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mx tse) Tol c/:) : os ENGENHARIA TAT SS aT N.Cham. 550 C539g 2.ed- Autor: Chiossi, Nivaldo José Titulo: Geologia aplicada 4 engenharia . 47171 169079 CEFET-PR BIBCE N° Pat.:1221111779. UNIVERSIDADE DE SAO PAULO escola politécnica GEOLOGIA APLICADA a ENGENHARIA prof, NIVALDO JOSE CHIOSSI % Grémio Politécnico INTRODUCAO E A POSICAO DA GEOLOGIA APLICADA 1.1, INTRODUGAO Durante a realizagdo do LL Congresso de Geologia de Engenharia, em agosto de 1974, em Sdo Paulo, um des temas discutidos foi o do ensino dessa espec: lidade. Ficou demonstrado, na ocasido, a necessidade de ser desenvolvida uma linguagem comum entre o Geélogo ¢ o Engenheiro. Dentro desse espirito publiquei em 1971 uma apostila na qual se baseia o presente livro, A sua filosofia era a de apresentar em uma linguagem simples ¢ objetiva, ao estudante de engenharia e ao engenheiro, as numerosas aplicagdes da Geologia em projetos de Engenharia Civil Na ocasido, surgiram pedidos da obra de praticamente todas as: Escolas de Engenharia do Brasil, Esse fato me leva a agradecer, profunda e sinceramente, a todos os profes- sores, profissronais e estudantes que prestigiaram a obra. Foram publicadas trés edi¢des da referida apostila. Esse fato levou-me a proceder a uma revisio do texto inicial, para publicdlo agora na forma de um livro-texto. Foi mantido o mesmo espirito de dar 4 obra uma orientagéo onde a quase totalidade dos exemplos sejam nacionais, tanto os fendmenos geolégicos, como as obras de engenharia. Assim, foram ampliados ¢ atualizados varios capftulos, bem como o niimero dé ilustragdes fotograficas existentes na ultima edicao em forma de apostila. GLOLOGIA APLICADA 4 ENGUNITARLA E met: desejo, pois, que ests nova edigdo verihd contribuir para o desen volvimenty ¢ afirmagio do ensing di Gevteenia ¢ da Geologin de Engenharia, dentro de uma linha que atenda fundamentalmente as necessidades nacionais. ‘Alguns caprtulos pocerdo parecer voy gedlogos come extremamente simpli- fieados, porém o objetivo foi o de se tentar um mew de comunicacde simples ¢ Pritico, entre gedlogos ¢ eagenheiros. j Bessa maneira, foram abandonadoy ceétox capitulos até entio tradicional: mente desenvolvidos nos Cursos de Geologia de muitas Escolas de Engenharia, come Mingralogia: Fenomenos dé dinimica interna da Terra, cemo vuleanismo, lerromotos ¢ epirogénese, Fendmenos de dingmica extema come, por exemplo, estdo da atividade do gelo; e em certos casos extremos onde chegavam a ser ministradas até Nogdes sobre Pateontologia. © presente texte, foi ainda desenvolvide dente de um esquema no qual a Geologia Aplicada esta curricularmente ligads i Mecanica dos Solos. Dessa maneira, alguns aspectos que podem uparecer com tendéncias essencialmente descritivas deverdio ser mais profundamente analisados no Curso ou nos livros-textos de Mecdnica dos Solos. Fundagées e Obras de Terra, Acreditamos também que certos capitulos comu, por oxemplo, Mecanica wis Rochas, devam ser somente desenvolvidos em Cursos de PésGradua¢do ou vom a inclusdy de mais um semestre no Curso de Geologia Aplicada, 1.2. POSIGAO DA GEOLOGIA APLICADA No Brasil, sé recentemente, ou seja, na ditima déeada, & que a Geologia Aplicada sofreu um grande impulso de desenvolvimento 2 afirmugao, A Geologia € definida como a ciéneia que wats du origem, evolugio ¢ estia- tura da Terra, através do estude das roctias. ‘Comproende um vaste campo, que pode ser dividido em duis grupos gerais que corstituem; a Geologis Tedrica ou Natural e a Geologia Aplicada. e um grande ntimero de subdivisées, como exposto a seguir: Mineralogia Petrogcafia Geologia Fisica 4 Sedimentologia co Estrutural 7 Geomortologia Natural Paleontologia Gealogia Geenlogia.tinedricn eee " Mineragio 01 OEE | Batebtes Aplicada Problemas de Engenharia Civil: 1i- Engenharia 7 nels. barragons. estradas, agua sub- terranea, fundagoes, ete. INTRODUGAO FA POSIGAD DA GEOLOGIA APLICADA 3 A sepuir, definiemos sueimtamente ead ume das divisGes © subdivisdes da Geolugia anteriormente assinalados: |. Geologie natural on redricu: & subdividida em 2 partes: a Fisica ¢ a historica, Lt. Parte fisiew. do estudo dos tipos de materidis © seu modo de ocorréncia, bem como de estuto de certas estruturas. Engloba as seguir (es espectalidades: a) Mincratogue’ trata das propriedades:cristalogrdficas (formas ¢ estruturas). Hisicus © quimicas dos minertis, bem como da sua classificagao. b) Petrograjta procura descrever Os caraeteres intrinsecos da rocha, anali- sando sua origem, Assim, descreve as rochas sob 0 ponto de vista de sua composigio quimica, dos minerais que as compder, do arranjo dos varios granules minerais, do seu estado de alteragio, ete. ¢) Sedimentologin — €\) estudo dos sedimentos. Diz respeito 4 origem, trans- porte. deposi¢do, hem como ao modo de vcorréncia, na natureza, de sedi- mentos consolidadtos e incorsalidades. W) Exeriwral ~—-& 0 ramo da Geologia que se interessa pela investigagdo dos elementos estruturais presentes nas rochas ¢ cuusados por esforgos. Esses elementos sio. orientagdo dos minerais, fraturas, falhas, dobras, ete. ©) Geomorjologia — definida como sendo a ciéncig que estuda a manejra como as formas da superficie da Terra sao criadas ¢ destruidas, 12. Parte histérica: dia respeito ao estudo da evolugio dos acontecimentos e fendmenos ocarridos no pasado. Esta baseada em duas especialidades:, 4) Paleontologia — estuda os seres que viveram em épocas anteriores:4 Epoca Atual, ¢ que sdo conhecidos através de seus restos ou vestigios encantrados nas rochas. b) Bxwurigrafia trata do cstude da sequisnein das camadas, Investiga as con- digdes de sta formagio ¢ a cortelagio entre oy diferentes estratos on cariadis, Gvologia aplicada: estd ligada ao estudo da ocorrencia, exploragao de minerais © rochas sob o ponto de vista econdmico, bem como 4 aplicagae dos conhe- cimentos geolégicns avs projetes ¢ ds constmugdes de obras de Engenharia, A Geologia Aplicada envolve, pois, dois campos de aplicayda: 2a. A Eeonomia; tata do estudo dos materiais do reine mineral que © homem extril da Terra, para a sua sobrevivéncia & evolugao. Inclui tanto substancias organicas (carvau, petroleo) como inorganicas (Fe, Al, Mn, Pb, Cu, Zn, Au, ete.) 2b A Engenharia: entende-se por Geologia Aplicada & Engenharia, ou Geologin de Engeniuria, 0 emprego dos conhecimentos geologicos para a solugio de vertos problemas de Engenharia Civil, principalmente nos seiores de construgdo de ferrovias © radoviss, implantagdo de barragens, aberturas de inet € canals, obtengie de dguu sulbtertinea, projetds de fundagdes. etc i A CROSTA DA TERRA 2.1. DEFINICAO ‘A estrutura interna da Terra pode ser representada por trés camadas distintas: @ primeira, conhiecida como Litosfera ou Crosta € com espesstira atingindo até 120 km; a segunda, conhecida como Manto ¢ com espessura a0 redor de 2900 km ¢ finalmente a iiltima camada, conhecida como Nticleo ¢ com espessura de cerca de 3300 km ¢ teoricumente constituida principalnente de Niquel e Ferro, =—-CROSTA | 8 3 . 29% en es eo v 6 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA Damos 0 nome de Crosta ou Lifosfera 4 parte mais externa da ‘Terra, parcial ‘ou totalmente consolidada. A crosta é constitufda fundamentalmente de duas partes distintas: 6 Sial, que é a parte mais externa, composto principalmente de silfcio € aluminio, representado por rochas de constituigdo granttica, ¢ pelo Sima, que & a camada subjacente ao Sia! ¢ cuja composigio basica € siltcio ¢ rhagnésio, Tepre- sentada por rochas do tipo basdltico. A espessura do Sial é varitivel, podendo atingir 50 km nas areas continentais, e praticamente zero sob os mares ¢ oceanos 2.2, CONSTITUIGAO A parte mais superficial da Crosta esté representada por rochas, que sdo agregados naturais de um ou mais minerais, (Mineral é definido como toda a substéneia inorganic’ natural de composic&o quimica e estruturas definidas.) As rochas sio divididas em trés tipos principais, de acordo com sua génese: magmiticas (ou igneas), sedimentares © metamérficas, CONTINENTE vv IM NE POU VV iv ttt vVVVV VV VV? INV 33 VVVVVV YY WW VVVVVVVY simaVVVVY VV Vy IV IVY YY YA VV YY INVA AVIV VA UNM YY VVV VVVV VY VV VV VV INV VV VY A composigdo da crosta da Terra é sproximadamente a mesma das ro- chas magmiticas, pois a quantidade de rochas sedimentares presentes na Crosta @ insignificante, quando comparada com a daquelas. Em volume, ou soja, em profundidade, predominam na Crosta as rochas magmiticas, com uma porcentagem de 95% do seu volume total, sendo o restante coberto pelas rochas sedimentares. Em area ocorre o inverso, isto é, as rochas sedimen- fares sio mais abundantes do que as magmiticas, numa proporgao de 75% pata 28% AKU IA Hit 4s ttre 7 Clarke © Washington, utilizando os resultados de 5159 andlises quimicas de rochas, com eliminago dos éxidos menos importantes, estabeleceram a seguinte composi¢ao média para a Crosta, nas dreas continentais: ++ SOAR: | GO ewes. BAIN . 15.61% ee . 391% HMR! || FE weld aie Saisslais arsine 3.19% 388% TIO, . E 106% ie SBOE PPO Sa ee 5 wa cea 0,30% A composigao encontrada corresponde a um valor intermedidrio entre as composigoes quimicas de um granito e um basalto, que sdo justamente as rochas mais comuns entre as magmaticas. A tabela a seguir € extremamente interessante, pois mostra que 99% da Crosta so constituidos de apenas oito elementos quimicos: O, Si, Al, Fe, Ca, Na, K, Mg, sendo o oxigénio absolutamente dominante. { Elementos quimicos mais comuns na Crasta da Terra =| ‘Vé-se ainda que mais de 90% do volume total ocupado pelos citados ele- mentos so destinados ao oxigénio. Os outros elementos quimicos conhecidos, por exemplo, como o cobre, Zircénio, chumbo, mereurio, terras raras, brio, estanho, ferro, manganés, niquel, zinco, so encontrados na Crosta, ora disseminados em minerais como impurezas, ora constituindo dxidos, sulfetos, silicatos, etc. E curioso que estes mesmos ele. mentos, geralmente disseminados nas rochas, sem qualquer interesse econdmico, podem também ocorrer em concentragées, por vezes volumosas e econémicas, constituindo os depésitos ou jazidas de minérios, Assim, si. conhecidas, por exemplo, jazidas de minérios de cobre no Rio Grande do Sul e Bahia, jazidas de minérios de zireénio © urénio na regifo de Pogos de Caldas, Minas Gerais; chumbo nos Estados do Parand, Sao Paulo, Minais Gerais ¢ Bahia; estanhonos Estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais ¢ Territ6rio do Amapd; niquel em 8 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA Minas Gerais ¢ Golds; zinco em Minas Gerais, ferro em Minas Gerais, Mato Grosso, ¢ Para aluminio em Minas Gerais e Para, ete. A Crosta da Terra compée-se quasé que inteiramente de compostos oxige- nados, especialmente silicatos de aluminio, edlcio, magnésio, sodio, potassio e ferro. Us minerais so os elementos constituintes das rochas, logo, conhecimento dos minerais implica conhecimento das rochas. 3.1. CONCEITO DE MINERAL Entende-se por matéria mineral aquela formada por processos inorganicos da natureza e€ que possui composiggo quimica definida. A denominagao tem carter mais amplo, havendo autores que consideram o petrdleo e o ambar como minerais, apesar de serem substancias orginicas, e 0 petrdleo no ser uma substancia de composig¢a0 quimica denmiaa. Mineral nao significa somente matéria cristalina (s6lida), pois dgua ¢ merctirio em temperatura ambiente sdo minerais. Mineralogia é a ciéncia que estuda as propriedades, composi¢o, maneira de ocorréncia ¢ génese dos minerais. 3.2, PROPRIEDADES DOS MINERAIS As propriedades que mais interessam no estudo de um mineral séo as seguintes: dureza, trago, clivagem, fratura, tenacidade, flexibi- Propriedades fisicas lidade, peso especifico propriedades dpticas: brilho, cor, microscopia -—er 10 GEQLOGIA APLICADA A ENGENHARIA . hibit (serao dadas nogGes resumidas). Simetria, asso- Popriedaden pr folate { ciagdo de minerais e goniometria, nfo sero estudadas. ensaios por via seca Propriedades quimicas {: -par-via elds (no serio estudadas) 3.2.1, PROPRIEDADES FISICAS ‘ Ll. Dureza E @ resistencia ao risco. A dureza relativa é dada pela escala empirica de Os minerals |e 2 stu oi ‘veis pela unha, os 3, 4 & 5 0 sdo pelo canivete e pelo vidro, ¢ os , 7, 8, 9 ¢ 10 nfo sio riscdveis pelo canivete e riscam 0 vidro. Em aulas priticve plese texy as seguintes durezss: unha (2,5), moeda (3), canivete (5), video (5.5), lim (6,5) e poreelana (6S — 7). Qs minemis (le meior dureza riscam os de menor. Assim, por exemplo, # fluorita, de durexa 4. rise2 todos os de dureza inferior e € riscada pelos subse- qlentes dacscala, on sefu. por todos os outros minerais de dureza superiora 4. Nao existe propergdo ie giiu de dureaa na escala de Mohs; por exemplo, 0 topizio nio é cite vezes mais duro do que o tlco, nem a dureza da fluorita é 0 dobro da gipsita, Isso 36 € conseguido com métodos mais precisos, onde uma ponta de ago ou diamante com peso cosine desliza sobre os minerais a serem estudados. A profundidade do sulco ¢ medida, e entdo € possivel obter-se uma escala de proporcionatidade. MINERAIS u A dureza de um mineral depende de: a) Sua composigao quimica 1. compostos de metais pesados como: praia, cobre, ouro, chumbo, sao moles: 2, sulfetos e dxidos de: ferro, niquel, cobalto, sio duros; 3. sulfetos em geral, so moles; A. Oxidos ¢ silicatos, especialmente os que contém aluminio, sio duros: b) Sua estrutura cristatina Exemplo: diamante ¢ grafita sio formados por carbono. Devido a sua estrutura, o diamante tem dureza 10, ¢ a grafita | a 2. 1.2. Trago E a propriedade de o mineral deixar um risco de pé, quando friccionade contra uma superficie ndo polida de porcelana branca. Para que isso aconteca, € necessdrio que o mineral tenha dureza inferior a porcelana. Os de maior dureza causam um sulco na porcelana, e dizemos que 1ém trago incolor. © trago nem sempre apresenta a mesma cor que o mineral, Por exemplo, ahematita Fe,O, ¢ um mineral preto ¢ cinzento, e produz trago vermetho-sangue; 4 pirita FeS, & de cor amarelo-latdo e fornece trago preto-esverdeado ou preto- castanho, 13. Clivagem E a propriedade de os minerais se partirem em determinados planos, ou Ja apresentar esses planos, de acordo com suas diregGes de fraqueza. A clivagem pode ser chamada: a) proeminente — quando 0 mineral apresenta um plano muito evidente e quase perfeito, como acontece com a mica que se clivaem folhas paralelas, ou a calcita que se parte em forma de romboedro (em planos bem lisos). b) perfeira — quando o plano apresenta certo cariter de aspereza, como acontece com os feldspatos. ©) distinta — quando os planos de clivagem apresentam um pequeno grau de escalonamento, como por exemple, a fluorita. 4) indistinta — exemplo: apatita, 14. Fraturas Quando os minerais no se-partem em planos, mas segundo uma superficie inegular, As mais comuns séo: a) conchoidal — em concavidades mais ou menos profundas. Exemplo: quarizo, ‘b) igual ow plana — quando a superficie, embora apresentando pequenas elevagdes ¢ depresses, aproxima-s¢ de um plano. ©) desigual ou irregular — com superficie irregular. 12 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA 1S. Teracidace E a resistencia a0 choque de um martelo, ou ao corte de uma lamina de ago, ede acordo com eles, os minerais sto chamados de: a) quebradigos ou fridveis ~ reduzem-se a pd, quando submetides a pressdo. Exemplo: calcita, b) séctets — podem ser cortades por uma limina: Exemplo: gipsita. c) maledveis — redutiveis a laminas pelo martelo, Exemplo: ouro. 1.6. Flexibilidade E uma deformagao que pode ser: a) eléstica — se cessat, quando o esforgo for retirado. Exemplo: mica. b) plistica — se permanecer, apés a retirada do esforgo. Exemplo: tal¢o. 1.7, Peso especifico E o niimero que expressa a relagdo entre © peso do mineral e 0 peso de igual volume de dgua destilada a 4°C. Se um mineral possui peso especifico 3, significa que um certa volume dose mineral pesa 3 vezes o que pesaria o mesmo volume de agua. © peso especifico depende de dois fatores: a) @ natureza dos dtomos — Os elementos de peso atamico mais elevado formam minerais de maior peso especifico. Exemplo: (CaCO) caleita 2,9; (BaCOy) barita 4,3; (PbCO,) cerusita 6,5. b) estrutura atémica - © diamante ¢ a grafita, ambos formados pelo elemento carbono, possuem estrutura diferente. O diamante tem estrutura mais com- pacta, com uma elevada densidade de dtomos por unidade de volume. Seu peso especilico é 3,5. A grafita tem menor densidade de atomos por unidade de volume, seu peso especifico € 2,2. Os métodos comuns para determinago do peso especifico so: Balanga hidrostdtica: Fesa-se o mineral no ar. Seja P seu peso. Pesase o ‘mineral imerso na agua. Seja P’ esse peso. P’ sera menor que P, porque qualquer corpo submerso na agua sofre um empuxo, cujo valor é igual ao peso do volume de agua deslocada. P- P’ é 0 peso da dgua deslocada. Portanto, a formula do peso especifico é igual a: Picnémetro: © picndmetro é usado quando o mineral é apenas um fragmento ou mesmo pé, O aparelhko consta de um pequeno frasco de vidro com tampa esmerilhada que termina por um capilar. eS MINERAIS 3 Procedimento: Pesa-se o frasco vazio tampado = A. Introduz-se o mineral no frasco ¢ pesa-se = M, Introduz-se dgua destilada no frasco, onde j4 existe o mineral, com © cuidado do nivel d’agua permanecer até a parte superior do capilar, ¢ que no haja bolhas de ar e pesa-se = 5. A iiltima pesada ¢ do picndmetro cheio de agua destilada, observando-se os mesmos cuidados = P. O peso especifico serd: 1.8. Propriedades dpricas 1.8.1, Brilko £ 0 aspecto da réflexdo da luz na superficie do mineral. O brilho dos minerais pode ser de dois tipos: metdlico ¢ nao metalico. Minerais Metdlicos sao de aspecto brilhante, semelhante ao brilbo dos me- tais polidos. Esses minerais geralmenie sido escures ¢ opacos, Exemplo: galena, pirita, calcopirita. Os minerais de britho néo metilicos sio geralmente claros, ¢ quando em laminas delgadas sio transparentes. Ainda ha outros tipos de brilho: Britho vitreo, produz reflexdes como o vidro. Ex.: 0 quartzo. Brith resinoso: possui aspecto de resina. Ex.: blenda. Brilho graxo: 6 mineral parece estar coberto por uma camada de éleo. Ex.: gipsita, malaquita, serpentina. Britho adamantino: possui reflexos fortes ¢ brilhantes, como o diamante, Ex.: cerusita, anglesita. Brilho perliceo: mostra aspecto de pérolas. Britho sedoso: possur aspecto de seda, Resulin de agreuados paraiclos de fibras finas, Ex.: gipsita. 1.8.2. Cor A cor num mineral deve ser sempre observada em superficie ou fratu- ma recente, pois a superficie exposta ao ar se transforma, formando peliculas de alteragio. Em muitos minerais a cor ¢ uma propriedade util para © reco- nhecimento. Os de brilho metdlico geralmente apresentam cor constante e bem dofinida. As alteragdes superficiais por decomposigéo alteram a cor. Assim, por exemplo, os minerais ferruginosos podem apresentar uma pelicula amarela de oxidagio. ‘As substituigées moleculares também mudam a cor. A blenda (ZnS) pode ter o Zn progressivamente substituido por Fe, passando a cor de cinza, para preta. AS micas podem ser incolores, braneas, pretas, esverdeadas. O quartzo pode ser incolor, violeta, branco, enfumagado, amarelo. O berilo pode ser incolor, verde, azul, amarelo, réseo, branco, Os feldspatos so cinzas, réseos, brancos. 14 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA 1.8.3, Microscopia Microscopia e outras propriedades 6pticas como indice de refragio, pleo- cn smo, figuras de interferéncia, luminescéncia, ultrapassam 0 limite de nosso estudo macroseépico, apesar de serem os métodos mais répidos ¢ eficientes para identificacao de um mineral. Nao sero, abordadas nesta obra, 3.2.2. PROPRIEDADES MORFOLOGICAS . Sendo grande maioria dos minerais (cerca de 90%) constituidos de subs- tancias cristalizadas, 0 estudo das propriedades morfoldgicas assume um papel extremamente importante em Mineralogia, constituindo tal estudo o capitulo da Cristalografia. Os minerais amorfos, que constituem a minoria, no podem ser objeto do estudo morfolégico, uma vez que apresentam formas isregulares e indefinidas, a0 contrério dos cristais, cuja forma pode ser descrita, estudada e interpretada. As substancias cristalizadas (naturais e artificiais) podem ocorrer com forma externa geométrica definida, constituindo os cristais, na acepgao exata da palavra, Possuem disposigao regular em fileiras dos dtomos, moléculas ou ions, ¢ com forma externa poliédrica, Ll. Habito, E a maneira mais freqilente como um cristal ou mineral se’ apresenta. Todos os minerais estiio enquadrados em sete sistemas cristalinos. Nao estudaremos os sistemas cristalinos, mas devemos saber os habitos dos minerais mais comuns, como por exemplo: Topdzio: prismas rombicos, alongados; Sillimanita: fibroso; Granadas: grawular; Quartzo: prismdtico, terminado por faces de romboedro; Turmalina: prismatico trigonal estriado; Feldspatos: prismas monoclinices ou triclinicos; Pirita: cibico; Fluorita: ciibica, eotaédrico; Magnetita: octaédrico; Caleita ¢ Dolomita: romboédricos; Blenda; tetraédrico; Micas: placas tabulares; Galena: cibico ou octaédrico; Gipsita: prismatico fibroso. 3.2.3. PROPRIEDADES QUIMICAS Como fei dito, as propriedades quimicas dos minerais nao serao estudadas. Lembramos porém que, de acordo com a sua composi¢ao quimica, os minerais po- dem ser clasificados em 6xidos, silicatos, sulfatos, carbonatos, sulfetos, etc. MINERAIS: 1s 3.3, DESCRIGAO DOS MINERAIS MAIS COMUNS DE ROCHAS 3.3.1. PROPRIEDADES FISICAS GERAIS DOS MINERAIS DE ROCHAS |. Forma e hibito — Os minerais de rochas geralmente no se apresentam como eristais, isto é, ndo possuem forma geométrica. A esse tespeito devemas consi- deré-los nos trés tipos de rochas: ‘ AS magmadticas sio as que tém maior Probabilidade de formar cristais com forma propria, pois seu ambiente de formagdo é fluido, isto é, € o magma. Os primeiros minerais formados podem impor sua forma ao meio, mas 4 medida que aumenta 0 namero de cristais, o espaco. diminui, e os dltimos minerais formados 1ém que se adaptar ao espaco restante, ficando com contornes irregu- fares. Quando um cristal apresenta forma Propria, sera um cristal idiomorfo. As metamérficas nfo apresentam cristais bem formados, porque se origimam de transformagées verificadas no estado sdlido. Quando existirem cristais é porque sua forga de cristalizagio é muito grande, que chega a (lelormar outros minerals para impor sua propria forma. As sedimentares, formadas por erosio, transporte &. deposigao de sedimentos. apresentam seus minerais desgustados. Solugées saturadas podem, porém, se Precipitar em fendas, cavidades ou aberiuris existentes nas rochas, dando origem a cristais bem formados. 2. Cor — Os minerais, quando puros, possuem uma cor inerente, que pode variar de acordo com as impurezas, de maneira que um mesmo tipo de rocha pode apresentar cores diversas, conforme as cores de seus minerais. O granito de Sie Roque, em Séo Paulo — é cinza, eo de Itu,em Sao Paulo ¢ rosa, devido 4 coloragdo cinza ¢ rosa de seus feldspatos. Os mdrmores sdo de cores ‘mais diversas, de acordo com as impurezas do carbonato de calcio, 3, Cor do trago — Nio € critério para determinagdo dos minerais de umu rocha, porque o pé deixado na porcelana poderd ses de virios minerais, especialmente se a granulag3o for milimétrica. 4. Clivagem — Pode ser evidente nos minerais de rochas de granulagao grossa, especialmente em superficies recentemente quebradas. Os minerats cam pena <6 boa clivagem tendem a formar placas, como as micas, taleo, eloriia. Dues boas clivagens aparecem nos anfibdlios e piroxenics, Tres diregses de clivagens padem formar cubo como ny galena ou romboedro, como na calcita, Ge modo que fa rocha o mineral fraturady pode apresentar @ voniorn de um auadrado ou de um losango. 5. Fratura — Para determinagao de minerais de ume nocha, consideraremos ‘apenas: um tipo de fratura: 2 conedide de quartzo, 6. Reagdes quimicas — Deve-se fazer uso do HC] em solugde Ist. pata se oliter efervescéncia em carbonatos: (caleérios ¢ dolomitos). © mesmo efeito p: ser obtido com algumas gotas de limio, no material pulverizado. 16 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA 7. Peso especifico — Nao é usual determinar o peso-especilico para classificagdo dos minerais de uma rocha, 3.3.2. OS MINERAIS MAIS COMUNS DAS ROCHAS ‘Na tabela estdo relacionados dezenove minerais, que sao os mais comuns nas rochas, Em seguida, cada um ¢ descrito resumidamente. 1, Quartzo 6. Zircio 11. Topazio 16. Amianto 2. Feldspatos 7. Magnetita 12. Calcita 17. Taleo: 3. Micas 8, Hematite 13. Dolomita 18, Zedlitas 4. Anfibdlios 9. Pirita 14. Caolim 19. Fluorita 5. Piroxénios 10. Turmelina 15. Clorita 1. Quartzo — SiO, E silica cristalizada macros- copicamente, A opala é silica amorfa, ¢ a dgata, silex, Onix, jaspe sfo variedades de calce- donia, ow seja, silica microcris- talina. Forma — Nas rochas, 0 quartzo ndo tem forma definids. Quando formado em cavidades, presenta forma de prisma hexagonal terminado por faces de romboedros, dando a impressdo de bipiramide hexagonal. Clivagem — Ausente. Fratura — Concéide, Cor — Nas rochas o quartzo se apresenta desde incolor até cinza-escuro. Geralmente ¢ branco. Brilha — Vitreo. Trago — Incolor. Dureza — 7. Peso especifico — 2,65. : Ocorréncia — Nas igneas: em granitos ¢ pegmatitos, nas metamérficas: em quartzitos, micaxisto, gnaisses; nas sedimentares: em arenitos, siltitos, conglome- rados. A presenca de quartzo deve ser suspeitada em quase todo tipo de rocha. Caracteres distintivos. — Falta de clivagem, brilho e cor distinguem-no dos feldspatos, que usualmente se associam a ele. MINERAIS Ww Emprego — Como adorno em joalheria; arcia para construgdo; em fundigao; como abrasivo; em porcelanas; em lentes de aparelhos Opticos cientificos; em osciladores de ridio, em filtros para barragens, em concreto, 2. Feldspatos © grupo dos feluspatos j € formado por: ‘ KAISi;0, — Ortoclisio NaAlSi;O, - Albita CaAl, Sig Oy — Anortita Entre ortoclasio e albita, hd termos intermediarios em composi¢do que podem ser a- brangidos pela expressdo (K, Na) AISisOg © sio denomi- nados feldspatos alealinos ou ortocidsios. Entre albita ¢ anortita ocorre o mesmo fenémeno ¢ siv denominados feldspatos dleali-cdlcicos ou simplesmente plagio- clasios, Forma — Nas rochas os feldspatos sio informes, mas podem apresentar contormos retangulares ou hexagonais. Clivagem — Eles aparecem nas rochas quase sempre apresentando reflexdes dos planos de clivagem, quando expostos 4 luz, pois os feldspatos tem boa cli- vagem em duas diregdes, O grio de feldspato pode aparecer dividido por uma linha distints. Fratura —Unegular em tragmentos quebradigos. Cor — Os ortoclasios geralmente so: creme, tijolo, réseo e vermelho, devido as impurezas de hematita. Os plagioclisios geralmente sao: cinza, branco, pardo, esverdeado ¢ até preto, Observagées: 1) rochas com muito ortoclasio tendem a aprésentar cores avermelhadas, rochas nas quais predominam plagiocldsios tendem a ser cinzas. 2) sé uma mesma rocha contém dois feldspatos, um dos quais é¢ avermelliado, enquanto o outro nfo, 6 quase certo que o feldspato vermetho 6 orto- elisio ¢ 0 outro plagioclasio. A APLICADA A UNGENHARLA Brilho — Vitreo em fratura recente. Traco — Branco nio caracteristico, Peso especifica — Ortoclisio 2,54; albita 2,62; anortita 2,76, Ocorréncia — Os feldspatos ocarrem em quase todos os tipos de rochas igneas mtrusivay ou extrusivas e nas metamérficas. Mais raros nas sedimentares, porque se decompiem em argila ¢ caolim. Emprego — Moidos, em granulagao finissima sdo fundides misturados com caolim, quartzo ¢ argila, na produgao de porcelana, 3. Micas Mica branca — H,KAI3(SiO,)3 — muscovite Mica preta ~ (H, K),(Mg, Fe)(Al, Fe)s(SiO.); ~ biorita Mica verde — Serieita Mica toxa — lepidolita Forma — Quando bem cristalizadas, mostram-se em placas hexagonais. Clwagem — Perteita em ma diregao. Cor - Muscovita é incolor, branca, cinza, parda ou esverdeada. Em laminas finas é sempre ineolor. A biotita € preta ou pardacenta. Em laminas finas é translo- cida, parda ou verde-escura. Britha — Acetinado. Alteragéo — Biotita e¢ variedades de mica preta alteram-se facilmente por hidratagio, tornando-se moles e descoradas ¢ perdendo a elasticidade. A musco- vita nao se altera facilmente. Ocorréncia — Em granitos, pegmatitos, gnaisses, mica-xistos, filitos. Emprego — A muscovita é largamente empregada como isolante elétrico e também na fabricagdo de vidros refratdtios e refratirios em geral. 4, Anfibélios Formam um gmupo de silicatos que sao sais de dcido metasilicico (H2 SiO). Exemplo: Antofilita = (Mg, Fe)SiO,; Tremolita = CaMgy(SiO3),. Forma ~ Pertencem ao sistema monoclinico (prisma obliquo de base Tosangular). Apresentam-se, comumente, sob a forma de lminas longas com termi- niagdes inregulares, por vezes tao finas que mal se peroebe na rocha as agulhas bilhan- tes. Clivagem — Duas boas diregdes de clivagem. Cor — Depende da quantidade de ferro. Branco ou cinza na tremolita. Verde-vivo na actinolita, Verde-escuro.a preto na hornblenda. Brilha — Vitreo. Sedoso no amianto. Alteragdo — Sob agio de diversos agentes podem produzir taleo, clorita, limonita, carbonato. Ocorréncia — Tremolita, em calcarios, dolomitos ¢ rochas talcosas. Horn- blenda é comum em rochas igneas e metamérficas. Determinagaa — Nas rochas os anfibélios podem se confundir com biotita, piroxénio, turmalina. Da biotita 0 mineral se distingue, porque no apresenta esfo- MINERAIS 9 liagio em laminas. A turmalina no tem clivagem e pode apresentar secgdo wiangular. 4 seceao dos anfibélios geralmente é losangular. 5. Piroxénios Formam um grupo de silicatos ‘que sdo sais do écido metasilicio (H; SiO; ). Exemplos; 1 Enstatita — MgSiO, Hipersténio ~ (Fe, Mg)SiO, Diopsiitio — CaMg(SiO,), Espoduménio — LiAl(SiO, dr Rodonita — MnSiO, Forma — Nas rochas nao apresentam faces terminais. Um cristal de piro- xénio & prismatico, curto e Brosso, mais ou menos eqiiidimensional Ciwagem — Duas boas diregées de ciivagem. Alteragio — Sio facilmente alteraveis. Pelo inlemperismo podem formar calcita ¢ limonita. Pelo metamorfismo se transformam em agregados de agulhas ou Bros de anfibdlio. Por esse processo, rochas fgneas ticas de piroxénio como gabros, diabasios, basaltos se transformam em tochas metamérficas ricas de anfib6lios, como anfibolitos, anfibélio-xistos ¢ outros. Ocorréncia — Os piroxénios séo encontrados em rochas fgneas melano- criticas @ intermediirias. Séo comuns ci ruchas metamorticas, como gnaisses, anfibolitos, marmores. Determinapdo — Deve-se verificar 0 contormo do prismta (secez0 quadrada) © as duas diregdes de clivagem. Podem se confuniir com: a) turmalina, mas esta apresenta secedo triangular; b) epidoto, mas este ‘Possui cor verde-amarelo carag- teristica; ©) anfibétio, mas este possui secgo losangular, ~ Diopsitio, como jéia. Espoduménio, para adicionar em graxas lubrificantes. 6. Zireao Formula — Z:SiO,. Habito — Prisma tetrago- nal bipiramidado, Gor — Incolor, azulado, arroxeado, pardo, Dureza — 7,5, Qcorréncia — Em rochas igneas, metamérficas ¢ sedimen- fares. Sua presenga ¢ quase sem- Pre constante em rochas leuco- criticas © arenitos, Determinagéio — Pode apresentar secgdo retangular. Emprego — Limpido, usado Para gemas; como refratdrio. 20 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA 7. Magnetica Formula — FeyU,- Habito — Ostaédrico. Sem clivagem. Cor — Cinza ago a preta. Trago — Preto, ‘ Britha — Metalico. Ocorréneia — Pode aparecer na rocha na forma perfeita de um octaedro, ¢ coma pedacinhes macroscépicos ou microsedpicos, em rochas fgneas ¢ metamér- ficas. B magnética. Emprego — Minério de ferro. 8. Hematita Formula — Fe, 05. Habito — “Placus hexagonais; micacev. Cor — Preta-metalica em agremactos fines. cor vermeliia de brilho fosco. Traco — Vermellho-sangue. Qcorréncia — QOcorre nos gnuisses e xistos cristalinos, muitas vezes em ca- ‘madas espessas (itabirito). Emprego — Eo minério de ferro mats comum, especialmente no Brasil. ‘Também se usa em forma pulverizada, como pigmente vermeiho. 9. Pirita Formula — FeS;. Habito — Cibico, octaédrico. E bem cristalizado. Os cubos apresentam estrias. Cor — Amarelo-atdo, com brillo metilice. Trago — Esverdeado a preto. Ocorréncia - Em rochas igneas, metamdrficas e sedimentares. Nestas, é formada posteriormente 4 rocha. Emprego — Pode aparecer associada a0 ouro ou cobre. Pode também ser fonte de enxofre pata a fabricagdo de H,SO,; como fonte de SO,, na preparagdo: de polpa de madeira, no fabrico de papel ¢ como desinfetante. 10. Turmalina Composigdo — Borossilica- eS to de Fe, Mg, Al, Na, Li, hidra- tado. Habito — Prismas de sec- I ga sproximadamente triangular e estriados verticalmente. Sem y> clivagem. Cores — Preta, castanha, verde, vermelha, vinho, résea. A variedade mais” comum nas rochas é a preta. MINERAIS. 21 Ocorréncia — Em pegmatitos ocorrem na forma de cristais grandes (de con- limetros a metros). A variedade résea geralmente se associa a mica roxa (lepidolita), A parda é encontrada em calcirios. Reconhecimento — Distingue-se do anfibélio, piroxénio, Por sua secelio triangular, falta de clivagem e dureza. ~ Pela sua dureza 7-7,5, quando limpida 6 uma pedra semi: Preciosa, geralmente nas cores verde, rosa ¢ azul. Ha turmalinas bicolores. Devido as propriedades Piezoelétricas, ¢ empregada na fabricagdo de calibradores de pressio, V1. Topazia Formula ~ (Al, F)_ SiO,. Habito — Prismitico com secgao losangular. Cor — Incolor, azul, laranja, verde. Ocorréncia — Pegmatitos.e veios profundos. Emprego — Pela sua dureza 8, quando limpido é empregado como jéia. © topizio rosa pode ser obtido pelo aquecimento da topazio amarelo-escuro, 12. Cateiua Formuta — CaCO. Habito ~ Rombocdros si0 08 mais freqientes, Clivagem — Otima em trés . diregées, ndo ortogonais. Britho ~ Vitreo a sédoso. : Cor — Ineolor, branca, cin- 7a 4 preta, amarela, vermelha. Ocorréncia — Ocorre em cavidades, fratutas, amigdalas, estulactites, esta. lagmites, crastas. Eo mineral formador de caledrios ¢ marmores, Determinagao — Se for confundida com quartzo, € facilmente distinguids pela baixa dureza e pelas Gtimas clivagens. Dos feldspatos, por sua dureza baixa; Emprego — A calcita ¢ 0 caleério sio usados para fabricagio de cimon: los, Aquecida 2 900°C, perde CO, ¢ se transforma em CaO (cal virgem), que com agua forma o hidroxide de calcio (cal hidratada). © caledrio é também usado para corretivo da acider do solo. Os marmores si usados na construgio: civil. 13. Dolomita Formula — CaMe(CO,)y. Determinagio — As mesmas analogias feitas para a calcita, Difere da calcita Por efervesver somente pulverizada, Emprego — Para adorno em construgdo. Usadu no cimento para retardar a Pega ¢ lambém em tijolos refratirios. 2 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA SUBSOLO EM REGO CALCAREA 14. Carolina (argila) Férmula — Hy Aly Sir Oo. Habite — Placdide hexagonal microscopico, Macroscopicamente, sempre apa~ rece em forma pulverulenta. Cor — Branea ou eolorida, dependendo da quantidade de 6xido de ferro, Formugdo — © caolim se origina da decomposigao dos feldspatos atucados por agua, contendo CO; 2KAISI;0; + 2H,0 + CO, ——~ Ha Ah SizOs + 4510; + K, CO, ertoclasio eaolimn silica (solivel) (com a albita a reagdo 6 a mesma, somente com o Na substituindo o K), Ocorréncia — Rochas sedimentares e igneas Ca(HCOs), (calcita + ac..carb —> bicarbonato de célcio) © bicarbonato de célcio € sobivel e € transportado em solugo. Calcérios, dolomitos, gipso so particularmente susceptiveis de lixiviagao. Quando as condigdes do meio variarem de tal forma que 0 CO; dissolvido na agua escape, o bicarbonato de cilcio tornard a precipitar, formando as estalac- tites, estalagmites e as rochas calcdrias em geral. 0 Acido carbénico decompée também os feldspatos, micas, etc. 46 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA 5. Decomposigdo quimico-biologica ‘A agdo quimica dos organismos é muito variada. Os ourigos do mar, por exemplo, por secre¢do quimica fazem buracos nas rochas dos litorais; algas, liquens © musgos, ao se fixarem nas superficies das rochas, provocam a formagdo de uma fina camada de solo, que com o tempo iré aumentando até permitir a fixagdo de certas plantas. O produto de decomposigfo microbiana e quimica dos detritos orginicos 60 himus, que se transforma dando 0 fcido himico, que, como outros Acidos, acelera grandemente a decomposigo das rochas e dos solos. O dcido hamico torna os solos acidos. A agua das chuvas, ao atravessar estes solos, carrega este dcido que, reagindo semelhantemente 4 hidrdlise, provoca a decomposiggo das rochas. 6.4. DECOMPOSICAO DAS ROCHAS Examinemos um corte longitudinal num terreno. No caso da figura seguinte, 0 corte foi além de 7 m. Este corte mostra um solo proveniente da decomposi¢ao de uma rocha granitica encontrada inalterada a uma profundidade de 7 m (D). No campo, seria observado que: em C a rocha torna-se de cor cada vez mais branca, pois comega a haver alteragZo dos feldspatos que vo se tornando pulvu- rentos, formando caolim. \. Em 8 ja encontramos solo onde progressivamente a rocha atinge o maximo de decomposigao. Finalmente em A temos o solo residual, com matéria organica. soLo ORGANICO SOLO DE ALTERAGAO DE ROCHA ROCHA DECOMPOSTA ROCHA sk Como exemplo mais concreto ainda, descreveremos a seguir a decomposic¢ao de um granito, rocha composta de quartzo, feldspatos, micas (biotita e muscovita) e tendo como minerais acessérios 0 zircdo e a apatita. material soldivel er [nent | wean | ten inet Ai, rue ° em fine Ziredo nies rose decompce | Cristais de ziredo Do que foi exposto, verifica-se que da decomposicdo de um granito resultam substancias diversas, que podem ser agrupadas em: a) Minerais inalteréveis — quartzo, zitcio e muscovita. b) Residuos insoliveis — argilas, substancias corantes. c) Substancias soliveis — sais de potassio, sddio, cdlcio, ferro, magnésio e silica. © material soliivel geralmente € transportado para o mar, contribuindo para a salinidade dos oceanos. Nas regides em que a evaporacdo é muito intensa os sais transportados podem se depositar. A silica é usualmente depositada em fraturas e como material de cimentagdo das rochas. Os produtos insoliiveis e os minerais inalterdveis podem permanecer “in situ” por um largo espaco de tempo, formando parte do solo. Os grios de quartzo se * depositam logo e formam camadas de areia; as particulas de argila, mais finas, ¢ as particulas de silte sao transportadas e, apds sedimentacao, irao constituir as camadas de lama. As palhetas de mica podem se depositar em qualquer dos depé- sitos descritos. No Brasil, a importéncia da decomposicao ¢ colossal. Em Sao Paulo, por exemplo, foram observados os seguintes valores: Intemperizada até uma profundidade maxima de: Tipo de roche Arenito 15m Basalto 25m Granito 40 m Gnaisse 60 m Em varias regides do Brasil, como no Rio de Janeiro, a decomposigao atinge grandes profundidades: na demolicdo dos morros do Castelo e de Santo Anténio, a profundidade de decomposicao era de mais ou menos 100 m, . 48 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA 6.5. CLASSIFICACAO DAS ROCHAS SEDIMENTARES A origem das rochas sedimentates difere fundamentalmente das rochas mag- maticas, pois enquanto estas sio de génese interna, ou seja, formadas por material originario do interior da Terra, as sedimentares, a0 contrario, so de origem externa, sendo formadas ou nas bacias sedimentares (lagos ¢ mares) ou mesmo sobre a superficie terrestre. Em virtude de sua propria origem, a sua composi¢ao mineralégica é muito variada, pois rochas sedimentares formadas nas mesmas condigGes genéticas podem apresentar composi¢ao mineralégica diferente, dependendo da rocha matriz, que forneceu os sedimentos. Essas circunstancias fazem com que a classificagdo destas rochas seja muito complexa. Na maioria dos autores prevalece o critério genético. Classificagdo resumida das rochas sedimentares A classificagio a seguir esté baseada principalmente no tipo de agente que transportou os sedimentos para a’ bacia de deposig&o. Nesse aspecto, as rochas sedimentares podem ser classificadas em trés tipos: Rochas de origem mecénica: 1. Grosseiras: Conglomerados, Brechas 2. Arenosas: Arenitos, Siltitos 3. Argilosas: Argilas, Argilitos, Folhelhos Rochas de origem orgdnica: 1. Calcarias: Calcarios, Dolomitos 2. Silicosas: Silex 3. Ferruginosas: Depésitos ferruginosos 4. Carbonosas; Turfas, Carvoes Rochas de origem quimica: 1. Caledrias: Estalactites e estalagmites, Marmores travertinos 2. Ferruginosas: Minérios de ferro 3. Salinas: Cloretos, Nitratos, Sulfatos 4. Silicosas: Silex 6.5.1. ROCHAS DE ORIGEM MECANICA Sao também denominadas rochas cidsticas ou detriticas. Essas rochas so originadas pelo transporte através da aco separada ou conjunta da gravidade, vento, agua e gelo, com subseqiiente deposicao. O cardter predominante do material ¢ inicialmente o estado inconsolidado. O tamanho das particulas varia desde dimensdes ultramicrosc6picas ou coloidais, até grios centimétricos e blocos maiores. Esses materiais ainda ndo cimentados ROCHAS SEDIMENTARES 49 constituem © sedimento. Depois da compactagao pelo proprio peso das camadas superiores sobre as inferiores e/ou cimentagdo, os sedimentos passarao a constituir a rocha sedimentar ou rocha estratificada. As substancias mais comuns que atuam como material cimentante so a silica, carbonato de calcio, limonita, gipso, barita, etc. A cimentagao, feita por substancias minerais ou orginicas existentes em solugo, ocorre durante e/ou apés a fase de deposigao. ‘As rochas de origem mecanica podem ser subdivididas em trés grupos, de acordo com o diametro médio das suas particulas predominantes: 1. Rochas grosseiras; 2. Rochas arenosas; 3. Rochas argilosas. 1. Rochas grosseiras 5 Essas rochas so formadas por particulas com diametro superior a 2mm na sua maioria, ou seja, as particulas predominantes possuem didmetro superior a 2mm. Depésitos coluviais de télus e os de aluvido dio origem a essa cate- goria de rochas, nas quais podemos distinguir dois tipos caracterfsticos: conglo- merados e brechas. Conglomerados — Sao rochas sedimentares formadas de fragmentos arredon- dados, com didmetro superior a 2mm, originados de rochas pré-existentes ¢ posterior transporte e deposigdio. O tamanho dos fragmentos varia de seixos até matagdes (blocos maiores). Brechas — Sdo rochas sedimentares de origem mecanica formadas por frag mentos de didmetro superior a 2 mm, ras ndo arredondados como os componentes dos conglomerados, e sim angulosos ¢ cimentados por silica, carbonato de calcio, etc. A angulosidade dos graos demonstra que o transporte do material ndo foi muito grande. 2. Rochas arenosas As rochas arenosas so as mais representativas e comuns entre as rochas sedi- mentares, e os fragmentos predominantes possuem diametro situado entre 0,01 mm. e 2mm. Alguns autores admitem que o limite inferior esteja ao redor de 0,1 mm, Nessas rochas distinguimos dois tipos principais: arenitos e siltitos. Arenito — S&o rochas constituidas substancialmente por particulas ou granulos de quartzo detritico, subangulares ou arredondados, com didmetro variando de 0,01 mm (ou 0,1) a 2mm. O cimento pode ser silica, carbonato de calcio, substancias ferruginosas, etc. Siltito — & uma rocha arenosa de granulagdo finissima (granulos ao redor de 0,01 mm) e é formada principalmente por produtos de erosdo fluvial, lacustre ou glacial. Alguns siltitos apresentam camadas muito finas identificadas por diferentes faixas coloridas formadas principalmente por peliculas de Oxidos de ferro. A espessura de tais peliculas depende do grau de impregnagdo desenvolvido em cada plano. 50 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA 3. Rochas argilosas Esta divisdo compreende todos os mais finos sedimentos mecanicamente for- mados, representados essencialmente pelas argilas. As particulas constituintes variam de dimensdes ultramicroscépicas (inferiores a 0,01 mm) até dimensdes de partfculas coloidais. Esses sedimentos sao os mais dificeis de serem analisados do ponto de vista petrogrdfico, tanto pelo aspecto finamente granular das particulas, como pela dificuldade de reconhecimento dos seus constituintes pelos métodos usuais. Os minerais das argilas podem ser subdivididos em trés grupos: a) grupo do caulim; b) grupo da montmorillonita; ¢) grupo das illitas (hidrémicas). As rochas sedimentares argilosas mais comuns sao o argilito e o folhelho. A diferenga entre eles é que o folhelho apresenta camadas horizontais bem destacadas em planos e que variam em cor. No argilito, esses planos horizontais sio menos comuns. 6.5.2. ROCHAS DE ORIGEM QUIMICA Este grupo compreende todas as rochas sedimentares inorgdnicas, que se formaram através da precipitagdo de solugdes quimicas em bacias sedimen- tares, Muitas rochas de origem quimica sofrem certas influéncias de agentes organi- cos, Assim, depdsitos ferruginosos, enquadrados entre os de origem quimica, se formaram sob a influéncia de organismos e bactérias. Existem quatro grupos principais de rochas de origem quimica: 1. Rochas calearias Esta divisio compreende os depésites calcdrios, tais como mdrmore traver- tino, crescimentos de estalactites e estalagmites, dolomitos, etc., precipitados em bacias, através de mudangas ffsico-quimicas do meio. 2. Rochas ferruginosas Até pouco tempo acreditava-se que os depdsitos ferruginosos eram formados exclusivamente pela atividade de bactérias e algas. Entretanto, apds os estudos de A.F. Hallimond, que investigou os minérios de ferro estratificados na Inglaterra, pOde-se afirmar que estes depésitos sdo de origem inorganica e quimica. 3. Rochas silicosas Estado incluidas nesta categoria as rochas formadas a partir da precipitagdo de solugdes, nas quais a silica € 0 constituinte dominante. Incluem-se aqui 0 silex de origem quimica. ROCHAS SEDIMENTARES St 4. Rochas salinas As rochas salinas compreendem os cloretos, os sulfatos, os boratos, os nitratos, etc., ocorrendo na forma de produtos de precipitagao quimica em bacias. Comumente exibem camadas de estratificagao. 6.5.3. ROCHAS DE ORIGEM ORGANICA Nesta categoria, enquadram-se todas as rochas que devem sua origem ao actimulo de matéria organica de natureza diversa. Usualmente a matéria orginica esta misturada a materiais de origem mecdnica. Os principais tipos so: 1. Caledrias Formadas pelo actimulo de conchas ou carapagas de composi¢d¢ carbonatada. 2. Carbonosas Este grupo compreende as urfas (acimulo de matéria vegetal em pantanos ou lagoas, com a matéria vegetal parcialmente carbonizada) e carvdo (termo que indica depésitos carbonosos formados por acumulacdo de matéria vegetal subseqiientemente carbonizada e consolidada). De acordo com a diminuigdo da porcentagem de matéria voldtil e o aumento do contetido de carbono, os carves se classificam em lignito, carvéo betuminoso e antracito. ESQUEMA DE FORMACAO DE TURFA E CARVAO [Lagoa com vegetacio Parte da vegetacdo morre Matéria vegetal é coberta por sedimenton @ protegida da oxiderio Matérie vegetal re ‘enviquece de carbone turfe-carvio 7 7.1. CONCEITO DE METAMORFISMO Metamorfismo diz respeito as transformagdes softidas pelas rochas, sem que estas sofram fusdo. Nao séo consideradas transformagdes metamérficas a alteragao superficial das rochas e a sedimentago seguida de diagénese. As transformagdes pelas quais passam as rochas na Crosta terrestre podem ser de varias espécies. Quando sio puramente mecinicas, o resultado se traduz pela deformagdo dos minerais constituintes das rochas e conseqiiente mudanga da sua estrutura e textura. A rocha, muitas vezes, ao ser formada, sotre outros fenoémenos como por exemplo, recristalizagio dos minerais. Estes so da mesma natureza quimica dos minerais primfrios da rocha que sofreu os efeitos metamérficos. Quando as transformag6es se fizeram, como no caso anterior, sem qualquer adicZo ou perda de novo material 4 rocha, a composig#o quimica inicial continua a mesma, embora a rocha seja outra. A esse tipo de transformagdo das rochas denomina-se metamor- fismo normal. Assim, por exemplo, arenitos transformam-se em quartzitos, cal- cdrios sao convertidos em mérmores, ¢ folhelhos em micaxistos, sem que a compo- si¢do quimica original seja substancialmente modificada. O que ocorre 6 apenas uma mudanga estrutural da rocha, manifestada principalmente através de sua durezae da orientagao de seus minerais. Nos exemplos citados, os arenitos sfo rochas 54 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA + moles ¢ com camadas horizontais que passam a quartzitos, que so rochas de dureza aprecidvel e com estrutura ou maciga ou em camadas inclinadas, dobradas, fraturadas, etc. Quando o metamorfismo é acompanhado por mudanga de composicao quimica da rocha, evidenciado pela formagao de minerais novos nao existentes anteriormente, 0 proceso’ é geralmente conhecido pelo nome de metamorfismo metassomdtico ou simplesmente metassomatismo. Exemplo de metamorfismo normal: pet VESTIOIO DE ae ACAMAMENTO xis ARENITO QUARTZITO MAciCo cALcAREO = MARMORE Os elementos que caracterizam e identificam uma rocha metamOrfica sio 08 seguintes: 1) minerais orientados em linhas e normalmente alongados; 2) dobras e fraturas; 3) dureza média a elevada. 7.2, AGENTES DO METAMORFISMO O metamorfismo ocorre, quando se verifica: a) Aumento de temperatura, pela aproximagio e contacto com uma massa de magma. A esse tipo de metamorfismo denomina-se metamorfismo termal ou metamorfismo de contacto. b) Aumento de pressio, seguido de deslocamentos. Nesse caso, as rochas so fragmentadas resultando formagdes de zonas, onde os minerais siio extrema- mente divididos ¢ cimentados. O metamorfismo é denominado catacldstico. A Tocha metamérfica produzida ¢ denominada milonito. Como o metamorfismo de contato, 0 metamorfismo catacldstico também ocorre em dreas restritas localizadas. ROCHAS METAMORFICAS 55 c) Aumento de pressdo e temperatura em regides extensissimas. Tal condigao s6 se verifica nas regiées orogénicas, isto é, nas regides de geosinclinais, onde ocorrem os dobramentos da crosta, com a formagdo de montanhas. ‘Trés so, portanto, os fatores que provocam o metamorfismo: a temperatura, a pressio e a atividade quimica das solugdes aquosas e gases que circulam nos espacos existentes nas rochas. Dentre os fatores supra mencionados, a temperatura constitui a principal condigdo responsével pelas associagdes mineralégicas encontra- das nas rochas metamérficas. A pressio é também o fator responsdvel por certas associagdes minerais, pois a pressio pode permitir ou impedir certas reagdes. 7.3. TIPOS DE METAMORFISMO Os tipos mais comuns de metamorfismo sdo os seguintes: 7.3.1. METAMORFISMO DE TEMPERATURA PREDOMINANTE Denomina-se metamorfismo termal a todos os tipos de mudangas por que . passam as rochas, sendo o fator dominante o calor. O termo pirometamorfismo que a primeira vista poderia ser confundido com metamorfismo termal, é usado para as mudangas que ocorrem em uma rocha pelo contato imediato de um magma. Exemplo caracteristico de pirometamorfismo é 0 que ocorre quando uma lava esparramada pelas vizinhangas do vuleo modifica a natureza fisica e quimica da superficie das rochas por onde passa. Exemplo: derrame de basalto sobre o arenito Botucatu, no Estado de Sado Paulo. O metamorfismo que ocorre ao redor das grandes massas magmaticas internas, porém com a temperatura inferior 4 que predomina no pirometamorfismo, é conhe- cido pelo nome de metamorfismo de contato. O calor cedido pela rocha magmatica intrusiva aumenta a mobilidade da rocha encaixante, favorecendo 0 apareciment > de minerais novos e de fendmenos de recristalizagao. ESQUEMA DE PIROMETAMORFISMO ‘VOERRAME iv VVVVYV¥ VV ARR nce nto hhANN Yves ni gta are SA pe 56 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA ESQUEMA DE METAMORFISMO DE CONTACTO shi33t MASSA DE MAGMA Que suBiU 7.3.2, METAMORFISMO DE PRESSAO DIRIGIDA PREDOMINANTE Pressio nao uniforme associada ao aumento de temperatura provoca um tipo de metamorfismo que difere muito dos demais. Rochas que sofrem esforgos dirigidos (tais esforgos ocorrem nas regides superiores da Crosta) tornam-se fraturadas adquirindo estruturas ¢ texturas préprias. As novas rochas formadas so chamadas cataclasticas e exibem comumente estruturas paralelas, fitadas, lenticu- lares e brechdides. O ™etamorfismo em questéo é denominado cataclistico ou dindmico. AREA 0 pestocamento © raaquenragio ROCHAS METAMORFICAS 57 7.3.3. METAMORFISMO DE PRESSAO E TEMPERATURA PREDOMINANTES. A aco conjunta da pressdo e temperatura produz sobre as rochas colocadas a certa profundidade da Crosta, marcantes modificag6es. Nao s6 provocam recristalizagdo na rocha, como também favorecem o apare- cimento de novas estruturas. Esse tipo de metamorfismo é chamado dinamotermal, e ocorre principalmente nas regides de dobramentos da Crosta terrestre, com a conseqiiente formagio de montanhas. O metamorfismo cataclastico pode muitas vezes estar associado nesta categoria. Os fenémenos dinamotermais so responsdveis pelo aparecimento de rochas muito comuns, como por exemplo xistos e gnaisses, Este tipo est4 associado a dreas conhecidas como geosinclinais, que estio localizadas junto aos continentes com a forma de uma “bacia”, na qual se acu- mulam milhares de metros de sedimentos. Normalmente, essas dreas sofrem subsidéncia e muitas delas 840 envolvidas por processos tecténicos, sofrendo dobramentos e fendmenosde magmatizacao, podendo formar cadeias de montanhas ¢ conseqiientemente rochas metamérficas e fgneas asso-. ciadas. Um exemplo tipico é o que deu origem as montanhas Apalaches nos USA. 7.3.4. METAMORFISMO PLUTONICO EM GERAL A expresso metamorfismo pluténico é usada para significar as mudangas produzidas em rochas, por influéncia de temperatura elevada e em grande pressio uniforme. A pressio dirigida é praticamente inexistente, tornando, portanto, fator negligivel nesse metamorfismo. A elevada temperatura é mantida pelo aumento de temperatura em fungdo da profundidade e pelo calor magmético. Observagdes realizadas em regides profundamente erodidas da crosta puseram em evidéncia que as rochas que estiveram em seus niveis mais baixos sofreram intensa penetragao de intruses magmiticas. Essas regides constituem 0 que se chama 0 embasamento arqueano. Elas caracterizam-se pela presenga de rochas de composigao grani- tica, produzidas por efeito de emanag6es magmiticas e injegdes. O tipo de meta- morfismo dominante é o de injegdo, acompanhado de fendmenos granitizantes. O metamorfismo pluténico, ocorrendo em regides onde a influéncia da pressio dirigida é praticamente desprez{vel, faz com que as rochas originadas nao apresentem estruturas paralelas. Ao contrario, exibem estruturas granulares e sem diregdes predominantes. A recristalizagZo é total, e as rochas produzidas sao bem caracteris- ticas: granulitos, eclogitos, gnaisses granuliticos, etc. 7.4. MINERAIS METAMORFICOS 7.4.1. INFLUENCIA DA COMPOSIGAO ORIGINAL As transformagGes minerais que ocorrem nos processos de metamorfismo dependem, em primeiro lugar, da composigao da rocha original, e depois, da natureza ou do tipo de metamorfismo a que foi submetida.

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