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AB Direito Civil Contratos 1. Disposigdes Gerais © contrato é a mais comum e mais importante fonte de obrigagao, devido as suas miltiplas formas e inimeras repercussées no mundo juridico. Fonte de obrigago 6 0 fato que Ihe da origem. Os fatos humanos que o Cédigo Civil brasileiro considera geradores de obrigagao sao: a) os contratos; b) as declaragées unilaterais da vontade; e c) 08 atos ilicitos, dolosos e culposos. ATENGAO Como ¢ a lei que da eficdcia a esses fatos, transformando-os | AZ em fontes diretas ou imediatas, aquela constitui fonte mediata ou ! J < primaria das obrigages. E a lei que disciplina os efeitos dos | “™ contratos, que obriga o deciarante a pagar a recompensa prometida ! @ que impée ao autor do ato ilicito o dever de ressarcir 0 prejuizo | causado. 7 © contrato é uma espécie de negécio juridico que depende, para a sua formagao, da participagao de pelo menos duas partes. E, portanto, negécio juridico bilateral ou plurilateral. Seus efeitos so a criagao, a modificagao e a extingdo de direitos, 1.1 Condigées de validade do contrato Se os possui, é valido e dele decorrem os mencionados efeitos, almejados pelo agente. Se, porém, falta-Ihe um desses requisitos, 0 negécio ¢ invalido, nao produz o efeito juridico em questo e é nulo ou anuldvel. @AB O contrato, como qualquer outro negécio juridico, sendo uma de suas espécies, igualmente exige para a sua existéncia legal o concurso de alguns elementos fundamentais, que constituem condigées de sua validade ATENGKO accom gor, aman aso Al atos e negécios juridicos, como a ‘7 capacidade do agente, 0 objeto licito, possivel, determinado ou determinavel, ¢ a forma prescrita ou —_ nao defesa em lei; condigées de validade dos contratos sdo de duas espécies: de ordem especial, especifico L__. dos contratos: 0 consentimento 1 reciproco ou acordo de vontades. Os requisitos de validade do contrato podem, assim, ser distribuidos em trés grupos: subjetivos, objetivos e formais. * Requisitos Subjetivos: consistem na manifestagao de duas ou mais vontades e capacidade genérica dos contraentes; na aptidao especifica para contratar; no consentimento. © Requisitos Objetivos: os requisitos objetives dizem respeito ao objeto do contrato, que deve ser licito, possivel, determinado ou determinavel. A validade do contrato depende, assim, da: a) licitude do objeto: é proibida a contratagao que confronta com a moral eos bons costumes; b) possibilidade fisica ou juridica do objeto; €) objeto certo e determinado ou, ao menos, determinavel, que contenha um valor patrimonial. © Requisitos Formais: a forma & 0 meio de revelagao da vontade. Deve ser prescrita ou ndo defesa em lei. séo atinentes a forma dos contratos que, via AB de regra, 6 livre. E nulo o negécio juridico quando nao revestir a forma prescrita em lei ou for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade. Em alguns casos a lei reclama também a Publicidade, mediante o sistema de Registros Publicos . Cumpre frisar que 0 formalismo e a publicidade sao garantias do direito. -—— Requisitos Subjetivos; Requisitos de _____| ___. Requisitos Objetivo; ' validade: |___, Requisitos Formais; 2. Principios do Direito Contratual. O direito contratual é regido por por diversos principios, alguns tradicionais e outros modemos. Os mais importantes sao os: da autonomia da vontade, da supremacia da ordem publica, do consensualismo, da relatividade dos efeitos, da obrigatoriedade, da revisdo ou onerosidade excessiva e da boa-fé. 2.1 Principio da autonomia da vontade Esse principio assegura a ampla liberdade das partes em contratar. A autonomia da vontade se apresenta em trés vertentes: a) liberdade de realizar 0 contrato: é o direito que cada parte tem de realizar ou nao o contrato, sendo que a interferéncia nessa liberdade caracteriza vicio de consentimento; b) liberdade de escolher 0 outro contratante: visto que um dos pressupostos do contrato é a confianga entre as partes, a parte realizard o contrato com quem ela decidir, e a interferéncia nessa escolha também caracteriza vicio de vontade. AB ¢) liberdade para fixar 0 contetido e abrangéncia do contrato: é a liberdade ctiativa concedida pela lei as partes para que estabelegam o que desejarem entre si, sempre respeitados os limites impostos pela ordem ptiblica. ic eee DECORE [-—- liberdade de realizar o contrato; Principio da autonomia da liberdade de escolher 0 outro : vontade: contratante; i 7 L., liberdade para fixar o conteidoe | abrangéncia do contrato; : i 1 2.2 Principio da supremacia da ordem publica. Também conhecido como fungao social do contrato, equivale a dizer que embora exista a autonomia de vontade para as partes, esta nao é absoluta, ja que deve respeitar a ordem e 0 interesse publicos, assim como os bons costumes. Com isso nenhuma convengdo podera contrariar o interesse puiblico, de sorte que a autonomia da vontade encontra seu limite no respeito a outros principios maiores. © artigo 421 do Cédigo Civil determina que a liberdade de contratar sera exercida em razo e nos limites da fungao social do contrato. Por sua vez, o artigo 422 dispée que os contratantes so obrigados a guardar, assim na conclusdo do contrato, como em sua execugdo, os principios de probidade e boa- 2.3 Principio da probidade e da boa-fé O principio da boa-fé exige que as partes se comportem de forma correta nao sé durante as tratativas, como também durante a formagao e o cumprimento do contrato. Guarda relagéo com o principio de direito segundo o qual ninguém pode beneficiar-se da propria torpeza. Recomenda ao juiz que presuma a boa-fé, devendo a mé-fé, ao contrario, ser provada por quem a alega. Deve este, ao julgar demanda na qual se discuta a relagdo contratual, dar por pressuposta a boa-fé objetiva, que impée ao contratante um padrdo de conduta, de agir com retidao, ou AB seja, com probidade, honestidade e lealdade, nos moldes do homem comum, atendidas as peculiaridades dos usos e costumes do lugar. A probidade, mencionada no artigo 422 do Cédigo Civil, retrotranscrito, nada mais é sendo um dos aspectos objetivos do principio da boa-fé, podendo ser entendida como a honestidade de proceder ou a maneira criteriosa de cumprir todos os deveres, que sdo atribuidos ou cometides a pessoa. Ao que se percebe, ao mencioné-la teve o legisiador mais a intengao de reforgar a necessidade de atender ao aspecto objetivo da boa-fé do que estabelecer um novo conceito. 2.4 Principio do consensualismo. De acordo com o principio do consensualismo, basta, para o aperfeigoamento do contrato, 0 acordo de vontades, contrapondo-se ao formalismo e ao simbolismo que vigoravam em tempos primitivos. Decorre ele da moderna concepgao de que 0 contrato resulta do consenso, do acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa. 2.5 Principio da relatividade dos efeitos do contrato Significa que os termos do contrato vinculam apenas as partes que nele interferirem, no podendo, em hipétese alguma, atingir terceiros, salvo no caso de transferéncia de direitos que devem ser assumidos pelos herdeiros universais e nas estipulagdes em favor de terceiros. 2.6 Principio da Obrigatoriedade. Também denominado principio da intangibilidade dos contratos, representa forga vinculante das convengées. Dai por que ¢ chamado de principio da forga vinculante dos contratos. © aludido principio tem por fundamentos: a) @ necessidade de seguranga nos negécios, que deixaria de existir se os contratantes pudessem nao cumprir a palavra empenhada, gerando a balbirrdia eo caos; AB b) a intangibilidade ou imutabilidade do contrato, decorrente da convicgao de que 0 acordo de vontades faz lei entre as partes, personificada pela maxima pacta sunt servanda (os pactos devem ser cumpridos), nao podendo ser alterado nem pelo juiz. Qualquer modificagao ou revogagdo tera de ser, também, bilateral. 3. Possibilidade de Revisdo dos Contratos. Conforme vimos acima, a regra geral no direito dos contratos ¢ a submisséo das partes contratantes & avenga pactuada. No entanto, observou-se ao longo da evolugdo do pensamento juridico, que em determinadas situagées seria injusto, ou mesmo impossivel, exigir das partes o cumprimento do que havia sido pactuado, em especial quando havia grave mudanga na situagao fatica que deu origem ao contrato. Desse modo, passou-se a aceitar a flexibilizagao da aplicagao do principio da pacta sunt servanda, desde que houvesse grave alteragao das circunstancias. Essa idela foi consagrada na clausula rebus sic stantibus, | que foi fundamento da hoje denominada teoria da imprevisao. | Pela teoria da imprevisao a parte estara desobrigada de cumprir | © pactuado no contrato se ocorrer grave alteracdo nas ; circunstancias faticas existentes ao tempo da contratagdo, ; torando excessivamente oneroso, ou mesmo impossivel, o | cumprimento do contrato. © Cédigo de 1916 nao trazia expressa a possibilidade de aplicagao da clausula rebus sic stantibus, mas trazia vestigios de sua aplicabilidade nos artigos 401, 954, 1058. Atualmente, 0 Cédigo de 2002 nao sé recepciona a dita cldusula, como expressamente prevé a possibilidade de reviséo ou mesmo resolugéo do contrato por onerosidade excessiva, com aplicagao da teoria da imprevisdo. AB 4. Fases Contratuais Apresentado os principios sobre os quais repousa a sistematica do direito contratual, observa-se que 0 contrato pode ter sua evolugao delimitada em trés etapas: a fase pré-contratual, a fase contratual e a fase pés-contratual. 4.1 Fase pré-contratual e a formagao do contrato Esta fase contratual esta prevista no artigo 427 e seguintes do Cédigo Civil Antes mesmo da efetiva formagao do contrato, ja encontramos a possibilidade do direito.contratual. Sendo o contrato, como vimos, um acordo de vontades, para que ele se forme é essencial, em primeiro lugar, que uma das partes formule uma proposta dirigida outra. A proposta também é chamada de policitagao ou oblagao e aquele que a férmula (proponente) é denominado policitante, enquanto aquele a quem se dirige a proposta ¢ denominado oblato. Uma vez formulada a proposta pelo policitante, o oblato trés opgées: > aceitar a proposta - nesta situagao considera-se constituido 0 contrato; > rejeitar a proposta - nao tendo interesse na constituigéo do contrato e na proposta formulada, 0 oblato nao aceita a proposta e nao se constitui o contrato; > modificar a proposta - por vezes, 0 oblato tem interesse no negécio juridico, mas nao nos exatos termos propostos, e responde ao policitante com uma proposta diversa da que este Ihe havia formulado originalmente. Esta modificagdo da proposta caracteriza uma nova proposta diversa da que este Ihe havia formulado originalmente. Esta modificagao da proposta caracteriza uma nova proposta formulada pelo oblato passa a ser policitante e o policitante passa a ser oblato nesta nova proposta. AB Este periodo caracterizado pela discussao dos termos do contrato entre as partes, por meio de propostas e contrapropostas é denominado de fase pré-contratual, e vai estender-se até que alguma das partes aceite a proposta formulada pela outra, E importante lembrar que jé nesta fase pré-contratual, ainda que nao existindo contrato, jé se exige das partes o respeito aos principios contratuais, em especial ao principio da boa-fé objetiva Uma vez que ocorra a aceitagao da proposta pelo oblato, considera-se constituido 0 contrato. encerrando-se a fase pré-contratual, e dando inicio a fase contratual. Assim, podemos dizer que 0 contrato se considera constituido no momento da aceitagao da proposta, por meio da manifestacao da vontade do oblato. Nosso direito se filia a chamada teoria da agnigao, em contraposigao a teoria da cognigéo. A teoria da cognigao considera aperfeigoado 0 contrato quando 0 Policitante tem conhecimento da aceitagéo do oblato. Esta nao ¢ a teoria adotada pelo nosso Cédigo. Ja a teoria da agnigdo, ou teoria da declaragao, considera que 0 contrato ¢ formado quando 0 oblato aceita a proposta do policitante. Esta teoria prevé duas subteorias: a) subteoria da recepedo: considera constituido o contrato quando o proponente recebe a aceitagdo do oblato; b) subteoria da expedicao: considera constituido o contrato quando no momento em que 0 oblato expede a resposta para 0 policitante com sua aceitagao, ATENGAO O Cédigo Civil filia-se & teoria da agnicdo. Porém A 4 admite, em momentos distintos, a aplicagéo de ambas as = suas subteorias, conforme previsto nos artigos 433 @ 434 do Cédigo Civil AB A regra geral, segundo o artigo 434, 6 a aplicagao da subteoria da expedigao. Porém, este mesmo artigo prevé trés excegées em que serd aplicada a teoria da recepgao: 1- no caso do artigo antecedente; 11- se 0 proponente se houver comprometido a esperar resposta; IIl- se ela no chegar no prazo convencionado. 4.2 Fase contratual, ou de execucao, e a extingao dos contratos A fase contratual ¢ a fase de cumprimento das obrigagdes assumidas pelas partes. Espera-se que neste momento contratual sejam cumpridas as obrigagées e, por consequéncia, ocorra a extingao do contrato. A extingéo do contrato pode se dar, portanto, em primeiro lugar pelo cumprimento das obrigagdes nele assumidas. 4.3 Fase pés-contratual e consequéncias do contrato Uma vez extinto 0 contrato, mesmo com o cumprimento da obrigagao, ele ainda pode gerar consequéncias. Ja encerrada a fase contratual, inaugura-se a chamada fase pés-contratual, ou fase de consequéncias legais do contrato. Ainda que cumpridas as obrigagdes derivadas do proprio contrato, e estabelecidas pelas partes, ainda existem consequéncias derivadas da lei para aqueles que foram partes, no contrat. E 0 que acontece, por exemplo, no caso dos vicios redibitérios e da evicgao. * Vicio redibitério: é 0 defeito oculto na coisa recebida em virtude de contrato comutativo ou doagéo onerosa, que a forma imprépria ao uso a que se destina ou foi diminuido valor, surge para 0 adquirente o direito de enjeitar a coisa, redibindo o contrato. No entanto, caso deseje, 0 adquirente podera, ao invés rejeitar a coisa, reclamar abatimento no prego. Se 0 alienante conhecia © Vicio, ou o defeito, restituiré 0 que recebeu com perdas e danos; se néo 0 conhecia restituiré o valor recebido mais despesas com o contrato. AB Evicgdo: é a perda do direito ao bem em razao de outro direito ter sido declarado por sobre ele. Surge pela determinagao judicial para que o adquirente entregue a coisa adquirente a um terceiro, Para que haja a evicgdo sera preciso: existéncia de contrato oneroso © perda total ou parcial da propriedade ou posse; © sentenga judicial transitada em julgado declarando a eviceao; Salvo estipulagéo em contrario, 0 evicto tem o direito, além da restituigo integral do prego, ou das quantias que pagou = @indenizacao dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; - @ indenizagao das despesas efetuadas com os contratos e os prejuizos que diretamente resultaram da evicgao; = a8 custas judiciais e honorérios de advogado. 5. Classificagao dos Contratos. Os contratos podem ser clasificados de muitas formas diferentes, sendo assim sera apresentado as principais classificages que sao cobradas no exame de ordem: 5.1 Contratos unilaterais e bilaterias a) b) Contratos Unilateria : So os que geram obrigagées para apenas uma das partes. S6 uma das partes se obriga nao havendo contraprestagao. E 0 caso da doagao pura e simples em que apenas 0 doador contrai obrigagdes, a0 Passo que 0 donatério sé aufere vantagens. Caso ainda do depésito gratuito, do mituo e do comodato. Contratos Bilaterais ou Sinalagmaticos: sao aqueles que geram obrigagdes para ambas as partes e essas obrigagdes sdo reciprocas e simultaneas; cada uma das partes fica adstrita a uma prestagdo. E 0 caso da compra e venda e do depésito oneroso. AB 5.2 Contratos gratuitos e onerosos. a) Contratos Gratuitos, ou benéficos: sao os que geram vantagens para uma das partes e desvantagens para a outra. Uma das partes s6 tem vantagens no contrato e a outra sé tem desvantagens. E 0 caso da doagao pura b) Contratos Onerosos: sao os que geram vantagens e desvantagens patrimoniais reciprocas para ambas as partes. E o caso da compra e venda. Os contratos onerosos se subdividem em duas categorias: contratos cumutativos: sao aqueles em que ao constituir 0 contrato cada uma das partes sabe exatamente qual a vantagem ou desvantagem que tera em razao dele. E 0 caso da compra e venda simples. contratos aleatérios: sao aqueles em que as partes ndo sabem ao certo, no momento da constituigao do contrato, qual a vantagem ou desvantagem que terdo em razdo dele. A denominagao “aleatério" deriva da palavra latina “alea’, que significa “sorte”. As prestagdes de uma ou ambas as partes sao incertas, porque sua quantidade ou extensdo est na pendéncia de um fato futuro e imprevisivel, e pode redundar numa perda ao invés de lucro. Sdo duas as espécies de contratos aleatérios: 0s que dizem respeito a coisas futuras, ¢ os que dizem respeito a coisas ja existentes. 5.3 Contratos reais e consensuais. a) Contratos Reais: sdo aqueles que sé se consideram efetivamente constituidos quando da efetiva entrega da coisa que é o seu objeto. E 0 caso dos contratos de empréstimo, bem como do contrato de depésito. AB b) Contratos Consensuais: séo aqueles que se consideram constituidos pelo simples acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa. E o caso da compra e venda. 5.4 Contratos paritarios e de adesdo a) Contratos Paritarios: sdo aqueles em que as partes se encontram em igualdade de condigées perante os termos do contrato. E possivel para ambas efetuar propostas de alteragao de termos e cldusulas, na fase de b) Contratos de Adesao: sao aqueles em que as partes ndo estéo em igualdade de condigdes perante as cléusulas contratuais. Uma das partes apresenta os termos do contrato ja pré-definidos, e a outra sé cabe concordar com aqueles termos, ou néo realizar 0 negécio, Os contratos de adesdo sao, em regra, utilizados quando um mesmo policitante realiza 0 mesmo negécio com uma larga margem de pessoas, como nos contratos de massa (concessiondrias de servigos pilblicos, contratos de consumo, dentre outros). 6. Contratos em Espécie. Os principais contratos previstos pelo Cédigo Civil, sao: O Contrato de compra e venda (artigos 81 a 532 do Cédigo Civil): A compra e venda é 0 contrato pelo qual uma pessoa (vendedor) se obriga a transferir a outra (comprador) o dominio de uma coisa corpérea ou incorpérea, mediante 0 pagamento de certo prego em dinheiro ou valor fiducidrio correspondente. Se 0 comprador paga o prego e 0 vendedor nao entrega, nao pode o comprador reivindicar a coisa exceto em dois casos: a) na compra e venda de titulos da divida publica a celebracdo do contrato transfere a propriedade do titulo; e b) © artigo 1361 do Codigo Civil, diz que a alienagao fiduciaria transfere imediatamente a coisa independente de tradigao A compra e venda se revela um contrato bilateral ou sinalagmatico, pois comprador e devedor seréo devedores e credores simultaneamente, oneroso, comutativo ou aleatério nas hipoteses dos artigos 458 e 459 do Cédigo Civil, e consensual nt ven m. no minim: seguintes elementos: a) Coisa (elemento objetivo): a coisa deve ter existéncia, seja ela corpérea ou incorpérea, por isso ainda continua proibida a contratagéo de heranga de pessoa viva, mas essa existéncia pode ser sobre coisa futura, assim: a existéncia da coisa ou no comércio e, ainda, ter possibilidade de ser transferida ao comprador. b) Prego (elemento objetivo): deve apresentar pecuniariedade, pois revela uma soma em dinheiro e, portanto, pode ser representado ou garantido pelos titulos de crédito em geral. valor deve ser certo e determinado, sendo nula a cldusula “pague o que quiser”. Acrescente-se ainda que 0 prego deve ser estipulado pelas partes, mas nao quer dizer que o prego fixado em produto exposto em vitrine € nulo, trata-se de uma proposta que presume-se aceita no momento do pagamento. c) Consentimento (elemento _—_subjetivo):. deve —_recair consensualmente sobre a coisa, 0 prego e o pagamento, bem como devem ter as partes capacidades suficiente para a realizagao do negécio. Além da capacidade é preciso que a parte tenha legitimagéo para a pratica do ato, Assim, por exemplo, a pessoa casada, exceto na separagdo total de bens, no pode alienar ou gravar sem autorizagdo do cénjuge; consortes néo podem, em regra, efetivar contrato entre si, pois compra e venda entre marido e mulher esta proibida, salvo se 0 bem estiver excluido da comunhao; os ascendentes nao podem vender aos descendentes sem que os demais descendentes e 0 cénjuge expressamente consintam. 6.1.1 Das consequéncias do inadimplemento. Caso um dos contraentes desista ou se arrependa do contrato, gera contra si agao de inadimplemento contratual, conforme o caso. Se o comprador paga 0 prego, mas 0 vendedor no transfere 0 dominio ou a propriedade do bem, podera ele rescindir 0 contrato, exigindo perdas e danos além da devolugao do que foi pago, ou exigir 0 cumprimento do contrato valendo a sentenga como titulo para matricula no registro de iméveis. Se 0 vendedor transferir 0 dominio do bem, mas o comprador nao pagar, 0 vendedor pode entrar com ago reivindicatéria para reaver 0 dominio através de devolugao da propriedade mediante nova matricula no registro de iméveis, ou pode exigir 0 cumprimento do contrato. Tendo o titulo executivo extrajudicial, pode ajuizar agao de execugao ou, caso contratio, agao de cobranga. Anula-se 0 contrato caso 0 vendedor entregue a coisa que nao a combinada, similar, mesmo que de melhor qualidade. © comprador néo efetuar o pagamento devolve o bem e aguarda a ago AB de execugao caso 0 vendedor ainda queira efetuar o negécio, podendo o comprador através dos embargos, desconstituir o titulo executivo, 6.1.2 Clausulas especiais da compra e venda. U Retrovenda: Prevista no artigo 505, e s6 ¢ cabivel para bens méveis. E a clausula pela qual o vendedor fica com o direito de reaver, em certo tempo, se quiser, a coisa vendida, mediante a devolugao do prego recebido e demais acessérios, se houver. O direito de resgate ou retrato poderd ser exercido conforme estipulado na cldusula, néo podendo ultrapassar 0 prazo de 3 anos. Venda a contento e venda sujeita a prova: é aquela que fica subordinada a condigéo de somente se tomar definitiva se o comprador ficar satisfeito com a coisa que Ihe foi vendida. A venda sujeita & prova presume-se feita sob a condigao suspensiva de que a coisa tenha as qualidades asseguradas pelo vendedor e seja idénea para o fim a que se destina. O direito decorrente da venda a contento & pessoal, ficando 0 comprador na condigéo de comodatario até que se manifeste em aceita-la. O prazo para tal aceitagdo serd livremente pactuado entre as partes, Da preempgao ou preferénci: a cléusula segundo 0 qual o comprador fica na obrigagéo de oferecer ao vendedor a coisa comprada, se algum dia vier a pretender vendé-la. Prazo de 180 dias para méveis e 2 anos para iméveis. Inexistindo prazo estipulado, o direito de preempgao caducaré, se a coisa for mével, nao se exercendo em 3 dias, e, se for imével, nao se exercendo nos 60 dias subsequentes a data em que o comprador tiver notificado 0 vendedor. Da venda com reserva de dominio: é o contrato pelo qual o vendedor reserva para si a propriedade até que o prego esteja integralmente pago, muito comum nas vendas a prestagao, sé tera efeitos contra terceiros se registrada. Essa venda sé recai sobre coisas infungiveis. U Da venda sobre documentos: muito comum nos negécios de importagéo e exportagéo é assim chamada pois na venda sobre documentos, a tradigao da coisa é substituida pela entrega do seu titulo representativo e de outros documentos exigidos pelo contrato, ou no siléncio deste, pelos usos. 6.2 Contrato de troca ou permuta E © contrato por meio do qual as partes se obrigam a dar uma coisa por outra, sem envolver dinheiro. Também é denominado de permuta, barganha ou escambo. Salvo disposigao em contrario, cada um dos contratantes arcaré com metade das despesas havidas com o instrumento de troca. 6.3 Contrato estimatorio. © contrato estimatério ou venda em consignagao é de natureza mercantil ¢ caracteriza-se pelo negécio juridico em que alguém recebe de outrem bens méveis, ficando autorizado a vendé-los, obrigando-se a pagar um prego estimado previamente, se nao restituir as coisas consignadas dentro do prazo ajustado. E um contrato real visto que prevé a entrega da coisa mével ao consignatario para um terceiro, por ele, ou devolvida. AB 6.4 Contrato de doagao. E 0 contrato pelo qual uma pessoa transfere, por liberalidade, bens ou direitos a outra pessoa que os aceita. A doacdo apresenta os seguintes elementos: > contratualidade: a doagéo confere direitos pessoais entre doador e donatédrio nao sendo habil a transferir a propriedade; > vontade do doador de fazer uma liberalidade proporcionando ao donatario certa vantagem a custa de seu patriménio; > aceitagao do donatario: pode ser tacita ou expressa; mas em se tratando de doagdo sujeita a encargo, a aceitagao devera ser necessariamente expressa, A doacdo valida, além dos requisitos gerais, deve atender outros 3 requisitos Capacidade ativa e passiva das partes, com as seguintes observagées: absoluta e relativamente incapazes nao podem doar; nem 0 tutor pode doar nem o pai e mae que exergam a administragao dos bens dos filhos poderdo; mas podem receber em doagéo desde que se trate de doagao pura, inclusive o nascituro e a prole do casal, cnjuges sé podem fazer doagdes remuneratérias de bens méveis desde de que objetivem pagar um servigo recebido ou fazer doagdes de pequeno valor; Cénjuge adiiltero nao pode fazer doagao ao seu ctimplice, sob pena de anulabilidade na constancia do matriménio pelo cénjuge ou em 2 anos apés a morte pelos herdeiros; consortes no podem doar entre si se o regime for 0 da comunhao universal, e se outro for o regime, trata-se-4 de adiantamento de heranga, como no caso dos ascendentes para os descendentes; © mandatario do doador nao pode nomear donatério s6 pode escolher as pessoas que o doador the designar; pessoas juridicas podem doar e receber doagées; 0 falido nao pode fazer doagdes. AB - 0 objeto deve estar no comércio: podem ser bens méveis, iméveis, corpéreos, incorpéreos, presentes ou futuros, direitos reais, vantagens patrimoniais de qualquer espécie, observado o seguinte: ndo é valida a doagao de todos os bens em reserva de parte ou renda suficiente para a subsisténcia do doador; se a doago levar o devedor a insolvéncia, os credores podem anulé-la, a nao ser que o donatario assuma o passive do doador - com o consentimento dos credores, a doagao inoficiosa esta vedada pela lei, ou seja, a regra de que o doador quando beneficia herdeiro no pode exceder o limite de 50% se este concorrer com outros, a agao de anulagao pode ser movida em vida do doador; a doagao pode apresentar-se sob a forma de subvengao periédica; pode ser feita em comum a varias pessoas; 0 doador nao é obrigado a pagar mora, nao esta sujeito a eviogao e as regras referentes aos vicios redibitérios; 0 doador pode estipular que o bem volte ao seu patriménio se sobreviver ao donatario. - Requisite formal: a doagao se fard por escritura piblica ou por instrumento particular, ou ainda verbalmente seguido da tradigaio quando se tratar de bens de menor valor. 6.4.1 Espécies de doagao. So espécies de doagdo Doagao pura e simples: sem existéncia de qualquer condigdo presente ou futura, sem encargo ou termo. Doagao modal, com encargo, onerosa ou gravada: o donatario tem uma incumbéncia que pode ser em proveito de terceiro ou do interesse geral, Doagao remuneratéria: a causa da liberalidade 6 0 desejo de recompensar servigos prestados pelo donatario ao doador. AB © Doagao condicional: depende de evento futuro e incerto. © Doagao a termo: quando ha termo inicial e/ou final © Doagao de pais a filhos ou de um cénjuge ao outro. 6.4.2 Revogagao da doacao. A doagao se revoga por ingratidéo do donatario, além dos demais casos pelos quais se revogam todos os contratos. Pode também revogar-se, em sendo onerosa a doagdo, se o donatario deixar de executar o encargo desde que ocorra em mora. Nao se revoga, contudo, a doagao por ingratidéo quando as doagées forem puramente remuneratérias; as que forem oneradas com encargo; as que se fizerem em cuprimento de obrigagao natural; as feitas para determinado casamento. 6.5 Contrato de empréstimo. E 0 contrato pelo qual uma das partes se obriga a entregar um objeto a outra, que tera a obrigagao de restitui-lo em espécie ou género. O empréstimo ¢ género de que sdo espécies 0 comodato ¢ 0 miltuo, sendo o primeiro também denominado empréstimo de uso e 0 segundo empréstimo de consumo. 6.5.1 Comodato © comodato é o empréstimo gratuito de coisas nao fungiveis. Perfaz-se com a tradigao do objeto. E contrato intuifo personae, unilateral e gratuito, que representa o empréstimo de coisas nao fungiveis e ndo consumiveis, tempordrio, e se perfaz pela tradigao, por isso é chamado de contrato real. AB © contrato de comodato necessita que as partes tenham capacidade enérica, que o objeto seja um bem infungivel e inconsumivel, mas a sua forma é livre, ou seja, nao necessita de ato solene, podendo ser até verbal, © comodatario constituido em mora, além de por ela responder, pagar, até restitui-la, 0 aluguel da coisa que for arbitrado pelo comodante. © comodante, por seu turno, ndo pode pedir a coisa emprestada antes do prazo ajustado; tem que pagar as despesas extraordinarias feitas pelo comodatario com a conservagao da coisa, em caso de urgéncia, se nao puder ser avisado oportunamente para autorizé-las; e responsabilizar-se perante 0 comodatério, pela posse util e pacifica da coisa objeto de comodato, se procedeu dolosamente - mas nao tem responsabilidade pela evicgao ou vicios redibitérios pois estes pressupde contrato comutativo e oneroso, 0 que nao é 0 caso. Extingue-se 0 contrato de comodato pelo termo final do prazo ajustado entre as partes ou apés o uso da coisa; pela resolugdo em virtude de inexecugo; pela resolugao unilateral reconhecida pelo juiz; pelo distrato; pela morte do comodatério; e pela alienagao da coisa emprestada. 6.5.2 Muituo, © miituo é 0 empréstimo de coisas fungiveis. © mutudrio € obrigado a restituir a0 mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo género, qualidade e quantidade. E contrato real podendo ser gratuito ou oneroso, de empréstimo de coisa fungivel, perfazendo-se com a tradigéo do objeto e terminando com a restituigéo da coisa emprestada, No contrato de miituo, 0 dominio da coisa emprestada passa a ser do mutudrio. AB Além da capacidade genérica o mutuante deve ter poder para dispor sobre a coisa ou aliend-la ¢ o mutudrio deve ter capacidade para contrair direitos. O artigo 588 do Cédigo Civil diz que 0 mituo feito a menor, sem prévia autorizagao, nao pode ser reavido nem do mutudrio nem de seus fiadores, Essa norma sé ndo se aplicaré no caso dos incisos do artigo 589 do Cédigo Civil. O mutuario deve restituir © que recebeu e pagar juros se o miituo for feneraticio, isto ¢, quando estipula o pagamento de juros em favor do mutuante; ¢ 0 mutuante tem o direito de exigir garantia da restituigdo; reclamar a restituigao de coisa equivalente quando vencido 0 prazo; e resolver o contrato se o mutuante ndo pagar juros no miituo feneraticio. © mituo se extingue pelo implemento do termo convencionado; pelo inadimplemento; pelo distrato; pela resiligao unilateral por parte do devedor; ou pela ocorréncia de algum modo terminativo previsto no contrato. 6.6 Contrato de depésito. E 0 contrato pela qual uma pessoa, a depositaria, recebe de outra, a depositante 0 objeto mével, para guardar, temporaria e gratuitamente, até que 0 depositante a reclame. Tem por caracteristica a natureza contratual, para a entrega, de coisa corpérea ao depositario, que tem a obrigacdo de custédia e, ainda, o dever de restituir a coisa depositada O depésito é, via de regra, gratuito, mas o artigo 628 prescreve que pode ser oneroso se houver convengao em contrario, se o depésito decorre de atividade negocial ou, ainda, se 0 depositario exerce tal fungdo por profissao. 6.7 Contrato de mandato. Opera-se 0 mandato quando uma parte recebe de outra poderes para, em seu nome, praticar atos, ou administrar interesses. A procuragdo é o instrumento do mandato, mas pode ser expresso ou tacito, verbal ou escrito. E uma representagao convencional, em que o representante pratica atos em nome do representado. E um contrato consensual que requer a manifestacao das duas vontades, bilateral, portanto, gerando deveres para o mandatério e para o mandante, em que AB ha a outorga de poderes de representagao, 0 mandatério pode aceitar o mandato expressa ou tacitamente, mas resulta do comego da execugao. Pode ser gratuito ou oneroso mas é, em regra, intuito personae, preparatério e revogavel. © mandato necessita de capacidade genérica tanto do outorgante como do outorgado. Os absolutamente incapazes ndo podem nem ser mandantes nem mandatérios e as partes devem observar os artigos 288 e 654 do Codigo Civil. © objetivo do mandato deve ser licito e possivel, fisica e juridicamente, abrangendo direitos patrimoniais ou extrapatrimoniais, desde que ndo sejam personalissimo e que nao exijam a intervengao pessoal do mandante, como por exemplo: 0 exercicio do voto; 0 depoimento pessoal a elaboragao do testamento; o exercicio do patrio poder ou cargo piiblico; prestagao de servigo militar; recebimento de qualquer beneficio da previdéncia social. ‘Sua forma é livre e s6 confere poderes de administragao ordindria de modo que passa alienar, hipotecar ou transigir a procuragéo dependera de poderes especiais e expressos por serem atos que exorbitam essa administracdo ordinaria, mas depende, ainda, de poderes especiais se o ato abranger: a ooonooooe Saque de dinheiro, emissao de cheques ou nota promisséria; Substabelecimento ou rentincia de direitos; Representagdo de testamenteiro; Celebragao de matriménio; Transmissao de dividas ou doagées; Aceitagao ou rentincia de heranga; Novagao ou fianga; Reconhecimento de filho; Pedido de faléncia AB 6.8 Contrato de Comissao. Comisso ¢ 0 contrato pelo qual uma pessoa adquire ou vende bens, em seu préprio nome e responsabilidade, mas por ordem e por conta de outrem, em troca de certa remuneragao, obrigando-se para com terceiros com quem contrata. 0 comissario fica diretamente obrigado para com as pessoas com quem contratar, sem que estas tenham aco contra o comitente, nem este contra elas, salvo se o comissario ceder seus direitos a qualquer das partes. © comissario, pessoa fisica ou juridica, deverd ser comerciante que, segundo as instrugdes recebidas do comitente, efetuara negécios em nome préprio, porém em favor e por conta do comitente, Apresenta-se como um mandato sem representagao - 0 comissionario nao ¢ representante direto do comitente. O contrato produz efeitos andlogos aos do mandato distinguindo-se dele pela maneira de agir do representante, que no mandato age em nome do representado mas, na comissao, em nome préprio. AB 6.9 Contrato de agéncia e distribuicao 6.9.1 Contrato de agéncia. Essa modalidade contratual 6 originaria do servico prestado pelo ambulante ou mascate que, na lomba de mulas, fazia vendas porta a porta direto ao consumidor. Sempre houve quem funcionasse como agente comercial dos empresérios, cuja fungao era, e ainda é, colocar no mercado produtos da empresa representada. Nos termos do do artigo 710 do Cédigo Civil “Pelo contrato de agéncia, uma pessoa assume, em cardter ndo eventual e sem vinculos de dependéncia, a obrigagéo de promover, @ conta de outra, mediante retribuigao, a realizagao de certos negécios, em zona determinada, caracterizando-se a distribuigéo quando o agente tiver & sua disposigao a coisa a ser negociada.”. Ainda no mesmo artigo, 0 paragrafo Unico prevé que “O proponente pode conferir poderes ao agente para que este o represente na conclusao dos contratos.” © agente ou representante comercial, que se obriga a agenciar as propostas ou pedidos em favor de outra: 0 representado, devem ser registrados no Conselho Federal e no Conselho Regional de Representantes Comerciais. © contrato de representagdo pertence ao género dos contratos de intermediagao, do qual o mais peculiar é o de corretagem, como o qual nao se confunde, visto que, enquanto a corretagem é uma atividade eventual em relagao ao comitente, agindo © corretor no interesse das duas partes, o representante comercial age, permanente, profissional ¢ habitualmente, em prol da empresa representada. Trata-se_de um contrato bilateral, oneroso, intuitu personae e consensual por_ndo exigir forma solene, mas é comum que se apresente por escrito apresentando elementos especificos, tais como: 4% Condigdes e requisitos gerais da representacao; % Indicagao genérica ou especifica do(s) produto(s) ou artigos que serao objeto da representagao; @AB Prazo certo ou indeterminado da representacao; Indicagao da(s) zona(s) em que serd exercida a representagao; Garantia ou nao, parcial ou total, e prazo de exclusividade em tal area; valor e época do pagamento. 6.9.2 Contrato de Distribuigao Contrato pelo qual o fabricante, oferecendo vantagens especiais, se obriga a vender, continuamente, seus produtos ao distribuidor, que assume a obrigacao de revendé-lo em zona determinada, com exclusividade e por conta prépria, mediante uma retribuigao. E contrato tipico que envolve a compra e venda de produtos a serem revendidos, a agéncia, 0 fornecimento de estoques e a assisténcia técnica, Esse contrato é muito comum no setor de bebidas, automéveis e motocicletas, caminhées, énibus e tratores, onde o concessionario se obriga, ao adquirir os produtos, a prestar assisténcia técnica e revisées periédicas ao consumidor. E uma espécie de contrato de agéncia, mas dele se distingue pois na distribuigao 0 fabricante vende 0 produto ao distribuidor, para posterior revenda, e na agéncia o fabricante vende o produto diretamente ao consumidor por meio da intermediagéo do agente. Além disso, 0 agente age em nome da empresa agenciada e, na distribuigéo, 0 distribuidor age por conta prépria adquirindo o produto do fabricante para revendé-lo. A grande caracteristica do contrato de distribuigdo é que o distribuidor tem & sua disposigao a coisa a ser negociada, enquanto o agente no; ele precisa fazer 0 pedido para que o produtor entregue a mercadoria. © distribuidor, como 0 agente, recebe uma distribuigao que é baseada no lucro obtido com a revenda do produto, cujo prego é norteado por uma tabela. A distribuigaéo € uma espécie genérica da concesséo mercantil, que admite duas formas: a) distribuigao stricto sensu: ndo comporta rede de subconcessiondrios; a relagéo entre concedente (produtor) e concessionario (distribuidor), AB semelhante & concessdo de servico publico, possui carater intuitu personae, visto que as condigdes pessoais do concessionario séo essenciais do contrato, de forma que a concessao ocorra com exclusividade. b) distribui autorizando o distribuidor a utilizar-se de rede propria de subdistribuidores 4o lato sensu: pela sua generalidade comportaria a subdistribui¢ao, para colocar 0 produto no mercado consumidor, sujeitando-se as normas ditadas pelo fabricante. A exclusividade de aprovisionamento e da area de vendas é ajustavel livremente entre fabricante e distribuidor sem restrigdes. 6.10 Contrato de Corretagem E o contrato pelo qual uma pessoa, nao ligada a outra em virtude de mandato ou prestagéo de servicos nem qualquer relagdo de dependéncia, se obriga, mediante remuneragdo, a obter para outrem um ou mais negécios, conforme as instrugées recebidas, ou a fornecer-Ihes as informagées necessarias para a celebragao de a um contrato. E, na verdade, um contrato de mediagao cujo contetido é uma obrigagdo de fazer, qual seja, empreender esforgos para convergir interesses. Anteriormente era previsto no Cédigo Comercial, que se referia aos corretores como agentes auxiliares do comércio, ante a acessoriedade de sua atividade de intermediagao, que estimula o interesse das partes, levando-as a um acordo titi © Cédigo Comercial dava conotagao mercantil a atividade profissional dos corretores, 0 que quis evitar 0 Cédigo Civil que, ao invés de disciplinar a profissao, veio a disciplinar o contrato de corretagem. Além disso, 0 Cédigo Civil permite que o comitente e corretor estipulem, dentro da sua autonomia de vontades, regras contrarias as normas de cunho geral, que tém cardter supletivo, nao excluindo, ainda, a aplicagao das leis especiais, como se vé no artigo 729 “Os preceitos sobre corretagem constantes deste Cédigo no excluem a aplicagao de outras normas da legislagao especial”. AB 6.11 Contrato de Transporte. © contrato de transporte € 0 contrato pelo qual uma pessoa fisica ou juridica {transportador) se obriga, mediante retribuigao, a transportar, de um local para 0 ‘outro, pessoas (passageiro ou viajante) ou coisas animadas ou inanimadas. E bilateral, oneroso, comutativo e consensual. © transporte exercido em virtude de autorizagao, permissdo ou concessao reger-se-A tanto pelo Cédigo Civil como também permanecerao aplicaveis, quando couber, os preceitos constantes da legislagéo especial, tratados e convengdes interacionais. 6.12 Contrato de Seguro. E 0 contrato pelo qual uma das partes, as sociedades seguradoras, mediante © recebimento de um prémio, se obriga a pagar a outra parte, o segurado, uma determinada prestagéo, se e quando ocorrer um fato futuro e incerto. O segurador, Portanto, é aquele que suporta o risco, assumido mediante o pagamento de um prémio; tal atividade é desempenhada por companhias especializadas, sociedades anénimas, autorizadas pelo Governo. © contrato de seguros é bilateral, oneroso, de adeso, aleatério, porque a seguradora e 0 segurado nao podem antecipar qual serd a execugo do contrato e solene, visto que forma-se por acordo de vontades que necesita documentacao escrita, Tal documentagao pode se caracterizar por uma apélice, pelo langamento da operagao nos livros da seguradora, ou ainda, pode materializar-se em um bilhete seguro, que é um instrumento simplificado. 6.13 Contrato de fianga. Dé-se 0 nome de fianga ou caugao fidejusséria, quando uma ou mais pessoas se obrigam por outra, para seu credor, a satisfazer a obrigagao, caso 0 devedor nao cumpra. Representa uma forma de garantia que podera efetivar-se mediante a entrega de bens méveis ou iméveis. AB Ha dois contratos: 0 principal, entre devedor e credor, e um acessério, entre fiador e devedor. O contrato é, relativamente ao fiador, intuitu personae, na medida em que se torna imprescindivel 4 confianga que deve inspirar no credor, mas nao & personalissima, porque se transmite aos herdeiros. Esse contrato é, ainda, unilateral, pois sé gera obrigagées para o fiador em relagdo ao credor; gratuito pois © fiador néo recebe remuneragao para tal fungdo, e é formal, pois sé se dé por escrito. 6.13.1 Requisitos subjetivos. 6.13.2 Requisitos Objetivos Nao podem prestar fianga entre outro: © cénjuge casado, exceto na separagao total, sem a concordancia do outro. © emancipado, pois a emancipagao sé Ihe confere 0 direito de administrar seus negécios e a fianga a obrigagao por divida alheia, 0s administradores de sociedades e companhias, assim como as pessoas juridicas sé podem prestar fianga se dotados de poderes expressos para tanto. 0 mandatério s6 podera fazé-lo se cléusula expressa assim o autorizar. So requisitos objetivos: a fianga pode ser dada a qualquer tipo de obrigacao; dependera da validade e exigibilidade da obrigacao principal; a fianga pode assegurar obrigacao atual ou futura mas, se futura, s6 vigorard a partir do momento em que a causa surgir; AB - a fianga nao pode ultrapassar o valor do débito principal, nem ser mais onerosa do que ele sob pena de redugao (artigo 823 Cédigo Civil). 6.13.3 Classificagao da fianga em relagao ao objeto. Se classificam em: quando o afiangado nao for comerciante ou a obrigagao nao se revestir de carater mercantil; ou b) Comercial: se o devedor afiangado é empresério ou a obrigagao tem cardter ou causa mercantil - neste caso ha solidariedade, ou seja, ndo ha beneficio de ordem. 6.13.4 Classificagao da fianga em relagao a forma. Gonvencional: quando decorrer de manifestagao das partes: artigos 818 a 839 do Cédigo Civil; O Legal: se decorre da lei; Gi Judicial: se provém da exigéncia do processo. 6.13.5 Beneficios de ordem ou de excussao. fiador demandado pelo pagamento tem o direito e exigir que sejam primeiro executados os bens do devedor. Tal beneficio, no entanto, no se Ihe aproveita nas seguintes hipétese: © Se houver rentincia; * Se 0 fiador se obrigou como principal pagador; * Se 0 devedor for insolvente ou falido; © Sea obrigagao é mercantil.

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