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As categorias civilistas da interpretacdo* Senhores, Ao subir nesta cétedra, tomada ilustre pela sabedoria de um grande predecessor, Giuseppe Messina, cumpro, antes, de tudo, o agradavel dever de prestar uma reverente home- nagem 20 digno representante desta universidade, 0 pro. fessor Cardinali, que ja foi meu mestre na Universidade de Bolonha, e de exprimir meu profundo reconhecimento aos insignes colegas que me convocaram para esta cétedra, pelo desejo sereno e isento de preocupagdes estranhas que for- mularam no dia 30 de novembro de 1946, Com estes cole. a5, sinto ter em comum o ideal dos homens de pensamen- ‘to, nem sempre compartilhado pelos homens de aco: ideal pelo qual gostaria que hoje me fosse licito fazer uma solene profissao de fé, Reivindicamos ao professor e ao educador a liberdade de manifestar o préprio pensamento: liberda- de que, aqui como alhures, entendemos com Montesquieu (Esprit, XI, 3) como o poder de fazer 0 que a nossa conscién- cia moral nos indica como dever e como austitcia de toda coergao a fazer o que a nossa consciéncia reprova E dever do professor e do educador dizer a verdade segundo a sua cién- sia e conviesao, A liberdade que reivindicamos para eles 6 * Aull ineugural do cuss de direto cv, ministaca no dia 15 de maio as INTERERETAGHO Ba LEI EDOS ATOS JURIBICOS XxX justainente aquela que correspond a tal dever, que, als, € Tua missio. Nem acusagdcs cle heresia, Remi dentincias ou pperseguicSes de poderosas dever (assini acreditamos) valet para nos desanirnarna honesta corageta de dizer a verdad bomo a entendemos e, de todo miodo, para fazer com que nos désviemos da linha coneta de conduta ede resporsabi Tidade qve nos fi tagada pela nossa missio, De zesto, esta- mos bastante conscientes Ge que a verdade ndo um dado tie natuveza a ser percebido c egistiado apenas ab extra. snem mocda cunhada a ser contada ¢ colacada em cieculagaoy mas 6 um valor que nossa mente € convocada a descobrir € a construirna sua sublime objetividadé?. Por [1] conseguinte, s bstarngs bastante conscientes de que pocgmigs fracassar, com [nosses meios, no cumprimento da Ardua tarefa; bastante conscientes deque a yettlade nao pode ser uma posse defi- nitiva » menos ainda 0 monopélio ou a exchisividade de al- {guéii, was sim é 2 meta de uma aspicacao, que & perene "porque nunca plendinente satisfeta, que &eomum porgue » ela nenham ser humano, por nenhumia 12280, deve ser 0% luido, Conscientes de tudo iss0, rejeitamos como absurd eultajante, de onde quer queverha, toda pretensioa mo- ‘opoiizar pata'si averdacie, como a moral. Rejeitamos come: moral toda forma de intolerancia que negue aos outros. liberdade de manifestar um pensamento divergente e talvez: oposto, Muito distantes de criiear, acusanéo de cegueh Upental ou moral, quem susterita visSes opostas as nossas) temos horror a toda conformismo sendl ou farisaico e act ditamos fiememente no heneficio da diseussdo objetiva. ¢ polémice serenai como instrumento de iluminacée recipi 1. Hae, Pannen ise Lasson) 26 I oo tt fr emf 2 8 ain vente co a + gatat Ronnie os congas Cerne [Se Se pn 6 coat prs 9 oe Oe acs mao cont cm te 3 A SSE Bak cede nhs seer co te novi am sons eos nbs pet ae Aer ge Pea el Pun 19010978 esTunos Prenainares OXI em todes os eartipos do totes pensamente e, sobretuci a ces50 dialétca do conhecimetocietiiea™ Essa &a nose profissio de f, avn Una tori partcularmente ad 7 ia nente adequada a vriar nosjovens 0 haito datolevincia e annosio de respeit para com a5 opines alheias ¢ 2 teora da interptetagao, que eséthernos eomo ob odo Seve cue deste an, Tentaiemos agora assinalat is vivilistas que nds pacecem mais instruli- oe com ints insrat ‘esse respeito e oferecer 0 quadro de uma teotia eral wife ee que-nos:encontremos.na_presenca de ma-s wi ages tin Porm das qua out espirita fala fn i para a nessa comnpreensao,eniza em mo- | * mento a Rossa atividade interpretativa para entender qual : {antidotes manfestgéese aie quocem os aie | vivo'e lébil discurso falady ao imbvel document [ . scurso f oemo- fumesto, da esedta a sina convenconal, 3 ofa # ap sin desta nguagen nfo aneasen occ ea - em iculada, como a figurada Buea da deslnasao 80 comportamento ‘nvidia af nia condutz como um todo, tudo o que che- Lees indo do. espirito [2] alheio apela invorn teesa Reps nds § nossa inteligencia para ser compreendids, ‘ mle, naa deveremos confundir os varios planios o as _ Sitais que a fxam, distinguic— especialmente nbs, juristas — a dedacagio do documento gue seve pasa representa © EERIE I om relia tanto & comurizagio quanto 3 cer Uo ae “remos, cle modo geral, evitar confundir 0. apoio Fumento material perceptivel, que ~seja ele lAbil ou “ditivel a a 4 pertence A dimensio do mundo fisico, evitar 0 “esphiitvala ele confiado, como am veicuto, por assim "SPE eapeie el eciado toro de Me cS a wad edad Wr ds My epeinat 6 2OxIv INTERERETAGAO DA LET DOS A705 JURDICOS axado: date cujo dizer, e que nele € mantis incorporado evade dte cio gntesido de espisito e de pensamento perience a uma aoieege rodicelmente diferente daquela co mundo sit Mas, por eo lado e ce modo iguaimente devi io. re mu ni 1a uma ptevencie oposta © Mt a ent) ee por re 8I0= eevebagan 96 poce se dara preseage deme Joris rere Sade 2 palavra "frgya” dave secentendia no Nido exter ent ampla, delineado pelo meu caro & (Shades an igo Adelchi Baratonc’, de relacdo unitiria dé ce Blouse a qualifcagi ou angio “represen” eves "conde no sentie de que, por meio da forma, deve ms nifester-se a nés, apelando para a nossa comprecnsio, Cato, iriso diferente do nosseé, no entanto, intimame! e Fee nosso, Somente meslante formas wopresentativas Ip Se a cee Sarco tena eats ene ‘iritualidade (3). Todavia, seria rect - ne concen, cones ests ons S07 tudo 2 declaragdes, como umia espécie de lnyluo 9 mrbelagem, com a toca do qual se eietutia algo cur a ‘Fanamnesto ¢ umna Tecepgio Go pensamento, que lett juncerrade” Na verdade, os hontens nao conseguel I Pea sigflun ingistir aqui sums distingdo "0 Semen ee ts ee man see reat aad mesemege eri ns ten, Tg etna nl os = ambition von Papier ne Deckers (combi) sence tere Ena, sk cane reel orate a bo We.to ce sm fala de “Urkuncte” Jdocurnentos} : Be er en aloe ror een em en Yon asic in, 18 BO eb, sree cr Cra Stra Sh Pe Gea i i ec cen | Buta o qual ele se demonstr ESTUDOS PRELAUNARES ro tender trocando sinais materiais das coisas nem se determi tande por um automatisine cambiével a produzirjustamen- te'a.mesina iia, mas sim cada tim colocande reciproca- mente em movimento o mesmo elo da corrente das pid- Prias représentagdes ou concepgdes ¢ ~ dirtamos com G. Humboldt ~ tocando ent cada um a mesma corda do prés pu instrumento espinitual, coina para entoar um acorde, da iodo a sustitar e despertar nos ouitros idéias corvesponden- tes Aquielas de quem fala, Em surta (camo jé bem colocado)', 88 portas da mente s6 se abrem de dentro para fora, por es. pontaneidade interics, ¢ aquilo que se recebe é apenas 0 in- Gtamento a vibrar em harmonia com o estilo, em fingao do seu valor semintico, De resto, a interpretacao néo pre supéie necessarlamente que o pensamento tenha sido ma> nifestado com um fim representative ou com um interesse dependente de vida de relacio, Mesmo uma manifostacio ‘sento de tal interesse ¢ um compoztamento nao voltaco pot sis6a manifestar um pensamento® poder ser objeto de in- terpretacdo, enquanto se tretar de extrair dessa manifesta- |680 0 valor expressive que the & praprio, ascu estilo de arte Outcle vida, ou, respectivamente, enquanio se tratar de dect- ica partir desse comportamento uma tomada de posigio cu. Orientagao, ou seja,-o modo de conceber e de avaliar -objetivamente preparada. So- ‘bretido, em toda forma de atividade pritica encontra-se in :presentative implicito,.ou seja, sintomético, unid ved que dele se pode dediuzir, por ilagdo indireta, um Mat SM aiternan, VOL 1708 Hom, Werk (ed 1844), HEA Prob, psi Plenik, 943, dtr warms, Geshe ls, tet Binding and. Psa. Spreciss, 82, 1, 51&-Deon. be ahah 12s, _, B Elta deCoinotaoy, Year sone din, Ws, S148, Sse. ed, fede AGH, Verh. 16, qué cstingue so esse aspects “A "Remsen vgivonoko “Beseusungasiny” entcn ta sguen. \ehign sod Coin hal 182 82 ataati, Preieor ee, XVI INTERPRETAGAO DA LET E DOS ATOS JURIDICOS inicio da [4] personalidade agente, um modo de conceber ede entender que ~ para ointérprete~ deve ser repress do explicitarente, com uma reflexdo aespeito, Uma ache ddesse gnero poderd ser dfill ou até impossivel, por um finico ato pratico, quando no se conhecem suas tin tdncias, nem seus antecedentes, nem os atos conseqientes gque com ele formam os elos de wma corrente; mas, quan Geses elementos so conhecidos, es que ¢ possivel que Se presente uma referéncia aquele todo que é a personal eda erese em indagato valor representatvoimplisto | de comportamentos praticos surge com partculatintensida- ‘Geno jursta eno bistoriégrafo,naturalmente com uma Gfe= renga de orientagies, que é determinada pelo diferente offs Ye eam e de outro. No jurista, o interesse surge macigamente fem relarao a interpretacao de usos e costumes, de praticas constitucionais e administrativas”, de negocios juridicos as {Quals os comportamentos em questao constituem a espécie, ds elementos integrantes ou esclarecedores, ou see ndlfios dleum modo de vere, portant, de uma interpretagao auten” tica, que os préprios autores do com o fato ao precelto Pot cles realizado". No historidgrafo, um interesse andlogo, mas orientado de maneira diferente, nasce do fato de que oo portamentos préticas, pela propria auséncia de uma inal lade representativa consciente, sao os indicios ou os SINT fina mais genuinos e sinceros que denunciam a mental= \dade dos autores: nele nasce o interesse relativo a tare! ae feconstruir, a partir da linha de conduta efetivamente mar {fida, o modo real de conceber e entender problemas, cujs 10. Ce sce, Eng enische abinesen, 1938 neamaill Sobre ee carer os uso inkerpreaios ver Orro,Pfl d pracon pn oD de ae ora dag 3 end Ca ele mor foam abet de unainkrreao pas Gacoe bares ScHREKER, Die Interpr. der Ges. w. Recisgestit secs Staatsrech, I, 1906, 6385; Savin Da pce que inteessa ao jurist (. 927,815), EESTUDOS PRELIMINARES OXVIL cenunciagdo teérica pode ser anulada pela interferéncia de tendéncias deformadoras e por um interesse pela falta de sinceridade. Deve-se observar, porém, que mesmo nos ca 508 que acabamos de descrever o objeto de interpretacio 6 sempre a manifestacdo objetiva de um pensamenta que se denuncia num comportamento pratico: pois esse é avaliado como representagao indireta, ou seja, implicita, de um de- terminado modo de pensar; 0 que faz com que esse com portamento, considerado sob o aspecto desse [5] seu valor sintomético, possa muito bem se qualificar como uma forma reptesentativa no amplo significado de objetivacao do espiri- to que tratamos hi pouco. Deparamo-nos aqui (no campo hermenéutico) com uma distingao baseada no critério do ca- rater diteto ou inditeto, explicito ou implicito, da fungao re- presentativa atribuida a forma: distingao que para a identi- dade do critério retorna em termos perfeitamente andlogos em outros campos. Assim, naquele dos negécios e atos ju- ridicos, hd muito foi intuida pelos civilistas a distingao entre declaracio ¢ comportamento concludente"; no campo das provas, os processualistas intufram a distingdo andloga en tte prova representativa (historica) e prova critica (indicidria); no material, que é fonte da cognigao historica, os histori6- grafos delinearam a diferenga entre fontes representativas, hransmitidas pela tradigio escrita, oral ou figurativa, e rema: nescéncias, vestigios ou rudimentos supérstites da época estudada, caracterizados pela auséncia de uma destinacao consciente a funcio representativa e, além disso, pela corre: lacdo que une o fragmento ao todo da época passada, da qual é indice de recognicao" 2, CE nossa Teoria d negocio gieridc, m.14; n. 11 3; Dirt it, AB4, n. 32. Manncx, Willemerkdarang u. Wilengechi Inept, 56-7, 88 Daovsin Historik 1937, Baowiens Ln histor Me ty 1908, 255-8, 466-7, 470-1, 503-4, 569; ALnER, Mand. roped 81-2, Mais confuse & a noqio genérica de“ documentor’ Storia come pes. e come aioe, 1998, 109-10 Esclarece- seanelagio de Gorn, na carta de 3 de abi de 1818 “Alles XXXVI INTERPRETACAO DA LEI E DOS ATOS JURIDICOS Contra um equivoco bastante difundido, especialmen- te entre nés jurstas, nunca se insstréo suficiente no fato de que, nos comportamentos praticos, ndo menos do que nay declaracies, 0 objeto de interpretagio nao é a *vontade como tal, mas sempre e apenas a forma, na qual a voutade pos e se realizou: aquilo que se fez ou aquilo que se is- se A “vontade” poderd ser e sera, como o sentido logico ou estético, aquilo que ¢ extraido do comportamento prético por meio da interpretago, portanto ndo o objeto desta [6], tas um resultado seu, ou seja, uma meta do controle her- ‘menéutico, Por isso, quando se fala, como muitas vezes ocor- re, de interpretar a "vontade”, ou se alude ao éxito do pro ‘cess0 inferpretativo e se usa uma frase que é impropria, pois Seconfunde a agio com 0 evento, ou se alude ao objeto e se adota uma formula equivoca, pois em vez de se referir & von- tade refere-se elipticamente as suas manifestagdes objetivas na vida social, ou se por “vontade” se entende, no sentide préprio, uma simples entidade psicol6gica interna, se fuz a penser que a interpretacao pode prescindit de uma forma representativa, o que € absurdo. | Mais dificil é que um equivoco andlogo surja em outros campos, diferentes daquele do direito, em que a interpreta cao € chamada a desenvolver a sua tarefa. As obras de arte € de poesia que o esprito humano concebed eco, as 0 ‘ariadas formas que o pensamento ea mio do homer for jaram e modelaram - uma espécie de aerugo nabs que 4 ifundiu aos poucos nesta terra ~, a8 temanescéncias € 08 das abjetivagdes do espirito, que, assim como foram origi- a geschehy, st Symbol, und indem es vollkomamen sich selbst dartll, Ueuret es auf ds dbrge” [Tudo 0 que ocoe ¢ simbeloe, ao se apresentar rts, D. aligeei ESTUDOS PRELIMINARES XXXIX nalmente impressas ou configuradas por um espirito vivo e pensante, contam com um espirito capaz de entender seu sentido, que as encontre no presente, que as reconhega e a3 ressuscite, animando-as com sua prdpria vida". Que a objetivacio do espirito tenha impresso a stia mar ca numa matéria duravel, mediante a qual se conservou, ou que - lébil por natureza, como geralmente sao os compor- tamentos praticos - sobreviva apenas na Jembranga ou na tradigo, no comporta uma diferenca essencial: tanto numa quanto noutra hiptese o intérprete sempre se encontra diante de formas teptesentativas, diretas ou indiretas, ime- diatas ou mediatas, de primeiro ou de segundo grau. Nao € sobre tais diferencas que se deve chamar a atencao neste momento, mas sobre o quanto elas tém em comum no pro- cess0 interpretative, sobre os tragos constantes que esse processo apresenta, mesmo que na variedade de compor tamentos e nuancas que ele assume e deve assumir, confor- me as exigéncias do objeto a ser interpretado e em fungio dos objetivos e problemas que deve se propor: mn geral, 0 processo interpretativo responce ao proble- ma epistemoldgico do entendimento, Utilizando aqui a conhe-! cida distingéo [7] entre ago e evento, podemos provisoria mente caracterizar a interpretagio como a aco, cujo éxito ou evento titil é o entendimento. Para compreender a uni: dade do processo interpretativo, é preciso retornar ao fend. meno elementar do entendimento, que age por meio da linguagem. Esse fendmeno — analisado com insuperdvel cla~ reza por Humboldt!" mostra-nos que a linguagem adotada por outros ndo pode ser recebida por nés de maneira pron- 2, como algo corporal, mas sin como um apelo e um incita- mento a nossa inteligéncia, como uma exigéncia para retra zit, recriar de dentro para fora e reexprimir em ns, com as 15, CL. Deovsey, Histark,§7, 306 § 51,374. WacH, Version, I 16. "Ober die Verschiedenheit d. menschl. Sprachbaues", 1827-25, in Leitemann, VI, 121s XL INTERPRETAGAO DA LET E DOS ATOS JURIDICOS rnossas categorias mentais, a idéia que ela suscita e represen ta, Portanto, consideramos que a observagao de Humboldt possa ser generalizada. O processo interpretativo, uma vez Que responde ao problema do entencimento (como estabe icido por Humboldt), étinicoe idéntira nos seus elementos ) fundamentais, ndo obstante a diferenciagao necesséria das suas aplicagées. Trata-se sempre de uma exigéncia que so- licita a espontaneidade espiritual de quem é chamado a en- tender e nao pode ser satisfeita sem a sua ativa colabora- glo") Exigéncia essa que parte de um abjeio, constituido por formas representativas, Nas quais 0 espirito se objetivou, & chega a um swjeite, que € espitito atual, vivo e pensante, estimulaco ¢ movido a entender por interesses da vida pre sente, que podem ser orientados de forma variada. Esses dois termos do processo, sujeito e objeto, sao os mesmos que se revelam em todo processo cognoscitivo; mas aqui eles apa~ recem caracterizados por qualificagoes particulares, dadas pelo fato de que nao se trata de um objeto qualquer, ¢ sim, justamente, de objetivagoes do espirito, e de que aqui ata refa do sujeito consiste em voltar a conhecer, em reconhecer nessas objetivagées 0 pensamento animador, em repensar a concepeao ou reevocar a intuigio que nelas se revela" En- fim, aqui o [8] conhecimento é um reconhecimento e uma reconstrucéo do espitito que, por meio das formas da sua ‘bjetivacdo, fala ao espirito pensante, que se sente em har monia com ele na humanidade comum: é uma recondugio ¢ uma reuniao daquelas formas a interioridade que as ge- rou e da qual se separaram, uma interiorizagio que, todavia, | teanspoe seu conteiido numa subjetividade diferente daque- 137.f, por fim, Canseeur, Teor. gm. dir 1 ec. 148, 376; 2 ed TS. CE. Bosc, Brel. Meth. d philoiog Wis, 2 ed, 1886 1,20, conde, pon, © Wise aber (10's, 16, 8,257), que € objeto do reconhet- monte deve serentendido como avidade torética da concepeSo eda repre= expe na cragio da forma representativa. CE. Seo, num INeRcite Conccto sc di filgia 554 ON-RIGH tid, 608. sentagio, que texto de 1880, ctado ery BeRvaR Brass in Hand. Klass Al, Was, 1 1892, 165; Ba ESTUDOS PRELIMINARES XL la que Ihes 6 originéria®, Tem-se, assim, uma invers processocriativo no pracessointerpretativo: ua inversso Que faz com que noi hemenéutcoo inérprete dea re rercorrer, em sentido retrospectvo, o iter genstico e tele a respeté")Ora, 0 ponto deliado de tal nversio este na snansposicao mencionada para uma subjetividade diferente daquela origindtia. Na verdade, disso nasce a antinomia de cluas exigéncias, as quais a interprotagao deve igualmente obedecer. De um lado, coloca-se ao intérprete uma exigén- cia de objetfvidade, uma vez que a teprodugao, a reconside rasto, deve ser o mais pertinentee fel possivel ao valor ex. pressivo na forma representativa que se trata de entender "uma exigéncia, portant, de subordinacio. Mas, por outro lado, tal objetividade s6 pode ser realizada por meio da sub erividade do intérprete, gracas a sua sensibilidade em rela S80 Aquele valor expressivoe a sua capacade de retomnar a lum gau de consiéncia que se adapt ae. Vl ier in ‘éxprete & convoado a renovare reproduzio pensamento eid partie de dentro, como algo que se lhe torna proprio; mas 20 fornarse seu propio pensamento, deve ao mesmo tempo, ser lhe contraposto como algo objetivo e diferente" Ente ambos estdo em antinomia, eum ado, a ubjetvide de inseparvel da sponta do entenmento ede ov- a objetividade, por assim dizer, a alteridade do sentido pe se tata de compreender. Neste curso, veremos como dessa antinomia resuita toda a dialética do processo inter. Pretativo © como sobre ela pode-se construir uma t geral da interpretacao [9] meron sy 2 DEY Be zm Sten nti in Cs Sr, 2. ScHustERMACHER, “Hermencuiik und Kritik’ 7 En Meta a]. Woe Vos L207 eas Lae, en NIT 81), 277 Cro Cre 194 67, cnet Ps 105-6 CaRneiut, Sistema, 1, 190, 50 Tora gor Down, Interpr. d. sent, 4. Pee ra En Mee 2 XLIL INTERPRETAGAO DA LEI E DOS ATOS JURIDICOS Por enquanto, temos de evitar como sendo impr6prio o discurso sobre a “interpretagao” em relacao a fendmenos natura, que subjazem a leis natura e se explcam com a categoria da causalidade: para esses, na verdade, nao se deveria folar de interpretagio, una» de diagnéstico causa Igualmente imprdprio é falar de “interpretagao” para toda explicacio especulativa da vida e do mundo. Pois 0 curso ¢ os resultados da interpretacao propriamente dita sio cantro- liveis quanto & sua exaticao, segundo a observancia com: prometedora de certos cénones hermenéuticos; a explicacdo especulativa, néo: esta permanece abandonada a0 intuito ¢ a coeréncia do sistema pré-escolhido. Somente na verda deira interpretagdo a observancia de critérios metédicos, unida & constante conscincia da depensdéncia em relagdo uma perspectva condicionadre, garante a possiblidade Ge controle e, nesse sentido, uma relativa objetividade do nto’ a tempos remotos, no campo do dieito, o teits; rio mais fértil de questdes interpretativas é 0 diteito civil. C que no deixa de ter uma profunda razio. Na verdade, em rienhum outro setot € tao intenso 0 entrelacamento de re lagdes entre sujeitos de direito, colocacios no plano de igual- dade reciproca, Em nenhum outro se percebe uma exigencia tho imperiosa de encontrar os eritérios paraajusta compo sigio dos interesses em conflito tanto por melo da corrta compreensio do preceito de et ou de costume, cujo crteio serve de base para compor o conflito, quanto por meio do y « dito por BeRNtitin, Hist. Methade, ESTUDOS PRELIMINARES XU correto entendimento das tio variadas manifestagées da au tonomia individual. Os caracteres peculiares desse tettitorio também nas explicam por que justamente no direifo civil descobriu-se pela primeira vez, ou seja, encontrou-se aqui- Jo que com Jhering® rhamaremes de seu ponto de “emer so” historica, cétiones hermenéuticos findamentais, elabo rados inicialmente como categorias civilistas [10] nesse ramo do direito, depois reconhecidos como id6neos para governar a interpretagao mesmo em outros ramos, e, com mais raza, recentemente atribuidos & teoria geral da interpretac3o. Dis. semos que toda a dialética do processo interpretativo pro vyém da antinomia entre a subjetividade do entendimento e 2 objetividade do sentido a ser atribuido, como, de resto, da antinomia entre atualidade do sujeito e alteridade do objeto deriva a dialética de todo processo cognoscitivo. Portanto, dos canones hermenéuticos descobertos pela jurisprudéncia

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