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2004 - Agora Filosfica - Orfismo Uma Nova Dimenso Do Homem Grego
2004 - Agora Filosfica - Orfismo Uma Nova Dimenso Do Homem Grego
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Anselmo Oliveira
Universidade Federal de Ouro Preto
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Orfismo,
uma nova dimensão do homem grego
Anselmo Carvalho de Oliveira1
Abstract: in Greece, around the 6th century BC, a religion of mysteries arose
the founder of which was Orpheus. The doctrines and the kind of life adopted
by his followers showed orphism to be a questionning religion which expressly
rejects official religion under which the main form of offering to 0000the gods
was blood sacrifice. Orphism was popular, and it was necessary to be initiated
into it by the orpheotelestaí of its followers who could not reveal the secrets
of initiation and its doctrines to those who were outside the circle. Orphism
was closed, of a popular character, extra-official and was set against official
religion in the Greek city. Key-words: Orpheus, orphism, Greek World,
religion, man.
Introdução
que assumisse o trono de seu pai, foi morto pelos Titãs a mando
de Hera.
Hera, esposa de Zeus, usa dos Titãs para perseguir Dio-
niso que foge e esconde-se com a ajuda de seu meio irmão Apolo
no monte Parnaso. Os Titãs continuando a perseguição, encon-
tram-no e sacrificam-no, estraçalhando-o e devorando-o em parte
cru, em parte cozido.
O coração de Zagreu foi a única sobra do banquete. Pa-
las-Atena recolheu-o e entregou-o a Zeus, que fez Sémele, sua
amante mortal, comê-lo; ela, logo após, engravida. Hera interfere
novamente e consegue a morte da filha de Cadmo por meio de
artimanhas. Mesmo não tendo ainda terminada a gestação, Zeus
consegue salvar a criança e costura-a em sua perna. Dioniso re-
nasce depois de nove meses. E os Titãs perseguem-no e devoram-
no, repetindo o círculo infinitamente.
Os Titãs que assassinaram e alimentaram-se do filho de
Zeus foram fulminados pelo supremo senhor do Olimpo. Das suas
cinzas surgem os homens, marcados por um lado divino e espiri-
tual ou dionisíaco; outro de origem titânica, material e corporal.
Esse mito representa a dualidade bem e mal no homem.
Segundo Reale (1993, p. 385), “é evidente em que sentido e me-
dida este mito pode constituir a base de uma ética. Ele explica a
constante tendência ao bem e ao mal presente nos homens: a parte
dionisíaca é a alma (e liga-se a tendência ao bem), a parte titânica
é o corpo (e liga-se a ela a tendência ao mal)”.
Para o homem poder libertar-se de sua parte monstruosa
ou titânica e do círculo de reencarnações, ele deve submeter-se a
uma rigorosa acesse e cumprir os preceitos de Orfeu.
Mas quem era Orfeu?
4 As doutrinas óficas
4.2 Orfeotelestaí6
4.3 A metapsicose
Considerações finais
Notas
1
Graduando em Filosofia pela Universidade Federal de São João Del-Rei
– MG.
2
As cinco teogonias órficas conhecidas podem distinguirem-se em dois gru-
pos: as chamadas “cosmogonias da Noite”, presentes na obra de Eudemo e
no papiro de Derveni; e as “cosmogonias do Ovo” que se encontram em Je-
rónimo e Helânico e em Aristófanes. A teogonia nas Rapsódias sintetizam
elementos de ambos os tipos: da Noite e do Ovo. Transcrevemos a última
por representar, de modo geral, o quadro teogonico ófico.
3
“A mais antiga referência à personagem colhe-se do poeta Íbico de Régio,
que viveu no século V.I: a. C, o qual fala do onomaklytón Orfhén (fr. 26,
Adrados), isto é, do ‘renomado Orfeu’” (BRANDÃO, 1990, p. 26).
4
Cf. Brandão (1999, p. 117): “É quase certo que o aparecimento de Dioniso
e sua tardia explosão no mito e na literatura se deveram sobretudo a causas
políticas. [...]Dioniso é um Deus humilde, um deus da vegetação, um deus
dos campônios. Com seu êxtase e entusiasmo, o filho de Sêmele era uma
série ameaça à pólis aristrocrática, a pólis dos Eupátridas, ao status quos
vigente, cujo suporte religioso eram os aristocratas deuses olímpicos”.
5
“Os cultos dionisíacos fazem parte integrante da religião cívica, e as festas
em honra de Dioniso são celebradas, com o mesmo direito que todas as
outras [festas religiosas] em seu lugar no calendário sagrado” (VERNANT,
1992, p. 82).
6
τελετη′: congregação, iniciação, cerimonia dos mistérios, festa religiosa,
solenidade; όρϕεο: relativo à Orfeu e orfismo; όρϕεο−τελετη′: iniciado-
res nos mistérios órficos (Cf. ISIDORO PEREIRA, p. 419 e 469).
7
Lâmina encontrada em Túrio. In: KERN, O. Orphicorum frag-
menta. Berlim: Weidmann, 1922. p. 32.
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