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ARTIGO * Doutorandodo Programade Pos. duago em Sociologia da FFL use. Poricta, CLASSE TRABALHADORA E DELINQUENCIA NA PRIMEIRA REPUBLICA: UM DEBATE A SER REFEITO Luis Antonio Francisco de Souza* Resume; Procura-se, 10s limi esse tig, abordar questoes relativas et ccona a as el eee nee A insergo dos trabalhadores recalcitrantes na estera do trabalho. Agmdo. de forma seletiva, a policia de Sio Paulo reprimiu com violencia o “movimento operdri, ao miesmno eit que procirava manter « populagio urbana sob vieiincia adminisrativa. Nessa pita poleial, pode-se -discermiro gradual econstante processo de constituigao daqieles sncividuos sue, en sun gra feaiativanptnge pleas oy detingents. Palas chive: pli: plicit vole -instiulgdea deconote + Primeira Repablica trabalho -classerabalhadora delingliéncia crime InrRopugAo. “0 nosso povo é filho do meio, a nossa histéria presente é filha da nossa histéria passada. Os nossos males siio males de origem. Até a Reptblica, duas classes existiam no nosso pafs: desfrutava 0 trabalho do escravo, na exploragio tradicional herdada dos velhos lusitanos. Na ociosidade, no vicio, tudo para cla estava bem, tinha a besta para por ela trabalhar e lutar, todo esforgoera imitil. O érgdo que nao funciona Plural; Sociologia, USP, S. Paulo, 1: 17-35, Lsem. 1998 atrofia-se. A energia, o cardter, o patriotismo, a inteli- géncia,a vontade, virtudesnio exercitadas, atrofiaram- se. Estes, os escravos, coisa, ninguém, viviam como animais, aviltados, bestializados. Algunslibertos, c4ga- dos dos senhores de terra, enchiam os claros, como escravos privilegiados. (..) Abolidaaescravidao, pro- clamada a Repiblica, viu-se um povo livre, sem saber ser livre, fadado a continuar escravo enquanto nfio Ihe ensinassem 0 abe da liberdade. (...) © povo livre continuou escravo, com excegao do povo paulista, que por circunstancias especiais tem adiantada educagao politica e a felicidade de ser dirigido por homens da estatura de Altino Arantes e Washington Luis. Escra- vos éramos, escravos somos, Nossos senhores sio os oligarcas que nos govername dispGem de nossas vidas e de nossos bens. Nada se fez por este povo, nada de protegio social, nada de educagio técnica, nada de saneamento, nada!” Braz de Sousa Arruda - 1914 A ordem social republicana, como nos dé a historiografia, somente se tomou possivel mediante aagdo reguladoraconcreta das instituigdes de repressfo e controle. Numa sociedade marcada pelo no reconhecimento dos direitos civis e politicos da nag, a policia civil se destacou, pois sua ago se inscrevia no centro dos conflitos gerados pela emergéncia de uma ordem paiblica como até entio no havia, O aparelho policial, pablico por exceléncia, nao se limitou a definicdo, estabelecida pelo direito penal, das esferas atinentes a lei € 2 infragao; foi além, pois em sua ago mundana tomou para si a prescrigdo de posturas sociais aceitiveis ou inaceitiveis, conforme 0 jogo das circunstancias. A agao policial, desse modo, recaiu sobre um conjunto especifico de ilegalidades populares, resultante da formagao do mercado de trabalho livre. Policia, classe trabalhadora e delin- iiéncia na Primeira Republica: um debate a ser refeito Lats Antonio Francisco de Souza 8 Plural; Sociologis, USP, S. Paulo, I: 17-35, I_sem. 1994 4 Policia, classe rade e delin- ‘Na sociedade republicana, 0 homem livre, trabalhador ¢ Gauiaaae ordeiro constituiu-se como o ideal da cidadania em contraposigaio Luis Antonio Francisco de Souza a0 anarquista, vadio e desordeiro, Certamente, a policia civil, em diferentes circunstancias, reprimiu com a mesma veeménci anarquismo, a vadiagem, e as desordens. Todavia, tanto a ordem como a desordem acabaram sendo objeto de investimento institu- cional, pois houve a preocupacao com a conduta piiblica da recém- formada populagiio urbana. E,como resultado, aordem social passou a ser recortada por uma organizada rede de instituigGes, em cujo centro encontrava-se a policia civil. ‘Ao longo da Primeira Repiblica, manifestou-se a preocu- pagdo em definir qual postura tomar afinal entre a repressdio da populagiio ou a sua assisténcia. Os intelectuais, na afamada Revista do Brasil, apés 1916, publicavam artigos os mais variados que expunham & luz do dia as mazelas da sociedade republicana. Af ressoaram as vozes de Mario Pinto Serva, Fernando de Azevedo, Sampaio Déria, Mauricio de Medeiros, Garfield de Almeida, Rui Barbosa, Todos julgavam imprescindivel implementar as mudangas que fariam da Repablica oligdrquica, uma Repiblica Social. Estes c outros intelectuais, sob a organizacao de Vicente Licinio Cardoso, escreveram diversos artigos nos quais faziam a radiografia politica social do Brasil, e praticamente todos apontavam a necessidade de se institucionalizar a populacdo, até entdo deixada a sua prépria sorte. (CARDOSO, 1981; CORREA, 1982 e MOREIRA, 1982) Havia, ao que parece, a constatagio de que 0 mecanismo repressor por si s6 era incapaz de impor sangdes de forma genera- lizada, Daf aclite intelectual expressar anecessidade de se tomarem medidas de cunho pedagégico, politico e social, de maneira a proteger a infancia, o trabalho, o voto e a fazer cumprira lei através de instituigdes sélidas e exemplares. Tais medidas deveriam abar- carasociedade inteira, mesmo sem a modificagao ou aanulagdo das leis vigentes. Enquanto pensavam em agdes de longa maturagdo, entre- tanto, os criticos viam, sem contradigSes, desfilarem intimeras bar- baridades diante de si, Enquanto se discutia, a policia agia, No fim ° Plural; Sociologia, USP, S. Paulo, 1: 17-35, 1 sem. 1994 0 de qualquer forma, todas as instituigdes criadas e geridas sob 0 impacto da Repiblica e do trabalho universal visavam a sujeigao dos homens ao trabalho Partindo de uma policia civil que passou a atuar minuciosa- mente sobre 0 cotidiano urbano, a constituigo da ordem social republicana dependeu de instituigdes e praticas que nao s6 castigas- sem os infratores, mas que os normalizassem, adequando-os a0 universo da produgio. E um balango dessas questées que procuro delinear no presente artigo. ‘TRABALHO Como DiscrPLina “A penitencidria, comegada em 1911, esti prestes a ficar pronta; convém decretar-lhe o respectivo regime, ainda que angustiado nos atrasados termos do Cédigo Penal em vigor, mas com a orientagio de quem consideraa pena mais como meio de regenerarodelin- qiiente do que como um instrumento de castigo ou de exemplo; mais como desempenho do dever social, sob a forma de assisténcia judicidria, que se dispensa aos doentes da moral. Assim como se fazem hospitais para doentes eenfermos, hospicios para loucose paranGicos. perigosos, fagam-se instituigées para criminosos delingientes.” Washington Luis - 1920 Algumas anélises do Cédigo Penal de 1890 procuraram demonstrar a intima interligagao entre a formagio de um aparato juridico no Brasil e a constituigdo do mercado de trabalho livre. A citagio penal da vadiagem, no Cédigo referido, procurou recobrir um espago aberto a ociosidade decorrente da formago daquele mercado de trabalho (CARVALHO,1981:; 216). A manutengio das caugdes cominatérias de policiana legi cdo processual republicana, Policia, classe trabalhadora € delin- qiiéncia na Primeira Repiblica: um debate a ser refeito Luts Antonio Francisco de Souza 20 Plural; Sociologia, USP, 8. Paulo, 1: 17-35, I.sem. 1994 qiéncia na Primeira Repiblica: um debate a ser refeito Luis Antonio Francisco de Souza apesar de sua discuttvel legalidade, demonstra a necessidade de insergao produtiva do trabalhador. Toda uma ética do trabalho fundamentou as tentativas de insergdo dos trabalhadores nas fébricas, de sua introdugio em instituigdes de corregao, ou de gestio de seu cotidiano nas ruas, bairros e habitagdes. As instituigdes de reclusdo criadas ou reforma- das na Repiiblica tinham como um de seus pilares importantes 0 trabalho, como forma de pedagogia para uma vida futura, como ressarcimento dos danos cometidos, ou como instrumento de disci- plina. Eo que exemplificao comentario que Plinio Barreto fez sobre 0 projeto de Washington Lufs para o regulamento da penitenciéria do Estado de Sao Paulo. Ele acreditava que “o regimem do trabalho €0 tinico que pode extrair da pena o seu resultado supremo, o mais til e © mais belo dos resultados que ela visa: a regeneragio do criminoso” (BARRETO,1922: 12). E para que a pena tivesse seu fim atingido era preciso “nada de ociosidade dentro das prisdes e 0 minimo possivel de confinamento” (p.65). Entretanto o trabalho por si s6 nao bastava como medida de corregao, Era necessério proporcionar aos presos todo um regime de disciplina fisica, moral e religiosa, A implantacao do regimento interno da penitenciéria, que continha atividades fisicas, esportivas, as oficinas de marcenaria, lavanderia, cozinha, a alfabetizagio, salas de leitura e capela, demonstra a forga da crenga segundo a qual era possivel “extrair” do criminoso a regeneragao, Em certas cir- cunstncias, até mesmo o criminoso mais “feroz” e “recalcitrante” poderia ter seu quinhao de utilidade extraido. Tudo dependia da disciplina e da socializagio as quais ele estava submetido. Neste sentido, a prisio deveria recriar condigdes de vida para 0 preso que cele jamais haveria de encontrar para além das altas muralhas. © projeto sobre 0 trabalho provisério em estradas de rodagem, para aqueles presos condenados, também, demonstra 0 quanto o trabalho era um bem supremo na vida de qualquer um, Era ele a fonte de recursos para cobrir despesas com os condenados 20 ‘mesmo tempo em que disciplinava esses homens entortados pelo “vicio” e pela “ambigdo de riqueza fécil”. Nao € por menos que a Plural; Sociologia, USP, 8. Paulo, 1: 17-35, Lsem, 1994 2 elite orgulhara-se muito quando se espalhou a noticia de que os presos-trabalhadores em estradas de rodagem levantaram enxadas epicaretas contra os revoltosos em 1924. Esses homens docilizados demonstraram que a ordem piblica existia, sendo um bem a ser seguido por todos. A vadiagem, a gatunagem e outros tantos vicios, inclusiveaevolta, nao eram, deste modo, obras de homens corretos. O projeto para a implantagao do trabalho externo em estradas de rodagem foi defendido por Washington Luis, seu proponente, no Congreso Legislativo, em 1912, da seguinte forma: “ao mesmo tempo que exerceria a fungo social da regeneragao do homem ccriminoso pelo trabalho e outros elementos, ficaria 0 Estado de Sao Paulo dotado de estradas de rodagem que incontestavelmente viriam proporcionar o aumento da riqueza piblica.”” Sonho maximo da elite republicana. Esse sonho foi sinte- tizado de maneira absolutamente brilhante por Jilio Prestes, numa tribuna legislativa, em 1912; segundo ele, a disposigio do Estado era garantir a ordem, “abrindo estradas e fechando cadeias”. Entretanto, nem todos os chamados vadios acabavam sendo regenerados apés o cumprimento da pena de trabalho coato em instituigdes correcionais. Mesmo porque nao conseguiam apés sua soltura arranjar ocupagdo til, dada a conhecida fragilidade do mercado de trabalho. Eles acabavam compondo o universo de individuos recalcitrantes habituais ao processo de trabalho. Foi freqiiente, nos relat6rios apresentados pelos chefes de policia ou pelos secretérios da justica, o aparecimento da figura dos vagabun- dos incorrigfveis e criminosos profissionais. Estes quando no eram deportados, preenchiam todas as vagas flutuantes das cadeias. A presenca destes juntamente com as prostitutas, os mendigos e os ‘ociosos vilidos no espaco urbano que principiava a serhigienizado € embelezado provocou muitos dissabores A empetecada elite republicana e as autoridades piblicas, o que colocou mais acintosa- mente a preméncia do controle social diuturno através da organiza- ‘cdo policial em suas ramificagdes especiais para o policiamento Policia, classe trabalhadora e delin- ‘qléncia na Primeira Repiblica: um debate a ser refeto LLufs Antonio Francisco de Souza 2 Plural; Sociologia, USP, 8, Paulo, 1: 17-35, 1.sem, 1994 Policia, classe trabalhadora © delin- qiiéncia na Primeira Repiblica: um debate a ser refeito Luis Antonio Francisco de Souza urbano (NEDER & NARO, 1981; CARVALHO & CAVALCANTI, 1981 © CARVALHO, 1985). Poricta £ NAO-TRABALHO A continuidade das instituigdes de seqiiestro encontrava-se no maior controle policial nas ruas da capital. Esse controle se evidenciou nas intimeras reformas policiais executadas a partir da proclamagao da Reptiblica Por exemplo, a devassa social proporcionada pela agiio do sempre-presente Secretério de Justica, Washington Luis, em 1906, segundo a qual se pretendia “nao prender sem motivo, nao prender sem processar”, fez com que o nimero de prisdes diminuisse em relacio ao ano anterior (FAUSTO,1984). Ora, enquanto o ntimero de prises “legais” diminuiu, aumentou 0 vigor com que as auto- ridades interferiram no cotidiano, principalmente sobre os vadios, abrindo maior espago ao controle policial nas situagdes criminais no passtveis de cominagio penal. O artificio das deportagées era ‘mais ou menos corrente e pdde-se, em diferentes momentos, optar simplesmente pela expulsio dos componentes da populacao ambu- ante considerados perigosos, encaminhando-os as frentes de colo- nizagio no extremo oeste do Estado. A policia civil, com sua atividade cotidiana, explicita 0 panoptismo que Ihe é peculiar, ao procurar dar conta dos problemas de ordem econ6mica ou cultural como € 0 caso das ages preventi- vas sobre o que se rubricou como vadiagem. Washington Luts, no Relatério de Secretaria de Justiga e Seguranga Pablica de 1906, compreendia que, para além do controle administrativo, a pressao legal deveria servir a0 propésito do combate a ociosidade; em ‘iltimo caso, o ato de “afastar da sociedade” j4 consolava. “Sabem todos que a tranqllilidade, a comodidade e a seguranca paiblicas repousam principalmente na ago preventiva da autoridade, quer policiando as ruas para impedir os crimes, corrigi-los ou manté-los inofensivos. (...) Como no é possfvel (...), como querem inconten- Plural; Sociologia, USP, $. Paulo, 1: 17-35, 1sem. 1994 2 téveis, colocar um soldado emcadacasae uma praca ao lado de cada pessoa, tomei rumo mais eficaz.e mais proveitoso e determinei que fossem processados, para afastar da sociedade, todos aqueles quena socie-dade fossem elementos perturbadores ou pemniciosos (...) Abandonados os estéreis ¢ exaustivos métodos até entdo em uso, ¢ que consistiam em multar, prender vadios logo soltos, iniciei uma resoluta, rigorosa ¢ continua mas leal campanha contra a vadia- gem.” Note-se que ao processar os vadios, as autoridades deseja- vam fazé-los retomar ou iniciar uma vida de trabalho, apés terem passado uma temporada em coldnias distantes. O maior rigor com © qual se investiu contra a vadiagem revela dois lados da mesma moeda, pois para processar alguém, a policia deveria ter nas mos as provas, ou, entao, deveria forjé-las. Como isso podia ser trabalho- so ou contraproducente, as prisdes administrativas efetuadas como simples forma de pressio se fizeram a granel. ‘A campanha policial promovida contra a vadiagem, ocor- rida em 1906, encaminhava-se, portanto, na diregiio de separar trabalho do nao-trabalho e de controlar os desocupados nos limites da disciplina capitalista do trabalho (CRUZ,1984; CARVALHO,1983). Nao vejo outra forma de entender a verdadeira cagada - pontuada de cenas mirabolantes - promovida pela policia civil a0 famoso Meneghetti. Ele, sem dtivida, era muito menos pernicioso & socie- dade do que queriam os policiais. Mesmo os policiais viam nele um homem “bom” e habil em sua profissio, o que levanta a dtivida quanto ao aprendizado que outras pessoas poderiam querer fazer para serem como ele. O crime como profissiio ja era um problema, Os roubos promovidos por Meneghetti eram muitas vezes simb6li- cos, mesmo considerando real a soma de 1.500.contos de réis porele atingida numa série de furtos. O que se destacava em sua persona- lidade, embora preso diversas vezes e finalmente liberto apés 1968, era sua absoluta incorrigibilidade. No limite, foi preso porque aproximava perigosamente as figuras do bandido e do herdi em detrimento da vida laboriosa e ordeira, que os demais mortais, deveriam querer seguir (FONSECA, 1988 e SESSO JR,1987). Policia, classe trabalhadora e delin- qiiéncia na Primeira Repablica: um debate aser refeito us Antonio Francisco de Souza 4 Plural; Sociologia, USP, S. Paulo, 1: 17-35, sem. 1994 classe trabathadora e delin- nna Primeira Repéblica: wm debate a ser refeito Luis Antonio Francisco de Souza " Mareos Luiz Bretas (1985/1988), para a cidade do Rio de Janeiro, compreende a +elago entre poicia e populsg%o urbana {deforma contitva, pots 0 cotiiano era pontuado de brigas, desentendimentos € Violéncia, ao ponto de nfo se saber quem representava a lei © & ordem. O auior insistiu muitosobre esteponto,emiboraa policia, para ele, no tenka conseguido lesempenhar seu papel de eontengio da criminalidade, por contadasdeficiéneias instiucionais, no que diz respeito a0 preparo do poticiale os recursos finan ceirosetécnicos, No easo de S30 Paulo, Luiz Roberto Neto (1988/89) abriu a perspectiva dequeasestratégiaspoiciis ¢ insttucionsis de controle da popula- ‘lo assist2nciaaos pores edesvaldos, mesmo utlizando 6 paradigm de “ocu par a massa ociosa”, valorizando 0 trabalho, levaram aquelas faixas da populago a encruzilhada da exclusio social pura e simples Mesmo assim, as tentativas de regenerar 0 comportamento ou manter em niveis aceitiveis os ilegalismos dos vadios, cafter prostitutas, trabalhadores industriais, em servigos, etc. estiveram longede ser conclusivas. Isso porque oefeito das acdesinstitucionais manteve tais individuos como grupo de controle policial. Eles acabaram servindo como “secretas” e“alcaguetes” ou como “bodes expiat6rios” as crises econdmicas e institucionais pelas quais tantas veres passou a sociedade republicana.' ‘TRABALHADORES URBANOS: REPRESSAO E CONTROLE ‘Oquadro seguinte, demonstrativo da estrutura ocupacional da populagdo economicamente ativa da cidade de Sao Paulo, oferece indicagao de que houve uma diminuigéo gradual do peso dos trabalhadores em servigos enquanto a populagdo industrial aumentou significativamente. atividades 1894 1920 primérias 45 13 industriais 25,5 50,8 transporte © comércio 36,6 22,5 outros servigos (admin piblica e prof.liberais) 4,6 116 servigos domésticos 28,8 18 Fonte: Cruz,1984:05. crescimento proporcional dos operérios industriais na cidade 6 absolutamente evidente © 0 impacto provocado por sua sindicalizagdo crescente ndo foi desprezado pelas classes dirigentes, tampouco pelo aparetho policial. Mesmo assim, por suas caracterfs- ticas, os trabalhadores em servigos continuaram sendo o grupo principal do controle cotidiano, Isto foi devido ao fato de ocuparem Phural; Sociologia, USP, S, Paulo, 1; 17-35, sem, 1994 25 as dreas centrais da cidade e por constituirem um contingente marcado pela instabilidade empregaticia (SIMAO, 1981:7-38; FOOT & LEONARDI, 1982: 185). Levando-se em consideragio, além do mais, que, até 1898, 61% dos trabalhadores urbanos da capital eram constitufdos por ita- lianos, e que, em 1912, dos 10.184 operérios téxteis da capital, pelo menos 8.300 eram imigrantes, pode-se conceber 0 quanto certos ideais nacionalistas foram definidores do padrao de ago da policia no perfodo (MOREIRA, 1982: 98; FOOT & LEONARDI,1982: 184/185). Nesse contexto, a repressio policial, azeitada pelas depor- tages, continuava como principal instrumento dissuas6rio de greves e organizagGes sindicais (PINHEIRO & HALL.1985). As cenas de violéncia policial sao recorrentes: “O operariado paulista foi posto fora da lei e é impedido de se reunir e de concertar 0s meios ade- quados para obter a vit6ria de sua causa” (A Plebe, 16/04/1920). “As reunides foram dissolvidas a casco de cavalo”. “Os espanca- mentos foram freqiientes”. “As expulsdes realizaram-se a granel” (A Plebe,24/04/1920 apud Campos, 1988). Entretanto, sem diivida, paralelamente aessa repressioaberta contraa propaganda libertéria, houve muitas tentativas institucionais visando a formagao de um trabalhador moralizado (GOMES, 1988). Muito jé se disse sobre a importincia da conexio entre as associagées patronais e 0 aparelho repressivo para garantirem 0 controle do cotidiano do trabalhador tanto dentro quanto fora das fébricas. A vinculagio entre o Centro das Indistrias de Fiagio ‘Textil de Sao Paulo (CIFTSP) ea policia paulista, paraacriagao das famosas listas negras, revelou-se uma vigorosa estratégia de repres- so e controle do trabalhador. © Gabinete de Investigagdes da Policia Civil de Sao Paulo auxiliou 0 CIFTSP no registro dos operdrios demitidos, recalcitrantes a disciplina fabril e libertérios, de forma a montar um arquivo de prontudtios dos quais deveriam constar as correspondentes causas da demissio, além do histérico social e laborativo, Estes prontuérios eram intercambiados entre os associados ao CIFTSP. E apesar deste tipo de servigo ter sido pres- tado aos industriais de Sorocaba, em 1919, somente a partirde 1921 classe trabalhadora ¢ delin- qiéncia na Primeira Repiblica: um debate a ser refeito Lis Antonio Francisco de Souza 26 Plural; Sociologia, USP, S. Paulo, 1: 17-35, sem. 1994 classe trabalhadora © delin- na Primeira Repdblica: wm debate a ser refeito Ls Antonio Francisco de Souza Plural; Soviologia, USP, S. Paulo, foi incorporado a ele o cadastro geral da vida funcional de todos os trabalhadores, quaisquer que fossem eles, constando de fotos ¢ impressdes datiloscépicas. As estratégias de fichamento dos trabalhadores € a manutengio © permuta de prontuérios visaram introduzir, ao longo dos anos 20, sobretudo, uma l6gica diferen- ciada no que diz respeito & constituigio de uma sociedade do trabalho, Isto é, os trabalhadores urbanos passaram a ser vitimas constantes de vigorosas campanhas institucionais e morais (LEME,1978; GOMES,1988) A reagdo dos trabalhadores a tal prética foi sintetizada pelo jornal anarquista A Plebe, em 1919, da seguinte forma: “Até agora a policia identificava apenas os criminosos de crimes de certa gravidade, e os anarquistas que so a eles equiparados. Agora para a policia ser operdrio é ser suspeito, é ser quase criminoso.” (apud RIBEIRO, 1988: 08) Frente & reagdo das organizagdes operdrias, 0 CIFTSP resolveu tomar para si aempresa do controle administrativo de seus trabalhadores, tornando um pouco menos escrachada a violencia implicita neste tipo de pritica: “Compreendemos, até certo ponto, que a identificagao, feita pela polfcia, como em Sorocaba, poder apresentar carter de violéncia, nunca de humilhagao ou desdouro, pois que nio ¢ feita para aplicagaio de sangao penal; compreende- mos que forgar operdrios ase apresentarem numa repartigao policial sera medida passiva de criticas, mas no podemos admitir ahipstese de ficarem feridos melindres se a identificagao for feita diretamente pelo centro, sem interferéncia alguma da policia.” (apud FOOT & LEONARDI,1982; 210) Entretanto, a policia nao ficou passivamente fora do coti- diano fabril, pois sob 0 apandgio dos furtos e roubos ocorridos nas induistrias, ela poderia “expurgar 0 operariado de certos elementos indesejaveis, que no meio dele operam, por vezes, como fermento de indisciplina” (apud FOOT& LEONARDI,1982:211). Como, alids, ocorria desde 1917: “...comegaram a ser introduzidos elementos nas fabricas com o fim de vigiar e apontar os operdrios mais com- bativos. A isto se soma a intensa aco repressiva policial que em 17-35, sem, 1994 n Ca meados de setembro prende quase a totalidade dos membros da. FOSP - Federagio dos Operdrios de Sao Paulo - e estende sua ago até as casas dos operérios, arrombando e violando domicflios. © jomal A Plebe € invadido e empastelado, € ocupado o sali Germinal e todo 0 mobilidrio e redagdo do jornal Guerra Sociale apreendidos. Alguns militantes anarquistas s4o deportados e outros sofrem longos processos” (CAMPOS, 1988: 52-54). Sea disciplina do processo de trabalho, nesta sociedade, se estendeu para além das portas das fabricas, 0 contrério também é veridico; isto é, uma certa concepgao de ordenamento social pene- trou fundo fabrica adentro, Mas nao houve delimitagao; tanto dentro quanto fora do mbito da produgao a agao integrada do Estado e do patronato esteve presente (LEME,1978; DEAN, 1976: 176). CRIMINALIDADE E DELINQUENCIA Esta é a introduciio triunfal dos “famigerados” prontudrios no auxilio da agao policial, como forma de controle social individu- alizado, cristalizando a figura do delingiiente para além da do trabalhador; isto é, aquele que coleciona passagens policiais ou prisionais em sua biografia. “O servigo de identificagiio era de importancia indiscutfvel necessidade como elemento de investiga- go e, principalmente como base para a verificagdo dos anteceden- tes criminais de cada ume conseqiiente vigilancia quanto ao grau de temibilidade dos delingiientes em geral” (MARTINS,1920: 14). Para aquilatar a importincia deste mecanismo de controle, basta observar os seguintes dados. Em 1918, para efeito de investi- gagdo criminal, foram abertos 6.158 prontuérios, Foram registrados, em todo o Estado, um total de 1.775 gatunos, 100 caftens ¢ 402 anarquistas, sob os quais se exercia a vigilincia. Desde 1914, a policia se especializava na captura, a tal ponto que foram presos 1.203 criminosos, nesse ano; 1.634 em 1915; 1.336em 1916; 1.159 em 1917931 em 1918, A identificagao criminal, desde 1910, vinha registrando maior nimero de fichas daqueles individuos que j4 Policia, classe trabalhadora © delin- qiéncia na Primeira Repiblica: um debate a ser refeito Luls Antonio Francisco de Souza 28 Plural; Sociologia, USP, 8, Paulo, 1: 17-35, 1.sem. 1994 Policia, classe trabathadora ¢ delin- ‘léncia na Primeira Repdblica: um debate a ser refeto Luis Antonio Francisco de Souza possufam passagens policiais anteriores, em detrimento daqueles \dividuos considerados primérios (MARTINS,1920: passim). Por outro lado, as listas de criminosos foragidos, editadas pela Delegacia Especializada de Vigilancia e Capturas ainda con nham um niimero surpreendentemente alto de casos. Em 1926, ‘eram por volta de 3.000 criminosos com crimes pronunciado homiziados em lugar desconhecido, o que alternativamente demon tra a fragilidade dos controles. Deste total, 79% correspondiam a proniincias feitas entre os anos 1917 ¢ 1926, Tendencialmente, houve maior ntimero de casos cuja prontincia foi feita por jutzes da Capital, exatamente onde, nao por acaso, havia maior organizagao dos mecanismos de policia. Entre 1910 ¢ 1926, os crimes pronunciados mais recorrentes foram: agressio fisica com dor, conforme artigo 303 do Cédigo Penal; agressdo com conseqtiéncias fisicas danosas, artigo 304; homicfdio com agravag3o ou sem agravagio, artigo 294 pardgrafos 1. e 2.; furto, artigo 330 ¢ roubo, artigo 356, respectivamente (RELATORIO,1926). Pode-se depreender, disso, que os crimes de sangue entraram mais freqiientemente na pauta da justiga penal. Boris Fausto jé fez notar justamente que, em termos da abertura de inquéritos policiais, no perfodo compreendido entre 1893 ¢ 1923 predominaram os casos dos chamados crimes de sangue, No caso das prisdes efetuadas no perfodo de 1892 a 1916, a situagdo se inverte e os crimes contra a propriedade sao proporcionalmente mais numerosos (FAUSTO,1984: 45.47 e 50). Ou seja, mesmo considerando as séries com perfodos diferentes, clas demonstram bem que a ago cotidiana da policia se fazia mais intensa nos crimes que incidiam sobre os bens patrimoniais. Quanto 3s contravengdes, 0 maior mimero de prises concentrou-se em torno de trés delas: embriaguez, desordens vadiagem. Plural; Sociologia, USP, S. Paulo, 1: 17-35, Lem. 1994 2» Proporsio de prisdes segundo as principais ales lina tecponetenss< tile contravengdes em dois periodos Cecnee ‘Lis Amtonio Francisco de Souza 1892-1896 1912-1916 embriaguez 3.734 (25,5%) 14.081 (40,7%) desordens 8.163 (55,8%) 11.274 (32,6%) vadiagem 2.729 (18,7%) 9.239 (26,7%) total 14.626 34.594 Fonte: Fausto,1984:37. No quadro anterior, pode-se pereeber que a repressio & embriaguez ¢ a vadiagem cresceu em relagdo as demais contraven- ‘ges de um periodo para o outro, O controle social especifico sobre parcela da populago que se fez recalcitrante 4 ordem social do trabalho parece se evidenciar. Isto pode ficar mais explicito na proporgao estabelecida entre as prises por crimes e as prisdes por contravengées, como demonstra a tabela abaixo: Proporgiio de prisdes por crimes e contravengées em dois periodos 1892-1896 1912-1916 crimes 5.324 (24,5%) 7.459 (14,4%) contravengées 16.297 (77,5%) 44.492 (85,6%) total 21.721 51.951 Fonte: Fausto, 1984:34. Observe-se que, no segundo periodo, o niimero de prisées por contravengdes cresceu significativamente em relagdo a0 nimero de prisdes por crimes. Na compilagéio que fez. das profissées dos indi- ciados segundo as principais infragdes penais (homicidios/furtos/ 30 Plural, Sociologia, USP, S. Paulo, 1: 17-35, L.sem. 1994 Policia, classe trabalhadora ¢ delin- qdéncla na Primeira Repablic debate a ser refeito Luis Antonio Francisco de Souza Revista de Sociologia da USP ‘outs merampubenestonscin Piecoipcuerucvorieterusn ates roubos/sexuais), Boris Faustonotou que os opeririosindustriais, de 1880 a 1924, estavam entre os quatro ou cinco maiores grupos profissionais indiciados por crimes. Os grupos profissionais com maiorincidéncia criminal néo eram, portanto, os rabalhadores fabris mas sim, respectivamente, jomnaleiros urbanos, empregados em servigos, comerciantes ¢ comercidrios (FAUSTO,1984: 89). Diante desse quadro, independentementedoramode origem, otrabalhador que se colocasse fora do mercado ou que percorresse uma trajetoria de vida cuja conduta nio fosse aceita, tinha grande chance de cair nas malhas da lei ou da policia e, portanto, de se transformar em delingiiente. ConcLusors Reafirmando aquilo que j4 disse, a represso da classe trabalhadora, embora bem marcada pela historiografia, nao consti- tuiu o tinico papel das instituigdes policiais. A ambigua parcela da populagao denominada “Zé Povinho”, na qual trabalhadores endo trabalhadores se enquadram, constituiu o néicleo central de um conjunto significativo de intervengdes “normalizadoras” do Estado (DECCA,1987: 49; CRUZ,1984; 77). Mesmo porque, nesse periodo, a urbanizagio foi experimentada de forma traumitica: “nas cidades, operarios imigrantes, desempregados, ex-camponeses, artesios, doentes, andarilhos, prostitutas, setores pauperizados da baixa clas- se média, etc., formavam um grande exército de ‘deserdados da fortuna’ que chegava a constituir cerca de 70% da populagao urbana” (FOOT & LEONARDI,1982: 192). No que diz respeito & ordem publica urbana, nfo houve necessidade de muitas peripécias legais. A policia sustentavaarede de punigao, seqiiestro e assisténcia e, quando necessétio, reprimia com violénciaomovimento libertario. A policiacivil, em sua patente Jateralidade emr=!aga04 lei, procurou manteracrenganaordemdo trabalho, diante da desordem do nio-trabalho. Plural; Sociologia, USP, S. Paulo, 1: 17-35, Lsem. 1994 3 s direitos sociais no eram admitidos e a insergZo dos trabalhadores na sociedade continuavaa ser problemética, Ao invés de abrir espagos para a integragdo social, valorizando a cidadania, a sociedade republicana ampliou 0 quadro das instituigées regula- doras. Pode-se perceber com clareza que houve a opgio pela formagao de uma ordem piiblica, na medida em que se investiu na organizagao de uma policia civil “eficiente”, em detrimento da constituigdo de uma esfera ptblica, baseada na participagio poli- tica. Assim como hoje, aos trabalhadores, reservaram-se condiges abjetas de trabalho com remuneracao simbdlica, €& policiareservou- se 0 papel de conté-los, a0 mostrar o que Ihes poderia suceder caso adentrassem o universo da desordem. Portanto, manter, nos limites da ética e da disciplina do trabalho, os homens recalcitrantes a0 trabalho eA ordem social republicana, dependia do crivo da institui- do policial, numa especiosa forma de integrar, excluindo e reprimindoms SOUZA, AntOnio Franciscode. Police, working class and delinquencein brasilian “Primeira Repiiblica” period: a devate to be done over again. Plural; Sociologia, USP, S. Paulo, 1: 17-35, 1.sem, 1994, Abstract: In its limits, the article aims to discuss some questions on institucional action, in general, and on the policial one, in particular, related to the re-insertion cof workers in the labour sphere, Seletively acting, $io Paulo police used violence to inhibit the working class movement, while trying to retain the population under administrative vigilance. In this practice, we can select the gradual and often of these individuals who, in their biographies, show Uniterms: police - violence - control institutions - Primeira Repiblica - labour - ‘working class ~ delinquency - crime, Plural; Sociologia, US! Policia, classe trabalhadora e deli qiéncia na Primeira Repiblica: um debate a ser refeito LLufs Antonio Francisco de Souza S. Paulo, 1: 17-35, sem, 1994 Policia, classe trabalhadora e delin- qidéncia na Primeira Repdblica: um debate a ser refeito Luts Antonio Francisco de Souza BrBLIOGRAFIA BARRETO, Plinio. Questdes Criminais. So Paulo, Segio de Obras do Estado de Sao Paulo, 1922. BRETAS, Marco Luiz. Policiar a cidade republicana . Revista OAB-RJ. Rio de Janeiro, Bago especial. n.22, julho, 1985. —— A guerra das ruas: povo e policia na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Iuper). Diss, mestrado, 1988. CAMPOS, Cristina Hebling, 0 sonhar libertdrio. Campinas. Pontes/Unicamp, 1988, CARDOSO, Vicente Licinio (org). 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