You are on page 1of 14
& "5 Revista Brasileira de Sociologia Sociedade Brasileira de Sociologia - SBS VolOt.No.O1 Januveni3 Modos de Pensar: ‘A Sociologia Como Artesanato Intelectual ssw zar78507 ses RBS - REVISTA BRASILEIRA DE SOCIOLOGIA Dieta (esto 20112013) Hoe Ee erica Semen Steiner fitaroecus poe Fewosipboim rat Fopraeer ats tant teria UM iisereate Tonio une ‘ever aoe UT Fem eign Ue ‘eres Sino tawra us Fete tags aaa Reva se Seenen Page eae Som ers soo ‘ couse Fa iog ta arab DUS Sumario 05 |itstree 13 |isestates scoos sc oon hs 35 [Steen ne apni ees a tiie S57 [Rete recta oso tte Bo) es ce 107 |2xstmgeaptte ares as sese 129] Pmt sooo ooriconoe ied ees sos 159 Atoms rien eerie corpses ner 107 |faceemoirertos sas roto we 2:1g]insatn mao ese A maa rete dre Se aa 215 icatgetectb ia oxen cme coron de pe 2.97 |Resrostesots Ress 312 feenons 313 |seeeace José Machado Pais OCOTIDIANO EA PRATICA ARTESANAL DA PESQUISA Na pritcaartsanal de pesquisa, o que so reclama 6 do uma ‘sonsbilidade sotolglea alenta as experincias da vida cot diana O paralelo com a prodigioartosanal éexemplifieado a0 seexplorarem os sgredos de alaofde das ronda do bls. © socal stuado, com a sua tana de interes, 6. amofeda the afazares da Sociologia da vida eoidiana, em que s sentom ‘os rondilhados da vida social. As wamas da cratividade pas ‘sam por une aprendlzagom prooessual¢ reflexiva, conju th imaginacio socoligica com rigor metedoléleo. Quem era ‘ptenda com o que vai exando. Assim acontco na produgio| tesa da Sociologia om que o conkecimonto 6 resultado de fates de pensar, da questionnr «de fazer, cula matéria-prima & ‘umn espn barr social. im sua forma mais ruta oaist, ‘ese boro €0 otidano, Com ae ge bilzam textos Sela. Memérias rendilhadas:o saber da experiéneia ‘im minhas momérias de infnla i uma Imagem zoavivar «4s em passeios de bei-mar, Dela fazem parle mulheres com fas ao colo, campo do um jogo com pauslnhos cua fino Tinie no dango, Vin ta ta a daar qn cx ons dabatida dos bios, dadithados com peicn, coavamn una arte eI / 109 om laborapto onda de bios. Em Portugl a produgio destos ren ‘las sempre se conenntow na ofla muntima (Vila do Cand, Vian lo Castelo, Nazar, Pench, Setibal) © nasil (Madea © Acors), justiieandoo forismo que assagura que onde hee trond ‘admiea que at ator de bilos thar chegad ao Bal as os de rmulhores de pescadores ¢ matinheiros prteguoses, dissemi <0 palo litoral nordestino @ margons doses interiorans (camo 9 ‘Sto Francisco), estendenclo-st ao sul, expecalmente a Santa Claris ‘a, rgd de forte colonizago agoriana, com soclogo, caneceh ‘8 aprecia a arta da bios com outros eos, explorando os vinctlas soclais que, na pritcaarosanal, so estabelocem entre quem produ quo se produz. © que descabr fot que as rendeiras sto mileres ‘as wid s liom nos flamentos de res ave vio fend, elas compaom novelas ndadas om vez do escové-las, Noses novelas de ida hié memérlasrediades que se enrolam em entedos ds hist ria do vida pessoas o comuniirtas. Enquanto seus homens andavam na falna do mar as rederas ‘sporavam-nos rendando nacos de realidad famines, conto aa pala: rendas de alas, conchas, lapas, poles, bros, estas do iu... Tambien no Brasil, os pac trbulhados express ral- ados da natreza observada (eda pede cont, bien da bart, nda de conto, rabo de pavde, entremeles de boi, rea cos ‘roodo) do sontimentos de vid [emda do amor despadagado, doco aio desencontrado, ond de espasa ou lene de mim). Ose, ‘os moles de rena reflotom experincias do vide que enteelagam he- ance culturais num cotiiane vivido, Assim sendo, extendas wo so apennsontrangamentos de fos de algo ou de inho, so tam bhi junges de ios de vida tecidas na urdiduea da experiénci, Hor lal mzio, nos motvos das rena encontrmos made soclligics ‘que os expicam, © tracado das rendas no se trad apenas numa tivrsidade de postos, prove oxpertinclas de vida, tga tab Aestnos proviveis de uso com marcas soa. A ronda mats acessiel 40s pobres&designada de Agra do bea, com mall simplos © ‘do pida execgio, Pechincha &tambm arenda Sabo com Gs, uns _quatioe rscmplares vendidos grantiam 8 rndeira a compra, na fra Semanal, de sabio © gis (quorosene) part a lavage da up oh nina da casa (GIRAO, 2002, p. 5] Outs rendas quo ecoam bom fs vedas por isso mesmo populares ~gunham nomes como: Aco de Precio, Compr Ca, Ado Pobre, Bea do ve ou Chega a Taos. ix rondasaritocrities revindicam nomes roquintados, quer as do ranscenga (tends Van Dyck da Py ede Cluny), quoras de mathos de fas (rendas Chantilly ‘Ani chegados, a porgunta que pe: gual o propésito de wa tic atesanal de pesquisa? Quando go revindca um med ate anal do produc sociolica nfo se est propriamente a considerar Dartesinato como win daplgla ou ura osttien, apenas uma forma ‘te onjnizagao do tabalho, uma conjungio do “saber vom faze ‘uma convergncin da “concep com a execu” (LEYTE, 2005, p. 36}, um conjunto de conecimentose competéncias, ates de Fer ‘quo~imbulds numa sic de bala ~ partom dem conheciento| rit, anconado a absereagbo do entiiano. A recuporacio do “as Prt do artosanato” (SENNETT, 2008) para o campo da Sociologia passa por uinavaloragso da exporianca, Também Nils 1985, p. 211-243) nos alerta para a nocessidade de no separarmosoofcio do prondendo a sae como um sacle das experkncia de vida, eso intelectual. Dat decorte que na priticaatesanal da pesquisa ‘tivindiqua wi sonsbiidade sololéica quo valorize a exp Fiéncias mundanas da vida coidian, tomando-as como uma fonte de inspira para a rellexdosocildgica PAIS, 2000). Olbur 0 socal através do cotidiano nos dé ensejo de entelacar exporiéncias de vida CLINTON, 1999) com vocaco soioligica [WEDER, 190). ‘Aexpetiincla 6 base fudamental do conbecimento coldiano, um conhecimento de fictalidades esituagios que busca o como ta que acontce. Pua perosbar 0 ponqué de como a vida acantees, © ronhacimento soiolgico nfo pode também dlvar de so mover no cas cotilanas. esta devolucio do mundo da mundo das expe ‘ide ao mundo do cankecimento objetivo que Mereai-Ponly (1945) reivindica na sva Fenomenoloya dr Pecweao, a defender que 0 ato 109 Se is ees 110 ‘metddica nto se exprime numa atitude logoctntsca, dado tela 9 amino que 6 caminhado pelo sujsito eagnescente do mundo que habits © que procurs entender A experiincia cotians 6 evidente- ‘mente difeente da experiénciasociolgics, mas esta, come acontecn ‘om a experiénca do artsio, pode insprarse naquel, Os artesios| tom ostacapacidade do veteran experiinclas de vida na producto artesanal. Ou soja «produgioartsanal surge como uma Teriagbo| ‘i vida coidiana esta como uma extensio da oficin. As pes do sxesanato produsldas rovlam experdnclas do entidian, “pedagos a vida dria, ds ptcasrliglosas, das congas, das fost, dat rofasdomvsticas, da dura lata pela sobrevivénea” (ALEGRE, 1006, 136) Hs tempos vst uma conbecidacoramista paragula, Rosa Brite, om sia casi de tora tid, om, Surpreendowrm a colegio ‘he igueinhas de taro acasaladas,reproduzindo o ato sexual em va: Fladissimas posioes. Farguntol-the de onde lhe tisha vindo a idol, [A osposta,sorident,fokekcidativa “Be mi experiencia de vida, tengo rece hijo’. certo que com Tama que vei gant, apres So *mercallégca"(LEITE, 2005) due asas& Imaginacao. Com alguna frustracio, vim a saber que 0 meu rrssimo acevo de wnt posiges fora largamentosuperado por uma vasta colo de mas do ‘uma centona da figuras erties, logo asambarcads pelo re Juan Calo, quando a vu na Bp de Seva, em 1982. Como quer ‘1 soja, oa queria chap fl a wxperiincla de vids do Rosato «que Ihe desperton a cratvidde, (Olque lovou Wight Mills a escrover sobre as lites? O propre con- fessa que So insprou om Balzac, na proocupacso que ese tinka om ragita os ipo socials que la enconirando (1968, p. 216). Como ma roduc artosunal, quo se volorizar a vida cotidlana tal como a envontranos a experinciae na abservago Fram experiéncias do ide da adolescdncla que lovaram Bourdieu (2008) a abracar a Soro losia. A conversio, como o proprio © reconhoeo, deus quando deci tu posqisarobilarioas que ocorriam ene jovens de meio rural ‘do onde ole pepo ara origin, com a propdsito de questiona 0| txlibao ds primegénits (HOURDIE, 2002), Par essa “conversio" eormanoe AFCA ATES BAFEQUSE nd nn oe ito loo 9 dever @ Raymond Aron que o intoduzit na fenome- ologia, através de Schutz Eu propio me interogo por qué abraost Sociologia tnd formacio om Economia, Talvoz porque sempre me ise trai po curoidades, iaquiotudes esuspotassusitadas por ‘serves do coidano, Em minha meninice lisboota passava tres otrcicl, na varana de casa, de olbo em tide oq pss ptr ‘ora ranqulldade da nua, Dens observagies da alco coun a do prostrado Jt, da Janola indiscreta de Hitchcock me wr vndo ains- ping de um metodo que soem inks posquisas soos. Ox infos “Tuturistas” cultivavan-no. Quando pintavan wna eas, 30 ‘er uma pessoa debrogada sobre uma varanda, subiam alla para ox primeonarem as sensagespstcas que se doenbrem quando agin se debrucano alco do uma varana, Sontado no mou tlle, come- xa ter aptite dora, Mats ard, jt socilogo,sonteme um etal ‘bono (PAIS, 2008; 2010), deambulndo plas cidades em busca de ‘um canlecimente de selva (orandi Katy), como ora designado pelos {dios guarenio conhecimento feito de exporiéncias » observagies diets, Méo nosso umnbéin desvaloizar «minha experiéaca nana ‘banda do garagom, os Songs Boys, Hn alles de coltvidades popu ‘sna consauiadesvaroolhar do so de dana, exqundsinhando| cog lls de apeoximacao oases do seducio, tna de wn dos nous primotos lives, sobre rituals do galantria (PAI, 1986). Mui- tas de minhas peauitassumiram de wma de “eurosidade espontt- naa (FREIRE, 2007, p. 97-98), ou “ocosa, come a designava Veblon (HARANANO, 1093).Na Sociologia, como no artesanato ou naa, 0 importante nfo & apenas busca 6 também precao cre dsponibl- dade para encontrar cotdiano 6 ume fonta de revlagto do sci Sogredas de almofada As rendas de bios sto exccutadas numa slmofida onde ise ‘ov os padiias. E nola que 6 sentada o renda (GIRAO, 1988), Isto 6 6 ela onde as endeiras aman as fguracies de sua arte. AS movdlagons (pique) so felis com papeléo ou cartao gross, edo- mm P) 12 ‘quadamnente parturado com o desenho que se pretend inserove. As prfaragins so eonsumadas com 0 que mais so onconta 8 mio. No Brasil usavam-seespinbos de manidocarsexiquexige, son 0 ios nolados om ossos ot expinhas de pave « os bikes feos do fat da palma de cams, eaogos de bu, macadbs, ec, Os plques ‘4 pcos alnda hoje fram uso dos carte de cana de saps, Quando nio so usom edpias de modolos ji vlads, as pefuragies ou prentnci de criaivida,O talento aaron assocado arte te balicar 0 papetae, conta a recontece una renira do nordeste brasileiro: "Quando chogo gonte, manda euboliscar 0 papel. Agora ‘mesmo, lem um poslago pra e ‘invent’ papel de camisota ede entrada de banka [.). Vou enti beliseand¢ depois de “eliscan- Ao" & que vou dasenhar (FLEURY, 2002 . 269 Estabelacendo un paallism com Sociologia, arte de blisca ‘encontsa-so presante ean mules ensaios de Sim, nos seus sap ‘shots, rtatos instantins da relidade que ~ qual pique ou pi ‘ads ~ perniterchegae As formas elementages da inteagio soci Pora Simmel, o desuflo da Soclologie¢ a descaberts identiiagio as fora de vida socal, Em sou ensaios sob a amizade, a cog teria a gratdao, a couanca ou a dependéncia revels uma inspirasio ‘uma indifecenga marcada por “rida”, bem evocsda por Adorno ‘cerowg 4FAroA AES DA FSGS 120 cana TEA TEL DESK Le tod (1995) quando idetitievaa passvidado qu procade de uma prea. sa noutalidade axolgic. Isto no significa que a Sociologia se dev transformar num ensaiso superficial e especulatvo lke 2 rigne netodoléico (CATANO, 1995). Desliz provocados por excassos de entusiasmo ou nglignciaséo uma permanente ameaca,¢ nem dalos ils ke lvrou quando sua “imaginagao socildyien” dow larga « ‘un lendénclafclonists como no iv quo escreveu sobs a vo. Jug cubana (MILLS, 1060) ou nas carts, scitas do Rio de Janel, 5 um imaginiro colegarasso (MILLS, 2000). Carscertic do arts sonato intelectual, a vigllanca epstemolégica sone & producto do ‘bor 6 sobrtil, um saber serum soveo critica ds msm, [Na rica artesanal ‘te un psi hs una tical trabalho que r= tude de vida. Volo que dln eeputacio de um bom atosio. Tomando o exomplo das rendeiras «sua arto nio ¢ apenas 1m simples trabalho demos, 6, sobretudo, obra “de mo ntligon ‘es, dominadas pola consciéncla de haverdeealizar um uabalbo ‘richosoocapaz dasa load” (OTTICICA, 1966, p81). Dao roo nlteimenta ea aie peo bal vtuoso:"Gowto dss mil Porque ala 6 muié formosa! Fox um bilbte bem fit) uma ronda Alticaltosa.."(poota esconheco, apa: HOLLANDA, 2002, p. 5) Tambim na Sociologia as quests do metodo no aparecem diss- cada de uma vocacio assent om principos tens de uma tice da _esponsbilda como Max Weber (1980) a designou. Quando Mills (2009, p. 7680] discutla a ethos do soklag como artes, o que 0 roocupva ea, justamento, uma ica de trabalho, um mode de vide © sont do tra realizado stislagio intrinseca com o que 36 ‘rod «expontaneidade criativa sobrepond-so& estoratipizagio bbnalizads, «experiincia do wivido como vincula do concede, 0 conlecimenta dos neds da produgio do social como estratgin do {ga armadilhas a linac, Por aq também pass a imaging sociolpcacuj ethas no poe dissociars dle uma responsabilidad ‘socal (HIRONIMUS-WENDT, WALLACE, 2000, (Qual o futuro da pti artesanal de pesqlsn? Seo futuro ¢ som ‘ado passado, vale pons no perder de visa o paalelism com | _stesanato, qu 0 constata que, com oindusralisma esa cos ‘ake inser nos cireulos comerclals,oartesanatotransformonrse usta producto em séro, num proto itsch, © kitsch tornou-se joateIntrante do sistema de produgio mocinico,alastrando por lominios das cultoras erudita @ adicional, apropriando-s dels Jalsfcand-as, inscrevendo-as nas engrnagens de wna reproduc snassficads, Havers a Sociologia um equivalent Kitsch? Talver, incipalmente quando se empolam distinclas om relagéo ao queso ver para alcanger umn suporte do prtenss objeividade: quando se apeln.a sofistcados tests catalisticos para legtimarIntarpetachos| etdosis; quando seus uma linguagem esotérica x0 ao aleance do {quo fal; quando uma falsaerudigho se pretend afirar am rol de cugoes sam noxo nem sentido; quando a adapiagsosubordinada ‘impede a ering insubordinada. Veja-seo que se passe com alguns epontsassertanojs, O oapeto is méticas postcas conagraas, ‘ainda os verso de lgbeira que se ma mio para da ros de uma senna improvisagio, poder teansformar as gras num objetivo om ‘Simeano, Quando tal acontece, a criagio poten ode poder o seu ‘canto #naturalidade, convertondase num produto de automa nos (SOLER, 1905, p. 103-105). mesmo acontoce quando a ima sinagi socoldgca se acomada 8 zona de conforto de inuestions ‘ie protacolos metedoldgiose toricas (BOHM: PEAT, 1989) Neste ‘os, poe surgi wma fterfortacta negativa com livre jogo da men te, essoncal no processo do exativdade. Na arte, como na clinc, ‘seguom-e otnas convencionas, mas a riginlidade pressupoe dos- prendimentos crcunstancals em rlagio os molds convencionas. ‘Aate da ertosanato ~ como a da produciosocildgica ext na sua ‘apacidade dose oxceder, de contegualeancar resultados distintos tos previsios (MOUNCE, 1991). Quanto mais s© conenbe © met ‘como uma sucesso rigida de passos, mas docises se tomar som nos aperesbermas dos seus efeitos pervrsos(KRIZ, 1988, p 131). Por nto lad, as tcnleassololgleas de posqisanio deve ser objeto uma exaltagoflichisa elas si apenas wn valiso istrumento| ho abalho, 1m meio que nso deve sar convertido num fim om si rat | 12 mosmo; easo contri, a realidedoestudada torna-s-i um stele las tdenicasuradas para soa compronnsio, 0 rigar motadogic ‘io 6 incompativel com a inaginago soctolgica, Rematando No prlogo do seu conhecido lvra sobre 0 artifice, ao dlscomer sobre & eoncepeso shakespeariana de quo "cad wm # criador des mosmo", Sonnett mestraos qu o pensu, de questonare defer, ea matérn-pima 6a esp do bara socal Hm sua forma mas bruta a aisa este bao 6 0 tldian, font de revel do social E pomgue assim 6, na nossa aloft de tralho~ nos soso lo ~ hs que goardar ax falas do die, spanbadas em contexts nuturalistlces, pujanos de sgnitiado, produtoras de sents. AS pllavas so artfatos do subjotividade ao srem ricotadas as intra ela do aetesanat vi mito para mm do trabalho manual especializado. Ha 6 aplesve a quem tab. Tha no campo da programa informatie, da medicna, da arte, cx tment, da Sociologia. Esto por qué? Por das rzdes. Em prima Jagat, porque oartosanato reprosenta, segundo Sonnet, um impuia dduradoury « Isisico que se expressa no dojo do realizar bom una ‘aro. Dat dariva um sentinento de rgulho no tbo realize, 8 conscincia de um bom desempento edo um compromisso tic, Em segundo lgae, porque o trabalho do artesio assenta no dominio ‘qe lo tom do procaso de producto. Ror iso, Mills (1965) prope a reabilitgn do “atesio intelectual dospretnsioso”,o que val apen- dando com 0 que cra ©» que va riando cam o que aprende, pos rao ares os rotinas no sto estas, evolucinan, judd 2.4 progr, na base das ss experinciascotidianas, As tramas da criatvidade passam por esta aprenzagemn processal reflex ‘va. Quom criaaprende com o que va clando, fesse conhociment Dulce, do catidiano, que permite que o mnsm avancn quando 50 ‘mir aoespelho do qun val predusndo. Assim acne no prio aresanal da Sociologia, om qu 0 conbecimento resultado do ates 1a 0 cotianas. Como nos suger Mills (196, p. 215) “dae shmplus: nents nonve a uma exparénciavivida now convida a explica la". Os tomas clo dessa forma origem a concetossensiiliantes (BLUMER, 9). Hs que sever como os nomos rxdpiam sents no linguareo ha vida cotidiana, O conhocimento do eatidiano ngo existe fore da ‘ntesubjtvidade, porto mesino 6 urn conhecimento soialment ptilhado, quer se expresso em linguagam, sgaifiads simbolicos fu em fdigos elo condita, Se 0 objet da Sociologia 60 socal « se io ha sil som individus, como poderia a Sociologia desprezar ‘tian? A Sociologia do cotdianocanta-to nos indus para ‘wolior dar conta do como o socal se rflete na vida dels, mas sam peer de vista ahistorckdade do coidiano (HELLER, 1972; LEP ‘VRE, 1961: MARFINS, 2002; 2008; 2011) quo nos permite compre ener como us socndades dos indviduos se transfrmam por frga ‘onjunta de estruturas soci prdixposighs individu ' soclade dos individuos comogon.a sr valorizada a finals da ‘ade Mia, com a pita do disseengso de cadaveres, o ritual da ‘onfissio roigos, difusia do expelho, © proprio te aparecia| ‘troitamente lig ao fntimo, pondo om evdneia eapas da vida, Aistinclas onto os sexo, distingbes entre as clases soci, hierar avis de moralidates, Fartalocaw-sn entdo a vontade individual de Aistngio.A"lavengko de s mesmo” requere aprndizado do car oni eda etquots (ARIES: DUBY, 1985-87). Mas 0a Sociologia do totiiano se entra nos ndviduos suas ineraes, nde pode dear te ver como o scl se traduz a vid dees. Ese 6 um dos goandos satis na prea atosanal da pesqulst 0 de trabalha,aticulada- ‘mente, com moles (tdrloe © concetuais]e pritcas sola (expe ritnclas da vida), Para tanto, ha que se reivindcar wma histriidale Ao codon lis, formas daexperincia tim sido croscentomen te tahalhadas no campo da hist soci om cy fina so rosta am mata de ciilidade, romaneas de castumes, dros, buns do fotografia, eoreespondéncte pessoa, documentos que possibitam ‘novas formas de concabar o socal (LHPET, 1995) uraleamento, a comproensio das estrutras sola tem vindo a contompla,ceseon tment ax manlfestagbes culture da vida cotidiana a alimontaio, © vestuiro, os eorpos a intimidate, os afetos, as sclabildades, og rules, os adores, os consunos, os lees, as emotes, oF setinen- tos. Nao como nna inventarlagao de curiosidades addins trvii ‘mas com una snica preocupagse, a da campuvensio do scl. De ‘que modo? Crzindoeseuturas e aio, procossoso experi Referencias AADORNO, Theos W, (1995 [1966]. Neate Ditties. New York Contin Pros AALUGRE, Sylvia Porto (1904). Maos de Meste nor da Ate ‘radiga. Sto Polo: Ealora Maltese. le ARH, Philippe @ Duly, Gongos (1985-1987). Hse de Jo Vie re ‘eis Le Sul (5 volumes} BARANANO, Margarita (109). “Thorstain Velen: wn aegato on fa- vor da a eienca™ Haista Espanola de lnvstiqniones Sociolitcos, 3°61, pp. 201-212, BECKER, Howard S. (2010 [1082}). Mundos da Aut. Lisboa: Livros BENJAMIN, Waltor (1987) "Moga ¢ éenia, arte © paltica", Obs Eocalils. Sto Palo Bravlense (3 ea) BLUMER, 1. (296) [2953). "What is wrong with socal Uhony? Cap, pp. 140-152 In: Bum I, SjmboteImermcinsen: Festive at ‘Mathod Englwood Clif Ais Prentice al Inc OHM, David Poa, F David (1080) Science, Onder and Crotty Nov Yorks Routed [BOURDIEU, Pier 2102}. Bal des Celia lacs de a sc 1 paysanne on sor. Paix: Seu [BOURDIRU, Pleo (2004). Eaguisse pour tne Auto-anaiye, Paik Raleons d'Agt ATARO, Gonzalo (195) a etna Inlet. Rogsti: UPN y Psa Jan, (LNTON, R. (1999), “Ear as yo leen. Connections between doing fualiative werk and living daly Life fs Glassncr. ary Hest, osnna (Eds). Qualitative Sociology as Bvoryday Life Loon: Sage, posta CCOLLINSON, Patrick (2012). The History of « History Man: Or the Tiveiubeth Century Viewed from a Safe Distance, Woodbridge, Sule {ok Hoydll and Brewer foe the Church of England Record Society, LEUNG, Catherine Arruda Ellwanger (2002), end de Bos, Renda th Tara lend do Coa Expressao Amistad unr Povo, Sa0 Pale fo: Annablume! Fortaleza: Secu. FREIRE, Poul (1977, Feagosia da Autonomia. Saberosnecrssrios Prtic Edveativa. 8. Paulo: Editor Pu eT, [GRAD Naldelice Carnelea (1988). Renda de Bis seus Antfes Fale, Coss Muse de Insitulo de Antopolegi da Univeridn tisFodorl do Gear [IRAONaldelice Cornero (1984). Renda de Bus. furtalsa. Cor Egos Universidad Federal do Gear (iRAO Nudolcn Carneiro (2002). "Rundas o ondelas do Cars a Chaves’ Gilmar (ong) Caan De Corpo Aan ola contempst Be BS exes sce a tae fede naw eras Bae i ortalera, CE: Instituto do Coad (strico, Geograico« Antopo lego), pp. 83-96, HRLLER, Agnes (1972) Historia y Vida Coidiana. México: Gxt, 972 HIFRNAUX, Jon Plrto (1997). “Aniliso gstratural de contaidos Inodelos cultural: apleagso a materials voluioso”- In Alar, Lue ef Prion © Melos de Investignpo em Citas Sota hoa: Giada, HIKONIMUS-WENDT, Robert J Wallac, Lora Ebert (2008). “The sociological imagination and socal respons", Teaching Sociol vo 97, 2008, 76-88, HORSCH, Paul 1990). "Qualitative sociology and good journalism as "kystirs n° Csr, Hay Hew, Rosana (us). Qualatve Soc eg as Berea Lifes London Sage, pp 251-258 2s 125 HOLANDA, Violeta Masia de Siquelta (2002) Mine Benda, onda ‘Minas Un Estado sobre os Tionsformagies no Modo de Taba a ‘Mulhor Rendeina 0 Caso da ProinhotCB.Rortalezo, Disertac da Mostra ~ Centro de Humantdaes, Programa do os-Groduocaa om Sociologia da Universidade Fadeal do Cao, date KRUZ, Jorg (1988), ts ond Anjos in Social Scene An Bp leonooginl and Methodlopea! Anais of npc Stal Scene Fesoarch Tachniquos, Now York Mac Growl elobuee, Hoar (1981) La Ctigue dele Vie Quotdinne. Dita Mo. one Malem Morne hsaphiaphe dui. He Larche LTE, Rogrlo Proonca (2005). "Mdados de vid e producto artsanal tent preervar«eonsurae’ tn: Alone Viries, Olhore nena Heflesbes sobre Artesanato Constmo ta Tigi, Caleenos AteSol 1 So Paulo: Artesanato Soli Central AeeSo pp 27-1, LADETTT, Berard (Dit) (1995). Les Fores de Experience: une Ae tre iste Socio. Ps Albin Michel a LEVIVE, Donald (4) (1971). Simmel: On Jndviduoty and Social Fam. Cheapo: Chicago Univesity res LOYAL 8. QUILLEY 5. (2004, The Sociology of Nonbert Blas. Can wie: Cambridge University Pros MARTINEZ, Miguel S. Valles (2009). “Hacerse investigador social lestinonion de feo y atecaniaftooctal del socdogo", Piton Souda, ol ty? pp. 1236 MARTINS, Holoisa Helena Tce Souza (2008), "Motodaogia quali {atva da pesquisa", Educacto e Pexquis, So Pas, 30m 2 pp. -MARETINS, Jos do Souza (2002). Suebio. Vide ctidionae Hise no birbio da Cidade de Sto Pula, Sto Palos Huctec¥ltor a Une. MARTINS, José dle Souza (2008), Sociabilidade do Homo Simple Cotidano « Histrin na Modermidade Anomata, Si Paulo: Ear Content, [MAKEINS. José do Souza (2011). Uno Angulo da Mma Scils ‘Aitobiogefia lus Mole de arin, Sao Paulo! Atel at ‘SenoNNO APRA ATES APG ca MERLEAU-PONTY, Maurice (1948). Phénoménologo de lo Peep fon. Ps: Gallimard ‘0145, C, Weight (1960) Listen Yankee, The Revolution in Guba, Co Jus (OH: McGrane Hil Psblshing MILLS, C. Wight (1965) [2058] A Imaginacio Sociodgica. Ro de Jane: Zaha ‘MILLS, Kathryn Mills, Fumoa (2000), C Wight Mls Letters and us ebiqpephical Wings. Berkeley (Ca): Ualvorsty of Clilora Press. MILLS, C. Weight (2008). Sabre o AxesanotoIntelectual ¢ Outs Bo Sais. Rio do Janeiro: Zaha. [MOUNCE, AO (1991) Ant and Cra Bish Journal of Aesthetic, ul 33 fu de 4991, pp 290-240, NATANSON, Maurico (1986). Anatomy: A Study in the Philosophy of| Aled Schuts, tndiana University Pros, Bloomington. DISHIET, Robert (1976). Sociol as an Ax Form. Oxford: Oxlord Un ‘wrsty Press OFTICICA, rancseo de aula Lolo (2966), °A arte do nde no nor te, Bolt do Intitut Jowguay Nuc de Pesglsos Socal, Re ‘ies? 15, 1066, pp. (neF2, Renato (2010). Tjetos © Memeras. So Poulos Baltora Bras Tee PAIS, José Machado (1980), Artes de Amar da Burges A Image da Muliereos Rita de Galantri nos Meos urguesrs do Se XIX em ‘uugo. Lisboa prensa de Cloncas Solas AIS, José Machado (2008). Nos Hasos da Solio, Deambulagdes So Siplgtas, Porte: Ambat- PAS, José Machado (2009) Sociologia do Vida Quetidian, Toras, done ¢ Estudos de Gono. Lisbou: Imprensa do Cldnclas Soca [edigd brasilsre Vi Cottons Enignas¢ fevelogtes, Sto Paul! Cort, 23) PAIS, José Machado (2010. Luff Quotiiana.Ensaos sabre Ci dade, Gatun Vida Urbana. bo tn pronsa ta idncas Soe var 128 POLAN}, Michael (2983). Tho Tacit Dimensioa, Gloucester (MA): Ry, tor Smith, SSCHUT2, Alia (1966), Collected Mprs Studs in Phonomenclog | al Piosophy, sole I odtado por Tso Sez). La Haya: Mart ns Nil. SCHUTZ, Aled eLuckmann, Thomas (2001) 2973) fas Fstuctaos| ‘el Mundo deo Vide. Buenos Ate: Amora Bene, ‘SENNETT, Richard (2008). The Crftsnon, New Haven: Ye Univer ity Press, SILVA, José sro (2010) "A angtstia do papel om Inaneo" In: ovis {a Union, Expresso, dl 16 de Outubro de 2010, Lisbon, SOLER, Ls, Quigens Anes no Flor do Serto Broiler, Flori polls: Eilitora da URS SONTAG, Susan 2004 [1061]. Cont a Inerpretaio © Ontos Bae os, Lisboa: Gate, WEBER, Max (2980) 1922), Sconce as a Vocation (i Ror Faer Lay smn e ving Vlody com Hernia Martian. Londnes: Unwin Hy. (WOLCOTT, Harey (2009). Whiting Up Qualitative Research, Thon sand Ook (Ca Sage WOLCOTT H. F (2008). Kubnegrephys A May of Seng. Plymouth (UR Altamiea Press Jessé Souza EM DEFESA DA SOCIOLOGIA: 0 ECONOMICISMO E A INVISIBILIDADE DAS LASSES SOCIAIS* D ebjtivo deste leno & refletir acura as assim chumadat “class populares” no Bs contemporineo. Toda intarvencao po campo das dein sda, noentanto, dena elo wm content i conslitdo com uma emdntion um coshunta de nogtes ‘lomiaants. ocober iso 6 especalment importante quando se tata da questo mas fondamental para estat legit: ago deta anda socal: tena da pradugio eeproiuga ts classs soias. Ni existe quastio mals importante para a omereenso aguas de qualquer orden social posto qe: 1) ‘0 partoncmento de clase quo nos esclameeacerea do acesso esi ou nogativaente pivilegiadoa qualquer ~ materi ideal ~ de race socal exces: 2} dado que «socedaa moderna ae lgiima na medida em qu “apsoce” como usta © Igulitrn, os jstiiativas pra a dasigualdade efetiva ene 1 last que formam o nel da lagitimagio social» politica tue permitam qu «socedade moderna poss sr acta coma juss também pelos injustigados« humid pore Quatdo dizemos que opetencinento de classe ¢a questo Pals importante ea vida social & porque ela no define ape so aenssoprlvilegiado a todo tipo de “bom materi”, como

You might also like