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FACTORES PSICOLOGICOS ASSOCIADOS AS LESOES DESPORTIVAS José Fernando A. Cruz Instituto de Educagao e Psicologia, Universidade do Minho & Maria Antonieta Dias Faculdade de Medicina, Universidade do Porto INTRODUCKO -Apesar das melhoriase progresos nos processos de tino, nos equipamentos nas ‘tenicascearicas, ¢ independentemente do nivel de capacidades ou expecéncia, ninguém ‘que partcipe em competigoss desportvas au em programas de actividade fica esta mune ao risco das lesties (Gould & Udy, 1994). {As lesdes constituem um dos obstéculos mas signficativos ao rendimento bem su- cedido em contextos desportivos. Sendo vitualmente uma preocupasaedisria no desporto, (0s efeitos das lesdes no bem-estarpsicol6yico dos alletas © no rendimente posterior so bbem evidentes. Paralelamente, a capacidade de resistir 3s lesBes e de recuperarrapida- ‘mente quando se ests lesionado 6 umn factor importante e decsivo na longevidade despor- tivae no sucesso dos atletas (Heil, 1993) {Em face do elevado tempo, energla e esforco dispendidos pelos aletas para a ‘obtenso de niveis mximos de rendimento, uma lesio pode constituie mtitas vezes um Aacontecimento traumatico da vida, com consequencias iscase psicoligcas imprevisives, Recentemente,virios estudos tim documentado a importinciaatibuida por teinadores © ailetas aos aspectos ¢ factorespsicolégicos na reabltagao e recuperacio ce lesOes (¢8, levleva & Orlck, 1991; Wiese & Weiss, 1987) Estudos epidemiol6gicos eferem que, 6 nos Estados Unidos, ocorem anualmente ‘mais de 70 milhoes de lesdes que exigem atenc3o médica ou pelo menos um dia de inac- Lividade (Wiliams & Roepke, 1993). Uma primeira esimativa de Kraus © Conroy (1984) M68 1.Cuz MDa referia que, por ano, entre 3 a 5 milhoes destaslesbes ocorrem em contests de pritica ou ccompeticdo desportiva (Kraus & Conroy, 1984). Posteriormente, Booth 11987) estimow em cerca de 17 milhoes © nimero de lesbes desportvas que ocorriam arualmente ene os atletas americanos. Simultaneamente, um estudo de Mueller e Byth (1287), considerando fpenas a madalidade de “football” no ensino secundério das EUA, apontiva para 10 morta- Tidades, entre um mithdo de lesdes por ano. Do mesmo mado, Zemper (1989) referia que {quase um em cada dois atletasuniversiros de "football" americano sofia de uma lesSo grave que 0 impedia de paticipar na competio. Paralelamente, Booth (1989) apresenta dados que indicam que, em cada ano, um terco dos cerca de 15 milhdes de “joggers” dos EUA apresentam lesdes mésculo-esqueleticas. Por sua vez, Hardy e race (1990) referem ‘que, anualmente,e s6 nos desportos amadores dos EUA, quase metade de todos 0s patici- ppantes em actividades priticas despontvas sofre uma lesdo que os impede de partcipar ‘04 competir (um quarto destas lesbes exige pelo menos uma semana de inactvidade toa) Talvez por iso, Boyce e Sobolewski (1988) consideravam que a incidéncia de les6es era tio séria nas ciangas, adolescents e adultos, que as lesdes subsiuirarr as doengas infec- ciosas como principal causa de morte ou deficiénci. Em Portugal, aperar da auséncia de dados estatsticos ofciais, alguns esudos efectuados em modalidades especticas sugerem também uma acentuada prevalencia de lesGes despertivas (ver Horta, 1985), Heil (1993) salienta que, para além das lesdesfiscas, os aletas‘ariscamse” a ou- tras “lesbes" médicas e psiol6gicas, em consequéncia da sua paticipacao e pritca des- portva. O sindrome da sobrecarga de tino, as desordens de alimenta¢3o ¢ 0 abuso de NivetFisio.6cico Nivet psicoLécico. Muscular << Competincas| Defesas Proteases espctcas Diminuigso da concentagso Tensio generlizada ‘ment de dractinisde Astonsmico —<———! -Avallagdes /nterpretasies ‘Aumont do rma catdiaco Diminuigso da autoconfanga Mudangasneurequimieas ‘Aumenta da conscénci da dor | Peruragio da biomectnica da execucto da “ill” "MG ulizagio do ecusos ener Diminuigo da sengto a pista relaconadss com a trea ‘Aumento do sca de esto Figura 1 ~A relago mente-corp: Modelo pscafisoligico de rsco (Adapt de Hel 1993) ‘A fea de investigagao que mais tem contibuido para o estudo dos factors psicos sociais de isco nas lesdes despotivas 6 sem divida,o estudo do stress associado 20s acon- tecimentos da vida dos alletas ea sua relagao com a ocorréncia de lesbes (Hell, 1993; Pag ‘man, 1993; Willams & Roepke, 1993) ‘Algursesusos,efectuados no “football” americano, evidenciaram 2 existéncia de correlagies postvas entre o stress da vida (avaliado pela ocorréncia de acortecimentos ne- tatvos) e as lesses desportvas (Bramwell etal, 1975; Passer & Seese, 1983), Num estudo, Comm atletas de “baseball, “softball, tenis e atletismo, Williams e colabcradores (1986) ‘vetfcaram também que mudancas negatvas na vida dos atletaseram predictors significa tivos da fequéncia de lesdes, mas nao da gravidade das mesmas. ‘Smith e colaboradores (1990) procuraram estudar até que ponto aintraceéo entre duns variveispsicoligias (apoio social e competéncia psicoligicas de confronto)aumen- tava a vulnerabilidade & lesio em aletas adolescents. Os resultados obtidosindicaram que 2 relacio postva ene svesse lees, era evidente nos ales com poucas competéncias psicoldgicas de conftonto e baixas niveis de apoio social. Os dados obtdes neste estudo forneceram forte evidéncia para a inter-relaglo entre 0 apoio social eas competéncias psi- ‘coligicas de confronto, no aumento da vulnerabilidade ao Impacto de acentecimentos da vida negatives. ‘Do mesmo modo, um estudo de Blackwell e McCullagh (1990) efectuado com alletas « equipas de “football” americano, evidenciou a contibuiga0 do stress associado aos acon tecimentos da vida no 36 para a ocoréncia de lestes, mas também para a probabilidade 47) cnw&M. Das de sofrerem lees mais graves. Além disso, 05 resultados obtidos sugeriram alguma evién- ‘ia para aifluéneia do trago de ansiedade competitiva na gravidade das less Um estud posterior de Hardy e colaboradores (1991), efectuado com atletas de fu- {eho aletsmo, voleibol, héquei em campo e volebol, indicou que o stress da vida © 0 apoio Social prediziam a frequéncia de lesdes. Petrie (1992), num estudo destnado a inves- tiger os antecedentes pscossociais das lesb desportvas,evidencia também a importincia « papel moderador do apoio social na relacao entre stress lesbes, assim como 0 impacto do stress da vida acontecimentos negativose positives) na ocorréncia de lesbes “Mais recentemente, Hanson ecolaboradores (1992) estudaram, no atletsmo, a rela- ‘0 ente caracteristicas psicoldgicas (lacus de controle e traco de ansiedade competi), Pistia de agentesfacores de stress anteriores (stress da vida, problemas do da-a-dia ele- ses passadas) e varivels maderadoras (recursos de confront e apoio social). As anlises efectuadas indicaram a importnciasignificativa de quatro factorespsicologicos na diferen- ciagao da gravidade das lesbes (recursos de confronto, stress da vida-acortecimentos nega tives, apoio socal e ansiedade compettva) Alem dso, os recursos de cenffont @ 0 stess da vida-acontecimentos postvos, diferenciaram sigifcaivamente a frequéncia de lesGes Mais especificamente, 0s autores verificaram que: a) 3 medida que aumentava o sess da vida, em termos de acontecimentos da vida, aumentava também a gravidade das lesdes;b) {quanto menos eram os acontecimentos da vida positives, maior ea a frequéncia de lesbes; ‘© quanto maior era 0 trago de ansledade competitiva dos aletas, maior er a gravidade das lesdes; dl 0 apoio social discriminava signiicaivamente atltas com lesdes de diferente gra- vidade; e e) 08 atletas sem lesdes evidencavam nives signfiativamente superiors de re- ‘cursos de confronto, comparativamente 20s atletas lesionados. or dkimo, 0 estudo mais recente neste dominio, efectuada por Petrie (1993), inves tigou 0s efeitos do stress da vide, das competéncias de conttonto psicolegico, do tao de ansiedade compettiva e do estatto titular versus suplente), nas lesbes sofidas por aletas de “footbal” americano. O estatuto dos atletas assumi. uma importincia signticava, ja ‘que moderou a influéncia das valves psicossociais enquanto predictors das lsbes. Com feito, para os atletstitulares, o stress da vida (acontecimentos positvos), as competéncias psicol6gicas de confrontoe o rago de ansiedade compettiva explicaram uma grande parte (60%) da vaiancia nas lesdessofidas pelos aetas. Na mais recente revisio da investigagdo efectuada até ao momento neste dominio, ‘Williams e Roepke (1993) apresentam dadossufcientementeclaros que comprovam 3 exis- rncia de relaghes entre o stress e as lesdes desportvas. Tal relagdo sugere que os aletas {que experienciam elevados nives de stress nas suas vidas, sio mais vulnerdves eou estio mais predispostos a sofrerem lees na pritica despontva, Para estes autores, embora os da- dos da investigacao documentem de forma mais clara a relagdo entre sires e lesBes na mo- dalidade de “football, a comprovacio da ewsténcia de tal telagao € tarrbém apolada por ‘estudos efectuados noutras modalidades desportivas e em diferentes niveis competitivos:es- ‘ui alpino e ginistica(atletas de elite; alletismo, “softball”, baseball’, gindsica, hoquel ‘em campo, futebol, voleibo, uta e basquetebol atletas universitéios);ebiatlo,automobi- lism, patinagem anstica e basquetebo atletas de alta competicao\ Smith e colaboradore (1990) sugeriram dois mecanisms (am cognitive e outro so ‘matico) para expicar porque é que os acontecimentos da vid, geradores de stress, podem aumentar a vulnerabilidade as lesdes no desporto, Um primeiro mecanisrio tem a ver com Facts pli ole lees deperias A 1 perurbagso atencional gerada pela preocupacio com os acontecimentos de stress, assim ‘como com as suas possives consequeéncias negativas. Tal preocupacéo pode fazer com que (0s atletas se tomnem menos “vigilantes” as “pists” de perigo ou ameagadoras do meio-am= biente desportvo ou, ainda, menos atentos a0 que esto a (ou tém para fazer, aumentando assim orisco de lesdesacidentais. Uma segunda hipstese (somstica), tem a ver com a pos- Sibilidade de o stress produzir ou geraracivagofsiologica que aumente a tensio muscular ‘ereduza a coordenago motor e a fidez do movimento, aumentando assim orisco de less. Em summa, tma-se mais ou menos clara a evidencia empirica para a exsténcia de ‘uma relagdo postva entre o stress da Vida e a lesbes desportvas, assim coro para 0 papel ‘moderador que algumas varsveis psicolégicas (competéncis e recursos de confront, tao de ansiedade compettva, apoio social e emocional, ene outas), desempenham na rela ‘io entre stress e lesbes (ver Heil, 1993; Pargman, 1993; Willams & Roepke, 1993). De um ‘mado geral, 0 rsco de sofrerlesdes na prética e competi desportiva parece estar directa- ‘mente relacionada com 0 nivel de stess experienciado pelos atletas nas suas vides, dentro fora da competi. UM MODELO DE STRESS E LESOES NA COMPETICAO DESPORTIVA, Procurando integrar a lnvestigacao ja efectuada neste dominio e pesspectivar a in- vestigagao e intervensies faturas, Andersen e Willams (1988, 1993) formclaram também recentemente um modelo de sess e lest desportvas, que constitu no sé uma forma de ‘vali o isco de lesbes, como sugere também possbilidades de interveneao para reduzir a probabilidade de lesdes nos atletas de alto risco (Figura 2). Tendo por base o modelo de Stress competitive de Smith (19851986) ea teoia do stress e confront de Lazarus e Folkman (1984), ea conceptualizagio inclu ndo s6 diversas varaveis predictors da lesdo desportva, ‘mas examina também os posivels mecanismos subjacentes 8 relacdo entre stress ¢lestoe = ere intervencbes especifcas e concretasparaa diminuiclo do sco de lesto desportiva, ‘© modelo parte do pressuposto que dois dos mecanismos bisicossubjacentes @ re- lagdo entre stress lesdes sdo 0s aumentos de tensio muscular geral e “deficits” da atencio, ‘quando os atletas esto sob stress, Este madelo dos factorespsicoldpicos envolvidos nas lesdes desporivas tem como elemento central a resposta de stess ¢ ansiedade, que resulta da avaiacio cogntiva de tuma sitwacdo potencialmente geradora de sres, bem como as respectvas componentes ‘cognitivae fisil6gica/atencional. Paralelamente, o modelo inclui a poteacialinluéncia (directa ou indecta) de ws aspectos ou dreas principals na resposta de sess: 0 factoes ‘de personalidade, a hstria de "stessores” os recursos de contonto. A resposta de stress ‘inieracgo ene as componentes cogntiva fisiolégica da resposta de sess, sobre- tudo em situacbes desportivas geradoras de elevados niveis de stress, influencia, em maior ‘ou menor gra a probabilidade de ocorréncia de lesbes. No que se refere 2 avaliagao cog. ritiva das stuagées desportvas geradoras de stress (ex: competicio, teno, titularidade, {et tal avaliacio pode, por vezes,originar ou produzirresposta emocionalsinadequadas ‘ou desajustadas que, por sua vez, podem predispOr um atleta para um maior risco de se a eur M08 HISTORIA DE. RECURS PERSONALIDADE —* actonEs DE STRESS DECONFRONTO ein piccgea _—Acntcineiosdvidh—_Camgoramerto conto geal ous de contale robes ds Sista de apo0 ca Tag arsed compete Teer stirs Compeatncis corle ess Maa peas ure competence Prous de anaes: | Prices mei ' ‘Aang copia des Mudanasclgeatenconais inci ‘omen gro macula gral econo [mai eiminie do campo vsad Coreoutrie ‘mera de dsvoeniidade eee copa Comptinci e ratamero Frage do pene Trine auogincanedear> Tren ds conan Vela pes mer Prono dexpcatas rasta Denealaaio 3 diracso Promo con dcaips Mosca da medears0 [RESPOSTA DESTRESS Figura 1 — Modelo de stress elesdesdesportvas (Adena ce Andersen & Willams, 1988: 1993) lesionar. Tal deve-se, em grande parte, 3s mudancasfsioldgicas eatencionais que acompa- ‘nham as avaliagSes Cognitivas de cadcter negative, ‘Com efit, a avaliacio cognitiva das exigéncias, recursos e consequéncias,inte- rage permanente e continuamente com os elementos fisiolgicos e atencinais da resposta de stess. Como referem Andersen e Wiliams (1988), "tal como a avaliagdio cognitiva de uma situaglo pode influenciar a atencdo e actvacdo fisiolépica, os padres de actvagio € atencionais podem actuar como informacio de ‘feedback’ para a continua avalia¢do ¢ re valiagdo da situaglo externa e do rendimento pessoal” (p. 299). Pelo seu cotributo para as relagaes entve stress e lesdes, 0s autores dio particular destaque a algumas mudangas durante o sess da situagSo competitva: testo muscular generalizada,limtacao e diminui- ‘20 da amplitude do campo visual e aumento da distactbilidade. A tensio muscular ge ‘eralizada gera uma reducio na flexbilidade, na coordenacao motora e na eiciéncia mus- ‘ular que poder, muitas vezes,exp6rfaciImente o atleta a diversas lestes, como € 0 caso de entorses,rupturas efracturas. Nesta stuacao de tensdo muscular generalizad, 0 aletas {tornam-se muitas vezes incapazes de adoptarem rapidamente os comporartentos e padrbes ‘motores necesirios para “fugitem” ou evitarem situacBes perigosas(p. ex uma bola de futebol que se drige a elevada velocidade para a cabega do att) Facts calico sscindor ees dsprias 473 ‘Além disso, vriostrabalhos tim comprovado a limitacZoe diminuigz da visao pe riférca em stuagBes de stress, que podem levar atletas a ignorarem “pistas"periféicas {que se ndo o fossem, poderiam ajudé-lo a evitarstvagoes potencialmente geradoras de le- bes (p- ex uma “entrada a pés juntos” lateral e inesperada,no futebol). De scordo com al= ffuns autores, os recursos disponiveis para o processamento da informagao poderéo estar jor tis da diminuigao da visdo periérica sob os efeitos do sess (Andersen & Williams, 1889; 1993). Com efsito, quando as exigéncias de uma situacao competitiva excedem 05 recursos atencionas, peceptivas ou comportamentais do atleta, 0s recursos disponiveis $30 todos colocados “ao servo” das tarelas mais cenrals, ficando a “petifria” com menos re cursos para o processamento da informacao, Por Gltino, a distractblidade atencional toma também o alta mais vulneravel e predisposto& lesdo, nomeadamente quando a atencio a “pitas” ou “Tacos” irelevantes 0 levam a desviar a atencao da tarefa que ests a executar De acordo com Andersen e Wiliams (1988), *se os elementos centais da resposta de stress (avaiagBes cognitvas e mudancas fisiolgicas e atencionas) puderem ser positiva~ ‘mente modificadas durante uma situacSo potencialmente geradora de stress, et8o a proba- billdade de lesio pode tambsim ser diminulda" (p. 299) Historia dos agentes /factores de stress (“sressores”) De acordo com este modelo, uma das varvels que pode moderar as respostas © as consequéncias do ses, assim como influenciardirectamente a esposta ce stress, tem a ver com a historia individual de “sressores". Assim, conceptualiza-se que os agentes ou factores de sress na vida de um atleta podem ter um impacto substancial norisco de lesdes despotivas. € 0 caso dos principais acontecimentos da vida do alta. Paricularmente no “football, uma série de estudas tem vindo a evidenciar ¢a apolar aexisténcia de uma rela ‘Go ente 0 sressacontecimentos da vida e as lesdes. De urn modo geral, a investigagao tem demonstrado que o risco deficarlesionado aumenta na proporsao directa do nivel de acontecimentos“stressantes" na vida dos atletas (Andersen & Willams, 1993) ‘Os pequenos problemas crinicos disrios (ex: incatisfag20 profisina, colido, ire tages, “chatces", mau relacionamento com colegas, et), que ainvestigagio tem demons trado serem bons predictores da sadde mental e da vuinerabilidade ao sles, constituer também potencias factores com impacto no resultado das leses desportivas. Finalmente, 0 modelo aqui apresentado, também incu a lesbes prévias como elemento crucial para a prediceao de fturaslesdes. A titulo ilusvativo, um atleta fisicamente recuperado de uma lesio, mas nio psicologicamente, poders experienciar medo de se volta a lesionar © de agravar a lesdo, © que poder, por sua vez, levi-lo a uma elevada resposta de stess com 0 ‘consequente aumento da probabilidade de se volta a lesionar Personalidade [As diferengas de personalidad consttuem um outro aspecto centr no modelo de stress e lesdes desportivas. De acordo com Andersen e Wiliams (1986, 1993) a literatura texistente tem demonsiado, de forma mais ou menos clara, arelacoentvevaréveis da pet- Sonalidade e a sade, como & 0 caso da “resistencia” psicoldgica e do locus de controle. 74 camo Paralelamente,¢ pela sua relevancia em contexts desportvos, aansiedade competitive, motivacdo e a “procura de sensagGes", sio outras variéveis da personalidad conceptuali- zadas Como potenciais mediadoras da resposta de stress. Por exemplo, um atletacujo trago ‘de personalidade se caracteriza por elevadas niveis de ansiedade compettva, quando com frontado com uma situagao compettiva geradora de stres, evidenciaré respostas de stress mais salientes podendo, por iso, tomar-se mais predisposto ou vulneravel& acoreéncia de lestes. Recursos de confronto, (Os recursos de confronto incluem uma vasta gama de competnciss, comportamen. tos, e elagbes sociais que ajudam os aletas a lidarem com todas a situagbes da vida gera- ras de stess. Exist /é alguma evidéncia empitica para ainfludneia directa e indirecta dos recursos de confronto dos aletas no resultado das lesbes desportvas. Alguns estudos t2m ‘evidenciado que o baino nivel de recursos disponiveisconstitul um forte predictor de lesbes ‘desportivas. O pape, inluénciae importancia do apoio social e das competénciaspsicolé- {cas de confronto parece ser, asim, panicularmente relevant sobretude na prediccio de ‘ulnerabilidade ou resisténcia as lesdes (Hel, 1993; Smith, Smoll,& Ptacek, 1990), Como refetem Andersen Wiliams (1988), “a presenga de um padrio de relagbes sociais de apoio (familia, amigos, treinader, aquipa médica e colega de equipa) pode inacular direc tamente oatleta conta alesio ou pode aterwar o stress dos acontecimertos da vida e dos problemas disros, assim como o stress da partcipagio desportiva” (p. 302). Adicional- ‘mente, 0s autores salientam a importincia das competéncias mentals e psicol6gices dos alletas nas respostas ao stress da competcao e, paticularmente, das competéncias de con- twole do stress e da ansiedade Em sintse, watase de um modelo, suicientemente compreensivo e integrador da Investizacdo ia efectuada no dominio das relactes entre as aspectns pico ut pics Socials, nomeadamente 0 stress, e a lesdes despomtvas. Numeros estudos tem vindo, nos ‘times tempos, a comprovar multas das associagdese hipdtesesnele formuladas (ver Cruz, 1994; Dias, 1994; Dia et al, 1995; Hel, 1993; Pargman, 1993; Wiliams & Roepke, 1993) PREVENCAO E RECUPERAGAO PSICOLOGICA DE LESOES DESPORTIVAS, Uma das importantes taefas dos profissionals do desporto no process de recupera- ‘0 psicol6gica de uma lesdo consise em veriicar até que ponto é que c atletalesionado evidencia uma boa reacg’o e um bom ajustamento & lesto ou, pelo contro, experiencia, bastante difculdades de ajustamento ¢ evidenciasinais que apontam para a necesidade de atencio especial ‘Ao rever a literatura e as investigacbes efectuadas até a0 moments neste dominio, Brewer (1994) sumarizou as varivels situacionaise a varéveis pessoas que podem afectar 8 presenca, duragdoe intensidade das reacgbes pscolégicas e emocionas as lesdes.Relati- vamente as varldves situacionals, as lesdes mais graves e de longa duragio, assim como, ces ricco socio sobs dspras 475 _aquelas que obrigam &interrupeio ou deterioracao das actividades quotidianss parecem es tar associadas a niveis mais elevados de stress no periodo pOs lesio. Por cut lado, um bom prognéstico da Testo, progressos na recuperacio, apoto socal de outras pessoas sign ficaivas na reabiltagao e informacio adequada por parte da equipa médica relatvamente 20 estado da lesio, parecem ser factores que geram menores niveis de stress e reacgbes temocionais mais adequadas, or outro lado, entre as varivels pessoas que podem intererr na qualidade © na natureza positva ou negativa das reacgbes emocionaise psicolégicas ap6s a lesto, Brewer (1994) refer as seguintes a) a reabiltacao bem sucedida de lesbes anteriores (azendo au- -mentar as expectalivas de eicdcia pessoal do atleta;b) a maior ou menor implicacio pes- ‘soal dos alletas na prética do desponto (os atltas de alta competic3o sio mls vulnersvels ‘20 sess consequent, do que 0s que praticam desporto de recreagio}; c) a dade dos atle- tas reacges emocionais mais negativas slo mas frequentes em criangas ¢ os atletas mals idosos; ds pose padBes de pensamentos dos aletas(pensamentos negatives esto mais associados a niveis mas elevados de stes) 6) a ressténcia mental, enquanto caracerstica dda personalidade do atleta (asociada a um menor nmero de alteragdes emecionas. ‘De um mado geal, os modelos existentes rlativamente 3s reaccOes psicologicas 2s lesdes desportvas contemplam duas fses: uma fase inicial de natureza ractva, carac- terizada essencialmente por emagdes negativa do tio da negacio, raiva, iitaglo e cho ‘que ou desespero; e uma fase posterior, de natureza adaptativa, marcada essencialmente por emocdes mais positivas, como a aceitagdo, a esperanga e alguma aito-confianca, Petitpas e Danish (1995) indicaram recentemente no s6 as reaceBes psicolégicas mais fre ‘quentes, associadas com as les6es desportvas (ilustradas na Figura 3), mas também os principais sinals ou sintomas de um ajustamenta psicol6gico problematico face a lesio desportva (ver Figura 4). [A presenca de reaccaes emocionas negativas ou dasadaptatvas interfere assim no bbem-estarpsicolgico dos atletas lesionados, mas também pode interfer na reabiltacao da lesio e nos niveis de aderéncia, adesio e motivacio adequadas as tarefase actividades de Feabiltagto. Por isso, Buceta (no pelo) cefere a importancia de prestar atengo A natureza Stressante das lesdes desportvase salienta a necessidade de considerar os véros aspectos © momentos do stess pérlesso: 0 stress na hospitalizacio das intervencbes ciigicas; 0 stress na reabilitaglo das lesbes 0 stress no regresso & actvidade desporiva habitual; 0 stress dos alletas lesionados que ttm que competirnesse estado; e 0 stress dos atlets lesio~ ‘nados que sio obrigados a abandonar a pritica desportva. Nao se pode assim dizer que € ‘apenas a presenga de stress que contribu para aumentar a vulnerabilidade as lesbes despor- tivas. Estas, por sa vez, podem também aumentar a vulnerabilidade 3 experincia de sess, ‘Varios estudos © investgacSes tém evidenclado a importincia decisva de compe: tencias e esratégias psicol6gicas na maior rapidez da recuperacio de lesdes, nomeada~ mente nas de maior gravidade. Num dos mais sstematicos estudos efectuacos neste domi ni, levieva e Orlick (1991) entrevstaram aprofundadamenteatletas que tinham sofrido Tesbes graves nos tornazelos e nos joelhos e concluiram que os que tinham recuperado ‘mais rapida e inesperadamente, formulavam objectivos mais frequentemente, recorriam mais a0 uso de dilogos ou discursos intemos de natureza posiivae visual zavam mental- mente a sua recupera¢do, de uma forma mais frequent PERDA DA IDENTIDADE Uma leso que impede ou cbviga um atleta a abandonar,definvamente, a préca ou a compe tick desporiva geranaturalmente uma perda na identdede pessoal doer. © facto de una pate importante des propio "eter perdido” afcta negativne seriamenteo a autrconcelto EDO € ANSEDADE (0s alts lesionads podem tambsim experiencia elevados nes de meda e aside, expe «enciando nomeadamenteelevadosniveis de preocupacio acerca da Sua capac dade para re perarem almente da lest, acerca da possibiidace dese votarem alestonar © acrea da pos sloidade de poderem vita ser afastados da equipa principal e subsides por cures colega. © facto de nao poem treinar nem comp faz com que eles tena mute tmp para 26 reocuparem com ees aspects. FALTA DE CONFIANCA {Em face da sua incapacldade para reinarem e competrem, assim como do seu debilitado es ‘ado sco, os ales lesonados poder perder a contianca depos de ma lesa, aralelament, ‘sta ala de confianga pode reflecise e resulta em diminuigio da motvaga,rendimettos i Feriorese mesmo lester aicona, DDECRESCIMOS DE RENDIMENTO ‘falta de contanga ea fats de tempo de tena faz com qut os ats possam vir a evdenciar decinos ou decrscimos significative de rendimento apna less. Muito atl eum df ‘ula enorme em babarem as suas expectativaseexigtncias essai ps ua lest plo onto, continua a te nivls de expectatvas idénticos aos Que possulam antes dese esi Figura 3 —Reaccdespscolgicas associa ds lesdes departs (Adapado de Peipas & Danish, 1995) Sentiments de rage, ava econfsia ~Pensamentosobsesivosacerea do da em que poderso volt a competir — Negagio eA lesdo no & nada.) ~Regressaren reptidamente& competgso demasiads depress voltarem a voferlesdes ~ Orgulho exaperado(gabaremse") acerca das presage reliagtes que coseguem —Inssténcla em queixa sem importa ~ Culpabilizacao pelos tacos rendimentos da equips ~Wolamento elo afastamento de ous pestoassgnificathas ~ Mudangas pias nos estados de hurnoe -Airmacées de que independetemente do que for fet, recuperasto ni srt seve Figura ~ sinais de um ajustamento potencalmente problems ds lexdes desportivas TAdapado de Peas & Danish 1995) cts clogs asocitos sss deperias 77 [Nao aimira por isso que a recuperagao psicol6gica de atletas lesionados consttua tum tema quase obrigatorio a abordar em qualquer manual ou publicacéo de Psicologia do Desporto e que indierasintervengbes e técnicas psicoldgicas sejam reconendadas para promover 0 hem-estar psicolgico dos atletaslesionados, 0 aumento da adesdo dos atltas 20s programas de recuperacio e reabiliacio e a facilitagao da reabilacdo fica dos ales, lesionados (Ex: formulago de objectives, vsualizagao mental, treino de relexamento mus cular, ete). Tas itervenc6es ou estratégiasserdo aboradas com maior deta he nos capitu- Jos incluldos na Gltma parte deste Manual e principalmente no capitulo de J. Pals Ribeiro (Dor erecuperacio psicoligica”), Do mesmo mado, o j refrido modelo de stress elesdes de Anderson e Williams (1995) sugere também, como foi jélustrado na Figura 2 algumas intervencoes psicologicas dirigidas para a prevencio e recuperacio de lesiese dirigidas ‘para dois alvos principals: a) a modificacio dos padeGes de avaiagio cogniva de aconte- Cimentos potencialmente stessantes; e b) a modificacao e/ou controle dos aspactos mals fisioligicos e atencionais envolvidos nas reaccoes de stress. ‘Weinberg e Gould (1995), com base nos estudos jefectuados, indicam que uma recuperagio completa de uma lesio, exige a consideragao simultanea dos aspecos fsico, mas também dos aspectos psicolégicos. De entre os procedimentose técnicas psicol6gicas ‘que, na opinido destes autores, faciltam 0 processo de reabilitagao e recuperagao, salen tam se os seguintes: 2) o estabelecimento de uma relagSo interpessoal *prevlegiada” com o atleta le- slonado (pensando "da mesma maneira” que ele se deve sentir, dando apoto temoclonale sendo relist, mas simultaneament posi e optimist); by) a formagio educacao do atleta acerca da lesio que soteu e do processo de recuperagio (em todos 0s tipos de lesbes, mas principalmente nos casos de primera lesio, detalhando e especificando como se processaré 0 processo de recuperacao); ‘ensino e teino de competéncias psicoligica espectica de coxfronto e adap- tagio & stuagio formulagso de objectives para a recuperagio,ciscurso interno posiivo, visulizagso ¢ imaginag0 mental etreino de rlaxamento) 1d) a preparacso pricolégica do atleta para lidar com atrasos na recuperacio ou ‘outros factoresinesperados(salientando que exister diferentes ritnos de recupe- ragdo e diferentes factores que nela podem interfere, bem como a possbilidade de poderem aconer *recaidas” ou atrasos pereitamente norms em tal pro- exsolse «a promogao de “esquemas" de apoio social permanente 20 atlea, por parte de ‘outros significativos do atleta, como é o caso dos treinadores,colgas de equipa, familiares e amigos mals proximos (n80 s6 no periodo imediatarrente apts a le- ‘do, mas também durante e a0 longo de todo o pracesso de recuperasao). ‘A intervencio psicoldgica apds uma lesio deveré ter quato objectvos principals, na opinido de Buceta (no prelo): 2) melhorar © bem-estare o funcionamewto psicolégico {dos atetas lesionados; b)contibuir promover a efcacia da reabiltago;c: ajudar os alle~ tas a reintegrarem-se na sua actividade e prtica desportiva habitual; e, por thimo d) preve- hire evitar tecaidas ou novaslesbes. Para este autor, © periodo que se segue a uma esto, 478 cuz M Die ccontempla diferentes momentos distinios, cada um deles com diferentes necessidades & ‘problemas de ordem psicol6gica(e com diferentes objectivas na intervengia psicolégica) 0 ;eriodo imediato a0 momento em que se produziu a lesio, 0 periodo de hositalizacao, pré «© pos-operatério, © pertodo de imobilizagio, 0 periodo de reabilitacso activa e o periodo final de preparacio do regresso& competicao, ‘Muito recentemente, Hell (1995) questionou e ps em causa uma vlha mésima do desporto ("a0 pain, no gain” ~ “sem dor ndo se ganha nada..", com urra outta pergunta Pertnente para 0s contexts desportivos: “Controle da dor: qual ¢ 0 prezo do ganhar [Nesse sentido, abordando a gest e o controle da dor e das les6es no desporta, este autor suger algumas orientagdes pratcas para weinadores, pase colegas de squipa de aletas lesionados (ver Figura 5) Rotella e Heyman (1993) chamaram tamibém a atengo para a importncia da reac ‘cio de treinadores e muitos agentes desponivos face aos atletas lesionados. Mais especiiea- mente, 2 “cultura” do tipo “no pain, no gain’ ou "€ preciso ser forte da” 110%", to fre- ‘quentementevalorzada em contextos desportvos(e nomeadamente por muitos teinadores), 1ndo s6 pode impedir a recuperagao de um atleta, cam pode tamibém predispd-lo para aci- dents lesdes desportivas. As bem conhecidas atitudes de exigie aos fleas que deem “110% e aguentem a dor’, bem como a idea de que um atieta lesionado deixa de ser impor tante para a equipa e para o seu rendimento, so attudes perigosas, crucial edecisivas para «a ecuperacio psicoligicae para a reabilitagao das lsbes despoctivas = $6 08 atlas sabem e conhecem a sua dor (no asuma ou para do principio we sabe 0 Que les eto a sent. Lembrese que a dor € uma expetiacia Sensor, mas também emaclona jude o alta a lidar em artes aspects vite pensar efou descever a dar como estando ou x no corpo ou $6 na "cabega sto 6 eta ncompreenses faa de conan Se, por qualquer azo, a doe for pesistete ou perurbar rendimento, facacom que o alta recora a um epecialisa em meicina despa Evite responder a ques de dor, encovjando alta 2 sr “du, fre este” fem vez iss, ensinelhe competéncas para lidar com a dre eforge-o pela ua resisnca e compe. tenet Eten conscente que alguns tetas tntam econder uma dor pigs ou gre, se present rem que nao conwém ou no ¢ aceiivel a sun dvulgagso ou quel indo hes em ped 2 tlt pra falar abertamentee vontde” da sua don, Para signs alas, a dor persistoneelscessuesivas geram desmotivago e petca de enti slasmo pelo desporo(jude-os a enconvarem uma forma mais posi #aredivel de lider comes sag), = Diferentestpos de dor, eolocam diferentes ios de desis 20 atleta (esta separa para dar oat dare dar resposta a ae desfios no caso de ocoetem) = Quando a dor signica medo de se volar a lesona alta tem difculdade em lidar com 0 processo de reablitagzo ou em dar 100% no regres 8 pritica ou competi ca patente Compreenda«encorjeo contantement). Figura 5 ~ Controle da dor eda lesiodesportiva: Linas de oientaco para reinadores, ‘ais colegas de equips (Adapa de Hel 1995) Factores polio nacido sles depenas 479 Em face da importineia dos factors psicobgicos no processo das lesbes desport- vas, no admira que mais recentemente tenha vindo a ser defendida a integragio de consul- tores de Psicologia, como membros das equipas de Medicina Desportva (Heil, 1993; Gould & Udry, 1994; Ptitpas & Danish, 1995). Mais concretamente os serigas do pico ogo incliriam os seguintes: a) Avaliar as respostas dos aletas as lesdes e a5 suas competéncias e recursos de Conronto, procurando identificar aqueles que necessitem de um rraior acompa- nihament psicologico: by Educare ensinar aos aletaslesionados algumas exratégiaspsicolgicas (ex: t= ricas de contole da don que os posta ajudar na reducso e controle do stress psi- coldgico que normalmente esté associado 3s lesbes; © Educa treinadores, familiares @ outros signitiativos dos altetaslesinados, acerca e do tipo de respostas e estratgias psicoligicas que poderdofaclitar ajudar ro pracesso de recuperagao; «) Colaborar com os restantes elementos da equipa médica, deforma aque os atl tas recelam informagoes e “feedbacks” claos e compreensivos acerca das suas lesbes e do processo de reabiltacéo, DDeste mado, os psicologos poderao comesar a ter também um papel decisivo, nfo 6 pea ajuda que poderio prestar ao nivel da prevencio das lesbes e ao nivel do processo {de conftanto com essas mesmas lesbes, mas também pela ajuda que poderéo dar na cria- ‘fo € promocio de um ambiente que failite a recuperagio (Weinberg & Gould, 1995) REFERENCIAS Adee, Mt, Wil, J: 1988, A adel of rest an sli nur: redition ard prewertion foural oF Spor & rr Paychalagy, 10, 294-06 Balwet B& Mcelaghy P98 The retanhp ofale jr te soe, comps ay ana ‘ining eoucos bieTeiing 25, 257. oth (87 hh nie ak spor Sec, 27, 6 847 Boyes, Sobcews, 989) Recto ines n scan chen. 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