ¢ aparéncia. / a ee ferecidos pari yao levar o alu ecidos para leitura vaio " et ae, ape das arc : sie historicamente estabelecidas para o genero, ha uma dete: fsticas socio-hi a cio possivel. ve gem de variagao poss! _ il da margem ja de atividades desse primeiro médulo didatico contribui para ‘A seqiiéncia de atividades 6 desenvolvimento de habitidades de leitura dos alunos (um preter Bola, mente, nao vai transformar o aluno num leitor proficiente da noite ih dia, mas & um passo & frente) € 0 prepara para a produgdo escrita no sentido de dot-lo dos conhecimentos, ainda que basicos, sobre o género. : A organizagao composicional tipica do género discursivo a er_ produzido as condigdes que determinam sua produgao e circulacao sao dois_niveis de conhecimento basicos ao dominio da escrita de textos para que o aluno saiba onde buscar informacdes necessdrias para sua producao escrita, quais infor- mages selecionar para seu texto e como organizé-las por escrito. No ensino tradicional de redacao, o aluno, geralmente, é solicitado a escrever-a partir de suas proprias idéias e opinides. A redagao a partir de géneros discursivos exige que o aluno obtenha informagoes para o texto da forma mais adequada ao género em estudo porque sua produgao ira circular de fato — esse € 0 objetivo final do projeto e a melhor motivacao que se pode oferecer aos alunos. No ambito de um projeto assim organizado, fica mais clara e eficiente a contribuicao que a leitura pode dar ao processo de producio escrita. Nao é 0 pate Seeecerem apenas modelos para os alunos reproduzirem, E 0 caso aproptaeta dar Uda ane ‘a competéncia comunicativ A ataaar ae : pica do Bénero. em estudo. quantidade de horas-aula para o médul Plexidade do género e dos conhecimentos préy se pode realizar esse médulo lido, Em resumo, como: sele¢ distribuigac 0 candidal lade de desenvolver su: pela lo de leitura depende da com- ios dos lunos. E certo que ndo : algumas pergunt rd organizé-lo e tidade apenas com © professor deve io de uma certa quan sobre o texto mM seqiiéncias de atividades D desses textos pata ov alee, (eas wero a ser estudade Prévio dos alunos sobre 9 shits: 3 unos; levantamento do conhecimento género; atividades lee 7 aoa = sobre aspectos discursivos do Composicionais; opcio; Agao de seus aspectos tematicos ¢ $40 de outros exe Pp ; nalmente, Pesquisa dos Préprios alunos pa bten- ‘Mplos; sintese dos aspectos observados S para ol AN GENEROS DISCURSIVOS NO ENSINO DF LEITURA E PRODUCAO DE TExTOS, a). Modulo didatico 2; Producao escrita O segundo médulo did com os altunos organizados em pequenos grupos troca de informagoes, a divisio de tarefas, se 0 género for mais complexo, entre outras vantagen: : ‘Atico, de produgao escrita, pode ser desenvolvido so favorece a interacao, a E necessirio, para manter a esséncia da pro 4 posta pedagégica, que a ob- rias a ‘0 texto € 4 redacdo propriamente dita seja cee o desse género em nossa sociedade. Assim, se um jornalista, por exemplo, prepara ou recebe uma Pauta para sua reporta- gem, entrevista varias pessoas, observa_a realidade que envolve o assunto (lugares, pessoas, objetos, fatos), Pesquisa em fontes impressas para obter informagoes necessarias, anota-as, 8rava-as, organiza-as num texto com cer- tas caracteristicas especificas, faz fotos, revisa seu texto, também os alunos deverao proceder da mesma maneira para a produgao de suas reportagens. Naturalmente, o professor deve avaliar com a sala a viabilidade de certas producées, considerando as possibilidades de deslocamento dos alunos na cidade, as fontes de informacao disponiveis, além do interesse do tema para o Publico-alvo. Com a mediacao do professor, os alunos chegarao a projetos interessantes € exeqitiveis. Pode-se perceber que também essa seqiigncia de atividades nao se realiza num dia, Varias horas-aula serio necessdrias, além de algumas atividades extra-classe dos alunos para a obtencio de informa- ges necessirias ao texto. Revisdo e corregao_participativa dos textos produzidos pelos alunos, volvendo o professor, outros colegas da sala e até mesmo outros leitores sio_ atividades muito importantes nesse médulo. Nao se pode esperar que.a pri- Meira versao do texto ja esteja perfeita. A opinido dos colegas quanto ao contetido e organizagio geral do texto € desejavel nio apenas como. contri- buicao & produgao, mas também como um exercicio de leitura critica do género. A intervengao do professor em outros niveis de dominio da escrita — ~O gramatical, de organizacao de parigrafos, de coesio textual, de adequagio. vocabular — é prevista nessa fase. Refacgio do texto ¢ mais uma revisio_ s. Para alguns alunos, uma terceira refacgo pode tengao de informagoes necessA feita de acordo com a produg colaborativa sio_necessér ser recomendada. : Como comentei em Lopes-Rossi (2002), essa etapa de correrdo . textos pode permitir ao professor sclecionar dificuldades gramaticais dos alunos e usd-las em exercicios de andlise lingiiistica, em outros ee de aula, Certas dificuldades decorrentes de caracteristicas especificas do género GeneRos TEXTUAIS: REFLEXOES E ENSINO 80 uzido podem ser previstas ¢ abordadas em exercicios js atividades de producto esc olvidos com éxito no é! 2), mostraram que, nesse con- mostram mais atentos as formalidades da escrita preocupados em apresentar ao pti- bem acabado. [sso inclui colocar 0 texto no lovidencias especificas. Uma revista para por exemplo, deverd ser organiza- da com capa, sumirio ¢ expediente, edeverd ser reproduzida em dade, ainda que num processo grafico simples (0 que estiver ao tro exemplo, poderao ser rita. discursivo a ser prod nsino fundamental e alelamente gicos desenv 1 Lopes-Rossi (200: especificos pa Projetos pedagog no médio, como relatado er texto de ensino, Os alunos se tm fangio do objetivo pretendido. Esti plico um produto final bonito, portador adequado, o que exige Pr ar as reportagens feitas pelos alunos, divulga pelo menos, certa quanti da escola). Cartes de natal, para dar um ou} alcanee ; idade que quiserem. confeccionados pelos proprios alunos, na quant Modulo didatico 3: Divulgac3o a0 publico O terceiro médulo didético — divulgacdo ao ptiblico das_producoes dos alunos de acordo com a forma tipica de circulacao do género — requer algu- mas providéncias, como montar uma exposi¢ao ou distribuir os textos ao piblico-alvo. £ uma etapa de grande satisfagao para todos os envolvidos no projeto. Sentimentos como emogao e orgulho encerram um processo que, certamente, contribuiu muito para o desenvolvimento das habilidades co- municativas dos alunos e para a ampliagio de seu conhecimento de mundo. Observacées gerais sobre projetos pedagégicos para leitura e produgdo de géneros discursivos 7 Dadas as caracteristicas de um projeto p: scursivos, pode: cluir aio é ey po aon ut que nao é possivel desenvolver num ano letivo quantidade de projetos. No er nto, 0 beneficio para os alunos decorre da i quantidade de I vimento das varia Projeto envolve, do desenvol- mentos que mobil ara produgio escrita de géneros atividades que cada habilidades que exi es que exige dos alunos e dos intimeros conheci- O sucesso dessa Propost: danga de concep¢ao de ensi condigées, um professor orientador e parceiro dos al interacao entre os alunos, a a pedagdgica cruci Pedagogica depende crucialmente de uma_mu- ‘d_que requer, entre outras ino de_produgaio escrit que atue como medi: sum contexto que favorega @ le co metas vO nhecimentos, a valorizagio das habi- GENEROS DISCURSIVOS NO ENSINO DE LEITURA E PRODUCAO DE TEXTOS lidades individuais “Gao do objetivo fina jo longo do proceso (€ nao apenas em uma ou outra atividade). Duas dificuldades ainda enfrentadas pelos professores 0 professor interessado em informagdes sobre o trabalho em sala de aula com géneros discursivos enfrenta, ainda, varias dificuldades, duas das quais comento a seguir. Ha uma escassez de caracterizages de géneros discursivos interessantes ao ensino. Géneros literdrios ¢ alguns empresariais ja foram bastante estuda- dos, porém, muitos outros carecem de uma anilise que os considere sob as- pectos lingilisticos, textuais, graficos e discursivos, numa dimensao que real- mente possibilite ao professor um trabalho de leitura ¢ de producao que amplie ‘a capacidade comunicativa dos alunos. Mesmo os géneros citados como mais estudados na tradi¢ao lingiiistica costumam ser abordados apenas em seus componentes lingiiistico-textuais. Isso € pouco para um ensino orientado por géneros discursivos. Outro aspecto a ser considerado na dificuldade que os professores enfren- tam para uma mudanga de sua pratica pedagégica é 0 modelo de produgio de texto mantido pelos livros didéticos. Ainda que edigdes mais recentes de algu- “mas colecées proponham-~ i nas paginas dedicadas a orientagao ao professor, os PCN ¢ varios autores em quem se fundamenta esse documento, podemos observar_que as a ividades. propostas ndo atingem a expectativa de um trabalho que realmente aborde os géneros em toda sua dimensio. Uma anilise de quatro volumes (5, 6,7 € 8) da colecdo didatica de Fernandes ¢ Hailer (2000), edigdo ndo-consumivel, portanto, ainda valida para 2003, levou-me as seguintes conclusdes, que resu- mo de Lopes-Rossi (2003b): - Quantitativamente, as propostas de produgio escrita em cada um dos livros foram: Livro 5 ~ 10 géneros discursivos; M4 propostas de producao escrita; Livro 6 — 14 géneros discursivos; 19 propostas de produgio escri- ta; Livro 7 — 15 géneros discursivos; 18 propostas de produgio escrita; Livro 8 — 17 géneros discursivos; 24 propostas de produgio escrita, - A grande quantidade de géneros € de produces propostos em cada livro nao permite o desenvolvimento de projetos pedagégicos nos mol- des do que propdem os PCN pelo curto tempo _reservado a cada uma, pela maneira tradicional de propor a leitura_e_a_produgio escrita - GéNeROS TEXTUAIS: REFLEXOES E ENSINO 82 i texto e uma proposta s poucas perguntas sobre 0 contetido a des. Em muitos ca- agus i, escrever — ¢ pela seqiiéncia de atividades. F no es para o alum 505) s varios trecl énero discursivo e — pg alunos Iéem varios trechos de textos de um gé 0 is ir tro. | - jlevem produzir ou . . iciitclat all 6 cont to dos alunos com o género em estudo é mini P tados fragmentos de a ou ent do género discursivo aluno devera produzir em seguida. Mo ington oo poser gs pra de al oun exemplos do genero discursivo que seré produzic i naa nao reproduz o género com todas as suas caracteris cas gi , de tamanho, de textura, bem como nao reproduz as caracteristicas do seu ico. je que nao permite que o aluno, em situagées reais de comunicacao, possa reconhecer um determinado género discursivo e construir uma série de significados a partir de sua leitura. insuficiente é a exploragio dos aspectos disc \s dos géneros. Os alunos séo orientados a imaginarem ¢ inventarem suas produces es: ctitas a partir das proprias idéias. Na grande maioria dos casos: — E proposta uma etapa nica de produgao dos textos, sem tempo ou orientacao para um processo de revisio e refaccao dos textos. | Ha ape- nas a sugestéo de trocar 0 texto com um colega para sugestdes. ~ Nao € proposta-a-circulagao. da producio dos alunos além dos limites dda sala e de acordo com as condigdes de circulagao do género. Como as producées sao feitas fora de um contexto adequado, pelos varios moti- Vos citados, 0 resultado nem sempre € algo que se possa mostrar para o grande ptiblico, As atividades sao descontextualizadas, vengao dos alunos ou ina sem finalidade, baseadas-na_in- dequadas para a faixa etaria, S40 escrita observadas nos quatro livros, hé Professor coloque os mento seria adequado, o nar beneficios aos alunos. Conclui-se que as atividades arem d GENEROS DISCURSIVOS NO ENSINO DE LEITURA E PRODUGAO DE TEXTOS 83 Consideragées finais A pratica pedagdgica com projetos de leitura e de produgao de géneros discursivos que tenho acompanhado, com as caracteristicas aqui descritas, mostra-se possivel mesmo em escolas com poucos recursos financeiros. De- pende de um professor melhor informado sobre a fundamentacao teérica basica a essa pratica e determinado a mobilizar alguns recursos materiais minimos para a realizacao da tarefa. Ao compartilhar essas experiéncias e conhecimentos, espero ter motiva- do professores ¢ futuros professores (alunos do Curso de Letras) a elaboracao de novos projetos. Desejo que aceitem o desafio de buscar alternativas para um ensino melhor.

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