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JUNGUIANA avs LATDO AREA DA SOCEDATE BRASUEZA De Prot NLT, wae hoe Dene CimenesRaes Lean Cio Be ‘tao ivan Wat Const Eden ‘Abe Fens Pac AmMariseabeol VS ‘augoro A. Cae ChlorRatene Manis tacs an Geldcnala Kanan siPule Com Aran ale de Sows Vins Conte Eternia ‘Rel Caper SoidndVeesene de ‘Alas Jangianae BeratdoNume Ania de Forel elaveucines Pops foatce Jequlne enon Arcs Mavens { Analinejagsnoe Lae Saar~ Ani Vennlan de Plog Alen Maras Arica ~Gripo de Badion CG Jungde Cie Maro Sr~ Seda Urapueyade Prenoga Arai Paci Mn = Auctie Meica demain Jungaanoe Pare Sgu Fee Scedad xpi dePolo Ane Vinnie Serato Pe Fandisa CG, gd Bowndor| Propagiereedetans Parl AmenoreeSergor Bais Pro gra lr menos Sergr Boras cop ‘onels Pale i hPa Baeble bi? 695,102 Agraecrot cat de imagen de ‘Swell per puede Rens Bot dt (Galera ShoPel, ‘Si aa, 2002 or de dis vera ra, dibuigio gatin pem, Cumpemtren cons Peace teeta nn sorte cect sais Saqeconmecnieg ‘loos vem | sotaio Ak un Mai Cain 150 a odorgao0. 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Passado mais de um século a ques:io continua atualissima e de extrema importincia. Este ntimero da Junguiana trax importantes contribuig6es sobre 0 tema. C. G. Jung, a partir do estudo de associagéo de palavras, em 1902, procurava compreen- der o substrato fisiolégico dos complexos e dos afetos. Sua visio teédrica englobava o simbolismo € as raizes culturais da vivencia corporal e ps{quica, insepardveis num organismo vivo. Desde suas manifestagSes culturais, expressas na arte € nas tradigdes filos6ficas e religiosas da humani- dade, até sua percep¢io na intimidade, 0 corpo evidencia sua concretude e seu mistério, Os autores dos artigos souberam ressaltar as miiltiplas facetas da unido corpo-espitito. Abordam-se, assim, as fungSes estruturantes dos sentidos no processo de diferenciacio do ser humano em sua trajetéria evolutiva visando a conscincia individual ¢ coletiva, bem como sio clucidados 0s fundamentos arquetipicos que permitem uma compreensio simbélica ¢ entiquecedora. Outro aspecto aqui mostrado € 0 limite entre criatividade © desejo de auto-superagio e a aceitaglo da falibilidade, com o necessério equilibrio entre herofsmo © humildade. Aprendemos também que 0 corpo delineia um espago, uma moradia, e como 0 espaco externo ocupado interage com a psique. A psicossomética, dentro da perspectiva junguiana, seus conceitos e visio simbélice so decalhados em consistentes reflexdes sobre os distintos papéis e suas correspondents posturas ¢ dinimicas arquetipicas, a pele e suas marcas durante a vida, 08 diversos sentidos, a dissociagio intelecto-afeto, as dores e a expressividade corporal. Demonstrando a pritica analitica, os autores apontam os modelos inconscientemente in- corporados na terapia de casais, os complexos ¢ a limitagio fisica elaborados no processo de individaagio e conscientizacio, a significincia simbdlica do corpo, a diferenciacio entre sintoma € simbolo. Finalmente, destaca-se a permanente atengfo & atitude ética durante © atendimento, condicéo bésica de todo trabalho e contato com um outro. Dois artistas brasileiros ilustram este nsimero, convidando a imaginagéo a adencrar, em recolhimento ou expansfo, na estética ¢ na indagacio sobre 0 corpo, material ¢ espiritual. Sao Paulo, setembro de 2002 17 29 35 43 51 57 Junguiene ‘Armigos tewAnicos ‘THEMATIC ARTICLES Os sontidos como fungdes esiruturantes 4a consciéneia: uma contTbulgdo da Poicologia Simbélica ‘The senses. structuring functions ot consciousness: contribution of symbolic psychology Carls Amaden Boel Byingeom Una aproximacién al everpo simbtico ‘An approach tothe symbolic body Viadimir Serrano Pérez Simbolo e psicossomatica: © corpo simbstico ‘Symbol and psychosomaties: the symbolic body Nairo de Souza Varga ‘inner space and outer space: 2 discussion of man’s living spaces Espagointemo e espago externo: uma iscussio sobre o homem e seu ambiente Ruch Amman © corpo como expressdo de arquétipos Te body as an expression o archetypes Maafiza Ramelho Reis El cuerpo y ol Invatido “The body and the invalid Axel Capris M, Psiquiatria © dermatologia: © estabeleclmenta de wma comunicagio bidirectional Psychiatry and dermatolo bidirectional communteation Traci Galids stablishing 63 67 77 87 95 103 109 2 16 Alenia do Cavalelro Verde © 2 dissociagao corpo-cabeca ‘The tale ofthe Green Knight and the body-head dissociation Maria Zélia de Aluarenga Estuoos cxitucos ‘Cuntcat. sTuoies Do sintoma a0 simboto: um easo de bulimia From symptom to symbot: a bulimia case Liliana Liviano Wabba A deficiéncia de Eros ‘The Eros deficiency Marcos Fleury de Oliveira ‘Abordagem simblica do contlito ‘conjugal: o corpo em cena ‘The symbolic approach of the couple conflict: the body in evidence Vanda Lucia Di lorio Benedito entardecer de um fauno ‘The evening ofafaun Dartiu Xavier da Silveira Conrenéucia ‘Conrenence tica @ processo analitico Ethos andthe analytic process Ana Lia Aufvane RESENHAS / BOOK REVIEWS CALENDARIO DE EVENTOS ‘SCHEDULE OF EVENTS NoTicins / NEWS Jangsians My ps OS SENTIDOS COMO FUNGOES ESTRUTURANTES DA CONSCIENCIA Uma contribui¢ao da Psicologia Simbélica Carlos Amadeu Botelho Byingion* Introdugio (Os conezitos de simbo- lo, de fungéo € de sistema estruturante so 0s funda~ mentos da Psicol bolica. Englobam o subje- tivo € 0 objetivo de todas as coisas e vivencias huma- nas. A partir do processo de claboragao simbélica, coor- denada por arquétipos, estrucuram a consciéncia individual ¢ coletiva, ¢ sta Pelo fato de os érgios dos sentidos se expressa- rem de uma forma muito instintiva e primétia, sua sombra tende a ser com- posta de um apego sensual profundo, de dificil aces- 50 € elaboragio pela cons- ciéncia. Nesses casos, 0 arquétipo matriareal, que labora os s{mbolos den- to da sensualidade, € fe- rido pelo exagero fomen- disfungdo forma a sombra. ego € 0 nio-ego, aqui denominado o outro, slo conceitualmente insepariveis na consciéncia, ue € formada e transformada pelos signficados ou metéforas oriundos dos sfmbolos durante 0 processo de elaboracio simbélica. Nessa con- ceituagao, tudo na vida € sfmbolo e fungdo estru- turante (BYINGTON, 1996). “Médico, Priquics « anal. Membr fundador da SBPA dueador¢ Micoriader.cbyington@uacom.be tado ¢ manipulado pela falta de limite na elaboragio, 0 que gers o vernt- ‘vel, hoje tio freqiiente, quadro das adigées. Este panorama psicopatolégico & muito diferente da psicodinamica da histeria, pois ela expressa qua~ dros dissociativos oriundos de fixagées de domi- ‘nfncia matriarcal geralmente acompanhadas de uma intensa psicodinamica patriarcal repressiva. As adig6es, ao contrétio, multiplicam-se de for- ma crescente na modemnidade, devido & psico- ppatologia da sociedade de consumo, que se carac 7 érgdos dos sentides, simbolos fungies estruturantes. davisao, fa audigao, flo olfato edo paladar, hardware software, teoria arquetipica da histéria, Janguians teriza por um dinamismo pattiarcal defensivo psicopético, 4vido de expansio ¢ de lueros ¢ que prostituic estimula a voracidade matriarcal atra- ‘vés da magia da propaganda, em grande parte iluséria e manipuledora. A histeria viceja na re- presséo ¢ as adigées na psicopatia cultural, daf a importincia de conhecermos o simbolismo dos <érgios dos sentidos no Self individual e cultural. Os érgios dos sentidos como fangbes estruturantes ‘Cada drgio dos sentidos opera de intimeras maneiras como simbolo ¢ fungio estruturante, ‘Uma imensa enciclopédia, por maior que fosse, jamais poderia incluir todas essas variedades, pois sfo praticamente infintas. As fang6esfisiols- gicas sfo relativamente compariveis ao hardivare do computador. Quando agregamos-2 elas seus componentes subjetivos € as percebemos como fangSes estruturantes, podemos concebé-las tam- bém como soffwares, produzidos pela cultura milenar da humanidade, 2 qual chamamos civi- lizagao. £ evidente que o cérebro € muiso mais complexo que um computador, mas essa analo- gia relativa é importante para percebermos 0 cexttaordinétio significado da cultura em relagdo a0 genoma, fato despercebido pela psiquiatria moderna, devido ao seu compreensivel, mas las- timével, deslumbramento diante das descober- tas da neuropsicofermacologia. Os computadores imitam 0 eérebro, mas ainda estéo muito aquém dele. A comparagio entre o computador co cércbro exemplifica cria- tivamente as caracteristicas de um e de outro. Dentro dessa metafora relativa, 0 hardware & a parte estrutural geneticamente herdada e 0 software, & parte funcional, nao herdada, que é repassada pelo aprendizado de geracéo em ge- ragio. O hardware é a nossa capacidade de falar herdada geneticamente, mas, quando falamos portugués, inglés ou alemao, empregamos sofi- ‘wares condicionados pelo aprendizado. Se ima- ginarmos que o conjunto de mutagSes que for- maram a nossa espécie € 0 nosso cérebro tem aproximadamente com mil anos, que durante noventa mil anos morrfamos de fome porque ‘nfo sabfamos nem pastorear, nem plantar, e que hoje, com os mesmos neurotransmissores ¢ arquétipos, voamos no espaco sideral, conclui- remos, sem sombra de diivida, que os softwares aque repassam as gerag6es Futuras 0 que foi ctiado pela civilizagéo tm o poder de atwalizar o imenso potencial da estrurura genética dos hardwares que herdamos ao nascer, Descreverei, sumatissimamente, os érgios dos sentidos como fungées estruturantes ea cada tum associarei um exemplo de manifestagzo sociocultural. Juntamente com a visio mencio- narei a pintura; com 2 audicio, a miisica; com 0 paladar, os temperos e o vinho; com 0 olfato, 0 perfume; e com 0 tato, 2 cosmetologia. Dessa forma, o leitor poderd perceber, pela sua imagi- nagZo, a imensa capacidade culeural que as fun- bes dos érgaos dos sentidos tem para formar 2 consciéncia e a sombra, quando percebidas sim- bolicamente como fungdes estruturantes. Avisio A visio tidimensional (estereosoépica) ¢ em. cores é uma conquista cvolutiva dos primatas junto com a bipedestagao. Essa visdo requer que o cam- po visual dos dois olhos se sobreponha pelo me- nos em parte, 0 que se torna factfvel quanto mais 1s olhos se situarem na parte anterior do crinio. Aevolucio da visio foi acompanhada pela aquisi- ‘sd0 do movimento de oponéncia do polegar na mo dos primatas, o que sofisticou extraordina- siamente 0 mancjo das coisas e ensejou 0 au- ‘mento progressivo do brincar com os objetos para conhecé-los ¢ manuseé-les com destreza. Foi essa conjungio fantéstica entre 0 cfrebro, a visio € as ‘miios dotadas da oponéncia do polegar que nos permitiu chegar as maravilhas da cecnologia icago dessa tecnologia & pro- pria visio ampliou extraordinariamente o aleance moderna. A aj da dimensio mictoseépica e macrascépica. A pincura é exemplo da conjungéo criativa entre cérebro, a visio ¢ as méos na dimensio estética. ‘A visio como fangio estruturante é tio impor- tante que “luz” é feqiientemente usada como

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