Professional Documents
Culture Documents
# Assistente Graduado
Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente da Urgência
Hospital de S. João
## Enfermeira Chefe
Enfermeira da Comissão de Controlo de Infecção
Hospital de S. João
Introdução
Não é possivel referirmo-nos às técnicas de colheitas para exames
microbiológicos em cuidados intensivos sem as enquadramos no contexto da
avaliação etiológica da febre em doentes internados em cuidados intensivos. De facto,
ocorre febre em 29 a 36% dos doentes hospitalizados (1, 2, 3) e ainda mais
frequentemente no ambiente de cuidados intensivos. Acresce que todos nós usamos
muito do tempo das nossas visitas clínicas discutindo e argumentando acerca da
avaliação do doente com febre, definindo o algoritmo de diagnóstico para identificar a
causa da febre, tanto em termos de localização como de etiologia microbiológica, e,
finalmente, decidir a melhor estratégia terapêutica.
A primeira dificuldade coloca-se, desde logo, na definição de “febre”. Esta
definição é evidentemente, senão arbitrária, pelo menos empírica. Na esmagadora
maioria das unidades anglo-saxónicas utiliza-se o valor 101ºF (38,3ºC) como valor-
limite, mas faz todo o sentido que entre nós, utilizadores da escala de Celsius, seja o
valor 38ºC o escolhido, considerando febril todo o doente com temperatura superior a
este valor, como aliás também é proposto por alguns autores anglo-saxónicos (1, 4). A
forma mais correcta de avaliar a temperatura é através de um termistor intravascular
ou vesical, mas é aceitável a utilização de sensores electrónicos na boca, canal
auditivo externo ou recto. A avaliação axilar não deve ser utilizada.
Pode existir infecção em doentes apiréticos, mas o aparecimento “de novo” de
temperatura superior a 38ºC é razão para fazer arrancar uma série de atitudes e
procedimentes destinados a diagnosticar, suspeitar ou excluir infecção. Numa época
em que a utilização de recursos merece atenção e escrutínio cuidadosos, todos os
casos de febre em cuidados intensivos devem ser avaliados de forma sensata,
ponderando a relação “custo-eficácia”. Esta investigação deve iniciar-se e deve radicar
numa avaliação clínica minuciosa, nomeadamente através de história clínica e exame
físico irrepreensíveis, que tantas vezes são esquecidos ou aligeirados nos ambientes
sofisticados e tecnológicos das nossas unidades, com prejuízos incalculáveis para o
hospital e, sobretudo, para o doente. Desde logo há que decidir se a etiologia da febre
é infecciosa ou não infecciosa, uma vez que são múltiplas as causas de febre não-
infecciosa em cuidados intensivos (quadro 1).
Bibliografia
(1) Arbo MJ, Fine MJ, Hamsa BH et al: Fever of nosocomial origin: etiology, risk
factors, and outcomes. Am J Med 1993; 95: 5
(2) Filice G, Wiler M, Hughes R et al: Nosocomial febrile illness in patients on an
internal medicine service. Arch Int Med 1989; 149: 319-324.
(3) Mcgowan J, Rose R, Jacobs N et al: Fever in hospitalized patients. Am J Med
1987; 82: 580-6.
(4) Bone RC, Balk RA, Cerra RP et al: Definitions for sepsis and organ failure and
guidelines for the use of of innovative therapies for sepsis. Chest 1992; 101: 1644-
1655.
(5) Beringer PM, Middleton RK: Anaphylaxis and drug allergies. In: Applied
therapeutics: the clinical use of drugs. Young LY, Koda-Kimble MA (eds).
Vancouver, Applied Therapeitcs, 1996; pp 8-10.
(6) Mackowiak PA, Lemaistre CF: Drug fever: a critical appraisal of conventional
concepts. Ann Int Med 1987; 106: 728-33.
(7) Cunha BA: Drug fever: the importance of recognition. Postgrad Med 1986; 80: 123-
129.
(8) Mackowiak PA: Drug fever. In: Fever – basic mechanisms and management.
Mackowiak PA (Ed). New York, Raven Press; 1991, pp255-265.
(9) Meduri GU, Mauldin GL, Wunderkind RG, et al: Causes of fever and pulmonary
densities in patients with clinical manifestations of ventilator-associated pneumonia.
Chest 1994; 106: 221-235.
(10) Shellito J: Cooking in the intensive care unit: evaluation of the febrile patient. Crit
Care Med 1998; 2: 216-217.
(11) Murray PR et al: Manual of Clinical Microbiology. 6th ed ASM Press; 1995.
(12) Enfermagem Básica: Teoria e Prática. Direcção do projecto clínico Patricia
Dwyer Schull; São Paulo; Editora Rideel Lda; 1996.
(13) Whaley e Wong: Enfermagem Pediátrica: elementos essenciais à intervenção
efectiva, 2ª ed., Rio de janeiro, Editora Guanabara, 1989.
(14) Tucker SM et al. Patient Care standards. 2th ed. The C.V. Mosby Company,
1980.
(15) O’Grady NP, Barie PS, Bartlett J, Bleck et al. Practice parameters for evaluating
new fever in critically ill adult patients. Crit care Med 1998; 26: 392-408.
(16) Leisure MK, Moore DM, Schwartzman JD et al: Changing the needle when
innoculating blood cultures: a no benefit and high risk procedure. JAMA 1990; 26:
2111-2112.
(17) Ilstrup DM, Washington JA: The importance of volume of blood culture in the
detection of bacteremia and fungemia. Diagn Microbiol Infect Dis 1983; 1: 107-110.
(18) Mermel LA, Maki DG. Detection of bacteremia in adults: consequences of
culturing an inadequate volume of blood. Ann Int Med 1993; 1199: 270-272.
(19) Washington JA, Ilstrup DM: Blood cultures: issues and controversies. Rev Infect
Dis 1986; 8: 792-802.
(20) Wormser GP, Onorato IM, Preminger TJ et al: Sensitivity and specificity of blood
cultures obtained through intravascular catheters. Crit Care Med 1990; 18: 152-
156.
(21) Fagon JY, Chastre J, Hance AJ et al: Detection of nosocomial lung infection in
ventilated patients. Use of a protected specimen brush and quantitative techniques
in 147 patients. Am rev Respir Dis 1988; 138: 110-116.
(22) Niederman MS, Torres a, Summer W: Invasive diagnostic testing is not needed
routinely to manage suspected ventilator-associated pneumonia. Am J Respir Crit
Care Med 1994; 150: 565-569.
(23) Hayward RA, Shapiro MF, Oye RK: Laboratory testing on cerebrospinal fluid: a
reappraisal. Lancet 1987; i: 1-4.
(24) Gower DJ, Baker AL, Bell WD et al: Contraindications to lumbar puncture as
defined by computed cranial tomography. J Neurol Neurosurg Psychiatry 1987; 50:
1071-1074.
(25) Spanos A, Harrel FE Jr, Durack DT: Differential diagnosis of acute meningitis:
an analysis of the predictive value of initial observations. JAMA 1989; 262: 2700-
2707.