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1] Preocupagées com as interagoes sociais: E se ninguém gostar de mim? Se vocé tem medo de avaliacéo negativa, fica preocupado com 0 que os outros podem pen- sar a seu respeito. Fica pensando que causou mé impressao, disse a coisa errada e acha que vai ser criticado e rejeitado. Seus medos afe- tam as amizades e as relagées de trabalho e podem levar a uma série de problemas — in- capacidade de se aproximar das pessoas que deseja conhecer, falta de assertividade, ansi dade em relacao a fazer provas ou ser avaliado de outra maneira, ansiedades sexuais que re- sultam na incapacidade de manter a erecao ou chegar ao orgasmo, falta de promogdo na car- reira, incapacidade de satisfazer necessidades fundamentais no trabalho ou nos relaciona- mentos, dependéncia crescente de alcool ou de drogas para se sentir 4 vontade quando esta com outras pessoas, raiva ndo-expressa quan- to as necessidades nao atendidas e depressao. 0 QUE E MEDO DE AVALIAGAO NEGATIVA? Se vocé tem medo de ser avaliado negati- vamente, responderd sim as seguintes afirma- Ges na Escala de Medo de Avaliacdo Negativa:! * Fico tenso e nervoso se percebo que alguém esta me avaliando. * Fico muito incomodado quando come- to algum erro social. + Sealguém est me avaliando, tendoa esperar o pior. * Com freqiiéncia, penso que vou dizer ou fazer a coisa errada. Vocé acredita que outras pessoas prova- velmente serao criticas, que elas observam_o > vor’ faz é baseia sua auto-estima na for- o_pensa_que_os_outros.o.véem, Em conseqiiéncia disso, fica inibido em relacio a seu proprio desempenho e se preocupa com a possibilidade de cometer erros que os outros podem criticar. Padrées perfeccionistas e foco em si mesmo Talvez vocé estabeleca padrdes perfeccio- nistas para si mesmo quando esta com outras pessoas — preocupacao quanto a cometer erros ea crenga de que geralmente vai se sair mal.? Talvez se engaje em pensamentos mais auto- focados quando esta cercado por outras pes- soas, pois vocé centraliza os pensamentos e a atengao nas sensagées internas (por exemplo, ansiedade, batimentos cardfacos e pensamen- tos desenfreados). Vocé pode até exagerar a < 162 ROBERT L. LEAHY dimensfo em que os outros estao olhando para vooé ou pensando a seu respeito e pode achar que as outras pessoas sao criticas. Por conse- guinte, terd auto-estima mais baixa e poder se dar menos crédito quando se sair bem.? Na verdade, talvez pense ser um impostor que sera desmascarado quando as pessoas 0 conhece- rem melhor.* As diferentes partes de quem vocé é Talvez vocé nao consiga distinguir ou diferenciar as varias partes de seu eu. Nao per- cebe que h4 componentes muito diferentes em relagéo a quem vocé é. Se esta preocupado demais com aceitacéo, talvez sinta que sua atito-val ao seja determinada por uma teracdo especifica. O psicologo” Renneth ergen afirma que_temos “eus multiplos”, a partir dos quais nossa percepcao do eet varia es sitacdes e papéis socials. forme se erica Soa ae o melhor indicador da fore ma como vocé se sente em relacao a si mes- mo é 0 modo como avalia seu grau de atra- tividade fisica.® Talvez, em fungao da preocu- pacdo generalizada com a aparéncia, a preo- cupagdo com a aceitagao por parte de outras pessoas seja importante fator em nossas preo- cupacées ~ embora poucas pessoas sejam ver- dadeiramente objetivas com relagao a sua pré- pria aparéncia. iancas que crescem com vinculos se- e ros com seus pais tém maior probabilidade ver asi mesmas.a partir de diferentes entes pers- ivas.e.maior probabilidade de se aceita- tem. A psicdloga Susan Harter verificou que © grupo de mesma idade e classe social da crianga determina como ela se sente em rela- c&o a aparéncia, afinidade com os colegas e competéncia atlética, enquanto os pais in- fluenciam 0 modo como as criancas se sen- tem quanto a capacidade escolar ou aspectos comportamentais (por exemplo, “fazer a coi- sa certa”).° Se temos diferentes cus, entiio a aprova¢ao para um comportamento em uma sttuacie-pade sor vee oe "Sompartimen. talizada”, pois nao é a imagem inteira de quem somos. Bg Faabnes ni aente 20. Auto-estima irreal e inflexivel © medo da avaliacdo_negativa também -Sua_auto-estima_ser 1. Uma das caracteristicas tipi- cas do See é manter a auto- realista, mesmo no contexto de alguma adversidade, Enfatizo auto-estima realista ja que vocé precisa identificar em que residem suas responsabilidades ou seus problemas. Apenas dizer a si mesmo que é maravilhoso e bem-sucedido nao funciona, pois vocé pode perder a oportunidade de usar o feedback para melhorar sua capacidade de se relacionar com as pessoas e alcancar as metas. _Auto-estima alta e pouco realista pede ser tGo_problemdtica quanto auto-estima baixa é ouco realista_No primeiro caso, a pessoa nao percebe que continua cometendo os mesmos erros, j4 que nao aprende a partir das expe- riéncias, Além do mais, isto pode resultar na incapacidade de reconhecer e aceitar limita- goes, levando-o a aceitar tarefas que estéo além de sua capacidade. Isto aumenta suas chances de ficar sobrecarregado ou falhar. Por exem- plo, um jovem que continuava a se afastar dos outros ficou surpreso quando observei que este comportamento ndo estava dando certo e que ele nao estava processando as informagées so- bre fracasso. Devido ao fato de seus pais terem ficado tao centrados em lhe dizer 0 quanto era maravilhoso e em desculpar seu comportamen- to anti-social, ele acabou se afastando de qua- se todos a seu redor. Corrigir a auto-estima injustificadamente alta sobre seu préprio com- portamento social foi realmente muito benéfi- co, pois permitiu que ele modificasse um com- portamento disfuncional. Flexibilidade no autoconceito e capacida- de de usar feedback corretivo permite a Ny ser mais adaptada. Se vocé tiver um autocon- ceito mais flexivel, seré capaz de usar a des: provacio como iyormagio. Isso significa que, se alguém nao gostar de alguma coisa que vocé disse ou fez, vocé poder usar isto como infor- mag&o sobre 0 que precisa ser modificado. Além disso, ao reconhecer os varios contextos e dimensées de si mesmo, poder aprender a desprezar o feedback negativo se este nao for condizente com as outras informagGes positi- vas a seu respeito. Na verdade, isto é 0 que as pessoas conseguem fazer quando tém elevada autovalorizacdo.? Elas reconhecem que parte al le seus de seus_comportamentos_pegati de_ser vista no contexto di a_variedade de com: portamentos positivos. Maneiras inadequadas de lidar com o medo da avaliagao negativa Talvez vocé esteja usando comportamen- tos de seguranga para se sentir menos ansioso ao lado de outras pessoas. Tais comportamen- tos so motivados pelo pensamento equivoca- do: “Posso evitar demonstrar aos outros que estou ansioso com 0 uso desses comportamen- tos”. Exemplos de comportamentos de segu- ranga incluem segurar as maos com rigidez (para que as pessoas nao as vejam tremer), desviar o olhar de outras pessoas (para evitar © contato olho-no-olho), falar suavemente (para nao chamar a atengao sobre si) e prepa rar-se em excesso (para nao dar um “branco”). Vocé pode evitar iniciar uma conversa ou ex- pressar sua prépria opinido, procurar sinais de rejeicao para poder sair logo, concordar com pessoas das quais discorda, nao falar alto ou beber antes de conhecer pessoas. Algumas pessoas apresentam um trago de personalidade geral chamado personalidade esquiva, que inclui baixa auto-estima, sensibi- lidade a rejeic¢ao ou a avaliacao por outras pes- soas e medo de interagir com os outros, a me- nos que haja alguma garantia de que nao as vejam com desaprovacdo. Pessoas com este estilo de personalidade podem ter um ou dois amigos, mas se queixam freqiientemente de solidao. Elas fogem para um mundo de fanta- sias e se envolvem em atividades solitarias nas quais nao serao rejeitadas. omens com per- sonalidade esquiva podem maior arte de sua vida sexual em pornografia ou, tan alguns casos, Cont prOSMTUTES- caster que as chances de rejeicaio so mfnimas com este tipo de personalidade ficam propen- sas a evi jonamentos inti ois te- mem rejei¢ao. Ou, quando entram em uma re- 163 COMO LIDAR COM AS PREOCUPAGOES lacdo intima que nao funciona, ficam relutan- tes em se auto-afirmarem, receando criticas e rejeicao e temendo vir a ter dificuldades para encontrar outro relacionamento. SETE PASSOS PARA AS PREOCUPACOES COM AS INTERACOES SOCIAIS Wendy fica constantemente preocupada com a possibilidade de parecer chata e esquisi- ta nas festas. Nao se considera tao atraente quanto outras mulheres, pois percebeu algu- mas rugas. Por isso, geralmente se senta na parte mais escura da sala e raramente inicia conversagoes. Antes de ir a uma festa, fica preo- cupada com a maquiagem e o cabelo, com que vai dizer, quem vai conhecer e como as outras pessoas reagirao a ela. Tenta ensaiar um pequeno discurso - “Oi, meu nome é Wendy. Qual é seu nome?” =, mas pensa que vai soar formal e falso. Ela teme que as maos tremam ao segurar 0 copo e, entao, tenta segura-lo ain- da mais apertado — mas elas tremem mesmo assim. Ela acha que as pessoas vao reparar em suas mos tremendo e coneluir que ela est4 uma pilha de nervos. O que Wendy pode fazer a res- peito desses medos de avaliacdo negativa? Vejamos nosso programa de sete passos. Passo 1: Identifique as preocupagoes produtivas e improdutivas Resse Quais os custos e henelicios das preocupagoes? Wendy pensa que a preocupacio vai pre- paré-la para o pior, pois ela pode rapidamente flagrar outras pessoas olhando estranho para ela e ir embora da festa. Também acredita que sua preocupacéio vai motiva-la a se esforcar mais para parecer interessante e atraente. As desvantagens s4o que ela detesta ir a festas, sente nao ser ela mesma e acaba fazendo uma dissecagdo de si mesma depois. Wendy conclui que poderia ficar melhor com menos preocu- pacées, mas ainda se preocupa em baixar a guarda. 164 rosear. tev Ha alguma evidéncia de que as preocupacoes realmente o ajudaram? Wendy vem fazendo isto hd anos. Mas nao consegue ver qualquer evidéncia de que esteja melhor ~ de que tenha conseguido agir melhor em uma festa ou de que as pessoas reajam melhor quando ela age assim. Entretanto, por jamais ter tentado nao se preocupar, ela real- mente nao sabe. Quais séo suas preocupagées produtivas e improdutivas? As preocupacées produtivas relacionam- se a coisas que ela pode fazer imediatamente, como, por exemplo, maquiar-se, ir a festa ¢ conversar com pessoas. Suas preocupacdes improdutivas séo todas do tipo e-se que ela no consegue controlar, como, por exemplo, cc como as outras pessoas se sentirao em relagdo a ela. Também se preocupa com questdes que nao podem ser respondidas (“O que alguém vai pensar?”) e com uma reacao em cadeia de even- tos improvaveis (“Se no gostarem de mim, vao contar aos amigos, e todos pensarfo que sou um fracasso”). Wendy decidiu que poderia melhorar se se preocupasse menos. Assim, pas- samos para 0 segundo passo. | Passo 2: Aceite a realidade © comprometa-se com a mudanca \ Pense nas coisas que Wendy néo aceita — sua aparéncia, sua ansiedade, o que os outros podem pensar, a incerteza da situacao e os li- mites de sua capacidade de afetar outras pes- soas. Decidimos que ela precisava praticar tanto a aceitagao quanto o comprometimento. Tome disténcia Pedi a Wendy que simplesmente observas- se seus pensamentos e sentimentos: “Percebo que estou apenas pensando que minha aparén- cia nao estd t4o boa quanto gostaria” e “Perce- bo que meu coracao esta batendo acelerado”. Sugeri que seus pensamentos eram apenas sen- sages internas que nao prediziam a realida- de. Pensamentos sao pensamentos — nado sao a mesma coisa que a festa. Descreva o que esté diante de vocé Pedi-lhe que ficasse focada no que estava diante dela quando estivesse na festa. Ela prat cou o exercicio de observar em sua volta e des- creveu para si mesma o que via. Quis que ela observasse e descrevesse os homens no ambiente — como estavam vestidos, a cor dos cabelos e dos olhos e onde estavam na sala: “Estou vendo que hé um homem perto da janela conversan- do. Ele veste uma camisa azul e seu cabelo é castanho escuro”. Isto desviou sua atencéio de si mesma para a observacao de outras pessoas. Suspenda os julgamentos Wendy precisava eliminar os julgamentos sobre si mesma e sobre como deveriam ser sua aparéncia e sua atitude na festa. Decidimos que ela se centrasse em aceitar e descrever o que é, em vez de rotular a si mesma como pessoa sem brilho ou esquisita, ou pensar que deveria fi- car menos ansiosa. Suspender julgamentos foi dificil para Wendy, mas ela conseguiu centrar- se na observacéio das pessoas em sua volta € na observacao de seus pensamentos sem sen- tir que precisava ficar menos ansiosa ou ser Jnais.charmosa, Retire-se da cena Sugeri que cada pessoa na festa tinhasua propria “realidade” — sua propria historia e sua propria perspectiva. As pessoas nao estavam 1d por causa dela.ou apesar dela, Se alguem a olhou de certa maneira ou disse algo, era mais por causa dele mesmo que de Wendy. Pedi a ela para ver a festa a partir do ponto de vista de. utras pessoas que estivessem 14: “Como o homem perto da janela vai ver o que esta acontecendo? Qual é sua histéria?”. Quan- do ela voltou a focar sua atengdo em outras pessoas e como elas viam as coisas, comegou a sentir menos como centro das atengdes _e menos preocupad: Desapareca para ver a realidade Sugeri que imaginasse nem mesmo estar do, Por ter ee ninguém poderia vé- la nem julgé-la. Conforme via a festa de uma perspectiva imparcial, ficava menos inibida, Aceite os problemas sem solugdo Decidimos que ela nao poderia resolver 0 problema de sempre parecer atraente para to- dos ou de ser querida por todos. Sugeri que experimentasse desistir de lutar contra tais pro- blemas, pois tudo em relac&o a eles era “sem esperanca”. Propus que, se esses problemas eram “sem esperanga”, talvez pudéssemos_ concebé-los nao mais como problemas, pois talvez fossem simplesmente a realidade em forma que ndo podemos cen Conhega 0 que vocé jamais pode saber Examinamos o que ela nao poderia sa- ber — quanto outra pessoa sentiu-se atraida por ela, ou o que alguém pensou ou se os rumores sobre sua ansiedade se espalhariam. Sugeri que ela desistisse do que nao se pode saber para que pUdeNSe'Se Concentra em Observar 6 OuviT o que outras pessoas diziam, Voce pode saber ‘0 que ouive - mas ndo pode saber o que al- guém pensa ou sente, a menos que ouga. Pratique a imagem emocional Visto que Wendy se preocupava constan- temente com todas as coisas que precisava sa- ber para nao ser rejeitada, pedi-lhe que desen- 165 COMO LIDAR COM AS PREOCUPACOES volvesse um conjunto claro e detalhado de imagens visuais, a partir de uma histéria na qual era totalmente rejeitada. Isto se transfor- mou em uma hist6ria — com imagens visuais - de pessoas rindo dela e dizendo que ela pare- cia tola, que parecia velha e sem brilho. Pedi a Wendy para repetir as imagens durante 20 minutos por dia. A medida que o fazia, as ima- gens iam se tornando chatas — até mesmo difi- ceis de se manterem em sua mente. Ela disse: “Percebi que isto nunca aconteceria. Entao, te- nho realmente me preocupado com algo que dificilmente pode se tornar realidade”. Junde-se com incertezas Sugeri que, mesmo que a imagem pare- cesse implausivel, ainda assim tudo é possivel — e que ela estava se preocupando a fim de elimi- nar possibilidades. Assim, pedi a ela para se inundar com a seguinte afirmacao ‘durante 20 minutos por dia: “E sempre possivel.que.pare=_ ¢a_uma_ completa idiota e que as pessoas me deixem embaracada e me rejeitem”, Isto tam- bém ficou chato € ajudou a diminuir suas preocupagoes. Permanega no presente Visto que suas preocupagées eram todas projecées de coisas ruins que nunca acontece- ram, sugeri que Wendy passasse tanto tempo quanto possivel no presente enquanto estives- se na festa. Se ercebesse estat prcocupade, ela deveria voltar a atencio para cendo que pudesse ver com os ie ou ouvir com os prdprios ouvidos. Comprometa-se com # mudanca A fim de modificar suas preocupacées, Wendy, precisou comprometer-se a fazer 0 0pos* to do que est endo, Pedi a ela para to- mar a decisio ~ 0 que ela queria, o que preci- sava ser feito para consegui-lo e se ela estava disposta a firmar 0 compromisso? Ela decidiu 166 ROBERT L. LEAHY que queria ira festas, conhecer pessoas e apren- der a se soltar. Para isto, ela teria de fazer coi- sas que nao queria — em um momento.no qual, ela nao se sentia preparada. Use 0 imperfeccionismo hem-sucedido Como parte de seu comprometimento com a mudanga, Wendy teria de aceitar o imperfeccionismo - que incluia nao ter a apa- réncia perfeita, nao parecer interessante, sen- tir-se ansiosa e até mesmo parecer chata. Ela percebeu que, se esperasse para fazer isto quan- do tudo estivesse totalmente certo, jamais o faria. O imperfeccionismo foi o caminho para sua recuperacao. Pratique o desconforto construtivo Finalmente, Wendy percebeu que o com- promisso com a mudanca significava aceitar 0 desconforto de enfrentar os medos.. descon- forto seria um tipo de investimento — um meio para alcancar um-fim, Ela queria suportar o desconforto de nao saber com certeza o que aconteceria, caso fosse a festa e realmente co- Megasse a conversar com outras pessoas sem seguir o roteiro. Registre suas preocupagoes Wendy mantinha um registro de suas va- rias preocupacées e previsdes. Ele inclufa o se- guinte: “Vou parecer velha e pouco atraente. Todas as outras mulheres serao mais atraen- tes. Ninguém vai falar comigo. Vou me sentir ansiosa e estranha. E se minhas maos treme- rem? E se meu rosto ficar vermelho ou se me der um branco? E se nao tiver nada a dizer?” Estabeleca 0 tempo de preocupacao Pedi a Wendy para separar 20 minutos por dia, durante as primeiras duas semanas de nos- so trabalho juntos, para simplesmente anotar as preocupacées. Ela optou por fazer isso quan- do voltasse do trabalho todos os dias e verificou que ficava se repetindo continuamente. Mas também percebeu que suas preocupagées es- tavam quase totalmente relacionadas a sua aparéncia e a incapacidade de impressionar outras pessoas. Teste suas previsoes Pedi a Wendy que elaborasse um conjun- to de previses especificas para que pudésse- MOs testar suas preocupagées. As previsdes fo- ram: “Nao vou ter nada a dizer. Ninguém vai querer falar comigo. Minhas méos vao tremer. Vou parecer idiota”. Apés voltar da festa, ela examinou as previsdes e verificou que nenhu- delas havia se concretizado. Na verdade, ela realmente se envolveu em vatias conversas em que tinha muito a dizer e muitas pessoas falaram com ela. Suas mos tremeram s6 um pouco, mas ela percebeu ter sido porque segu- Tou © copo com muita forca porque pensava que isto impediria suas mos de tremerem. Eu havia previsto isto e disse a ela que, caso o per- cebesse, deveria relaxar as mos e abaixar o copo. Venga as preocupagées * Que distorcdes de pensamento vocé uti- liga? Wendy usava leitura mental (“Eles acham que sou idiota”), perso- nalizagao (“Ele esta desviando o olhar porque néo gosta de mim”), adivinha- do do futuro (“Vou parecer tola”) € rotulagao (“Sou uma idiota esquisita”). Ela também usava a desqualificagao de aspectos positivos (“A tinica raziio pela qual meus amigos gostam de mim & que sou boa para eles”) e a super- generalizagdo (“Isto é tipico de mim - sempre pondo tudo a perder quando conheco pessoas”). * Qual a probabilidade disto realmente acontecer? Wendy percebeu que suas previsées de parecer a completa idio- tae nao ter nada a dizer tinham pro- babilidades muito baixas. Ela imagi- nou cerca de 10% (embora eu pensas- se ser perto de 0%). * Qual éo pior desfecho? O desfecho mais provdvel? O melhor ior desfecho era sua fantasia temida — ser humilhada e rejeitada por todos. O melhor era que todos diriam a ela o quanto era legal. E 0 mais provavel, disse ela, era que iria a festa, ficaria um pouco nervosa e nada ruim real- mente aconteceria. ma histéria sobre ; Wendy desenvol- veu uma histéria sobre ir a festa e por em pratica as idéias que estavamos discutindo. Sua histéria inclufa 0 se- guinte: “Estou na festa e sinto-me estranhamente calma e autoconfiante. Comeco a conversar com algumas pes- soas. Conheco um cara realmente le- gal, gentil, inteligente e engracado, e acabamos saindo”. * Qual éa.evidéncia de que algo realmente ruim vai acontecer? A evidéncia de ‘Wendy baseava-se quase inteiramen- te em seu raciocinio emocional: “Sin- to-me nervosa, entao, provavelmente nao vai ser bom”. * Quantas vezes vocé se se enganai-na nas, sado em relagao a suas preocupacses? Conforme Wendy recapitulou as pre- ocupagées passadas com respeito a ser rejeitada ao conhecer pessoas, perce- beu que isto realmente nunca havia acontecido. Ninguém havia sido rude ou critico. Algumas conversas simples- Mente se esvairam — mas isto era nor- smal, ela reconheteu, e, em alguns.ca- ue ela havia perdido o in- a [Passo 4: Focalize a ameaga mais profunda Crencas nucleares sobre si mesmo in- cluem a idéia de que esta desamparado, é im- 167 COMO LIDAR COM AS PREOCUPAGOES perfeito, charmoso, superior, responsavel, in- digno de amor ou controlado pelos outros. Como resultado dessas crengas, sua resposta a avaliacdes negativas pode ser bem diferente da de outra pessoa. A pessoa que acredita estar desamparada e nao ser capaz de cuidar de si mesma tomara uma avaliagéo negativa como evidéncia de que nao consegue fazer nada di- reito. Outra pessoa pode ver isso em termos de quao imperfeita (por exemplo, idiota, chata ou feia) ela é, Outra, ainda, que acredita que pre- cisa ser charmosa, pode pensar que, se alguém nao gosta dela, isto significa ter perdido 0 con- trole em termos de aparéncia e que ninguém vai queré-la, Outros — com idéias exageradas de si mesmos como seres superiores - vao ficar aborrecidos caso nao sejam vistos como me- Ihores que todo mundo. Precisam sentir que toda a atengiio esta voltada para eles, do con- trdrio, sentem-se facilmente descartados ou ofendidos. Vejamos como as crengas nucleares de Wendy manifestavam-se em suas preocupa- Goes. Mentifique as crencas mucleares em relacao a si mesmo e a outras pessoas ‘As crencas de Wendy eram de ser indigna de amor, chata e imperfeita, e suas crengas em relagao aos outros eram de que eles fossem superiores e iriam rejeitd-la. Como suas crengas nucleares afetaram-no no passao? Uma vez que temia que suas imperfeicdes subjacentes se tornassem aparentes, ela ten- dia a evitar se abrir com as pessoas, mesmo apés conhecé-las ha algum tempo. Isto tam- bém tornou dificil para ela estabelecer relacio- ‘namentos mais profundos com homens, pois acreditava que eles descobririam que ela era chata e perderiam o interesse rapidamente. Devido a sua ansiedade ao conhecer pessoas, Wendy freqiientemente ia embora de uma fes- ta cedo ou simplesmente ficava ld sem dizer nada. Isto significava que as pessoas tinham 168 ROBERT L. LEAHY pouca oportunidade para conhecé-la. Isto tam- bém a fazia parecer chata — fazendo com que seu pior medo se tornasse realidade. Vocé esté se vendo em termos de tudo-ou-nada? Wendy se via em termos de tudo-ou-nada, como pessoa totalmente chata, incrivelmente pouco atraente. Na verdade, ela também via outras pessoas em termos de tudo-ou-nada — eram “interessantes”, “divertidas” e “o centro das atencdes”, Examinamos diferentes situa- Ges ai; ais interessante e 0 fato de que mesmo pessoas interessantes po- diam, as vezes, parecer chatas. Isto conduziu a um pensamento menos preto-e-branco sobre si mesma e outras pessoas. Quais séo as evidéncias contra sua crenga nuclear? Wendy foi capaz de perceber que, uma vez que se sentisse mais 4 vontade com as pes- soas, ela podia ser interessante. Ela tinha al- guns amigos intimos que confiavam nela por ser boa ouvinte, ndo-critica e fiel. Perguntei- Ihe como ela conciliava isto com a visio nega- tiva de si mesma: Vocé seria téo critica em relagao a outras pessoas? Wendy disse que no seria tio critica em relacio a alguém timido que estivesse preocu- pado com a perspectiva de ir a uma festa: “Nem todo mundo é extrovertido. E se alguém se comportar de forma reservada em uma festa? Isto nao significa que nao tenha algo a ofere- cer logo que se sinta A vontade”. Perguntei a Wendy por que era to dura consigo mesma, mas ela néo conseguiu imaginar a razo. Talvez haja alguma verdade em sua crenga nuclear De fato, Wendy era um tanto chata as vezes. Por ter tanto medo de parecer chata, ela realmente nao falava muito nem demonstrava tanta emocdo em uma festa. Ela temia parecer “idiota”, entdo respondia com algumas pala- yras apenas, o que poderia levar as pes: pensarem que ela nao tina Tada que era esnobe. Em outras palavras, por ficar tao preocupada em relacdo a cometer erros, Wendy realmente agia de maneira relativamen- te chata. Ela também reconheceu que todos somos chatos as vezes; logo, hé alguma verda- de nisso para todo mundo. Faca algo contra a cremga nuclear Pedi a Wendy para fazer 0 oposto de sua crenca nuclear — ou seja, tentar iniciar conver- sas, fazer perguntas e responder ao que outras pessoas dizem. Por pensar que, ao iniciar con- versas, isto atrairia a atencdo para ela e seria embaracoso, pensei que este seria um bom exercicio para ela descobrir que podia fazer algo contra as crencas sobre si mesma. Afinal, de que outro modo ela poderia mostrar que sua crenca estava errada, a menos que agisse contra ela? Ela realmente deu inicio a algumas conversa, perguntando as pessoas sobre elas e apresentando-se. Isto foi surpreendente para ela, pois as pessoas com as quais falou na festa foram educadas e perguntaram coisas a seu respeito. Conteste sua crenga muclear negativa Pedi a Wendy para imaginar os pensamen- tos que teria se estivesse indo a uma festa. Ela disse que pensaria nao ter nada a dizer, que todos estariam seguros Id e que ela pareceria uma tola que nao se encaixava. Por pensar que pareceria chata, ela ficava relutante em falar com as pessoas. Mas quando observamos as evidéncias, ela foi capaz de perceber que tinha muitas qualidades de uma boa amiga, tais como fidelidade, humor, compreensio, compaixio, inteligéncia ~ na verdade, as mesmas qualida- des que gostaria em um homem. Como Wendy ficava tao inibida ao conhecer pessoas, sugeri irasse_a concentrasse em concentrasse em perguntar a elas sobre o trabalho, onde cres: ceram e viveram e que interesses tinham. Isso poderia tornar Wendy uma pessoa muito inte- Tessante, pois ela estaria fazendo algué) - tir-se i te. Porém, sugeri que ela contestasse a idéia de que seria terrivel se alguém nao se interes- sasse pelo que tinha a dizer. O que ela ainda poderia fazer se alguém achasse a conversa sobre seu trabalho pouco interessante? Ela poderia fazer tudo que sempre fez — em outras palavras, nada mudaria. O principal problema de Wendy ao conhe- cer pessoas era qué ela tinha 7 nistas e sempre se avaliava como fracasso: “Se vou A festa € nao pareco interessante, entao falhei. Sou um fracasso”. O quinto passo — aprender a enfrentar 0 fracasso — foi um com- ponente essencial ao lidar com as preocupa- g6es, pois ela via quase todas suas interacdes como fracassos totais. Sugeri que poderiamos lidar com suas preocupacdes usando algumas técnicas para contestar seu medo de fracasso. Para fazé-lo, tivemos de nos concentrar em uma meta mais ampla do que evitar o fracasso. A ae aracasso. A meta foi ser capaz de conhecer novas pessoas e estabelecer elacionamentos. Vejamos a preocupacao de Wendy: “Vou fazer o papel de idiota se for a festa e nao pa- recer interessante”. Considere as seguintes for- as de conte; SS 1, Talvez ndo tenha sido um fracasso. Ela estd vendo seu comportamento co! algo a ser julgado, em vez de uma experiéncia com outras pessoas. Ao invés-de-concebéIo como fracasso, poderiamos vé-lo simplesmente como uma interagao na qual ela en- contra algumas pessoas. 2. Posso focalizar outros pensamentos que dardo certo. Simplesmente ir a festa e enfrentar as ansiedades é um passo na direciio certa. Ela se saiu muito bem, ao contestar seus medos . Nao era. como UDAR com As Preocuracdes 169 na festa; ela de fato iniciou conver- sas, observou e ouviu outras pessoas. ir-se bem. Nao € crucial ter grande experiéncia em uma festa. Nao hd nada de necessa- rio nisso - é apenas uma opciio em um momento no tempo. . Houve alguns comportamentos que compensaram. Ela de fato enfrentou ‘0 medo e, assim, aprendeu que po- deria ir a festa e falar com as pes- soas, mesmo que se sentisse ansiosa. Ela também percebeu que nada real- mente ruim aconteceu. Seus piores temores nao se confirmaram. . Todos falham em alguma coisa. Em- bora nao vejamos isto como fracas- S0, todos tivemos algum dia uma ex- periéncia em que nao nos sentimos & vontade em uma festa. Todos sdo chatos as vezes. . Talvez ninguém tenha percebido. Wendy sempre pensa que todos es- tao reparando como esté se saindo mal. Como poderiam? Como alguém além dela poderia perceber que es- tava ansiosa e inibida? Pedi-lhe para se lembrar das ultimas cinco Dessoasyy ‘timidas que conhecera em uma Tes: ta. Ela nao conseguiu se lembrar de uma sequer. Meus padrées estavam muito altos? Sim, pois Wendy esperava ir a festa e nao ficar nervosa, e que conhece- ria o homem de seus sonhos. Espe- ° ee rar ficar 4 vontade fazendo coisas qué a _deixam ansiosa é realmente uma contradigao, Na verdade, por que se importar em ter padrées? Por que nao simplesmente ir a festa? Eui melhor que antes? Sim, ela se saiu melhor que antes. Conseguiu prati- car o ato de ficar no presente, ser uma observadora e perceber 0 que outras pessoas diziam e como esta- vam, e também iniciou algumas con- versas. O que hd de ruim nisso? Ela realmente estava demonstrando pro- gresso. 170 posear. aay 9. Ainda posso fazer tudo que sempre fiz, embora tenha falhado. gare ela nao fracassou — mas, mesmo que nao se sentisse satisfeita com a expe- riéncia, ela ainda poderia fazer tudo que sempre fez. Na verdade, ela pro- vavelmente ficaria ainda mais pro- pensa a freqiientar festas. 10. Falhar em algo significa que tentei. Gi €pior, Wendy esta tentan- do e vai tentar novamente. Fazer o que nao se sentia A vontade para fa- zer a forma pela qual estd superan- do as preocupagées. Nao ir a festa simplesmente manteria seu medo de conhecer pessoas. Passo 6: Use as emocées em vez de se preocupar com elas Parte central da preocupacéio de Wendy era as pessoas poderem perceber sua ansieda- de e timidez e deixarem-na embaracada. Ela tinha medo de encontrar pessoas quando se sentia ansiosa, pois acreditava que nao deve- tia se sentir assim e que sua ansiedade era transparente e desagraddvel para outras pes- soas. Fizemos uso de algumas das idéias colo- no significado € jortancia es, em vez de continuar evitan- do-as, preocupando-se ou ficando calada nas festas, Qual é 0 significado de sua emogao? Wendy pensava que sua timidez e suas preocupacées “nao faziam sentido”, “estavam fora de controle”, e “continuariam para sem- pre”. Ela acreditava que ninguém podia com- preender como é ser timida e sentia-se enver- gonhada em relago a isso. Quando conside- rou mais cuidadosamente essas idéias negati- vas sobre seus sentimentos, péde perceber que as preocupacées e ansiedades tinham muito sentido. Ela era timida, logo, é claro que se preocuparia. Além disso, ela nunca havia “per- dido o controle” ou desabado - era simples- mente a preocupagiio com a possibilidade dis- so acontecer que a fazia acreditar que tinha de se flagrar quando se sentia ansiosa. Sua ansie- dade nao duraria para sempre, pois era quase totalmente circunstancial - estava focada no ato de conhecer pessoas. Tao logo ela as co- nhecia, sua ansiedade ficava bem menor. A fim de testar a crenga de que deveria se sentir en- vergonhada quanto a sua timidez, perguntei- Ihe 0 que seus amigos pensavam a respeito. Ela disse: “Eles me dizem que nao tenho nada com que me preocupar, pois sou uma pessoa realmente fantastica”. Além disso, alguns de Seus. amigos também eram timidos, o que a aju- dou aver sua prdpria timidez como Sconata Aprenda a aceitar os sentimentos Aceitar que se sentia ansiosa quando co- nhecia pessoas poderia ajudar Wendy a des- pender menos esforco centrando-se em como se livrar da ansiedade, pois ajudaria a tornd-la menos inibida. Sugeri que simplesmente con- cordasse em se sentir ansiosa e ndo fizesse nada em relacao a isto, nem mesmo tentasse rela- xar. Aceitar os sentimentos em vez de lutar contra eles iria ajuda-la a ocupar-se enquanto se sentia ansiosa: Sinta-se menos culpado e envergonhado Como muitas pessoas que se preocupam por parecerem ansiosas, Wendy sentia vergo- nha de sua ansiedade quando estava com ou- tras pessoas. Consideramos o fato de nao _ha- da_e preocupar-se. Nao faz mal a ninguém, exceto a ela mesma. Para verificar isto, pedi a Wendy que contasse aos amigos que ela se sen- tia intimidada e ficava preocupada quando conhecia gente. Ninguém a julgou, todos a apoiaram. Na verdade, uma das metas que es- tabelecemos foi que ela encontrasse alguém di- ferente, viesse a conhecé-lo e depois dissesse & pessoa que se sentia intimidada ao conhecer pessoas novas. Ela acabou fazendo isso e ficou aliviada ao saber que 0 rapaz com quem con- versara também ficava ansioso nas festas. Guase todos tém esses sentimentos Como muitas pessoas timidas e que se preocupam com a possibilidade de ser avalia- das, Wendy pensava que ela era muito incomum. Eu a encorajei a perguntar a outras essoas se elas jd haviam ficado encabuladas eSSO: ju de falarem diante de um_ . Seus apatite bee One falar em piblico, timidez ao conhecer novas pessoas, ansiedade quanto ao desempenho se- xual, vergonha de seus corpos e medo de pare- cerem tolos. Se quase todos tém ansiedades de varios tipos, entdo o que hd de tao errado com as de Wendy? Explore seus sentimentos para poder supera-los Finalmente, Wendy teve de decidir firmar um_compromisso para explorar sua ansieda- de ~ fazer as coisas que a deixavam ansiosa—a fim de superé-la, Praticar o que a deixava an- siosa tornou-se a meta. Sugeri que o sinal para experimentar algo era perceber que ficava an- siosa ao pensar sobre isso: “Se vocé fica ansio- sa em relagao a idéia de se aproximar de al- guém, faca isto imediatamente”, Inicialmente, ela nao conseguia fazé-lo, mas, apés praticar as coisas que a deixavam ansiosa, percebeu que as preocupacées diminuiram. Isto se dé por- que, ao fazé-lo, seus sentimentos nao eram mais um indicativo de retirada. de pensar: “Estou ansiosa, logo me retraio”, ela agora pen- sava: “Estou ansiosa, enta isto agora’. Passo 7: Assuma o controle do tempo Assim como muitas pessoas preocupadas, Wendy estava centrada em suas previsdes acer- ca de como se sairia mal na festa. Havia a sen- i11 COMO LIDAR COM AS PREOCUPAGOES sagdo de urgéncia de que algo terrivel aconte- ceria (ela faria papel de boba) e de que preci- sava imediatamente da resposta indicando que tudo acabasse bem. Decidimos trabalhar sobre sua idéia de tempo para que ela pudesse ver as coisas em perspectiva e, ao mesmo tempo, pu- desse permanecer no momento. Deslique a urgéncia Wendy dizia: “Preciso saber que ndo vou parecer boba”. Quando estava na festa, pensa- va: ‘Preciso ficar menos ansiosa imediatamen- mente e precisava modificar os sentimentos na hora, ela ficava cada vez mais ansiosa. Sugeri que desligéssemos a urgéncia. Nao havia crise alguma nem emergéncia de vida ou morte. O trem nao estava vindo. Perguntei a Wendy o que aconteceria se ela nao tivesse certeza abso- Tuta agora de que tudo estaria bem. Ela disse: “Acho que, se nao tiver certeza, entdio nao vai dar certo”. Mas e se a necessidade de saber imediatamente fosse exatamente o problema? Uma vez que jamais poderi eza ime- diatamente, ela estava aprisionada em sua ur- géncia. O mesmo é valido para a necessidade de se livrar da ansiedade imediatamente. O que aconteceria se ela no se livrasse? E se visse a ansiedade como algo presente neste momen- to? Ou se pensasse: “Vou ter de agiientar e ex- perimentar um pouco de desconforto por al- guns momentos”? Aceitar que nado pode con- trolar o momento, aceitar os sentimentos to de ansiedade naquele instante poderia ajudé- laa desligar a urgencia. Perceha como seus sentimentos passam Recuar e perceber que os sentimentos sao reais e presentes, porém tempordrios, permi- tiua Wendy deixar de controlar seus sentimen- tos e pensamentos: “Percebo que tenho uma preocupagao agora” e, alguns instantes mais tarde, “Percebo que estou pensando em outra 112 ROBERT L. LEAHY. coisa agora”. Wendy foi capaz _Preocupacées.como pequen: nas. fll. folhas que voavam para longe dela. Sentimen- tos, pensamentos e desconforto nao.sdo-per- nares exatamente como 0 tempo. Permanega no presente As preocupages de Wendy eram inteira- mente sobre o futuro e o futuro nao esta no presente. Permanecer no momento - estar ple- namente consciente do que acontece agora — era um forte antidoto para as preocupacées. “Neste momento, percebo que ha quatro pes- soas em pé perto da janela. Agora, posso ouvir a mtisica — é uma canco que nunca ouvi an- tes. No momento, sinto que estou com sede”. Ficar no presente torna impossivel preocupar- se-com.o que poderia acontecer em um futuro Possivel, porém, que pode nunca chegar. Melhore 0 momento Wendy estava ficando no momento, po- rém 0 momento também era desconfortavel. Pedi-Ihe que observasse 0 que seria bom no presente. Ela disse: “Sera que se prestasse mais. atengao 4 musica, acabaria gostando?”. Pedi a ela para pensar em melhorar o momento ex- perimentando alguma comida na festa — na verdade, para levar alguma coisa a boca bem devagar e observar a textura, o sabor da comi- da. Isto a ajudou a se sentir mais a vontade, mais relaxada e mais em contato com o pre- sente. Expanda 0 tempo Wendy freqiientemente pensava que seus sentimentos de ansiedade durariam para sem- pre. Embora racionalmente soubesse que este no era 0 caso, ela sentia que a ansiedade nao tinha fim. Pedi que imaginasse uma linha com- prida — uma linha de um quilémetro ~ e, de- pois, colocasse um ponto nela. © ponto repre- sentava 0 momento da festa. Pedi-lhe que ima- ginasse todas as coisas prazerosas que faria no futuro, depois da festa, e todas as coisas diver- tidas que fez no passado, antes da festa. Ex- pandir o tempo ajudou Wendy a se preocupar menos com um tnico ponto nele. RECAPITULAGAD Q que Wendy percebeu sobre suas preo- s com relagao a avaliagdes negativas? ir, que as preocupacdes nao a protegiam nem a preparavam - faziam-na preocupar-se mais, O que ela pensava ser a “solugdo” era, na verdade, o problema: “Vou me preocupar, as- sim nao serei pega de surpresa”

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