Professional Documents
Culture Documents
com
1 Para chegar a Cachoeira do Arari, o barco tem hora e a estrada é de terra, entre búfalos. No fim do caminho,
um museu único mostra a vida nesta parte da Amazónia.
Esta estrada tem histórias como a daquela jiboia que ficou engatada no fundo do carro. Levou horas a tirar.
"Fui soltá-la no mato", conta Silviano, como se falasse de uma borboleta. Estamos no ponto onde o rio Amazonas
5 encontra o oceano Atlântico. O grande embate das águas refaz continuamente um arquipélago. A ilha maior -
maior ilha fluvio-marítima do mundo, aliás - é o Marajó. E no interior do Marajó, muitas estradas são assim: terra
vermelha, alagada na estação das chuvas. Agora é a estação da lama, o que significa que os carros passam, mas
ainda há charcos, e de cada lado campos alagados, com búfalos em imersão.
É uma lenda secular: um navio que transportava búfalos terá naufragado ao largo do Marajó, os bichos
10 nadaram até à costa, e hoje esta ilha é conhecida pelas suas fazendas de búfalos. Dão emprego e recebem turistas.
Silviano vive de transportar gente de um lado para o outro, por exemplo quem chega de Belém do Pará no barco
da manhã ou da tarde.
Abutres, algum vento, mas céu azul. As palmeiras aqui têm o nome da espécie: buriti, tucumã. As igrejas
evangélicas multiplicam-se, pequenos barracos de cimento. Depois a estrada acaba no rio. Quem vai a pé pode
15 passar de canoa, mas motos, carros, camiões, autocarros escolares têm de esperar a hora da balsa, que anda para cá
e para lá até que à noite não se passa e a cidadezinha para onde vamos, Cachoeira do Arari, fica isolada. Isto ainda
é a Amazónia, lugares que continuam a ser o fim do mundo por causa de uns metros de água sem ponte.
A balsa roda lenta, o carro entra. A balsa roda no sentido oposto. Rapazes de pele escura deslizam em cima
de canoas, com T-shirts de futebol. Caboclos, mistura de índio com branco, cafuzos, mistura de índio com negro.
20 Os carros que chegarem entretanto vão ter de esperar uma hora e meia pela próxima balsa.
Do outro lado já é o município de Cachoeira do Arari. Um porco atravessa a estrada. Casinhas de tijolo,
planícies com cavalos, mais búfalos. E no meio das manchas negras dos búfalos, garças brancas.[…]
“Um museu no fim do mundo”, Alexandra Lucas Coelho, 22 de julho de 2012, in Público (https://www.publico.pt/2012/07/22/jornal/um-
museu-no-fim-do-mundo-24922050, cons. 24/01/2021)
25
1
http://textosintegrais.blogspot.com
d) substantiva completiva.
6. Identifica o referente do pronome pessoal presente no enunciado “Fui soltá-la no mato” (l. 4).
a) “Cachoeira do Arari” (l. 1).
b) “estrada” (l. 2).
c) “histórias” (l. 3).
d) “jiboia” (l. 3).
7. Identifica o ato ilocutório presente no enunciado “Fui soltá-la no mato” (l. 4).
a) Declarativo.
b) Diretivo.
c) Assertivo.
d) Compromissivo.
10. Como classificas a oração “como se falasse de uma borboleta” (l. 4)?
a) Oração subordinada adverbial comparativa.
b) Oração subordinada adjetiva relativa explicativa.
c) Oração subordinada substantiva relativa.
d) Oração subordinada adverbial causal.
11. Qual é a função sintática desempenhada pela expressão “de uma borboleta” (l. 4)?
a) Complemento direto.
b) Complemento indireto.
c) Complemento agente da passiva.
d) Complemento oblíquo.
12. A ordem por que surgem as palavras na frase “Estamos no ponto onde o rio Amazonas encontra o oceano
Atlântico.” (l. 5) assegura a coesão
a) lexical.
b) frásica.
c) interfrásica.
d) referencial.
13. Classifica a oração sublinhada em “Estamos no ponto onde o rio Amazonas encontra o oceano Atlântico.”, l.
5).
a) Oração subordinada adjetiva relativa restritiva.
2
http://textosintegrais.blogspot.com
b) Oração subordinada adjetiva relativa explicativa.
c) Oração subordinada substantiva relativa.
d) Oração subordinada substantiva completiva.
15. Atenta no enunciado “E no interior do Marajó, muitas estradas são assim: terra vermelha, alagada na
estação das chuvas.” (ll. 7-8) e assinala a única opção incorreta:
a) A frase é introduzida pelo modificador “E no interior do Marajó”.
b) A palavra “assim” assegura a coesão referencial pois trata-se de uma catáfora.
c) A palavra “vermelha” desempenha a função sintática de modificador do nome.
d) O constituinte “das chuvas” desempenha a função sintática de modificador do nome.
17. Como classificas a oração “que os carros passam” (l. 8) e que função sintática desempenha?
a) Trata-se de uma oração subordinada adjetiva relativa restritiva que desempenha a função sintática de
modificador do nome.
b) Trata-se de uma oração subordinada substantiva completiva que desempenha a função sintática de
complemento direto.
c) Trata-se de uma oração subordinada substantiva completiva que desempenha a função sintática de sujeito.
d) É uma oração subordinada adverbial causal que desempenha a função sintática de modificador.
19. O enunciado “É uma lenda secular” (l. 10), veicula o valor aspetual
a) perfetivo.
b) imperfetivo.
c) habitual.
d) genérico.
20. Identifica os processos fonológicos que permitiram a evolução da palavra legenda, do latim, até atingir a sua
forma atual, “lenda” (l.10).
a) Prótese e metátese.
b) Epêntese e palatalização.
c) Dissimilação e apócope.
d) Síncope e crase.
21. Retira, do enunciado “um navio que transportava búfalos terá naufragado ao largo do Marajó, os bichos
nadaram até à costa, e hoje esta ilha é conhecida pelas suas fazendas de búfalos. ” (ll. 10-12) a oração
subordinada adjetiva relativa restritiva.
a) “um navio que transportava búfalos”.
b) “que transportava búfalos”.
c) “que transportava búfalos terá naufragado ao largo do Marajó”.
3
http://textosintegrais.blogspot.com
d) “hoje esta ilha é conhecida pelas suas fazendas de búfalos”.
24. Como classificas a oração “os bichos nadaram até à costa” (l. 11)?
a) Oração coordenada assindética.
b) Oração coordenada copulativa.
c) Oração subordinada adverbial consecutiva.
d) Oração subordinante.
25. Com as palavras “búfalos” (l. 10) e “bichos” (l. 11) estamos diante do processo de coesão
a) lexical.
b) gramatical.
c) frásica.
d) interfrásica.
26. Entre as palavras “búfalos” (l. 10) e “bichos” (l. 11) existe uma relação de
a) sinonímia.
b) antonímia.
c) hiperonímia e hiponímia.
d) holonímia e meronímia.
27. Qual é a função sintática desempenhada por “pelas suas fazendas de búfalos” (ll. 11-12)?
a) Modificador.
b) Complemento oblíquo.
c) Complemento do nome.
d) Complemento agente da passiva.
28. Atenta no constituinte “Silviano vive de transportar gente de um lado para o outro (ll. 12-13) e assinala a
alínea falsa:
a) A forma verbal “vive” seleciona um complemento oblíquo.
b) A palavra “gente” é um nome comum coletivo.
c) A palavra “para” é uma preposição.
d) A palavra “outro” é um determinante indefinido.
29. A oração “quem chega de Belém do Pará no barco da manhã ou da tarde” (l. 13) é
a) subordinante.
b) coordenada.
c) substantiva .
d) adjetiva.
31. Refere qual a classe e subclasse da forma verbal “chega” (l. 13).
a) Verbo principal transitivo indireto.
b) Verbo principal intransitivo.
c) Verbo auxiliar.
d) Verbo copulativo.
32. A palavra “abutre” (l. 14) pode significar, além de “espécie de ave de rapina diurna”, “pessoa cruel” ou
“usurário, agiota”. Desta feita, estamos diante da noção de
a) família de palavras.
b) campo lexical.
c) campo semântico.
d) campo gramatical.
33. No constituinte “As palmeiras aqui têm o nome da espécie “ (l. 14) a palavra sublinhada constitui um exemplo
de deixis
a) pessoal.
b) temporal.
c) temporo-espacial.
d) espacial.
34. Atenta no enunciado “As igrejas evangélicas multiplicam-se, pequenos barracos de cimento. Depois a
estrada acaba no rio.” (ll. 15-16) e assinala a alínea incorreta:
a) O sujeito da frase é simples.
b) A concordância entre o nome “igrejas” e o adjetivo “evangélicas” assegura a coesão interfrásica.
c) O verbo “multiplicar-se” pertence à subclasse dos verbos principais transitivos diretos.
d) A palavra “rio” e a forma verbal “rio” são palavras homónimas.
35. A oração “Quem vai a pé” (l. 16) desempenha a função sintática de
a) modificador.
b) sujeito.
c) complemento direto.
d) complemento oblíquo.
36. O complexo verbal “pode passar” (l. 16) é composto por um verbo principal, conjugado no infinitivo,
antecedido por um verbo auxiliar
a) modal.
b) dos tempos compostos.
c) da passiva.
d) aspetual.
38. Com as palavras “canoa, […] motos, carros, camiões, autocarros” (l. 16) estamos diante de que recurso
expressivo?
a) Hipérbole.
b) Sinestesia.
c) Paralelismo.
d) Enumeração.
5
http://textosintegrais.blogspot.com
As palavras “canoa, […] motos, carros, camiões, autocarros” (l. 16) são ________________ da expressão
“meios de transporte”.
a) hiperónimos.
b) hipónimos.
c) merónimos.
d) holónimos.
43. A oração “até que à noite não se passa” (l. 17) classifica-se como
a) oração subordinante.
b) oração coordenada copulativa.
c) oração subordinada adverbial temporal.
d) oração subordinada adjetiva relativa restritiva.
47. As expressões sublinhadas em “Rapazes de pele escura deslizam em cima de canoas, com T-shirts de futebol.
Caboclos, mistura de índio com branco, cafuzos, mistura de índio com negro.” (ll. 20-22) asseguram a coesão
a) gramatical.
b) frásica.
c) interfrásica.
d) lexical.
6
http://textosintegrais.blogspot.com
48. A forma verbal “chegarem” (l. 22) encontra-se conjugada no
a) presente do conjuntivo.
b) pretérito imperfeito do conjuntivo.
c) futuro do conjuntivo.
d) infinitivo pessoal.
49. Que processo fonológico podemos constatar na formação da palavra “Casinhas” (l. 25)?
a) Prótese.
b) Redução vocálica.
c) Vocalização.
d) Crase.
50. Na última frase do texto, “E no meio das manchas negras dos búfalos, garças brancas.” (ll. 25-26) estamos
perante uma
a) antítese.
b) metáfora.
c) apóstrofe.
d) comparação.
BOM TRABALHO!
CORREÇÃO
1-c 2-d 3-b 4-a 5-d 6-d 7-c 8-a 9-b 10-a
11-d 12-b 13-a 14-b 15-d 16-c 17-b 18-a 19-d 20-d
21-b 22-c 23-b 24-a 25-a 26-c 27-d 28-d 29-c 30-b
31-a 32-c 33-d 34-c 35-b 36-a 37-c 38-d 39-b 40-d
41-a 42-b 43-c 44-b 45-a 46-d 47-d 48-c 49-b 50-a