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REVELL — Revista de Estudos Literdrios da UEMS, Ano (01, mimero I. ISSN: 2179-4456 REPUBLICA DO LIVRO: LEITURA E FORMACAO DO PROFESSOR-LEITOR NO_ CURSO DE LETRAS Serley dos Santas ¢ Silva (ANHANGUERA-UNIDERP) sla comunicago discule-se © projeto de evtensdio em andamento no Curso de Letras da Universidade Anhanguera-Uniderp. intitulado Reptiblica do Livro: te professor fettor no Curso de Lewas. que visa formar 0 aluno de Letras em professor-leitor Na primeira etapa do projeto elegeu-se © género narrative conte. priorizando autores nacionais. Criow-se como ferramenta para participagio dos alunos o blog ~Repiiblica do Livro”, por meio do qual os alunos interagem com professores e cok “a ¢ formacde do gas, postando seus comentarios. Os enconiros acontecem semanalmente. no periodo de uma hora, na universidade, nos quais © Professor Mediador da Leitura (PML) inegntiva os alunos apresentarem suas impresses sobre os textos, O biog dispde ainda de finks que uazem informagdes sobre diferentes autores da literatura, enderegos para publi cinema, cultura, ares ¢ literatura, Sdo disponibilizadas enquetes, fundamentais na oblengiio de resulladas na pesquisa, 0 PML ¢ o organizador do Grupo de Leitura Académica (GLA), conta com 0 apoio do Facilitador da Leitura (FL), aluno responsivel pela coleia de dados entrevistas, relatos ¢ tabulagdo dos mesmos, O aluno de Letras, eama Futuro professor-leitor desempenhara o papel de disseminador da leitura, formando alunos leitores. des, noticias sobre Palayras-chaye: Lcinura, anionomte fiverdiria, Curso de Letras Abstract This communication discusses the extension project under development in the Course of Lotter at Anhanguera-Uniderp University entitled The Book Republic: reading and teacher training in the Course of Letters, which aims to form students into a read first stag Bravilian authors. It was ereated a blog called "Repiblica do Livro" through which students interact with teachers and classmates by posting their comments, The meetings are held ‘weekly’ at the university when the Reading Mediator Teacher (PML) encourages students to present their views on the texts The blog also has links thal provide information about different authors, adresses for publications, news about filmS, culture, arts and literature Some quizes are available on the blog, which are considered as hey factors in achieving results in the research, ‘The PML is the organizer of Academie Reading Group (GLA) and he has the support of the Reading Facilitator (FL), a student responsible for data collection, interviews, reports and tabulation, The student of Letters. as a future reading teacher is supposed to act as a disseminator of reading, forming therefore reading students g teacher. In the of the project the short story was elected as the narrative genre, prioritizing f Letters Keywords: Reauinng: literary autonomy, Course 1, A MEDIACAO E 0 PROFESSOR-LEITOR 4 leita tem 0 poder de despertar em nis regides que estavam ale enti adomecidas. Lal come o belo principe do conte ds isd REVELL — Revista de Estudos Literdrios da UEMS, Ano (01, mimero I. ISSN: 2179-4456 Fadas, © autor inclimase sobte nis, Yecacnos de Teve eam suas palarias [.. Michele Potit Este artigo ftv parte do projelo de extensiio em andamento no Curso de Letras da Universidade Anhanguera-Uniderp. cujo objetive ¢ tornar o aluno do Curso de Letras em um professor-eitor. considerando que o aluno em sus maioria mio 18 ou 18 muito pouco. A insergdo ativa da leitura tem o objetivo de condwio para novas descobertas principalmente na literatura © projeto se assenta na condigao de desdobravel. pois o aluno preparado sera um continuador ow um disseminador da leitura, Partindo-se do pressuposto de que quanto mais se 18, mais se aprende, adquirindo-se assim experiéncia de leitura, espert-se que o aluno busque de uma melhor compregnsio do texto liter, “| saber © modo como se di a compreensi um texto, ter claro as previsdes sobre a leitura tém a ver com © repertério de conhecimentos do Ieitor” (MARIA, 2009, p84) Pode-se dizer que hii um estado angustioso ¢ inconfessivel do aluno face a0 ‘emaranhado de leituras propostas pelo professor em sala de aula. Leitores ou nfo. estamos inconscientemente envoltos na densa cortina da leitura, Lemos © tempo todo: as revistas espalhadas nas bancas de jomal, um convite, os ontfoors, as placas de transito, as ofertas nas mbretes na fila do bance. enfim, a leitura esta lojas, os painéis espalhados pela cidade, os sempre presente, & inseparavel, Temos com ela uma relagdo de Amor e destamor). OA maitisculo confere o sentido de Amor platGnico na leitura, Atingir o estado pleno do Amor na leitura supde compreender o ji lide; & ao_mesmo tempo. sentirse presente no mundo inteligivel , das ideias puras de Plato. Buscamos a “esséneia” ou sentido daquilo que lemos ‘ou mesmo respostas para nossos questionamentos. Compreender o que se 1é se aduz num sentimento de Amor, que transcende a intimidade do ser Essa transcendéncia & 0 conhecimento que se a lar Atingir a “plenitude” do Amor regi a oulros numa unidio espetac platénico na leitura ¢ se projetar no de-dentro" pertencente ao espage imaginario metaforico do conhecimento. © mundo inteligivel das ideas Ao naufragarmos no mundo sensivel!* deparamo-nos com sombras-reflevos desse mundo objetivo. o destamor), gerando um estado de angistia pela mio compreensio do lide. © ser mergutha no destamor) da leitura, A. ® No mundo inieligivel ou das ideias pusas moram os seres perleitos: & Justiga, a Rondade, a Coragem, a Sabedoris, o Amor. Pama ating esse mundo, © homiem mio pode fer apenas “samnor ds pies” (flodosta preeiss possuir um “amor ap sther” (Hlesofia) O metodo propest por Plato para atingit ¢ conbeciment uuentieo (episléme) &a dialetiea, Neste mundo das ideas 50 poxlemes ena, atraves do eanhecimento raion tientilicn at ilosalien. (COTRIN, 2082, p 97-98 Dealentta pode significar um hugat, un local Hoo) NOLASCO, 200 9 Murdo sensivel ¢ o mundo dos seres incompletes e imperlvitos. Neste punt as cealdades eoneretas sto simplesmente sombras lus ou Felewos das idetas paras (COTRING 2002, 9. 97-98 REVELL — Revista de Estudos Literdrios da UEMS, Ano (01, mimero I. ISSN: 2179-4456 analogia platGniea mostra o fendmeno da leitura prineipalmente no meio académico. considerando as inlumeras leituras necessarias para 0 bom desempenho do aluno. traduzidas. muitas ve7es, nos eonflitos de ler por obrigagto e ndo pelo praver da Ieitura. Adentrar a escuriddo da cavema'" platnica ¢ distanciar-se da luz propiciada pelo prazer da leitura Ao despertar para 0 estado praveroso, |..] “o Heitor vai ao deserto, fica diante de si mesmo: as palavras podem jogilo para fora de si mesmo desalojé-lo. de suas certeras, de seus pertencimentos” (PETIT, 2008, p. 147 © Foco em que se veicula este projelo intitulado Reywiblica do Livro: feiura ¢ farmagao do professor leitor no curso de Letras. objetiva tomar o aluno de Letras em um professor-leitor, por meio da leitura mediativa, A proemingneia da leitura por meio da mediagio ‘ega a figura do Professor Mediador da Leitura (PML) conferindo como primeira estratégia de leitura A questo primeira ¢ considerdvel no sentido de despertar o aluno do Curso de Letras para a leitura de diferentes textos na literatura, “Para aprender a ler 6 preciso ler bem devagar © em seguida & preciso ler bem devagar e, sempre, até 0 diltimo livro que teri a honra de ser e sentido. a leitura lido por voc@, sera preciso ler bem devagar” (FAGUET, 2009, p, 10), Nes pode ser vista como arte de pensar. de analisar o lida. Ler devagar para aleangar a mensagem. reunindo elementos para inferir uma critica, para se instruir ampliando conhecimentos. Em tempo, pode-se pontuar os iniimeros espagos de leitura, prineipalmente na Intemel, Ninguém esta sujeito ao papel impresso, pode-se dizer que somos sujeitos snrernetivos"® conectados com © mundo da informag%o em tempo real. “Ler com os dedos” (FAGUET. 2009. p. 1D). a assertiva remonta ao passado, o internauta pode ler com os dedos, a telt é 0 Livro eletranico. as veres os dedos deslizam ¢ as falhas do texto se desdobram paulatinamente em precisos movimentos. Ler com os dedos pode ser um método ineficiente, mas detemos hibitos nas numa ago explicados na heranga familiar © importante & (des)folhar paginas e pag continua, A leitura é um vieio airoso indispensivel na vivéneia humana, “|...| ler devagar se aplica a toda ¢ qualquer leitura, E como a esséncia do ato de ler. || Além de ler devagar. nao hi uma arte de ler, ha artes de ler. e muitos diferentes conforme diferentes obras”. (EAGUET 2009, p11) ho di eavema platdnica: Segundo Platio a maioria dos Seres humans se eneont como prisionesra de uma cevema, perianeeerdo de costes para a aber luminosa ede tente para a parede esc do fundo «COTRIN B02 p 99), * Imtemeticos ¢ apropriamos-nos da expresso. bance intemétic = do inglés Hatem ankinig, bance valine, conline banking vezes também bare Viral hae eletuSnice ou hanen camesticnt do ingléshome banking WISIPEDIA, ONLINE, p | REVELL — Revista de Estudos Literdrios da UEMS, Ano (01, mimero I. ISSN: 2179-4456 A arte da leitura talver seja aquela em que a mensagem produza certo significado para © leitor, que produza um efeito tal que se agregue ao entendimenta, A questio do efeito nos, remonta a ideia de impress dio, de incidentes, de tom, de acontecimentos que auviliem na construgio de um efeito, segundo a perspeetiva de Allan Poe (2000) A leitura proposta m figura no dimbito da perspectiva linguistica, ultrapassa © sentido de decodificagio de um determinado testo escrito. abrange outras caracteristica como aprépria mensagem transmitida no texto e recepeionada pelo leitor. Reis (1976, p. 18) refere~ se especificamente “ao labor de um sujeito que. assumindo-se como receptor da mensagem cemitida, se afirma como termo indispensivel do acto de comunicagao”, Reis pontua certo tipo de leitor, aquele que infere uma leitura critica no texto literari. A mediagdo é proficua nesse sentido, 0 alvo é uma leitura critica e nao superficial do texto literirio, pois o aluno associa sua leitura com outros textos lidos, pontuando suas percepgdes referentes & mensagem no texto literario A leitura critica ¢ compartthada, o aluno expde suas ideias. Fa anotagdes. pontut 0s elementos mais importantes, sintetiza as informagdes formando uma ideia geral do texto literario. Este, as veres. & “ambiguo por naturesa, & passivel de uma pluralidade de leituras (REIS, 1976, p. 19), O PML exerce um papel fundamental no desempenho da leitura e tende a influenciar o aluno de maneira positiva, Considera-se o aluno como “aspirante” da leitura, numa primeira insténcia, pois, muitos alunos nd tém o habito da leitura: neste projelo conferem-se os textos de ordem fiecionais. mais especificamente o género narrative conto. A selegio dos contos & previamente definida pelos professores participes do projeto. jt que os contos abrangem uma perspectiva no ambito universal [..[o conto. de origem oriental e popular apresents-se como um meio transiicide pporem nio transpatente, como uma espessta glauca na qual « leloe ve desepharen= as quue ele jamais chews a upreender inteiamente (STALLONI apud Dh FRANCE, 201, p. 12 A escolha desse género narrative foi proposital no projeto. nfo somente pela concisto no sentido conteudistico ou de paginagao, mas pela brevidade da extensio do efeito, bem caricteristico do conto, onde. geralmente, o narrador ¢ breve na elocugao do efeito. O conto. pela suas caracteristicas concisas, toma-se mais interessante para o aluno. A insergao na leitura é menos dolorosa, uma ver que se privil «1.0 despertar do praver pela leitura no aluno do Curso de Letras. REVELL — Revista de Estudos Literdrios da UEMS, Ano (01, mimero I. ISSN: 2179-4456 Sepuindo a assertiva de Poe (2000, p. 40). temos que “a brevidade deve estar na ravaio direta da intensidade do efeito pretendido. ¢ isto como condigdo, a de que certo grau de duragao é evigido, absolutamente, para a produgdo de qualquer efeito”, Pensamos de maneita ana escolha desse metodi gnero narrative, por entendermos que o aluno que mio 18, ou nia tem o hbito da leitura, sofreria, em um primeiro momento, com o impacto de outro 26 narrative mais denso, desestimulando-s Poe 10) pensow a construgio do poema O corvo ealeulando matematicamente a produgio de um efeito vivo no leitor. A ideia ¢ o aluno ler. © que essa leitura produza um feito, um fienesi, uma espécie de alucinagao, levando-o a outras leituras, sendo receptive a clas, as quais serio inseridas paulatinamente no projeto, como o romance. E a preparagio do aluno para outra etapa de leitura, mais extensa de paginagdo, que exigira certo esforgo fisico Embora © efeito alie-se a unidade de impressio de uma obra literaria, 0 aluno, futuro professor-leitor. tert no texto uma ideia de brevidade do efeito. Pensamos tdo-somente no efeito artistico que © conto produziré no aluno despertando-o para a leitura, “|... © prver somente se exttai pelo sentido de identidade, de repetigao” (POE, 2000, p. 42) © PML acompanha o aluno neste percurso ¢ o eneoraja despertando nele © praver da leitura “J. 0s livros roubam um tempo do mundo. mas eles podem devolvé-lo transformando e engrandecendo, ao leitor. E ainda rir que podemos tomar parte ativa no nosso destino” (PETIT, 2008, 148). Para Maria (2009, p, $3)“. quanto mais experiente for 0 leitor-tanto na vida quanto nos textos - melhor leitor ele sera, tanto ma eserita da vida quanto nos textos eseritos”. E um ccaminho para se chegar a “competéneia leitora”. pontua Maria, Uma competéneia conquistada mediante as varias leituras a0 longo do tempo As leituras des contos nao visam somente o (re}contar do ja lida, mas a aquisig&io de ‘outros elementos concementes 4 nossa lingua, absorvidos no momento da leitura. Entendemos que este momento tem suas etapas, principalmente na aquisiga da gramatica individual, nas leituras variadas, na interagdo com o meio, enim. na propria convivéneia didria |..] abrir © texto, propor © sistessa de sus lets, mio € apenas pedir ¢ mostrar gue povdemos interpreta livemente.€ prineinakmente, e mute radiealmente, levar a reconliever que mio I verdad objets Hudica (BARTHES. F988, p. 42 ou sufjetva da Teiturs, ms apenas verdad Barthes vislumbra a ludicidade no ambito da leitura como um jogo condurido por ccertas regras milenares. que provem das narrativas, Pode-se inferir a percepgtio de uma leitura, embora ndo se reconhega uma verdade absoluta da leitura. Neste sentido, ela ¢ ludica, pois se precipita no jago do proprio trabalho, conferido pelo leitor O trabalho da meméria, a 138 REVELL — Revista de Estudos Literdrios da UEMS, Ano (01, mimero I. ISSN: 2179-4456 pereepgiio do texto ¢ o esforgo do corpo fisico. © leitor busca nas profunderas do seu eu. a ligagdo com outras leituras intemalizadas. que acontecem de maneira natural e praverosa. © PML conta vom o apoio de um Facilitador da leitura (FL). aluno escolhide entre os participantes ¢ responsavel pela coleta de dados, como entrevistas ¢ relatos, assim como a tabulagio dos mesmos. sempre como a orientagdo do PML. O aluno de Letras, como futuro professor-eitor. desempenhard o papel de disseminador da leitura, formando alunos leitores & autonomia literaria e o habito da leitura promovendo a © FL ¢ teinado para dar suporte ao Grupo de Leitura Académica (GLA). principalmente na busca de textos que permitam a articulagdo com os contes trabalhados, por meio de pesquisa na biblioteca, na Internet, nos sebos. nas livtarias, entre outros espagos piblicos. OFL, juntamente com o GLA, apresenta a PML os pontos fndamentais da leitura do conto, Uma discusstio breve entre os alunos antecede ao encontro com 0 PML, Geralmente no primeiro encontro, os alunos apresentam suas impresses e re(contam) a historia de maneira descontraida, Paulatinamente © PML insere apreensdes mais eriticas. pontuando outras leturas que referendam o conto, O intuito nao é um recorte do texto ficcional. de Forma simplificada, mas conduzir © aluno a uma pereepgdio da mensagem, preparando-o. com de forma critério, para uma leitura mais signifieativa do texto. O PML media as diseussd descontraida, “|| ler & ir de encontro de uma coisa que vai exislir, mas que ninguém ainda sube @ que seré (MARIA apud CALVINO, 2009, p. 65) O PML conduz, de maneira sul esas lenturas, com as quis 0 aluno fay suas rela es. E um primeiro passo para esbogar uma. prévia de sua eseritura A leitura na mediago & um trabalho de construgiio, pois © mediador cria as condigdes para que o aluno possa conhecer os textos literirios, ampliando seus conhecimentos adquirindo sua “competéneia leitora”. O incentive @ leitura acontece em encontros semanais desenvolvidos em sala de aula, Esses encontros se: rama estabelecide no projeto, sendo que cada aula tem duragdo de uma hora, com duas turmas A eB. Os PMLs se revezam com as furmas ao Longo das semanas, dessa forma os mesmos cantos sii lides pelas duas turmas A e B. Geralmente sao trés contos do mesmo autor. Cada turma tem, em media, 26 alunos, Para compor as turmas foi feito um sorieio no Curso de Letras. uma ver que, © niimero de inscritos ultrapassou © numero de vagas oferecides, O projeto adota os seguintes a. leitura do conte. critérios para os alunos participantes: 85% por cento de frequen REVELL — Revista de Estudos Literdrios da UEMS, Ano (01, mimero I. ISSN: 2179-4456 participagio na aula, exposigio das percepgdes no texto. articulagtio das ideias, clareva e objetividade. Jou] & leitura aprosinna as pessoas, conelamanas ao didlogo, oferece provisies palavras © mais palavras, imstigagdes, sentides novos e eambiantes, promoverulo Inlerago. Quanto nos agrada, como leitores, falar do lisro que aeabamos de let (MARIA, 2008, p66 Nas discussdes dos alunos, o PML procura induzi-los sutilmente a fazer relagdes com leituras anteriores, condusindo-os a uma interagio saudavel, com a toca de informagdes. prineipalmente com textos fiecionais, sugerindo sempre outras leituras de diferentes modalidades da lingua Para que haja mais abrangéneia no projelo Repiiblica do Livro: feitura e formagito do professor fettor no curso de Letras. 0s GLAS, em semanas alternadas, 18m encantios com professores convidados de outta universidade, convite previamente estabelecido no ran énero ama do projets, Os professores convidados seguem a mesma modalidade de narrative, Compreendemos que a insergio de outros professores incentiva os alunos valorizando-os ¢ contribuindo para seu aprendizado 0 projeto rompe as fronteiras da sala de aula, do cireulo comum de leitura, criando © blog Republica do L em dos sro, uma ferramenta para (roca de informagdes, posta comentarios dos alunos, dos professores, interago aluno-aluno e professor-aluno, No blo alunos tém acesso aos contos a serem lidos ¢ informagdes referentes ao autor ¢ obra. O Alog sobre diferentes autores da literatura, dispde também de finky que trazem informag: cenderegos para publicagdes. Curriculos /attes dos professores participes do projeto, noticias sobre cinema, cultura, artes e literatura Na primeira etapa do projeto foram eleitos trés contos de Machado de Assis e tres contos de Helio Serejo. No biog. os alunos postaram seus comentarios ¢ anilises dos contos, Os comentarios foram fundamentals para o desenvolvimento do projet. os alunos apresentaram suas percepgdes de forma leve e descontraida com propriedade analitica Observou-se na leitura dos alunos a exposigto do conteiide lido. as pereepgdes inferidas no texto e, em muitos casos, os alunos demonstraram perpleyidade diante da narrativa, pode-se dizer do efeito ou impacto causado pela leitura, Essas eonsideragées nos valeram como dados importantes ¢ fizeram a diferenga nessa primeira etapa do projeto. Houve uma participagio ativa dos alunos no Aloe. ferramenta ess que. como meio de expresso da leitura, foi exiremamente significativa na primeira etapa do projeto. Elegemos os seguintes comentarios dos alunos 160 ririos daa UEMS. Ano U1, mimero 1, ISSN: de Estudos Lit 79-4456 REVELL — Revisl Do autor Helio Serejo Aluna M7 semeste Nilo conhesia a obra de Helio Serejo, confesso que nunca tink fide nenhum de seus conlos epelo poise que Hi, estou amaride, porque ele tesla das coisas Folelorieas. do regionulismo...parece que tudo & real” emo Tiegln € que fazemos parle da esionia [sso que e Literatura! Amei Maria Apareeid, 2 "Capitoa’, mulher a desiemida que “yuebra" © senso comum da figar femanina da sociediale da epoca, os padres soeiais de que a mulher & submissa, & rail ela provoule conttario eam sua ousada e personalidade unica, Hla vai dar o que falar hs Sepunda-feina! Alun. G. M7 semesine © PERO QUE VILIPSUS Jesse conto, pois aberla come tematica a religito, © cistimisizo, a fo ‘pollo de incredulidade, porque o pot disse ter visto Jesus Cristo ao capataz, que por sia nao aereditou, talvez pelo oficio Me 0 pede evereia, od ale mesmo pela raga, ember o everior nde deise Teansparecer, © povo st passou a aereditar no pedo com seu desapareeimente, pr Iisterio. mentow quando peseadores. eneontraram tam avelmene persaram que ele fora alTebatade, porem para a surprest d provavelmente seria do tal pedo, poem tiara cursos em saber & causa da morte do pede Do autor Machado de Assis Aluna GC 7° semesire No eonlo Sujese gordo! & evidente a omissio, ow seria melhor falta de personafidade do natrador- personagem, pois ele fies feliz em nao ser responsivel pela eondenagio ow absolvigio dos seus. No primeito julgamento ele se sente aliviade por iio sero texponsivel pela eondenaeio, jane segiindo, sua feonseigneta mi Tea pestda, pois ele nio € o responsivel pela absolsigio, [um jogo de adivinhagan, em nenhum momento ele detende sua epinido como Lopes Tes no primeira yulgamente. A todo & momento estamos tomando decisies e julgand, pois somes humanos fe pessoas 8 nosso redo, mo fem come pensae n6 futuro, a texlo 0 momento. & imaginar que pedemos esiar na mesme sittagiin doy outro. CO futuro a Deus lenve. "Nao juleue. p "A came ¢ fraca {alo ser julgado” e wan Fase bonita, mas dilie de Pereebemos que os comentarios ressaltam certo amor pela leitura, 0 “a” minusculo se refere wo amor que ainda ndo se manifestou na tolalidade de uma leitura, que converge o uno para o de-dentro interior do imaginairio, literatura everce um poder que se diferencia de individuo para individuo, “nos somos, a elaboragdo do mundo. F as eseritores podem nos ajudar a elaborar a nossa relagao com 0 mundo” (PETIT, 2008, p. 157) Esse amor ¢ visto sob hostes da nio obrigago da leitura. A Jeitura obrigatéria proveca uma reagio advers Despertar o gosto pela leitura ¢ muito complexo, pois o leitor pode exercer seu direito de no ler, reivindicar seu direito de nai leitor © projeto & um convite para compartilhar experigncias, o PML eoloca sua paixio pela leitura, sua curiosidade, seu desejo, contribuindo para que 0 aluno desperte para a leitura, sem dever cultural, Inquire Benjamin (1986) “|..| qual © valor de nosso patriménio cultural, se a experigncia ndo mais © veicula ands”? A leitura também fy parte do nosso patriménio REVELL — Revista de Estudos Literdrios da UEMS, Ano (01, mimero I. ISSN: 2179-4456 cultural, & também patrimdnio estendide a outras pessoas de maneira pulyerizada na troca sincera de experigneias O biog também disponibiliza enquetes para os alunos. Nas enquetes eles respondem a questioniios referentes a leitura. Essas informagSes so automaticamente computadas com resullado instantineo. Esses resultados apontam as respostas e © nimero de participantes, Uma ver por més os PMLs envolvidos no projeto discutem e inserem nova enquete, Outro dado importante ¢ © fink de seguidores, Neste espago, © aluno posta suxt_ imagem, cvidenciando sua participago no projeto. Em geral, os seguidores sto alunos que ji postaram seus comentarios. portanio, leram os textos disponiveis no Alog. E importante ressaltar que os PMLs. apés os comentarios dos alunos acerea do conto. automaticamente postam suas pereepgies em relago ao comentario do aluno, tornando a interag%o um processo continuo Opiog dispie de outros Hinks de pesquisa, como enderegos de revistas para publicagio de artigos cientificns e informagaes de varios eseritores da literatura. “|..| literatura deve ser ‘© meio para que possamos enfrentar a tristeza da realidad. os nossos medos ¢ o silencio’ (PETIT apud BARICCO, 2008. p. 136). Os textos literarios disponibilizados por meio eleirdnico tendem a aproximar mais o aluno da leitura devido & acessibilidade, ator decisive na atualidade. pois eneurta a disténeia do aluno com o livre, © papel da mediagdo. neste projeto. & fundamental para que se estabelega uma eadeia de alunos leitores disseminadores da leitura, num efeito de contiguidade alastrando o projeto para além das fronteiras fsicas da Universidade Anhanguera-Uiniderp, Embora se estabelega tum grau de mediadores. conferido na obra literiria, na biblioteca, nos eritices literirios. nos professores. na familia, no contador de historias, entre outros mediadores de leitura, pontuamos a figura do professor como indispensivel para a formagio do professor-eitor. 0 PML conttibui_para que o aluno ultrapasse os umbrais da leitura, que se process nas indimeras dificuldades aparentes para a nao leitura. O PML ¢ impulsionador da leitura na sala de aula, a mediagao ¢ o primeiro aspecto para veneer os dbices do aluno. [oT Nao & uma b lmaginar. descobrit. : um professor. um bibliotearia que, levado por sus pais & transmit atraves de sia elagdo individual (PETIT, 20% blioteca ou a escola que desperta 0 gosto de ler, por aprender 0 professor mediador da leitura & também um apresentador de textos, tz para sala de aula informagdes no somente pertinentes ao conto selecionado, mas percepedes teéricas que possibilitam ao aluno articular suas ideias no texto literario, © PML diteciona suas agdes para apreciaggo dos alunos na leitura explorando seus conhecimentas ¢ olhar critico no texto literdrio, Referimos-nos to-somente a esfera de critica len REVELL — Revista de Estudos Literdrios da UEMS, Ano (01, mimero I. ISSN: 2179-4456 dos «tos literirios pertinentes ao texto, numa questio mais subjetiva, respeitando as limitagdes do aluno. O sentido que se remete essa assertiva configura-se numa percepg’o mais significativa no testo ficcional Para que © aluno tenha embasamento tedrico serio indicadas Leituras mais especilicas aquelas que mais se aproximam dos textos lidos. O aluno far suas apreensdes com mais aulonomia ¢ criticidade, Cabe ae PML construir um es de ago liidico, agradkvel para que o alo + seja algo prveroso E importante considerar que. na Finalizagio do projeto, 0 aluno participe elaborara um texto com a estrutura de ensaio, este sera construido ao longo do projeto, aluno tera tempo suficiente para articular as teorias e eserever seu texto com a consciéneia leitora. A construgio do ensaio partira de suas impressbes, de anolagdes, das leituras teorieas e outras pesquisas. O aluno poder adotar o sistema de fichamento 2. CONSIDERACOES FINAIS, Conforme procuramos evidenciar neste artigo. 0 intuito do. projeto Rep btica do Livro: feitura ¢ formagao do professor leitor no curso de Letras & despertar © aluno para outros saberes, da aquisigtio de vocdbulos, ampliando o seu campo lexical". a flevibilidade na sua oralidade Fsses novas vocabulos aparecerdio com liberdade em eserituras futuras, cnriquecendo concomitantemente a fala ¢ a eserita “Um vocabulario rico ¢. sim, prioridade no estudo da lingua e a escola deve se preocupar em ofrecer aos alunos condigdes para de fato conquistarem” (MARIA, 2009, p53) Na esteira de Maria, duas situagdes so facilmente reconhecidas na aquisigao de novos yocabulos pelo leitor, Este possui dois vocabularios: um ativo intemo, do qual ele se utiliza com favilidade porque esti familiarizado com determinadas palavras: ¢ outro passive, seado que neste as palsvras esto sendo assimiladas. ¢ 0 rellexo viri com o tempo, os vocabulos passivos de hoje serio os vocibulos ativas de amanha. Portanto, as palaytas se apresentam: como |. “capital mais precioso para o imprescindivel trinsito na teia das relagdes humanas no contato e ne diilogo com os outros” (MARIA. 204 Dp S0eS1) Este projeto privilegia vieses que se desdobram, para gue © aluno construa seus saberes. através da leitura compartithada, da criag2o de teytos, da interagio e da partieipagao aliya nos encontros, com o acompankamento do PML Campo Texial & o conjunto de vocahulos empregas pa designar, qualfcu, catacteriz,signilicar ua nog, uma alivida oa. (FAULSTICH, 1987, p04 les REVELL — Revista de Estudos Literdrios da UEMS, Ano (01, mimero I. ISSN: 2179-4456 A leitura, com a figura do PML. caminha para o sentido de ampliar as leituras do aluno. considerando que cada individuo reserva seu contetido de leituras particulares. conquistadas ao longo de sua vida. "Mediar leitura & fazer Muir @ indieago ou @ proprio material de leitura até © destinatirio-alvo, eficiente @ eficazmente. formando leitores' (BARROS, 2006, p. 17). A mediagiio é indispenstivel na vida do aluno, pois 0 aproxima de diferentes Ieituras levando-o a novas descobertas. enriquecendo seu imaginario, Nos encontres semanaiis. 0 faco das discussbes € © conto, oe: Jo em que o aluno apresenta sua ‘isto do texto ficcional, tendo liberdade para expor suas ideias © acompanhamento com FL. é outro beneficio para os GLAS, que podem contar com © apoio ao longo da semana. Os comentarios no Alog criam uma ambientacdo favordvel para discussdes, encorajando principalmente aos alunos que se seniem inseguros em exporem suits leituras. “]..| a leitura, tal como & praticada atualmente, convida a outras formas de vineulo social, a outras formas de compartilhar. de socializar, diferentes daquelas em que todos se unem’ (PETIT, 2008, p. 94). A criagdo do blog Reprcblice do Livro ¢ o diferencial desse projeto, € um estimulo a mais, para o que o aluno do Curso de Letras tenha contato com diferentes autores da literatura «possi ampliar sens saberes com acessibilidade, que ds veves ni seria possivel sem a efetiva trocar ideias aquisigo de _um livto., No Sieg. © aluno poderd postar seus comentiri buscando assim novas leituras A questa da mediagio comega na Universidade com o professor (PML) ¢ continuara com 0 futuro professor leitor, que evercerii o papel de disseminador da leitura na escola, na comunidade, no grupo de amigos. na familia, enfim, numa ago conjunta em pro! de um objetivo unico. a leitura, Segundo Benjamin (1986, p. 118), os homens ndo aspiram a novas experigneias |. “eles aspiram a libertar-se de toda a experiGneia, aspiram a um mundo em que possam ostentar to pura ¢ to claramente sua pobreza extema ¢ interna”. Pode-se dizer que temos fome de cultura, que a pobreza literaria & suprida pela leitura Adquirir conhecimentos no basta, o importante & compartlhar com os outros nossas experigneias devorando a “cultura” ¢ 05 “homens” numa mengio antropofagica, deglutindo outras culturas para que fagamos 0 borborismo, A Ieitura é a mola propulsora do devorar, num pleno processo de continuidade BARROS. Maria Helena ‘T. C.. BORTOLIN, Sueli: SILVA, Rovilson José da Leitarar mediagio ¢ mediador. S30 Paulo: FA, 2006. loa REVELL — Revista de Estudos Literdrios da UEMS, Ano (01, mimero I. ISSN: 2179-4456 BARTHES, Roland Eserever a leitura_ In. O rxmor da tingna, Trad, Mano Laranjeira, Ed. Brasiliense: Sio Paulo, 1988. BENJAMIN. Walter. Experigncia e pobreza In Magia ¢ tenica, arte ¢ politica Ed. Brasiliense: Siio Paulo, 1986. BRAIT, Beth Rakisin, dialogismo e construgdio do sentido, Campinas: Ed UNICAMP. 1994 COTRIM. Gilberto. 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