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ATECNCA DE EM CRIANCAS PERFIL PSICOLOGICO DA CRIANCA DOS SETE AOS QUATORZE ANOS ISABEL ADRADOS ISABEL ADRADOS ve - A TECNICA DE RORSCHACH * . EM CRIANCAS Perfil psicolégico da crianga dos sete aos quatorze anos aferta Giersetti Barres Paicologia Infantil 3. ‘Teste de Rorschach 1. Ti {lo Tie tao: Pert Prcolgco an eriangs dos cop — 185 200 © 1985, Editora Vozes Ltda. Rua Frei Luis, 100 25600 Petropolis, RJ Brasil Diagramagio Claudia Machado SUMARIO ARERRRRE er va CO Seamed + Introdugéo, 7 tr PARTE 1 “ Cepitwo 1 — Fundementasto teérice dos dados, 1 Sac P'Necessiade ‘de noviho e ‘atnitngao ‘dos sade relativos. 4 paiganall Aid ifonl considerada “normal 11, 2, Gritérlos seguldos © teonicas estatsticas utiizadas, 13a). Capttulo 11 — Dados atuatieados sobre a percepcdo ou tipo de exfogne,.16 1, Respostas globais (G), 17 2. Respostas Ge detalbe grande (D), 18 3. Respostas de pequenos detalnes (bd), 19 44, Respostas de ‘espago em branco (S), 20 Co Capitulo 111 — Tipo de vivéncia ow formula vivencial nas 1. Alteragoes_significativas no tipo de vivéncia nos ultimas ‘2 2! Anilise dessas mudanges, 25 r 8 Rormula de Klopter, 2 4 Pereentagem de respostas das trés ultimas pranchas, 26 5 ‘A Experiéncia Atual e a Experiéncia Potenclal, 27 Ceptulo IV — A aletedade ne cranes, 22 Proceso de amadurecimento atetivo, 29 2. Grau de establidade emocional, 29 4. Mecanismos de controle, 30 3.1. Controle intelectual, 30 3.2. Controle interno, 32 x 33. Controle externo, 32 Capitulo V — Estruturacdo do ego, 36 1 Organizagio desenvolvimento’ da personalidade, 2) Varidvols da tentea de Rorschach Telacionadas 2.1. Tipo de percepeio, 36 2.2 Fator M, respostas cinestésicas, mimero 2.3. Pator Fy *%, 38 Capltwlo VI — Grau de permissividade ou rigides do superego, 40 Patorea da Técnica de Rorschach relacionados com o superego, 40 Capitulo VII — Avaliagdo da ansiedade nas criancas, 43 T. Nivel de ansiedade nas varias fates de idade, 44 2 Verificagho dos contetdos districos da ansiedade 45 Capitulo VIII — Grau de coeréncla entre a Técnica de Rorschach e ax Matrizes Progressivas na avaliagdo da inteligéncia nas criancas, 4 Capitulo 1X — A significancia das diferencas, 50 Y, Diferengas significativas encontradas entre 05. sex0s, 50 Em relagio & percepeio, 50 Em relago sos determinantes, 51 Em relaglo As respostas de movimento humano, 52 [Em relagho & percepgao de animals em movimento, 62 Em relagio ao movimento de objetos inanimados, 52 Em relagio ‘ Em relagio Em relagio bs respostas vulgares, 58 2, Diferengas.significalivas encontradas entre as faixas etérias, 54 Numero de respostas (R), 54 Determinantes, "55 Ansiedade, 57 Controle geral, 58 PARTE 11 Protocolos de ambos os sez0s dos sete aos quatorze anos, 81 Bibtografia Cltada, 129 Biblograyia Recomendada, 131 INTRODUCAO Este livro esté fundamentado em pesquisa planejada e coordenada por mim no ISOP da Fundagdo Getulio Vargas, no Centro de Estudos de Testes e Pesquisas Psicométricas, sob a supervisio do entéo chefe do referido Centro Dr. Francisco Campos. Dessa forma, a maior parte dos dados referentes & teoria do livro diz respeito a essa pesquisa. A parte pritica deste manual, assim como os 14.000 contetidos, alfabeticamente organizados num atlas, perten- cem também a essa investigacao. © objetivo fundamental do livro é oferecer dados con- fiéveis e nossos, isto é, baseados numa amostra brasileira, para determinar o perfil psicoldgico de criancas numa faixa de idade compreendida entre sete e quatorze anos. Para atingir esse objetivo, utilizamos uma técnica de personalidade universalmente aceita, pois baseada na per- cepgdo e comunicacao verbal elementar; trata-se da Técnica de Rorschach. Essa técnica ou método de investigagio da personalidade tem-se mostrado, desde sua criagdo em 1921, eficiente e sensivel para a compreensio da dinamica do psiquismo humano. ‘Muitas pesquisas jé se realizaram com o Rorschach durante os tltimos 60 anos com o intuito de validar e aperfeigoar, cada vez mais, o instrumento. Nessas inves- 1 lll tigagdes podemos constatar que, embora o método seja extensivo a individuos dos mais’ diversos paises e idades, diferencas culturais determinam que certos aspectos da personalidade diferem de pais para pais, de cultura para cultura. Assim, as normas estabelecidas’ por especialistas europeus na Técnica de Rorschach para suas criangas nao sio absolutamente adequadas para as nossas. Da mesma forma, quando nossos especialistas, psiclogos, pedagogos e professores recorrem a esses estudos de outros paises, e os utilizam a titulo de esquema referencial, estio se expon- do a tirar conclusées falsas. Mesmo em nosso pais, pelo fato de ter dimensées con tinentais, as caracteristicas de personalidade, vilidas para uma determinada regido, nado podem ser extensivas ao res- to da populacio brasileira. A comunicagéo que fiz no III Congresso Interameri- cano de Rorschach: Processo de Aculturacdo, estudo com- parativo da personalidade infantil carioca e paulista (2), coloca em evidéncia que o processo de aculturagao pode determinar caracteristicas de personalidade bem diferentes em criangas da mesma faixa etdria, sexo e nivel cultural. Embora fossem estudadas apenas quatro varidveis: percep: Ao, tipo vivencial, maturidade afetiva e controle, todas elas apresentam diferencas estatisticamente significativas, sendo que “o grau de controle” foi altamente significante. Assim sendo, neste livro pretendemos levantar o per- fil psicolégico de nossa populacéo infantil considerada “normal” e ilustrar esses dados com casuistica extraida dessa amostra. PARTE I CAPITULO I Fundamentagao tedrica dos dados 1, Necessidade de revisio e atualizagio dos dados relatives & personalidade infantil considerada “norm: Desde que a Técnica de Rorschach 6 essencialmente pro- jetiva, quando a ela submetida, no caso, uma crianga ou préadolescente, 0 esperado é que perante essa situagéo, completamente nova e desestruturada, manifestem seus sentimentos, emogdes, atitude vivencial, enfim as suas caracteristicas basicas de personalidade, tanto a nivel peri- férico ou superficial, como subjacente. Os dados que pretendemos apresentar em capitulos sucessivos podem considerar-se como normativos pois que 0s critérios seguidos na escolha da amostra e as medidas tomadas durante as sucessivas fases da pesquisa foram adequadas de forma a permitir conclusées vilidas e pas- siveis de serem comparadas com outros grupos humanos. A Técnica de Rorschach, conforme ja foi demonstrado na farta bibliografia sobre o assunto, é apta para revelar, nfo apenas aquelas caracteristicas de personalidade cons- cientes e observaveis no comportamento, como também as menos aceitas, mais reprimidas e inconscientes; dessa forma, podemos considerar que os dados colhidos mediante a ‘Técnica de Rorschach serdo preditores do comportamento e esclarecedores da dinamica de personalidade. w Outros trabalhos ja foram realizados no Brasil com amostras relativas a outros estados: assim a pesquisa de Margarida Hofmann Windholz (3), em So Paulo, & qual nos referiamos na Introdugdo, ao falarmos sobre as influ- éncias culturais na formagéo da personalidade. Citamos esses trabalhos na bibliografia, contudo, pou- cos podem ser considerados como normativos ou pela escas- sa representatividade da amostra, ou por néo resistirem seus procedimentos ao rigor cientifico que exige uma pesquisa. Este manual tem como finalidade principal preencher a lacuna existente em relagdo a trabalhos atualizados sobre © assunto de forma a dispor de dados organizados, con- fidveis e que possam servir de marco de referéncia para os psicdlogos que trabalham em psicodiagndstico e em outras reas relacionadas com a psicologia da infancia. Até agora esses especialistas, quando trabalham com a Técnica de Rorschach em criangas, costumam ter em mente o perfil psicolégico esperado em relagdo a idade e, a partir desse perfil, tentam estabelecer conclusdes apés comparé-lo com © resultado da Técnica de Rorschach. As discrepancias ou coincidéncias levam a conclusdes, a maior parte das vezes, hipotéticas. Com este manual pretendemos oferecer dados objeti- vos extraidos de uma amostra representativa da Guanabara. Essa amostra ficou constituida por 700 criancas com idades compreendidas entre sete e quatorze anos, 100 para cada idade e 50 de cada sexo. Tratando-se de técnica a ser apli- cada individuaimente, 0 universo ndo poderia estar repre- sentado por uma amostra muito grande, todavia, tendo por ‘objetivo obter um trabalho normativo, foi decidido que o controle cientifico fosse 0 mais rigoroso possivel. Foram sorteadas as escolas publicas e particulares e, uma vez em poder das listas dos alunos, foi caracterizado o trabalho dentro do esquema de uma amostra polietépica. Como o proprio nome sugere, 0 processo foi executado por etapas oferecendo algumas vantagens, no sendo necesséria, por exemplo, a utilizagdo de um cadastro minucioso, atualizado e completo; outra vantagem foi a subdiviséo ou estratifica- géo das Unidades Primérias e ainda menor custo econd- 12 mico. Na segunda etapa foi dada atengio as caracteristicas exigidas para a estratificagio, ou seja, a formagio de‘gra- pos heterogéneos entre si e homogéneos dentro de si. Pirial- mente, na wltima etapa, foram seguidos critérios rigoz0sos na selegao das Unidades Finais, elaborado 0 cadastro:,cor- reto das turmas dos colégios sorteados e selecionados aleatoriamente os alunos que integram cada amostra. AL ogigse ict 2, Critérios seguidos e técnicas estatisticas utilizedas*rb\( Os critérios referentes a aplicacio e principalmetite” a: inquérito foram uniformizados. AS pessoas que partici dessa fase foram treinadas durante um més © regeberam por escrito as instrugdes a serem seguidas. Além da Técnica de Rorschach foi aplicado um questionério e as Matrizes Progressivas de Raven. . © questionério teve por finalidade colher certos' daWos' da crianga relativos & sua disposi¢éo e estado emocional durante 0 exame, situéla, pela ordem de nascimepto no, lugar que ocupa na familia e, quando o nivel de maturi- dade do examinando assim o permitir, obter informag6es, sobre © nivel cultural, social e econdmico dos pais.asso. 0% © Teste de Raven possibilitou o afastamento de"qilal- quer duivida quanto & inteligéncia das criangas qué: const: tufram a amostra, tornando possivel os estudos posteriotes' de comparacdo entre os fatores representativos daridiitell? géncia no Rorschach e as Matrizes Progressivas, usr © critério seguido na avaliagéo dos Protocol F questo de coeréneia, foi 0 mesmo por nés estabelecidd no manual Teoria e Prdtica do Teste de Rorschach (4) Ho livro Adolescéncia Normal e Patolégica. Esse critério & ém- pregado também por Ginsberg, Ketzenstein, Quintela e outros. a Nas respostas alternativas, quando persistiu a pe1 » dupla, codificamos duas respostas, caso contrario, umas6. Na descricdo das partes de um todo, quando feita’ éomio uma comnlementac&o da resposta, ou vice versa, como: tima enume: ..» das partes para chegar a um todo, 0 “sitibélo' atribuido toi G. nf RAWIIDG 13 as respostas da prancha III, referidas a “ fazendo alguma coisa", foram também como G. tas que apareceram no inquérito foram consi- 10 adicionais e nao constaram do cOmputo geral. o> ‘atribuido mais de um determinante quando na per- ‘tmediata e no inquérito constatamos que na inter- P houve influéncia direta de mais de um elemento arasgus'elaboracéo scm predominio evidente de um deles. “Como térmulas complementares foram usadas apenas ot? Ht+IX+X x 100 Esta formula fol aplicada vi- sando estabelecer a comparagio py entre a percentagem obtida na a formula vivencial de Rorschach, M + C; a fina- era estabelecer o grau de coeréncia entre as endéncias e o tipo de ressonaincia adotado. waves m+ Fe +c+C’ Esta formula no foi considera- da como férmula vivencial de Pariser, © lado esquerdo foi por nés interpreta- ‘sendo os recursos introversivos da crianca, as @ energia desorganizada que poderé vir a trans- nem M, desde que as condigdes internas e as cir- externas assim o permitam. O lado direito da foi interpretado como mecanismos adaptativos de rsivo envolvendo ansiedade e tendo cardter ‘Quanto ao F + %, seguiu a tabulagéo organizada de adultos. Tratandose de respostas sui generis, repetidas, sistematicamente, pela amostra, ficou ‘que a determinacio da qualidade dessas respos- bem ou mal vistas seria decidida por um “grupo de. julgamento” formado por criancas pertencentes as mes- \escolas da amostra, consideradas “normais” pelas res- ivas professoras e com rendimento escolar comprova- 14 damente satisfatorio. © mimero de criancas que participa- ram no “reconhecimento” foi de seis para cada faixa de idade, trés de cada sexo, duas procedentes de colégio par- ticular e quatro de colégio publico. Cada crianca foi questionada sobre as respostas vulga- res das pranchas I, III, VIII e X. Tendo havido interpre- tacdo satisfatéria das mesmas, 0 psicdlogo iniciou 0 pro: cesso_de julgamento dos perceptos duvidosos a serem classificados, O mimero de respostas submetidas & aprecia- 0 das criancas em cada sesso oscilou entre 20 € 30, de- pendendo do ‘interesse e da resisténcia de cada caso em particular. ‘Uma vez julgados os perceptos duvidosos, receberam a classificagio de bem-vistos (+), malvistos (—), ou mais ou menos bem-vistos, considerando-se o niimero de criancas que conseguiu percebé-los. Quanto ao F + % foi calculado pela formula (P+) + (F +) x 100 R sendo que para a classificagio =: foi atribufdo meio ponto. © F + % extenso diz respeito niio apenas as respostas puramente formais como também a todas as outras percep- ‘g6es que levam implicitamente forma. Os resultados das Matrizes Progressivas foram organi- zados quanto ao mimero de pontos e calculados os percen- tis correspondentes a cada faixa etéria. Quanto & Técnica de Rorschach para andlise das cate- gorias, utilizamos percentagem de uso, médias e desvios- padrao, percentis (mediana, quartis superior e inferior, primeiro e nono decis). Achamos necessério completar os dados estatisticos calculando os percentis, pois tratando-se de medidas cumu- lativas no afetadas pelos valores extremos, nos informam sobre 0s comportamentos dos fendmenos estudados espe- cialmente para andlise de protocolos individuais. Testamos a significagio das diferengas entre os grupos. Para cada idade empregamos o “F” de Fischer comparan- do as variincias do grupo masculino e feminino. 15 CAPITULO II Dados atualizados sobre a percepgdo ou tipo de enfoque Um dos aspectos fundamentais da personalidade da crian- ¢a 6 0 Tipo de Percepcio, também é um dos mais confiaveis e objetivos. Esse aspecto pode ser amplamente estudado mediante a Técnica de Rorschach. A percepgao esta relacionada com a personalidade e com a inteligéncia e néo apenas com 0 nivel mais ou menos elevado da mesma, como também com seu tipo especial. Isto 6, existem pessoas muito bem-dotadas intelectualmente mas com tipo de inteligéncia predominantemente pratico. Outras tem maior facilidade para captar os aspectos globais conseguem ser mais eficientes em tarefas que envolvem dificuldade em relacéo a abstracao e sintese e, finalmente, existem os detalhistas muito preocupados com coisas mi- nimas, as vezes importantes, as vezes irrelevantes. Por sua vez, e de acordo com a proporgao que a per- cepcio mantenha com outros elementos da Técnica de Rorschach, poderemos obter dados relativos & personalidade. © significado atribuido a essas combinagées, em prin- cipio, € praticamente 0 mesmo que o dos adultos (ver inter-relagéo dos componentes, p. 117 do manual Teoria e Prdtica do Teste de Rorschach da nossa autoria). As mudangas experimentadas no tipo de percepgdo em fungaio da idade sao registradas pela Técnica de Rorschach como poderemos verificar a seguir. 16 1. Respost as globais (G) As respostas tipo G dizem respeito a tolalidade da pran- cha, quer dizer, ela é percebida no seu conjunto. Em geral, a primeira resposta as laminas no colori- das costuma ser global, contudo, existem diversos tipos de respostas globais, desde as globais primérias, sem qual- quer tipo de elaboracio, até as mais sofisticadas, simul- taneo-combinatérias e| sucessivo-combinatérias. ‘Tentaremos referir-nos, em primeiro lugar, & pereen- tagem desse tipo de respostas, como se apresenta em, am- bos os sexos e em cada faixa etdria, segundo os dados’ obti- dos pelas criancas dos sete aos quatorze anos. Podemos observar na tabela n. 1 que a percentagem média de respostas globais do sexo masculino oscila_entra 31 a 43%. A amostra do sexo feminino registra média l- geiramente inferior, entre 26 e 38%. ‘As percentagens mais elevadas encontram-se, justamen- te, entre as criangas mais novas, porém, a qualidade des- sas respostas reflete um. _lobalizagio primdria sem qual- quer tipo de elaboragéo evidenciando impaciéncia e por vezes tendéncia a confabular, néo sendo dificil encontrar, nas primeiras faixas de idade, respostas DG. Por outro lado, podemos observar na tabela n. 2 que, na medida em que aumenta a idade, aumentam, paralelamente, as respos- tas simultaneo-combinatorias que refletem melhor e maior capacidade de abstragéo € de sintese, preferéncia pelas: for- mas abstratas do pensamento, capacidade logica e constru- tiva. Elas sao, enfim, expressao de um dos mais valiosos componentes da inteligéncia. Neste aspecto como nos res- tantes da Técnica de Rorschach, 0 valor atribufdo a esse tipo de percepcao vai depender, principalmente, dos outros dados da personalidade de maneira especial dos qualita- tivos. Assim, por exemplo, 0 nivel formal (F + ¢ F + exten- 80), 0 ntimero e qualidade de respostas de movimento humano, (M) e a cor, para citar apenas os mais atuantes. ° Na tabela n. 2. podemos observar o comportamento das globais secundarias em relagdo com as respostas de movi- mento humano e as de forma bem-vistas. Na medida em que © ego se organiza e fortifica, aumentam as, globais secundarias. Ge Ww 2. Respostas de detalhe grande (D) Esse tipo de respostas diz respeito a areas geralmente gran- des e que correspondem a uma parte da mancha freqtien- temente interpretada. As criancas das primeiras faixas etarias conseguem chegar as respostas D por combinacdes elementares, por justaposigées, fruto da sua fantasia; quan- do a crianga consegue fragmentar a totalidade da mancha, © faz, inicialmente, de maneira vaga e confusa refletindo assim suas dificuldades operatorias. Qualitativamente as respostas D comegam a melhorar Justamente a partir da primeira faixa etaria desta amostra, isto 6, os sete anos. A orientacao vital da crianca a partir dessa idade comeca a ser mais pratica, melhor ajustada & realidade, com objetivos mais concretos e melhor delimi- tados. Essa orientacéo possibilita contatos mais consisten- tes com os outros, de tal forma que os primeiros sinais de afetividade integrada comecam a surgir. Assim como determinadas pranchas estimulam a per- cepgio de respostas globais, outras foram explicitamente selecionadas por seu autor para pesquisar a capacidade analitica. Isto é particularmente verdadeiro em relacéo & lamina X. A percentagem usual destas respostas em relago ‘ao niimero total de percepgdes de um protocolo oscila em torno de 45 a 55%. Em relacdo as criancas, 0 que podemos verificar, exa- minando a tabela n. 3, é que as médias variam entre 48,18 aos sete anos e 54,47 a0s nove; permanece essa percenta- gem aos dez para, a partir dos onze, observarmos um ligel- To deeréscimo dessa percentagem, 0 que evidencia uma leve queda do ajustamento aos aspectos priticos com 0 inicio da prépuberdade, que vai se acentuando com a proximida- de da adolescéncia. Em relagao ao sexo, 0 que podemos observar, é que 0 senso pritico (significado biisico atribuido a D) € mais acentuado nas meninas dos sete aos quatorze anos. A percentagem de uso revela que, praticamente, todas as criangas conseguiram elaborar, no minimo, uma respos- ta D (94 a 100). Essa percentagem junto ao F + % corres- 18 pondente nos informa sobre a firmeza do senso de rea. lidade e do ajustamento a essa realidade, fiel medida da capacidade da crianga para perceber 0 dbvio. Aos poucos, durante 0 processo de desenvolvimento, a crianga vai con- seguindo substituir a percepgio geral difusa por uma ané- lise mais criteriosa dos varios elementos da prancha. O uso correto do pensamento analitico favorece a integragao fragmentada do mundo num todo harmonioso possibilitan- doa fungao sintetizadora correta. Essa fungao permite, inclusive, que as globalizacdes deixem progressivamente de ser superficiais e apressadas para surgirem as respostas globais secundarias que obedecem a um processo de integri 40 mais maduro. Enfim, conforme aumenta a idade, as D elevam o nivel qualitativo, e os diversos grupos etdrios atingem, pouco a pouco, 0 estdgio de andlise logica. # preciso salientar que as meninas apresentam percen- tagens mais elevadas em todas as idades, 0 que também acontece em pesquisas feitas por outros sistematizadores, inclusive no Brasil, como no trabalho realizado por M. Hofmann (3), contudo, quando examinamos os resultados obtidos por essa pesquisadora em S. Paulo, em relacéo aos da Guanabara, verificamos que as médias dos perceptos D sio inferiores nas criangas do Rio; parece existir uma ten- déncia destas criangas a se preocuparem com pequenos detalhes, coisas triviais em detrimento de uma melhor inte- gragio & realidade. Entretanto, os resultados apresentados encontram-se na faixa considerada “normal” inclusive nas tabelas dos adultos. 3. Respostas de pequenos detalhes (Dd) Essas percepgdes dizem respeito a dreas das manchas per- cebidas com menos freqiiéncia. Nas criancas constatamos um nivel diferente de perceptos Dd, nivel qualitativo, que vai dos perceptos mais primitivos e até confabulados até aqueles apresentados a partir dos dez ou onze anos com qualidade formal a nivel légico semelhante ao dos adultos. 19 ~~ A amostra por nds estudada, que constitu’ a fundamen tagao estatistica da parte tedrica do manual, apresentou um mimero tio alto de respostas de pequeno detalhe ori- ginais, que foi preciso estabelecer um “grupo de julgamen- to” sorteado entre as préprias criangas para classificar como positivas ou negativas 0 maior mimero possivel deste tipo de respostas. A percentagem média mais baixa de Dd foi encontrada nas primeiras faixas etdrias, 11.18, sendo a mais alta a encontrada aos 12 anos, 16.26, tinico grupo em que o sexo feminino apresentou maior interesse pelos pequenos deta- Ihes do que 0 masculino. Os meninos parecem preocupar- se mais com os pequenos detalhes. As criangas das primeiras faixas etdrias apresentaram detalhes relativos a pequenas saliéncias, chamados na no- menclatura de Klopfer, De, detalhes externos. Conforme a idade aumenta, a qualidade formal e 0 nivel de organiza- do também melhoram. De modo geral, 0 nivel de produ- tividade e eficiéncia relativo ao rendimento intelectual foi precdrio refletindo angustia e inseguranca em relagio ao estimulo, Contudo, podemos observar que as_percepgdes relativas a pequenos detalhes das manchas evoluem com a idade de tal forma que as percepcOes primédrias e descri tivas sucedem, aos poucos, outras de nivel perceptivo mais 16gico e, ao mesmo tempo, original, evidenciando melhor € mais paciente capacidade de observagdo nas tltimas faixas etdrias. Em relagio aos dados quantitativos, podemos observar a tabela n. 4. 4, Respostas de espaco em branco (S) Esses perceptos fazem referéncia aos espagos brancos das pranchas que podem ser apreciados no meio de dreas acin- zentadas, de cor, ou simplesmente podem constituir o ele- mento essencial da tesposta, como acontece no branco cen- tral da prancha VIT. Podemos encontrar os espagos em branco incorporados a totalidade da prancha constituindo uma percepgdo Gs, ou podem acompanhar dreas conside 20 radas detathes grandes ou pequenos. Em virtude da escas- sa freqiiéneia com que aparecem as respostas Ds, isto 6, detalhe grande com espaco em branco, elas sio computa- das neste manual junto com as Dd. O significado desses perceptos em criancas é 0 mesmo que 0 atribuido aos adul- tos, implica em tendéncias oposicionistas que serio canali- zadas na diregao do ambiente, ou do ego, de acordo com a posicdo vivencial da crianga. As criangas, sendo muito 1é- beis em relagio a seu tipo de vivéncia, ora agridem, ora desenvolvem forte sentimento de culpa. Como podemos observar na tabela n. 5, a percenta- gem de respostas de espago em branco nas nossas criangas 6 elevada, sendo que, a semelhanga do que ocorre com outras amostras nacionais e estrangeiras, 0 oposicionismo manifesto pelo sexo masculino é mais intenso que o femi- nino nas varias faixas etdrias estudadas. Levando em consideragao que a maior parte da amos- tra apresenta formula vivencial coartada ou coartativa, esse oposicionismo ¢ dirigido contra a propria consciéneia, Dloqueando a livre expansfio da personalidade infantil, espe- cialmente da agressividade e dos impulsos e procurando adaptar-se as exigéncias ambientais. Desde que no seu nivel de expectativa essas exigéncias raramente sio satisfeitas, grande parte da oposicao é canalizada na sua propria dire ‘Gio, isto é, na diregdo do seu ego em forma de tragos auto: punitivos. mas 21 CAPITULO III Tipo de vivéncia ou f6rmula vivencial nas criangas 1, Alteragdes significativas no tipo de vivéncia nos iltimos tempos Embora a f6rmula vivencial seja um dos aspectos mais importantes da personalidade ao qual temos acesso median- te a Técnica de Rorschach, nio é dos mais permanentes ou estéveis. O proprio autor do método, no seu Psycho- diagnostic (p. 97), afirma: “No transcurso da vida muda- mos a {6rmula vivencial nas fases consideradas modula- res no desenvolvimento humano. A crianga até aproxima- damente os cinco anos se apresenta como ambigual. Na época da laténcia surge uma fase de coartagio para, mais tarde, na puberdade, transformar-se em ambigual. Durante a juventude aparecem os tipos introvertidos e extroversi- vos, havendo marcante tendéncia a introversio por volta dos 30 anos. De novo encontrariamos uma diversificagao na escolha da posicéo vivencial para tornar a encontrar, anos mais tarde, tendéncia a introversio no periodo que vai dos 50 aos 55 anos. A partir dos 60, trés caminhos diferentes se abrem: 1) a coartagdo progressa lentamente até tornar-se absoluta; 2) a coartacdo se instala rapidamen- te, como acontece na arteriosclerose; 3) a extroversio se acentua até atingir o tipo extroversivo egocéntrico que, even- tualmente, pode terminar na deméncia senil”. 22 2, Andlise dessas mudancas Como afirmamos no relato que apresentamos no IV Con- gresso Latino-Americano de Rorschach, em Rosario, as mudangas sugeridas sio muitas e acontecem nfo sé na dimensio longitudinal do desenvolvimento humano, como também durante 0 transcurso dos anos. No meu conceito, as diversas posicdes existenciais refletem nfo apenas as transformag6es e 08 conflitos internos que 0 individuo en- frenta ao longo da vida como também a forma que conse- gue encontrar para adaptar-se ao ambiente no qual se en- contra inserido. Nao podemos esperar que nossas criancas adotem 0 mesmo tipo de ressonancia de 20, 30 ou 40 anos atras. Contudo, essa mudanga na posicao vivencial nfo se fax sem atritos, mesmo quando nos sentimos bem, em equili- brio, vivendo com plenitude a vida e utilizando-nos do tipo de vivéncia que melhor se ajusta & nossa personalidade. Quando pressionados e em conflito, a maioria dos in- dividuos, inclusive as criangas, tenta uma destas posicoes: a) volta:se para si mesmo buscando no seu interior a inte- gridade perdida; b) voltase para o ambiente, tentando en- contrar nele a solugio do seu conflito; ¢) fechase em rela- go a si mesmo e ao ambiente para nao sofrer. Conforme levantamos no trabalho por nés publicado nos Arquivos Brasileiros de Psicologia (A.BP.), “Tipo de vivéncia nas criangas", a partir do momento em’ que houve modificagio profunda da personalidade e a energia foi cana- lizada no sentido oposto aquele em que vinha sendo diri gida, em estado de sade e equilibrio emocional, a pessoa ou fica bloqueada, como acontece na terceira op¢do, ou descentrada, distante do nticleo da sua personalidade. Por outro lado, quanto mais nos distanciamos de nossa ver- dadeira maneira de ser, mais nos aproximamos do desa- justamento. Entretanto, essa alteragio da_personalidade pode constituir-se numa solugio para se evitar uma pato- logia mais grave. De fato, acompanhando a alteracio da frmula viven- cial, a orientagao psiquica e afetiva muda e 0 atrito decor- rente dessa mudanga costuma manifestarse no protocolo 23 pela presenca de componentes de ansiedade. Quando a post- ao vivencial muda em decorréncia da mudanca da idade, @ sintomatologia ansiosa ¢ mais leve, pois a mudanca se processa de maneira natural e a personalidade estabelece suas proprias modificagées, na medida em que podem ser toleradas, sem violentar o psiquismo nem alterar profun- damente 0 equilibrio emocional”. O que foi constatado, nao apenas nas criangas, como também nos pré-adolesce! tes, 6 uma constdncia muito grande quanto & adogio de posigéo vivencial introversiva especialmente a partir dos nove ou dez anos. Nesta idade, em lugar de partir para uma orientacao mais extroversiva e participar mais ativa- mente do ambiente, mostram-se as criancas em estudo fechadas, introversivas, fato nunca antes observado nessas faixas etdrias, importante frisar este fato pois no nosso (4) manual sobre Teoria e Prdtica da Técnica de Rorschach, no apén- dice que dedicamos as criancas, sustentévamos, baseando- nos em experiéncias anteriores, que a posicéo mais fre- qientemente adotada é a extroversiva, vindo a seguir a coartativa e ainda acrescentavamos ser muito dificil en- contrar protocolos de introversivos até os onze ou doze anos. A infancia é uma fase da vida em que a crianca apren- de e amadurece, principalmente, nos seus contatos com o ambiente onde descarrega a maior parte de sua energia No ambiente testa suas fantasias. Obviamente, esse con- tato com a realidade é muito importante para o normal desenvolvimento infantil. Dessa forma, quando a coartacéo se prolonga além da fase de laténcia ou a energia psfquica € canalizada na diregdo do nticleo da personalidade, arrasta nessa diregao a maior parte das emogdes, positivas ou ne- gativas. Os impulsos agressivos da crianga, quando ela se coloca em posicdo existencial introversiva, S40 introjetados determinando componentes autopunitivos 'e forte carga de angustia. Infelizmente, a percentagem mais elevada das eriancas da Guanabara que foram submetidas & Técnica de Rorschach apresenta essa caracteristica, como pode ser observada nas tabelas n. 6 e 7. Nessas tabelas podemos observar que a percentagem maior em ambos os sexos, levando em consideragéo todas 24 as idades, é a de coartados e coartativos, vindo a seguir a de introversivos. Os meninos parecem produzir mais e sentir-se mais cémodos em situagdes rigidamente contro- ladas. Podemos afirmar isto néo apenas pela observacdo da formula vivencial como também pela elevada percentagem de F + em todas as idades. Eles parecem fazer um esfor- go maior para adaptar-se as exigéncias ambientais especial- mente em relacdo as figuras que contribuiram para estru- turar seu “superego”. As meninas parecem mais espontaneas. Contudo, nao utilizam essa liberdade para uma expansio e socializagéo mais intensa, mas para a elaboragao de uma vida interior mais rica. Enfim, 0 que podemos concluir é que a introversio é intensa em ambos os grupos, determinando uma resposta débil aos estimulos exiernos. Frente a esses estimulos, as criangas nas faixas etdrias de sete a quatorze anos se ini bem, bloqueiam ou se voltam para si mesmas sentindo-se, ao que tudo indica, impotentes para suporté-los, contornd- los ou simplesmente elaboré-los. Esta conclusio é importante, ndo apenas do ponto de vista psicolégico, como também social. Cabe pensar que 0 sistema de vida nas grandes cidades limita a participagao ativa das criangas, inclusive, na area de lazer ao ponto de as novas geragdes virem a desenvolver comportamentos mais passivos e menos participantes do que seria desejavel. 3. Formula de Klopfer (FM + m + Fe +¢ +C’) Na escola desse sistematizador, esta formula foi considera- da como vivencial de fundo de cardter. Ela foi por mim contestada durante muitos anos e, no II Congresso Latino- Americano de Rorschach, realizado em Brasilia, foi negado © valor a ela atribuido por seu autor. Entretanto, achamos que ela pode ser til para pesqui- sar possivel situacao de conflito assim como para enrique- cer 0 estudo da personalidade mediante a observaglioudas seus componentes. ij 25 © lado esquerdo da {érmula representaria os recur- 's08 de introversividade que a crianca possui em potencial. Obviamente, tratando-se de criangas, é sempre maior que 0 lado direito da proporcao, que reflete mais o grau de ansie- dade e dependéncia em relaco aos adultos. De qualquer forma surpreende na_populagio estuda- da 0. acentuado mimero de perceptos FM representativos das tendéncias introversivas, nessas faixas de idade mani- festas em forma de impulsos ainda desordenados. ‘A partir dos nove anos no sexo masculino e dos nove, doze e treze, no feminino, essa tendéncia se apresenta con- firmada no ‘comportamento como podemos verificar com- parando as tabelas n. 8 e 9 com as da férmula vivencial de Rorschach. De acordo com os resultados apresentados, 70 a 82% das criangas do sexo masculino e de 68 a 76% do feminino apresentaram tendéncias introversivas e alto nivel de impul- sividade, nfo havendo diferencas significativas em relacéo Ao sexo ou A idade exceto aos doze anos, quando o gru- PO masculino revela maior interesse que o feminino pela socializacio. 4, Percentagem de respostas das trés dltimas pranchas (VIII + 1X + x 100) R Essa férmula possibilita, no apenas nas criangas, mas tam: bém nos adolescentes ¢ nos adultos, uma melhor compre ensio do tipo de vivéncia. A percentagem dessa formula parece estar relacionada com o grau de abertura que a crianca_tem a0s estimulos ambientais assim como a inten- sidade com que é capaz de responder aos estimulos emo- clonais._ Levando em consideracio que a percentagem esperada de respostas de grandes detalhes (D) por protocolo costu- ma ser por volta de 50%, inclusive nas criancas, e que aproximadamente 40% costumam aparecer nas trés tlti- mas pranchas, pensamos que percentagens abaixo de 35% ou menos podem significar qile a crianca se inibe diante dos estimulos emocionais e a resposta aos mesmos pode 26 faltar ou encontrar-se muito diminuida. Quando a cor, pre- sente nas trés ultimas pranchas, nao tem poder estimula- dor, a percentagem relativa as trés uiltimas pranchas 6 baixa e, paralelamente, a formula vivencial de Rorschach acusa predominio da introversividade. Quando a diminuigéo da pro- ducdo ¢ realmente uma conseqiiéncia da perturbaco que a crianga experimenta perante 0 estimulo, pode tratar-se de comportamento defensive de teor neurdtico. Também pode ocorrer que a percentagem relativa as percepgdes das trés tltimas pranchas seja alta (40% ou mais) e, no entanto, o lado direito da f6rmula vivencial de Rorschach se apresenta pobremente representado. Raramen- te encontramos esta situacio entre as criancas, mas quando acontece, tem 0 mesmo significado que nos protocolos de adolescentes e de adultos: a crianca esté se distanciando demasiadamente de suas tendéncias basicas, 0 que pode dar lugar a conflito intrapsiquico. Outra alternativa que ‘as _vezes podemos encontrar é que a percentagem das trés tiltimas pranchas seja baixa e, no entanto, o ntimero de perceptos de cor significativo. Nesse caso, podemos pensar que a crianga est se esforcando para manter relagdes emo- cionais com o ambiente para as quais ainda niio tem ma- turidade. Se observamos as tabelas n. 15 e 16, podemos verifi- car que ambos os sexos, nas sete faixas etdrias estudadas, se situam nos limites da percentagem esperada (de 30 a 40%), nio havendo diferencas significativas em relacio 20 sexo ou & idade. Como resumo das consideracdes levantadas, podemos coneluir que as criangas da amostra apresentam uma po- sigo existencial contraria aquela representativa de suas tendéncias basicas e que elas poderiam encontrar melhor equilibrio se pudessem comportar-se de maneira mais extroversiva e socializada. 5. A Experiéncia Atual ¢ a Experiéncia Potencial A Experiéncia Atual (EA) pode ser examinada mediante a soma dos dois elementos que compéem a formula viven- 27 cial de Rorschach, isto é, a soma de M + C. Beck fez estu- dos sobre estes conceitos que ele chamou de Experiéncia Real e inclui as experiéncias emocionais da crianca dina- micamente organizadas, ou seja, 0 volume de atividade organizada e que em certa forma representa a energia psi- quica disponivel. Para alguns estudiosos o numero ideal de EA na fase adulta estaria em torno de 7; 0 estudo da formula vivencial de Rorschach sob este angulo € possivel pelo fato de ndio haver qualquer oposi¢ao entre os perceptos de movimento e os de cor, melhor poderiamos dizer que ambos se complementam. A Experiéncia Potencial estaria representada pela soma das freqiiéncias de FM e m de um lado e do outro, pela soma dos elementos cinzentos e negros, ou seja, representam necessidades e afetos que atuam sobre aquela parte da personalidade melhor controlada (M+C). Os recursos existentes na formula da Experiéncia Potencial se desen- volvem organizando melhores recursos de controle e con- seguem neutralizar ou disciplinar de tal forma as forgas que atuam sobre a personalidade que elas terminam agindo a favor do individuo. Isto exige um desenvolvimento sempre crescente da personalidade, de tal forma que nas criancas, especialmen- te nas primeiras fases do seu desenvolvimento, a Experi- éneia Potencial ¢ sempre bem maior que a Experiéncia Atual. Contudo 0 exame da férmula relativa & Experiéncia Potencial do protocolo infantil nos permite ter uma idéia sobre 0 grau de desenvolvimento e de energia organizada que pode vir a ter em fases mais maduras. Podemos examinar na tabela n. 10 como se apresenta a Experiéncia Atual e a Experiéncia Potencial nas criancas por nds estudadas e verificar que a Experiéncia Potencial € muito maior que a Experiéncia Atual e que esta aumenta 0s poucos conforme aumenta a idade. 28 CAPITULO IV A afetividade na crianga 1, Processo de amadurecimento afetivo Tratando-se de um estudo sobre criangas, 0 nivel de matu- ridade afetiva, que na Técnica de Rorschach pode ser obser- vado pela proporgio de perceptos de forma-cor (FC) em relagao com os de cor-forma (CF) e cor pura, (C) néo foi conseguido, como podemos observar na tabela n. 11. Por outro lado, a crianca, dada a instabilidade que a caracteriza, costuma oscilar muito nas suas reagdes pe- rante os estimulos cromiticos, podendo alternar entre a extrema coartagio ou a dilatagdo egocéntrica. Assim, na amostra em estudo, a partir da qual foram montadas as consideragdes deste manual, podemos consta- tar que junto & repressio afetiva apresentada pela maioria das amostras encontramos uma imaturidade generalizada e, contudo, propria dessas faixas etdrias. Essa imaturida- de diminui, lentamente, com o transcurso da idade, embora com uma recaida dos onze aos treze anos, quando ‘a impul- sividade perturba 0 equilibrio penosamente adquirido. 2. Grau de estabilidade emocional Paralelamente, podemos observar 0 seguinte, que 9. nfvel de estabilidade emocional, que constitui a mais sélida base 29 para @ obtencio da maturidade afetiva, aumenta com a idade a0 mesmo tempo que a impulsividade e os tragos de infantilismo diminuem. Pela tabela n. 11, podemos observar a escassa dilata- g&o da afetividade 1 soma das médias das respostas de cor em nenhuma das sete faixas etdrias estudadas ultra- passa os dois pontos. O que confirma a opinigo levantada Por outros estudiosos do teste: a crianga sente-se atraida pela cor, porém tem uma grande dificuldade para integré- la a nfvel de identificagio das imagens percebidas, inclusive em muitas oportunidades em que a crianga, especialmente das primeiras faixas etiirias, se refere & cor o faz inade- quadamente anulando, dessa forma, a possibilidade de con- siderar esse percepto entre as verdadeiras respostas de cor, assim por exemplo: “aqui vejo um lagarto vermetho”. A imaturidade que é uma constante, inclusive em faixas etérias, em que valeria esperar um comportamento mais maduro, fica atenuada pelos controles de que a crianca disp6e, principalmente o intelectual e 0 social. Esses dois mecanismos sao atuantes e determinam um comportamento que & simples vista pode parecer amadu- recido sem contudo sélo autenticamente. Poderiamos dizer que @ capacidade de adaptacdo afetiva que 0 grupo nio consegue espontaneamente tenta atingi-la mediante meca- hismos inibitdrios de teor intelectual e social. 3, Mecanismos de controle 3.1, Controle intelectual Este 6 0 tipo de controle mais utilizado na cultura ociden- tal nfo apenas por criancas como também por adolescentes e adultos. As proprias criancas 0 utilizam mais freqtiente- mente que qualquer outro tipo de controle. Podemos examinar 0 seu grau de eficicia mediante a f6rmula F x 100 ou seja, mediante a obtencdo da percenta- Rg gem de respostas formais. O esperado num adulto “normal” da nossa cultura é que essa percentagem esteja em volta de 30 50%, isto 6, aproximadamente a metade das respostas do Protocolo. O resultado nos dé uma idéia de até que ponto a Tazo controla as emogdes, os impulsos, os instintos, assim como suas manifestagdes externas. ‘As criancas, de modo geral, so mais espontaneas e me- nos controladas que os adultos. Dessa forma, a percenta- gem obtida deve ser inferior & deles. Isto nfio acontece com criangas de paises europeus onde os pais sio mais discipli- nadores e coercitivos, determinando um superego nos filhos muito severo. Podemos observar 0 mesmo em Estados bra- sileiros onde as influéncias culturais estrangeiras sio muito intensas, como acontece, por exemplo, em S. Paulo, onde a orientagdo rigida e disciplinar de nip6nicos e europeus per- dura por duas e até trés geracoes. Contudo, a eficiéncia desse controle nos é dada pela percentagem de F + % que nos adultos sabemos que oscila, quando “normais”, entre 75 e 90%. Talvez se encontre neste aspecto a diferenca mais significativa entre nossas crian- as e as de outros paises, como as amostras apresentadas por Beizmann, Ledwith e Ames, e inclusive com criangas brasileiras como as trabalhadas por Margarida Windholz Hoffmann (3) em S. Paulo. Isto nos leva mais uma vez a refletir sobre a necessidade de pesquisar periodicamente para podermos ter parimetros de comparagio confidveis. Nas tabelas n. 12 e 13 podemos observar 0 comporta- mento das criangas da Guanabara dos sete aos quatorze anos no que diz respeito ao controle intelectual, sendo que a média de F % oscila entre 36,36% e 43,56% © 0 F + % extenso comeca com 73,23%' aos sete anos e vai aumentando até os treze com uma média de 86,65%. Apresentam grande espontaneidade porém, controlada rigorosamente pela capa- cidade de critica. 4J4 nas criangas paulistas a percentagem de F % oscila entre 66 e 74%, refletindo acentuado nivel de conformismo e um comportamento previsto de acentuada esterectipia. Em criancas em pleno desenvolvimento, tio novas ainda, essa rigidez limita muito a criatividade inclusive porque as percentagens de F + % por elas apresentadas exigem elevado nivel de perfeccionismo (67-81%) 31 3.2. Controle interno (M+ FM +m) Sabemos que a funcdo essencial de M € controlar as pul- sdes instintivas das camadas mais profundas da persona- lidade assim como o infantilismo e a impulsividade implt- citos nas respostas FM. Para que possa existir um controle externo genuino é preciso que exista, previamente, um bom controle interno. Este controle tem sua expressio na formula M > FM +m, ‘ou seja, a percepgio de movimentos humanos (M) deve ser superior & de movimento de animais (FM) de objetos inanimados. Entretanto, em adultos continua sendo conside- ado como normal quando a soma de FM +m nao ultra- passa em 1 1/2 0 ntimero de M. Obviamente, o esperado em criancas e pré-adolescentes € uma dificuldade muito grande para controlar os impul- sos, representada essa dificuldade pelo predominio de FM e m sobre M. Essa foi realmente a proporcio encontrada entre nossas criangas. Na tabela n. 14 verificamos que 0 ntimero bruto de respostas de movimento animal FM, junto com as de movi- mento inanimado se mantém elevado em todas as idades sempre bem acima do percepto estabilizador M. Entretan- to, M aumenta dos sete aos quatorze anos, como podemos observar na tabela correspondente. Aos sete anos a média € de 1.27, enquanto que aos doze se transforma em 2.27. Quer dizer, a necessidade de gratificacio dos impulsos é muito intensa durante toda a fase da segunda infancia e comego da adolescéncia. 3.3. Controle externo (FC + CF + ©) ‘Tratando-se de uma idade em que o amadurecimento afe- tivo ainda nao se processou, é normal que nao exista um controle das emogées. Por outro lado, esse problema nao ¢ sui generis dessas faixas de idade (sete a quatorze anos), adolescentes e adul- tos apresentam resultados semelhantes. Na populacio que representou a nossa amostra de adolescentes (5), 50% des- 32 ses jovens careciam dos recursos necessrios para conse- guir um controle externo satisfatorio, sendo isto extensivo a ambos 08 sexos. Quanto wos adultos, nao contamos com amostra re- presentativa, mas sabemos pelos resultados obtidos em selegio de diversos cargos de profissionais liberais da di- ficuldade apresentada quanto & adaptagio esponténea ao ambiente e, conseqtientemente, do controle externo, conse- guindo um controle geral satisfatrio pela utilizagdo, de outros mecanismos de adaptagao. Nao pretendemos justificar os resultados obtidos pelas criangas, mas salientar que essa caracteristica nao 6 exclu- siva do grupo e que, embora parega existir um processo de amadurecimento afetivo, no decorrer da vida, ele n&o € plenamente atingido pela maioria da populagao adulta. Voltando as criangas, 0 que podemos observar é que 0 somatério das respostas de cor foi muito baixo pratica- mente em todas as idades estudadas e em ambos os sexos. Essa percentagem nos informa sobre a forma como a crian- ca reage aos estimulos emocionais e estabelece suas rela- Ges afetivas com o ambiente. Se compararmos o mimero de perceptos FC em relacio com CF + C verificamos que 0 controle nfio é conseguido em nenhuma das faixas etdrias estudadas, contudo, as criangas das primeiras faixas pare- cem mais imaturas e egocéntricas. Ver tabela n. 15. Existem outros fatores do Método de Rorschach que podem dar-nos uma idéia de como funciona o controle exter- no. Um dos recursos mais eficientes ¢ confrontar 0 mimero de respostas cromaticas com as acromiticas. Quando estas iiltimas se apresentam em maior ntimero, podemos espe- rar um sobrecontrole na conduta que poderd manifestar- se por um excesso de cautela nos contatos emocionais, timi- dez e mesmo inibigdo toda vez que o ntimero de respostas de claro-escuro se aproxima ou atinge 0 dobro do mimero de respostas de cor. O paralelo entre as respostas crométi- cas e acromiticas podemos estudélo na tabela n. 16. Quanto ao controle examinado pelas respostas de cor propriamente ditas, 6 bom lembrar que no apenas a pro- porgio, isto é, 0 aspecto quantitativo como também a qua 33 lidade formal dessas respostas tem que ser levada em con- sideracdo. Perceptos como “interior do corpo humano”, “visceras expostas como para uma operagéo”, etc., terio uma conotacéo completamente diferente de “uma pea de tapecaria”, “o por do sol”, “peixes e plantas num aquério”. Embora possam ter 0 mesmo determinante, a interpretacdo nunca sera a mesma; a impulsividade inerente aos perceptos CF, desde que os contetidos sejam positives, pode nao ser destrutiva mas reveladora da espontaneidade natural da erianca. 34 CAPITULO V Estruturagio do ego 1, Organizagao ¢ desenvolvimento da personalidade Ao tentarmos estudar a organizacio e desenvolvimento da personalidade mediante a Técnica de Rorschach, examina. mos diversas teorias e constatamos que sao unfinimes em admitir que a personalidade se organiza a partir da cons- ciéncia de existir que por sua vez é uma conseqtiéncia da interagao do individuo com 0 meio. O ego mantém sua iden- tidade através das miltiplas transformagées que a perso- nalidade possa vir a ter. Na Técnica de Rorschach 0 ego é por nds estudado como executor das intengdes e dos im- pulsos do individuo, centro psiquico de personalidade total, mas examinado dinamicamente. A consciéncia de existir percorre uma série de etapas, cada uma contribuindo, de certa forma, para a formagio da seguinte. No IV Congreso Latino-Americano de Rorschach e outras Técnicas Projetivas apresentei um gréfico ilustrando fa personalidade tal como eu a imagino (6), estruturada nao em camadas ou estratos sucessivos mas em cfrculos con- céntricos formando uma gestalt, de tal forma que a perso- nalidade vai evoluindo de maneira praticamente irreversi- vel excetuando-se na adolescéncia quando, as vezes, pode- mos constatar uma paralisagdo, ou parcial regressfio desse processo, 35 Nao tenho elementos para poder falar sobre a organi- zagdo da personalidade durante a primeira infancia. Minhas pesquisas com grandes grupos humanos comecam, justa- mente, dos sete anos e se estendem até os dezoito. Entre- tanto, 0 que temos podido observar é que determinadas varidveis acompanham 0 processo de organizacio e desen- volvimento da personalidade de maneira organizada demons- trando-se eficientes para refletir a tendéncia natural a uma maior estabilidade emocional, melhor capacidade de cri- tica e de organizagéo mental e uma consciéncia de existir mais completa. Na medida em que a crianca supera as su- cessivas faixas etdrias, a consciéncia de existir aumenta, determinando a formagio do ego. E justamente com este conceito e sua dindmica que trés aspectos da personalidade mantém estreita relacdo: a) o tipo de percepgao; b) mimero € qualidade das cinestesias; c) qualidade e percentagem de formas bemwvistas. ica de Rorschach relacionadas 2. Varidveis da Té com o ego 2.1, Tipo de percepgdo © tipo de percepgio global nos interessa especialmente no estudo do ego. Os perceptos globais tém estreita relagdo com um ego forte desde que essas respostas sejam suces- sivo ou simultaneo-combinatérias, elas pressupdem boa or- ganizacao mental e, desde que estejam representadas numa proporcao adequada, tém relagao com habilidade e interes- se para planejar, com a capacidade associativa que o indi- viduo tem para captar grandes conjuntos, representam, entre outras coisas, energia a disposicao dos processos as- sociativos, medida da energia latente ou em potencial, do otimismo, sensibilidade a critica e desejo de adquirir forca para vencer. Quando examinadas as entrevistas desses individuos dotados de percepcéo predominantemente global de boa qualidade, verificamos que possuem firme vontade de adquirir forga e influéncia para superar as dificuldade: Na presenga de obstdculos, em lugar de amedrontar-se 36 desanimar, reforcam sua tenacidade e sentem-se compell- dos a vencer. Por suia vez, os sucessivos éxitos reforgam 0 ego. Entretanto, para que essa ainbicdo de qualidade e a energia volitiva possam ser transformadas em realizagdes, necessario que a personalidade esteja dotada de capaci- dade criadora representada na Técnica de Rorschach pela percepgao de figuras em movimento, principalmente cines- tesias humanas. 2.2. Fator M, respostas cinestésicas, niimero e qualidade © ego é influenciado pelos impulsos instintivos, mas a0 mesmo tempo é capaz de integrar esses impulsos e man- té1os sob controle. Eles se encontram representados pelas cinestesias menos elaboradas, sendo extremamente impor- tantes a qualidade e contetido das mesmas. Os perceptos m devem ser de preferéncia assertivos ou antigravitacionais (um jato de agua subindo”, “um aviao suleando o céu”, “um pido rodando”). Da mesma forma os FM e M devem ser ativos e os M, de preferéncia, de contetido afirmativo. Quando esses perceptos fazem referéncia a contetidos en- volvendo desvitalizacdo, desumanizagao ou degradagéo da figura humana mantém correlacdo inversa com a forga e resisténcia do ego, pois a figura humana, nesse caso, foi in- corporada de maneira deficiente e 0 primeiro passo ‘na estrutura do ego consiste nas reagées antecipadoras que’ a crianca elabora em relagio & mae ou pessoa que a ma- ternalize. ¥ preciso atentar, também, para o equilibrio entre esse tipo de resposta (M) e as respostas globais; quanto maior seja o mimero de G, mais proximas da realidade estario as potencialidades implicitas nos determinantes de movimento humano. As cinestesias representariam, em nosso conceito, 0 pensamento dindmico; e as percepgdes G, a fora volitiva, a disposicaio para potencializar esse pen- samento transformando-o em acio. Esses aspectos ja podem ser observados nas criangas como podemos verificar na tabela n. 18 onde se encontra representada a proporcéo de perceptos G em relagéa gom os de movimento humano (M). O mimero de respostas 37 globais triplica ou mais o mimero de M nas primeiras ida- des, porém, essas respostas G sio primérias e refletem tendéncia & generalizacdo apressada, impaciéncia, uma espé- cle de incapacidade para apreciar objetivamente os deta- Ihes de forma a poder tirar conclusées acertadas. Podemos observar, entretanto, que o mtimero de respostas de movi- mento humano aumenta progressivamente atingindo um bom equilfbrio aos treze anos. Isto é, os perceptos globais e as respostas M estariam representando 0 fortalecimen- to progressivo do ego em ambos os sexos, embora esse proceso seja mais acentuado no sexo feminino a partir dos dez anos. © processo de amadurecimento do ego pode ser obser- vado com maior precisio na tabela n. 18 onde constam, unicamente, as respostas globais simultaneo-combinatérias. Em termos de médias também podemos apreciar o progressivo fortalecimento do ego (ver tabela n. 19). 2.3, Fator F + % Finalmente, teriamos 0 terceiro fator, 0 F + %. Uma per- centagem elevada de F + % associada a um GY%, qualita- tiva e quantitativamente bem representado, reflete boa dis- ciplina mental e tenacidade para encontrar solugdes, e é a melhor medida da tenacidade, forca volitiva e carga ten- sional que 0 individuo possui, assim como elevado senso de responsabilidade, nao apenas em relacio a si mesmo como também em relagio aos outros. Desta forma, 0 F + % & um auxiliar valioso na inves- tigagdio do ego. Em relacio & presente pesquisa, os resul- tados revelam um reforcamento muito grande nesse aspecto da personalidade, evidenciando nas nossas criangas uma maturidade na capacidade da critica que nao se encontra nas criangas de outros pafses. As tabelas n. 20 e 12, especial- mente a 13, que focaliza 0 F + extenso, podem dar uma idéia do fortalecimento do ego conseguido mediante uma melhor capacidade de critica, mais apurado controle do pensamento lgico e melhor indice de objetividade, confor- me a crianca e a idade. A partir dos doze anos essa capaci- dade é semelhante & do adulto. 38 Isoladamente 0 F + % representa, também, capacidade de concentragéo, aspecto diretamente ligado ao rendimen. to intelectual da crianca, mas nem sempre com sua inteli- géncia em potencial. A preguica, a indoléncia ou o desin- teresse pelos estudos motivados por outros problemas podem ser responsdveis pelo baixo rendimento. Resumindo, os resultados dos trés aspectos por nds considerados em cardter preferencial para avaliar a fora ou vulnerabilidade do ego (G%, M, F + %) revelam coerén- cia através das varias faixas etdrias, havendo um fortale- cimento progressive no transcurso da idade em ambos os sexos. As meninas, a partir dos onze anos, parecem pos- suir maior energia volitiva para por em funcionamento as possibilidades implicitas e conseguir essa potencializagéo com melhor espirito critico. 39 CAPITULO VI Grau de permissividade ou rigidez do superego com 0 superego Esse dado da personalidade pode ser estudado, em termos, mediante a andlise da percentagem de respostas formais e F% levando em conta, simultaneamente, a qualidade des- sas respostas. Nao apenas as criancas, mas os adultos também, quan- do agem sob controle intelectual exagerado, apresentam um somatério de respostas formais elevado. Examinando a vida pregressa desses individuos, se constata que as figuras pa- rentais, ou, na falta destas, seus substitutos, foram pessoas criticas, exigentes, coercitivas, controladoras etc. Pelo contrario, percentagens baixas no controle inte- lectual refletem a existéncia de modelos organizados do pensamento logico, tolerantes, permissivos, possibilitando uma conduta espontanea sem ficar exageradamente presa as normas, ou seja, portadoras de um superego brando. Examinando esses dois dados (F + % e F) na amostra de criancas da Guanabara, tabelas 12, 13 ¢ 20, verificamos que a média do somatério de respostas formais oscila en- tre 43.56 aos 10 anos a 36.36 aos 13, quer dizer, 0 controle intelectual do grupo é brando e pressupde um superego 40 bastante tolerante, porém extremamente eficiente, pois a qualidade desses perceptos é dtima, especialmente se le- varmos em consideragéo a idade da populacdo. Na tabela correspondente podemos constatar que o F +% aumenta progressivamente dos sete aos quatorze anos, aos sete & de 65.37%, aos treze, 78% sendo que o F + % extenso, que é mais representativo, aponta ainda uma maior eficiéncia do superego. Assim verificamos que as médias vio aumentando de 73.23 até 86.55 aos 13 anos. Quando comparados esses dads com os correspondentes relativos a criancas de outros paises, ou mesmo do Brasil, com a tnica amostra atualizada referente ao Estado de S. Paulo, verificamos que as médias do somatdrio de F sio muito mais elevadas. Assim, para S. Paulo, na populagéo estudada por M. Windholz (3) dos sete aos dez anos, as médias oscilam entre 69,7 e 74.4. Quer dizer, reprimem suas emogoes e sentimentos e agem de maneira convencional sem a espontaneidade que caracteriza a crianca emocio- nalmente sadia, revelando atitude conformista e passiva perante a sociedade, os superiores e, principalmente, os pais. Um controle tao severo pressupde rigidez na conduta com possiveis componentes compulsivos e de escripulo. Quanto a nossas criangas, o que se verifica é que, embora sejam mais livres e espontdneas, empregam essa Iiberdade mais nas fantasias introversivas, talvez pelas con- digdes negativas de expansio que a sociedade oferece as criangas nessa faixa de idade, de tal forma que participam muito pouco de esportes e brincadeiras com outras crian- ¢as, vivendo uma parte substancial dos seus hordrios li- vres, voltados para a TV, comportamento observado em praticamente todas as classes sociais. Esse comportamen- to passivo-contemplativo propicia 0 desenvolvimento da imaginacdo e das fantasias, representadas em Técnicas de Rorschach pelos perceptos cinestésicos (M, FM, m). Verificamos também que, em relacdo & idade, 0 con- trole intelectual e, em decorréncia, a forca do superego no 6 mais rigoroso aos treze anos do que aos sete; pelo con- trério, aos sete, talvez por ser uma idade nodular e ainda 41 a eee de inicio da vida escolar propriamente dita, 0 F% é mais alto. J4 0 F + % aumenta no decorrer da idade. As crian- as, conforme crescem, aumentam a capacidade de atencao e de critica assim como as possibilidades de controlar as emocées. Em suma, 0 superego da nossa populagio apresenta-se bastante tolerante e permissivo, mas qualitativamente bom. 42 CAPITULO VII Avaliagio da ansiedade nas criangas Certos estudiosos especializados neste assunto como o grande psiquiatra espanhol Lopez Ibor (7) e outros, afir- mam que € muito dificil nas criangas distinguir 0 medo da verdadeira anguistia. A angustia nas criancas, afirmam eles, tem sempre um contetdo, logo se trata de medo an- gustioso. L. R. Miller, citado por Ibor, sustenta esse mes- mo ponto de vista, achando que a angustia infantil se mani- festa, preferentemente, ou na fase onirica (trés ou quatro horas depois de pegar no sono), em forma de pesadelos ou pavor noturno, ou mediante somatizagdes motoras e vegetativas. Os sonhos angustiosos nesse caso nfo seriam causa nem motivo da crise angustiosa mas a expressio da mesma, Acho que, dada a precdria capacidade de interiori- zagdo e reflexao das criancas e também pelo fato de fun- cionarem num nivel inferior, menos intelectualizado, nio experimentam, ou experimentam raramente, ansiedade; mas sofrem de angtistia do mesmo jeito que os adultos e fazem praticamente as mesmas somatizagdes. No livro de Orientagdo Infantil, falo a respeito da mi- nha aceitago da existéncia de angustia e ansiedade como dois estados emotivos paralelos, porém diferentes, podendo coexistir ou manifestar-se sucessivamente. A ansiedade tem sua origem no préprio psiquismo de quem a experimenta manifestando-se por inquietacio motora e irritabilidade ge- neralizada. A angistia, por sua vez, é uma resposta emocio- nal a determinado sentimento que vem de fora; sendo mais 43 inibitoria e paralisadora que a ansiedade, a angustia é uma espécie de emotividade visceral e profunda, caracterizada pelo espasmo da musculatura lisa. Na teoria de Rorschach podemos avaliar o nivel de angus tia das criangas mediante 0 estudo dos perceptos de claro- escuro. Esses perceptos revelam sensibilidade, procura de aprovacao e aceitagio afetiva e também angistia relaciona- da com 0 ambiente, com os outros. 1, Nivel de ansiedade nas varias faixas de idade De acordo com essa hipstese interpretativa, 0 nivel de an- siedade aumenta desde as primeiras faixas de idade inten- sificando-se as nove anos e aumentando, progressivamente, até os doze. Nao aparecem diferencas significativas em relagio a0 sexo; unicamente, na entrada da adolescéncia, por volta dos treze anos as meninas se apresentam mais vulneraveis e ansiosas. Essa ansiedade parece ter contetidos bastante disféri- cos; pois, como podemos observar na tabela n. 16, 0 somaté- rio das respostas de claro-escuro é superior ao de respostas de cor, 0 que por sua vez evidencia que a maioria das crian- gas nessa faixa etdria foi traumatizada durante o desenvol- vimento afetivo-emocional. Se compararmos 0 nivel de angtistia das criangas com © encontrado na pesquisa de adolescentes, verificamos que a angustia aumenta ainda mais, chegando a um climax, nos adolescentes do sexo masculino entre os dezesseis e dezoito anos, quando 0 ntimero de perceptos de claro-escuro atin. ge 5.5; ja as adolescentes apresentam o maior volume de angtistia entre quinze e dezessete anos, mas com uma inten- sidade menor que os jovens. ‘Na avaliagdo das respostas de claro-escuro da amostra infantil, adotamos os mesmos critérios que na pesquisa de adolescentes, isto é, consideramos como perceptos de claro- escuro unicamente K, KF, FK, c, cF, Fe. Foram excluidos os perceptos C’, C'F, FC’, pois pensamos que eles nao re- presentam de maneira genuina componentes de ansiedade e também por ter um significado diferente conforme sejam vistos na cor preta, na branca ou na cinza. Por outro lado, embora esses perceptos quando referidos as tonalidades 44 mais escuras das manchas sejam expressivos de intensas cargas depressivas e ansiosas, é muito dificil encontrélos em protocolos normais, especialmente em protocolos de criangas. Por outro lado, as respostas de claro-escuro, espe- cialmente os perceptos Fe, representam um sobrecontrole para atenuar a ansiedade originada no sentimento de culpa que a crianca experimenta ao deixar-se levar uma e outra vez pelos seus impulsos e no temor de ser rejeitada pelos adultos. 2. Verificagio dos contetdos disféricos da ansiedade © quadro comparativo da tabela n. 16 demonstra que em todas as faixas de idade e em ambos os sexos existe um predominio das respostas de claro-escuro, isto é, as nossas criangas sio predominantemente passivas, submissas, afeti- vamente dependentes e procuram agradar para nfo perder © afeto das pessoas que amam. Afetivamente se mostram contidas, havendo dois momentos criticos no seu desenvol- vimento; no inicio da puberdade, aos nove anos, e aos treze, em plena crise da adolescéncia. A partir dos 9 anos, 0 mimero de respostas de claro- escuro duplica 0 mtimero de respostas de cor, isto , os contetidos disfricos néo parecem estar superados pelos momentos afetivos, a afetividade nao ¢ suficientemente po- tente para neutralizar a disforia implicita nos perceptos de claro-escuro. O nivel maior de ansiedade das meninas aos 9 anos esté explicado pelo desenvolvimento biolgico mais répido no sexo feminino. Aos treze anos sio adolescentes e experi- mentam toda a anguistia que representa vivenciar essa idade, ao passo que os individuos do sexo masculino nessa mes- ma idade sao ainda praticamente garotos. Em suma, perante 0 ambiente, ao que parece conside- rado hostil pelas criancas, a maioria delas, em todas as faixas de idade, reage de maneira acomodada procurando aceitar as imposigdes do ambiente, culpando-se quando fracassam e mostrando-se cautelosas. Obviamente, algumas reagem opondo-se abertamente, de maneira beligerante, mas tal atitude corresponde apenas a uma minoria situada, pas primeiras faixas etdrias. 45 geass: CAPITULO VIII Grau de coeréncia entre a Técnica de Rorschach € as Matrizes Progressivas na avaliago da inteligéncia nas criangas A Técnica de Rorschach e as Matrizes Progressivas de Raven foram aplicadas as 700 criancas da pesquisa & qual nos temos referido diversas vezes no presente manual. Encontramos elevado indice de coeréncia entre certas varié- yeis do Rorschach e as Matrizes Progressivas. Embora nio seja novidade a afirmagdo de que o Teste de Rorschach é instrumento valido para examinar o fator intelectual, poucas vezes encontramos pesquisas que sirvam para comprovar a dita afirmacdo. Desde a criagio de seu teste, Hermann Rorschach se referia & sua técnica como um bom método, nio apenas para estudar o nivel de inteligéncia, como também para avallar os diversos graus de deficiéncia mental, e afirmava que seu método constitui exame da inteligéncia quase in- dependente do saber, da meméria, da experiéncia e da cultura. Beek também se refere a esse assunto apontando a ‘Técnica de Rorschach como medida da inteligéncia, sem interferéncia da escolaridade. Klopfer e Kelley, rorschachistas americanos, também afirmam que, mediante o Teste de Rorschach, podemos ava- liar se ha real comprometimento intelectual ou se trata, unicamente, de repressio ou bloqueio afetivo. 46 No Brasil, afora o trabalho por n6s publicado nos Arquivos Brasileiros de Psicologia, no volume n. 1 de 1979, paralelo a nossa pesquisa de padronizagio da técnica de Rorschach em criangas e préadolescentes, temos noticia, unicamente, da pesquisa realizada na Sociedade Pestalozai do Brasil, no Rio de Janeiro, coordenada pela psicéloga Diva Deiss (8). Nesse trabalho constatou-se que a técnica de Rorschach € instrumento sensivel para discriminar dois grupos nitidamente diferenciados: a) individuos portadores de caréncias graves, deficientes mentais; b) bloqueados, por- tadores de problemas emocionais, organicos ou ambos. Trés variiveis foram significativas ao nivel de 0,05: numero de respostas, F + % e respostas de movimento humano. Em suma, os resultados da pesquisa evidenciaram que a Técnica de Rorschach 6 passivel de discriminar os verdadeiros deficientes mentais daqueles que apresentam deficiéncia por uma repressio qualquer. Em relagio & amostra normal, foi possivel observar que na percepgio, 2 medida que aumenta a idade, a tendencia ‘a generalizar apressadamente diminui, ocorrendo 0 oposto em Telacio &s respostas globais secundarias, ou seja, a capa- cidade de abstracio, de sintese e planejamento, aumenta sistematicamente dos sete aos quatorze anos. Todos os fa. tores implicitos no percepto M estio sujeitos ao mesmo processo de aumento paulatino, conforme aumentam a idade, a vida interior, a capacidade criadora, a energia e a disposicao para elaboragdes intelectuais. Contudo, o elemen- to mais representativo foi 0 F +% extenso que reflete a capacidade de atencio e concentragio tao necessérias na faixa etdria por nds estudada. Além desses trés aspectos, foram examinados outros como possiveis preditores da inteligéncia. Assim verifica- mos que as criangas de sete a oito anos de idade sio mais originais que as de nove e 10 anos; a partir dos onze anos a originalidade volta, desta vez com melhor senso critico, e vai aumentando até os quatorze anos (tabela 21). Nas primeiras faixas de idade, aos sete e oito anos, as criangas apresentam um nivel de originalidade maior, ‘po- rém trata-se de uma originalidade meio absurda, ligada a aT fantasias dessa fase, os perceptos sio imprecisos, préprios de mentalidade infantil ainda nao organizada. Essa varidivel é de certo modo coerente com o resultado das Matrizes Progressivas e representativa como fator pre ditivo do nivel intelectual. © indice de estereotipia nos surpreendeu: foi muito alto. As 700 criangas examinadas, com excelentes resultados ligados a inteligéncia, nao deveriam apresentar um A% tio alto, pois, como podemos observar na tabela n. 22, oscila entre 57,73 aos nove anos e chega a atingir 66,14 na faixa etdria seguinte dos dez anos. Quando o controle intelectual ¢ rigoroso, a rigidez por ele determinada se estende a esfera do pensamento da crian- ga tornando-a estereotipada. A estereotipia apresentada pela amostra em estudo nao pode ser justificada dessa forma, pois 0 controle intelectual observado ¢ bastante esponténeo. Pensamos que esse elevado indice de estereotipia apresen- tado € mais do que uma decorréncia de um defeito inte- ectual, um traco de conformismo social, um mecanismo de adaptagéo ao pensamento coletivo. A percentagem nao aumenta nem diminui com a idade e nao 6 significativa como preditiva do nivel intelectual da crianca, entretanto, outros fatores de indole emocional ‘ou social podem interferir no indice de estereotipia modi- ficando a fluidez do pensamento. Dentre as cinco varidveis observadas na Técnica de Rorschach, a F + % foi a mais significativa. Realmente os individuos que desde a infancia conseguem manter mais elevado seu indice de atengéo e concentracio se encontram melhor preparados para o sucesso intelectual e tém um desempenho acima daqueles outros que, embora bem-dota- dos intelectualmente, niio possuem a mesma capacidade de concentragao. ‘As Matrizes Progressiva de Raven foram aplicadas as ‘mesmas 700 criangas individualmente, sempre apds terem sido submetidas & Técnica de Rorschach. Foi utilizado 0 modelo infantil para a amostra compreendida entre sete e dez anos e onze meses; a partir de onze anos as criangas foram subme- 48 tidas & escala geral. O Raven é um teste de escolha miltipla, perceptual de observagio, comparagio e raciocinio. Observando as tabelas 23 e 24, verifica-se uma seqliéncia perfeita no sentido de um aumento progressive do nivel intelectual dos sete aos quatorze anos. A mediana que co- mega com 17 pontos para 0 sexo masculino e 16 para o feminino chega aos 41 pontos aos treze anos. © mesmo processo de aumento do raciocinio ldgico podemos observar em relago as varidveis do Rorschach mais significativas como preditores do nivel de inteligéncia (ver as tabelas 12, 13 e 25). CAPITULO IX A significancia das diferengas Fizemos andlise da variancia para testar a possibilidade de diferencas significativas intersexo e também em relagdo as varias faixas etérias no que diz respeito aos varios aspectos da personalidade passiveis de serem medidos pela Técnica de Rorschach. Para testar essas varidveis, foi escolhido 0 nivel de significincia de 5% e 1% 1, Diferengas significativas encontradas entre os sexos Em relagdo & percepcdo D% — Houve diferenga significativa entre ambos os sexs no que diz respeito & percepcio de detalhes aos nove anos, quando as meninas revelam maior interesse pelos aspectos praticos concretos da realidade imediata, resul- tado esse coerente com a realidade psicoldgica observada, pois o grau de maturidade e ajustamento & realidade das meninas, embora nfo significante e jé viesse sendo maior desde 0s sete anos, dé um impulso grande aos nove, se mantém em todas as faixas etdrias estudadas, excecao feita aos doze anos. S% — A percentagem de respostas de espaco em bran. co, como se sabe, é representativa de agressividade, oposicio- 50 nismo e, por extensio, do indice de afirmagdo. Foi signi- ficativa aos nove anos no sentido de que os meninos se mostram, nessa idade, mais afirmativos, desafiantes e ques- tionadores da autoridade dos adultos de modo geral. Por outro lado, quando comparadas as medidas de S' da nossa amostra com outras populacées, verificamos que © indice de oposicionismo da amostra carioca ¢ bem supe- rior ao de outras amostras. Assim, em relagio & pesquisa realizada em S. Paulo, as nossas criangas apresentam uma percentagem de S"% superior ao dobro em ambos os sexos. No que diz respeito aos outros aspectos da percepgio, no houve diferengas significativas entre os sexos. Em relagdo aos determinantes F + % — A diferenga entre os sexos em relagio ao F + % foi significante aos onze e doze anos. Em ambas as faixas etdrias 0 F + % é mais elevado nas meninas, que se mos- tram mais ponderadas, criticas e objetivas que os meninos, quer dizer, parece existir um melhor controle intelectual por parte do sexo feminino nessas idades. F + % extenso — Quando examinamos esse determi. nante, verificamos que foi significante nas mesmas idades que o anterior e de novo a favor das meninas. Isto 6, pode- riamos concluir que as médias em ambas as idades so ainda mais elevadas, que a estabilidade do controle é man- tida inclusive em percepcées onde a emotividade, ansiedade ou afetividade poderiam interferir negativamente. F% — O somatsrio de respostas formais evidenciouse significativo quanto & diferenga entre os sexos, unicamente, aos doze anos, quando o esforgo por manter o controle sofro- psiquico por parte dos meninos se torna mais evidente. De fato, essa tendéncia € notada dos oito aos treze anos, embora nfo tio marcante como na faixa etdria dos doze anos. De qualquer forma, mesmo nessa idade, 0 controle intelectual em ambos os sexos ¢ espontneo, e em certas idades che- garia a ser ldbil, nfo fosse a severa capacidade de critica evidenciada em todas as faixas de idade. 51 Em relagéo as respostas de movimento humano Houve diferenca significante em relagio a esse percepto aos dez e aos doze anos, em ambas as idades a favor das me- ninas. Cumprindo a regra de que os M costumam apresen- tar-se em proporedo inversa dos F, as médias dos primeiros perceptos (M) sdo sempre mais elevados no sexo feminino de toda a amostra, Jé foi notado por alguns estudiosos do Método de Rorschach que nas criangas 0 aumento de respostas do mo- vimento humano esta diretamente correlacionado com o desenvolvimento do esquema corporal. Outras pesquisas poderiam ser feitas investigando 0 grau de coeréncia entre (© desenho da figura humana e o mimero e qualidade dos perceptos de movimento humano em ambos 0s sexos e nas varias faixas de idade. Em relagéo a percepcdo de animais em movimento A diferenca foi significante unicamente aos doze anos. As meninas apresentaram uma média bem mais elevada desse tipo de resposta. A instabilidade emocional nessa idade & bem maior no sexo feminino, 0 que poderia ser explicado, em certa forma, pelo fato de aos doze anos as meninas ja estarem as voltas com a problemitica da adolescéncia que nos meninos costuma instalar-se mais tarde. Nesse sentido haveria uma mobilizacdo mais intensa dos impulsos e das emogées no sexo feminino. A emotividade ficaria menos passivel de ser controlada, embora para atingir esse fim sejam mobilizados outros recursos, tais como intensificac&o da capacidade de critica e reforcamento do controle interno. Em. relagéo ao movimento de objetos inanimados Essa varidvel foi significante unicamente aos nove anos, quando os meninos tém uma média bem mais alta desses perceptos em relacdo as meninas. Revendo o valor atribui- do a esses perceptos, encontramos diversas acepgdes, desde serem representativas de conflitos subjacentes no resol- vidos, até dizerem respeito & prépria energia retida em vir- tude desses conflitos. 52 Em relagéo & populagdo do sexo masculino dessa idade, 6 explicavel que esteja conflituada, pois os impulsos instin- tivos sao mais intensos (FM), a hostilidade e agressivi- dade nessa faixa etdria € significativa em relagdo bs me ninas. Estas, por sua vez, se mostram bem mais ajustadas, de modo que a média da percentagem de detalhes passa de 49,50% nos meninos para 59,44% nas meninas, quer dizer, estas possuem nessa idade um nivel de ajustamento & rea- lidade muito mais aprimorado que os meninos. Poderiamos levantar a hipdtese de que a média dos m, nos meninos, seria significante como uma decorréncia do’ conflito entre os desejos de adaptacdo destes (G = 40,16) e a dificuldade para conseguir essa adaptagio num nivel emocional. Em relagdo ao controle geral No chamado controle geral, entram varios componentes: propria inteligéncia (isto é, 0 aspecto volitivo), a intros- pecciio (isto 6, 0 pensamento reflexivo) e finalmente a capa- cidade de tato (ou seja, 0 controle social ou automético). Esse tipo de controle foi significante unicamente aos doze anos, a favor dos meninos que revelaram maior pondera- cao, equilibrio, capacidade para refletir e controle de modo geral. Em relagéo ao conteido © tinico contetido que se mostrou significante nas varias faixas etdrias foi o relativo ao interesse revelado por seres humanos. De fato, aos dez anos as meninas demonstraram ter sua atengio voltada para as pessoas com uma inten- sidade muito maior que os meninos, que nessa mesma faixa etdria preocupam:se por objetos, animais e outros contet- dos menos significativos. Em relagdo as respostas vulgares Este percepto foi significante nas idades de sete, nove e onze anos. A maneira de pensar do grupo é coerente e se torna mais uniforme em relagio ao pensamento coletivo dos adultos com o decorrer da idade, contudo, nas idades acima mencionadas, as diferencas foram significantes no 53 sentido de que os meninos apresentam uma tendéncia mais generalizada a pensar com a coletividade. Entretanto, esta varidyel,,respostas vulgares, nfio apresentou diferencas signi- ficativas em relagio ao sexo na pesquisa de S. Paulo reali- ada por Margarida Windholz. ‘Bm suma, a faixa etdria que apresentou maiores dife- rengas entre os sexos foi a de 12 anos. Nessa idade cinco varidveis apresentaram diferencas significativas. A maior uniformidade encontramos aos sete e oito anos, quando apenas uma ou nenhuma variavel apresentou diferenca significativa. 2. Diferengas significativas encontradas entre as varias faixas etérias. Ntimero de respostas (R) As diferencas significativas encontradas foram: — Ao nivel de 95 © entre 7 © 12 anos, a favor destes tltimos. © entre 12 € 13 anos, a favor dos de 12 anos. Tempo por resposta — Ao nfvel de 95 * entre 7 © 9 anos e entre 7 ¢ 11, em ambos os casos 0 tempo médio foi inferior aos 7 anos. Como 0 nivel formal encontra-se em proporcio inversa, isto quer dizer que aos 7 anos sio mais espontaneos com sacri- . ficio da precisfio da percepcio. * entre 12 e 13, sendo mais lentos aos 13 anos. — Ao nivel de 99 © entre 10 e 13 anos, a favor dos de 10 anos. Percepeao Percepao G% — Ao nivel de 99 * entre 7e 9,7 e 10 e 7 12. As generalizages sio mais freqiientes na 1° faixa etdria, embora primérias. 54 Percepedo Dv — Ao nivel de 95 * entre 7 e 9 e entre 7 e 10 anos, a favor das criangas das duas tiltimas faixas que revelam melhor senso pratico. © entre 9 13 anos, a favor das criancas de 9 anos. © entre 10 e 13, a favor das criangas de 10 anos. Determinantes DETERMINANTES F + % — Ao nivel de 99 * entre 7, 8, 9, 10, 11 e 13 anos, sempre a favor das criangas das faixas etdrias mais altas. * entre 8 e 12, a favor das ultimas. * entre 9 e 12, repete a situacdo anterior, * entre 10 e 12, a mesma coisa. * entre 11 e 12, também a favor das criangas de 12 anos. Altamente significativa * entre 7 e 12 anos, a favor das criangas de 12 anos. DETERMINANTES F + % — Ao nivel de 95 * entre 7 © 8 anos, a favor das wltimas. © entre 10 e 12 anos, a favor das de 12 — Ao nivel de 99 * entre 7 e 9 anos. * entre 9 e 12 anos. * entre 10 e 13 anos. * entre 11 e 12 e 13 anos. Muito significativa * entre 7 e 10 anos, a favor das ultimas. * entre 8 e 12 anos, a favor das wltimas. Altamente significativa © entre 9 e 13 anos. DETERMINANTES F% (somatério de F%) — Ao nivel de 95 * entre 7 e 13 anos. * entre 10 e 12 anos. 55 Ao nivel de 99 E entre 10 e 13 anos As criangas das faixas etrias mais baixas revelam me thor ajustamento as normas. DETERMINANTES M — Ao nivel de 95 * entre 7 e 9 anos. © entre 7 € 11 anos, * entre 8 @ 12 anos. * entre 10 e 12 anos, * entre 11 e 12 anos. © mimero de respostas de movimento humano aumenta com a idade. DETERMINANTES FM — Ao nivel de 95 * entre 8 e 13 anos. © entre 9 e 13 anos. A forca dos impulsos inst — Ao nivel de 95 © entre 7 © 8 anos Revelam-se mais maduras afetivamente as criangas de 8 anos, DETERMINANTES F — Ao nivel de 95 © entre 7 e 12 anos. © entre 10 e 12 anos. — Ao nivel de 99 * entre 8 © 12 anos. © entre 9 e 12 anos, © entre 12 e 13 anos. Maior vibragéo afetiva apresentam as criangas das ulti- mas faixas etdrias. 56 DETERMINANTES C — Ao nivel de 95 * entre 7 e 9 anos. * entre 7 e 11 anos. * entre 7 e 12 anos. © entre 7 e 13 anos. A afetividade sujeita a impulsos sem qualquer controle da inteligéncia é significativamente maior nas primeiras faixas etdrias. DETERMINANTES FC — Ao nivel de 99 © entre 9 e 12 anos. © entre 12 13 anos, A maior e melhor receptividade afetiva 6 conseguida aos 12 anos. A maior coartagio dos afetos, aos 9 anos. DETERMINANTES SOMA DE C — Ao nivel de 95 * entre 7 e 11 anos. — Ao nivel de 99 © entre 7 e 9 anos. © entre 7 e 13 anos, ‘Muito significativa © entre 7 e 12 anos. i Ansiedade nivel mais elevado de ansiedade encontramos nas crian- cas das wltimas faixas etdrias. Quanto menores, mais des- providas de ansiedade. — Ao nivel de 95 * entre 7 e 11 anos. * entre 9 e 13 anos. * entre 10 e 11 anos. * entre 10 e 12 anos. — Ao nivel de 99 * entre 7 e 13 anos © entre 8 e 11 anos. © entre 8 @ 12 anos. a7 Muito significativa © entre 10 e 13 anos A abertura em relacio ao mundo e seus estimulos é maior nas criancas das primeiras faixas etérias. Controle geral — Ao nivel de 95 * entre 9 13 anos. © entre 10 e 11 anos. © entre 10 e 12 anos. Conforme as criangas entram na puberdade e se apro- ximam da adolescéncia, tém mais dificuldade para man- ter o controle. — Ao nivel de 99 © entre 8 e 10 anos. * entre 10 e 13 anos. Indice de estereotipia animat — Ao nivel de 95 * entre 7 e 10 anos. © entre 8 e 9 anos. © entre 8 e 12 anos. © entre 10 e 12 anos. — Ao nivel de 99 © entre 8 e 13 anos. * entre 9 e 10 anos. Muito significativa © entre 10 e 13 anos. Quanto maior a idade, mais estereotipadas se apresentam. Interesse humano — Ao nivel de 95 © entre 7 e 13 anos. entre 8 e 9 anos. entre 8 e 12 anos. entre 10 e 12 anos, entre 10 e 11 anos, — Ao nivel de 99 © entre 8 e 13 anos. 58 © entre 9 © 10 anos. * entre 10 e 13 anos. Maior © interesse humano conforme a idade da crianca aumenta. Respostas originais — Ao nivel de 95 * entre 7 e 13 anos. * entre 8 e 13 anos. © entre 11 ¢ 12 anos. — Ao nivel de 99 * entre 9 e 13 anos. * entre 10 e 13 anos. Maior o indice de originalidade nas tltimas faixas de idade. Respostas vuigares — Ao nivel de 95 * entre 7 8 anos. * entre 7 e 9 anos. * entre 7 ¢ 10 anos. © entre 10 e 12 anos. © entre 11 e 12 anos. — Ao nivel de 99 © entre 7 @ 12 anos. A participagio no pensamento coletivo é maior confor- me aumenta a idade. 59 ‘Tabela n. 2 Relacao entre Me G, simultineo, combinatorias TABELAS g_ Simul N, total Idade Sexo - Combin. de M M 35 63 1 F 48 64 T 103 127 Tabela n. 1 M 35 62 os 8 F 50 88 T 105 150 Sujeitos Desvio ia | eu Id Sex N % uso Média._=—Padrio 2 - tH = T m1 182 M 50 100 43,42 22,05 M 48 57 ee 20 98 38,14 24.23 10 P n no Tee 09 99 40,78 23,14 T 120 167 M 50 98 38,56 30,73 M 36 75 seer 80 100 34,84 20,50 u FP 82 102 T 100 99 36,70 T 138 117 M50 96 34,38 22,53 M 65 95 9 F 50 96 26,76 2131 12 F 83 132 T 100 96 30,57 21,92 T 48 227 M50 2 32,04 2715 M 79 106 10 F 50 100 31,18 18,51 13 F 97 100 T 100 96 32,06 22,83, T 176 206 M 50 100 3648 22,99 1 F 50 98 34,86 24.26 T 100 99 35,67 23,62 Mm 50 98 31,88 19,78 12°F 50 98 35,06 23,36 T 100 98 33,47 2157 M 50 100 37,28 24,42 13 F 50 98 36,04 26,30 T 100 99 36,66 25,36 60 61 Tabela n. 3 Tabela n. 4 eaiy D% Da% —Bujeitos Desvio Sujeitos Desvio Id Sex oN % uso __Média__Padrao Id_Sex_N % uso Média Padrao M50 96 46,56 18,74 M 50 62 10,12 11,95 7 °F 49 98 49,81 21,76 [cs 6 76 12,24 10,44 iT 00) 97 48,18 20,25 78 69 11,18 11,19 M50 94 47,82 25,05 M 50 68 13,64 13,54 8 F 50 100 55,20 1797 8 F 50 64 9,94 10,04 T 100 97 51,51 21,51 T_ 100 7 11,79) 11,79 —M 50 100 49,50 19,88 M 50 4 15,20 12,82 oF 50 100 59,44 19,30 oo 80 13,72 14,00 T 100 100 54,47 19,59 T1100 i 14,46 13,40 —M 50 4 51,70 21,52 M50 76 15,42 14,34 10 F 50 100 56,94 17,90 10 F 50 78 11,92 10,01 T 100 97 5432 1971 T 100 1 13,67 1217 M50 98 49,14 18,63 M 50 82 13,62 11,85 _= 100 52,38 19,38 ll F 50 m4 12,76 11,43 T 100 99 50,76 19,00 T 100 78 13,19 11,64 M50 100 53,08 17,29 M 50 86 14,74 10,33 2 F 50 98 50,94 18,26 aE 6 17,78 11,97 T 100 99 52,01 1IT T 100 a1 16,26 1115 M 50 100 46,74 17,84 M 50 68 15,50 14,66 i 2 oo 96 50,64 21157 13°F 50 4 13,40 12,99 T 100 98 48,69 19,70 T 100 m1 14,45 13,82, Tabela n. 5 Tabela n. 6 S% Tipo de vivéncia M = G (sexo masculino) ‘Sujeitos Desvio Distribuicio em percentagens Ia_Sex__N Média Padrao M50 936 eat Discriminagao Idades 7 F 49 10,32 ant TT??? T 99 9,84 994 nos oe a M 50 82 12,04 13,22 Coarctado 8 F 50 2 8,20 Tat ecoarctativo 40 40 38 38 42 30 38 oa) me pore anes Ambigual 8 12 4 10 2 4 14 M 50 80 11,02 8,83 ‘i ao ss 620 os Introversivo 22 22 «46082 8G T 100 69 861 8,83 Extroversivo 30 26 «22 «24 «616 0k M 50 6 114 9,84 10 F 50 66 7,84 8,23 T 100 a 9,49 9,03 M50 78 11,20 9,03 nF 50 70 8,68 8,45 T _100 “4 9,94 8,74 M 50 68 9,54 9,99 anele ln 2 F 50 4 8,64 8,05 Tipo de vivéncia M + G T 100 1 9,09 9,02 (sexo feminino) M50 78 11,10 074 Distribuigdo em percentagens 13 -F 50 rs 10,78 931 T 100 6 10,94 9,52 Discriminagso Tdades 7 8 9 1 MW 12 13 Coaretado ecoarctativo 47 36 32 38 26 «14 (28 Ambigual 4 8 10 8 18 4 16 Introversivo 22 26 344286 4B Extroversivo 27 300 «24 120k 64 Tabela n. 8 Formula vivencial de Klopfer FM+m-+Fe+c+C’ Bg (sexo masculino) ‘Tabela n. 10 Experiéncia atual ‘Experiéncia em potencial FM +m + Idade M+C E.A, Idade claro-escuro EP Distribuigio em percentagens Idade 7 8 9 10 WL 12.13 Coarctado e coarctativo 2 2 4 0 O 6 4 Ambigual 8 6 6 2 12 18 10 Introversivo W602 72) 10:10. 00,74 Extroversivo Mo 60D om H Tabela n. 9 Férmula vivencial de Klopfer FM+m-+Fe+C (sexo feminino) Distribuigao em percentagens Idade eee itt aris) Coaretado coarctativo 6 10 4 8 4 2 4 Ambigual Ooo 0 om m Introversivo 73° 72 76 #72 72 72 68 Extroversivo 1 4 1 iM 1 12 4 7 L414 2.73 7 5.16 +2.12 7.28 8 1.504+1.45 -2.95 8 5.97 +2.38 7.35 9 1,8241.09-2.91 9 5.80+3.10 8.90 10 -1,59+1.19 —2,78 10 5.76 + 3.13 8.89 M17 +139 -3.16 11 5.304 2.78 7.08 12 2.27+1.62 -3.89 12 5.154+3.35 8.50 13 2,06+1.08 —3.14 13 4.16 42.99 6.75 ‘Tabela n. 11 Nivel de maturidade afetiva Tdade FC+ CF+C 7 0.33 La 0.60+ 0.98 40+ 0.80 10 0.52 0.81 ul 0.53 1,04 12 062+ 1.26 13 0.55+ 0.75 67 Sujeitos Desvio Id Sex N % uso Padrao M50 98 18,99 1 °F 49 100 19,85 T 99 99 19,42 M 50 98 8 F 50 100 T 100 99 M 50 100 oF 60 96 T 100 98 M 50 100 1 50 100 T 100 100 M 50 100 1 0 100 T 100 100 M 50 100 42,22 12 F 50 100 32,48 T 100 100 37,35 M 50 96 39,82 13°F 50 98 32,90 T 100 97 36,36 68 ‘Tabela n. 13 F + % extenso Sujeitos Desvio Id Sex N % uso Média Padrao M 50 100 73,66 13,74 7 FPF 49 100 72,81 17,56 T 99 100 73,23 15,65 M 50 100 79,84 13,05° 8 F 50 100 77,26 13,42 T 100 100 78,55 13,23 M 50 100 77,18 13,97 9 F 50 100 81,00 13,16 T 100 100 79,09 13,56 M 50 100 79,86 14,80 10 F 60 100 82,72 9,34 T 100 100 81,29 12,07 M 50 100 76,80 12,01 1 F 50 100 83,74 9,94 T 100 100 80,27 10,97 M 50 100 80,70 9,60 122 F 50 100 88,40 7,03 T 100 100 84,55 831 M 50 100 85,40 10,10 13°F 50 100 87,90 8,04 T 100 100 86,65 9,07 69 ‘Tabela n. 14 Controle interno ‘Tabela n. 16 Proporgio das respostas de cor em relagio com as de claro-escuro Tdade Lt FM +m Idade 7 8 9 tw WW 12 18 7 1.27 5.16 Resp. Fj ie ai Crom, 1.47 1.45 1,091.22 1.38 1.62 1.09 Resp. 9 1.82 5.76 acrom, 2.12 2.38 3.13 2.73 2.78 3.35 2.99 10 1.59 5.57 Tabela n. 17 1 LIT 5.30 Relagio das respostas globais com as de 12 2.27 5.15 movimento humano i 2.06 “76 Idade Sexo N.deG N.deM M 289 63 7 F 265 64 T 554 127 M 324 62 8 F 288 88 7 T 612 150 bela n. 15 " M 243 90 Controle externo 9 F 202 92 T 445, 182 Tdade FC OF +C M 270 87 10 F 249 10 7 0.33 + 1 Tr 519 167 0.60 = 0.98 M 295 5 u F 272 102 eee - Cae T 567 17 10 0.52 + 0.81 a a a uw 0.53, + 1.04 12 F 313 132 12 052 + 1.26 a ey aa . M 227 108 13, 0.55 + 0.75 i 4 eH Aca TT sss>samm0900 T 501 206 ic) 1 Tabela n. 18 Tabela 2. 19 Média dos Silmult. _N. total Tdade Sexo pions ae Idade Sexo «GG s/c_— Média de M M 1.10 1.26 M 35 3 7 : a er 7 F 0.96 1.28 T 103 127 T 2.08 3.54 M 1.10 1.24 M 35 2 : 8 M 4 ea 8 P 1.00 176 gr oe 3 T 2.10 3.00 M 1.12 1.80 M 56 90 ° 5 be Hi 9 P 1.10 1.84 : a ia T 2122 3.64 M 0.96 1.14 a S Ci 10 PF 144 2108 10 P 2 110 E A ae T 120 167 : : M 112 1.50 i Ee ae n P 164 2104 u F 82 102 3 7 aie T 138 17 : M 1.30 1.90 . ££ £ » ¥ ie GR T 296 4.54 T 148 237 7 a TG ™ 1.58 2.12 13 FP 194 200 13 P 7 100 a aig T 176 206 : n 3 ‘Tabela n. 20 F+% ‘Sujeitos Desvio Id Sex N % uso Média Padrio M50 92 64,94 26,62 7 F 49 98 65,81 24,97 T 99 95 65,37 25,79 M 50 96 77,00 23,33 3 180 98 72,06 22,98 T 100) 97 74,53 23,15 M 50 98 15,48 22,51 9 F 50 96 78,98 17,61 TE 1100) 97 71,23 20,06 M 50 100 74,10 19,90 10 F 50 100 76,28 17,69 T 100 100 15,49 18,79 M 50 96 144 22,54 he 100 8144 UTI T 100 98 16,44 20,15 M 50 100 1112 18,48 12 F 50 100 89,52 10,94 T 100 100 83,32 14,71 M 50 96 76,10 22,60 ioe E00) 94 79,48 27,42 T 100 95 71,19 25,01 4 Tabela n. 21 Média e desvio-padrao das respostas originais Sujeitos Desvio Id Sex N % uso Média Padréo M 50 22 0,24 0,47 1 F 49 20 0,22 0,46 T 99 21 0,23 0,46 M 50 4 0,22 058 8 F 50 16 0,20 0,49 T 100 15 0,21 0,53 M 50 18 0,24 0,55 9 F 50 10 0,10 0,30 T 100 4 0,17 0,42 M 50 18 0,22 0,50 10 F 50 10 0,16 0,54 T 100 14 019 0,52 M 50 24 0,32 0.71 uF 50 16 0,18 0,43 T 100 20 0,25 0,57 M 50 22 0,28 0,57 2 F 50 22 0,30 0,64 T 100 22, 0,29 0,60 M 50 26 0,42 0,83 13 F 50 32 0,52 1,03 T 100 29 0,47 0,93 cd eee eee Tabela n. 22 Média e desvio-padrao das respostas vulgares Tabela n. 23 Matrizes progressivas Sujeitos Desvio Id Sex N % uso Média Padrao M 50 100 62,98 16,78 7 °F 49 98 58,02 22,78 T 99 99 60,50 19,78 M 50 100 64,12 19,27 8 F 50 100 65,04 17,99 T 100 100 64,58 18,63 M50 98 60,64 18,17 ery 50) 100 54,82 19,83 rT 100 99 51,73 19,00 M 50 100 66,03 20,93 i) ee 100 66,26 18,09 T 100 100 66,14 19,51 M 50 100 62,00 20,09 uF 50 100 61,16 15,82 T 100 100 61,58 17,95 M50 100 58,54 18,70 12 F 50 100 60,16 15,38 T 100 100 59,35 17,04 M 50 100 59,10 16,86 13°F 50 100 55,14 16,78 T 100 100 5712 16,82 6 Sujeitos Percentis Id Sex N 9 90 75 50 2 10 5 M 50 2 23 20 17 15 12 12 US Om mom mo mom M 50 30 29 23 19 15 13 12 * p60 25 mt 2 es saa M 50 35 32 28 23 19 16 15 * p50 at 20 7 mt esas M 50 33 32 30 2 2 17 15 a ee ee ee ee M 50 44 43 38 32 2 17 14 a ee ee ee M 50 48 46 41 36 30 25 23 a ee ee ee ee M 50 54 50 47 41 31 24 20 Bp om me Bl 6 at aks E ‘Tabela n. 24 iatrizes progressivas Idade Sexo Média Desvio-padrio =—N E M 17,480 41464 50 4 F 16,200 3,7032 49 i M 19,840 5,9568 50 8 F 18,300 4,3295 50 t M 23,720 95,8520 50 ~9 : F 22,480 5.5115 50 * M 24,680 6.2676 50 10 F 22,940 5,5306 50 F M 30,960 9,4086 50 u 1 F 80 9,1575 50. M 5,880 8.1582 50 12 F 35,440 9,0173 50 M 39,060 10,186 50 <18 F 40,780 7,926 50 8 Tabela n. 25 ‘Tabela comparativa das médias das respostas globais secundarias, movimento humano e F + % extenso F+ % Idade Sexo Gs Resp.M _extenso M 1,10 1,26 713,66 u F 1,28 72,81 T 127 73,23 M 1,24 79,04 8 F 77,26 T 78,55 M 1,80 7718 9 F 1,84 81,00 v 182 79,09 M 114 719,86 10 F 2,04 82,72 T 1,59 81,29 M 112 1,50 76,80 un F 1,64 2,04 83,74 T 1,38 1,77 80,27 M 1,30 1,90 80,70 12 F 1,66 2,64 88,40 T 148 84,55 M 1,58 2,12 85,40 13 F 1,94 2,00 87,40 T 1,76 2,06 86,65 9 PARTE II Protocolos de ambos os sexos dos sete aos quatorze anos RESPOSTAS I 20” — Esses brancos séo quatro quadrinhos — Também acho parecido com um bicho — Tem também uns pontinhos bonitinhos 120” — Me lembra um mapa II 5” — Vejo a boca, 0 corpo, o rabinho de um bicho 10" Ir 6” — Dois bonequinhos, a perninha da frente em cima de umas bolinhas — Uma borboleta 55” Iv 5” — Um animal peludo, um macacéo 30” v 4” — Péssaro: asa, outra asa, dois pés 35” PROTOCOLO N. 1 Sexo: masculino — Idade: 7 anos Dds Gs oa Fe FM+ F- Fs obj — Quadrinhos para botar retrato (Ddss) A v — um morcego voando pela casa Ad — Acho parecidos com olhos de gato Geog — branco sio os lagos — Um caranguejo, como os vejo na praia, esté A andando aD — Esto se equilibrando A v — Vejo igual, ¢ pequenininha (D.) A A v — Voando Gs D-8-00% Da-2 Dds — 1 - 15% Ps 5 61% — 7% P23 Pe +Mo1 +e+e+ M6 Pm_1 ++Fe Veriticamos que esse menino de sete anos apresenta o tipo ‘pereepeio global sendo, contudo, essa percepcio de tipo primério DMs A D oF+ a@® D -Fm— ob} DO oF- Arg Dol F+ Ad Do PMy A DO oFe A DO oFy Tr + Gt (D) Da Wlimsoc PMG MsFe+c+C° 7 2 VII + 1K +X x 100 R FK YF + Fex 10 R ALHS Ads Ha ry 3 Sucessio ro om Dis GG G D Da Gs Tempo 1 om ou wos oe rr ra = Boneco parecido com erianga (D8) = Aqui no'verde ¢ um navio com chaminé (D1) = Vejo “igual, parecido com este aqui (D8) = tn) = Comentario = Esté voando por causa das asinhas (D1) = Estio' aqui, esto desenhados (D4) = Porque parece, porque 6 igual (D8) as vw 4 a vir My a var A 55 gooor x 5" youn fa a fe enfoque coracteristico da sua faixa etéria com énfase na D caret ceyeinaptecmanespltireoestneseeimaecenstietaiargpercee-aceengeseoniiiinl PROTOCOLO N, 2 Sexo: feminino — Idade: 7 anos RESPOSTAS. I 2 — Um bot rs — Ble tem chifres, esses dois negocinhos aqui, (08 olhos, isto daqui (S) (vé 0 bot todo) — Uma cara de um monstro Dds P+ Hd) — Ela 6 fela porque tem isto aqui, os olhos ry @ a boca (Dd,11) 0 y" — Aqui nfo lembro nfo Choque = chogue fot veneido no inquérito mm 8" — Uma caveira G FH Ant = Aqui (pera, das figuras humanas), acho que € 0 corpo dela — Um sirt Da FM- A — Porque tem 0860s duros, patinhas, e morde fa gente com as garras, eu vejo que esté andando (Dds)) — Um caranguejo D FM+ A — Otha 0s dentes, também esté andando (D5) = Nio lembra mais nada ow v 18" — Esse eu no me lembro ‘Agora estou achando que é um lurso ou um gorildo. Ele esté we ne Go oF A — # parecido 57 — Este aqui eu sei, um morcego G = FM+ A = V._—s— Parece um rato, Tem duas asas, duas ore ca Ihas, duas pernas, Ele esté voando vr 20" — Um cabrito D ad — Ela tem isto agui, que € 0 focinho dele, o também tem dois cabelinhos (Ds) vir 45° — Isto aqui 6 uma borboletinha =D = FM+ A — Ela tem duas asas e tem este corpinho aqui no centro e ela estd em pé (Ds) Isto aqui é um cachorrinho de Do FM+ A —Eles tém focinho, aqui o rabo e as duas Jum lado e outro do outro ppatinhas. Eles estio correndo (Ds) elo" virr 4° — Isto aqui é um rato, este tam bem € D -FM+ AV. —Eles estéo subindo num negécio (D.) — So duas borboletas D cee = Aqui _néo dé ndo, (D.) fo a cor da bor- boleta : — Nao sei mais 40" 1x 10” — Isto aqui é um homem com um chapéu D Ft #H — Ele est de pijama (D.) — Vejo dois garotinhos Do Me wi = Estio deitados por causa do jeito da cabeca 1630" e do brago (Ds) x 14" — Aqui vejo dois bichos FM+ A = Sto (dois tourer, ertio carregando um pau (Dy = Vejo dois cangurus My A — Eles estio pulando, eles pulam assim com ‘as mos para frente (Dis) | = Aqui é uma aranha — Agora vejo um monstro 15" Tos" R18 T —-3" R G-3 2% Gs-1 D-1161% Da~1 Dds ~ 2 16% F+3 50% 2% P-3 F-633% +Mo1 Steet tt EM +0P-1 Fe-1 D FM+ A -V_-— Ella tem um montio de pernas ¢ esté an- dando (D,) Dis P- (Ha — Vejo igual, porque ele tem dois olhos que dio medo, dois chifres e esté em pé, mas 86 velo a cara dele, (Parte inferior do (D.a a partir do D.) Contendo Tp+GD Da A- 127% Tw+IM+IC EA Ad—1 FMamsFese+C ep H-2 3 1 Hd 2 ant—1 Vint + xX +X x 100 is R FKL P+ Fex 10 8 v-3 R AsHsAd+Ha 1" 3 Sueesséo tom om owov wow vo « Gs @. @ 5 DED) D D é vo gvoox Tempo 1 om om ow Y Wow wm ee ee weve orien et x ee ‘As eriangas do sexo feminino costumam ter um tipo de enfoque mais voltado para os detalhes que os meninos. Esta ‘menina de sete anos néo escapa a essa regra, embora nela tal caracteristica esteja mais acentuada que na média das ou tras criangas, contudo nio percebe os detalhes cuidadosamente, prestando a necessaria atencao, muito infantil, detxase levar ppelos impulsos e seu excesso de espontaneidade provoca uma queda do controle do pensamento ldgico. Apresenta_um tipo vivencial cosrtativo com tendéncias equilibradas entre a introversio e a extroversiio. Os controles, que nessa idade costumam ser muito fracos, se apresentam neste protocolo ainda mais vulnerdveis pela escassarepresentativi- dade do controle automético ‘Fe = 1). = on PROTOCOLO N. 3 Sexo: masculino — Idade: 8 anos RESPOSTAS I 10" — Uma borboleta Gs FM+ AV —Esté de asas abertas voando = Uma cara de gato horrorsa Dds F4+ Ad = Por causa dos olhos ‘(parte branca inter- o yma) aqui o nariz e a boca (Ddsi1) 1 12" — Parecido com uma coisa do cor- po humano Go C im —Parecido com uma parte do corpo aberta, {sto aqui parece 0 est6mago. Aqui nilo vejo, {fol o vermelno — Aqui parecido com uma cara — Por causa do perfil dele (D.) ae cavalo DO PH Ad 120" m 10" —Dois homens carregando uma —£ uma coisa pesada porque eles esto fa- coisa e um laco aquino meio G M+ HV zendo muita forca Aqui uma méseara de horror Ds FC" méscara_-—«-— Por causa dos olhos pretos e 0 branco do meio que é 0 nariz, Vv 15" — Um monstro Gor w —£ um monstro — gente, aqui a cabega, 3" aqui as mios, aqui os pés v 2 —Parecido com um moreego G FM+ A © -V_- — Esté de asas abertas voando 32" — So dois bichos, um empurran: do 0 outro, im empurrando para lé-e 0 outro para cd — Uma dgua-viva var 7” — Aqui duas pernas com forma ge M — Um leo ou um tigre 0" var T — Duas antas subindo numa drvore — Uma borboleta 30 1x 3" — Aqui dois cavalos-marinhos — Aqui uma cara gordinha com ‘umas bolotas do lado a x 3° —Duas aranhas de lado pegando dois bichinhos verdes — Dois bichinhos subindo num pau = Um cachorro vermelinho a +eP-1 +Fe-2 +FC=1 Go mMH A D + Ao D oF- Ha Dm FM DO oFM+ Av FI D MMe A D P+ A D Fey Ba Do mes Doms A DO FM+ A Tp+GDDad TWalMsic PMam+Fe+e+C 8 4 VIII + IX +X x 100 R 36% FE +F 4 Fe x 100 = 36% R (As) 4 (Ad + Ha) iB 4 ‘Sucessos ron m Ww G G G G Dds D Ds Tempo oe ty, oe se ar mr = Parece um monstro marinho, aqui a cabeca escondida, aqui o rabo, ele esté pegando © outro bicho pelo rabo e puxando. O de ima é parecido com um Jato voador —‘é vi na televisio uma dquaviva e era assim, toda mole (D.) —Parece um M por causa da forma —No mesmo lugar, € por causa do cabelo dele =A Grvore parece um pinheiro (D,,) — Esté subindo de asas abertas (D.) 0. nariz, rabo (D,) — Aqui as borboletas gordas ¢ duas bolas que Jogaram e ficaram presas na bochecha (D.) @ cabega, todo ele menos 0 — Aranhas por causa das pernas (D;) —Parecem dois caranguejos (:) EU falei vermelinho? Entio eu me enganei, © cachorro 6 amarelo. Estio faltando as pernas traseiras e 0 rabo, esté subindo nes- fa folha (D.) Tou vi va mx = G @ D D OD D oD D D D v var x e Bs = 30" o Este menino apresenta um ntimero de respostas de acordo com o esperado. Quanto ao tipo de enfoque, embora equilibra do, demonstra uma maior tendéncia para a percepodo dos detalhes © sabe analisar os mesmos com excelente capacidade Ge’ atengao e de critica, Embora as criangas da sua idade sejam bastante espontineas, ele apresenta essa caracteristica ‘mais acentuadamente que os meninos da sua idade, porém, sendo controle do pensamento logico muito bom, pode per: mutirse essa espontaneidade sem qualquer problema de desajustamento. Por outro lado, a estereotipia é elevada, o que cons- ‘titul ums das varidveis mais constantes do grupo. ‘A posigéo vivencial continua sendo coartativa e dessa forma o oposicionismo implicit nas trés respostas de espago em bbranco Fecal diretamente na sua consciéncia.

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