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Para esta concepcao, trés yes ‘sero cssenciaisia)elacio Estado versus ci- dadao: b)jconcep¢ao politica do Estado; c) espécie de direi- to considerado (individual, coletivo ou difuso). a quinta geracdo), na presente pesquisa, optou-se por tra- balhar com o modelo te6rico que divide os direitos fun- damentais em somente trés geragdes, pois ainda nao se formulou critério cientffico que autonomize os chamados “novos direitos” daqueles integrantes das trés geracdes dos direitos fundamentais conhecidas. Com efeito, o di eralmente invocado como sendo um direito: de io, possui todas as caracteristicas que 0 co- ioldtttegttamante junto acs direttos fundamentals de terceira geraco, ainda que ultrapasse as fronteiras nacio- nais e somente possa ser efetivado a partir da consciéncia de cidadania global. Todavia, o mesmo fenémeno ocorre com o direito ao meio ambiente equilibrado - tipico direito de terceira geracao ~, no sendo possivel limitar os efeitos das agressées a esse direito a determinado territério sobe- rano, percebendo-se, nesses direitos, certa interligagao en- tre as diversas dimensées. Os direitos fundamentais das trés geracbes, nessa teo- ria classificatéria, diferenciam-se estruturalmente entre si, * PECES-BARBA MARTINEZ, Gregorio. Curso de derechos fundamentales. Teoria general, Madrid: Universidad Carlos ill, 1999, p. 155. em virtude do elemento. aeeasgpeeaas Ines compéem: enquanto os direitos de! xigem um(Aao) a implementacéo dos jo justamente est centrada na Por_sua vez, a nota i tos de Tereeira GeraGaO reside no ashlar alias inexistente nas estruturas norm: tivas anteriores. 540, portanto, estruturalmente diferentes esses grupos de direitos. A classificagdo, pois, ocorre nao somente em virtu- de de os direitos nav serem previstus na geragao anterior, mas porque os direitos emergentes trazem, estruturalmente, algum elemento preponderante ausente nos direitos ante- riormente clasificados. Se assim nao fosse, cada surgimen- to de determinado direito novo deveria ser acompanhado da formulagao de nova gera¢ao dos direitos fundamentais, num movimento infinito e improdutivo cientificamente. Relativamen te @YS#SCIeIG EI alto Neen Soe arey (@asittés(eategorias, assim precisadas conceitualmente: abrange aquela\ le di ngs oa ED a a : de sua relacéo com o seu direito. Sao 0s direitos tradi-, cionalmente conhecidos e trabalhados pela doutrina jurfdica, nos quais a pro} la justamente por haver 0 qual se movimenta juridicamente tao log a lesdo as suas pretensGes. Subdividem- -se em(a)Mireitos individuais simples @b)direitos indivi- duais homogéneos. A ligacao entre os diversos titulares individuais a uma relacao juridica base (prevaléncia de questées de direito e de fato comuns) qualifica os direitos individuais homogéneos, recomendando, por razées de politica judicial, a tutela coletiva de algumas das pretenses derivadas destas relacées direitos ‘Entado « Consinigdo 5 22 TAIRO SCHAFER iassineagio dor Dircitos Fundammenais fo sistemd geracional ao sistema unitate 23 como exemplo de jurisprudéncia, podem ser colhidos outros julgados envolvendo a conceituagao dos direitos individuais simples e homogéneos: REsp n° 823.063 RE 604481 Agk? AI 809018 AgR;" RE 472489 AgR.! Pretensées de natureza tributéria dos contribuintes, ainda que caracterizada a lomogeneidade da telacdo juridica, ndo podem ser objeto de tutela judicial co- ‘tiva tendo por autor 0 Ministério Publico, conforme decisao do STF proferida © sistema da repercussio geral: STF. Plendrio Virtual. ARE 694294. Rel. Min. ‘lz Fux: "Reafirmada jurisprudéncia sobre ilegitimidade do MP para questio- ar qibutos em defesa dos contribuintes. Em andlise do Recurso Extraordind- © com Agravo (ARE) 694294, o Supremo Tribunal Federal (STF), por meio de eliberagao no Plenério Virtual, reafirmou jurisprudéncia no sentido de que © Sinistério Pablico nfo tem legitimidade processual para requerer, por meio de fo civil publica, pretensao de natureza fributdria em defesa dos contribuintes, isando questionar a constitucionalidade de tributo. A decisao da Corte ocorreu ‘or maioria dos votos e teve repercussdo geral reconhecida.” (www.stfjus.bt). STE, Al 857979 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes: “Justa e prévia indenizagio. rt. 5®, XXIV, da Constituiglo Federal. 3. Aferigio. Perda definitiva do direito & propriedade Precedents. 4 Agravo regimental a que se nega proviment.” wwwasthjus.br). STI, REsp 1168775, Rel Min, Paulo Sanseverine: RESPONSABILIDADE PELO ATO Dd PRODUTO. AUTOMOVEL FIESTA. QUEBRA DO BANCO DO MO- ‘ORISTA. DEFEITO DE FABRICACAO. PERDA DO CONTROLE DO VEICU- ©. ACIDENTE GRAVE. RECALL POSTERIOR AO EVENTO DANOSO. ONUS 1A PROVA DO FABRICANTE. 1 ~ Ago de indenizacdo proposta com base em feito na fabricagao do veiculo, objeto de posterior recall, envolvido em grave idente de transite, 2 - Comprovacio pelo consumidor lesado do defeito do Toduto (quebra do banco do motorista com o veiculo em movimento na estrada) ‘da relagao de causalidade com 0 acidente de transito (perda do controle do au- omével em estrada e colisdo com uma arvore), que lhe causou graves lesbes ea @raa total do veiculo. 3 ~ A dinculdade probatoria ensejada pela impossibilida- fede pericia direta no veiculo sinistrado, no curso da instrugio do processo, no fracteriza cerceamento de defesa em relagio ao fabricante.” (www.st}jus.br). STJ, Quarta Turma. Relator Min. Raul Araijo: “RECURSO ESPECIAL. PRO- ESSUAL CIVIL. CONSUMIDOR. ACAO CIVIL PUBLICA AJUIZADA POR SSOCIACAO. DIREITO INDIVIDUAL HOMOGENEO NAO DEMONSTRA- iO. INEPCIA DA INICIAL E CARENCIA DE AGAO. INADEQUAGAO DA TA ELEITA. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Para configuragto ¢ legitimidade ativa e de interesse processual de associagio para a propositura Ge agao aivil publica em defesa de consumidores, faz-se necessério que a inicial So Mlle demonstre ter por objeto a defesa de direitos difusos, coletives ou indivi- uals homogencos. Nao é cabivel oajulzamento de agSo coletiva para a defesa de GMtoresse meramente individuais, que importa caréncia de agao. 2. Nas aces fem que se pretende a detesa de direitos individuals homogeneos, nao obstante os ‘Sujelics poseam ser determinavels na fase de conhecimento (exigindo-se estejam Uctermitados apenas na liquidagao de sentenga ou na execugso), alo se pode SSmtir seu ajuleamento sem que aja, ao menos, indicios de que a situagho a ser Ritelada€ pertinente a wn numero razoavel de consumidores. © promovente da Selo civl publice deve demonstrar que diversos aujeltos, e ABO apenas um ou 3512, Ssui'sendo poosivelmente lesados pelo fato de origem comum, sob pena Goanio fear caracterizadia a homogeneidade do interesse individual a ser protesi 0.3. Recurso especial a que se nega provimento.” (www stjusbn) > STR, Primeira Turma, Rel. Min, Rosa Weber: “ACAO CIVIL PUBLICA. LEGI- TIMIDADE DO MINISTERIO PUBLICO FEDERAL. DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGENEOS. CONTRIBUINTES. DESPESAS COM EDUCACAO. INCONS- TITUGIONALIDADE DAS RESTRICOES IMPOSTAS PELA RECEITA FEDE- RAL DIVOLUCAO DE IMPOSTO DE RENDA, A jurisprudéncia desta Casa se ‘nvontra femada no sentido de que o Ministerio Publico nao ostenta legitimida- Ge pare a propositura de acto ovil publica contra a Fazenda Publica em defesa Gs Enereskesinaividuals homogeness de contribuintes. Precedentes, Agravo Fe- mente conhecido.e nfo provide.” (wwrw stfjusbr). STF, Frimeira Turma, Rel. Min. Dias Toffoll:“Legitimidade do Ministérfo Pi- biico, Asio civil pablica: Implementagto de polfticas publicas. Possibilidade. Vislacae do prindipio da separagto dos poderes. Nilo ocorréncia. Precedentes. 1 BAe Corte yd Brrnow a orientagao de que © Ministerio Publico detém legitim- dade pare requerer, em Jutzo,implementagto de potas publicas por parte Go Pater Exceutive, de molde a assegurar 4 concrstizagio de diceltos difisos, Coletivos e individuais homogeneosgarantides pela Consttuiglo Federal, como Pertase do acesso 2 saude, 2. O Poder Judicisrio, em situagées excepcionals, ie determinar que a. Administragto Publica adote medidas assecuratorias Be direlios constitucionalmente reconhecidos como ezserciais, sem que isso con figure violagao do principio da separagao de poderes. 3. Agravo regimental NAO provido (wwwettjusibr) I 'STR, Segunda Turma, Rel, Min, Celso de Mello: “DIREITOS INDIVIDUAIS: HOMOGENEOS - SEGURADOS DA PREVIDENCIA SOCIAL = CERTIDAO PARCIAL DE TEMPO DE SERVICO ~ RECUSA DA AUTARQUIA PREVIDEN- CIARIA- DIREITO DE PETICAO E DIREITO DE OBTENCAO DE CERTIDAO. EM REPARTICOSS PUBLICAS - PRERROGATIVAS JURIDICAS DE INDOLE EMINENTEMENTE CONSTITUCIONAL ~ EXISTENCIA DE RELEVANTE INTERESSE SOCIAL © AGAO CIVIL PUBLICA ~ LEGITIMACAO ATIVA DO MINISTERIO PUBLICO A FUNCAO INSTITUCIONAL BO MINISTERIO BUBLICO COMO DEFENSOR DO POVO (CE, ART, 129, Il) = DOUTRINA — PRECEDENTES - RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. - O direitoa certidso tradu2 prevrogativa juridice, de extragto constitueional, destinada a viabiizar, tm favdr do iedivideo ou de uma determinada coletividade (como a dos segu- ‘adds do sistema de previdencia social) a defesa (Individual ou coletiva) de di- Teltos ou o esclarecimento de situacoes. —A injusta recusa estatal em fornecer ‘Certiddes, nfo obstante presentes os pressupostos legitimadores dessa pretensio, ‘Enado « Consieugao 3 4 TTAIRO SCHAFER CClassifiagto dos Direitos Fundamentais ‘do sistema peracional ao sistema unitario 25 seguinte representacao: £ mac vd Onde: ) Dir 10s juais - tes, ou seja, nao é possivel identificar a titularidade individual para esta espécie de pretensao. relacionados estreitamente com a eee la sociedade contemporanea, sendo que 0 exer- Cicio concreto dessa espécie de direito pressupde 0 agir solidério, no mot rmite o seu exercicio individual. desta espécie de direito: autorizaré a utilizagio de instrumentos processuais adequados, como 0 man- dado de seguranga ou a propria acio civil publica, ~ O Ministério Pablico tem legitimidade ativa para a defesa, em juizo, dosdireitos e interesses individuais homogéneos, quando impregnados de relevante natureza social, como sucede como direito de petigko eo direito de obtengio de certidao em repartigoes publi ‘cas. Doutrina. Precedentes.” (www stfjus.br, 12 STF, ADI 1856, Rel. Min. Celso de Mello, Tribunal Pleno: ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE ~ BRIGA DE GALOS (LEI FLUMINENSE N° 2895/98) ~ LEGISLACAO ESTADUAL QUE, PERTINENTE A EXPOSIGOES E A. COMPETICOES ENTRE AVES DAS RACAS COMBATENTES, FAVORECE ESSA. PRATICA CRIMINOSA - DIPLOMA LEGISIATIVO QUE FSTIMULA © COME- TIMENTO DE ATOS DE CRUELDADE CONTRA GALOS DE BRIGA ~ CRIME AMBIENTAL (LEI N? 9605/98, ART. 32) - MEIO AMBIENTE - DIREITO A PRE- SERVACAO DE SUA INTEGRIDADE (CF, ART. 225) ~ PRERROGATIVA QUA- LIFICADA POR SEU CARATER DE METAINDIVIDUALIDADE - DIREITO DE TTERCEIRA GERAGAO (OU DE NOVISSIMA DIMENSAO) QUE CONSAGRA © POSTULADO DA SOLIDARIEDADE - PROTECAO CONSTITUCIONAL DA FAUNA (CF, ART. 225, § 1%, VIl) - DESCARACTERIZACAO DA BRIGA DE GALO COMO MANIFESTACAO CULTURAL ~ RECONHECIMENTO DA IN- CONSTITUIONALIDADE DA LEI ESTADUAL IMPUGNADA ~ AGAO DIRETA e sua protecdo judicial; * seguranca ptiblica.® PROCEDENTE. LEGISLAGAO ESTADUAL QUE AUTORIZA. A REALIZAGAO DE EXPOSIGOES E COMPETICOES ENTRE AVES DAS RAGAS COMBATEN- ‘TES - NORMA QUE INSTITUCIONALIZA A PRATICA DE CRUELDADE CON- TRA A FAUNA - INCONSTITUCIONALIDADE. ~ A promogiio de briga de galos, além de caracterizar pratica criminosa tipficada na legislagao ambiental, configura Conduita atentat6ria & Constituigao da Republica, que veda a submissao de animais atos de crucidade, cuja natureza perversa, & semelhanga da “farra do boi” (RE '153.531/SC), nfo permite sejam eles dos como inocente manifestacio cul- tural, de cardter meramente folelorico. Precedentes. ~ A protegao juridico-constitu- ‘onal dispensada a fauna abrange tanto os animais silvestres quanto os domésticos fou domesticados, nesta classe inclufdos os galos utilizados em rinhas, pois 0 texto a Lei Fundamental vedou, em clausula genérica, qualquer forma de submissao de fanimais a atos de erueldade. ~ Essa especial tutela, que tem por fundamento legi- timador a autoridade da Constituicio da Republice, € motivada pela necessidade de impedir a ocorréncla de situacbes de risco que ameacem ou que fagam periclitar todas as formas de vida, nfo s8 a do género humano, mas, tambem, a propria vida animal, cuja integridade restaria comprometida, nfo fora a vedagao consti- tucfonal, por praticas aviltantes, perversas ¢ violentas contra os seres irracionais, ‘como os galos de briga (“gallus-gallus”). Magistério da doutrina. ALEGAGAO DE INEPCIA DA {0 INICIAL. ~ Nao se revela inepta a petigao nical que, 20, impugnar a validade constitucional de lei estacual, (a) indica, de forma adequada, a norma de parimetro, cuja autoridade teria sido desrespeitada, (b) estabelece, de aneira clare, a relagao de antagonismo entre essa legislagio de menor positivi- Gade juridica e 0 texto da Constituicao da Republica, (e) fundamenta, de modo Inteligivel, as razSes consubstanciadoras da pretensao de inconstitucionalidade deduzida pelo autor e (4) postula, com objetividade, o reconhecimento da proce- déncia do pedido, com a conseqiiente declaracto de ilegitimidade constitucional da lei questionada em sede de controle normative abstrato, delimitando, assim, ‘9 Ambito material do julgamento a ser proferido pelo Supremo Tribunal Federal. Precedentes.” (www stfjusbr)- 13 ST], AgRg no REsp 1150479, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma: “ACAO EIVIL PUBLICA. REPARAGAO DE DANO AMBIENTAL. IMPRES- CRITIBILIDADE. VIOLACAO DO ART. 535 DO CPC. NAO OCORRENCIA. DIVERGENCIA JURISPRUDENCIAL NAO DEMONSTRADA. ANALISE DE MATERIA DE ORDEM PUBLICA POR ESTA CORTE SEM PREQUESTIONA- MENTO. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES, 3. O Tribunal a quo entendeu ‘que: "Nao se pode aplicar entendimento adotado em agio de direitos patrimo- Riais em aglo que visa & protesio do meio ambiente, cujos efeitos danosos se erpetuam no tempo, atingindo ts geragdes presentes e futuras’. Esta Corte tem Entendimento no mesmo sentido, de que, tratando-se de direito difuso — prote7a ‘20 meio ambiente ~, a agao de reparagdo é imprescritivel.” (www-st,jus br. ¥ STR, RE 511961, Rel. Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno: “JORNALISMO. EXIGENCIA DE DIPLOMA DE CURSO SUPERIOR, REGISTRADO PELO MI- NISTERIO DA EDUCACAO, PARA O EXERCICIO DA PROFISSAO DE JORNA- LISTA. LIBERDADES DE PROFISSAO, DE EXPRESSAO E DE INFORMAGAO. ‘Evade « Constinigdo 3 26 JAIRO SCHAFER CClassificagao dos Direitos Fundamentais So sistema geracional ao sistema unitario 27 A estrutura dessa espécie de direito pode assumir a seguinte representagao: tft Tm <> D Onde: Ill) Direitos coletivos: trata-se de terceira categoria ue se na qual se percebe indeterminacao rela CONSTITUICAO DE 1988 (ART. 5*, XE XIIL, E ART. 220, CAPUT E§ 19). NAO RECEPCAO DO ART. 4°, INCISO V, DO DECRETO-LEI N° 972, DE 1969. 1. RECURSOS EXTRAORDINARIOS. ART. 102, Ill, “A”, DA. CO} REQUISITOS PROCESSUAIS INTRINSECOS E EXTRINSECOS DE ADMISSI- BILIDADE. Os recursos extraordindrios foram tempestivamente intezpostos e ‘matéria constitucional que deles € objeto fol amplamente debatida nas instanciag inferiores. Recebidos nesta Corte antes do marco temporal de 3 de maio de 2007 (AL-QO "n° 664.567/R5, Rel. Min, Septlveda Pertence) os recursos extraordin&- tos nlo se submetem ao regime da repercussao geral. 2. LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTERIO PUBLICO PARA PROPOSITURA DA AGAO CIVIL PUBLICA. © Supremo Tribunal Federal possul sélida jurisprudéncia sobre o cabimento da acio civil publica para protegio de interesses difusos e coletivos e a respectiva legitimacao do Ministérlo Publico para utilizé-a, nos termos dos arts. 127, caput, ¢ 123, Ill da Constituigdo Federal. No caso, a ago civil publica fol proposta pelo Ministério Pablico com 0 objetivo de proteger no apenas os interestes indivi dais homogéneos des profissionais do jomnalismo que atuam sem diploma, mas fambém os direitos fundamentals de toda a sociedade (interesses diftsos) 4 plena liberdade de expressao e de informagio. 3. (..)".(www-stfjusbr). 'S STE, RE 559646 AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, Segunda Turma: “SEGURAN- GA PUBLICA AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINARIO. IMPLEMENTACAO DE POLITICAS BUBLICAS.ACAO CIVIL < PUBLICA. PROSSEGUIMENTO DE JULGAMENTO. AUSENCIA DE INGERENCIA NO PODER DISCRICIONARIO DO PODER EXECUTIVO. ARTICOS 2, 6°E 144 DA CONSTITUIGAO FEDERAL. 1. Odireito a seguranca ¢ prerrogativa constitucional indisponivel, garantido mediante a implementagao de politicas publices, impondo ‘20 Estado a obrigacto de criar condicoes objetivas que possibilitem 0 efetivo scess0 8 tal servico. 2. E possivel ao Poder Judiciario determinar a implementagto pelo Estado, quando inadimplente, de poiftcas publicasconstitucionalmente previstas, ‘sem que haja ingeréncia em questio que envolve o poder disericiondrio do Poder Executive. Precedentes. 3. Agravo regimental improvide” (www stfjusi)- Buado « Consinigto 5 28 JAIRO SCHAFER va entre o direito e seu titular individual, na medida em que, sendo direitos transindividuais, nao pos- suem uma titularidade individual, mas se reportam a relacao juridica base que une diversos titulares. Ou so, wis ios de grupon sce determi, profissionais que pertencem a certa ordem regulat- ria’ €Guestdes ligadas a base territorial de categorias profissionais.” A estrutura dessa espécie de direito pode assumir a seguinte representaca Gag} D ‘Onde: D: Direito que esté sendo objeto de consideragao Gdt grupo determindvel a que pertence o direito ‘Tri ntimero indeterminavel de titulares do direito 6 ST], RMs 12277, Rel. Min. Francisco Falco, Primeira Turma: “PROCESSUAL CIVIL, RECURSO ORDINARIO EM MS. LEI N" 8.905 /94. INSTALAGAO DESA- LAS DE ADVOGADOS. DIREITO COLETIVO, ILEGITIMIDADE DE ADVOGA- DO. ~ Efetivamente, a directo do 4°, do art. 7 da Lei n° 8.906/94, aponta para a celetivdade dos advogados,representados pela Ordem dos Advagados do Br- sil. ~ Ao advogado falta legitimidade para requerer, por todos os demais colegas, a instalagao de sala no Tribunal de Justica, destinada a classe.” (www-st}jus.br), STF, AI776292 AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Segunda Turma: “DIREITO CO- LETIVO DO TRABALHO. SINDICATO. DESMEMBRAMENTO LEGITIMADO PELO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. POSSIBILIDADE. REEXAME DE FATOS E PROVAS NA ESFERA EXTRAORDINARIA. INVIABILIDADE. SUMU- LA 279/STF. ALEGACAO DE QUE A CATEGORIA PROFISSIONAL, PORQUE DIFERENCIADA, NAO PODERIA SOFRER DESMEMBRAMENTO. AUSENCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SUMULAS 282 E 356 DO STF, Cabe 0 desmembra- mento, em respeito & liberdade de associaglo sindical (art. 8%, caput), sempre que, ‘entre os representados, haja categorias profissionais diversas, mesmo quando simil- ares ou afins. Agravo regimental a que se nega provimento.” (www.stfjus.br) {Cassiicagio dos Direitos Fundamentals ‘do sistoma geracional ao sistema unitiio 29 Didaticamente, teremos o seguinte quad: lassifica- trio, proposto por Teori Zavascki® tn > “este ‘DIREITOS DIFUSOS: (COLETIVOS TNO /DUAIS 1) Seb @ aepecto | Trarsindiuals, | Transndvduaia, com | invuals (he ‘subjevo,s80: | comindeterminagao_ | determinagdo relaiva | perelaidentfcaco Abeakia do tars | cores (cnao™ [Seana ngotim tier |‘ tar ndvival, |eomese lags ‘edule atoaedo |eatgacao ne” |sowecmie tnecevaros" |Sevarcattiares — |aossucreior flares stusos | cootesgecors co Secore omera, | ua lao pridea resin coat, [base Exsmpe@ Exomplnroarna | Esse Oa, co mms rep), pecan = no ravens poten sbjeto, 280: podem sr satstatos | podem se satstce | corsmmeaae oe mlesaoe Sento | rem esados serge’ | asec emonsa emicmagie lemiamacie "| stawrusdas sew atosogce sto atoaiece | eaten, esses tars). posses dares). |enttesnate icando uo Sistas gon aoc) 3) Em decorréncia de | insuscetivels. Insuscetiveis Individuais @ | ; sa natiezn sho: |deapeprecto —[dvaprprarho | gut anda trowel ‘ro par do pane Fwd seu tian, 1.2, Direitos fundamentais de primeira geracio _Os direitos fundamentais nascem com marcada noc&io individualista,” e a liberdade individual mostra-se elemen- to essencial do préprio sistema constitucional, como sua force motrici~ Para Best, Olson caus eS ™ ZAVASCKI, Teori. Proceso coletivo. Tutela de direitos coletivos e tut ie direitos. 0 Paulo: RT, Sed, 2011, p. 37, ee 18 PEREZ LUNO, Antonio-Enrique. Las generaciones de derechos humanos, p. 205. ® BARILE, Paolo. Diritti del’ uomo e liber a lo. Diriti det’ ibertd fondamentali. Bologna: Mulino, 1984, 2) BERTI, Giorgio. Interpretazione constituzionale. Lezioni di PeBERTI, Giorgi, err tituzionale. Lezioni di diritto pubblico. 4. ed. | ‘Brtado« Constiigto 3 JAIRO SCHAFER de Hobbes), pois a liberdade afigura-se como pressupos- to para o exercicio de outras faculdades constitucionais. O reconhecimento da existéncia de direitos irrenunciaveis quando conta Soil fez nascer nova relasdo entre s0-~ ciedade civil e poder publico, estabelecendo clara separa- cdo entre estas duas importantes estruturas sociais. Essencialmente, preservaram-se situagdes nas quais nao se mostraria licita a intromissaio do Estado nas relacées das, submetendo-se 0 soberano ao império da lei: 0 somente le os direitos dos cidadaos a qual, fruto do parla- mento, representa a autorizacao do conjunto dos cidadaos, a partir dos primados d: Os fundamentos do Estado Absolutista comegavam, lentamente, a desabar, principalmente diante das preten- sdes da emergente burguesia urbana, que buscava espago para crescer economicamente. Com tais influéncias hist- ricas e polfticas, surgiram os direitos fundamentais de p1 . Trata-se de relacao de exclusdo, em que o Estado nao pode interferir na situa- do juridica do individuo.” Estes direitos, historicamente, caracterizam-se pela forte eficdcia negativa, segundo a qual a pretens4o maior do cidadao é a limitac&o dos poderes do Soberano (af a ligac&o com o Estado de Direito). Um dos documentos histéricos basilares dos direitos individuais é BARBERA, Augusto. I princpi constituzionali della iberta personae, Varese: Mi- lano, 1971, p-37, para quem a inatividade estatal frente aos direitos dos cidadaos marca essencial desta espécie de direitos. CClassificagio dos Direitos Fundamentals dossistema geracional a0 sistema unitario 31 ee EL waiyiios our |§ opdimmsoD 2 opwisy ve : “sos 2 19d ‘000% ‘sereuoramynsuo> soonsiod Somprasa 2P loaiua5 sapepy pousjous opias a uproni|4suo9 7] OURUESOD ‘LV INOW 25-4100 ‘oonsjad 1aigae3 © 9 O>Yppan{ saypre9 © asiua aooTequise 9s anb OBDEIOH ¥ 2390S oe ‘as 9 224 ‘go0e ‘uosupta 7AP “2 “oponee rap jeuaepunf ooipyanl onuerou2p0 009 UP ‘Bas 9 coz d ‘toundsy -sppusig ‘OAVOaS ZAGNY ANZA 95-vlon “eorgnd opsensTuupE ep TePIPRL a0 “too tin Sp onuourjpojoqeis9 © 09 apepitedo] ep OTdI>ur:d Op OFDEIAL © 1405 oe “9p d°IA OO. TOMUOHY gy puc0uap auiSax, eh 2p vied “VANVIN. 2SUO 9p OIusuIeuerrsod [eayDoisa sos 9 ¢¢ "4 2002 sm Olvyad cnynsuox/o "ees 9 1z 4 “6002 "@HOAL TAEEEMSVZ TeuoPraNsUOD OpEisd Ov O379x7C] BP OPEIE OP OFSMIOAD ¥ 21405 zz anb sdyyysut ap oseoyde ep opuenb wa8uns anb soon *yid sewiaqqord so ovs sorsummut ‘jep anzed y ‘soprrsut ogisa yenb eu apeparsos erzdo:d ep sagstpenuoo se 2 apep -projduoo & 1yaYar ap Iexrap wWepod ovu sajuepuN; sojn} -RNsuI snas so ‘opSeN epeuruuayap ap [ejusuTepuNy eonyod opstoep v aezx90ua 10d ,“ooys[od oyeumz0p 2 “19s-FaA2ap ap opuewos zznpen 10d ,,/oorpum{ opeumdop ‘ods; os vin v ‘eurspowr ogdmyHsUOD e Opus ‘opey Oz]No aq. «<'S0ye SOUISAUI Sassep Se> -asuyzquT seonsyrayoere9 stenquaaa ‘ossed assau ‘sayueasyaut opuas ‘feuofonyysuoo euroU e epHauIgns oy eUTEITySE as- -enuo2ua o211qnd raped op soye sop apeprTejoy e anb xezrp vortdur oss] 'Opo} UM OWIOD ORSMANSUOD ep_apeprAyose ap epuezeS & ‘wy oe “opurznpex ‘iepod op sagsizap no SEWIOU SeaNO 21qos [eUOTNIHSUOD eULIOU Ep eIDUgTeAId e eunuzajap apepl[euopnyAsuo> ep ordpurd o ‘epuenyy a810f ereg ‘[eeS9 apod op sepeprunutT ap sofnoz}> so sox ~ouaur ‘oyaziC| ap OpwIsY Op OgSezHa:DUO> v IOTeUE OPEN) souxaA08 ap ouestgndar ordsoutd op ogSope ejed eped “royaz exysour as anb opSenus “zapod op o2rprin{ ajoxu0> ap eS105-vIOpr v [OAPISEFEUT 9 ‘VITTTISeIG OBSINISUOD LU EY =su09 awu0jUOD ,/0H18TIq ap OpeIsy ap oxsdesu02 y 11-4 “ooynod pod Jp ouyuod fa b10ds2p0u0}>R9SUa9 SOUHUEDOW op “1-4 ‘yo2ied 9p opee9 fap soeuoransssuoD SBU2}G04d ex 1962 4 ‘jouoranyouoo oxdjuud 2 vuysinop owao souppod sop opseuedes ¥ yg “sez °d “2661 “Pa 's ‘OUTIMY [1 :eUSOIOG ‘| “TOA connand ony 1p onunyy (820) o¥ensny “VARTAVE OUTS OLVINY ex “(oppyeBimqo k opsisoden -uoo wa) OLPHMJOA OPyDIxe ap 2 OATAlqns 1239389 ap OLS *eoypO anassord ‘soopyod sajouO> sO “sreuNqEy so “ex3 -aput op8:9 sod 2 elzpssaoau exjaueur ap ‘seorpym! sagzex woo opioze ap enjaya as anb “oanalqo saypze> ap ajanbe 9 oorpsm{ ajox3U0> © “oonsIod (q ‘o>1pym{ (e :oonsIod zepod op 2[ox3U09 ap sapadse senp eBopeIe> .LOYDO ‘OWE BP opessy ap o71@2u0> o11dozd op jeapredasut afonUO> o op -uag «7 10pod op sopBi9 sop opelonUoD a [eayozes oyyeUreU -opuny o pyuese8 anb a w5ajaquisa ej anb soyawrrpacord 80 auEsOsUOD sepeUPUTD SPULIOU se 2 OBSMIASUOD & [eIeISO Peplane ep opdyains eu aysisuo> orraziq ap opersi o ‘sapel “eA opunag ,,'s8x0pog Sop ogderedas ep ordyoutad oysdord op [ePuesse oap>nu © NoUIO} as OoIpyN{ afoNuOD ap eTpT e anb opuas ‘[eye}s9 1apod o opoy ayuaureorpym( emmoura yer “Id ap opersy op opSmyNsuD & ‘exTeS1g OUNN ere SPOR dis icv ope 9 souarp cogs apepaysdosd 9 apepsoqi] ‘eptA “1 efed sopesen saint sou 118 apod ayuaut0s Opeisy O «'([e198 aperoA ep esoUE -jad opSejsayrueur Ouro eprpua}ue mbe) ry ep epeurerdns ‘epeprfes9| ‘sarapod ap opstarp ‘urefes sfenb ‘sreuomnin -suo9 sordyurid sayueyiodurt sopeSaiZe s0s wepod sovez “ip 9p Suto; SeS80 V (STEEP UAIMIBHARET EHUD RUBIA foram concebidos para maximizar a democracia, situa- s&o que, para Roberto Bin,® conduz a grande paradoxo: as polémicas surgidas com a questao da competéncia sao de tamanha monta que chegam a questionar a viabilidade daquilo que o autor denomina de a tiltima fortaleza do Estado Constitucional, qual seja, o princfpio da separacao dos poderes.* (@2ie@) quando a Suprema Corte norte-americana, por obra do Juiz John Marshall, em 1803, no célebre caso Mar- bury versus Madison, assentou a possibilidade da revisao judicial de atos do ‘posicdo que somen:- te foi recepcionada na Europa, a partir da obra de Hans (RaBER em 1919. 5 Lunia fortezza. Teoria della Constituzione e confltti de attribucione, p. 2/5. 3 As dificuldades préticas ligadas & questio das competéncias constitucionais € presente no constitucionalismo brasileiro contemporineo, conforme pode ser percebido do embate institucional decorrente da concessAo, pelo Supremo Tribu fal Federal, de medida liminar em Mandado de Seguranga, a qual suspendeu a framitagao do PLC 14/2013 (STF, MS 32.033, Rel. Min. Gilmar Mendes, proferida fem 24 de abril de 2013 - www stfjus.br). Para As questbes tedricas intrincadas ao ‘controle constitucional SCHAFER, Jairo. O problema da fiscalizagio da constitucio- nalldade dos atos polticos em geral. Interesse Puiblico, n° 35, 2006, p. 79/97. 35 A fundamentagio do Juiz John Marshall pode ser encontrada em: . Para ‘uma iuisa mais especifica, consultem-se quatro excepcionais trabalhos do Profes: Sor Catedratico da Faculdade de Direito da Universidade Complutense de Ma- Grid, Francisco Femandez Segado, nos quals a temitica € objeto de um estudo Completor 1. La obsolescencia de la bipolaridad tradicional (modelo americano-modelo uropeu kelseniano) de oa sistemas defusticiaconsttucional. Revista de Direito Publi- £0, 12, out/dez 2003, p. 55/82; 2. La sentencia Marbury v. Madison. Revista de Las Cortes Generales, n® 89, 2011, p. 09/133; 3. La judicial review em fa pre-Marschall Court. Teoria y Realidad Constitucional. n® 28, 2011, p. 133/177; 4. El trasfondo politico y juridico de la Marbury v. Madison decision. Anuario Iberoamericano de Justicia Constitucional. n° 15, 2011, Centro de Estudios Politicos y Constituciona- les. Madrid, p. 139/224 36 KELSEN, Hans. Jurisdigfo Constitucional. $80 Paulo: Martins Fontes, 2003, es- pecialmente p. 119 segs. ‘ado « Consiga 5 34 Taiko SCHAPER Sao elementos caracterizadores dos direitos funda- mentais de primeira geragao: liberdade; tado; tBspecieerdireitoltutelado: individual; + Concepsto politica do Estado: liber Podem ser mencionados como direitos caracteristicos da primeira geracaoi - STE, ADI 3510/DF. Rel. Min. Ayres Britto, julamento em 29/05/2008, Tribu- nal Pleno: “(.) It= A PROTECAG CONSTITUCIONAL BO DIREITO A VIDA E'S DIREITOS INFRACONSTITUCIONAIS DO EMBRIAO PRE-IMPLANTO. O Magno Texto Federal no dispée sobre o inicio da vida humana ou 0 preciso Instante em que ela comega. Nao faz de todo e qualquer estadio da vida humana lum autonomizado bem juridico, mas da vida que ja ¢ propria de uma concreta pessoa, porgue nativiva (leoria ‘natalista, em contraposicio &s teorias ‘concep- Elonistaou da “personalidade condicional). E quando se reporta a “direitos da pessoa humana’ e até dos “direitos e garantias individuals” como cldusula pétrea Esta falando de direitos e garantias do individuo-pessoa, que se faz destinatd~ Fo dos direitos fundamentais 3 vida, & iberdade, 9 iguaidade, 8 seguranca eA Propriedade’, entre outros direitos e garantias igualmente distinguicos com 0 Embre da furdamentalidade (como diteite & sadde e a0 planejamento familia). Matismo constitucional hermeneuticamente significante de transpasse de poder normativo para a legislaSo ordindria. A potencialidade de algo para se tornar pessoa humana j € meritéria o bastante para acoberté-la, infraconstitucional- mente, contra tentativas levianas ou frivolas de obstar sua natural continuidade alolégica. Mas as trés realidades nao se confundem: o embriao ¢ 0 embri8o, 0 feto €'0 feto en pessoa humana é a pessoa humana. Donde nao existir umona embriondria, mas embrigo de pessoa humana. O embrido referido na Lei de Biosseguranca (in vitro apenas) nao é uma vida a caminho de outra vida ‘irginalmente nova, porquanto ihe faltam possibilidades de ganhar as primeiras terminagdes nervosas, sem as quais 0 ser humano nao tem factibilidade como projeto de vida autonoma e irrepetivel. © Direito infraconstitucional protege por Inodo variado cada etapa do desenvolvimento bioldgico do ser humano. Os mo- ‘mentos da vida humana anteriores ao nascimento devem ser objeto de protecao pelo direito comum. © embrido pré-implanto é um bem a ser protegido, mas ndo Sina pessoa no sentido blogréfico aque x referen Consttuicto IV AS PESQUI- “OM CELULAS-TRONCO NAO CARACTERIZAM ABORTO. MATERIA ESTRANHA A PRESENTE AGAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. E constitucional a proposigio de que toda gestacZo humana principia com um embrito igualmente humano, claro, mas nem todo embriao humano desen- cadela uma gestagao igualmente humana, em se tratando de experimento in bitro, Situagao em que deixam de coincidir concepcio e nascituro, pelo menos enguanto © ovécito (6vulo jé fecundado) nao for introduzido no colo do utero Classificagao dos Direitos Fundamentais do sistema gerzcional ao sistema unitario 35 Deve ser tracada uma nota final, no que se refere & vinculag&o juridica dos direitos fundamentais de primeira geracdo. A afirmacio de que esta espécie de direito vincula 0 Estado deve ser sdequadamente compreendida, poi: Teminino. O modo de irromper em Iaboratério e permanecer confinado in vitro E'para o embrito, insuscetivel de progressio reprodutive. Isto sem prejuizo do ‘efonhecimento de que ozigoto assim extra-corporalmente produzido e também ‘xtra-corporalmente cultivado e armazenado é entidade embrionaria do ser hu- nano. Neo, porém, ser humano em estado de embrigo. A Lei de Blosseguranca Into veicula autorizagio para extirpar do corpo ferinino ease ou aquele embriio. Eliminar ou desentranhar esse ou aquele zigoto a caminho do endométrio, ou hele} fxado. Nifo se cuida de intervomper gravidez humane, pos dela aqui nfo Se pode copitar. A ‘controvérsia constitucfonal em exame no guarda qualquer Vinculagio com 0 problema do aborto”. (Ministro Celso de Mello). V = OS DI- REITOS FUNDAMENTAIS A AUTONOMIA DA VONTADE, AO PLANEJA- MENTO FAMILIAR © A MATERNIDADE. A decato por ume descendéncia bu filiagio exprime um ipo de autonomia de vontade individual que « prépria Constitaigho fotula como direito a0 plangjamento familar’, fandamnentado este Sos prinapios igualmente constitucionais da ‘dignidade da pessoe humans’ © 4s paternidade responsavel. A conjugagio constitucional da laleidade do Es- {ad0.e do primado da autonomia da vortade privada, nas palavras do Ministo Joaquim Barbosa, A opgio do casal por um processo in vilro de fecundaglo ar- Ehdal de Gvulos ¢ impltcto areito Ge idéntiea matriz constitucional, Sem acar- felar pata esse casal 6 dever juridico do aproveitamento reprodutivo de todes Of cbse eventuamente irmados © que av reveem geneucamene vdvee principio fundamental da dignidade da pessos numana opera por modo bi- ‘naflo, 0 que propicia a base conatitucional para um casal de adultos recorrer & {eenicas de reproducio assistida que incluam a fertiizagio artificial ow in vtro. ‘De uma parte, para aquinhosr o casal com 0 direito publico subjetivo 8 “liberda- de" (prebmbulo da Conatituigdo e seU art. 5), aqui entendida como autonomia de ventade. De outra banda, para contomplar os porvindoures componentes da tinidade familiar, se por eles optar 0 casal, com plangjadas condigees de bem- ‘stare assistenciafisico-afetiva (art. 226 da CF). Mals exatamente, planejamento familias que, fruto da livre decisto do cesal’, éRandado nos principios da digni- dade da pessoa humana e da paternidade resporeavel (6 7" dense emblemético igo constitucional den’ 226). O recurso a processos de fertilizacao artificial nfo implica o dever da tentativa de nidagio no.corpo da mulher de todos os évulos thinalfecandadon, Nio existe al ever (incno Ido art 5° da CP), porque incom pativel com.o préprio instituto do planejamento familiar’ na citada perspectiva Ea "paternidade reoporsavel”Lmposigao,alem do mais, que impllearia rata! © neo ferinino por odo denumano ou dgradant, am contrapaso to dieto indamental qué se Ie no inciso Ui do art. da Conattulgto. Para que ao em bride invita fosse reconhecido o pleno direito vide, necessdrio seria reconhecet 2 ele o direito’a um utero. Proposigio no autorizada pela Constitulgao. (~)” Gow sttjusib). ‘Estado Conaiigo 5 36 JAIRO SCHAFER fandamentais "AIST BOw SATERES HS YEOH mediata” e imediata® nao fazem mais sentido, pois, confor- me ensinamento de Jorge Miranda," nao é possivel ter uma dupla ética no que se refere aos direitos fundamentais: nao basta limitar o poder politico, Ss. Os problemas interpretativos que acampanham a teoria da eficd4cia horizontal dos direitos fundamentais mostram-se mais relevantes nas denominadas relacées ju- rfdicas entre iguais (o princfpio da igualdade aplica-se em sua integralidade nessa espécie de relacaio juridica?). Mas também af nao se cogita na criagao de espago de nao aplica- go dos direitos fundamentais: ha, em verdade, a incidéncia de diversos principios constitucionais, entre os quais o da autonomia das vontades privadas, o qual convive harmo- nicamente com os demais princfpios constitucionais, sendo necesséria a ponderagao concreta entre todos os principios constitucionais em jogo, considerando-se as circunstancias jurfdicas, sociais e econémicas. Dessa ponderacao é que se 3 Sobre o tema, veja-se: BILBAO UBILLOS, Juan Maria. La efcacia de los derechos fundamentales frente a particulares, Andlisis de la jurtsprudencia del Tribunal Constitu- ional. Madrid: Centro de Estudios Politicos y Constitucionales, 1997; LIMA, Jairo \Néia. Direito fundamental a inclusto social ~ eftcdcia prestacional nas relagdes privadas. Curitiba: Jurua, 2012; CANARIS, Claus-Wilhelm. Direitos fundamentais e direito prioado, Coimbra: Almedina, 2003; NARANJO DE LA CRUZ, Rafael. Los limites de los derechos fundamentales em las relaciones entre particulares: a buena fe. Madr: ‘Centro de Estudios Politicos y Constitucionales, 2000; DURIG, Gunter; NIPPER- DEY, Hans Carl; SCHWABE, Jurgen. Direitos fundamentais e direito privado. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 2012. z » Os direitos fundamentals tém por destino o Estado, somente vinculando os” particulates quando houver uma mediagio legal infraconstitucional. Ou seja: Feleoincia indireta ow aplicabilidade mediata dos direitos fundamentais nesta rea, ‘mediante a regulacSo legislativa do direito privado (posig6es dualistas). “© a eficcia horizontal dos direitos fundamentais vinculadiretamentetantoo Es; tado quanto o particular, independentemente de qualquer regulamentacio legal irecbenltietonal Ou ej: splcsbidate nesiats doe preclto conatiteconais ‘elativos aos direitos fundamentals nas relagSes entre sujeitos privados (posig®es monistas). 41 MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. Tomo IV. 3. ed. Coimbra: (Coimbra, 2000, p. 325. CClassificagio dos Direitos Fundamentais do sistema geracional a0 sistema unitério 37 poderd extrair a extensdo da aplicacao, no caso concreto, da eficdcia vinculante dos direitos fundamentais, preser- vando-se 0 conjunto sistémico constitucional. Na jurisprudéncia do STF podem ser encontrados exemplos de aplicacao da eficécia horizontal dos direitos fundamentais: RE 20181-9; RE 40768-8; RE 158215-4; RE 161243-6; RE 201.8198; RE 407688-8. * Este precedente, provalmente um dos mais importantes relatives a0 tema, encontra-se assim ementado: "SOCIEDADE CIVIL SEM FINS LUCRATIVOS. UNIAO’ BRASILEIRA DE COMPOSITORES. EXCLUSAO DE SOCIO SEM GARANTIA DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITORIO. EFICACIA BOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAGOES PRIVADAS, RECURSO DE- SPROVIDO. I, EFICACIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAGOES PRIVADAS. As violag6es a direitos fundamentals nao ocorzem somente nO Ambito das relagbes entre o cidadio ¢.0 Estado, mas igualmente nas relagSes travadas entre pessoas fisicas e juridicas de direito privedo. Assim, os direitos fundamentals assegurados pela Constituicao vinculam diretamente no apenas 0s poderes publicos, estando direcionados também a protesio dos particulares fem face dos poderes privados. I. OS PRINCIPIOS CONSTITUCIONATS COMO LIMITES A AUTONOMIA PRIVADA DAS ASSOCIAGOES. A ordem juridico- -constitucional brasileira ndo conferiu a qualquer associagio civila possibilidade de agir & revelia dos principios inscritos nas leis e, em especial, dos postulados {ue tem por fundamento direto 0 préprio texto da Constituigho da Republica, Rotadamente em tema de protecto as liberdades e garantias fundamentais. O ‘espace de autonomia privada garantido pela Conatituigao As associagbes nao est {mune & incidéncia dos principios constitucionais que asceguram 0 Feopelto 403 ireites fundamentals de seus aseociados. A autonomia privada, que encontra as limitagGes de ordem juridiea, nfo pode ser exercida em detrimento ou com esrespeito aos direitos e garantias de tercelros, especialmente aqueles positiva ddos em sede constituelonal, pois a autonomia da vontade no confere aos par- tieulares, no dominio de sua incidéncia e atuacio, o poder de tansgredir ou de ignorer as restrgdes postas e definidas pela propria Consttuicio, cujaeficdcia ¢ ferga normativa também se impoem, aos particulares, no ambito de suas relagdes prngdescem tema de liberdedes fandamentis, I SOCIEDADE CIVIL SM "INS LUCRATIVOS. ENTIDADE QUE INTEGRA ESPACO PUBLICO, AINDA QUE NAO-ESTATAL. ATIVIDADE DE CARATER PUBLICO. EXCLUSAO DE SOCIO SEM GARANTIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL APLICACAO, DIRETA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS A AMPLA DEFESA E AO CON- TRADITORIO. As associagbes privadas que exercem funcio predominante em determinado Ambito econdmicd e/ou social, mantendo seus associados em rela~ ses de dependéncia econémica e/eu social, integram o que se pode denominar Se espaso publico, ainda que ndo-estata. A Uniso Brasileira de Composttores “BE, soctedade civil sem fins lucratives, integra a estrutura do ECAD e, por tanto, sesume posigno privilegiada para determinar a extensao do goz0 e frulgao dos direitos autorais de seus assoclados. A exclusto de sdcio do quadro social {da UBC, sem qualquer garantia de ampla defesa, do contraditorio, ou do devido nado « Constinigto 5 38 JAIRO SCHAFER A questo, na verdade, é de ponderacao concreta en- tre os diversos direitos, tendo-se por objetivo a preserva- so dos respectivos micleos essenciais, sendo aplicdveis as regras que regulam as restrigGes e colisdes de direitos fundamentais. a) restricdes nao expressamente autorizadas pela Constituigfo, que decorrem da convivéncia dos direitos e que, portafif, no se encontram escritas na Constituicao, mas resgliom da interpretacao sistémica do ordenamento juridico{B) restrigdes expressas na Constituicio, englobando as restrigdes diretamente constitucionais (restrigdes previs- tas pela prépria Constituicao)® e as restricdes indiretamente constitucionais, aquelas efetuadas pela legislaao ordinaria, com expressa autorizagao da Constituicao.“ ‘processo constitucional, onera consideravelmente o recorrido, o qual fica impos Biptitado de perceber os direltos autorais relatives & execugto de suas obras. A. ‘Vedagio das garantias constitucionais do devido proceso legal acaba por restrin- Bir a proptie liberdade de exercicio profissional do sdcio. © cardter publico da Stvidade exercida pela sociedade e & dependéncia do vinculo associativo para exercicio profissional de seus s6cios legitimam, no caso concreto, a aplicagao rota dos direitos fundamentals concerentes a0 devido processo legal, 20 con- tracitério ed ampla defesa (art. Sy LIV e LV, CF/88).” (edator para o acérdio Ministro Giimar Mendes, Segunda Turma, julgado em 11/10/2005 ~ www.stf jusbe). ‘© Exemplos: a) Liberdade de expresslo: a liberdade de manifestacao do pen- samenta& prinlpio consagrado no artigo S incgo TV, acompanhado deme Testrigho pelo proprio texto concessivo, qual seja, “vedado o anonimato”; b) In- Giolabilidade Ge comictio: a casa ¢ alo inviolavel do individuo, ninguém nela podendo ingressar sem autorizagio do morador, exterioriza o direite fundamen- Eni declarado, sendo que em seguida a propria norma constitucional consigna restrgdes a esse direifor na casa do individuo € possivel ingressar, mesmo sem ‘utorizagio do morador, em caso de flagrante delito ou desastre, ou. para prestar Socorro; c) Liberdade de assoclagio: a Constituicao prevé o principio da liberda- de de associagio, de modo pleno, com duas restricbes, quals sejam: 1. O direito flo pode ser exercida quando os objetivos da associacto a0 iliitos (associagto, Erimunosa, por exemplo, Upificada como erime no artigo 288 do COdigo Penal); 2. Vedacio expressa da associacio com carater paramnilitar (art. 5% inciso XVI). 415 aooim 0 faz valendo-oe de expreesSee como nes termns da lei (a exempla da art, 5 Vil e XLV), na forma da le (como no art. 5% VI), salvo nas hipSteses revista {én le (art. 5, LVI). Exemplo elissico de reserva legal qualificada é a prevista no Ctassificagto dos Dirstos Fundamentals ‘Sp sistema geracional a0 sistema unitrio 39 A jurisprudéncia do Tribunal Constitucional espanhol construiu doutrina segura sobre o tema: Os direitos fun- damentais, ao estabelecerem relagao de amizade e confian- ¢a, fixam limites reciprocos, que devem ser ponderados no interior do conceito de estado de direito, em sua acep¢ao ma- terial, daf decorr inexisténci ire mental absoluto. vale dizer, nao somente quanto a forma, mas também anto ao contetido, o que corresponde as democracias modernas, nas quais a totalidade do poder é vinculado ao respeito dos princfpios basilares estabelecidos pela Norma Constitucional, como a divisio dos poderes e os direitos fundamentais. A ponderagao, como técnica adequada de superacao de conflitos entre normas juridicas, deve presidir a apli- cacao das normas constitucionais, tendo-se por objetivo a obtencdo de concordancia pratica entre os varios bens e direitos protegidos juridico-constitucionalmente, indepen- dentemente de serem veiculados mediante princfpios ou regras. a necessidade de entre bens constitucionalmente protegidos: os direitos fundamentais, em virtude da carac- inciso XIII do art. 5°. Este preceito consagra 0 direito fundamental A lberdade de exercicio de qualquer trabalho, offcio ou profissao, porém o submete a0 atendi- mento das qualificacdes profissionais que a lei estabelecer. Para aprofundamento da questo relativa As restrigdes aos direitos fundamentais, importante contribuiclo ode sor encontrada na obra de Joaquin Brage Camazano, Los limites de loe de- rechos fundamentales, na qual é possivel encontrar uma sisiematizagao bastante completa sobre tema, com especiais referencias a0 direito constitucional alemio ‘e a0 direito constitucional espanhol. © Consultem-se, dentre outras, as seguintes decisoes: STC 42/2000, de 14 de fe- vereiro de 2000; STC 99/2002, de 6 de maio de 2002; STC 195/2003, de 27 de ‘outubro de 2003; STC 57/1994, de 28 de fevereiro; STC 58/1998, de 16 de marco (www.tribunalconstitucional.es). * Lo Stato de diritto fra passato e futuro, p. 349. In: Lo Stato di diritto, Estado © Constinigao 5 40 JAIRO SCHAFER teristica preponderante de interligagao sistémica, no raras vezes, entram em rota de colisao inevitavel, percebendo-se que a fruicao de certa posicao juridica acaba por invadir outra posico juridica ou influenciar, negativa ou positi- vamente, a carga de eficdcia de direitos individuais e/ou coletivo: uscando atingir um fim constitucionalmente titil. enfromouPseactcads quested questao do conflito entre direitos constitucionais, decidindo ser a ponderacao concreta entre ‘0s bens constitucionalmente protegidos meio ad a ssuperacgéo da antinomia. Cuidava-se de rumoro: e(engravidow na ee Secor dava versao apresentada pel 1, a gravidez teria sido fruto de violéncia sexual praticada por agentes policiais responsdveis por sua guarda. Por ordem judicial, quando do nascimento da crianga, a ‘com 0 objetivo de lo com esta medida, 0 Supremo Tribunal Federal, argumentando prevaléncia dc No julgamento, o Tribunal efetuou a ponderagao do: alores constitucionais contrapostos, quais sejam, o direit intimidade e a vida privada da extraditanda, eo direito honra e A imagem dos servidores e da Policia Federal com: instituicao, afirmando a prevaléncia do esclarecimento di: verdade quanto a participacao dos policiais federais na ale: gada violéncia sexual. Esta decisdo paradigmatica da jurisprudéncia cons! tucional brasileira manejou adequadamente o caréter prin- carceragem da RCL 2.040-DF, Rel. Min. Néri da Silveira, julgado em 21.2.2002. Cassificagao dos Direitos Fundamentais dio sistema geracional ao sistema unitario 41 once GSAT RERSERID aeons ack Pao ‘devem ser : campo do pesofiie caso conereto. Isso signi fica adotar visdo sistemdtica da Constituigéo. Em segundo lugar, b) di como método de superagao de antinomias constitucionais, fazendo prevalecer, no caso em julgamento, o direito das as circunstancias elementares, melhot constitucional. Com isso, atribui-se solugio racionalmente justificadaj Sem SACHS (car-seodireitofandamental preterido, qual, permanecendo no sistema juridico, poderd ser utilizado para o enfrentamen- to (solugdo) de futuras querelas constitucionais. Importa ressaltar, 4 i mas constituci. i 08 diversos direitos constitucionalmente elencados, a qual, se aceita, conduziria 4 absolutizacao de alguns direitos em detrimento de outros. Um principio que teve sua prevalén- cia determinada em um caso julgado pode ceder esta posi- Ao frente a outras circunsténcias, em outro proceso.” “8 A questao da prevaléncia condicionada na solugio de conflitos entre princfpios sche try tte canoe ott de cron reece scesaneigras te menos aca de prposonalande renee cea enacting eyes eae ree tometer feces eae cocoate eenaes ours no ded te Fele iad goo pagato de vsti ce etore roster eprom, See ean Gude Su dates Santen nate hte Hue ane encode aunts dolor debra 2 eo So Flo com frie sere pseete 4 Enado ste sunde de malipieobeatos de soph ert deg cease ergo ara song Po: coempla, conan de preiae deers panies SA, See cp mei reg, deve afrderS mas dh poporionaitde 6 acees de charade leh peso conaitnede i pee * Veja-se que os conflitos entre direitos constitucionais sio frequentes na socie- Sasa cote ene etn oneuconal to Segue na iearTGitas Sie Ree cee ee Bae Conforme jé assinalado,* o problema central que se coloca em se tratando de restrigdes indiretamente consti- tucioais é 0 de verificar como se estabelece 0 controle da conformidade constitucional da atividade estatal, precisa- mente quanto a extensdo dessa restrigao. E sibilidade de conformagao do direito pela legislacao transita em um espago que vai do zero atem por cento. Porém, os dois extremog podem ser descartados a partida: o zero nao faria sentido, porque sequer tocaria no direito; e 0 100% atingiria o contetido es- sencial, possibilidade sabidamente vedada." Ga pristo preventive, em conflito concreto com o direito a liberdade. A razoabi {iadie de tals medidas somente pode ser apurada no caso concreto, mediante ponderagao dos direitos lifigiosos, ponderacio esta que necessariamente & pre- Pads pelss cicunstancias gue somente podem ser as do fato. A solucio destes (Couns) confiitos mediante-a aplicagso do eritério do tudo ou nada (campo da Velidade) implicaria o an mato total de alguns direitos frente a outros, © {gue nao traduz solugio democraticamente admissivel. ; 5 SCHAFER, Jairo; CORDEIRO, Karine da Silva. Restrigbes a direitos|fundamen- tar consicleragdes tebricas acerca de uma decisio do STF (ADPF 130). In: FEIL- EET, André Luiz Fernandes; PAULA, Daniel de; NOVELINO, Marcelo. 4s novas faces do judicialismo, Salvador: Jas Podiven, 2011, p. 625-642, 51 Sobre o conceito de contetido essencial, consulte-se: CORDEIRO, Karine da Sil- we: Dios fname city aigrade da pessoa human ¢ mn tcl, © val do Poder Judictrio, Porto Alegre: do Advogado, 2012P. 111 e seguintes; TOR- Fee eee ete polis eo minima exsteneal. Rio de janeiro: Renovar, 2009, Bibi e seguintes; SAMPAIO, Marcos, O conteido essencial dos direitos sociis. S30 Boulo: Sataiva, 2013; MARTINEZ-PUJALTE, Antonio Luis. La garanti del content= {ocsencal de los derechos fundamentales, Madri: Centro de Estiidios Constituciona- {on 1997; VILLASENHOR GOYZUETA, Claudia Alejandra. Contenido esencal de 16s derechos fundamentales y juriopradéncia del tribunal constitucional espanol. Madi ‘Universidad Complutense Facultad de Derecho, 2003; HABERLE, Peter. La ga- Janie del contoniag esencil de ts derechos fundamentsles. Macs. Dykinson, 2003; BIAGL Claudia Perotto. A garantia do contedo eazencial dos direitos fundamentais na jurtopridéncia constitucional brasileira, Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris editor, Bios Auraprodncia do STF igunenents fem manejado extn satogoa ecic: I) "FIABEAS CORPUS. PENAL. PROCESSUAL PENAL. DENUNCIA. INEPCIA. PRANCAMENTO DA AGAO PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINARIO CONSTITUCIONAL. INADMISSIBILIDADE. VICIOS NAPECA ACUSATORIA, ORDEM CONCEDIDA, EX OFFICIO, PARA ANU- TAR PARCIALMENTE A DENUNCIA, SEM PREJUIZO DE QUE OUTRA SEJA creto, a0s direitos dos arguidos (ampla defesa). De modo semelhante, a questio. ado ¢ Constulgao 5 42 JAIRO SCHAFER ‘Classificaglo dos Direitos Fundamentais Go sistema geracional ao sistema unitario 43 upuun euorsts ov jeuotoess8 pusrsis op sv “fewuausepung sorte Sop OWOUTSSEL soidiouyd enue sonyuoe ap opSnjosou v exed e308 opaypus owoo 2 syewuourepiny fenosip sow ongnd sopod op ennseas opepian wp aosidoo ov -opunroutn (.P “eprteuofsiodold vp seuspesus, ~ sordjoutidgne s9 So wos) speprreuotiodosd ep ‘ordpupd op opseorde v ‘eoppusaysys CuLIOJ ap “NOSTEUE AIS 0 'LOO'E aM AT EN gs “(8661 /S0/St [) 09094 DH OP ordwraxe W yg (6661/40/¥T (A) OZET SS BU OWOD og ‘Gqsnfps mmm) ,-sordsoupsd pu 9 ~ ezosdsap eopnguaway eaou v anb ‘opbeidiaiuy ep souours souToa so Spep duiou onou win oijanp op opSeniide /oeseozd:aiuy ep sonReusou ope Shsod oe ‘spepitsuoraiedoad o spepiiqeozes “esyno 9 euin speprumazodo wsino wea Jeasesgo OWOD,, (1-167 “U IOV *: eID sory “UT OP OFSISod & 2s-el9A, "200% “soteuoronanusol A sosRsIod Soxprieg ap OWED “UPR “seppTuaUNMpUN SOI “Sip so] & popnouoroiodoad op ovdjoutad “S013 ‘OLIN TNYAG #P B40 © 9 {no soars Buio opSemyRSUOD eu eu ys opu “eiounuo jeyuauepun Prep a juuiojar ap ayuIMINSUOD Zoped oe sreqayeur sogSernAT ‘be ojsou 9p ‘opsimanisuo> ¥ sepuowe Sexniny se oysodwuy [eHoyeur aIUNT wrO MIS s0Q512501 »{GSS85xs Op OEsIqiOud we MESHTUSIS NORD ojdure opnuas nes wo ,’apepreuoriodoid ep ordpurd O sroRSer9p -uod ap ex8az ows ‘spejuauepuNy so}Tarp axyUD OBsT{O> 2p oxSnjos eed oyeum.ysut owtod “aarsnppur ‘eZIfHN Oo OWOD wag ,fourougine opernysod ouso TeUoPAINSUOD eAMyE}SO ens v soayuooer FIs 0 wipiod ‘extoTTsexq OkSMINSUOD eu e} -posa vuLIOU OWOD O3sIAaId Ysa OBU OFdIouLI Te, “sOssaDxo xB}aw109 ap opiqioad Ysa ‘oHamp op ogS"Isex ap eaneSor “IPM esso rezq[AN oe ‘1ope|s!Bay o ‘eeSurs ayueiseq eUII05 wauyHos ouve opdmnaev05 2 opoirg bb ‘moiope 0 owio> “2 nojope ausUTE}a%9U09 LIPUIsLI0 ajUIMAASUOD 0 anb ajanbep ‘uns ‘seus ‘oySezapay 2p oonsjolide 2 Teapt Oj@pou wn ap syzed e epensraoo> SteHiaieur no sreuiio so3rum So WoD TeuoHRIASUOD epualue ap apepryqnedio> eswuonsenb ered ~ jeungy. op esugpniderm{ eu opemourpos —ousuTige> nes zazasai op ojepou! wn andes ue) reuossyoud apepi9q rile zemBosse oe ‘gagi op OvSININSUOD ¥ "EAVAIVNOIDUOdOUd "VAVOIATT Squaureye> wioqwio ‘sosjaSuense sov sopyngine so}faxIp sop [wpuasse Oa!2nu o ‘9661/61 ® 9661/TT SepUDWA Sep OWUOAPE O PIV “VIONJAIDOUAINI “B661/6I YONaWa Y XORIINY OdOpiad OYSINLLSNOD Wa Ze dS SODLLAY. SO SVs WH 06/2118 157 VG ‘29 § €Fe “LAV OG AGVATIVNOISALUSNOD ~yssanau ap 9 [eusd O859001d 9p O81PSD OP 1¥ ofnIe O's (~) “IVNad TVASSED -OWd OYSVISIDAT VN O1SOdSIC Od VIDNYAYaSIO WOD VaIDgAaIO a direitos somente podem ser efetuadas em caso de ab- soluta necessidade para preservagao de outras posicdes constitucionalmente protegidas. Ao restringir um direito fundamental, esta obrigado o agente ptiblico a escolher a limitag&o que, atingindo o fim perseguido, imponha me- nor ofensa ao direito objeto da restricao. Primeiro, os meios utilizados A consecugado le um fim devem ser adequados e suficientes ao que se visa concretizar (adequacao dos meios), restando estabele- cida uma relacio de conformac4o medida-fim. Depois, a invasio regulatéria na esfera de direitos deve, sempre, ser a menor possivel, sendo legitima somente a intervencao quando esta for estritamente necessdria & protecio de um direito (necessidade). Sempre que 0 poder publico tiver va- rias possibilidades concretas para atingir uma finalidade, todas com mesma eficdcia, deve optar, obrigatoriamente, por aquela que menos agrida o direito objeto da interven- cao. Por fim, necessdrio um juizo de ponderagao, com o objetivo de avaliar se a intervencao produzida (direito ob- jeto da restricao) é ou nao proporcional em relacao a fina- lidade atingida (direito protegido): pesar as desvantagens dos meios em relacao as vantagens do fim buscado (propor- cionalidade em sentido estrito). No controle da atividade restritiva infraconstitucio- nal, pois, sempre serao apresentados trés aspectos para andlise: a) um direito que € objeto de protecao; b) um di- Constitucionais, com énfase & chamada relagao de precedéncia condicionada entre Principios constitucionais concorrentes (Tribunal Pleno, Relator para 0 acérdio Ministro Gilmar Mendes, julgado em 08/05/2003, DJ de 22/08/2003). % © principio da proporcionalidade como “limite ao limite” no direlto Ale reito que € objeto de restrigdo; c) o meio que se utiliza para atingir determinada finalidade.” ' Esta relagao pode ser assim equematizada: | DIREITO RESTRINGIDO <=> DIREITO PROTEGIDO : Ponderacao (Ill - proporcionalidade em sentido estrito) 57 Os pardmetios da adequacao e necessidade, como subprincipios da proporcio- nalidade, foram enfrentados pelo STF no conhecido caso que envolveu a pesa- gem de botijio de gs determinada por lel estadual (ADI 855 /Parana). Quando do julgamento da Medida Cautelar, tendo por Relator o Ministro Sepulveda Per- tence, 0 Tribunal, por maioria, suspensdeu cautelarmente a lei impugnada, em Wirtude da ofensa & proporcionalidade Gulgamento em 01/07/1993). Quando do julgamento de mérito, o STF julgou procedente a aco, e dentre os fudamentos fencontra-se a afronta a0 principio da proporcionalidade (subprincipios da ade- ‘quagio e necessidade). Julgamento em 06/3/2008. (www-stfjus.br) PIEROTH, Bodo; SCHLINK, Bernhard. Direitos fundamentais, S30 Paulo: Saraiva, 2012, p. 138 seguintes. ‘Estado « Constinigao S 46 JAIRO SCHAFER as-e7ya}oese> wwe “e3so1g ap 191 ¥ “SVIEYNORIANE OONOUL'SV'1N 1D NOD S¥SINOSTASVA. OYSAGNOD VN VONVUNDESSOle 4d IFT Vdd SVLSOGAT SIOSHIISTY SSViaiav> sva VIONgIOLIqS— IIA “(emo voun> ensrunA) eoipim{spep Freaul sonbyenb seiseje ojop sed owuaurepuny o1spesa09u op SOdc/SOT TT 11 EP Gg "e ou ojsod onzeusz0U 02014 0 wi0p Te19pag OBdIraRsUOD v "euwUMY vossad OYSsaNS 3 IAVUIArT Y TVNOTMLLISNOD OLIaIG 0 ~ TIA ‘TeHteu- SS) soprity suidoud ene v 9 anb onpsafpur op joapurnsour wag essop OS|A05 © SrSmansuo5 tied seisod aquaweastp ‘sereIa1109 9 se>ISo[0Iq ‘SE>IPHUE SEI>URD -LNAWVONMS OLR ‘wu, '6002// 62 Se olga ou Tonjesod as-ejanas ‘seongnd seofyjod se3naxe 2 ZeIMULIOS ap PAR Staouaid v ‘onnnooxa ® onnuisiae7 soiepod sou ‘equeweyreunad “episar eiOqu {[r]tewupurewionod owsHeuidesd omd op segzes w wuTprogns as WAU “eOmaDd OpSensRMUpY ep SeEFUO}DLDSTp ajuoUTeIOWT SagSer|EAe B ‘OESEZHDIOUOD ap OS69> Sad nos wa ogdxe 98 OBL “eSurefio ¥pO} ap TeawEPUN; OrferTp OOD as-reDg TEND Jed “tauesuy opseonpe (e],, anb ap opauss ou oweunpuaus noxy ouDudNS OZ wauynos ouve ‘SopsimmsuoD 2 opmsy = copsmansuod ¢ euoye euodu opensnmUpY ep oEssnuO Y “TIse1g OP oRSINy “aauo> ep soz oBiare Ojed opelnayan orfedeid ofed oxsoduat Joa anb sojour sef>idosd opeied op 2290 “RS mmm) , TeuOPTA ‘2p apepLsariy v a vipyoys v ‘opssruO ns v wioD ‘sajauuordulo> v Waz24A roduatsupseo wo appr sof aor onbsoopsm.o2qyfodsoBs¥ove so war funosap 10d ‘soquayaduio> steyse so¥8:9 so anb aiduias ‘sepenwowiojduuy sea 8 opsrmaASUO> wrido:d vad sepruyep seariqnd seanyiod ep sasaipdry seu jeRoadsa ‘seunuiioiap ‘sieuotadaoxa saseq wo onb UputE ’ouyroIpn| Jpod OF 2 OU “Toajssod a5-efonas ‘SeoN|Gnd seRI[Od TeMD9xe 9 IeIMELIOY 9p CATESOE wanyeiea ap sopeuBardust sreimayn> 2 s1wi205 ‘eanensruupe-oonyiod ‘onb 9 "wonjqndoy ep jeusut senUOW,,:TT0Z/8/EC Wo O1UUE ni ‘dS/ ABV LEGCO TAV “ALS gg : (65/Se SeuiByd se aquawsje1r0ds9 “E661 ‘a1ONpE QayINID “Y “HOC :oULTEY “enyourSiouL 2 azuEySonSnsip saomu ‘ope1s Oop 16 “up “eoyuauiog ‘SyRIVA e1go ¥ 26-e[on ‘TeuoFaNIASUOD sOjeA oWloD apepLEABl ep ‘Srdyoupid o ered Ooupsodusaquo> opeieg op arti ¥p seugnbosue> Se G05 4, eM sOBSeX peyuaur Iduraxe as-wrayoo ‘esueprudsum! en EEE ep sopeurd so rezpazuo> oanalqo od opus; “soppepD sop segsuajard se ayueureane opusz losin «etcamente senaivel como a da botecnologia na rea da medicina eda tumana. Trate-se de um conjunto normativo que parte do pressuposto Es intinsecadignidade de fode forma de vida humana, ou que enha potential lade para tanto. A Lei de Biosseguranga ngo conceltua as categorias mentais ou fentidades biomédicas a que se Fefere, mas nem por isso impede a faciitada ox- gece clos seus textos, pols ¢ de ve presumir que recepetonos tals categorias © as Sl he Ste correlates Com o sgncado que las porta no Ambito dae cinclne médicas e biolégicas. IX - IMPROCEDENCIA DA AGAO. Afasta-se 0 uso da téc- fica de ‘interpretagao conforme’ para a feltura de sentenga de carateraditivo que tencione conferis & Lei de Blosseguranga exuberaiicia fegratoria, Ou resrigbes tendentes a inviabilizar as pesquiees com oslulas-tronco ermbriondtias, Inexstén cia dos pressupostes para a aplicagso da técnica da interpretagao conforme 8 Cente” Porguanto ‘impugnada ngo padece de polisseria ou de plurissignificatidade. Agao direta de inconstitucionalidade julgada totalmente Enprocedente” (www jusba) 73 STF, HC 104410/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, julgamento em 06/3/2012: Ementa: "1. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE Das TEIS PENAIS. 1-1. Mandatos Constitucionais de Criminallzagto: A Constituigto de 1988 contém tim signifiativo elenco de normas que, em principio, nao ou- I direitos, mas que, antes, determinam a criminalizagio de condutas (CF, arte, XL, XLIL, XLIM, XLIV, art. 7, art 227, 9), Em todas casas nowtnas E possivel identifiar um mandato de criminalizagio expresso, tendo em vista tn bena'e valores envolvidos, Os direitos fundamentalorio podem ser cons jerados apenas como proibigées de intervengao (Ehngrifsvertote), expressando também um postulado de protegso (Schutzgebote), Pode-se dizer que os direitos fundamentais expressam nao apenas uma protbigeo do excesso. (oermass= verbote), como também podem ser traduzidos como proibigees de protegao int Sulfclente ou Imperatives de tutela (Lintermassverbote), Os tandaos, constitu ionals de criminalizagao, portanto, impoem a0 legislador, para 0 seu devido cumprimento, 0 dever de observancia do principio da proporcionslidade como proibigto de excesso e como proibigio de protecio insuficiente. 12. Modelo ex. Bente de controle de constitucionalidade das leis em materia penal, baseado em Riveis de intensidade: Podem ser distinguidos 5 (tres) nivets ou grats de inten- ‘Sidade do controle de constitucionalidade de leis penais, consoarie as dretrizes ‘laboradas pela doutrina e jurisprudéncia constifucional alema: a) controle de evidéncia (Evidenskontrole; b) controle de sustentabilidade ou justficabilidade (ertretberkeitstoniralle) &) controle material de intensidace (itensiierten nfalt- lichen Kontrlle. O Tribunal deve sempre levar em conta que a Constituiglo con- fere ao legislador amplas margens de aglo para eleger os bens juridicos penais ¢ avaliar as medidas adequadas e necessdrias para a efetiva protegao desses bens. orem, uma vez que se ateste que as medidas legislativas adotadas transbordam 68 limites impostos pela Constituigdo ~ 0 que poders ser verificado com base fo principio da proporclonalidade como proibigio de excesso (Cbermaesverbot ‘como proibisie de proteydo deficiente (Untermassverbot) ~ deverd 0 Tribunal fexercer um rigido controle sobre a atividade legtslativa, declarando a incone- Uitucionalidade de leis penais transgressoras de principios constitacionals. (-) 3. LEGITIMIDADE DA CRIMINALIZACAO DO PORTE DE ARMA. Hf, no coniexto empirico legitimador da veleulagio da norma, aparente lesividade da conduta, porquanto se tutela a seguranga publica (art. 6 ¢ 144, CF) indireta- ‘mente'a vida, a liberdade, a integridade fsiea © psiquica do individuo ete. Ha 54 JAIRO SCHAFER Diante disso, os elementos caracterizadores dos direi- tos fundamentais de segunda geragao sao os seguintes: * Direito-chavetliggualdadesD + Fungo do EstadoffprOmociOnal * Eficacia vinculativa principal da norma: (BSt@46) 1.4. Direitos fundamentais de terceira geragao Com a evolucao da sociedade, a crescente comple- xidade das relagdes intersubjetivas, decorrente do plura- lismo e das contradigdes da sociedade contemporanea, revelou a inadequac&o da teoria tradicional dos direitos fundamentais que tem por paradigma exclusivo a ética in- dividualista, o qual est em colisio com Ou seja, os direitos e garantias individuais nao mais podem ser apreciados a partir de esfera absoluta de titula- ridade individual, pois a: , bem como, suas consequéncias, em que se mostra impossivel a titularidades das pretensdes: 1ufvoco interesse publicoe social na proscrigfo da conduta. £ que a arma de fogo, diferentemente de outros objetos e artefatos (faca, vidro etc.) ter inerente fee clcminy teats Shs senate Senin oe eg paar rpc onrgert creer meteor Je gui, pct, de Pest nen For a sere segue lee deve gr afer coe 74 ARANGO, Rodolfo, El concepto de derechos sociales fundamentales. Bogoté: Legis, 2005, p. 59 e segs. | {Clissificagto dos Direitos Fundamentals ‘do sistema geracional a0 sistema unitrio [55 (centro meiolambiente)eriminalidade organizada interna- cional, catdstrofes nucleares ete. O cerne deixa de ser 0 direito individual-egoistico e passa a ser predominantemente coletivo - e difuso — em que a socializacao e a coletivizacao tém papel fundamental, nas palavras de Bolzan de Morais, situacao que inclusive gera profunda crise no positivismo juridico dogmatico, que se coloca afastado das “praticas sociais cotidianas, des- considerando a pluralidade de novos conflitos coletivos de massas, desprezando as emergentes manifestagdes extrale- gislativas”, no ensinamento de Wolkmer.”* A defesa dos direitos do cidadao, numa sociedade di- fusa, somente é possivel com o entendimento do que seja cidadania coletiva: as agressdes contra posicées juridicas 86 podem ser entendidas e solucionadas de forma coletiva, uma vez que as consequéncias de muitas condutas somen- te assumem relevancia histérica e social se devidamente contextualizadas. Exemplo disso so as nas quais se mostra , de forma individua- lizada, os danos e os em virtu- de de sua natureza difusa, andlise desses novos direitos, qa Os direitos fundamentais de terceira geracio sio os direitos da solidariedade humana, pois nao se destinam a pessoas determinadas ou a grupos de pessoas, mas tem por destinatério toda a coletividade, em sua acepcao difu- sa, como 0 direito 4 paz, ao meioambiente, ao patriménio comum da humanidade. Tal espécie de direitos, segundo 7 BOLZAN DE MORAIS, Jose Luis. Do direito social aos interesses transindividuais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1996, p. 125. 76 WOLKMER, Ant6nio Carlos. Pluralismo juridico: fundamentos de uma nova cultu- 1a do diveito. So Paulo: Alfa-Omega, 1994, p. 6. Biado« Conia 3 56 Taino SCHAPER Pizzorusso,” apresenta caréter menos univoco, havendo interligacéo com aqueles direitos que integram as geracées precedentes, exigindo-se novos instrumentos juridicos de tutela. de direitos fundamentais SD igualmente, um conjunto de novos direitos (em alguns casos nao constitucionalizados), | ue podem exigit agdo ou omiseao do poder publice ou ‘dos particulares.* Com efeito, se nas geragdes anteceden- tes os direitos se demonstram claramente situados no que se refere a relagao do Estado para com 0 cidadao, os direi- tos fundamentais de terceira geragao personificam a mas- sificag’o da sociedade contemporanea, exigindo dialética efetiva entre condutas (ac4o/omissao) e destinatarios das obrigacdes constitucionais (Estado/cidadao): le fruicdo egoistica desses direitos. , “tansindividuais, que nao apresentam titularidade indivi- jual. Ao mesmo tempo em que exigem nova forma de co- nhecimento, os direitos fundamentais de terceira geracao evidenciam a ineficdcia dos tradicionais instrumentos ju- diciais de protecdo, os quais, embasados primordialmente na titularidade individual, acabam por fragmentar direitos essencialmente indivisiveis, redundando na impossibili- dade de esses instrumentos espelharem a realidade confi tuosa ria dos direitos coletivos e difuso: percebendo-se clarament a sobreposigaio da atuagao processual coletiva, mediante a ampliaco dos poderes processuais do Ministério Publico 77 PIZZORUSSO, Alessandro. Las “generaciones"de derechos, p. 305. 7 PORRAS NADALES, Antonio J. Derechos eintereses. Problemas de tercera gené- racion, p. 221 ‘Cassificagio dos Diretos Fundementais So sistema geracional ao sistema unirio 37 ;, técnica que possibili preensao do problema em sua contextualidade, permitin- do a divisao solidéria dos beneficios e 6nus desses direitos entre todos os integrantes do tecido social. Meio ambiente 0 exemplo mais exato desta espécie de direito: STF, ADI 4029; STF, RE 417408 AgR/RJ;® STF, ADPF 101/DF;" STJ, REsp 938484/MG,* ® Rel. Min. Luiz Fux, Tribunal Pleno,julgamento em 06/3/2012. "Ementa: ACKO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI FEDERAL N° 11.516/07. CRIA- GAO DO INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVACAO DA BIODIVER- SIDADE. LEGITIMIDADE DA ASSOCIAGAO NACIONAL DOS SERVIDORES DO IBAMA. ENTIDADE DE CLASSE DE AMBITO NACIONAL. VIOLACAO DO ART. 62, CAPUT E § 9°, DA CONSTITUIGAO. NAO EMISSAO DE PARE- CER PELA COMISSAO MISTA PARLAMENTAR. INCONSTITUCIONALIDA- DE DOS ARTIGOS 5°, CAPUT, E 6", CAPUT E §5 1° E ®, DA RESOLUCAO N° 1 DE 2002 DO CONGRESO NACIONAL, MODULACAO DOS EFEITOS TEM- PORAIS DA NULIDADE (ART. 27 DA LEI9.868/95). ACA DIRETA PARCIAL- MENTE PROCEDENTE. (..) 8. Deveras, a protegio do meio ambiente, direito fundamental de tereeira geragio previsto no art. 225 da Constituigto, restaria desatendida caso pudessem ser questionados os atos administrativos praticados por uma autarguia em funcionamento desde 2007. Na mesma estelra,em home- agem ao art 5 caput, da Constituielo, seria temerdrio admitir que todas as Leis que derivaram de conversso de Medida Proviséria e nfo observaram 0 disposto Roar. 62,89", da Carte Magna, desde a edicso da Emenda n’ 32 de 2001, devern ser expurgedas com efeitos ex tune: 9.(.).” (www ste jus be). © Rel, Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, julgamento em 20/3/2012. “Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO. EXTRAORDINARIO. CONSTITU- CIONAL. ACAO CIVIL PUBLICA. DEFESA DO MEIO AMBIENTE. IMPLE- MENTACAO DE POLITICAS PUBLICAS. POSSIBILIDADE. VIOLACAO DO PRINCIPIO DA SEPARAGAO DOS PODERES. NAO OCORRENCIA. PRECE- DENTES. 1, Esta Corte f frmou a orientacSo de que ¢ dever do Poder Publico ¢ dia sociedade a defesa de um meio ambiente ecologicamente equilibrado para a presente e as futuras geragoes, sendo esse um direito transindividual garantido pela Constitulgso Federal, a qual comete ao Ministerio Pablico a sua protesdo. 2. O Poder Judiciério, em situagoes excepcionais, pode determinar que a Admi- nistragao publica adote medidas assecuratGrias de direitos constitucionalmente reconhecidos como essenciais sem que isso configure violagio do principio da Separagdo de poderes. 9. Agravo regimental nfo provido.” (www.stjus bt). Rel. Min. Cérmen Lecia, Tribunal Pleno, julgamento em 24/6/2009. Ementa: (.) 2 Arguigao de descumprimento dos preceltos fundamentais constitucional= mente estabelecidos: decisbes judicials nacionais permitindo a importago de [pneus usados de Pafses que nko compaem o Mercosul: objeto de contencioso na Stganizacio Mundial do Comercio — OMC, a partir de 20.62005, pela Solicitagto de Consulta da Unido Europela ao Brasil 3. Crescente aumento da frota de vetcu- ‘Exade « Constinigao 58 JAIRO SCHAFER Podem, pois, ser deduzidos os seguintes elementos caracterizadores dos direitos fundamentais de terceira ge- ragao: Direito-chave: a do Estado: * Eficdcia vinculativa da normaf{EStadOdadaoD + Espécie de direito tutelado {@B16EVS/SIEIRISOEOIN ‘A concepgao geracional dos direitos fundamentais mereceu acolhida pelo Supremo Tribunal Federal brasilei- ro, quando do julgamento do Mandado de Seguranca n° 22.164-0/SP (em 30 de outubro de 1995, Relator o Ministro Celso de Mello), cujo ac6rdao ficou assim ementado* ios no mundo a acarretar também aumento de pneus novos e, consequentemen- teneceidade de sum substugho en decorrencia dg amu desgase, Necrscade Se Restinagdo ecologicamente correta dos pneus usados para submissio dos pro- SSdimontos he nomias constitacionals e legais vigentes. Auséacia de eliminacao {oral dos efeitos nocivos da destinagso dos pneus usados, om maleficios ao melo Siiblenter demonstragio pelos dados. 4. Brineipios constitucionais (art. 225) 2) Go desenvolvimento sustentavel eb) da equidade e responsabilidade intergera- ‘Sonal. Melo ambiente ecologicamente equilibrado: preservacio para a geragio Siani ¢ para augeragdes futuras. Desenvolvimento sustentavel: ewscimento eco ‘omicotcom gatantis paralelaesuperiormente respeitada da sade da populasio, ujos diretos devem ser Observados em face das necessidades atuals © daquelas piovisiveis © a serem prevenidas para garantia e respelto as geragoes futuras Rtendirmento 20 principio da precracio, acolhido constitucionalmente, harmo- izado com os demals principios da ordem social « econdmica (.)" (www.st. juss) r Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, julgamento em 08/9/2008. Ementa’ (1). 5-0 acorato recorride encontra-se em sintonia com a tendéncia ‘tual da doutrina e da jurieprudéncla, que reconhece a possibilidade de controle Jadieal da legalidade “ampla” dos ator administretives. Como muito bem deci- ‘ido pelo Tribunal, “em se tratando de direitos da terceira geracio, envolvendo {nterdases difusos ¢ coletivos, como ocorre com afetagio negativa do melo am blente,o controle deve ser da legalidade ampla”, ou seja, se o ato administrativo roenso.o licenclamento ambiental) afronta 0 sistema juridico, sous valores fur Gamentais e seus principios basilares “no podem prevalecer™”6.(..)” (www. jusbo. * Acordao dispontvel na pagina do STF na internet: www.stf.gov-br. “lassfcagto dos Direitos Fundamentas ‘do sistema geracional ao sistema unitério 59 O direito a integridade do meio ambiente - tfpico di- reito de terceira geracao — constitui prerrogativa ju- 16. Criticas A concepgao geracional dos ridica de titularidade coletiva, refletindo, dentro do direitos fundamentais processo de afirmacao dos direitos humanos, a ex- Pressdo significativa de um poder atribufdo, ndo ao Nao obstante se reconhega constitufrem os direitos individuo identificado em sua singularidade, mas, humanos categorias hist6ricas, sendo essencial que se pro- num sentido verdadeiramente mais abrangente, & ceda & contextualizacao," algumas questdes nao se mos- prépria coletividade social. tram adequadamente resolvidas pela teoria geracional dos direitos fundamentais. A primeira critica reside na prépria nomenclatura que Ihe é atribufda. Com efeito, a expressao geracdes dos direitos fundamentais, em virtude de sua imprecisao, pode facilmente induzir em erro, por levar a crer que os direitos fundamentais se sucedem no devir histérico, cada geragao sendo substituida por outa. cane mate Em verdade, o fenémeno que se percebe € 0 da acu- eoeie 0 genericamente a todas as forma~ mulagao dos direitos. Os direitos de segunda geragao, a0 a NaieEC Can rear invés de substituirem, agregam-se aos jé existentes direitos Popol pesirs ease rc fundamentais de primeira geracdo, e assim sucessivamen- ee 0, expansio ¢ reconhecimento dos te, sendo possivel afirmar-se que os diversos modos de Pree ea ay cael eal Pe Med conceber os direitos ndo se excluem, mas se complemen- etal eerie , pela nota de uma essen- tam. A precisdo conceitual, em se tratando de direitos do : homem, é indeclin4vel. Assim, preservando-se os objetivos dessa classificacéo (dado histérico), poder-se-ia afirmar que as diversas geragdes, em verdade, so diferentes di- mensées do mesmo fendmeno, cuja magnitude somente é perceptivel em seu conjunto. 5. Quadro comparativo das geracées do direitos fundamentais ae ‘Sean TTERCEIRA Os direitos fundamentais, entao, so entendidos a rena m mee SEnAGHO partir de diferentes dimensdes, de acordo com o momento INGKO.D0 ESTADO | Omissiva Promocional (Complexa: omissiva PEREZ LUNO, Antonio-Enrique. Las generaciones de derechos humanos, p. 208. a onal *S MIRAI le direito constitucional. Direitos fundamentais. SPECIE DE OIREITO | Indauat Individual Colao dso, om Casa ee ete cARLET togor sicee to Archos fondant alguns coletivos: lgapo com 08, ‘1. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012, p. 45. 8% MENDES, Gilmar; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitu- ‘ional. 8. ed, Sko Paulo: Saraiva, 2013, p. 138; VIEIRA DE ANDRADE, José Carlos. (Os direitos fundamentais na Constituiledo Portuguesa de 1976. 5. ed. Coimbra: Alme- dina, 2012, p. 68. JAIRO SCHAFER Classificagio dos Direitos Fundamentais do sistema geracional a0 sistema unitério 61 = dietos individuals SONGEPQAO POLITICA TESTABO. Liberal Social Social histérico no qual sao reconhecidos. A primeira geragao cor- responde a dimensao negativa dos direitos fundamentais. Num segundo momento histérico, esses direitos ganham a companhia dos direitos da segunda geracéo, os quais correspondem & dimensdo prestacional dos direitos fun- damentais. Num terceiro momento, agregam-se os direitos fundamentais de terceira geracdo, que se caracterizam pela dimensio difusa. A classificagao dos direitos fundamentais, a partir do elemento hist6rico, dar-se-ia, pois, em trés dimensées: a) dimensao negativa (direitos fundamentais de primeira dimen- sao); b) dimensao prestacional (direitos fundamentais de se- gunda dimenséo); c) dimensao difusa (direitos fundamentais de terceira dimensao). A segunda critica reporta-se ao proprio método de classificacao dos direitos fundamentais. E discutivel a vali- dade dogmatica de teoria que, ignorando completamente a estrutura propria dos direitos, utiliza o momento hist6rico como fator exclusivo de classificagao dos direitos funda: mentais, ndo exteriorizando caréter suficientemente preci so para poder ser utilizada como nogao juridica valida.” Mais importante do que 0 momento de reconheci- mento € 0 contetido dos direitos. Os direitos fundamentais podem ser clasificados de acordo com as respectivas afini- dades, o que somente pode ser percebido a partir do estudo criterioso dos contetidos dos diversos direitos. Para Vieira de Andrade,* a distincdo poderé ser efetuada entre direi- tos de defesa, direitos de participagao politica e direitos a prestagdes, em que os direitos sao separados conforme 0 modo de protecdo: é possivel a localizago de direitos so- ciais dentre os direitos fundamentais da primeira geracao, e, em sentido contrério, localizar direitos negativos dentre ® PIZZORUSSO, Alessandro. Las “generaciones"de derechos, p. 291. ° Os Direitos Fundamentais na Consttuigdo Portuguesa de 1976, p. 174. 0s direitos sociais, assunto que seré objeto de conhecimen- to no préximo capitulo. 1.7. Abertura constitucional dos direitos fundamentais ‘A concepgao geracional dos direitos fundamentais pressupée textura aberta de compreensao dos direitos fundamentais** consoante estabelecido no § 2° do artigo 5° da Constituicao Federal,” a exteriorizar entendimento segundo 0 qual, além do conceito formal de direitos fun- damentais," ha o conceito material, no sentido de que exis- tem direitos que, por seu contetido, pertencem ao corpo fundamental da Constituigao de um Estado, mesmo nao constando expressamente do catélogo.” A textura aberta dos direitos fundamentais permite & Constituicio incor- porar, ao seu rol de direitos, novos direitos fundamentais decorrentes da evolucao da consciéncia politica e juridica da sociedade. 3 PEREZ LUNO, Antonio-Enrique. Las generaciones de derechos humenos, p.217. ® Disposigio semelhante encontra-se inserta no no art. 16%, n° 1, da Constituicho portuguesa. : 7 Sobre o paralelismo entre os conceitos formal e material de Constituicio ¢ 3 concepgio de Constituigto enquanto espago de unito do cidadio no &mbito do Srdenamnento juridico, consulte-se: BERTI, Glorgio. Interpretazione constituziona- fe tazion! di Diritio pubblico. 4 ed. Padova: Cedam, 2001, p. 20. Ainda sobre a Constituicdo material: 1) CATELANI, Alessandro e LABRIOLA, Silvano (org. {a Constitusione materiate, Percorst cultural e attualita d unidea. Milano: Giutfré eaitore, 2001; 2) BACHOF, Otto. Normas constitucionais inconstitucinais? Coim- Brat Almedina, 1994, p. 38 ¢ segs; 3) SCHMITT, Carl. Teoria de la Constitucién. Madrid: Alianza Editorial, 1996, . 23 e segs ®SARLET, Ingo. A effccin dos direitos fundamentais. 11. ed. Porto Alegre: do Ad~ SARL nee ce eg ee re ecko Constituctonal. 6. ed. Madri: Tecnos, 2011, p. 49 e segs QUEIROZ, Cristina. Diretos Fundamentals. Coimbra: Coimbra, 2002, p. 48 e ses, ALEXANDRINO, José de Melo. A cstruturagio do sistema de direitos, iberdades e garantias na Cons. {finigdo portuguesa, Vol, Il, Coimbra: Almedina, 2002, p. 611 ¢ segs FERREIRA FILHO Manoel Gongaives. Diveitos humanos fundamentais, 14, ed. S40 Paulo: Sa- raiva, 2012, p. 123 ¢ segs. ‘Butado ¢ Consilgdo 3 62 “JAIRO SCHAFER CClassificaglo dos Direitos Fundamental do sistema geracional 20 sistema unitério 63 Dessa opgao constitucional decorre o desdobramen- to do conceito de direito fundamental. Os direitos funda- mentais, em sentido formal, podem ser identificados como aquelas posicées jurfdicas da pessoa humana — em suas diversas dimensées (individual, coletiva ou social) - que, por decisao expressa do legislador constituinte, foram consagradas no catdlogo dos direitos fundamentais. Direi- tos fundamentais, em sentido material, sio aqueles que, apesar de se encontrarem fora do catélogo, em virtude da importancia de seu contetido, podem ser equiparados aos direitos formalmente (e materialmente) fundamentais. Para Jorge Miranda,” a enumeracao constitucional dos direitos fundamentais é aberta, encontrando-se apta a ser completada por novos direitos além daqueles definidos ou especificados em cada momento historico. Segundo Vieira de Andrade,* a ideia da abertura dos direitos fundamen- tais resulta, por um lado, do fato de que nenhum catélogo formal de direitos pode ter a pretensao de esgotar 0 con- tetido dos direitos fundamentais, sendo adequado supor- -se, ainda, a superveniéncia de geracées de novos direitos nao previstos pelo Constituinte quando da elaboracao do catélogo formal dos direitos fundamentais, fator que con- fere maleabilidade protetiva ao Texto Constitucional. A concep¢ao aberta dos direitos fundamentais, tipica dos sistemas democraticos, impede o engessamento dos métodos de concessao de direitos aos cidadaos, ao tempo que permite a incorporacéo dos chamados novos direitos. Esta é a primeira consequéncia da adogao de um conceito material de direito fundamental. Outro importante coloré- rio repousa na aplicac4o do regime especifico dos direitos, liberdades e garantias a todos os direitos materialmente ® MIRANDA, Jorge. A abertura constitucional a novos direitos fundamentals. In: Estudos em homenagem ao Professor Doutor Manuel Gomes da Silva. Edicao da Facul- dade de Direito da Universidade de Lisboa. Coimbra: Coimbra, 2001, p. 561. % VIEIRA DE ANDRADE, José Carlos. Os Direitos Fundamentais na Constituigio fundamentais, independentemente de constarem do rol formal dos direitos fundamentais (direitos formalmente fundamentais). : Semelhante textura aberta dos direitos fundamentais™ exige adequada definicao de seus pressupostos de incidén- cia, sob pena de se produzir alargamento em desfavor dos direitos fundamentais, conforme critica de Rebelo de Sou- sa. Com efeito, a convivéncia dos diversos direitos funda- mentais implica relacdo de respeito e harmonia, nao sendo demais afirmar-se que a inflacdo na concessao dos direitos introduz no sistema, em maior ou menor grau, certo con- junto de restricdes aos demais direitos j4 consagrados pelo Poder Constituinte, devendo ser empregada interpretacao em favor dos direitos fundamentais. Nao custa lembrar que a abertura constitucional dos direitos fundamentais é princfpio elaborado para a maximizacao da esfera de pro- tecdo desses direitos, e nao para impor eventuais restricdes aos direitos consagrados no Texto Constitucional. Uma ultima questao deve ainda ser enfrentada. Em se admitindo a existéncia de direitos materialmente funda- mentais que nao constam do catdlogo formal dos direitos fundamentais, é possivel verificar a existéncia de precei- tos incluidos na Parte I da Constituigao (catélogo formal) que nao sejam materialmente fundamentais? N4o obstante © posicionamento de Vieira de Andrade,* para quem ha somente presuncao de que os direitos nomeados na Parte I da Constituicéo sejam também materialmente fundamen- tais, nao ha utilidade prética ou tedrica em se questionar a materialidade dos direitos constantes do catalogo dds di- reitos fundamentais da Constituicao. Os direitos formalmente declarados decorrem da so- berana vontade do Poder Constituinte, no sendo possivel % SOUSA, Marcelo Rebelo de; ALEXANDRINO, José de Melo. Constituigao da Reptiblica Portuguesa Comentada. Lisboa: Lex, 2009, p93. Portuguesa de 1976, 5. ed. Coimbra: Almedina, 2012, p. 68. % VIEIRA DE ANDRADE, José Carlos. op. cit, p. 86 Evado ¢ Constinipa 3 CGlassiicagto dos Direitos Fundamentais 64 JAIRO SCHAFER do sistema geracional ao sistema unitrio 65 proceder a hierarquizacao interna. Na esteira de Jorge Mi- Panda, todos os direitos fundamentais em sentido formal sao também direitos fundamentais em sentido material,” até mesmo porque 0 objetivo de uma cléusula aberta dos direitos fundamentais é a ampliagao da protegao, e nao 0 contrério.* Assim, a cldusula constitucional que permite a aber- tura a novos direitos fundamentais deve ser interpretada como tendo fungao maximizadora da estrutura proteti- va fundamental. A busca de direitos nao expressamente elencados no Catélogo dos Direitos Fundamentais (sejam eles novos ou nao, escritos ou nao) deve ser criteriosa, ob- jetivando-se alcangar padrao minimo de reconhecimento, para que essa cldusula ndo se transforme em inimiga dos direitos fundamentais. O elemento essencial a prova da fundamentalidade desses direitos deve residir, em tiltima instancia, no princfpio constitucional da dignidade da pes- soa humana.® % MIRANDA, Jorge. op. cit, Tomo IV, p. 9. % Nesse sentido: CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituiao. p. 372. ® Sobre o reconhecimento de novos direitos, emergentes da consciéncia social, independentemente de algum reconhecimento normativo, veja-se: MODUGNO, Franco. I “nuovi diritti” nella giurisprudenza constituzinale. Torino: G. Giappichalli Editore, 1995. Para uma compreensio estruturante do principio da dignidade da pessoa humana, consulte-se: SARLET, Ingo. Dignidade da pessoa humana e direitos Jundamentais. 9 ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. sade © Constinigdo 5 66 JAIRO SCHAFER

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