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CapPiTuLo 13 Teoria dos Cinco Tragos e Fatores de McCrae e Costa Panorama das teoras dos tragose fatores © trabaiho pionciro de Raymond B. Cattell Principio béscos da andlisefatoral 0s cinco grandes fatores toxonomia ou teoria? Biografias de Robert . McCrae e Paul I. Costa J. A procura dos cinco grandes fatores Cinco fatoresencontrados Descrigio dos cinco fares # Evolugdo da teoria dos cinco fatores Unidades da teovia dos cinco fatores Postulados basicos 4 Pesquisa relacionada Tragos ¢ desempenh académico “rages, uso da Internet e bem-estar Tragos eemogao 1 cifticas as teorias dos tragos ¢ fatores ¢ Conceito de humanidade ‘¢ Termos-chave e conceitos etree cost *homas estava em um bar local com alguns amigos | de longe data, mas um deles - Sarnuel - disse algo que realmente perturbou Thomas, que ja tinha bebido muito. Thomas se levantou, empurrou Samuel © comegou uma briga. Clarisse, uma amiga de Samuel, puxou Thomas antes que alguém ficasse ferido, Clarisse nao conhecia Thomas muito bem, mas estava convenci- da de que ele era um idiota agressivo e impulsivo e disse {sso a ele quando os trés sairam as pressas do bar. Sa- rmuel, surpreendentemente, veio em defesa de Thomas e disse: "Sabe, Thomas é realmente um cata legal. Ele ndo assim — ele deve estar em um dia dificil, Dé uma chance aele’ ‘Thomas é um idiota agressive ou esté apenas tendo uum dia dificil? Podemos dizer que Thomas € agressivo e Impulsivo sem saber mais nada sobre sua personalidad? B assim que cle é normalmente? E quando ele nio esta bébado? Ele age de forma agressiva e impulsiva em outras situaybes? A situacao (dia dificil) explica melhor como Tho- sas agiu ou é mais adequado expliear suas ag6es por sua personalidade (idiota agressivo)? Esses sio os tipos de perguntas que os psicélogos fazem. Os psicélogos sociais provavelmente iro expli- car comportamento de Thomas por meio da situagao (dia dific). £ possivel que os psicélogos da personalidade atribuam o comportamento de Thomas a tragos duradou- ros, Um trago torna as pessoas tinicas e contribu para a coeréncia de como elas se comportam em diferentes situagdes e a0 longo do tempo. Os tragos sto 0 foco de estudo de muitos psicélogos da personalidade, mas, his- toricamente, psicélogos diferentes tiveram a propria lista particular de tragos de personalidade em que se focaram © houve pouco consenso acerca de quais eram as princi- pais dimensoes da personalidade. Esse foi, pelo menos, 6 caso até a década de 1980, quando o campo convergiu para uma resposta: existem cinco dimensées principais da personalidade, sao elas: extroversao, amabilidade, conscienciosidade, neuroticismo e abertura 3 experién- cia. Bsses sao os assim chamados “cinco grandes" tracos da personalidade (Big Five) e sua ampla adocao e aceita- cao deve muito as pesquisas ¢ 2 teoria de Robert McCrae e Paul Costa PANORAMA DAS TEORIAS DOS TRAGOS E FATORES Como a personalidade pode ser medida? Por testes padro- nizados? Observagio clinica? Julgamentos de amigos e conhecidos? Os tedricos dos fatores usaram todos esses e outros métodos. Uma segunda questio é: quantos tragos ou disposigdes pessoais 0 individuo possui? Dois ou txés? Mea dizia? Algumas centenaa? Mais de mal? Durante os “lsimos 25 a 45 anos, inémeros estudiosos (Cattell, 1973, TeoRiAs OA PERSONALIDADE 253 11988; Bysenck, 1981, 1997) e varias equipes de pesquisa- dores (Costa & McCrae, 1992; MeCrae & Costa, 2003; Tu- pes & Christal, 1961) adotaram uma abordagem analitica fatorial para responder a tais questées. Nos dias atuais, a maioria dos pesquisadores que estudam os tragos de per- sonalidade concorda que cinco, apenas cinco e no menos do que cinco tracos dominantes continuam a emergir das téenicas de andlise fatorial ~ procedimentos matematicos capazes de selecionar os trasos de personalidade em meio a intimeros dados de testes. ‘Ainda que muitos teéricos contemporaneos acreditem gue cinco é 0 miimero magico, teéricos anteriores, como Raymond B. Cattell, encontraram muito mais tragos da personalidade, e Hans J. Eysenck insistia em que somen- te trés fatores principais podem ser discernidos por meio da andlise ftorial, Além disso, jé vimos que a abordagem do senso comum de Gordon Allport (ver Cap. 12) resultou em 5.a 10 tracos que sio centrais para a vida de cada pes- soa. Entretanto, a contribuigao principal de Allport para a teoria dos tracos pode ter sido a identificacao de quase 18, mil denominagées de trasos em um dicionério completo da lingua inglesa. Essas denominagées de tracos foram a base para o trabalho original de Cattell, elas continuam a fornecer os fundamentos para estudos de anslisefatorial recentes. ‘A Teoria dos Cinco Fatores (frequentemente deno- rminada Big Five) inclui neuroticismo e extroversio; mas acrescenta a abertura & experiéncia, amabilidade e cons- cienciosidade, Esses termos diferem um pouco entre as equipes de pesquisa, mas os tracos subjacentes sio muito semelhantes O TRABALHO PIONEIRO DE Raymonb B, CATTELL ‘Uma figura importante nos primeiros anos da psicometria foi Raymond B, Cattell (1905-1998), que nasceu na Ingla terra, mas passouta maior parte de sua carreira nos Estados Unidos. Cattell teve apenas uma influéncia indiveta sobre McCrae e Costa. Estes, no entanto, compartilharam técni cas eideias, mesmo que suas abordagens também tivessem algumas diferencas reais. Como a familiaridade com a teo- via dos tragos de Cattell ajuda a compreender a teoria dos cinco fatores de McCrae e Costa, discutimos brevemente 6 trabalho de Cattell eo comparamos com o de McCrae e Costa Em primeiro lugar, tanto Cattell quanto McCrae e Cos- ta usaram um método indutivo de coleta de dados, ou seja, eles comecaram sem ideias preconcebidas referentes ao nimero, a0 nome dos tragos ot aos tipos, Outros tedri- os fatoriais, no entanto, usaram o método dedutivo, ou ej eles tinham hipdteses preconcebidas antes de comesa remacoleta dos dados. 254 Frost, Frist & Roscars Em segundo, Cattell usou trés diferentes meios de ob- servagao para examinar as pessoas a partir do maior nme- 10 de angulos possivel. As trés fontes de dados inchuiam um registro da vida da pessoa (dados L; do ingles life), derivado de observagées feitas por outras pessoas; autoreelatos (da dos Q do inglés questionnaires) obtidos de questionétios € outras téenicas concebidas para possbiltar que as pessoas facam descrigbes subjetivas de si mesmas; testes objetivos (dados 7), que medem aspectos como inteigencia, rapide de vesposta e outras atividades concebidas para instigar 0 desempenko maximo da pessoa. Em contrast, cada um dos cinco fatores bipolares de McCrae e Costa estalimitado ares- postas a questiondris. Esses autorrelatos restringem os pro cedimentos de McCrae e Costa aos fatores de personalidade. Em terceivo, Cattell dividiu os tragos em tragos comuns (compartilhados por muitos) e traces singular (peculiares um individuo). Ble também distingaiu os trasas de fundo dos indicadores de tragos, ou tragos superficias. Cattell ain- da classificou os tragos em temperamento, motivagao e habi lidade, Os trasos de temperamento se referem a coma uma pessoa se comporta; os de motivacao tratam de por que ela se comporta; eos tragos de habilidade abordam até ande ou «que velocidade ela pode realizar Em quarto, a abordagem multifacetada de Cattell re- sultou em 35 tragos primérios, ou de primeira order, os quais medem, principalmente, a dimensio do tempera- mento na personalidade, Desses fatores, 23 caracterizam a populagéo normal e 12 medem a dimenséo patolégica. Os tragos normais maiores e estudados com mais frequéncia sio os 16 fatores da personalidade encontrados no Ques- tionrio de 16 Fatores da Personalidade (16-PF Scale) de Cattell (1949), Em comparacio, o Inventario de Personali- dade-NEO (NEO-PD) de Costa e McCrae produz escores em apenas cinco fatores da personalidade. PRINCiPIOS BASICOS DA ANALISE FATORIAL Um conhecimento abrangente das operagdes matematicas cenvolvidas na anise fatorial nao ¢ essencial para a com- preensio das teotias dos tracos efatores da personalidade, ‘mas uma descricio geval dessa técnica mostra-se iti Para usar a andlisefatorial, iniciam-se observayses es- pecificas de muitos individuos. Tais abservagies sto, entio, quantificadas de alguma maneira; por exemplo, a altura é medida em centimetyos; 0 peso, em quilos: a aptidéo, em escores de testes; 0 desempenho no trabalho, por meio de escalas de classficagao;e assim por diante, Suponhamas que temos mil dessas medidas em 5 mill pessoas. O préximo pas 50 6 determinar quais dessas varaveis (scores) estiorelacio nnadas a quais outs variéveis e em que media, Para tanto, caleulamos o coeficiente de correlagao entre cada variével @ cada um dos outros 989 escores, (Um coeficiente de come- lagdo € um procedimento matemtico que expressa 0 grau de correspondéncia entre dois conjuntos de escores), Come- lacionar as mil variveis com os outros 999 escores envolve- ria 499,500 conelagées individuais (1.000 multiplicado por £999, dvidido por 2). Os resultados desses célcalos demanda- riam uma tabela de intercomelag6es, ou uma maiz, om mil Tinhas e mil colunas. Algumas dessas corvelagées seriam altas «© positivas, umas perto de zero, e outras seriam negativas. Por exemplo, poderlamas observar uma correlacdo positiva alta entre 0 comprimento da perna e a altura, porque uma 6 parcialmente uma medida da outra, Também poderiamos encontrar uma comrelacéo positiva entre uma medida de ha- bilidade de lderanca e os indices em equilibrio social. Essa relagao poderia existir porque cada uma faz parte de um trax 49 subjacente mais bisico: autoconfianga Com mil varaveis separadas, nossa tabela de intercor- relagdes seria muito complicada, Nesse ponto, vamos nos volkar para a andlisefatoral, que pode explicar um grande rmimero de variéveis com um nimero menor de dimensdes ‘mais bisicas.Essas dimens6es mais bésicas podem ser cha- rmadas de trays, ist 6, fatores que representam um grupo de variéveis intimamente relacionadas, Por exemplo, po- demos encontrar intercorrelagbes positives entre escores de testes em dlgebra, geometria, trigonometria e céleuo. Agora, identificamos tum grupo de escores que podemos chamar de fator M, que representa a habilidade mateméti- 2. De forma similar, podemos identificarinimeros outros fatores, ow unidades da personalidace derivadas por meio da andlise fatorial. O nimero de fatores, € claro, sera me- nor do que o niémero original de observagoes, Nosso passo seguinte é determinar até que ponto cada score individual contribu para os varios fatores. As corre- lagdes dos escores com as fatores sao denominadas eargas fatoriais, Por exemplo, se os escores em dlgebra, geome- tria, trigonometriae céleulo contribuem de forma signifi- cativa para o fator M, mas ndo para outros fatores; eles tém cargas fatoriaisaltas em matematica, As cargas fatoriais apontam uma pureza dos virios fatores e possibilitam a interpretasio de seus significados. Os trazos gerados por meio da andlisefatorial podem ser unidivecionais ou bidivecionais. Os tragos unidire- ionais encontram-se em uma escala de zero até alguma grande quantidade, Altura, peso e capacidade intelectual sao exemplos de tracos uniditecionais. Em contraste, os tragos bidirecionais se estendem de um polo até o polo ‘posto, com zero representando um ponto intermediario. Introversao versus extroversio, liberalismo versus conser- vadorismo e dominio social versus timidez sao exemplos de tragos bidivecionais. ara que os fatores derivados matematicamente te- nnham significado psicolagico, os eixos em que os escores sao marcados costumam ser virados ou rotados em uma relagdo matemiética especifca entre eles, Essa rotagao pode ser ortogonal ou obliqua, mas os defensores da teoria dos cinco fatores favorecem a retagao ortogonal. A Figura 13.1 mostra que os eixos rotados ortogonalmente esto em angulos retos entre si. Quando os escores na varidvel x aumentam, 0s escores no eixo y podem ter qualquer valor; ou seja, eles ndo t8m relagdo com as escores no eixo x. O método obliquo, que foi defendido por Catell, pre- sume alguma correlagao positiva ou negativa e se refere a tum angulo inferior ou superior a 90°. A Figura 13.2 des- creve um diagrama de escores em que xe y est3o positiva- mente correlacionadas entre si; ou seja, quando os escores na varivel x aumentam, os escares no eixo y também tém tendéncia a aumentar. Observe que a correlagéo ndo é per- feita;algumas pessoas podem ter escore ato na varive x, sas relativamente baixo nay, e vice-versa, Uma conelagao perfeita (r= 1,00) resultaria em x e y ocupando a mesma lina, Psicologicamente, a rotagio ortogonal, em geral, re- sulta em apenas alguns tracos significativos, enquanto os étodos oblfquos costumam produvir um nimero maior. Os CINCO GRANDES FATORES: TAXONOMIA OU TEORIA? No Capitulo 1, definimos uma taxonomia como uma classificagao das coisas de acordo com suas relagbes na turais, Também sugerimos que as taxonomias so um ponto de partida essencial pata o avango da ciéncia, mas que elas nao sto teorias. Enquanto as teorias gerar pes- quisa, as taxonomias meramente suprem urn sistema de classivicagio TeoRiAs OA PERSONALIDADE 255, Na discussio seguinte do modelo dos cinco fatores (FEM, do inglés, Five Factor Model), de McCrae e Costa, veremos que o trabalho deles comesau como uma tentati- va de identificar tragos bisicos da personalidade, conforme revelados pela andlise fatorial. Esse trabalho logo evoluia para uma taxonomia e para o FFM, Depois de muito tra- balho adicional, o FFM se tornau uma teoria, a qual pode tanto predizer quanto explicar 0 comportamento, Biocrarias DE Rosert R. McCRAE E Paut T. Costa Jr. Robert Roger McCrae nasceu em 28 de abril de 1949, em Maryville, Missouri, uma cidade de 13 mil habitantes loca- lizadaa cerca de 160 km 20 norte de Kansas City. Maryville 6a terra do Northwest Missouri State, o maior erpregador da cidade. McCrae, o mais moo de tr filhos nascidos de Andrew McCrae e Eloise Elaine McCrae, cresceu com ur, vido interesse em ciéncia e matematica, Na 6poca em que ingressou na Universidade Estadual de Michigan, ele tinha decidido estudarfilosofia. Tendo recebido o Mérito Acadé- rico Nacional, ele, no entanto, nia estava completamente feliz com a natureza de final aberto e no empirica da filo- sofia, Apés condluir faculdade, ingressou no programa de pés-graduagio da Universidade de Boston, com especial zasao em psicologia, Devido a sua inclinagio e talento para matemtica ecincias, McCrae se mostrou intrigado como trabalho psicométrico de Raymond Cattell. Em particular, ficou curioso quanto ao uso da andlise fatorial para pro- curar um método simples de identificar2o dos tragos es truturais encontrados no dicionario. Na Universidade de Ficuna 13.1 hos oxtogonais Freund 13.2 cos obliques. 256 Frost, Frist & Roscars Boston, o professor orientador de McCrae eva Henry Wein- berg, um psicdlogo clinico com apenas um interesse su perficial pelos tragos de personalidade, Assim, o interesse de McCrae nos tragos teve que ser nutrido de forma mais interna do que externa. Durante as décadas de 1960 e 1970, Walter Mischel (ver Cap. 18) estava questionando a nogio de que os tragos de personalidade sio coerentes, alegando que a situacao é rmais importante do que qualquer trago de personalidade. Ainda que Mischel ha pouco tivesse revisado sua posigao sobre a coeréncia da personalidade, sua visio era aceita por ruitos psicélogos naquela época, Em uma comunicagio pessoal datada de 4 de maio de 1999, McCrae escreveu: “Frequentei o programa de pés-graduacao nos anos seguin tes a critica de Mischel (1968) & psicologia dos trasos. Mui tos psicblogos, na época, estavam preparados para acredi- tar que os tragos nao passavam de conjuntos de respostas esterestipos ou ficeées cognitivas. Aquilo nunca fez sen- tido para mim, e minha experiéncia inicial com pesquisa ostrando notivel estabilidade nos estudos longitudinais, encorajou a crenga de que os tracos eram reais e duradou- 108". Entretanto, o trabalho de McCrae sobre os tragos en- quanto estava na pés-graduacio foi uma empreitada rela tivamente solitéri, sendo conduzida de modo silencioso sem muito alarde, De fato, essa abordagem silenciosa era compativel com sua propria personalidade relativamente quieta e introvertida Bm 1975, ha quatro anos em seu programa de dou- torado, o destino de McCrae estava para mudar. Ble foi cenviado por seu orientador para trabalhar como assistente de pesquisa com James Fozard, um psicdlogo do desenvol- vimento adulto no Normative Aging Study, na Veterans ‘Administration Outpatient Clinic, em Boston. Foi Fozard quem encaminhou McCrae para outro psicdlogo da perso- ralidade residente em Boston, Paul T. Costa Jr., que fazia parte do corpo docente da Universidade de Massachusetts. Depois que McCrae condluiu seu doutorado, em 1976, Costa 0 contratou como diretor de projetos e pesquisador coprincipal em sua pesquisa sobre tabagismo e persona- lidade. McCrae e Costa trabalharam juntos nesse projeto por dois anos, até que ambos foram contratados pelo Cen- tro de Pesquisa em Gerontologia do National Institute on ‘Aging’s Gerontology Research Center, uma divisto dos Na- tional Institutes of Health (NIH), com sede em Baltimore. Costa foi contratado como chele da secao sobre estresse ¢ enfrentamento, enquanto McCrae assumiu 0 cargo de membro sénior da equipe. Como 0 Gerontology Research Center ja possuia um grande e bem-estabelecido conjunto de dados de adultos, aquele era o lugar ideal para Costa e McCrae investigarem a questo de como a personalidade é estruturada, Durante a década de 1970, com a sombra da influéncia de Mischel ainda pairando fortemente sobre 0 estudo da personalidade e com o conceito de tragos sendo quase um tema tabu, Costa e McCrae realizaram um tra- balho sobre tragos que assegurou a ambos um pape! proe- rinente nos 40 anos de historia da andlise da estrutura da personalidade. Paul T, Costa Jr, nasceu em 16 de setembro de 1942, em Franklin, New Hampshire, flho de Paul T. Costa e Bs- ther Vasil Costa. Ele se graduou em psicologia na Univer- sidade Clark em 1964, e seu mestrado (1968) e doutorado (2970) em desenvolvimento humano foram pela Universi- dade de Chicago. Seu interesse de longa data nas diferencas individuais e na natureza da personalidade aumentou mui- tono estimulante ambiente intelectual da Universidade de ‘Chicago. Enquanto estava nessa instituigo, trabalhou com Salvatore R. Maddi, com quem publicou um livro sobre a teoria humanista da personalidade (Madd & Costa, 1972). Apés receber seu titulo de doutor, ensinou por dois anos em Harvard e, depois, de 1973 até 1978, na Universidade de Massachusetts, Boston. Em 1978, comecou a trabalhar no National Institute of Aging’s Gerontology Research Center, tomando-se chefe da Segéo Estresse e Enfrenta- ‘mento, e depois, em 1985, foi chefe do Laboratério da Per- sonalidade e Cognigao. Nesse mesmo ano, 1985, ele se tomou presidente da Divisio 20 (Desenvolvimento Adulto e Envelhecimento) da American Psychological Associa tion (APA), Em sua lista de realizacdes, também se tornou membro da APA, em 1977, e presidente da International Society for the Study of Individual Differences, em 1985, Costa e sua esposa, Karol Sancra Costa, tém trés filhos, Nina, Lora e Nicholas A colaboragio entre Costa e McCrae tem sido inco- mumente proficua, com mais de 200 artigos de pesquisa « capitulos em coautoria e varios livros, incluindo Vidas emergentes, dsposigdes duradouras (Emerging Lives, Enduring Dispositions) (McCrae & Costa, 1984), Personalidade na ida- de adulta: uma perspectiva da teora des cinco fatores, 2° ed. ersonality in Adulthood: A Five-Factor Theory Perspective, 2 edigio) (McCrae & Costa, 2003) eo Inventirio da Perso- nalidade NEO Revisado (Costa e McCrae, 1992). ‘A PROCURA DOS CINCO GRANDES FATORES estudo dos tragos ft iniciado por Allport e Odbert na dé- cada de 1980 e continuado por Cattell na década de 1940 ¢ por Tupes, Christal e Norman na década de 1960 (ver John & Srivastava, 1999, para uma revisio hist6rica do FFM, ou Big Five) 'No final da década de 1970 e inicio da década de 1980, Costa e McCrae, assim como a maioria dos outros pes- quisadores dos fatores, estavam construindo taxonomias elaboradas dos tragos da personalidade, mas nio estavam usando essas classificagdes para gerar hipéteses verifi veis. Em ver disso, eles estavam simplesmente empregan- do técnicas de andlisefatorial para examinar a estabilidade ce a estrutura da personalidade. Durante essa época, Costa e McCrae focaram, a principio, nas duas dimensées princi- pais do neuroticsmo e da extroversio, Quase imediatamente depois que descobriram esses dois fatores, Costa e McCrae encontraram um terceivo fa- tor, o qual chamaram de abertura 3 experiéncia, A maior parte do trabalho inicial de Costa e McCrae permaneceu focado nessas tds dimensoes (ver, p. ex, Costa & McCrae, 1976; Costa, Fozard, McCrae, & Bosse, 1876). Ainda que Lewis Goldberg tena utilizado primeiro o termo Big Five, em 1981, para descrever os achados consistentes das and: lisesfatoriais dos trasos de personalidade, Costa e McCrae continuaram seu trabalho sobre os trés fatores. Cinco fatores encontrados Em 1983, McCrae e Costa estavam defendendo um modelo da personalidade com tués fatores. Somente em 1985, eles comesaram 2 relatar 0 trabalho sobre os cinco fatores da personalidade. Esse trabalho culminou em seu novo Inven- tio dos Cinco Fatores da Personalidade: o NEO-Pl (Costa & ‘MeCrae, 1985). 0 NEO-Pl era ura revisio de um inventirio de personalidad anterior nao publicado que media apenas as tés primeiras dimensées: neuroticismo (N), extroversio (Be abertura& experigncia (0), do inglés, openness). No in- vventirio de 1985, as duas sitimas dimensoes — amabilidade (A) e conscienciosidade (C) ~ ainda eram as escalas menos desenvolvidas, nao havendo subescalas associadas a elas, Costa e McCrae (1992) nao desenvolveram integralmente as escalas AC, até que o NEO-PI Revisado apareceu, em 1992. Durante a década de 1980, McCrae e Costa (1985, 1989) continuaram seu trabalho dos fatores analisando @ aioria dos outros principaisinventérios da personalidade, incluindo o Indcador de Tpos de Myers-Briggs (Myers, 1962) 0 Inventérie da Personalidade de Eysenck (H. Bysencl &S. Bysenck, 1975, 1993). Por exemplo, em uma comparagio diteta de seu modelo com o inventario de Eysenck, Costa e “McCrae relataram que os primeiros dois fatores de Eysenck (Ne B) sio totalmente coerentes com os dois primeitos fa- tores dees. A medida de Bysenck do psicoticismo mapeavao Limite inferior de amabilidade e conscienciosidade, mas nto explorava a abertura a experigncia (McCrae e Costa, 1985), Naquela época, havia duas questées importantes e relacionadas na pesquisa da personalidade. Primeiro, com as dezenas de diferentes inventarios da personalidade e centenas de escalas distintas, como poderia emergir uma linguagem comum? Todas tinham 0 préprio conjunto de vvariéveis da personalidade um tanto idiossincraticas, d- ficultando as comparagdes entre os estudos e 0 progresso cumulativo, De fato, como escreveu Bysenck (19912): Onde temos iteralmente centenas de inventétis incor pporando milhares de tracos, em grande parte se sobre ‘pordo, mas também contendo variinca especifica, cada achado empiric ex referindo estritamente a apenas um trace espectico de mode relevante.Hssa nie 6 a forma de construe uma discipina centfica unificada (p. 786) TeoRiAs OA PERSONALIDADE 257 Segundo, qual é a estratura da personalidade? Cattell preconizava 16 fatores; Bysenck,trés, e muitos outros es- tavam comeyando a argumentar por cinco, Aprincipal con- quista do FFM foi oferecer respostas a essas duas questées Desde o final da década de 1980 inicio da década de 11990, a maioria dos psicdlogos da personalidade optou pelo FFM (Digman, 1990; John & Srivastava, 1998). Os cinco fatores foram encontrados em uma variedade de culturas sob uma abundancia de linguagens (McCrae & Aik, 2002), ‘Além disso, os cinco fatores apresentam alguma permanén- a com a idade; ou seja, os adultos ~ na auséncia de doenga devastadora, como Alzheimer tendem a manter a mesma estrutura de personalidade conforme envelhecem (McCrae & Costa, 2003). Esses achados estimularam MeCrae e Costa (1996) a escrever que ‘os fatos acerca da personalidade estao comerando a se encaixar” (p. 78). Ou como McCrae e Oliver John (1982) insstiam, a existencia dos cinco fatores “6 um fato empirico, como o fato de que existem sete continentes ou oito presidentes norte-americanos da Virginia" (p. 194) {A prop6sito, nao é um fato empirico que a terra tena sete continentes: a maioria dos gedgrafos considera apenas seis) Descrigao dos cinco fatores ‘McCrae e Costa concordavam com Eysenck que os tracos de personaidade sio bidirecionais e seguem una dist buigio em forma de sino, Isto é, a maioria das pessoas tem escores perto da poryéo intermedia de cada taco, com apenas algumas apresentando escotes nos extremos. Como as pessoas nos extremos podem ser descrtas? ‘Neuroticsma (N) eextrovetsao (B)sio os dots tragos da personaldade mais fortes e onipresentes,e Costa e Me Crae conceitualizam de forma muito parecida com a que EBysenck os defini. As pessoas com escore alto em neuro tiismo tendem a ser ansiosas, temperamentais, autoindu- gentes,autoconscientes, emocionaisevulnevaveis a trans- tomos relacionados ao estresse. Aquelas com escorebaixo nesse fatorsio, em gera,calmas, equibradas,stisfeitas consigo mesmas eno emocionais ‘AS pessoas comn escore alto em extrovertotendem a ser afetuces,jovai,falantes, ageegudoras eadoram divesio, Em contraste, as que posstem escores baiosnesse fatorsi0 provavelimente reservades, quietas,solitria,pasivasesemn hablidade para expresear emogies fortes (ver Tab. 13. ‘Abertura a mudansa distingue os individuos que pre- ferem a variedade daqueles que téim uma necessidade de fechamento e que obtém conforto na associago com pes s0as ¢ coisas familiares. Os que procuram de forma consis- tente expergncias diferentes e variadas ter alto em abertura & experiéneia. Por exemplo, gostam de texperimentar novos itens do cardapio em uma restanrante ou gostam de procurar restaurantes novos eexcitantes. Em contrast, as pessoas que nfo sio abertas 8s experiéncas se apegam a algo familiar, que sabem que vio gosta. As pessoas com escore alto em abertura experiencia também 258 Frost, Frist & Roscars Tase1a 13.1 Modelo dla personalidade dos cinco fatores de Costa e McCrae Extroversio Escores altos Afetivo Aregador Falante Adora diversio tivo Apaixonado Ansioso Temperamental Autaindulgente Insegure Emocional Vulneravel Abertura a experiéncia Imaginativo Grito Original Prefere variedade Curioso Liberal Amabilidade ent Confiante eneroso Aquiescente Flexive! Bondoso Conscienciosidade Consciencioso Trabalhador Bem-organizado Pontual Ambicioso Perseverante Escores baixos Reservado Solita Quieto sébrio Passivo Insensive calmo quilibrado Satisfeit consigo Tranquilo Nao emocional Resistente Pratico Nao ciativo Convencional Prefererotina Nao curiaso Conservador Insensive Desconfiado Mesauinho Antagonista crtico Initavel Negligente Preguigoso Desorganizado Arasado Sem objetivo Pouco persistente tendem a questionar valores tradicionais, enquanto aque- las com escore baixo nessa dimensio tendem a defender os valores tradicionais a preservar um estilo de vida fixo. Em ssuma, as pessoas com escore alto em abertura a experiéncia costumam ser criativas, imaginativas, curiosas e iberais e ‘tém uma preferéncia pela variedade. Em contraste, aquelas com escare baixo nesse fator sio, em geral, convencionais, priticas, conservadoras e carecem de curiosidade. ‘A escala de amabildade distingue as pessoas ternas das ‘nacessiveis. As pessoas com escores na diregao da amabili- dade tendem a ser confiantes, generosas,flexiveis, recepti- vas e bondasas. Aquelas com escore na diregao oposta s30 geralmente desconfiadas, mesquinhas, hostis,iritaveis e caiticas das outras pessoas. O quinto fator~ conscienciosdade ~ descreve pessoas que sio ordeiras, controladas, organizadas, ambiciosas,focadas nas conquistas e autodisciplinadas. 8m geral, as pessoas com escore alto nesse aspecto si0 trabalhadoras,diligentes, pon: tuais e perseverantes. Em contaste, as pessoas com escore baixo em conscienciosidade tendem a ser desorganizadas, negligentes, preguicosas, sem objetivo e, provavelmente, desistem quando um projeto se toma dificil. Juntas, essas dimensées compiem os tragos de personalidade do FFM, frequentemente referdos como Big Fie (Goldberg, 1981). EvoLucAo DA TEORIA Dos CINCO FAaToREs riginalmente, os cinco fatores constitulam nada mais do que una taxonomis, uma dassificagio dos tragos bésicos da personalidade. No final da década de 1980, Costa e Me Crae comesaram a areditar qu eles e outros pesquisado- 1es haviam encontrado uma estrutura estavel da persona- lidade. Isto 6, eles tinhar respondido & primeira questo central: qual €a estrucura da personalidade? Esse avango foi um marco importante para os tagos de personslidade. © campo, agora, tinha uma linguager de comum acordo para descrever a personalidade, eera em cinco dimensées. Descrever, no entanto, nao é 0 mesimo que explicar. Para a explicacao, os cientistas precisa de teoria, e esse era o projeto seguinte de McCrae e Costa McCrae e Costa (1996) contestaram as primeiras teorias por basearem-se excessivamente nas experiéncias dlinicas e em uma especulagao de gabinete. Na década de 1980, a divergéncia entre as teorias clissicas e as teorias modernas focadas em pesquisa se tornou bastante pro- nunciada, Ficou claro, para eles, que “as antigas teorias nao podem simplesmente ser abandonadas: elas devem ser substituidas por novas teorias, que se desenvolvam a partir de insights conceituais do passado e dos achados empiricos da pesquisa contemporanea’ (p. 53). De fato, essa tensio entre o antigo eo novo foi uma das forcas propulsoras sub jacentes ao desenvolvimento de Costa e McCrae de uma teoria alternativa, que fosse além da taxonomia dos cinco fatores. Qual, entio, éa altemativa? O que uma teoria dos tra- 98 modema poderia fazer para complementar as teorias lissicas? De acordo com McCrae e Costa, antes de tudo, uma nova teoria deve ser capaz de incorporar a mudanga e oaxescimento do campo que ocorreram durante os tlt ‘mos 25 anos, além de ser baseada nos principios empiricos atuais que emergivam da pesquisa Por 25 anos, esses dois estudiosos estiveram na ‘vanguarda da pesquisa contemporanea da personalida- de, desenvolvendo e elaborando o FM, Para McCrae e Costa (1999), “nem 0 modelo em si nem os achados do corpo de pesquisa com o qual ele esta associado consti- Teorias on PeRsonatipaoe — 259 ‘mem uma teoria da personalidade, Uma teoria organiza os achados para contar uma histéria coerente, colocar em evidéncia aquelas questées e fendmenos que podem ce devem ser explicados” (p, 139-140), Em ocasiao ante- rior, McCrae e Costa (1996, p. 78) tinham afirmado que ‘os fatos acerca da personalidade estio comecando a se encaixar. Agora, é hora de comegar a dar um sentido ales", Em outras palavras, era hora de transformar 0 FFM (taxonomia) em uma teoria dos cinco fatores (FFT; Five Factor Theory) Unidades da teoria dos cinco fatores Na teoria da personalidade de McCrae e Costa (1996, 1993, 2003), 0 comportamento é previsto por meio da compreensio de trés componentes centrais ou essenciais ¢ tres periféricos. Os trés componentes centrais incluem (2) tendéncias sicas, (2) adaptagdes caracterstcas e @) atoconceito, Componentes centrais da personalidade Na Figura 13.3, os componentes centrais ou essenciais sto representados por retangulos, enquanto os compo- nentes periféricos sio representados por elipses. As setas representam processos dinamicos ¢ indicam a ditesao da influéncia causal. Por exemplo, a biografia objetiva (expe- riéncias de vida) €0 resultado de adaptagdes caracteristicas e de influéncias externas. Além disso, as bases bioldgicas Biogratia objetiva FReapées emacionas, a wt yf Marea noma sti iy var ate Z my Aaj aes rendinciee rosettes, basicas | Processes | mente condicionados dinamicos | Esforgos pessoais, Cae pene, — semen a ot cae “ee aocoeeto consclonciosiéade s808 Esquemas pessoais, a +) Seren Ficuna 13.3. operagio do sistema da personalidade de acrdo com a teria dos cnc fatres, As sels indcam a tego das influénlas cuss as ‘unis operam por meio de processos dindmicos, Adaprada de Wccrae e Cost (1996 260 Frost, Frist & Roscars sao a tnica causa das tendencias basicas (tragos de perso- ralidade). O sistema da personalidade pode ser interpreta do transversalmente (como o sistema opera em determi- nado ponto no tempo) ou longitudinalmente (como nos desenvolvemos durante toda a vida). Além do mais, cada influgncia causal & dinamica, significando que ela se modi- fica 20 longo do tempo Tendéncias bésicas Conforme definido por McCrae & Costa (1996), as tendéncias basicas sio um dos compo: nentes centrais da personalidade, com adaptarées caracte- risticas, autoconceito, bases bioldgicas, biografia abjetiva e influéncias externas. McCrae e Costa definiram as tendén- cias bisicas como: fo material bruto universal dae capacidades e dispos ‘es da personalidade que costuma ser inferido em vex de observado. As tendéncias bésicas podem ser herd das, determinadas pela experiéncia precace ou modifi cadas por doenga ou intervencio psicoldgica, mas, em qualquer periodo especfico da vida, elas definern 0 po- tendal ea drerdo do individuo.(p. 66, 68) Em versdes anteriores de sua teoria, McCrae e Cos- ta (1996) deixaram claro que muitos elementos diferentes compéem as tendéncias basicas.Além dos cinco tragos es- téveis da personalidade, essas tendéncias bisicas ineluern habilidades cognitivas talento atistico, oientacio sexual ¢ rocessos psicol6gicos subjacentes 4 aquisicdo da linguager. Na maior parte de suas publicagbes posteriores, Mc- Crae e Costa (1999, 2003) focaram quase que exclusiva mente os tragos de personalidade: de modo mais especfic, as cinco dimensées (N, B, 0, Ae C) descritas em detalhes anteriormente (ver Tab. 18.1). A esséncia das tendéncias, bsicas & sua base biolégica e sua estabilidade ao longo do tempo e das situagdes. Adaptagées caracteristicas. Os componentes essenciais| da FFT indluem as adaptagées caracteristicas, ou sea, es: truturas da personalidade adquiridas que se desenvolvem conforme as pessoas se adaptam a seu ambiente. A dife renga principal entre as tendéncias basicas eas adaptagées caracteristicas € a flexibilidade, Enquanto as tendéncias bésicas sto bastante estéveis, as adaptagbes caracteristicas podem sofrer a interferéncia de influéncias externas, tais como habilidades adquiridas, hébitos, atitudes e relagées que resultam da interagio dos individuos com 0 ambiente. McCrae e Costa (2003) explicaram a relagio entre as ten- dancias basicas e as adaptayses caracteristicas, referindo que o centro de sua teoria “éa distingdo entre as tendén- cias bisicase as adaptacSes caracteristicas, precisamente a distingao de que precisamos para explicar a estabilidade da personalidade”(p. 187) Todas as habilidades adquiridas e especificas, como a lingua inglesa ou a estatistica, sdo adaptagdes caracteris- ticas, A rapidez com que aprendemos (talento, inteligén- cia, aptidao) & a tendéncia basica; 0 que aprendemos & a adaptacio caracteristica.Além do mais, nossas disposicbes fe tendéncias sao a influéncia diveta em nossas adaptacoes caracteristicas. As respostas caracterfsticas s40 forma: das e moldadas pelas tendéncias basicas. © que as torna caracteristicas € sua coeréncia e singularidade; portanto, clas refletem a operario dos tracos de personalidad dura- douros. Relembrando Allport, elas sio adaptagées porque sio moldadas como uma resposta ao que o ambiente tem a oferecer em determinado momento, Elas permitem nos encaixarmos ox nos adaptarmos ao ambiente de forma continua Oentendimento de como as adaptagées caracteristicas as tendéncias bésicas interagem € absolutamente central para a FFT. As tendéncias basicas sio estaveis e duradou- ras, enquanto as adaptarées caracter‘sticaslutuam, estan- do sujeitas a mudangas durante a vida, As adaptaybes ca- racteristicas diferem de cultura para cultura. Por exemplo, a expressio de raiva em presenga de um superior & muito mais tabu no Japao do que nos Estados Unidos. A distin- sao entre as tendéncias estaveis eas adaptacdes mutaveis é importante porque pode explicar a estabilidade e a plas- ticidade da personalidade. Assim, McCrae e Costa forne- ceram uma solugéo para o problema da estabilidade versus rmudanga na estrutura da personalidade. As tendéncias bi- sicas sto estaveis, enquanto as adaptacdes caracteristicas flutuarn. Autoconceite, McCrae & Costa (2003) explicam que © autoconceito é,na verdade, uma adaptacio caracteristica (ver Fig. 13.3), mas ele tem o préprio quadvo porque é uma adaptacio importante, McCrae e Costa (1996) escreveram que ele “consiste em conhecimento, vides eavaliagdes do self, que vao desde fatos variados da histéria pessoal até aidentidade que d4 um senso de propésito e coeréncia & vida’ (p. 70). As crencas, as atitudes e os sentimentos que 6 individuo tem em relagdo a si mesmo sao adaptagées ca racteristicas, uma vez que influenciam 0 modo come ele se comporta em determinada circunstancia, Por exemplo, acreditar que é uma pessoa inteligente torna o individuo ais predisposto a se colocar em situagbes que sao intelec- tualmente desafiadoras © autoconceito precisa ser exato? Tedricos da apren- dizagem, como Albert Bandura (Cap, 17), e teéricos huma: nistas, como Carl Rogers (Cap. 10) ou Gordon Allport (Cap. 12), acreditam que as visbes conscientes que as pessoas tm de si mesmas sao relativamente precisas, com alguma distorgio, talvez. Em contraste, 0s tebricas psicodinamicos argumentam que a maiar parte dos pensamentos e sen- timentos conscientes que as pessoas tém de si mesmas & inerentemente distorcida, e a verdadeira natureza do self (ego) é, em grande parte, inconsciente. Contudo, McCrae « Costa (2003) incluem os mitos pessoais como parte do autoconceito Componentes periféricos Os trés componentes periféricas sao: (1) bases biolégicas, (2) biografia objetiva e @) indluencias externas. Bases biol6gicas. AFT se baseia em uma tinica influgn- cia causal sobre os tracos da personalidade, a saber, a bio logica. Os principais mecanismos biol6gicos que influen- ciam as tendéncias bésicas so os genes, os horménios & as estruturas cerebrais. McCrae e Costa ainda nio forne ceram detalhes especificos sobre quais genes, horménias e estruturas cerebrais desempenham quais papéis em sua influéncia na personalidade. Os avangos em genética com- portamental e imagens cerebrais podem ajudar a comple tar os detalhes. Esse posicionamento das bases biolégicas elimina qualquer papel que o ambiente possa desempenhar na formagdo das tendéncias bésicas. Isso no deve sugerir que o ambiente nio faca parte da formacio da personali- dade ~ apenas que ele nao tem uma influéncia direta nas tendéncias basicas (ver Fig. 13.3). O ambiente, de ato, in ‘luencia alguns componentes da personalidade. Tal aspecto enfatiza a necessidade de distinguir os dois componentes principais do modelo; tendéncias basicas e adaptagbes ca- racteristicas (McCrae & Costa, 1996, p. 187). Biografia objetiva, © segundo componente perséico & a biografia objetiva, delinida como “tudo 0 que a pessoa faz, pensa ou sente durante toda a vida" (McCrae & Costa, 2003, p.187). Abiografia objetiva enfatiza o que aconteceu za vida das pessoas (objetivo), em vez da visio ou de per cepgdes de suas experiéncias (subjetivo). Cada comporta- ‘mento ou resposta passa a fazer parte do registro cumulati ‘vo, Enquanto teéricos como Alfred Adler (estilo de vida) ou Dan McAdams (narvativa pessoal) enfatizam as interpreta- 8essubjetivas que a pessoa faz da propria histéria de vida, McCrae e Costa focam as experiéncias objetivas ~ os even- tos eas experiéncias que a pessoa teve ao longo da vida. Influéncias externas, As pessoas, mustas vezes, se encon- tam em uma situagso fisica ou social particular que tem alguma inflaéncia no sistema da personalidade. A questio de como respondemos as oportunidades e as demandas do contexto 6 do que tratam as influéneias externas. De acor do com McCrae e Costa (1999, 2003), essas respostas séo uma fungao de dois aspectos: (1) adaptagbes caracteristicas € (2) sua interasao com influéncias externas (observe as duas setas entrando na elipse da biografia objetiva na Fig. 13.3). McCrae e Costa pressupdem que o comportamento & uma fangéo da interacdo entre as adaptacdes caracteristi- cas eas influéncias externas. Como exemple, eles citam 0 caso de Joan, a quem sio oferecidos ingressos para a dpera La traviata (uma influéncia externa). Forém, Joan tem uma, longa histéria pessoal de detestar épera (uma adaptasio caracteristica) , portanto, recusa a oferta (uma biografia objetiva). Para elaborar, Joan pode muito bem ter uma tendéncia bisica a ser fechada (em ver. de aberta) a novas TeoRiAs oA PeRsONALIOADE — 261 experiéncias e nunca ter assistido a pera quando evianga ou pode ter simplesmente formado uma opiniao negativa sobre ela com base no que se diz a respeito, Seja qual for © caso, ela se sente mais & vontade com eventos que Ihe sio familiares e com experiéncias praticas. Esse histérico prediz que Joan provavelmente responderd da forma como respondeu a uma oferta de assistir a uma épera. As dec s0es de far afastada de tais experiéncias se reforgam con- forme seu desagrado por épera aumenta, Isso esté refleti dona seta em circulo na Figura 13.3 Postulados hasicos Cada um dos componentes do sistema da personalidade exceto as bases biolégicas) possui postulados centrais, Como os componentes das tendéncias bésicas e das adap, tagdes caracteristicas sio mais centrais ao sistema da per- sonalidade, vamos elaborar somente os postulados para cesses dois componentes. Postulados para as tendéncias basicas ‘As tendéncias bsicas tém quatro postulados: individua- lidade, origem, desenvolvimento e estrutura, Primeiro, 0 postulado da individualidade estipula que os adultos t8m um conjunto tinico de tragos e que cada pessoa exibe uma com: binagio singular de padroes de tracas. A quantidade precisa de neurotiismo, extroverséo, abertura a experiéncia, ama: bilidade econscienciosidade ¢ nica para todos nds, e muito denossa singularidade resulta da variabilidade em nosso ge- nétipo. Bsse postulado é coerente com a idela de Allport de que a singularidade éaesséncia da personalidade, Segundo, o postulado da origem assure uma postura clara eum tanto controversa: tados os tragos de personali- dade sao o resultado de forcas endégenas {internas), como a genética, os horménios e as estruturas cerebrais. Em outras palavras, o ambiente familiar nao desempenha um papel na criagao das tendéncias bésicas (mas, novamente, lembre-se de que os tragos de personalidade nao sao si- nénimos de personalidade como ur todo). A Figura 13.3, ‘mostra apenas uma seta causal indo das bases biolégicas até as tendéncias basicas. Tal alegacdo esta baseada, princ- palmente, nos achados da genética comportamental de que as cinco dimensbes da personalidade podem ser explicadas quase que de modo exclusivo (cerca de 50% cada) por dois fatores, a saber, genética e ambiente nao compartihado (Hamer & Copeland, 1998; Loehlin, 1992; Plomin & Casp, 11998). A influencia genética é demonstrada pelo que os ge- neticistas comportamentais chamam de coeficentes de he- reditariedade e resulta da pesquisa sobre estudos de adogao ¢ estudos com gémeos, Hereditariedade trata da questao de qual é a diferenca na corzelagéo de determinado trago de personalidade entre individuos que sio geneticamente idénticos (gémeos idénticos) e aqueles que compartilham apenas 50% de seus genes (todos os outros irmios). Se os 262 Frost, Frist & Roscars genes nao desempenhassem papel algam na modelagem dos tragos, nfo seriam encontradas diferengas nas correla bes entre as pessoas que variam em seu grau de semelhan- a genética. Gémeos idénticos e gémeos fraternas seriam jgualmente semelhantes ou igualmente diferentes, Evidén- cias indicam que gémeos idénticos, mesmo se criados em ambientes diferentes, apresentam maior semelhanga na personalidade do que outros irmaos. E, no caso da maioria dos tragos de personalidade, o grau de semelhanga sugere que cerca de 50% da variablidade na personalidade deve- “sea hereditariedade ou & genética. A maior parte dos 50% restantes € explicada por experiéncias nao compartilhadas de irmaos de idades variadas; ou seja, os iemaos, em ge zal, tm experiéncias, amigos e professores diferentes. Por exemplo, os pais modificam seu comportamento parental com o tempo e a experiéncia, Assim, um filho nascido trés ‘ou quatro anos depois de outro estara sendo criado em um ambiente um pouco diferente Terceiro, 0 postulado do desenvolvimento pressupse que os tragos se desenvolvem e se modificam durante a Infancia, mas, na adolescéncia, seu desenvolvimento fica mais lento; edo inicio até a metade da vida adulta (aproxi- rmadamente 30 anos), as mudangasna personalidade quase param por completo (Costa & McCrae, 1994; Costa, Mc- Grae & Arenberg, 1980) “McCrae e Costa (2003) especularam que pode haveral- smas razées evolucionarias ¢ adaptativas para essas mu- dangas: quando as pessoas sto jovens e esto estabelecen- do seus relacionamentos e carreitas, extroversio, abertura a mudanga e até mesmo neuroticismo altos seriam benéfi cos. Conforme as pessoas amadurecem e se estabelecem, esses tragos nio sdo mais tio adaptativos quanto eram an: teriormente, Jé o aumento em amabilidade e consciencio- sidade pode ser Gtil conforme as pessoas envelhecem. Em nossa serao sobre pesquisa, discutimos a establidade dos tragos durante a idade adulta. Por fim, o postulado da estrutura afirma que os tragos sto organizados de modo hierérquico, desde limitados ees: pecificos até amplos e gerais, como Eysenck sugeriu, Esse postulado se desenvolve a partir da posigao de McCrae Costa de que o miimero de dimensdes da personalidade é cinco. somente cinco, Tal ntimero é mais do que os trés da hipétese de Eysenck e consideravelmente menor do que os 35 encontrados por Cattell. Com o postulado da estrutura, McCrae e Costa e outros tedricos dos cinco fatores conver- gem para cinco como a resposta para o antigo debate entre 0s tebricos dos fatores. Postulados para as adaptagées caracteristicas © postulado referente as adaptagées caracteristicas afirma que, ao longo do tempo, as pessoas adaptam-se ao ambiente “adquirindo padrées de pensamentos, sentimentos e com: portamentos que sio coerentes com seus travos de persona- lidade e adaptagdes anteriores” (McCrae & Costa, 2003, p. 190), Em outras palavras, 08 tragos afetam a maneira como nos adaptamos as mudancas no ambiente, Além disso, nos- sas tendéncias bisicas resultam de nossa procurae selegao de ambientes particulares que combinam com nossas dis- posigdes. Por exemplo, uma pessoa extravertida pode se as: sociar a um clube de danca, enquanto uma pessoa assertiva pode se tornar advogada ou executiva de empresa © segundo postulado da adaptacio caracteristica ~ desajustamento ~ sugere que as respostas dos individuos znem sempre sio coerentes com objetivos pessoais ou valo- tes culturais. Por exemplo, quando a introversio é levada ao extremo, ela pode resultar em timidez, social patolégica, ‘© que impede as pessoas de safrem de casa ou permane- cerem no emprego. Além disso, a agressividade levada a0 cextremo pode conduzir beligerancia e ao antagonismo, que, entio, resultam em maior frequéncia de demissoes dos empregos. Esses habitos, aitudes e competéncias que compéem as adaptacdes caracteristicas por vezes sao tio rigidos ou compulsivos que se provocam desadaptagio. © terceiro pstulado da adaptacio caracteristica afr- rma que os tragos bésicos podem “mmudar com o tempo em resposta a maturasao biol6gica, a alteracdes no ambiente ua intervengées deliberadas” (McCrae & Costa, 2003, p. 190), Esse é 0 postulado da plasticidade de McCrae e Costa, que reconhece que, embora as tendéncias basicas possam ser consideravelmente estaveis ao longo da vida, as adap- tagbes caracteristicas nao o s4o. Por exemplo, interven- ses coma psicoterapia e modificacao do comportamento podem ter dificuldade em mudar os tragos fundamentais cde uma pessoa, mas podem ser potentes o suficiente para alterar suas respostas caracterisicas. PESQUISA RELACIONADA ‘Aabordagem dos tacos adotada por Robert McCrae e Pal Costa é muito popular no campo da personalidade. Costa e (McCrae desenvalveram um inventétio da personalidade am- plamente utlizado, o NEO-PI (Costa & MeCrae, 1985, 1992) Os tragas foram vinculados a resultados vitais, como saide fisica (Martin, Friedman &e Schwartz, 2007), bem- -estar Costa 8 McCrae, 1980) e sucesso académico (Noftle & Robins, 2007; Zyphur, Islam, & Landis, 2007); mas os tracos também foram relacionados a resultadas cotiia- ‘nos mais comuns, come humor (McNiel & Fleeson, 2006) Conforme é visto a seguir, os tragos podem prediver re- sultados de longo prazo como a GPA* (Noftle & Robins, 2007), que é produto de anos de trabalho, mas os tagos também podem predizer resultados mais dscretos, como quantas Vezes voc® vai fazer um exame de ingresso para N-deT;AGPA, Grade Point Average, uma medida de desemn- penho académico em faculdade ov universidade uma universidade como o SAT* Zyphur, Islam, & Landis, 2007) e com que tipo de humor vacé pode estar em deter- sinado dia (McNiel & Eleeson, 2006) Tragos e desempenho académico Os tragos de personalidade sio fortes preditores de muitas aspectos da vida, Uma area que recebeu grande quantidade de pesquisa € a relacdo entre tragos e desempenho acadé- rico, conforme medido por escores de testes padronizados e de GPA. Os pesquisadores Brik Noftle e Richard Robins (2007) conduziram um amplo estudo, no qual eles medi- am os tragos eos resultados académicos de mais de 10 mil estudantes, Para realizar essa pesquisa, as universitarias receberam questionsrios de autorrelato para medi seus escores nos trayos Big Five e perguntou-se a eles acerca de seus escores no SAT e nas GPAs do ensino médio e da fa- culdade, 0s quais foram, entao, comparados com os regis tos da universidade para exatiddo. O traco mais importan- te para predigio de escore GPA alto no ensino médio e na faculdade era a conscienciosidade, Os que tém esse traco alto tender a ter escores GPAs mais altos tanto no ensino :édio quanto na faculdade. Lembre-se de que consciencio- sidade no MEF de Costa e McCrae envolve caracteristicas como trabalhador, ber-organizado e pontual. Os estudan’ tes com alta conscienciosidade sio aqueles que, dia apés dia, tendem a reservar tempo para o estudo, sabem como estudar bem e tém boa frequéncia as alas, o que contribu para que se saiam bem na escola, ‘A rclacao entre os tragos eos escores no SAT seguit um padrio diferente do observado para os tragos eos escores na GPA. Os tragos Big Five nao eram fortes previsores na seco de matematica do SAT, mas abertura & experigncia estava xelacionada aos escores da segdo verbal (Noftle & Robins, 2007). Especificamente, aqueles com escore mais alto no ‘ago abertura & experiénca tinkam maior probabilidade de se sairem bem nas questOes vetbais do SAT. Se pensarmas @ respeit, isso faz sentido, Aqueles com escore alto nessetraso sto imaginativos, ciativos ¢ tém pensamento amplo, spec: tas que podem ser tei para questdes dficeis em um teste Pode ser surpreendente que, na diseusséo da previsso dos escores no SAT a partir dos tragos, conscienciosidade do seja um forte previsor como era para GPA. E, ainda, os escores no SAT e na GPA, embora sejam medidas gerais de sucesso académico, so muito diferentes. O escore de uma pessoa no SAT é mais de aptidao e fundamentado em um Tinico teste, enquanto o escore na GPA é mais de desempe- sho e produto de anos de trabalho. & mais diffi, apenas por meio do estudo, mudar o préprio escore no SAT. Ele € mais comparivel a um escore de teste de inteligancia +N. deT; O SAT, Scholastic Aptitude Test, ur teste padroni zado aplicado a estudantes do ensino médio que secandidatam & Universidade nos Bstados Unidos. TeoRIAS OA PERSONALIDADE 263 ‘Algumas pessoas submetem-se ao SAT muitas vezes, enquanto outras o fazem apenas uma ver. Essas diferentes abordagens para a realizagao do teste podem refletirdife- rengasno trago do neurotcismo. As pessoas com escore alto nesse trago sio ansiosas e temperamentais, enquanto as pessoas cam escore baixosio calmas, tranquilas satisfeitas consigo mesmas. Considerando que aqueles com escore alto no traso de neuroticismo tendem a ser mais ansiosos e me- nos satsfeitos consigo, faz sentido que eles tenham maior probabilidade de se submeteram ao SAT repetidas vezes. Michael Zyphur e colaboradores (2007) conduzivam uum estudo para ver se aqueles com escore alto em neuro- ticismo tinham, de fato, maior probabilidade de se subme: terem outra vez ao SAT. Para testar essa previsio, os pes- quisadores administraram uma medida de autorrelato de neuroticismo em 207 universitarios e, entio, examinaram as transerigdes para informagées sobre quantas vezes cada estudante submeteu-se ao SAT antes de entrar na faculda- dee quais foram seus escores. Os resultados corroboraram a hipotese das pesquisadores, uma vez que aqueles com score alto nesse trago tinham maior probabilidade de rea lizar o SAT muitas vezes. E interessante observar que os pesquisadores também constataram que as escores no SAT tendiam aaumentar como tempo; portanto, os estudantes tendiam a ter escores mais altos na segunda ver do que na primeira e ainda mais altos na terceira vez que vealizavam 0 teste, Esses achados sio importantes: as vezes, escores altos em, sio percebidos de modo negativo, porque essas pessoas sio altamente autoconscientes, nervosas, emocio- nais ¢, em geral, preocupadas com tudo. Porém, nesse es tudo, as tendéncias ansiosas daqueles com escore alto em neuroticismo eram muito adaptativas, porque os levavam a fazer novamente o SAT, tendo escore mais alt, Quando se trata de predizer o desempenho académico «partir dos tragas, os tragos mais importantes dependem do resultado do interesse, pois existem muitas maneiras de se sair bem, Conscienciosidade é bom para a GPA, mas, rio tho importante pata o SAT. A abertura 8 experiéncia ideal para habilidade verbal, mas nao importa muito para habilidade matematica. E neuroticismo, embora gera: mente relacionado a maiores sentimentos de ansiedade e autoconsciéncia, esté associado a fazer os testes repetidas vvezes, obtendo um resultado melhor a cada veo, Tragos, uso da Internet e hem-estar ‘Tem havido muito debate pttblico acerca do impacto da Internet no bern-estar dos adolescentes; contudo, as pes quisas iniciais sobre tal questéo apresentaram resultados, contraditérios. Alguns estudos constataram, como muitos pais e educadores temem, que o uso didvio da Internet esta associado a niveis mais elevados de depressio e menor bem-estar nos adolescentes (p. ex, Van den Eijnden et al 2008), enquanto outros nao detectaram correlagao entre 264 Frost, Frist & Roscars essas variéveis(p. ex, Gross etal, 2002), Em um estudo recente de jovens holandeses, van der Aa e colaboradores, (2008) ponderaram que a Internet nao é usada da mesma ‘maneita por todos os adolescentes, nem esse uso afeta to- dos os adolescentes da mesma maneira. Hles procuraram examinar a contribuigdo dos tragos de personalidade dos adolescentes para o uso da Internet e 0 impacto que 0 uso tem no bem-estar. Os adolescentes mais introvertidos se voltam mais para a Internet dos que para as interagSes so- ciais, por exemplo? E o uso da Internet impacta de modos diferentes os jovens com perf de tragos distintos? Os pesquisadores estudaram um grande nimero de adolescentes na Holanda por meio de um questionario on -line. A amostra total incluiu 7.888 adolescentes, variando em idade de 11 a 21 anos, Além de completarem o Big Five para avaliar os niveis de extroverséo, abertura a experién: cia, amabilidade, neuroticsmo e consciensiodade, eles foram consultados sobre uso da Internet, solidao, autoes- tima e disposigéo depressiva. Os resultados mostraram que ‘uso diario da Internet, em si, nio est diretamente asso- ciado a redusao do bem-estar (um achado que traz alvio para muitos leitores deste livo). Ao contratio, 8 riscos do uso da internet em termos de bem-estar estio mais rlacio- nados as tendéncias dos individuos autilizarem a Intemet compulsivamente ~ sentiv-se incapaz. de parar de navegar, ser preocupado com a Intemet ou ter o seu uso interferin- do em outras tarefas, Essa utilizacao compulsiva foi previs- ta no estudo pelos tragos de personalidade. Os adolescen- tes eos jovens adultos mais introvertidos, menos améveis mais neuréticos tinham maior probabilidade de ter es- cores altos no uso compulsivo, etal utilizagso compulsiva era, por sua vez, um preditor mais forte de sentimentos de solidio e de sintomas depressivos De forma intuitiva, faz sentido quecos adolescentes que sio mais introvertidos e neuréticos e menos améveis con- siderem a interagao social face a face menos gratificante do que os pares mais extrovertidos, amaveis e emacionalmen- te estaveis, Por causa disso, 6 provivel que aqueles jovens considerem a Internet um contexto mais agradavel para comunicagao, Van der Aa e colaboradores (2008) levantarn a hipstese de gue esses jovens podem acabar em um cit- culo vicioso de um uso ainda maior da Internet, que pode se tomar compulsivo, levando a diminuigio do bem-estar. Talvee, entao, visar aos adolescentes com esse perfil de tracos para reduzir 0 uso da Internet e oferecer atividades sratificantes affine poderiam melhorar sua sate mental Tragos e emocao Os tragos de personalidade afetam mais do que o sucesso nna escola e outros resultados de longo prazo. Eles também podem afetar o humor que a pessoa experimenta diaria ‘mente. Se examinarmas com cuidade os descritores de cada, ‘ago, sobretudo extroversdo e neuroticismo, isso nao causa surpresa, Ter extroversio alta é ser aficionado por diversi ¢ apaixonado (ambos sentimentos positivos), enquanto ter indice alto em neuroticismo é set ansioso e autaconsciente (ambos sentiments negativos). Assim, os pesquisadores ha tempo consideram emogées positivas como o ntcleo da extroversio © emogées negativas como o miicleo do neuro- ticismo (Costa & McCrae, 1980). Porém, 0 que nao ficou claro na maioria das pesquisasiniciais sobre o tépico ése os ‘ragos de extroversao ou neuroticismo causam a experién- cia de humor positivo e negativo, respectivamente, ou se é 2 experiencia das emosdes que faz as pessoas se comporta: rem de modo concordante com os tragos. For exemplo, se as pessoas estio de bom humo, faz sentido que elas sejam mais joviais e falantes (i, e.,comportamento extrovertido) ‘Mas elas estdo de bom humor porque estao agindo de for- rma extrovertia ou elas estio agindo de forma extrovertida porque estdo de bom humor? Da mesma forma, se as pes- soas estao de mau humor, faz sentido que elas ajam com uum pouco de autoconsciéncia e experimentem ansiedade ¢., comportamento neurético). Mas o humor causou 0 comportamento ou comportamento promaveu o humor? ‘Murray McNiel e Wiliam Fleeson (2006) realizaram um cestudo para determinar a diregdo da causalidade para as rela- 4g8es entre extroversio e humor positivo e entre neurotics- ‘moe humor negativo. Especifcamente, eles estavam interes- sados em determinar se agir de maneira extrovertida faz as pessoas experimentarem sentimentos positivos ese agir de ‘maneira neuréticafazas pessoas experimentarem sentimen- tos negativos, Para tanto, McNiele Fleeson levaram para um laboratério de psicologia 45 partcipantes em grupos de trés 5 fizeram envolver-se em dois grupos de discussio dife- rentes. Durante a primeira discuss4o, uma pessoa no grupo foi instruida a agi de forma “audaciosa, espontanea, asser- tivae falante” (todos comportamentos extrovertidos), um participante fl insteatdo a agir de forma “reservada,inibid, timida equieta” (todos comportamentos introvertidos) eum terceivo individuo nao recebeu instragdes e, em ver. disso, era um observador neutzo do comportamento dos outros dois membros do grupo. Apés a discussao, os participantes aque foram instraidos a agie de forma extrovertida ou intro- vertida classificavam o préprio humor, enquanto 0 observa- dor neutvo classificava o humor dos membros de seu grupo {agueles que foram instrutdos a agir de forma extrovertida ‘ou introvertida), Durante a segunda discussio do grupo, os papéis daqueles que foram instruidos a se comportar de for- ima extrovertida ou introvertida foram trocados, de modo que aquele que agiu de maneira extrovertida na primeira discussio atuava de forma introvertida na segunda discus- sio e vice-versa, O observator neutro permanecia o mesmo. Esse tipo de desige experimental permitiu aos pesquisadores determinar, de forma conclusiva, se o comportamento extro- vertido, de fato, causa humor postivo. Conforme previsto, os paticipantes relataram humor positive mais alto quando foram instruidos a agir de forma extrovertida do que quando instruldes a atuar de forma in- trovertida. Tal achado também foi corroborado pelas ava~ liagBes do observador neutro e foi coerente para as pessoas com trago de extroversio alto ou baixo, Isso sugere que, independentemente do nivel natural de extroversao, ape nas agir de maneira extrovertida pode fazer vocé se sentir ‘melhor do que se agir de forma introvertida Lembre-se de que enquanto a disposicio positiva é considerada o niicleo da extroversio, a disposicio negativa € considerada 0 nicleo do neuroticismo, MeNiel e Fleeson (2006) pretendiam estender as conchusées obtidas quanto a extroversio ea disposigao positivae, entdo,realizaram outro estudo, dessa vez investigando os efeitos em neuroticismo e disposicao negativa. O procedimento fi essencialmente o mesmo que odo estudo anterior, mas, em vez de uma pessoa ser instruida a agir de forma extrovertida ou introvertida, ‘um participante foi instrutdo a atuar de forma “emocional, subjetiva, mal-humorada e exigente” (todos aspectos de newroticismo alto) e outro aagir de forma “no emocional, bjetiva, equilibrada e nao exigente” (todos aspectos de new: raticismo baixo). Os papeis foram trocadas para a segunda discussio do grupo. Conforme previsto, os participantes re- lataram estar com pior humor quando agiram de forma new: rotica do que quando nao atuaram assim, A conclusio geral dessa pesquisa, entdo, & que se voc esté de mau humor, mas quer ficar de bor humor, aja de forma extrovertida Até agora, discutimos como 0 trago de neuroticismo pode estar relacionado a emogao negativa e como agir de forma neurética pode causar emocio negativa, Todavia, existe algumas pesquisas vecentes que sugerer que nem todos com escore alto em neuroticismo experimentam mais emogao negativa (Robinson & Clore, 2007). Ha diferencas individuais para avelocidade com que as pessoas processam as informagées que chegam, etais diferencas infiuenciam a relacio entre neuroticismo e disposicso negativa. Essas diferencas na velocidade sio medidas em milissegundos «, portanto, sio imperceptiveis para o individuo e para as, outras pessoas, mas existem computadores que conseguem ‘mensurar tas diferengas com bastante precisio. Paramedir essas diferencas de velocidade, os partiipantes se sentam em frente a um computador e completam a tarefa do teste de Stroop, que envolve identificar se a cor da fonte de uma palavra apresentada na tela 6 vermelha ou verde. Bssatarefa mais dificil do que parece, porque, as vezes,apalavra "ver- relho” aparece em fonte verde; entao, embora a resposta comreta seja "verde", as pessoas, a principio, querem respon- der"vermelho" e devem superar essa tendéncia. No estudo conduzido por Michael Robinson e Gerald Clore (2007), os partcipantes, primeiro, completaram ata- refado teste de Stroop, enguanto um computador media a rapider.com que isso era feito. Apés realizarem a tarefa no computador, os participantes também completaram uma medida-padréo de autorrelato de neuroticismo. Entio, tinham que registrar seu humor ao final de cada dia, du- zante duas semanas. De acordo com pesquisas anteriores, TeoRiAs OA PERSONALIDADE 265, neuroticismo deveria predizer disposigao negativa disria, mas Robinson e Clore (2007) previram que esse seria 0 caso apenas para agueles que eram relativamente lentos na tarefa de classificagéo (tarefa do teste de Stroop). O racio cinio para tal previsio foi que aqueles que sio répidos no processamento das coisas em seu ambiente ndo precisam depender de tragos como neuroticismo para interpretar os eventos e, assim, causar humor negativo, Em outras pala- vras, os processadores répidos interpretam o ambiente de forma abjetiva, enquanto os processadores lentos sio mais, subjetivas em suas avaliagbes, dependendo de disposigoes de tragos para interpretar os eventos De fato, isso ¢ exatamente o que os pesquisadares en- contraram: neuroticismo realmente predizia experimentar mais humor negativo durante o curso de duas semanas de relato, mas apenas para aqueles que eram lentos na tarefa de computador. Aqueles que tinham neuroticismo clevado, mas eram répidos na tarefa de computador, nao relataram mais emocio negativa durante o periodo de duas semanas ddo que sua contrapartida com neuroticism baixo, “Tomadas em conjunto, as pesquisas sobre tragos & emogio mostram que, embora as pesquisas iniciais nessa area mostrando que extroversdo e neuroticismo esto re- lacionados a humor positivo e negativo, respectivamente, no sejam erradas, isso nao retrata 0 quadro completo da relagdo complexa entre tragos e emogo. A pesquisa de Me Niele Fleeson (2008) mostrou que agir de forma extrover- tida, mesmo sem extroversio alta, pode aumentar o humor positive, Além disso, embora neuroticisma estejarelaciona do a experimentar mais humor negativo, Robinson e Clo- re (2007) demonstraram que esse era 0 caso apenas para agueles que nao somente tinham neuroticismo alto como também cram relativamente lentos na dassificagao das in- formagdes recebidas. Os tragos sio bons preditores de no- tas na escola, escores de SAT, uso compulsivo da Internet e até mesmo humor diério, mas no sio um destino invuté- vel, Mesmo que os tragos predisponham a certos tipos de comportamento, as ag6es poder subvertertaisdisposigées. CRITICAS As TEORIAS DOS TRAGOS E FATORES (Os métodos dos tracos e fatores ~ especialmente aqueles de Eysencke dos defensores do modelo Big Five -oferecem importantes taxonomias que organizam a pevsonalidade cem classificagées significativas, Entretanto, conforme indi cado no Capitulo 1, as taxonomias, por si s6, nao explicam ou preveern comportamento, duas fungées importantes das teorias tts. Essas teorias vao além das taxonomias e produzem pesquisas importantes sobre a personalidade? As teorias dos traros e fatores de Costa e McCrae sao exemplos de uma abordagem estritamente empirica de investigacio da 266 Frost, Frist & Roscars personalidade, Blas foram construidas por meio da coleta de tantos dados quanto fosse possivel em um grande ni- ero de pessoas, inter-relacionando os escores, submeten- do matrizes de corelagao a andlisefatoril eaplicando sig- nificincia psicolégica apropriada aos fatores resultantes. Uma abordagem psicométrica, em vez do julgamento cli- nico, 60 pilar das teorias dos tragos e fatores. No entanto, assim como outras teorias, as teorias dos tragas e fatores ddever ser julgadas pelos seis critrios de uma teoria iti. Primeiro, as teorias dos tracos e fatores geram pesqui- 14? Com base nesse crtério, o modelo dos cinco fatores de McCrae e Costa e de outros defensores da estratura da personalidade Big Five também gerou grande quantidade de pesquisa empfrica, Essa pesquisa mostrou que os tra- 0s de extroversio, neuroticismo, abertura & experiéncia, amabilidade e conscienciosidade nao estio limitados as nagées ocidentais, mas so encontrados em uma ampla variedade de culturas, com 0 uso de varias traducbes do NEO-PI revisado (McCrae, 2002). Além disso, McCrae ¢ Costa identificaram que os tragos basicos da personalida- de so um tanto flexiveis até cerca de 30 anos, mas, depois esse pertodo, eles permanecem consideravelmente esté- veis a0 longo da vida Segundo, as teorias dos tragose fatores sio refutdves? De acordo com esse critério, as teorias das tragos e fatores recebem uma dassificagao de moderada a alta. O trabalho de McCrae e Costa presta-se & refutasio, muito embora parte da pesquisa proveniente de paises ocidentais sugira que outros tragos além do Big Five podem ser necessérios para explicara personalidad em paises asaticos. Terceito, a teorias dos tracos ¢ fatores tém classifica sao alta na capacidade de organizar conhecimento, Tudo © que € verdadeiramente conhecido acerca da personalidade deve ser redutivel a uma quantidade, Tudo que pode ser quantificado pode ser medido, e tudo 0 que pode ser medi do pode ser submetido & andlise fatorial. Os fatores extr Hy (CONCEITO DE HUMANIDADE Como os tedricos dos tragos e fatores encaram a humanidar 4e? 0s tebricos dos cinco fatores ndo eram preocupados com temas tradicionais, como determinismo versus ve-aritrio, ‘otimismo versus pessimismo e influencias teleldgicas versus ‘causa, De fato, suas teorias nfo se prestam 2 especulacao ‘desses t6picos,O que, ent, podemos dizer em relacdo a sua visio de humanidade? Primeito, sabemas que os adeptos da andlise fatorial vveem 0s humanas como diferentes dos outros animals. So- ‘mente os humanos passuem a capacidade de relatar dados _acerca de si mesmos partir dese fato,&possive!infeir que dos, entao, oferecem uma descrigao conveniente e precisa da personalidade em termos de tragos. Estes, por sua ver, podem apresentar uma estratura para organizar muitas ob- servacdes diferentes acerca da personalidade humana Quarto, uma teoria ttl tem o poder de guiar as agées dos praticantes, e, nesse critéio, a teorias dos tragos e fa- tores recebem opinides variadas. Ainda que tais teorias fornecam uma taxonomia abrangente e estruturads, essa classificagao € menos ttl a pais, professores e terapeutas do que a pesquisadores, ‘As teorias dos tragos e fatores so coerentes interma- mente? A teoria a pesquisa do Big Five & internamente coerente, mesmo que haja alguns (p. ex., Eysenck, ver Cap. 14) que discordem do niémero de dimensées basicas da personalidade, Pesquisas transculturais tendem a dar apoio para a universalidade dessas cinco dimensdes por todo 0 mundo, o que sugere que elas séo dimensées coe: rentes da personalidade humana (McCrae, 2002; Schmitt, Alik, McCrae, & Benet-Martinez, 2007; Trull & Geary, 1997; Zheng et al, 2008). No entanto, devemos assinalar que a pesquisa transcultural nao é undnime em seus acha- dos que corroboram com o Big Five, em parte devido as dificuldades em tradusiv as perguntas para rauitaslinguas diferentes, Por exemplo, a coeréncia interna da escala de amabilidade do Inventério Big Five & apenas 0,57 no Sul e ro Sudeste da Asia, sugerindo que os itens nao esto me- indo completamente uma dimensio entre os asiaticos (Schmitt et al, 2007) ari a parciménia. De ‘maneira ideal, as teorias dos tragos e fatores deve receber uma excelente classificagao nesse padrao, porque a anélise fatorial esté baseada na ideia do menor nimero de fato- res explanatérios possivel. Em outras palavras, a prépria finalidade da andlise fatorial € reduzir um grande mimero de variéveis 20 menor niimeto possivel. Tal abordagem é a esséncia da parciménia, jo final de uma teoria dei McCrae e Costa acreditavam que os humanos possuem no so mente conscéncia, mas também autaconsciéncia.Além disso, as pessoas sio capares de avaliar seu desempenho e farnecer relatos razoavelmente confiaveis reerentes a suas atitudes, seu temperamento, suas necessidades, seus interesses ¢ seus ‘comportamentos Segundo, McCrae e Costa colocaram énfase nos fatores sgenéticos da personalidade. Eles acreditavam que 0s tragos 05 falores so ambos herdados ¢ possuem fortes compe- nentes genéticos e biol6gicos e, portanto, so universais. Mas les também defendiam que 0 ambiente desempenna um papel crucial na modelagem das disposigbes pessoais. Assim, classifieamos 0 modelo Big Five coma médio em influéncias| Na dimensdo das diferencas indviduais versus semelhon- «25, asteorias dos tacos fates tendem para as diferengas Termos-chave e conceitos + As teorias da personalidade dos tracos e fatores es- to baseadas na analise fatoral, procedimento que pressupde que os tragos humanos podem ser medi- dos por estudos corvelacionais + Os extrovert sto caracterizados pela sociabilidade «pela impulsividade; os introvertidos, pela passivida- dee pela ponderacio * Altos escores na escala de newroticismo podem indi- car ansiedade, histera, transtornos obsessivo-com- TeoRiAs OA PERSONALIDADE 267 individuais, A anslise fatrial se baseia na premissa das die: rengas entre 0s individuos, da a variabilidade em seus esco- res. Assim, as teorias dos tragos estaa mais preocupadas com as diferencas individuals do que com as semelhangas entre as pessoas, pulsivos ou criminalidade; baixos escores tendem a predizer estabilidade emoctonal. © McCrae e Costa deram a mesma clas bioldgicas e ambientais no que se refere & perso- nalidade. A teoria dos cinco fatores foi usada pata avaliay 1s tracas de personalidade em culturas por todo 0 mundo, © O NEO-PLR mostra um alto nivel de estabilidade ros fatores da personalidade conforme as pessoas avangam de cerca dos 20 anos de idade atéa velhice fase as influén

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