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Capitulo X AREGRA-MATRIZ ‘SUMARIO: 1. Que é regra-matriz?; 1.1, Normas de ineidéneia e normas produzidas como resultado da incidéncia; 1.2, A regra-matriz de incidéncia; 13. Ambiguidade da expressio “regra-matriz de incidéncia”; 2. Critérios da hipdtese; 2.1. Critério ‘material; 2.2. Critério espacial; 2.3. Critério tempo- ral 3. Critérios do consequente; 8.1. Critério pes- soal - sujeitos ativo e passivo; 3.2, Critério presta- ional; 4. Fangio operativa do esquema légico da regra-matriz; 4.1. Teoria na pratica. LQUE E REGRA-MATRIZ? PAULO DE BARROS CARVALHG, inspirado nas ligdes obs DO AUGUSTO BECKER e GERALDO ATALIBA, ected as propriedades eleitas pelo legislador para deli- etlhuta hipéteses e consequentes das regras instituidoras i , Percebeu a repetigéo de alguns componentes i ™apresentou a regra-matriz de incidéncia tributéria™, Pi Sun ga.2 DE BARROS CARVALHO, apresentow iniciimente ompo- hoy ing idica tributéria, na sua tese de doutoramento,editada crags Teoria da: norma tributéria, (p. 122-178), numa singela ‘laquilo que mais tarde denominaria de regra-matriz de inci- ) ak? AURORA TOMAZINI DE CARVALHO. estabelecendo um esquema légico-semantico, contetido normative, que pode ser utiliza qualquer norma jur Tevelador gy do na constr lica (em sentido estrito). nae O tegistador, ao escolher os acontecimentos que theinte ressam como causa para 0 desencadeamento de efeitos jung, cos eas relagdes que se estabeleceriio juridicamente cometh, efeitos, seleciona propriedades do fato e da relacao, do conceites, por nés denominado de “hipétese” e “consequen. te", Todo coneeito ¢ seletor de propriedades, isto quer dizer que, nenhum enuneiado capta o objeto referente na infnita riqueza de seus predicados, eaptura apenas algumas de sues propriedades, aquelas eleitas pelo observador comorelevantes para identificé-lo. constituin Examinando vai 15 normas, em busca da construgio de proposicdes descritivas generalizadoras, verifica-se uma cons tante: que o legislador, na sua atividade de selecionar proprie- dades dos fatos e das relacées juridicas, acaba utilizando-se sempre dos mesmos critérios, pereebidos quando, por meio da abstracao légica, separamos as expressdes genéricas designe tivas do fato e da relagao presentes em todas e quaisquer nor mas juridicas™”. déncia tributdria, Com a edigéo do livro Curso de direito tributdrio, #5 er ‘pareceram mais segmentadas,o nome regra-matri de incidéncia bul ‘ia foi consolidado como sinénimo de norma tributdria em sentido eH ase ‘um esquema formal foi desenhado (p. 236-238). Tal construgio Pass" * utilizada em mais de centenas de obras especializadas, representand®| verdadeiro marco na Teoria Geral do Direito Tributario. feo 220, Muitos autores utilizam-se deste recurso para estudardetaliadae ‘onteido normatva, Os penalisan por exempl a0 reaizarem ine, ‘sobre os elementos do tipo, nada mais fazem do que decomPer # Tyas, Penal, fim de analisar de modo particular cada um de seus COP Os elementos do tipo sto, para nds, os componentes da hipotes® PEM io em ae erais, apresenta a mesma composigio sintitica- os? ‘vango dos penalistas no estudo do tipo penal, com empres® 2 Tanso toc ortbutaratay deri fora impel 0S ‘Ro estudo dos componentes yutéria. Estes estudo’ ” ‘dram pena indo ropexges nora =m (58) CURSO DE TEORIA GERAL DO DIREITO geconsiderarmos que toda classe delineada pela hipste- cons aponta para Um acontecimento, que se caracie- mm panto BO espago e no tempo. Logo, como 18 Pit identificativo, ela deve, necessariamente, fazer refe- caceltq) propriedades da agao nuclear deste acontecimen- ve fo lacal; ¢ (il) do momento em que ele acorre; caso ate, € impossvelidentifieé-lo precisamente normal Da mesma forma, como toda classe delineada pelo con- sequente normativo indica uma relagéo onde um sujeito fica Soigudo, proibido ou permitido a fazer ou deixar de fazer algo tnvirtude de outro sujeito, necessariamente nele vamos en- tontrar propriedades identificativas de: (i) dois sujeitos, ativo epasivore (i do objeto da relacao, isto &, daquilo que um dos ‘ujétosesté obrigado, proibido ou permitido de fazer ou deixar delazer ao outro. Aconjungao desses dados indicativos oferece-nos a pos stildade de exibir um esquema padrao, ja que toda construgso ‘omnativa, para ter sentido, pressupée, como contetide minimo, ‘ses elementos significativos. 1 Normas de incidéncia e normas produzidas como resul- {ado da ineidéncia Algumas normas séo produzidas para incidir, outras emeomo resultado da incidéncia, Nas normas produzidas lanai (do tipo gerais e abstratas), a classe dos fatos (de- duente, Pe bipétese) e das relagoes (delimitada pelo conse *) compreendem intimeros elementos, tanto quanto aoa pa D0 AUGUSTO BECKER, “Teoria geal do direte ibueir & to ATALIBA “itipteae de nde ston") Fi PAULO DE Seay g gARVALHO que, atendendo a estrutra dual da norm jurdicn ema ote decompositivo para 0 estudio, também, dos componett See galas Es assim eriouo esquemalogico-seménticodareere moe, a eetieames todos os componentes sigificalives de quale a >. AURORA TOMAZINI DE CARVALHO. forem os acontecimentos coneretos que nela se quanto as relagGes a se instaurarem juridicamente. N, produzidas como resultado da incidéncia de outras ne tipo individuais e coneretas), as classes do antecedents peusecpiente abercaia ti Gniod Glémienta,o tatojundet relagio juridica objetivados. Estas tiltimas normas geralmest sto produzidas com a incidéncia das primeiras no casoconers, presereve abstratamente, a outra dispée de forma conereiae, assim sendo, encontram-se mais proximas ao campo materia das condutas objetivas, tendo mais condigées de atuar modif- cativamente. nquadrer, Em todas as regras encontramos, tanto no suposto, quan- tono consequente, referéncias a critérios, aspectos, elementos ‘ou dados identificativos de um evento e de uma relacdo entre sujeitos. A diferenca é que, nas normas produzidas para neidit (do tipo gerais abstratas) estas referéncias delimitam um con ceito conotativo, enquanto nas normas coneretas elas demsr- cam um conceit denotativo™. jor, o deseritor das descricao de un do, alude 8 um tas ocorréreiss 10 raza preset o deter Como ja analisamos no capitulo anteri normas do tipo geral ¢ abstratas, ndo traz acontecimento especificamente determina classe de eventos, na qual se encaixam infin concretas. Da mesma forma, o consequente nat ‘cio de uma relagao intersubjetiva especificadament nada e individualizada, alude a uma cl: subjetivos, na qual se encaixam infinitas relagoes jos conceito® ério material ritério te™ tiv Haveré, assim, para construgio d scone destas normas, no antecedente: (i) um crit dor do comportamento/agéo pessoal); (ii) um © i ents i, Relemrando: on consis concatves sto consid galt Telovantes que expressam certa abstragdo (ex. homem: ONG mot 8 ‘aconal, do wezomaseulna), 08 coneaitos denotatve® CT nat rentes que atendem aos crivrios delineadores do coneei? hhomem: Jodo, Artur, Fernando, Marcelo. ry ‘cuns0 DE TEORIA GERA- DO DIREITO aaor da agao no tempo} (i) um eritério espacial andclonnde’ | espago da agao). £, no eonsequente: (iv) um tos ativo e passivo da relacd0); pentificad hj (delineador dos suje! (i etacional (quaificedor do objeto de prestseio) que outras informagées podem ser agregadas tido dedntico que isola a incidéncia dos ‘estes S80 05 camponentes significativos wrios para compreensao da mensagem legisla- de PAULO DE BARROS CARVALHO, “a con- dicativos nos oferece a possibilidade de 0 logico-estrutural da norma isitos significativos necess4 sinimos neces Nos dizeres| jimgodesses dados in fain na plenitude, 0 nucle ita, preenchido com os requ tuulkientes para 0 impacto juridico da exagao .quisito de pertencialidade aos erité- snte das normas gerais ¢ abstra- do tino individuais e coneretas. para identificagdo de uma jo de um Satisfazendo-se 0 re’ rusda hipétese e do conseque' ty, so produzidas as normas Jilas no encontramos diretrizes dduse de infinitos fatos e relagdes, mas a deseric& aoniccimento especifico e uma relacao juridica objetivada. Hi noantecedente, ao invés de critérios: (3) um elemento ma- ‘al feferente ao comportamento de uma pessoa); um ele- ‘unto temporal (referente ao tempo da agao); ¢ (ii) um ele- Rasloespacial (referente ao local da ago). E, no consequente: frum elemento pessval (incividualizador dos sujeitos ativo € tesvo da relagio jurfdia);e (e) um elemento prestacional Tente ao objeto da prestagao). Rg - Aregra-matriz de ineidéncia Chamamos de “regra-matriz de ineidéncia” as normas deincidéncia®,aquelas produzidas para seremaplicadas Bd, vio 2B cut bro fondamentos juridicos da inciencin P BL construe resto “Festa padréo de incidéncia” reportamo-nos as nof- Paraineidirem infinitos casos coneretos, come equelas 3B) PE AURORA TOMAZINI DE CARVALHO em casos concretos, que se inserevem entre as reg Abstrates, podend ser de ordem tributara: pean ae Penal. adinistrativa, constitucional, evil tabetha oe cial, et., dependendo das situagdes objetivas para nes vetor seméntico aponta a Na expressao “regra-matriz de incidéncia” emprega-e @ termo “regra" como sinénimo de norma juridica, pone {rata-se de uma construcio do intérprete, alcancada a parur do contato com os textos lexislados. O termo “matriz” ¢ wil, zado para significar que tal construgéo serve como models Padrao sintatico-semantico na produgao da linguagem juré ©a concreta™. E “de incidencia”, porque se refere a normas produzidas para serem aplicadas. Voltando-nos para o. ‘campo material do direito tributdrio, PAULO DE BARROS CARVALHO. oferece-nos o exemplo da Tegra-matriz de incidéncia do IPTU: “Hipétese: (i) critério material - ser proprietario de bem imével; (ii) critério espacial ~ no perimetro urbano do Municipio de Sao Paulo; iii) critério temporal ~ no 1 dia do ano civil, Consequéneia: (iv) critério Lica rice, natituem ibs, etabelecem sangies admin ‘opie wre diiodas prego ees normas gorse 324 Para PAULO DE BARROS CARVALHO a regra-matriz de incidtnos ‘rhe ¢ wquis que mareao nucleo de incidencia aca u it "ot ‘Se eto UR IPT 155,13, CRDE somiustvel asa tifeads como “norma ribatrin em sentido eto” O ters" st co vend po alam de servi cons dela praca Le taba te: 8 Tegra que institu um tribute marca onscles et “ede ttt define cnr da raat tsbutarn, por ie, 688 rt Eee so sentido ns relator h meted da = - ata rere einai oan open gustan a ormas gerne abutter STREP dence soma eopoifiendade = ‘poste Propoata, neste trabalho, é a generalizes x ) S2. Stranasirs tropegam, ni se livrando de apresents eso Po {demas apectos ou elementos integradores do conceit © 9 ert ‘esenhar; como eritério material todo. perfil da hipétese. Nes? 386 a. | (CURSO DE TEORIA GERALDO DIREMO para delimitar tal proceder humano, encontramos ex- sades wenéricas designativas de agées ou estados que en- rem pessoas (ex: caulsar dano; subtrair coisa alheia move; Jpnutr empregado ser proprietario de bem imével, etc), 0 SRrimento gramatical utilizado para distinguir uma agéo ou find €0 verbo. Assim, esse niicleo, por nés denominado de ‘Hiro material, er4, invariavelmente, composto por: (i um ‘eu, que representa a acaoa ser realizade; (i) seguidode seu txnplemento,indicativo de peculiaridades desta agio. we 0 verbo, considerado por alguns autores o elemento tramatical mais significativo da hipotese™, é sempre pessoal, pois pressupe que alguém o realize; se apresenta no infini- fivy,aludindo a realizacao de uma atividade futura; e de predicagéo incompleta, o que importa a obrigatéria presenca eum complemento. Vejamos alguns exemplos: i) 0 caput do art, 121 do C6- ‘igo Penal enuncia o critério material da norma de homicidio simples (Matar alguém), Nota-se que o verbo (matar)é pessoal, ‘adcando que um sujeito teré que realizar a ago (alguém tend {xicncorrem quantsse dispuseram er trabalho defege.amerguhar REBE aprofundado do suposto, impressionados com a mpossibikdade Side separaroinseparvel, confuniram o niceo da hipotss normal gent Pr6Pria hipdtese, definindo a parte pelo todo, esqueidos de ave vem OM entidades Togas, dentro dat quis € adsl abtrair em reli eelevadasgradagdes, B mult comm, por so, a indeida alusio sr Matera como a descrigaoabjliva do foo. Or, adeseigioobie- mete que se obuém da compostura integral da pote bute eo iro material é um dos seus componentes coe" (Cwrs month. 251) 5 enaatlsta EUGENIO RAUL ZAFPARONI, por exerplo 20 tata des ooo HPO, assim enunca:“o tpo &predominanterente serve eiPo de elementos gbjetivas que s40 os mais importa Para in os objetves a oe {oye Conduta qualquer Entre ees elementos, omalssignieativg sage. 96 precsamentes pales que serve eamaalente PATE ey ® 480” (Marval dle derecho penal: parte Reral, p.308).Parants Sida ePenentes so importantes, pois sem a presenga de fades n4o “pe €¥ERLO relevant juridieamente, mas sem asvida ¢ 0 eoteo save pela deimitagdo do ncio doo 387 ca 4 AURORA TOMAZINI DE CARVALHO (CURSO DE TEORIA GERAL DO DIREITO gnea, porque 0 sujeito se encontra em certa condigéo e que matar} apresenta-se no infinitivo, apontande a futura da acéo; e contém um sheagdacianter pie i nazasto sgoite qualquer estimulo cerebral para modifes-la, No peculiaridade da ago (alguém-—uma pessoa, ndoumercec? | fimio,todo estado pressupoe uma agio,éa lida causaliday uma plantay; (i) 0 inciso I do § 1° do art. 14 da Contin, aig causa ~ feito). Por exemplo, para “ser propritirio. tiga tue é um estado), o stieito tem que comprar, debem imével” (qt ‘esber em doaco, prealizar wma a¢&0. tsanos” (que um estado} que é uma acao Federal traz o critério material da norma do sufrdgio Sriustteia Ul paior db Ti oday” O seria Speen cando qus'um rujeila tard de ae’enscintrar iaguele ea, leipube treet sh ansasenta goo ha lins ions 11 heranga o imével, isto é, alguém tem Da mesma forma, para “ser maior de ), 0 sujeito tem que viver até os de- ). Por isso, como bem enfatiza PAU- estado futuro; e contém um complemento, que indica una | mioan0s( peculiaridade do estado (maior de 18 anos ~nao de 16 ou de If [ODE BARROS CARVALHO, quando dizemos que o eritério Ui) o artigo 1.283 do Cédigo Civil enuncia como eritéio male. | _alerial 6 o enunciado da hipstese que delimit o niles do rial da norma de descoberta (achar coisa alheia perdida)".0 fonportamento humano, tomamos a expresséo “comporta- verbo novamente é pessoal, apontando que a agao deve ser mnento” na plenitude de sua forca significativa, ou seja, abran- realizada por alguém (uma pessoa deve achar); apresenta-seno endo as duas atividades: refletidas (expressas por verbos que infinitivo, indicando uma acao futura; e contém um comple- ‘aprimem ago) e espontaneas (verbos de estado)". ee SES ip Pear shee ee 0 verbo, nticleo do critério material, é invariavelmente 7 pessoal, isto porque os fatos que interessam para 0 direito s4o necessariamente aqueles que envolvem pessoas. Acontecimen= E importante ressalvar, contudo, que o legislador, pars demarcar a materialidade do fato, ndo se utiliza apens de ‘osnaturas isolados (ex: um fruto que cai na floresta tropical verbos que exprimem acdo (ex: fumar, dirigir, achar, vendes um maremoto, um animal selvagem que ataca outro para se industrializar, incorporar, etc.), mas também de verbos ave ‘elender, a morte de um passaro) nao tém importaneia juris exprimem o estado de uma pessoa (ex: ser, estar, permanecsh ©, porque o direito, tendo a fungao de disciplinar condutas tc.), Em decorréncia disso, nao é correto afirmar que todo it? 'ntesubjetivas, s6 toma como relevante ocorréncias que er pois o legislador ta volvem pessoas, juridico reporta-se a uma agao humana, s ode efeitos bém toma como relevante, para o desencadeament fe ee Para {dico é irrelevante os acon- juridieos, eertos 5508. © ordenamento juridico ¢ irrel 3 eran ‘ecimentos impessoais, dado sua referibilidade seméntic® A acto ¢ considerada uma atividade refletids. Peter lizé-ta 0 sujeito, ainda snsa e em il que inconscientemente, pens? a s estimulos do eérebro no intuito de modificar @ condisie "AULODE anos CARVALHO, Teoria danorma tibia? ae se encontra. Jé 0 estado ¢ considerado wma aves ig af o¢ EDUARDO CARLOS PEREIRA Sie Ones ostramaticos,exprimir agho carder fundamental so YO SoS ahem aque este carter perience a certs vers chan Pte met andar amar ete, ao puto que outros verboze=PHNE ‘ar fica, ser, viver Dat definem o verbo como # Pal Wee, anos . 8 © &stado, ou ainda, @ qualidade, atribuida 20 795 328. Norma do suelo popular obrigatoro: Ht ~ Ser raion de 18 pectivo sete su de ati data das eeigdes > € ~ C-obrigatrio a0 brasileiro vot 280, Norma da descoberta: “I raid, © 1 ss Propri bese algum gr a: "HK Achar coisa alheia perdidle ® Cfono 0! jig cs verbos de estado concebe se ag Bra nen fem, bo teriéto nacional» C= obrgataro resus? @? Senge diferenga entre as dua atividades ete 2 027, Possuidor” | tqularefetida” (Gramatien expositiva ows? P™” 389 388 Pe a i ae AURORA TOMAZINI DE CARVALHO com 0 sistema social. O fruto que cai na floresta, de ensejar qualquer relacio juridica, mas se este mae fruto cair no quintal do vizinho, vislumbra-se odeseneaane mento de uma série de efeitos jurfdicos. Da mesma forme fato isolado de um maremoto, nao é relevante juridieame, te, mas passa a ser se ele afundar um navio cargueite 0 direito também nao se preocupa com o fato de um aninat atacar outro, mas considera relevante se um cachorro de eat magio atacar alguém na rua, atribuindo a este fato efeitos juridicos. Nenhum comportamento ndo-pessoal é capaz de Propagar efeitos juridicos, pela prépria ontologia finalistca do direito, por isso, 0 verbo, niicleo do critério material, ¢ sempre pessoal, NAO 6 capay Os conceitos delineados na hipétese e no consequente normative guardam referéncia com a linguagem social e nio com a linguagem individual. Portando, s6 interessam para 0 direito os fatos verificdveis neste contexto. E por esta razdoque também nao eneontramos como niicleo material da deserigi0 hipotética de normas juridicas verbos que exprimem agoes intrassubjetivas (ex: pensar, imaginar, crer, julgat, supot et) ‘nem complementos autorreferentes (ex: a si mesmo, dele pr* rio, consigo mesmo, ete.). © fato de 0 verbo ser pessoal dispensa a necessidade de lum critério pessoal no enunciado da hipétese de incidénc® ‘como sugerem alguns autores™. Como dissemos et 8 referibilidade seméntica do direito com a linguage™ © sistema ndo admite, como propulsores de efeitos juridin™™ stividades que nao envolvam sujeitos. Por estar 0 verb" (cz ameagar, ser fazer catsan ete) certamente pre alguém terd de realizar a ago ou encontrar-se 8° ‘escrito pela hipotese. —=s c. ‘32. GRALDO. eributria, 0-102 en Higiere de icidencia sa CURSO DE TEORIA GERAL Do DIREITO ando algumas excegées, néo se preocupa dirvito, afastando algumas joNfuem deve realizar a agdo ou se encontrar em certa coo. eu interesse volla-se para quem vaisofrer os efeitos con desta ago ou condic&o, Por iss, o eritério pessoal 6 sar tributo proprio do consequente normativo. 10 jé observamos, no entanto, nada impede que, para janes Specatta do sentido legislado, ointerprete sgeaue is notas da hipdtese um eritério pessoal Ita, prem, nipjustifica a presenga de um critério pessoal na hipétese de incidencia, porque tais notas podem ser tomadas como outra descrigio hipotética. ‘Umexemplo esclarece melhor 0 que queremos dizer: pos crimes préprios (como € 0 caso do peculato ~art. 312 do Cb # Penal™), cujo fato delituoso deve ser realizado por agent 2iinistrativ, vislumbramos na hipétese normativa s descr sio de dois fatos ligados conjuntivamente: [(H1 - peas witarse de dinheiro pablico, em proveito proprio ou alheio, suetenha passe em razio do cargo”. H2-“em: ser funcionario Biblio; et: no momento do aproveitamento”) —» C~ “e cum- Primento da pena de reclusdo de x a y anos em favor do Esta. 6" Outra solucdo é simplesmente ignorar a nota pessoal no Srsttucéo da hipétese e utilizé-la apenas para delimilacso © ‘tério pessoal do consequente, pois o tipo-penal jé tem’ aaa SeBPlemento a expresso “em razio do cargo” visto q¥e # {oma deve sempre ser considerada na sua integridude con = \Gualquer pessoa pode realizar 0 fato as aoe '°funcionario publico, 0) Lneionério pablico poderd figurar no po : eeeihie eis AURORA TOMAZINI DE CARVALHO quando trabalhamos a RMI com o contetido mini imo necessi da mensagem prescritiva. a) Critério espacial Critério espacial é a expresso, ou enunciado, da hip. se que delimita 0 local em que 0 evento, a ser promovido b categoria de fato juriico, deve ocorrer. Chegamos a ele isolando as proposigées delineadorasdo niicleo do acontecimento ¢ suas coordenadas de tempo, por meio do mesmo proceso de abstragao pelo qual delineamos o critério material. Em alguns casos identificamos as diretrizes de espace com grande facilidade, de modo que elas nos parecem expres sas nos textos. Noutros casos, nao as encontramos de pronto mas, por sabermos que todo acontecimento pressupée wna coordenada espacial, construfmos tal informagao a partir de indicios deixados pelo legislador, de modo que ela nos aparece como implicita nos textos juridicos. O fato € que, expressa ou implicitamente haverd semPre na linguagem juridica, um grupo de indicagdes para 95%! © local preciso em que o direito considera acabada a a¢60(°8 estado) tomada como nticleo da hipétese normativa. Em algo" casos, 0 legislador a oferece de forma aprimorada; nowt" nao demonstra tanto cuidado, dando maior liberdade 20° prete na construgéo do eritério espacial". gras judo Rk Nos dieres de PAULO DE BARROS CARVALHO: “Ha reas NO rs 3 ‘que (razem expressos os locais em que o fato deve ocorrer, @fim jonal dic o efeitos que Ie sto caractristccs. Outre, pond, nade BEE so STRndoimplictosos ndeios que nox permitem saber onde igacional, E uma opgiio do legislador. Aquilo que: ‘de real enconi™ este ne do crete postivo brasileiro, é uma dase maior ov meno" A Sas ‘RhgtmPoside dosertérios espacias de tl modo ue a5 50 eas mais cuidado que outros, ‘Todavia, ainda que aparentement™ 392 (CURSO DE'TEORIA GERAL DO DIREITO PAULO DE BARROS CARVALHO, reportando-se a de- J io local do fato tributério, verificou niveis diferentes de Inigo das coordenadas de espaco, que podem ser con- cpeadas também em termos gerais. Seguindo os ensinamen- segp autor, podemos dividir ocritério espacial em: () pontwal “ vando fez mengSo a determinado local para a ocorréncia daiato: i regional - quando alude a éreas especificas, de tal sore que 0 acontecimento apenas ocorrerd se dentro delas iver geograficamente contido; ii territorial ~ bem gené- rico, onde todo e qualquer fato, que suceda sob o mato da Vigtncia territorial da lei, estaré apto a desencadear seus efeitos peculiares™*. No primeiro caso, as informacées de espago contidas na hipstese normativa apontam para locais espectficos, de modo que o acontecimento apenas se produz em pontos predeter- mninados e de ntimero reduzido. Em matéria tributéria, © autor oferece-nos 0 exemplo do imposto de importagéo, em que 0 acontecimento tributivel (importar mereadoria) se ‘onsuma nas repartigdes alfandegarias, localidades habilita- ‘as areceber os bens importados. Fora do ambito tributério, bedemos citar como exemplo, as hipéteses de: estacionar ‘siculo em local proibido; de apresentar-se no aeroporta trin- ‘minutos antes do embarque; efetuar o depésito no bance ete Todos estes fatos se do em pontos determinados 4 hero reduzido, (levando-se em conta o espago ¢ mb {eritorial da lei), o que nos reporta a eritérios espacais bem cabotados, que selecionam lugares exclusives € n° "00S Beogrdficas, lecer stico, ao estabel Pode ser, no entanto, que o ente politien, 9 & indi- “ettizes do local de ocorréncia do fato juridico Stes, SF esauecido de mencioné-to, haverd se ce tO GUE Lcitas¢ latentes, pars assinala © fering alUel2 ago, tomada como niicleo do supos 15 ch butane: p 259) ret ributdrio,p. 255.256 diy am plexode od huge peso em ain 393 AURORA TOMAZINI DE CARVALHO gue um ponto especifico, mas aponte para cer intervalo territorial, dentro do qual, em Pontos, pode efetivar-se o evento. Estamos, aqui, diane segundo caso em que o crités rio espacial alude a areas espe, cificas, de tal sorte que o acontecimento ay ta regio oy qualquer de seus Penas ocorrers se dentro delas estiver geograficamente contido. Os dados deh nidores deste tipo de critério espacial sio menos minuciosos em relago aqueles que apontam para um local exclusive, mac ainda se nota certo grau de determinagéo no esforgo elabo. rativo do legislador, no que tange ao fator condicionante de espaco, Como exemplo, na seara do direito tributério, PAULO DE BARROS CARVALHO cita o IPTU (imposto sobre a pro Priedade territorial urbana), em que séo aleangados pela inc: dencia da norma apenas os bens iméveis situados nos limites doperimetro urbano municipal. Neste caso, nao hé necessida- edo imével estar situado num determinado ponto (ex: na rua x una avenida y), pois 0 eritério espacial nao contempla tal singularidade, O que importa juridicamente néo sao pont0s ‘solados, mas se tais pontos encontram-se dentro da érea de- limita (se rua x ou a avenida y pertencem ao pexinet wrbano municipal). Saindo do campo do direito tributére bodemos citar como exemplo,as normas ambientais que tom re como hipétese a realizacao de certas agées em Areas de P Servagio, para o ensejo de sangoes. 1H circunstancias, porém, que a definicéo das: eo das de tempo do fato € bem ampla, abrangendo todo Cemlorial de vigencia da norma, Temos, ent, 0 terceiro Lectmuitio espacial bem genérico, onde todo e qualauet to, que suceda sob o manto da vigéncia territorié 1 Iti estard apto a desencadear seus efeitos peculiares eset trizes deste lipo de critério espacial sio mais brane fet Ceepbarado com as que apontam para uma regio esPeCl (Segundo tipo) 5 Fen PO) ou com as que assinalam um local deter™ (rimeiro tipo, oe agio ela © que demonstra menor participas4? tiva do legislador S 394 we as (CURSO DE TEORIA GERAL DO DIREITO Considera-se campo territorial de vigéncia, o perimetro dentro do qual as regras estio aptas a propagarem it juridicos. As leis munieipais, por exemplo,s6 produzem, seioelentro dos limites do Municipio que as eriou, assim sei nleis estaduais 66 tém vigencia dentro do teritério de ‘ode estado, 2s leis federais $6 Prodhneen esi dest do teritério nacional e as normas internas de uma empresa s6 rem efeitos dentro do seu espago geografico, que constitui o campo territorial de sua vigéncia. Neste caso (iii), 0 legislador faz com que o critério es- baci aponte para a mesma demareagéo territorial do eam- pede vigincia da norma. Importante resalta, no entanto, que uma coisa é a delimitagao feita pelo critério espacial, ‘enquanto enunciado indicativo do local em que fato a ser Bromovide 8 eategoria de fato juridico deve ocorrer, outra ‘visa € 0 Ambito espacial de vigéncia da norma, como a de- limitagdo territorial onde a regra esta apta a produzir efeitos iutidieos, ‘Como exemplo, no ambito tributério, PAULO DE. Ba = CARVALHO cita IPI imposto sobre produtosindustrislica: ‘t9)e OICMS (imposto sobre operagées de circulagéo de jatoe Cujas regras ineidem,respeetivamente, sobre 05 fat ializar produtos em qualquer lege se coils de realizar operagio de crculagio de mercadoria Sh Malquer lugar do territério estadual a cial se vimsits#o tragada pelas diretrizes do critério espacial s Ghfindecomo.campoterritorial de vigencia das no=~mas. re nic 9 tributério, podemos citar como exemplo as Tes! de ue Prescrevem as formalidades necessérias para eke petit no territrio nacional, as que dspée sobre dire Farantias fundamentais, ete. "ational @ so espacial, além dos tres ‘pag eNO determinagdo do ertério espacial, a Testefaddse fig ght!rados acima, ha eireunstancias em que oles aes *Prangente que ultrapassaoslimitesteritorias devi 395 AURORA TOMAZINI DE CARVALHO. da norma, Teriamos, entéo, uma quarta hipstese: i) ctitéig espacial universal, que alude a qualquer lugar, mesmo que do Ambito territorial em que a regra esta apta a produsiven tos juridicos, : Na esfera tributaria, € 0 caso, por exemplo, do IR, que aleanca, no s6 os acontecimentos verificados no territéris nacional, mas também eventos ocorridos além de nossag fronteiras. Se algum residente brasileiro auferir renda em qualquer lugar do mundo, mesmo que seja na China, estard sujeito a0 pagamento do tributo no Brasil, a territorialidade, nestes casos, nao sera definida pelo critério espacial (da hi- pétese normativa), mas pelo critério pessoal (do consequen- te normativo), mais especificamente pelo sujeito passivo (o fato de auferir renda pode ocorrer em qualquer lugar, mas 6 figurara no polo passivo da relagao tributéria o residente). E ocritério espacial universal que possibilita a aplicagao da lei brasileira a fatos ocorridos no exterior, ou a lei de um determinado estado ou municipio aleangar eventos verifies dos em outro. A despeito disso, pode-se perceber, ainda mais claramen- te, que a delimitacao do local do fato contida na hipétese ¢° campo de vigéncia da norma sao entidades ontologicamente distintas, apesar de frequentemente, por opedo legislativa encontrarmos o critério espacial identificado como o prépri? plano de vigéncia territorial da norma. Alids, este é justame” te motivo, de muitos autores terem dificuldade de vislumbrat um critério espacial universal, eles acabam associando-0 2° Ambito de vigéncia das leis. janto aos difere™ ‘Mas, voltando a nossa classificacao qu tidas tes graus de determinacdo das diretrizes de espago CO” 1, na hipétese normativa, o gréfico a seguir nos dé una melhor: coRSO DE TEORIA GERAL DO DIREITO dentificamos aqui, claramente, os quatro tipos de critérios spas: (i) pontual, que indica um local determinado, exelu- sivo e de nlimero limitado; (ii) regional, que assinala uma area especifca, ou uma regio; (il) territorial, que identifica o proprio campo de vigéncia da norma; (iv) universal, que demarea uma ‘ea mais abrangente do que o campo de vigéneia da norma. temos um crit Se considerarmos as normas federais, ‘spacial determinado (i), quando ele nos remete a pontos ex- clusivos do territério nacional (no grafico representado pelos Jonios pretos). Nao tao determinado o seré quando assinalar ‘uma rea especifica (ii), localizada dentro do ambito de vigencia ‘alei(no gréfico representado pela demarcagao rosada). Menos lerminado ainda é o eritério espacial identifieado como ° éprio plano de vigéncia territorial dale (ii), ouseia, qualquer lusar do territério nacional (no grafico representado pela de- paasio azul). E nem um gouco determinado, 0 que significa «tglblo, 60 ertério espacial universal iv), que ulraPas iat 90 teritsrio brasileiro, Ambito espacial de vigench ‘na ileanga fatos ocorridos em qualquer localidade dom Silico representado pela demarcacéo acinzentada)- mnsiderando duais: o eritério espacial de- fer normas estaduais: ‘i Mine (nos remete a pontos espeeificos dentro do Esa: "© espacial que assinala uma drea (i), aponts Par 397 i: sae v AUMOKA TOMAZINE DE CARVALHO pegs determinndis dentro do bovine estsdush: eapardad yenGriea Gil caine Je ron w fnbite de vigor torial da nonin, O40 sei, 0 Hiniben geo Afleas do i is Lary eritaie expires) universal Oy) non rennet “sbi, oy 8 Gtihquey dentro on fons da deanarenghe do territor soendanlual yt nin) dd ransudlis (a) rio reer peontan en eestie vom dlentrad Munitny HeMN6 rie expacial que isohiile iimne Aven Oh, sponte para sing reyihe deterinnds dentro de tereitério munietpids 0 eritéra expheiil wenérien Gi) colnelde cone Aimblto de vigdnela torn Horial dis nonin, O11 sei, Om Tnntton geogrdtioox do Muntelpla, Oe O1ErO espacial inivernal Gy) non renee: a qualquer higan dente ou fora dic demareagio do territérie municipal ec hist Vie COI HOF HALLE HPS: 0 CPHLG TIE ep ela Vol clismifiengio perinite now extabelecer uni relagio entre Cainpo de vigonela territorial dic orm & 0 local de ovo rrinein do Tato previato ern sts hipdtene, 0 que demonntr com nnaparéncia, Kerem o eritério expacial 60 campo de vl Méneie da nes entidadan diferentes, 14. Critério Temporal Ciriani tompural 6 feine de inforinngton ell hipritene normative que nox perriive identifier cot i io oomomante de georrénedn des avanti h ner promovile her Hin de fates jurtdion, eae emtnatinanachnaint wr 38h Me okra t vn urn ctv (ey $b, rem ehgron meters hvewnnt centri 7 4 Aether ges Maariets ce Vac len wnt sodeteaansts HPT goat 8 ee reese hr ites werent (tates jieellens fata hes i AU, wee urilnrvmte cin entrar WHET yt bag wth toto m ttn seen fre ee NT aig S@PPONEes vation, Ce mrrcm mer ont any Cen IPTEN ty Cane ct Veni UY 4 ettone el gmk te estate vt vigericti ape atise debe EEE TAT IOMgg iv atin nr ro i ieee re Prcatatety cite Calder tv er He te mmpsen tied weed MUHAIVAEM ape Aten u yoidinnr ce ntitin itn none 0 Ws La. CUNO DETEORIA GERALDO DIREITO no neontace com 0 eritério expucial, Ax vezon ux Aemique infarnnain 0 ritério lemporal pareeem expleitay iret normatlve, quando de imediato ax identifiewmon nox eA proneritives que compoem o plano de exprossio Jirollo, OULEAN VEZ parecem implicitax, quando o trabalho Hire ative 6 anain Grd, Max, explieita ou impliciamente ier aqui rownvin ae) modelo tedrieo adotado), ha- ppt a Hinge jurtlin, um grupo de informa que proche 0 momento em que xe considera ocorrida a agéo tee taco), damnada como niieloo da hipdtexe normative, eaxo denirdrlo, 4 lnpoxsivel 4 idontifiengho do fato, ‘Awaimn co eu Para comprovar tal afirmago penxemox numa agho: dar, # logo vorn 4 porunta: Ein que procka momento o ho- num renliza v agto de andir? No instante em que fevanta wm dox pox? No timo em que set pd avanga, no ar, em relagho Ao outro? No momento em que ele oencoxta no chao? Ou quando lovinta o outro pé. em rumo a mals um parno? Pura identifica moo fato devin homer Ler andade precinamon xaber em que Instunte conniclorn-ve ronlizacla w agdo cle andar, ner extA eRPe> Oewyao Lompornl, nfo xe pode liger xe ele a reallzou ou nao, “Toda agio, por mala wimplen que porsa parecer prosaupoe Ui née cle alan, @ par Inno, poste Ker clexmmembracta eroreio- teen en vr crn gnc me preferrons et 0> lo Una agao melas complex. Vian reno cline rene na Hinhe to Oi a fo loxntaclon, pare ceri I liga eat Cat ent, wll Ware MO iv retort (ox, atin ec ca as NR ne tn eR, to vigéti cl cle cul wxbN; ct OREN TET We aren cli yA, yr lena renaagho 0 #™NPs (tere temporal aT M ariel to Hong gtd. Forno qui Connar cutee par nao e Mac fHtO logge UilbgatOs parse cleniarean nutes PETAR! we i ny a AA biillgnayiy clic sngees ontt ml que A " nUCemmivac tu Lent[ith \ Tato fete © leyintalon elege come yoo AURORA TOMAZINI DE. CARVALHO Voltemo-nos, por exemplo, & norma tério material, como ja vimos, sinaliza para alguém, mas em que momento 0 direito co; fato de matar? A resposta a esta pergunta tério temporal da norma, encontramos 1 Penal ee homiii: oer ituagio de © 0 contetido do ey 10 art. 4 do Cédign ‘onsidera-se praticado o crime no momento da agig, amissdo, ainda que outro seja 0 momento do resultado”. Notnce que a legislacdo penal escolheu o instante do fator (agéo) come, 4 pessoa, como 0 marco temporal em que se considera reali do 0 fato eriminoso, para fins de aplicacao da norma penal" Este marco é imposto pelo legislador e é indispensével para determinar temporalmente quais normas incidem sobre 0 acontecimento. Porém, ele é apenas um dos elementos do fato, isto quer dizer que, mesmo quando verificado eronologicamen te ofator tomado como critério temporal (ago contra a pessoa © acontecimento 86 se aperfeigoa quando todos 0s fatores da ‘agao (mais complexa) forem apurados, ou seja, quando também verificado o resultado (morte), pois s6 assim todos os ertéras da hipétese se encontrarao devidamente denotados™. Aseparacao entre os critérios material e temporal, ane do este fixa um fator da agio, é to sutil que até mesmo ole sislador as vezes se confunde, definindo como hipstese not mativa 0 que, na verdade, estabelece como eritério tempor! PAULO DE BARROS CARVALHO colecions, na eo \ributéria, uma série de exemplos deste equivoco™, demons, do uma tendéncia do legislador neste sentido. Reportemo alguns deles: ne ina 331. Segundo os criminalistas, existem trés teorias pare SELES yc momenta do crime: ) da atvdade:9 memento em gue 000 ‘tu omisséo: b) do resultado: o momento em que se dew o result igcht {aslo 0 momento da agdo, ou omissso, como o do resultado. A da norm i térios da 0s eriminalistas seP9! 16s apontado pelo eritério tempor i consumagio (instante em que todos 05 e* Prética do crime (p omento de su sho denotades. 389. Curso de 400 ‘empiricamente). Aireito ributdrio, p. 260. es (CURSO DE TEORIA GERAL Do DIRETTO para definir a hipétese de ineidéncia dos impostos de angio (1), exportagao (IE), sobre produtos industrialisa, 'mPttpl)o Cédigo Tributério Nacional dispée: art. 19. “O im. an, de competéncia da Unido, sobre importagdo de produios estrangeiros tem como fato geradorq entrada destes noterritério ceil”; art, 23. “O imposto, de competéncia da Unido, sobre Meporiagdo, para o estrangeiro, de produtos nacionais ou na 1 cddve tery coma dale verodor a snide dade de urcieeo tecianals art. 46.0 imposto, de competéncia da Unido. sobre grodutos industrializados tem como fato gerador:I- seu desem- tacoaduaneiro, quando de procedéncia estrangeira; -asua sua dos eslabelecimentas a que se refee o pardgrafo inico do af. 5; ~a sua arrematagio, quando apreendido ou abando- rade elevado a leilao” (grifamos) O que o legislador faz é definir o critério temporal como s=estivesse delineando a hipétese de incidéncia de cada um ‘estes tributos. Observando os enunciados, nota-se que 0s dads sublinhados apontam para o momento em que 0 direito considera realizado 0 fato juridico tributério endo para a aio Miele do acontecimento (II - “importagdo de produtos estran- ‘ritos”; TE “exportacdo, para o estrangeiro, de produtos na- ‘sionais ou nacionalizados”; IPI — ‘“industrializagdo de produ- ht Nas palavras do autor: “A pretexto de mencionarem 0 ‘6 separam um instante, ainda que o momento escolhido se Qculenha na propria exteriorizagéo da ocorréncia. Nso passa, Sintudo, de uma unidade de tempo, que se manifesta, ora pela cat de produto estrangeiro no territério nacional cae mo bFtacao), ora pela said (Imposto de Export} 5 tran ese™baraco, aduaneiro, j4 por deixar 0 produto in ke ais qt 0 €stabelecimento industrial ou equiparade,. cape " tTematacdo, tratando-se daqueles apreendides Monados e levados a leiléo (PD. o ings BPOMtante & ter em mente que o eritério temporal fie me em que o direito considera realizado 0 fato al fixa PAULO De 261, "SLO DE BARROS CARVALHO, Cus de dito wr? ‘ 40 AURORA TOMAZINI DE CARVALHO promovido a categoria de juridico. Este momento, nao pred necessariamente coincidir com aquele fixado por outros sia, mas, podendo inclusive ser diferente dentro do préprio sistems juridico (de norma para norma), pois, como jé vimos, o direite cria suas préprias realidades. Para elucidar tal afirmago, vejamos alguns exemplos: © fato de matar alguém para o sistema social ocorre com a morte da pessoa, para o sistema juridico penal com a pritica da agao contra a pessoa; o fato da importagdo de mercadoria que, para o direito tributario ocorre com o desembaraco aduaneiro, para o direito comercial com a assinatura docon- trato de importagdo e para o direito maritimo quando 0 navio transpée a fronteira brasileira. Nota-se que legislador sele- ciona a agao (ou estado) A qual deseja imputar efeitos juridices e escolhe o momento em que o sistema, ou seus subsistemas a reconheceré como ocorrida, para poder, efetivamente, coms tituir tais efeitos. Até pouco tempo, acreditava-se que o critério tempor demarcava 0 instante de nascimento do vinculo juridic’ Tal entendimento, no entanto, nao se enquadra 20 sistem de referéncia com o qual trabathamos. 0 critério temp assim como toda delimitagéo da hipétese, aponta para” lidade social, com a fungao de identificar 0 exato momT em que o sistema juridico considera ocorrido 0 ft0 1, promovido a categoria de juridico, mas enquanto °* no for vertido na linguagem prépria do sistema ™ ony efeilo de ordem juridica é gerado, apenas social. NT aye tido, o critério temporal nao aponta para o moment se se instaura o liame jurfdico, mas para o instante MY O49 considera consumado 9 acontecimento 2 Ser PIO ipcar® categoria de fato jurfdico, a fim de que se poss 1° norma a ser aplicada. ct moa em Lance oy, 341. Como prope BURICO MARCOS DINIZ DE SANTI Sf pq e LO tributdrio, p. 178, com base nas ligoes de PONTES DE Ml RIVAL VILANOVA. CURSO DE TEORIA GERAL DO DIREITO Aproveitamos, aqui, a oportunidade para identificar as duns fungdes do critério temporal: (i) uma direta, que 6 iden tear, com exatidlao 0 preciso momento em que acontece 0 viento relevante para o direito; (ii) outra indireta, que é, a penit da identificacao do momento de ocorréncia do evento, {eerminar as regras vigentes a serem aplicadas. Diferente do critério espacial, que apresenta varios nf- veis de determinacao, o critério temporal indica sempre um ponto na linha cronolégica do tempo e nao um periodo deter- minado, ov o tempo de vigéncia da norma. E com base nesta constatagao que PAULO DE BARROS CARVALHO critica a dlassificagdo dos fatos geradores tributérios em: (i) instanta- neos; (ii) continuados; ¢ (iii) complexivos”®, que se diz funda- da nas variagdes imprimidas pelo legislador na construcao do ritério temporal das hipéteses, mas que, na verdade, no fassa de uma confusao de planos, onde se abandona a for- ‘mula linguistica da hipétese para se analisar a contextura real do evento, Aplicada a teoria geral do direito, esta classificagéo tam- bem logo seduz: (i) instantaneos seriam os fatos que se esgotarn emdeterminada unidade de tempo (ex: nascer, morrer furtar ‘ontrataretc.); (i) continuados configurariam situagoes dure ait (ex: ser proprietéio de imével, er brasileiro mato, est8F seitto, ser pai, ser maior de 60 anos, ete.);¢ (ii) complexives ee aqueles cujo processo de formagéo tivesse implement otranscurso do tempo (ex: auferic renda fraudar eredores: "empresa, ete.), N ado linguls- cg, VOentanto, como todo fato, enquanto enunciad wmninado age 4 em dete! ing em certa condigao de espago € em ¢ aug Ais do que inadequado incoerenteaceitar usla¥et ‘ue nao seja instantaneo. eee 4d gilt Por AMILCAR DE ARAUJO FALCAO, baseud “8 Cano de NEE: VANONI E WILHEM MERK. "reilo tributdrio, p. 262-267. “ 403, jo nas ligoes de 402 A AURORA TOMAZINI DE CARVALHO. Reportando-nos aos ensinamentos BARROS CARVALHO: “O acontecimento sé ae pata De para gerar o efeito da prestacio fiscal, mesmo queese por mil outros fatores que se devam conjugar, no instang que todos estiverem concretizados e relatados, na formaloen mente estipulada. Ora, isso acontece num determinado mento, num especial mareo de tempo”. Mesmo que a are pressuponha uma série de fatores, ou se configure num estads permanente, o critério temporal, enquanto componente da hipétese, demarca o instante em que esta série se completa, ou em que se configura o estado permanente, por isso, indepen dentemente das caracteristicas do evento, o fato necessariamen- te assinala um ponto preciso na linha eronolégica do tempo. 3. CRITERIOS DO CONSEQUENTE Se, enquanto na hipétese, o legislador se esforga pare enunciar os critérios que identifiquem um fato, no consequen te ele seleciona as notas que devem ter as relagées intersubie- tivas a serem instauradas com a verificagao do fato juridco, indieando os elementos deste vinculo. Assim, a fungio de consequente ¢ definir os critérios (eonotagao) do vineslo i dico a ser interposto entre duas ou mais pessoas, em T3760 ocorréneia do fato juridico. Do mesmo modo que a hipétese, o enunciado do cor quente da regra-matriz de incidéncia 6 elaborado com S148 de indeterminagao, ou seja, ele delimita um conceito abst, que comporta um nimero finito, mas nao determines, ©! denoiages, Nestes termes, ele no contém a relagiod0 Prescreve um comportamento relacional a ser insta! Quando da ocorréncia do fato. cal ls Porpreserever um comportamento relacions! 22) 0 bois ou mais sujeitos em torno de uma prestacio —— MA Curt de direto tibutdrio, p. 265 404 te cuRSO DE TEORIA GERAL DODIREITO do consequente da regra-tnatriz de incidéncia deve io do emjementos desta relago, qais seam: sujtos ientiea oo objeto da prestagto, pois ésob esta forma, io ase ils relacionais entre sujitos no qual emergem iasituinde res correlatos, que a linguagem do direito rea- conceit ‘Assim, falamos: (i) num eritério pessoal (ji) num erité- te prestacional, como componentes logicos do consequente th regra-matriz.de incidéncia. Taiseritérios configuram a informagao mfnima necess4- siapara a identificagdo do vineulo juridico @ ser instaurado rep verificagao do fato descrito na hipétese. Nada impede, porém, que o legislador indique mais propriedades da relagéo, ‘0 tempo € 0 local de sua constituigéo ou tilize na conformagao da Jd nao esta- como por exemplo, camprimento, ¢ que 0 intérprete os tu oposigio consequente de sua regra. No entanto, remos mais falando do contetido minimo necessério para & compreensio da mensagem dedntica. Alguns autores sustentem a necessidade de eritérios temporal e espacial no consequente normativo, identificatives domomentoe local em que a prescrigso deve ser adimplida’", oque para nés parece, além de impréprio, desnecesséri0- 6 um aconteci- O cumprir ou nao-cumprir a prestagao B egislador toma mento delimitado no tempo e espago que 0 somo relevante ao atribuir-lhe certos efeitos juridieos « ae Pessupée a existéncia de uma relaco juridice constituida. AS ‘ordenadas de tempo e espaco que identifieam este ni. me eontram no consequente normativo que institu! ae se mec’ Bosicionam sintaticamente no antecedents Tr ous matriz de ineidéncia (por nés classificada de OF Gail*~no capitulo anterior), que presereve uma Felng “M razdo da observancia ou néo de uma ‘conduta instit isis cia tre buing S CESAR SOUZA DE QUEIROZ, A regra-matriz de tect *it Curso de especializaio em direit tibutari, P-22% 405 AURORA TOMAZINI DE CARVALHO em outra regra que a pressupde. Seria uma repeticg sentido, a necessidade de tais coordenadas na preg consequente, quando ja presentes em outra regra (seen to tomar como relevante 0 fato do cumprimento ou de® primento da conduta prescrita). Sob este argumento wee mosa presenca de critérios espacial e temporal no. consequen, te normative. Feitas tais consideragdes, voltamos nossa atengao aosdois critérios do consequente de forma mais detalhada. BL. Critério pessoal - sujei 0s ativo e passivo Critério pessoal é 0 feixe de informagées contidas no consequente normativo que nos permite identificar, com ex tidao, os sujeitos da relagao juridica a ser instaurada quando da constituigao do fato juridico. Como 0 tinico meio de que dispée o sistema para pres erever condutas é estabelecendo relagées entre sujeitos em torno de um objeto, as informagées pessoais contidas no cor sequente sao imprescindiveis. Pensemos em qualquer compor” tamento que o direito regula e imediatamente nos vem a Pe gunta: Quem deve realizé-lo? Em favor de quem? A funsio® critério pessoal na regra-matriz de incidéncia é, justamen'® de apontar quem sio os sujeitos do vinculo. ident As informagdes, presentes no texto legislado, au 4 ficam o individuo a quem é conferido o direito de eet cumprimento da conduta preserita (titular do direito sublet aquele em favor de quem se deve realizar a conduta, ee zadas na composicéo da posig&o sintatiea de sujeto at 5. consequente normativo, Jé as notas, que nos remetem 1” Viduo a quem ¢ conferido o dever de realizé-la (POrtaee ever juridico), sao utilizadas na composigao do suleH@PS” Em algumas ocasides verificamos um maior detalnan, ‘opor parte do legislador, ao definir os sujeitos da relae™ 408 iL -. ‘CURSO DE TEORIA GERAL DODIREITO sando para individuos que realizam ou perticipam do 7 jambém exigindo que tasindividuos apresentem eristicas. sso pode ser observado, por exemplo,na delinitag do eepal das normas penais especiais em termos gerais) «ilo ree ador elege, para configurar no polo passivo da nt ‘unidica ‘penal, “quem de qualquer modo eoncorrer lai a agao do fato descrito na hipétese”~ art 29 do C6- a Penal, mas exige também que esta pessoa “seja mental- a ecapaz.e maior de 18 anos” - arts, 6.27 do mesmo di sloma. Tais informagées, conotativas de caracteristicas do vate compoem 0 critério pessoal da norma, mais especifica mnente a posicao sintatica de sujeite passive. ‘Aqui, percebemos a utilidade da classificagéo das propo- siées (exposta no capitulo anterior), pois, o intérprete deve «lar atento em identificar todas as significagées referentes 20s ‘ujeits, para construir a delimitacéo do critério pessoal com seguranga, Um dos requisitos na escolha das diretrizes pessoais das normas juridicas gerais e abstratas & que as notas identifica vas dos sujeitos ativo e passivo devem apontar para pessoas capitulos anteriores, 2 ie ois, como ja frisamos et Tentes, pois, ja frisamos em oul lnguagem juridica nao regula a conduta de um indi om ele mesmo, wr deve escolher, dentre ‘que participa ou descrito na hip6- fato e a conse- Outro requisito é que o legislado: uma infinidade de sujeitos, pelo menos Um, ‘Huard alguma relagao com 0 acontecimento ‘"S, para implementar a causalidade entre ‘Mencia juridiea a ele imposta. ; ()anorma de Para colecionar alguns exemplos eitamos: () 2 sujet 23880, em que as notas do critério pessoal indicam come ‘tito ativo (titular do direito subjetivo & indenizagaoy kee ub setreu o dano e como sujeito passivo (detentor TN Mico de pagar a indenizagao) aquele aue S858 oo. EES = ~ AURORA TOMAZINI DE CARVALHO. norma do direito vida, em que as notas do eri apontam como sujeito ativo (titular do direito su aquele que nasceu com vida e como sujeito pa do dever juridico de respeitar a vida de outrer} ane bros da comunidade; (ii) as normas penais especiais se as notas do eritério pessoal apontam como sujeite pase, (possuidor do dever de cumprir a pena) aquele que realtznire concorreu para a realizagao do fato-crime e como sujeito ang (portador do direito subjetivo ao cumprimento da pena) os tado (representando todos os membros da sociedade); ete, trio peso toa IBjetivo a vida) Em todas as normas verificamos a implementagio desta necessidade: pelo menos um dos sujeitos da relagio deve guar dar algum vinculo com 0 fato que juridicamente Ihe dé causa. Isto nao significa, contudo, que a pessoa escolhida para figurar num dos polos da relago seja necessariamente aquela que realiza o fato descrito na hipétese normativa. Neste sentido, PAULO DE BARROS CARVALHO dist~ gue, na esfera tributdria, a eapacidade para realizar ofatoiv ridico da capacidade para ser sujeito passivo, que pressupte personalidade juridiea, Nas palavras do autor, “uma coist¢* aptidao para concretizar 0 éxito abstratamente descrito" texto normativo, outra ¢ integrar o liame que se instaur preciso instante em que se adquire proporgées concretas previsto no suposto da regra"™*. Bh ‘Tal distingdo é perfeitamente aplicdvel em termos st rieos. Podemos observé-la inclusive no exemplo dado da norma penal, onde qualquer pessoa tem aptido Pr i, lizar 0s fatos-crimes (roubar, matar, ameacar lesion, etc.), mas nem todas tém aptidao para ser sujelt0 Por. ge relagiéo penal, apenas as mentalmente capazes M24, nelo 18 anos. Isto mostra um recorte espeeffico, fetus 34h Cures ded erbwdi, 908 Segundo 00" fella fats juriicoibuario, ou dele partiPat Powe, Pee "personalidad juin deg prado, eno © 408 (CURSO DE TEORIA GERAL DO DIREITO jor na delimitagdo do eritério pessoal, que nao engioba, ila isla dome, todas as pessoas que realizam o evento tip a tego juridicament. ‘Ainda com relago as diretrizes pessoais eleitas pelo le- iador para identificagéo dos sujeitos do vinculo juridieo, a padem ser mais genéricas ou mais especificas, de modo soe pademos classificd-las, Ievando em conta seu grau de in- iridualizagao, em: (i) individuais, que apontam para um tni- se ajeto no polo ativo ou no polo passivo (ex: Francisco € Marcos); (ii) genéricas, que delimitam um conjunto de. pessoas aoeuparem.a posi¢do de sujeito ativo ou passiveda relagio ( oproprietério de veiculo automotor; 0 comprador de merca- doria; o réu revel; o trabalhador rural; ete.); (iii) coletivas, que assinalam para todos os membros de uma comunidade (ex: lodos) - conforme podemios identificar no grafico abaixo, SoS letivas € irem se sem do direito s® sue se verifica Atendéncia das notas genéricas ou col ‘'vidualizando, na medida em que a linguae ‘roxima da linguagem da realidade social 0 Aaplicagao. nor os imagines & ampaseer com vids peitar 0 dire wassivo aponts ide fisica desta pessoa” (aqui 0 Polo ¥ = me los os membros da cotetividade ¢ © 40" *Specifica), com a aplicagao da reat? an Um, exemplo esclarece tal afirmagé direito a integridade fisica ~“se alsue 205 membre ividade devem re ineganembros da coletivida Bara jern0s ~ ‘OM? aber a ie AURORA TOMAZINI DE CARVALHO fato de Maria ter naseido com vida, todos devem ry alivo esta individualizado, mas o passive ainda v2? Mb todos os membros da coletividade ~ trata-se de oe de! conereta). Se, no entanto, “alguém desrespeitar e were® integridade fisica de Maria, esta pessoa deve pena”, Temos, entao, uma total individualizaga de Alvira, que tinha 0 deve core passivo como o ative aparecem individualizados -dizemas que Como a regra-matriz é uma norma padrao de incidénda, ou seja, um modelo aplicavel a cases concretos, dficlmente encontraremos em seus enunciados notas pessoais de carter t€0 genérico, que apontem para todos os membros da cole: dade, Encontramos sim, uma demareagéo geral, deimitador de uma classe, mas que coneretamente assinala sujeitos e-p cificos (ex: todos aqueles que auferirem renda, todos aquees ‘que causarem danos, todos aqueles que foram lesados: tits os séeios da empresa x, etc.) de modo que, se um sujeit enquadrar ne conceito da classe, faré parte da relagiojuriti# 4 ser institufda. (ex: Fernando, que auferiu rendas Artur causou o dano, André, que foi lesado; Fabio, que ¢ socio empresa x; ete.). Importante é lembrar que 0 conceito pessoal doce” uente da regra-matriz € conotativo, ou sei a oa mos um feixe de informagées que delimita uma clas: se enquadra intimeros individuos, a erem identiicadoe® mente com a ocorréncia do fato descrito na hipétes? S Proprietério do imével, o causador do dano, 08 S65, empresa, aquele que realizou ou concorret para @ TT 9 do fato-crime, ete,). Isto porque, a regra-matri2, ea, norma geral e abstrata, & construida como model? Fos de normas individuais e coneretas, nes 410 (cURSO DE THORIA GERAL Do DIREITO sem especificamente identificados (ex: José, sa ioe Jong. Flip, ee) va algumas ocasides, no entanto, podemos encontrar ‘ peas eitério. pessoal (sujeito ativo ou passive) j4 una parte “propria regra-matriz, come €ocaso,por exempio, deoido 8 Pr ributario, que a propria lel (em carder abs osu Som sendo a Unio, o Estado x, o Distrito Fede to Pe funielpioy Tal procedimento, quando adotado pela Mhavjanaao compromete a generalidade da norma, O cr re eroal continua apresentando-se como um conceito tr ve, uma ver que 0 outro polo da relagho néo se en: Gita indvidualizado, wal ‘Quanto ao numero de sujeitos, o legislador pode eleger ais de um individuo para compor um dos polos da relacao, confgurendo.o que chamamos de responsabilidade solidaria A solidariedade pode ser: (i) ativa; ou (ii) passiva. Na silidariedade ativa, cada um dos credores solidarios tem ° dieto de exigir do devedor o cumprimento da prestagio por inti e 0 cumprimento desta a um dos credores solidarios ‘itingue a relacdio para com os demais. Na solidariedade pas- sirteada um dos sujeitos (devedores) fica obrigado ao cumpri- ‘mento integral da prestagéo, podendo, o sujeite ativo| (credor!, ‘igila de qualquer um, de alguns ou de todos, mas o cumpri- mento da prestacéo por um dos devedores solidérios € apro- ‘iado por todos os demais, snartt® farantir o adimplemento das relagdes juridicas, ‘thda que o legislador estabelega diretrizes para identificar 05 tos ativos e passivas do vinculo juridieo a ser constituldo R™2 verificagao do fato, 0 direito pode prescrever outras 89, + Tesponsabilizando subsidiariamente outras pessoas, nO ‘do Sujeito passivo nie cumpri a prestagée a ele imposta, iia i soldan widiea concorrer mals Fy allttedade, sempre que na mesma relagio} eruitleato(credonoumais de um sje pase Greer ae 1 Obrigado 8 fotalidade da prestago act. 264 d0 Codigo Cw an AURORA TOMAZINI DE CARVALHO ou no caso do sujeito ative ndo poder recebé-a, inst aquilo que chamamos de responsabilidade subsidisris Gitamos aqui o caso do fiador, que € responsével pe adimplemento da prestagio se o devedor (sujeito passiva)ni, a cumprir (art. 818 do Cédigo Civil) do pai, que responde pes, obrigagées em que figura como sujeito passivo o filho menos © herdeiro, que é posto no polo ativo das relagdes em que sy pai era credor e passivo nas que era devedor quando esteven, a falecer; etc. Nestes casos, 0 responsavel assume © polo passivo oa ativo da relagéo em detrimento de outra pessoa em razio de uma previsdo legal. H4 uma norma juridica preserevendoa sujeigio que $6 ocorre se verificado o fato que a supée. Ofiade, por exemplo, se torna responsdvel pelo pagamento da divs, se odevedor nao a adimplir; o pai responde pelos atos dofillo se este for menor de 18 anos; o herdeiro assume os eréditos 0. Aébitos do pai se este vier a falecer; ete. Neste sentido, nao se justifica a necessidade do sujet posto na posigo ativa ou passiva de determinada relagso{% dica como responsével, integrar (direta ou indiretamente) ® ccorréncia t{pica que deu causa ao vineulo juridico n0 figura como responsavel. Ha necessidade sim, que guarde a! gum relagdo com 0 fato que 0 colocou como responsivel. £280, por exemplo, em que o filho menor de 18 anos batt ° carr9 € causa danos ao veiculo de outrem, o sujeito Passio ‘elacto de indenizagao seria o filo, mas como ele é men Ho se subsome aos critérios eleitos pelo legislador 8 coe do sujeito passivo da relagao juridica de indenint cle deo esPonsavel pelo pagamento em razéo da ine o ticipa de nn 2° FesPonsabilidade. Nota-se que 0 Pa ME ean ea que gerou a relagao de indenizagao, M35 ‘Que © colocou como responsavel”™. resect 38 Pau : buna af Pe BARROS CARVALHO, no tratar da responsi Pesicionamento de que as relagoes juridicas it ais ‘que as relagoes J (CURSO DE TEORIA GERAL DO DIREITO como for, na conformacao das informagaes sobre Seis coMjelinear os contomos da ineidéneia, ointérprete sjios Pitento a todas estas nuancas do legislador, para deve estat far, com precisiio, quem S&O as pessoas que ocupa- Prt polos ativo ¢ passive da relagio juridica 42, Critério prestacional Assim como o critério material define o nécleo da hipé- taedeincidéncia, o critério prestacional demareao niicleo do consequente, apontando qual conduta deve ser cumprida pelo jet passivo em favor do sujeito ativo. Considerando-se a forma relacional mediante a qual o direito prescreve as con- dias que deseja regular, o eritério prestacional é um feixe de informagées que nos diz qual o dever juridico do sujeito pas soem relagdo ao sujeito ativo e qual 6 direito subjetive que ssietem em relagao aquele. Referimo-nos a existéncia de um critério prestacional ne ‘onsequente, indicando a presenca de um grupo de informacdes ‘hides pelo intérprete coma leitura dos textos do direito posto, ‘*indicam o objeto da relacao a ser estabelecida juridicamen- ‘cum a verifieagéo do fato descrito na hipotese normativa. amit! sbieto pode ser quantificado ou nio. No caso das tributérias, que instituem tributes, por exemplo, 0 “dn gene taGHo € pecuniério, o contribuinte, posto na po- iar ans tiea de sujeito passivo, tem o dever juridico de en dive! ge COfFeS pGblicos certa quantia em dinheiro, determi- ladon prit#240 da base de céileulo e aliquota eleitas pelo legis- "eaea ym80:€ que PAULO DE BARROS CARVALHO refe- winger Tit&ti0 quantitativo no consequente da regra-matriz “ela tributaria™ e nao a um critério prestacional. a — * Faso ‘ pita albsios a0 fato tributadoapresentam a natureza de sangies Coe degen? He direito tributdrio, p. 317-318. slo tibutdrio,p. 820°837. 413 AURORA TOMAZINI DE CARVALHO Em terms gerais no entanto, nfo podem adtarey regra, a presenga de um eritério quantitativo no conseqent dias regras-matrizes de incidéncia, pois nem sempre get Srpakasie squicndopeb guise nara Fizagdo (peculiar a teoria geral do direito) adotamosa peeing de um critério prestacional, responsavel pela indieasin gs objeto da relagao juridica a ser instituida com a ocorrénciada acontecimento deserito na hipétese. Chamamos as informagoes que identificam o objeto des vinculos entre sujeitos a serem estabelecidas juridicamentede “prestacional”, no sentido de que tal objeto configura-senuns conduta (prestacdo) a ser cumprida por alguém (sujeito pass- vo) em favor de outrem ( sujeito ative). Toda conduta prescrita pelo direito é demareads i guisticamente por um verbo (ex: pagar, privar, emitir ene sentar; tirar, construir) e um complement (ex: x reais, 3b berdade de ir e vir, nota fiscal, livros contabeis,férss.° imével x). Assim, igualando-se ao critério material, oi prestacional contém dois elementos: (1) um verbo, identi tivo da conduta a ser realizada por um sujeito em fave outro (o fazer, ou ndo-fazer); e (ii) um complemento, Meni cativo do objeto desta conduta (0 algo). verbo aponta luma agi ¢ o complementa para o objeto desta ago: Past indenizacao (e); pagar (v) tributo (C); entregar (¥) move restar (v) declaragao (¢); respeitar (v) semétoro (ch () licenga & maternidade (c). jcado pe? Em alguns casos, ete complemento 6 quantifies {egislador, noutros, apenas qualificado. r re 3 20802 Quando quantifieado, além das notas sob ‘ve! co tivo realizada pelo sujeito passivo em favor do sulci + complemento), encontramos, no texto legislade» © yad0 Para determinar quantitativamente o complemen? io Yalor do imével; 10% do valor contratado; a 50™2 40% de hucro; de 10 15 anos; etc), as quais trib de “citério quantitative”. au ah _ (CURSO DE TEORIA GERAL Do DiREITO quando no quantificado podemos encontrar outras in- tiem ynorma que obriga sua entrega), is quais atribuimos o (restritiva de liberdade) — e notas informem o periodo de tem- Devido ao fato do direito nao regular condutas impossi- twis e necessdrias, as diretrizes prestacionais, que indicam 0 hieleo da relagao a ser estabelecida juridicamente, devem ‘pontar para comportamentos possiveis € ndo-necesssrios. Outra imposigdo de ordem légico-semintica éa preocu- Pagéo do legislador em estabelecer uma relagio entre 0 objeto ‘abrestacio e o acontecimento descrito na hipétese normati- ‘®,para implementar a eausalidade entreo fatoea consequ “ia juridica a ele imposta. Nesio sentido, PAULO DE BARROS CARVALHO, em a tributaria, chama atengao para uma das fungbes ¢2 * edleulo (elemento do eritério quantitativo da rearar de incidéncia tributéria, que combinado com aac" de pesPoDsAvel pela determinagéo do valor da prestaséo 4 oo co autor, “os tors” 6 proporgées reais do fato™. Segundo ease! base ati © So, enc 2 fveis na sua in Pi quanto tais, mensur , *S'fodo, Quando se fala ern anunciar a grandezacfetiva > Poe = "ose dretotributari,p. 35. 41s ee AURORA TOMAZINI DE CARVALHO acontesimento, significa a captagio de aspects in Iunfure do mundo fsieo. E 0 lexislador 0 far puget hanes xtrrs qc pate seve servem de indies aalatvos:o valor dt opera nal 0 valor de pats, o valor de mercado, » peso ae Area, volume, enfin, odo e qualquer padre dinar sito a0 nlelo da incidéneia” Nos outros ramos do direito também percebemos a, Preocupagao do legislador em mensurar, no eritério preslaca nal, aspectos do fato: no direito per nal, por exemplo,o juiz ay fixar a pena, dentre outras situagées, deve ter om conta ac. Pabilidade do agente ¢ as circunstancias do crime (art. 59d Cédigo Penal); no direito civil, a apuragio da multa de mar tem como base a obrigacao néo adimplida; no direito do tre balho, ocaleulo do salario mensura o trabalho prestado. Asin © & em todos subsistemas juridieos, de modo que podens afirmar, em termos gerais, estar a delimitagio do critério prs tacional intimamente relacionado a aspectes do fato dese ha hipotese ‘4. A FUNCAO OPERATIVA DO ESQUEMA LOGICO Dt REGRA-MATRIZ Basicamente, duas sio as fungoes operacionais do ee ‘ma l6gico da regra-matriz: (i) delimitar 0 émbito de inetd Pormativa; e (ii) controlar a constitucionalidade e leesll “normativa, ott Preenchido o esquema légico-semantico daregra re {Deidéncia com o eomtetido dos textos positivades, 0 i! a Getimita o campo de extensio dos conceitos canotatvs leseedoconsequente. Ao projetar tais delimitagoes mall ne Satealdade social, demarca a classe dos acontecien® oy con® @ dar ensejo ao nascimento de relagSes iu “ome, 0 contetido de tais relacées. O esquema, ass 416 ai > a (CURSO DE TEORIA GERAL DO DIRENTO nar o Ambito de incidéncia da norma jur- tigre deter rma ju dent previsto ea relacio a ser instaurada uridicamente, wn Voltando-nos ao gréfico exposto no capitulo anterion mos abservar como o preenchimento do esquema da regra. ‘matriz (Cm, Ct, Ce, Cp e Cpr), auxilia o intérprete na delimi- tacio do ambito de incidéncia normativa, Explicando: saturados de contetido, os critérios material (Cm) temporal (Ct), espacial (Ce), pessoal (Cp) ¢ prestacional {finelimitam «clasew das hipotese e do consequente 01 2 Silico represenntados pelos eireulos continuos iclusos na rt retangulat posicionada no plano superior - “dever-ser” ~ Swe simboi liza uma norma geral e abstrata qualquer ~N.G.A). ‘imitagéo & projetada mentalmente pelo intérprete ogra 8tsslem da realidade social (processo representado een Pelas Hnhas verticals pontilhadas), para demareagso, Classe dos 8contecimentos e das relagdes sociais juridica- ni ele¥@ntes (representadas no grafico pelos etcaloe Points inclusos na figura retangular posicionada nop = lenge, Set") Tal demareagio permite que o intérpre {ute # Ocorréneia de um evento nos moldes da hipétese ort 0 vineulo social a ser instaurado por forga dai Normativa, Pasig 4yT AURORA TOMAZINI DE CARVALHO Resumindo,o preenchimento da esquematizagng srasmatrz fornece-nos todas as informagies pa gen conceitos da hipstese e do consequente e identifica, ent Cisto, a ocorréncia do fata da relagao a ser constnage dicamente Outra fungao operacional da regra-matriz, de primeira, 60 controle de constitucionalidadee egaldadene ‘mativa. Delimitando 0 campo de incidéncia, regra-matriz serve de controle do ato de aplicat como fundamento juridico ou da proprio ato legislativa ques eriou, Anorma individual e concreta, produzida pelo aplicadoy deve guardar consonancia com a regra-matriz.de incidénes que Ihe serve como fundamento. Caso isso néo ocorra, 0 alo pode ser impugnado. O esquema da regra-matriz funciont como instrumento para detalhamento da fundamentagéo jut dica do ato de aplicacéo, possibilitando ao intérprete verficat @ devido enquadramento da norma individual e conereta pro- duzida, Na mesma medida o esquema ¢ \itil para se apurar® constitucionalidade da propria regra-matriz (enquanto norm Juridica). De elevado poder analitico, o preenchimento de su estrutura légica permite esmiugar a linguagem do legisadst Para averiguar se ela se encontra em consonancia com as res" Juridicas que a fundamentam. A figura a seguir ajuda-nos a visualizar tal fungd0: 418 ‘Corrente @ construgin dy \c40 que atona (CURSO DE TEORIA GERAL DO DIREITO * aT Rot PO

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