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KARL MARX Critica da Economia Nacional F. ENGELS Discurso de Elberfeld Textos Inéditos - 1845 1976 “Tredugéo: Monuo! Rais Ferrara Edigio » Coordenagio: José Fortunato Diateibulgdos ULMELRO ‘Av. do Urugual, 2A —Lishoa - 4 Fel. 7075 48 APRESENTACAQ Os dois textos de K. Marx @ F. Engels que pu- blicamos so consagradas & critica do economista alemao Friedrich List, nomeadamente & sua pri cipal obra «Das nationale System der politischen Oskenomie» (0 sistema nacional da economia po- itica), publicada em 1841 Estes textos tm um evidente interesso do- Cumental, na medida em que eram até agora pra- ticamente inacessiveis a0 pablico, 0 toxto de Marx, inédito até 20s ditimos anos, provém do Instituto do marxismo-leninismo, agregado a0 Comité Cen- tral do Partido Comunista da Uniao Soviética, Tra ta-se de um menuscrito de Marx com 39 paginas, que fei remetido 20 Instituto de Moscovo por Mer- cel-Charles Longuet, bisneto de Marx, Acrescen- tam-se-the outras quatro paginas manuseritas do Marx que haviam j& sido enviadas a0 mesmo Ins- rituto por Edgar Longuet, neto de Marx. © conjunto, que constitui o esbogo de um artigo. critic dirigido contra F. List, foi editedo primeiro fem tradugae russa do Instituto do marxismo-leni- nismo na revista Voprosy Istorii KPSS, n° 12, 1971, p, 3-27. O texto alemBo original, impresso a partir de uma fotocépia do manuscrito de Marx, foi publicado pelo Instituto do manxismo-leninismo, agregado ao Comité Contral da S. E. D., na re- vista Beitrage zur Geschichte der Arboiterbewegung (BZG), 14 ano, Borlim, n.° 3, 1972, p. 425-446. (') (0s fragmentos de que se dispde constituern um rascunho, um esbogo, contenda numerosos adita- mentos, emendas, correccdes ¢ abrevinturas. Algu- mas palavras so dificilmente decifraveis outras ‘830 mesmo ilagiveis. O proprio manuscrito esté () Assinale-se também a adigio destes textos do Marx @ Engels em K. Mone-Engols. «rit der BUrgeichen Ockenomien («Meus Manuskript von Manx und Rede von Engels bor F. Liste, Archiv-Oruko 1, Veriag for das Stir divin der Arbatterbowogung, Berlin Ocidental. 1972 (com tum posticio de Jouchim Bischoff), Estes dois textos fo- rom também incluidos, em tredugso italiana, no tomo qua 40 das «Opere Completen de K. Mane @ F, Engels (Faitor Riuniti). A ravista «Critica meristan, Eeltorial Riunit, Ro- mma, 10° ano, n* 4, Julha-Agosto de 1972, pubileaw extrac- tos do artigo de Marx, nomeadamente o capitulo 2. Existe tombém uma tradugio de M. Rubel e Y. Broutin em aEco- rome et Saciétiss («Cahiors de I" Institut do Science aco- romique appliquéen), Série 8, 02° 16, 1973, 6 incompleto, Falta-the 2 primeira folha, que prove- velmente continha © titulo do artigo © © do pri tule, primeiro sub-capitulo @ 0 inicio do segundo. Foram conservadas todas es outras folhas do primeiro capitulo (2 a6), inira, pp). A este primeiro capitulo, «Caracterizagao geral de List», junca-se pelo seu contotido uma folha de pequeno formato nao numerada, cuja primeita pigina esté completamente preenchide @ cujo verso tem ape- nas duas linhas escritas. © segundo capitulo (fo- has 7-9, infra, pp.) critica «a teoria listiana das ««lorgas produtivas © dos velores de trocay, feltan- done 86 a conclusao. Do terceiro, apenas subsis- tem dois fragmentos (meiade da folha 22 ¢ a fo- tha 24, infra, pp.), que tratam da «renda fundiérian. © quarto capitulo, intitulado «0 Sr. List @ Ferrier» @ composto em grande parte por citagBes de Ferrier, compreende uma folha néo numerada (4 paginas, infra, pp.). Esté completo ¢ representa manitesta- mente a concluséo do artigo. ‘As palavras sublinhadas por Marx aparecem fem itélico. Em varias ocasides, Marx acrescenta por cima de uma palevra um sinénimo ou uma ex- presséo diferente e deixa ficar as duas. Neste caso, © texto agora publicado repreduz em primero lugar 4 Giltima expressao escolhida por Marx e depois ce- produz entre paréntesis a primeira versio. Menti- veram-se no texto a subdiviséo om paragrafos 0 7 as numeracées mals ou menos coerentes & muitas vezes repotidas por Marx (*). Quanto ao texto de Engels, traduzimo-lo a par- tir de F, Engels, «Zweite Elbertelder Rede», om K. Mare-F, Engels, «Obras», Berlim, Tomo 2, pp. 549-557. Estes dois artigos permitern-nos abarcer desde 0 inicio a elaberagao da critica da economia politica burguesa por Marx e Engels. Critica que constituiré © tema ossencial das investigagdes de Marx @ que ser sompre uma das preocupagées dominantes dos fundadores do socialismo cientifico, bastando- -nos recordar que para eles (Anais Franco-Ale- maes) do seu genial esbogo de uma contribuiggo para a critica das categorias econémicas (7), man- () Isom, pp. 5 € 6. 1) F Engels: «Algumes palavias sobre a historia da Liga dos cormunistaen, (3885). pretéclo a K. Mens: «evelo ‘Gees sobre © proceesa dos comunisias de Colénien (1862), trad, Molitor, Paris, A. Costes, 1839, 9. 78. ©) teem. () E Engole: «Umrisse 2u einer Kertik dor National6- koroniies, em «Deutsch-Franztischo JahrbOcherm, Pers. ‘i848, Tend, Papsiosnnou, «Esbogo de uma critica da eco- amis politica, em K, Mane: «Cries de economie politica. Paris, UGE. 10/18, 1972 uve por escrito «uma consiante troca de ideiasy, tinha chegado por uma cutra via... ao mesmo 10- sultada qua eu proprio © quando, na Primavera do 1845, se velo também fixar em Bruxeles, resolver mos trebaihar em comum na determinagao do an- tegonismo existeme entre a noss maneira de ver © 2 concepgao ideotégica da filasofia alemi; tra- tou-se de facto de regular as contas com a nossa consciéncia filosética de outroran (*). Em Outubro de 1843, Marx e a esposa deixe- rem a Alemanha e foram fixar-so em Paris, Ai Mark redigiu entZo uma ulntrodugo & critica da filosofia ¢o direito de Hegel» que foi publicada nos «Anais Franco-Alemaes» © que marca sem divida a ade- 880 definitiva de Marx & ceusa do protetariado re- volucionsrio, Nesse texto, am que Marx afirma que «a realidade politico-social moderna (deve) ela ordpria (sor) submotida a eritican (*), surge: () K. Mane Pratdci @ «Cetiea do economia politica», op. cit, p. 8 ()K. Marc ulntredueio & ertioa ds filasofis do. die feito de Hagalo, em K. Marc Engols, «Sobre o roligiion, 0, sociales, Paris, 1968, p, 45, Neste texto, Merk enuncia muito cleramente o eapel revclucionério do proletariado que efiniré em 40 Capicaly come a negagio € que & aqui con- cebico como «0 resukado nogative da sociedaden (i. . 87): ¢e proletariade somente comega a fermar-9e na Ale- mana gragas eo infolo dla desenvolvimente industal... Ao ‘punciar 2 dissolucso da anterior orcem mundial, 0 proleta- fiade apenes exprimo 0 sogredo da sua préprin existéncia, pois cle & 2 dissolueo do facto desea ordem» (ind, 9, 67) 10 ume primeira aluséo a List, 0 que prova como Marx estava consciente desde essa altura da ligagio existente entre os idedlogos alemaes (de ordem econdmica, filos6fica ou religiosa) © a realidade alemé. «Um exemplo: as rolagdes da inctistria, do mundo da riqueza de um modo geral, com o mundo politico so um problema essencial da época mo- derna, De que maneira comega este problema a preocupar os alemaes? Sob a forma do proteccio- ismo aduaneiro, do sistema proibitivo, da econo- mia nacional» ('°). Marx, que se entrega a uma eri tica aberta do regime alemao actual, anacrénico, em fiagrante contradicio com todos os axiomas universalmente reconhecidos», do Wer, 16 mies so resuitantes, mais do que todos os outros, de hipStoses teéricas». Concluséo politica: «As cau- sas fundamentais que provocaram na Inglaterra a miséria e a opressao do proletariado existem igual- mente na Alemanha ¢ tém necessariamente que provocar a longo prazo os mesmos resultados» (*), € este teso fundamental que Engels procurara dosenvolver na agitagao e propaganda comunistas a Renania, nomeadamonte em Elberield. Entusiasta © optimista, Engels escreveu a Marx em Outubro de 1844: eprepara-so aqui um terreno soberbo para as nossas ideias... Onde quer que se va, néo se da um passo sem deparar com comunistas» (7). Ea 19 do Novembro de 1844: «temos neste mo- mento reunides piblicas em toda a parte com vista a criar as associagées para a promocéo dos ope- ratios» (#). Desde esta époce, Engels sugere a Marx a passagem a escrito da sua nova concepgéo, a firm de dar mais forga 8 agitaco comunists, «En- quanto nao dermos, numa série de textos escri- tos, uma exposiedo légica e histérica dos prin- cipios em que nog baseamos, apresentando-os como a consequéncia da evolugso das ideias © da hist6ria, toda a agitaglo n&o passaré de semi-in- conscionte @, para a maioria, ndo seré mais do ©) Idem, (1) K. Marx, F. Engels: «Cerraspandénciay, Tomo |. 0p. cit pp. $37 # 398. Idem, p. 432 16 que avancer as apalpadelasy (*). Ele préprio conta langar-se 20 trabalho sem demora e prolongar 2 ‘ua obra de dendincia da burauesia inglesa o ale- ma. Esoreveu a Marx em Novembro de 1844: cen- tretanto, esereverei proximamento aigumas brochu- fas, em particular uma contra List, logo que dis- ponha de tempo» (*). «Entretantoy, contudo, Marx foi expulso de Franca, bem como os principeis colaboradores do «Vorwartsn («Avante»), pelo ministro do Interior Guizot, sob pressio do governo prussiano que via com maus olhos a crescente influéncia deste jornal dos emigrantes alemfes, Antes de deixar Paris (3 de Fevereiro de 1845) 2 caminho de Bruxolas, Marx assina com o editor Lesko um contrato pare publicagio de uma obra como o titulo «Critica da politica @ da economia politican (*). Engels consi- ©) Cana 3 Mark (princibios de Qutubra de 1844), ie, pp. 335 © 336, (Carta de 19 da Novembro do 1844, id, p. 344, (©) 86 foi conservada uma parts dos manuscritos rodigidos esta 6poca, Constituem a subsisncia dos «a. uscrites de 1844s. Depcis de Outubro de 1364, Engols fesoreveu a Marx: «Faz com que so divulguem por toda a parte os materials que acunulaste, € uma grande altura. “rabathemes pois com firmeza © publiguemos rapidamante'n, «Carrespondtnekan, p. 389. Mas Marx nfo lovard este va. batho at@ 20 fim. Acabord primeiro «A Sagrada Familias, pprossequindo a seguir ae suse leitures dos econamisias, fem Bruxsiag ® am Inglaterra, durante a viagem com Engels 7 derava este projecto, que Marx jamais concluiré, muito importante para a propagago das sues ideias comuns, «0 que nos faz mais feits actualmente, diz a Marx, € uma série de obras de alguma impor- tancia que foriegam um ponto de apoio sélido aos, que tém conhecimento médio e estdo cheios de boa vontade, mas que no conseguem avanear sozi- nihos, Trata de acabar o teu tivro de economia po- titica (...) ©8 espiritos esto maduros e é preciso rmalhar © ferro enquento esta quamten (*). Engels, por seu lado, em ver de escrever essa série de obras, continua antes a agitagio eomu- nista om Elberfold, «Passom-se em Elberfeld coisas ‘em Julho-Agosto de 1845, leitures que estdo igualmente contidas em cadernas do estudo. Maa § sobretudo a redac- ‘glo da wdeologia aleman que o impedira da cumprir 0 con- {isto com Leske, que dato snifara om 1847, Numa cesta @ Loske om 1 de Agosto de 1845, Marx justifiearé 0 etras0: ‘Par cause desta edigéo, pela qual ma pus de acordo cam fstes copltalitae elomies (Mare slude 8 aldaologia ale- ian), interrompi momentansdmento 0 seu trabalho com 2 economiay. Parecia-me com afsito muito importante nu: bizar primeire um escrita palémico contre 2 flosolia slemi fe contra © socialiemo alemse, qua s¢ Ihe sequin, antes de border desanvolvimentos positives. € necessério pare que © plblico esteja preparade comproandor 0 panto de viste ‘da minha economia politica, que se opbe ciametralmente 2 circia alems em lugar de hanre até hoje» («Coctespon- éncian, pp, 395 e 326). (')_ Carta a Marx em 20 de Janeiro de 1848, «Corres ondanoian, Toro I, op. cit, pp. 254 « 365, 18 espantosas, escreveul Engels a Marx, Ontem tive- mos a nossa terceira reuniio comunista (...). Tudo isto suscita um interesse imenso. Jé nao se pde cutra hipdtese que no © comunismo © cada dia ganhamos novos aderentes. 0 comunismo, no vale de Wupper, € ums verdade © quaso que uma forgan (#7), E no segundo discurso, em 15 de Fe- vereiro, em Elberfeld que Engels critica es teses pro- teccionistes de ‘Ac mesmo tempo, Engols (") propée a Marx numa troca de cartas uma série de projectos co- muns, Primeiro, a colaboracéo na nova revista de Pattmann: «Pittman vai publicar através de Leske uma revista trimestral, os fiheinische JahrbUcher» (Anais Renanos), que néo tém problemas de cen- sura, pelo que o comunismo néo & questo, Podes decerta colaborar nela também. De qualquer modo. no 48 nenhum inconveniente em que fagamos im- Primi uma parte dos nossos trabalhos duas veres pprimelro numa revista e em sequida sob a forma de livro, resgrupando-os segundo o contetido (...) ()_Certa a Macx em 22-28 do Fevereiro de 1885, op. ct, p. 300. ©) Nesta alture sto participa jé sctivamente na propaganda gers, escrevendo em dversae revistas, namea- damante 9 «Dautschos BUrgarbuch for TEA» (Almanaque €o cidado slemdo pura 1845) © 0 «Gesullschaftsspiogely (Espotho 4a sociedad) onde Engels precura srager «0 qua- dro ds misérie social © do ragime burguéer, (carta a Max ‘8m 20 do Janeira de 1845, «Correspondénciay, p. $53) 9 Como vés, teremos bastante que fazer aqui no Alemanha, para colaborar em todas estas publica- des e, a0 mesmo tempo, preparar escricos mais importantes» (*), Outro projacio que Engels sub- mete a Marx: cuma colecg&io dos melhores escri- tores sovialistas estrangeiros», onde se juntariam textos 6 autores com uniformidade de princfpios & com «contefido ainda utiizavel hoje, pelo menos ra sua maior parten (%). Para este efeito, Engels propée uma divisio de trabalho; «pederiamos fazer a introdugae em conjunto, tu tratarias da Franga & ‘eu da Inglaterran (21). Mas esta «histéria do socia- lismo nos @ pelos textos» também nao viu a luz do dia Entretanto a cdivisio do trabalho» entre Marx e Engels comega a dar frutos a propésito da critica de List. A ideia de um trabalho contra List, que Engels tinha levantado om fins de 1844, toma forma precisa na mente dos dois amigos. A carts de En- gels a Marx om 17-3-1848 faz ressaltar que Marx ‘também pensava nisso e que tinha a intencéo de oferecer uma critica do «Sistema nacional da eco- nomia politicay a revista de H. Piittmann, «€ notével escreveu Engels, como, para além da historia do colecgéo, me encontrei contigo em rolagio a um (8) «Conespandénciay, op. elt, pp: 903 2 S54. () Conta a Marx am 17 do Margo de 1845, «Corros- pondénctan, op. cit, p. 365 Ider, 20 outro project, Também eu queria escrever uma critica de List para PGttmann—felizmente tive co- nhecimento por Piittmann da tua intengio suficien- temente code. Como do resto queria abordar List do ponto de vista pritice, desenvolver as conse- qvéncias praticas do seu sistema, vou trabalhar um ouco mais um dos meus discursos d'Elberfeld (...) conde ja tvatei um pouco este assunto, Além disso, segundo a carta de Burgers a Hesse, ¢ conhecendo @ tua personalidade, suponho que te debrugarés mais sobre 28 suas premissas do que sobre as con- sequénciasn (*). Soria de resto a critica desta filosotia @ ideolo- gia alemas que Marx e Engels iriam consagrar uma Parte dos sous esforgos langando-se 20 trabalho de escrevar «A ideologia Aleman. Os dosonvol Mentos contidos nesta obra permitem-nos ver me- thor aquilo 2 que Marx chama na sua critica de List «a dominagéo da indistria sobre © mundo» © ver porque 6 que «a ordem social industrial (6) pera o burgués o melhor dos mundos» (#), quo Ihe permite estabelecer a sua dominacéo a escala universal. Se bem que List no faca parte dos ideé- logos atecados nesta critica da filosofia alemé, do Socialisma alemio ¢ dos seus varios profetas, cer- tes passagens de «A Ideologia Alem’ mostram olaramente que Marx © Engels queriam explicitar (Mem, 9. 368, idem, p. 97 a certas questées que os preccupavam na attura, ‘entre outres as da indistria, da concorréncie, do desenvolvimento das forgas produtivas, da diviséo do trabalho © dos seus efeitos sobre o proletatiado. 4A Ideologia Alomin dosenvolve de manaira ainda mais precisa o quadro gerel de comprosnsac das reorias que, como a de List, reflectem o desenvol vimento industrial; «a concorréncia rapidamente for- au todos os paises que queriam conservar 0 seu papel histérico a protegerem as suas manufectu- ras com noves modidas aduaneiras (porque #5 an- tigas jé nao serviam de nada face & grande indis- tria) @ & introduzirom pouco depois a grande in- disiria acompanhada do tarifas protectoras. Apesar destes meins de proteccSo, a grande indéstria levou & concorréncia universal (representa @ tberdade comercial prética, e para cla as alfandegas protec: toras ndo passam de um paliative, da uma arma defensiva dentro da lberdade comercial)...» (*). Mas, ao mesmo tempo, 0 desenvolvimento das forcas produtivas pela industria gera uma forga uni- versal que aboliré © caréeter unilateral, mutilante, dessas forges produtivas, na sua maior parte ié Forgas destrutivas, que abolirh a divisto do tra- balho ¢ a submissao do trabalho alienado: organizando, se- gundo um plano nacional, os caminhos de fore, 08 cansis e 03 transportes. velando pela circulacéo monetiria através de um banco central, promul- ‘pando uma logislagio comercial uniforme, por outras palavras, centralizando 0 potencial industrial e refor- gando a coeséo econémica da Alemanha, Este «na- cionalismo econdmicon 6 completado no plano ex- terno por uma politica expansionistay, € assim que List efirmaré sor dosojével anoxar a Holanda ¢ a Dinamarca que, segundo ele, acebario upor olas préprias considerarem desejavel e necesséria a sua incorporagio numa nacionalidade maior» (1). Pelo () dem, p. 308, (©) Idem, 9, 302. alargamento da confederagio germanica, «a nacio- nelidade alema adquitiré 20 mesmo tempo o que ainda the falta: pesca, uma marinha, um comércio maritimo ¢ colénias» (*) Estos dois textos apresentam um ovidente inte- fesse zedrico. Ilustram nao somente a colaboragio quotidiane dos dois amigos, mas tambem @ génese progressiva do materialismo histérico a partir da critica da um dos representantes da economia po: litica burguesa, essa ucidncia da riquezan, Marx, @ sobretudo Engels, situam-se nesta altura no campo do humanismo revoiucionario. De resto, en- contra-se aqui 0 €c0 do sito de guerra do jovem Marx: «tornar a opress30 mais infame acrescen- tando-Ihe a consciéncia dessa opressio». De facto, Marx e Engels criticam a realidade econémica nu- ‘ma Optica moral, e dai os qualificativas que fre- quentemente empregem: sérdido, infame, filisteu mercantil, etc, A realidad econémica 6 a da alio- nagio da classe trabalhadora. & por iséo que os desenvolvimentes que Marx aqui faz so se podem compreender em relaclo com @ teoria da alienacio- (desenvotvida nos Manuscritos de 1844) onde 0 (9) dom, p. 302, 3 homem se perdeu a si proprio © 0 trabalho ¢ afas- tado como uma peste. «A alienacdo do operério no seu produto, escreve Marx. significs nfio somente que 0 seu trabaino se torna um objecto, uma exis- téncia exterior, mas também que o seu trabalho existe fora dele, independentemente dele, estranho a ele, so torna um poder auténoma em relagdo a ele, significa que @ vide que emprestou ao objecto se Ihe opde, hostil 6 estranhay (7). £ sobretudo 0 de- senvolvimento impetvoso das forgas produtivas que torna o trabalho industrial alienado, A anélise que Merx faz «da melhor dos mundos industriais» na sua critica de List profigura aqui a acusaga0 do trabalho na fabrice que se enconira nO Capital. © homem tornou-se efectivamente © apéndice da maquina. E 0 capital 6 0 verdadeira «sujeito» do desenvolvimento social, reduzindo tudo a valores de troca, incluindo 8 forge de trabalho do operdrio. Enirotanto, a negacdo da negacéo esté em mar- cha: 0 préprio desenvolvimento das forcas produ- tivas € a acumulag3o dos «perversos» valores de troca permite visualizar um mundo em que o homem 8¢ reencontraré € em que a indistria favorecerd © desenvolvimento integral do individuo. Estas ideis sero dosenvolvidas longemente por Mark & Engels na «ldeologia Alemay, que representa a pri- meira exposicéo sistemStica do materialismo histé- (©) K. Mane Manuserites de 1844, op, cit, p. 58. 32 rico. Pode-se considerar a titulo de hipétese plousi vel a critica de List como um capitulo preparatério da

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