Andlise fllmica
O figurino como
elemento essencial
da narrativa
Francisco Araujo da Costa*
O ricuaino - Taxsém chamado vestudrio ou guarda-
Personagens, projetados e/ou escolhidos pelo figuri
‘oupa - € composto por todas as roupas e os acess6rios dos
sta, de acordo com as necessidades do roteiro e da diregio
do filme e as possibilidades do orgamento, O vestuério ajuda a definir 0 local onde se passa a narrativa, o tempo
hist6rico ea atmosfera pretendida, além de ajudar a definir caracteristicas dos personagens.
Um figurino descuidadofetaachamada “suspen-
sio da descrenca”, interferindo na verossimilhanga da
narragio; como toda roupa, ele esté “em contato com 0
corpo, funcionando, a0 mesmo tempo, como seu substi-
tuto e cobertura™, e funciona assim como elemento do
visual da obra cinematogréfica e tudo que €inferido dele.
Estetexto retende analisarainfluéncia do figurino
na definigao detrés elementos da narrativa: personagem,
tempoc espago. Personagens so aqueles que participam da
narrativa cinematografica; todas as pessoas, semexce¢iio,
emtodos osenquacramentos, podem ser consideradas per-
sonagens. tempo pode ser definidocomooperfodoemque
ahistéria se passa e oespago comoo local onde elaocorre.
Bspagoe tempo no podem ser separados dentro docinema,
e-constituem um continuo; poreste motivo, paraos fins deste
texto, ainfluéncia do vestudrio na definigo de ambos os
elementos eréfeitaem conjunto.
Pararealizar esta exposigdo sobre figurinoesuare-
ago comoprocessonarrativo serdo uilizados comoexem-
plofilmes cujo figurino foi projetado por Michael Kaplan,
Kaplan temuma carreirade vinte anos noramo, trabalhou
emobrasde expressividade artistica como Blade Runner, 0
cagador de andréidese Clube da uta, assimcomoem filmes
demaiorexpressividade comercial como Pearl Harbor. A
obra de Kaplan foi escolhida arbitrariamente por motivos
3
O figurino nao pode ser vistoindependentemente de
‘outroselementos de um filme: ele seinsereemumcontexto
queineluiacenografia, amaquiagem,ailuminaggo, afoto-
grafia, aatuagdo. O figurino nao éfonte nica masauxiliar
nadefinigdo dos elementosda narrativa. O propésitodeste
texto foidefinir parte da fungdodo vestusrio neste todocom-
plexododiscurso cinematogréfico, pois asroupasdecada
personagem, de umextra qualquer ao protagonista, siosig-
nificantes dentro deste discurso,O vestuério significa oponto
docspago-tempo em que ahist6ria seinsere, marca passa-”
gens detempoe tambémindicaas caracteristicas sociopsi-
colégicas dos personagens. Todas estas significagdes
cenriquecem anarrativa cinematogrifica,
Filmografia parcial do figurinista Michael Kaplan
1982 - Blade Runner, o cacador de andréides,
de Ridley Scott
1983 - Flashdance, de Adrian Lyne
1995 - Seven: os sete crimes capitais, de David Fincher
1997 - Vidas em jogo (The game), de David Fincher
1999 - Clube da luta (Fight Club), de David Fincher
2001 - Pearl Harbor, de Michael Bay
Notas
+ Professor de Fabico-UFRGS.
1 BARTHES, Roland, Sistema da moda, Séo Paulo: Companhia Edi
‘ora Nacional, 1979, p.224
2 MARTIN, Marcel. A linguagem cinematogréfica, Sto Paulo:
Brasiliense, 199, p.6
3 BETTON, Gérard, Estétiea do cinema, Sio Paulo: Martins Fontes,
1987, p51
4 MARTINS, Denise Novelli, Blade Runner: wma leitura de um
“cult movie”. Monografia. Orientao: Flavio Maine Faculdade
de Biblioteconomia e Comunicario Soil, Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1990,
5 COMPARATO, Doc, Roveiro: arte e téenica de escrever para
cinema etelevisio, Sto Paulo; Nordica, 1983,
6 The Ineret Movie Database (www.us imdb.com).
7 GUNN, Richard (org.). BladeZone Image Archive. In:
www bladezone com/contentsfilm/image-libray/
8 CALAMAL, Domitla; GNOLI, Sofia (org). Cento ann di Sie
sal Grande Sckermo: quando i noir cre a moda. Roma: Zepiro
Bite, 1995, p72.
MARTINS
PRODUCOES
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