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Jo em 1936 e terminado praticamente em 1950, um ana de sua morte, Exercicios preliminares em contraponit de Schoenberg, além de ser um livro essenclal ao que desejam assimilar todos os recurs salportantes e avangados desta técnica, indispensével aos estudantas @ »--ofissionais da drea musioal que qualfall cunhecer, mais de porto # profundamiaiiia Exercicios Preliminares ONTRAPONTO || Asie ‘opensamento dete quid 10h, Har AVIA m dos baluartes da maida Miata Ae éculo XX, formnand geragdes de compositor Nao apenas na Europa come imnares on SOND Arnold OCHOENBERG Leonard Stein (ea) 140N a8.s9092-37-x Wan BAAAASAFASASADIDALEDAAAAAAEAAAAEAEE ) Exercicios Prel SSSSLALLUTICICECCCEECE aes | © 1963 Gertrude Sctioentbers, + © Leonard Stein 1963 (Preficio do Editor) Preliminary Exercises in Composition 1 edigio: margo de 2001 See Schoenberg, Arnold Exercicios preliminares em contraponto J Arnold Schoenberg; tradugto de Eduardo Seincman ~ Sio Paulo » Via Lettera, 2001. ~ ps em. ISN 85-86932-37-X 1. Contraponto I Seineman, Eduardo I. Titulo cop-781-42 Equipe de Realizacio Capa Ediara Rios Tradugio Eduardo Seineman Editores _Jotapé Martins Mosiea Ssinanan Via Leto Hilo @ Livia Lada ua Iperoig, 397 (95016:000 Sho Paulo 80 ‘Telefax (11) 3862-0760 / 0748S ‘letter vialettea com br / va Cem raul come ‘SumARIO ye Emmerson Site PREFACIO DO EDITOR 9 PARTE T CONTRAPONTO SIMPLES A DUAS VOZES AS CINCO ESPECIES EM MAIOR PRIMEIRA ESPECIE Acréscino de uma vo: superar ou inferior a uma vo: dada, denomineda ‘anus fms (CF), que neste fare consstrd sempre de semibrewes 14 Regrasesugesto:mervalos,consondncias dssonincias 7 56 As vores eas claves = Ey $7 Condugho melidica das vozes #9 Indopendéncia das vozes : 10:11 Estabelecimento da tonalidade : 8 12-14 Sugentio edregdes para primeira espécie 2» omentri dos evemplos de primeira espécie, Exs. 1-9. 30 Gxemplos 1, . t 3 1. SEGUNDA ESPECIE ‘deréscima de wna aperior ou inferior em minimas, a0 eantus firmus 15-17 Sugestoe dreds Eee |S 18:19. Primeira fcmulapadronizada-a nota de passagem.... Sal 8 $20.23. A terminagBo ma segunda espe ee 0 ‘Comentirio dos exemplos de segunda especie, Exs. 10-18 ml Exemplos 10-8. = i 3 IL, TERCEIRA ESPECIE “Acréscimo de uma vo: superir ou inferior, em seminimas, a cant mus 24.28 Sugestioe dress... Se 29.32. Segunda formula padronizada: ambit i 33. Nota de pasager no tempo foe. 3 34 A terminagio a trcea exp8i€ wn 35. Uso de compassos temiros: 3/4, 372. 614 Comet dos exemple detrei epi, Ex. 19 26 Exemplos 19-26, Iv. QUARTA ESPECIE ‘Minimas sincopadas e suspensies nas ves syperioreseinferiores acrescentedas ao caus firmus § 3638 S37 Supestioe dieses “Tercera frmula padrovizada suspensio ‘Comentrio dos exemplos de quart espe, Ex, 28-29 Exemplos27-29 V. QUINTA ESPECIE ‘Notas mista acrescenadas a0 cans es § 833 8 5457 Sugestioe dregs ritmos (Quarta formal padronizada a esohgho ineromypis CComentiri dos exemplon de quia expcie, Es, 30-31 Exemplos 10:31 VLA TONALIDADE MENOR Derivago do menor (Os quatro pontos deciivor «0 proesto de newraliagio CComentria don exemplo em manor, xs 32:39 Exemplos 32:19 PRIMEIRA APLICACAO COMPOSICIONAL CCADENCIAS SEM CANTUS F/RMUS § 380 8 5457 vu § 28 S489 CCadéncias ea afro da tonal ‘Como proceder sem um cantus fms dao CComentirio das cadincis, Ex, 40 Exempla 40. Vill, SEGUNDA APLICAGAO COMPOSICIONAL CADENCIAS A VARIAS REGIOES; MODULAGAO § 9092 § 93095 § 9697 5 9809 5 10 $101 Resides e modulo ‘A relago entre as rites Modulagdesareidesvizinhas. aioe paraarelativa menor (2m) e menor par eltva aor (M) Comentiro sobre a8 modulagdes ene a egies relativas maior e menor Es. 41-42 Exemplos 41-42 ModulagBes com ui vor dada ‘Comentrio sobre as modulaes com vozesdadas, Ex. 43 Exempla 43 ModulapBes a outras rides ee CComentiro sobre as modulagBes 8 outras regis, Exs. 44-51 Exemplos 44-51 e a 6 66 6 ” n Es 8 RB si B 8 2 95 96 98 9 100 101 tot 102 2 13, 108 104 Jos 106 PARTE I CONTRAPONTO SIMPLES A TRES VOZES |. PRIMEIRA ESPECIE Cantus firmus e duas vos acrescemadas em semibreves § 102-110 sou 5 1R CConsideragdes geri: consontaciasedissonincias as vozes Paraleas acl a trs vores ‘Sugendo e diregdes para primeira especie CComentrio dos exemplos de primeira espe, Exs. 52-53 Exemplos 32-53 SEGUNDA EsPécIE Duas ‘aces acrescentadas ao cantus firmus: wna em senibreves ¢ uma em mininas, ou ambas em mininas. SuB-us 56 Sugestoediegdes ‘Comentirio dos exempos de segunda especie, Ens. 34038 Exemplos 54e 85 Duns vozes em minimas CComeniio dos exenplo a dua Exemplos 6.57 imas, Es. 56-57 Mh, TERCEIRA EsPéctE Aeréscimo de quatro semininas a wm cantus fms ede semibreves wus Sugeno e dirt Comentirio dos exemplos de erceira espace, Es. 58-61 Exemplos $861 I QUARTA EsPéctE Aeréscino deminimas sincopadasa um caus firmus semibreves, § 119-122 123-125 $126 § 127-130 8131-132 Sugeno diregbes Suspensbes ats wozes CComentirio dos exemplos de quarts espésie, Ens. 62.63 Exempls 62-63 Sincopes com voz acrescentada em minimas ou seminimas Suspensbes como acordes de stimae suas inversdes. Outros tips de suspensio. ‘Comentro das suspensdes com vor arescentada emseminimas, Exe 6465143, Exemplos 64.65 X. QUINTA ESPECIE créscimo de notas mists em uma ou duas vores ao cantus firmus § 133-134 Supestie diresdes ‘Comentitos dos exemplos de quinta espécie,Exs. 66.68, Exempls 66.58, ut ry us us 7 119 120 121 Re = Ls 8 Bi a Bs 136 136 a7 7 40 at M3 146 ur SISSTITISILLISISGLLTLITIT Te VL TERCEIRA APLICAGAO COMPOSICIONAL: CADENCIAS SEM CANTUS FIRM M9 195197 Consideragdes gras MF 8-142 Sugesto para o watamento de vozes acrescertass ws ‘Comentirio dos exemplos com vores acresceyiadas, xs. 69-71 Ist Exemplos 69-71 153, 143 Cadéncias sem vores dada 138 ‘Comentiio das eadéncias sem vores dodas, Ex. 72-73 \s7 \s7 Exemplos 72-75. Vi QUARTA APLICACAO COMPOSICIONAL: GADENCIAS A VARIAS REGIOES; MODULAGAO §§ 144-146 Sugesto e dieyBes won Carnemiio das modulagdes a egies vzihss, Ex, 4-75 Exerplos 74-75. § 147 Modulagies sem vores dads CComentisfo das modules sem vozes dais, Ex. 76 Exemplo 76, 19 wo 161 ven 16) 16s itl, QUINTA APLICAGKO COMPOSICIONAL: REGIOES INTERMEDIARIAS §§ 148-153 Sugestioedieydes ‘Comentrio dos exempos com regidesintermediris, Exempes 77-78 7 Ee 154-155 Duss ou mais egies itemediis em un exenlo CComentirio dos exempos com dus ou ais egies intermediris, Ex. 79-£0 Exemplos 79-80 : §—-156~ Notas alteradasecadénciaseniquesias xcmplD Bl inne a 7 es ERS TTB 16 67 169 169 70 im m 1X SEXTA APLICACKO COMPOSICIONAL: INITAGAO A DUAS E TRES VOZES (§ 157-163 Consideragies persis: tips de imitagSo 3 § 164, Cadéncias com mitagdes a das vores 178 Beers 82 nnn 8 1165-166 Iitpbes em invesio,umentag dininicto 179 Exemplos 83-6... pis rs 179 167-168 tae ats vores im Bxemple 87 i} XX. STIMA APLICAGKO COMPOSICIONAL: CANONES A DUAS E TRES VOZIS 1 169-171 Chern ge nono dese ” Comet dos ebnones, EXS.88-90.-rnnnennnn iM 5 186 xemplon 88:90 PARTE It CONTRAPONTO SIMPLES A QUATRO VOZES 1. PRIMEIRA ESPECIE Cantus firmus e semibveves eo odas as S§1TLI7T Supestioedireydes CComentirio dor exerploe de primeira expécie, Exs.9293 Exemplos91-95| UL. SEGUNDA ESPéCIE Minis em mao das vos conra n eans es $178. Sugeno e deste Cen dos expos segunda epcie Exe. 9895 ‘Exemplos 94-95. ee Wh, TERCERA ESPECIE Cantus firmus e seminimas W 179-81 Sugeno euireydes Comnentrio dos exerplos de terceira espécie, Ex. 9697 xemplos 96-97 IY QUARTA EsPécIE Sincopes em win vo: contra wn cantus Ferns com (1) semibveves (2) minlinas semininas nas demais voces 182183 Sugentb e dredes Comentiro dos exemplos de quartaespécie, Exs. 98-100, Exemplos 98100 = Ve QUINTA ESPECIE Notas mista em wna on ma voze contra wm cant Fm, com seibroves, mininas, seminimas ou sincopes nas demas vozes $184 Sugestioe drgdes.. CComentrio dos exemplos de quints espécie, Exs 10 Exemplo 101 Vi. ACRESCIMO DE vozES “créscina de wma ou das $9 185-188 Sugestioe dieses dinette CComentrio dos exemplos com vozesacrescentadas, Exs 102 Exemplos 102-107. 2 aos exemplos dads em dua on tres woes Vil. OITAVA APLICACRO COMPOSICIONAL: CADENCIAS, MODULACOES £ REGIOES INTERMEDIARIAS SEM VOZES ‘ACRESCENTADAS 5 189-190, Sugeno dreds. Beets ar Comentii das adie modloges aqua vers, xs 108-108 Exemplos 108 z 199 190 191 196 196 198 204 204 207 212 213 218 217 217 218 BI 21 23 Vi NONA APLICAGAO COMPOSICIONAL: IMITACAO A QUATRO VCZES 191-192 Supetioedirydes : Cadre das iriagds quatro vous, Ex. 110-111 Eeemplos 110-111 APENDICE A (etcos eStore [APENDICE B (Composicdo contrpontistica, Conraponts na misica hon). PRrEFACIO 00 Epitor Este tratado teve origem nas aulas de contraponto iniciadas em 1936 € mi- nistradas por Schoenberg na Universidade da California, Nestas aulas, das quais tive a felicidade de participa, primeiro como aluno e posteriormente como assis- tente, Schoenberg forneceu iniimeros exemplos ilustrando todos os aspectos do contraponto, desde o mais simples tratamento por espécies até o prelidio coral ¢ ‘fuga, Alguns dos exemplos foram especificamente preparados antes dos en- ‘contros em sala de aula, mas muitos outros, de acordo com o costume pedagoxi- co usual de Schoenberg, foram imediatamente improvisados em classe a fim de ilustrar os t6picos essenciais Schoenberg sempre yostou de deserever seu método de trabalho em classe como um “procedimento sistematico”, isto ¢, tentar, uma por vez, cada solugao possivel. Na primeira espéele de edntraponto, por exemplo, ele metodicamente relaciona cada nota do cantus flemus a toda.gonsonancia possivel ~unissono, itava, quinta jusa, terga @ sexta, prosseyuindo, compasso apés compasso, en- quanto discute as vantayens ¢ defieiéneias de cada combinacao, A aplicagao des te procedimento pode ser vista em virias exemplificagdes deste texto: por exemplo, observe-se, sob 0 "Comentirio dos Exemplos de Primeira Espécie” (p. 30), os exs. [1 ¢ 12, 21 € 27. Tal procedimento nlo tem como objetivo, como em diver- 508 textos, a realizagho de wm ou dois modelos “exemplares” de acorfo com certas consideragdes estéicas ou estilisticas, mas a proposta mais pritica de encorajar © estudante a descobrir, por si proprio, cada solucdo ou consideragao possivel de um problema dado dentro de limites cada vez mais amplos. Em conseqiiéncia deste estudo exnustivo de todas as posibilidades, ha situagdes em que o estudan- te chega a um beco sem salda, ¢ tem de comegar tudo novamente, ou € forgado 1 descobrir, por sis, soluges engenhosas que, de outra forma, poderiam esca~ par & sua atenglo, A conseqiiéncia fundamental deste método é a aquisigao de uma disciplina que possibilite ao aluno analisar a fundo todas as questdes que venham a surgir e tomar posse de uma verdadetra técnica que the dé: condigdes de solucionara maioria delas. SSSISIFIFSFSASTSITFTIFILAAIFFFSEssasasas ‘Tal procediiento didatico 6, na realidade, conseqiéneia natural de cobras anteriores de Schoenberg, particularmente Harmoniclehre (Universal Edition, 1911; Edigdo inglesa, Theory of Harwony, Philosophical Library, 1948) fe Models for Beginners in Composition (G. Schirmer, Inc. 1942). Na primeira obra, Schoenberg examina todas as combinagies possiveis de acordes e prog s5es, seguindo, sistemitica e exaustivamente, até descobrir o que ¢ vidvel, 0 que mesmo, 0 que é categoricamente impossivel. Em Models for 0 de frases e sentengas & menos til Beginners, 0 autor desenvolve, aos poucos. a constr de dois, quatro € oito compassos a partir do material mais simples possivel ~ acor des arpejadas derivados de uma dnica harmenia ~, acrescentando, gravlualimen te, figuras de ornamentacdo, repetigao motivica ¢ variagdo, combinadas hharmonias substitutas e alteradas. Finalmente, por meio deste método analitico ¢ ‘cumulativo, sio crindos periodos e sentengas de oito compassos, formas tripart das, minuetos € scher=os Do mesmo modo, no presente livro de contraponto, Schoenberg guia 0 ali no passo a passe, dando-Ihe, tal como afirma em seu proprio Prefacio | (ver “Apéndice A"), “conselhos que, de forma mais ou menos estrita, iro modificar ‘se de acordo com 0 ponto de visia pedagézico”. Mais adiante, declara que 0 contraponio “nto seri considerado de modo algum uma teoria, mas um método de treinamento, cujo propésito principal serd o de ensinar o aluno de forma a Jo apto a utilizar posteriormente seu conhecimento quando compu. Em um primeiro passar de olhos do ecadémico ou do professor por este livro, parecer que o autor seguiu meramente a pratica de J. J. Fux, em seu Gradus ad Parnessum, na estrta aplicagio da técnica de espécies. Entretanto, ogo tomnar-se-i patente que entre ambos os livros existe apenas uma ténue rel. Gio, o primeiro forecendo, por assim dizer, um mero ponto de partida, pois Schoenberg vai, de maneira exemplar, muito alm da aplicago normal das esp cies. Primeiramente, 08 exemplos de Schoenberg fornecem muito mais questées fe situagSes do que as encontradas nos textor tridicionais baseados em Fux. Em segundo, as discussées e criticas sob a forma de comentdrias aparecem ao final de cada seca principal como um guia para que 0 proprio aluno examine, critique € aprimore seus exemplos; muitas vezes ineorporando alternativas para 0 aper- feigoamento de certas dificuldades. 1. fon uma outra rota em inglés a rexpeito lua parte tedica, Aqui, por enquario, x6 pili tie que Hormonilehre considera tanto 0+ axpesio (elon quan peticos. Em sua énfase testes limos, presente livroassemelha-ne mais wo Miele Meginners in Composition, 0 {ual contém uns grande quantidade de exemple pris WM praporgo ao total de expica entire est i Bl ory escreve: “Eu plane, ainda, siya par ensnar 0 aluno.” E verda- ‘Com relagio a0 contetido, os tratamentos adotados, quando ndo totalmente singulares a um tratado de contraponto, também divergem, em maior ow menor ‘gray, das prticas do contrapontg tradicional em espéeies. Quase todos os exeinplos esto apresentados somente nos modos maior € menor.? Além das cinco espe: cies tradicionais, Schoenberg também introduz exercicios sem cantus firmus Sob ‘© titulo “Aplicagaio Composicional”, em que sto incluidos cadéncias, modulagdes, imitagdes e efnones, a duas, ts e quatro vores. Seu tratamento singular do modo menor ¢ da modulagdo depende da neutralizagdo (ver “Contraponto Simples a Duas Vozes", Cap. VI, $§ 64 ss., © Cap. VIII, §§ 96 € ss.) procedimento que garante a estita progressio diatanica, evitando falses relagdes e cromatismo, ¢ presenta, a0 mesmo tempo e de forma inquestionave, 0 estabelecimento da to nalidade, Em outras palavras, os acidentes nfo sio aplicados de forma casual ¢ ‘meramente para evitar certos intervalos melédicos “errados” ~ como 0 tritono -, mas, em um sentido mais funcional, para distinguir uma tonalidade da utr.’ O conceito de regido, como uma ampliacdo da modulagdo, foi introduzido por Schoenberg, neste livro, em um momento posterior, apés ter aparecido tanto fem Models for Beginners in Composition (ver Glossirio, p. 14), quanto em Structural Functions of Harmony (Capitulo It), ém que é visto como uma de- rivagio do principio da monoronalidade. Neste contexto, a modulagdo deve ser cconsiderada em termos do movimento que vai para ou vem de vitias regides de uma Gnica tonalidade basica. Mais tarde, sio introduzidas, igualmente, as regi- es intermediérias (*Contraponto Simples a Trés Vozes", Cap. VIII); “Seu pro- pésito habitualmente enfatizar um contraste por meio de suas diferengas harménicas, Isto € obtido, utilizando-se as notas caracteristicas destas regibes, ‘um tanto como se fossem, elas priprias, tonalidades basicas.” (ver $§ 148 ¢s) ‘Seré logo observado que, a despeito de seus grandes desvios dos métodos estritos de Fux, este livro também tira proveito de duas importantes, virudes do _método em espécies: 1) a pritica em diferentes relagdes métricas, isto é, procedendo-se sistematica- ‘mente do contraponto nota contra nota as espécies mistas; ¢ 2. A consideragto de Schoenberg arespeito das modos em geal pode ser encntrada na nota de ‘adapé do comentirio § 58. Os Gnicos exemplos de modos ecesdstios ocorem entre osc ones no Ex. 88, embora ele também tena escrito muitasfugas que deveriam aparecer em um future volume. 3. Asplcaio esita da neuralizagdoocasona, reqlentement,difculdades em alguns dos exem- los; sto Schoenberg justfca pela necessidad pedagsica dos esto niciais do contrapon- fo. Ver particularmente, a explicagdo do § 143. Consideragdes anteriores a respeito d3 newtralizagéo podem se encontradas em Harmonielehre e Structural Functions of Harmony (Wiliams and Norgate, 1954. ‘Preficie do Editor +t 2) a expansdo gradual das possibilidades de tratamento das dissonincias. Den- tre estas ditimas, Schoenberg utiliza somente as que se atém rigidamente a Pritica clissica e as que denomina férmulas padronizadas (ver § 17): nota de passagem, nota de passagem acentuada, cambiata, suspensio e resolugdo interrompida da suspensdo. Dificilmente aparecem notas auxil ares, e outros tipos de dissonancias ocorrem to raramente que silo especiticamente men. ionadas no “Comentirio”, geralmente como a nica alternatva de uma si_ tuacdo impossivel. As dissonancias que Schoenberg perinite sic consideradas 0 suficiente para que se estude a fundo o tiatamenio da dissonincia dentro de certos limites, que podem ser, finalmente, amplisdos medida que se ad. quire uma maior compreensio de suas possiilidadten, Quanto aos assuntos melddicos, 0 aulor nil se desvin das priticas tradicio- nais provenientes do contraponto do séeuld dezeasels, em que certos saltos sao proscritos. Assim, nenhum tritono ou salvos aldm da quintajusta, exceto a oitava, sto permitidos, Além disto, sugere-se compensar 04 salios pela mudanca de di. rerfo, bem como evitar 08 saltos composlos, 0 que eorroborn com a pratica tra. dicional (ver § 7, “Conduglo Melddica das Voxes! Uma atengilo especial ¢ dada & endéncia em todo o'livro; ela ¢ primeira- mente tratada nas segdes dedicadas ao “Estabeleciinento da Tonalida- de" ($§ 10 € 11). Aqui aparece a dinica referénein 40 proce imento harménico, com a insisténcia de que somente a cadéncla auidntlea deve ser utlizada. Os Pontos de vista de Schoenberg sobre a cad8nola playal, como procuzindo mera. mente um “feito estilistico”, s4o apresentados no § 8 Como mencionado no inicio deste Preficio, a ydngye de Exercicios prelic ‘minares em contraponto repousa no trabalho pedaigioo que Schoenberg con- siderou necessério desenvolver com seus alunos americans que ilo tinham base Suficiente para o estudo avangado em teoria e composiglo, Patalolamente a este livro sobre contraponto, muitos outros foram iniciados por vol desta mesina época, ‘mas apenas dois, excluindo seus ensaios de Style and Idea, Veram a ser corn, Pletados: Models for Beginners in Composition e Structural Functions of Harmony. Os demais, tal como este sobre contraponto € Qulf0 A respelto dos Fundamentos da composi¢éo musical’, foram abandonados, em viriov ex tégios de finalizagao, com a morte de Schoenberg em 1951, 4 Philosophical Library, 1950, 5. Fundamentos da composigdo musical, Sio Paulo, Edusp, trad. Eduardo Seincman, 1991 & Pam lstagem completa das obras de Schoenberg, venicar Das Merk Arnold Sehbnbegs de Josef Rufer, Bireneiter-Verlag, Kassel, 1959 (aduzido para o inglés por Dika Newtn, bublicad pela Faber and Faber em 1962 como The Works af Amold Schoenberg -v eaolo _g1e ofhis compositions, wridngs and paintings) 12 + Exercicios preliminaresem controponto O livro sobre contraponto, aqui finalmente completado’, foi na verdade ini- iado em 1936 com o auxitio de Gerald Strang (compositor americano muito co nhecido e, atualmente,chefe do Departamento de Miisica da San Fernando Valley State College, ha Califérnia) © trabalho principal deslanchou em 1942, em meio 3 uma agenda lotada de composigaes, aulas,palestras eredagio de artigos. Quan. do quase um tergo do livro ja havia sido completado e, de certo modo, em sua forma definitive, seu progresso foi interrompido por uma grave doenga que aco- mmeteu Schoenberg em 1946. Logo apés, eu 0 ajudei a completar Structural Functions of Harmony e, entao, retomamos esporadicamente o trabatho sobre ontraponto de 1948 a 1950, um ano antes de sua morte. Por volta desta época, uase todos 0s exemplos ja haviam sido escritos por Schoenberg, mas 0 texto dos dos ergs fnais do livo era basicamente, um primeiro rascunho. Schoenberg Pediu especificamente ao presente redator que se responsabilizasse por colo car este livro, e também Structural Functions, nas maos do editor. 4 Os Exereicias preliminares em contraponto, a mim confiado, passou pe> las seguintes revisdes e redagies: q 1) Uma explicagdo dos itimos quatro capitulos do livro (*Contraponto simples a quatro vozes”) em que Schoenberg havia fomecido exemplos, mas nfo os tex. tos ou 0 “Comentirio”, Acréscimo de algumas pequenas ilustragdes a fim de ampliar o texto, Particularmente com relagdo ao tratamento das suspensées a trés vo. 2es ($§ 121 ess, €§§ 128 ess), em que certos passos intermediérios, cond. Zindo a um tratamento mais complexo, haviam, em minha opinido, sido omitidos. 3) Algumas ligeiras mudangas na ordem de apresentacdo, especialmente nas se« es sobre a modulago (*Duas vozes", Cap. VIII; “Trés vozes", Cap. Vil; “Quatro vozes”, Cap. Vil) e Por razdes de consisténcia, algumas alteragdes do conceito de motlilagdo ara 0 de regido, de acordo com a introduce de Schoenberg deste titimo coneeito em Models for Beginners in Composition © em Structural Functions of Harmony. 5) Pequenas corregdes usuais dos exemplos, a fim de adequé-los a0 procedi- mento pedagégico estrito defendido pelo autor, mas, as vezes, negligenciado Pelo “autor como compositor” (talvez outros tantos “erros” possam ter igual. | ‘mente eseapado — um desafio ao leitor arguto!). 2 4) Rafer relacions quatro datas diterentes em que Schoenberg trabalhou em um lvro de contra= Ponto 1911, 1926, 1936 e 1942 (ver. p, 123-125 em Dar Werk Arnold Schinbergs ego ingles, pp 138-136), Prefiio do Ealtor +13 RETF FSTTLAL Ess esseseeeseese 235338 6) Um certo nimero de corregdes gramaticais; embora, fosse uma pessoa es- cerevendo em uma lingua estrangeira adotada tardiamente em sua vida, € rtivel nio apenas como era “correto” 0 inglés de Schoenberg, mas 0 qua0 surpreendente e particular tomou:se seu estilo literio neste idioma (para ps terior confirmacio, verificar seus ensaios em Style ad Idea). E-ym estilo igeralmente condensado, mas sempre claro e vivido. Onde ocorrem invers ha ordem das palavras, procuro sempre preservar 0 toque pessoal da eserita de Schoenberg em vez de tentar melhorar © que alguns pedantes poderiam considerar um estilo “tosco”. Finalmente, deve ser mencionado que Exercicias preliminares, por seu pré- prio titulo, sugere que 0 autor desejava escrever livros adicionais sobre este as- sunto. Esta pretensio veio @ luz por meio de certas declaragdes, escritas por Schoenberg, relativas 2o materiala ser incluido nos volumes subseqiientes." Ele havia coletado, para estes volumes, uma quantidace consideravel de material, a ‘guns dos quais utilizou em suas classes avancadas de contraponto, incluindo exer plos simples e complexos de prelidio coral, entteponto duplo ¢ fuga. Estes itens Seriam, aparentemente, uilizados em um segunde volume, a0 passo que ui tet ceiro itia tratar do contraponto na composigéo de Bach a Schoenberg, com én fase especial na composigdo homofénica. Alm disto, Schoenberg compés muitos ‘cinones complexos ¢ fascinantes, que se espera possam algum dia tornar-sc dis- poniveis como 0 testémento de um grande contrapontista e professor, € como tima inspiragdo adicional ao aluno de masica a quem se dirigiu quando escreveu “Treinar a mente do estudante, dar-Ihe a posse deste senso de forma e equilibrio ‘e uma compreensao da Idgica musical ~ este é propésito principal deste atual estudo."” Meu reconhecimento e agradecimento dever-se a Giles de la Mare e Donald Mitchell pelo auxitio na preparagao desta obra para a publicagio. Leonard Stein, 1961 I Vartioar,partcularmente, uma carta sobre este assuntoenderecada por Schoenber 0 146, A Josef Rufer e reproduzida em Das Werk Arnold SchBnbergs, de Josef Rufer, pp. 124-128 {tiie inglesa, p 136), Certos mateias relativos acs conteddos destes volumes iealizados nbd ero enoruridos no “Apéndice B” do presente ivr (p. 245) fe rorinp@ do §17, pp 39-40 Parre I COntRAPONTO SimpLes 4 Duas Vozes As Cinco Esrécts 8m Mator I Primetra Espécie ‘08 superior ow inferior a uma vos dada, ws firmus (CE), que neste livro consisint sempre de senibreves AWORAS & SUGESTAo: INTERVALOS, CONSONANCIAS t DISSONANCIAS § 1. Para cada note do ewntu Arms (CF) dev Consonante, © werdselnio de ne dugio con er actescentada uma nota H ONROHANIO H6 serd restringido quando a.con- $2. As seguintes rolagden snire duns notas si ‘onsondncias (ou intervalos con- sonantes), 10) 1 UNION WW tala do ur itervato, porque ambas as vozes Canta Ou LOGAN & WeHMA Hoty HAVA = qiler ncima, quer abaixo de uma nota: s uma nota: ‘¢,portanto, nido a quinta diminuta (-5*) que ¢ uma dissonancia Ss mento da dissonincin seri discutido posteriormente. As sequintes relagdes entre duas notas sao dissondncias: (a) 24,a segunda ~ quer acima, quer abaixo de uma nota: Fe | (b) 7a sétima — quer acima, quer abaixo de uma nota nota (a nona (6) 9a nona~ quer acima, quer abaixo de ws de, uma segunda mais uma oitava) Set! 1. Inglis, 0 intervalos “justo MCSCSSOTSHLULAT STE T Lee esssauasaaace shsdeameniat ee (o) 54 a quinta ~ que deve ser justa' ~ quer acima, quer abaixo de (4) 3%,aterga ~maior ou menor, quer acima, quer abaixo de una nots (c) 64, sexta maior ou menor, quer acima, quer abaixo de uma nota i a issonante deve ser usado, O trata {§ 3. Na primeira espécie, nenhum intervalo di ct so denominadosintervalos “perfeios".(N. do T) (@) 4, a quanta ~ quer acima, quer abaixo de uma nota (a quarta é uma consoniincia imperfeita'?, mas a duas vores deve ser considerada etratada como dissondncia ‘ Say (e) a quarta aumentada (+4) ¢ sua inversio, a quinta diminuta (-5*) ~ intervalos que aparecem na escala maior entre 0 IV e Vil graus' ¢ vice #: é 4B D quaisquer outros intervalos diminutos ou aumentados que possam apa- recer posteriormente, tais como os da escala menor. Note-se que todos estes intervalos,& exceedo dos unissonas ¢ oitavas, quan- 40 estio abaixo usam notas diferentes das que utilzam quando estio acima de luma nota, Uma quinta acima de dé é sol, mas uma quinta abaixo ¢e dé é fi: € tuma terga acima de dé é mi, a0 passo que uma tera abaixo de dé él etc. § 4. Cada intervalo retém sua qualiticagao de consonincia ou disscndncia, res- pectivamente, mesmo que seja ampliado para uma ou mais oitavas: 2 Ou seja, ésomenteconsondncia sob certas contigs. 3.__Em ger, considera-s a quarta um intervalo justo, mas Schoenberg quer efi, qui fto dea quarta usta ser, no contexto conrapontistico, um interval dssonente,praciatmente a duns vores. (N. da T) 4. Prefer nest context, para maior clareza, iliza “grau” em vex de “nots” (N. da.) ‘AS VOZES E AS CLAVES Estas claves e suas relagdes mituas silo mostradas no seguinte diagrama: Clave de sot § 5. O aluno ird escrever seus exercicios para vozes, € 0 fark nas claves anti £8052 AS vozes que utilizard slo as mesmas que as usadas nos atuais coros mis tos: soprano, contralto, tenor e baixo Soprano 5. Os exericios cntrapontisticos foram escrito, durante séculos sob forma tradicional ~a dos ‘compositores do passado Signiicativamente, sts claves ~ sol, dé e f3 est relacionadas ‘entre sido mesmo modo que uma ticae sus dominante e subomin Convio ‘Todas estas claves eram méves, isto & podiam ser poscionadas em diferots linhas ou mes mo entre dus inhas “Muitas desta poses tomaram-se absoletas. Nos séculoe XVIII e XIX, excetuandose as claves desl sme as cles de soprano, Fee con EE Pr ror, SEIEEI aom encontadan Meas on or as partituras vocts de Brahms, e mesmo Wagner uiliza as claves de tenor econrao pars sols coro. Do mesmo modo, a clave de tenor és E absolutamenie evidente que se pode hoje em dia esreverexericis contrapontisicos nas em sie da tuba em si etambim ail claves voesis de sole def, tanto parainstrumentos ~ por exemplo, uma comvnag3o de vor ‘ nto, una otava abso: as ou insrumentos de sopro, ou mesmo piano -, quanto para vores. Mas, nets tata, 9 costume de eserever para vores somente nas claves de de def, € manta ~ no somente ‘Porque sejatraicional, was por dua abe dcisivas: methant b transpongho so lain ia leitura do clavinae om ah ¢ nee bax, da trompa rompete em sis que, (1) eseever para vores reduz 0 nimero de eros que um iniciante ik cometer. A extensdo das {quatro vozesacima mencionadas compreende uma menor quantdade de notas do que a raio a das combinapdes instruments pemitra. Menor a quanidade de notss, menor & quant dade de noaservadas.Além do mais, é mas fic ensinar um iiciante aexcrever de moancina. | ‘ceitéve para vozes do que para instrumentos. Mesmo escrevendo para piano, pode sr dil «il manera parts dentro do aleance das duas mos, Mas, para escreveradequadamente para ‘utros instrumentos, requer-¢ um confecimento de suns téenicas, de suas extenades indivi

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