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Momento Diabetes - Edição 16 (2019-04 - 2019-05)
Momento Diabetes - Edição 16 (2019-04 - 2019-05)
c vocé entrar na roda, em pouco tempo o vai sentir uma grande mudanga: menos tensio, refle- ( xos mais répidos e ainda vai ganhar forca. Com um. pouco de persisténcia, o seu fdlego vai ficar étimo, Porque a pratica constante (pelo menos trés vezes por semana) desenvolve o sistema cardiorrespirat6rio. E,0 melhor, vocé trabalha os miisculos abdominais, jé que eles sito muito solicitados. lado emocional também ganha muito com a ca- poeira, principalmente porque ela ajuda a liberar a Se voce tem diabetes e gosta de lutar, seja qual for a modalidade, entre em contato com a nossa equipe e conte sua histéria. As melhores sero publicadas no site e nas redes sociais da Momento Diabetes. Envie para o e-mail atendimento@momentodiabetes ou por WhatsApp: (11) 9.9613-4337. “0 PONTO DE ENCONTRO DOS CORREDORES COM DIABETES DE SP” NOVA EQUIPE peer Dea CREE EUs} i Dana y SUE Ce Ree R j Ret Ocean sy teera GHOST) Parenter Wwww.novaequipe.comAceitacao e INFORMACAO Duas palavras marcantes na vida da empresaria Georgine Zapello, que viaja 730 km para tratar o diabetes POR LETICIA MARTINS “Hoje percebo bril é repleto de significados para Gls tudo a empeeaci Georine Madhadda que vivie Zapello. Nesse més, a paranaense : completa 41 rimaveras passei pode felimind oul dala tomrcanta Ua aan dad ajudar outras 0 diagnéstico do diabetes tipo 1, recebido is em 2003. pessoas. Se tem motivos para comemorar? “Com certezal Hé algum tempo, eu jamais poderia imaginar tamanha felicidade falando sobre diabetes. Sim, hoje estou muito feliz. Mas nem sempre estive assim. Durante 12 anos eu me senti perdida, sozinha, abandonada por Deus. Quando descobri a doenca, > eu fugi. Nao aceitel, chorei, me revoltei, ignorei, pedi inclusive para morrer. Nao queria ter diabetes! Me sentia castigada por Deus e pela vida, afinal, na minha cabeca, ter essa doenca era uma sentenca de morte’, conta a empresaria. Aceitar 0 diabetes foi o maior desafio que Georgine enfrentou e, para agravar a situagZo, ela teve dificuldade de encontrar profissionais de satide que compreendessem a complexidade e as particularidades da doenga. “Passei anos acreditando que estava fazendo tudo certo, mas tinha 7 hipoglicemias quase todas as madrugadas e me sentia sempre muito mal. Minhas _ 4, glicadas viviam altas. Os médicos " aumentavam a dose da insulina e % consequentemente eu tinha mais Se hipos’, desabafa a empreséria. soemAPOIO FAMILIAR Com a glicemia descontrolada e a cabeca cheia de preocupacio, Georgine buscava forcas na familia e sempre encontrava 0 apoio do marido Claudio Zapello. “Quando nos conhecemos, eu jé tinha dois anos de diabetes e nunca escondi nada sobre minha condigao. Falamos abertamente sobre 0 assunto’, diz. “Meu marido 6 muito importante na minha vida. Nao 6 qualquer pessoa que aceita encarar um relacionamento com alguém que tem uma doenca cronica. Existem dias muito dificeis, nos quais as glicemias esto rebeldes eo humor fica instavel. Tem hora que o choro vem ficil, outra hora fico brava e tem momentos que me revolto por nao ter um dia de férias desta doenca! S6 quem realmente nos ama permanece por perto, firme e forte, sabendo que vai passar e que amanha seré um novo dia’, declara. Além do marido, Georgine recebe atencio da filha de quatro patas, a cachorrinha Nina, que, segundo a dona, jé a salvou varias vezes de entrar em coma por hipoglicemia na madrugada. “A Nina sente que hé algo de errado comigo e comeca a latir e a me lamber até que eu ou o meu marido acorde. Hoje uso bomba de insulina, entio é muito raro acontecer hipoglicemia noturna’, conta. INFORMACAO GUE SALVA Nina age por instinto, mas Georgine sabia que, no caso dela, era necessério se muni de informacio. Os tempos dificeis foram ficando para tras quando ela se conscientizou de que a busca por informacio de qua- lidade sobre diabetes precisava partir dela. Determi- nada, comegou pesquisando na internet alternativas para melhorar o tratamento; filtrou os contetidos que res aN Peer ieee BEVEnIvIns”.SEMUDE Ci eek ated recebia e em outubro de 2015 resolveu trocar de en- docrinologista. “Quando conheci a doutora Talita Tre- visan, minha vida mudou completamente. Aprendi muitas coisas sobre diabetes, entre elas o principal: que faco parte do time Diabetes Tipo Nada é Impossivel’, diz. Georgine. Mesmo depois de se mudar de Curitiba para Francisco Beltrio, no sudoeste do Parand, a em- presdria nio abandonou o tratamento. A cada trés me- ses, ela viaja 730 km até Itajai (SC) para se consultar. Em Francisco Beltrao, Georgine conheceu um grupo de diabetes e comecou a participar dos encontros. No inicio ficava apenas ouvindo, mas em pouco tempo estava tdo envolvida que passou a fazer parte da coordenagio do micleo. “Hoje percebo que tudo que vivi e passei pode ajudar outras pessoas. E meu objetivo tem sido esse: ajudar a tornar mais leve 0 fardo de alguém que acabou de receber 0 diagnéstico, porque esse é 0 pior momento, Converso, escuto, aconselho, ensino, puxo a orelha e, principalmente, falo tudo que fiz de errado, procurando mostrar como fazer diferente. Com isso, quero poupé-las da dor e do sofrimento da desinformagio’, diz a paranaense. Em 2018, Georgine criou um projeto com 0 apoio da coordenagio do Niicleo de Diabetes de Francisco Beltrio e da Prefeitura para promover uma palestra de educagio em diabetes nas escolas municipais. “Todas as escolas da cidade foram convidadas e tivemos uma participacio de 80%. Foi gratificante’, comemora a paranaense, que nfo se sente mais sozinha neste imenso universo azul. © MOMENTO DIABETES » 31—___—>Capa PARA VIVER Conhega as principais novidades apresentadas na 12? edicdo do maior congresso mundial de Tecnologia Avangada no Tratamento do Diabetes, o ATTD ‘TEXTO BIANCA FIORI | FOTOS: RAFAEL VENDRAMINI ela segunda vez consecu- tiva, a Momento Diabe- tes cobriu 0 International Conference on Advanced Technologies & Treatments for Diabetes (ATTD), maior congresso mundial de tecnologia avangada no tratamento do diabetes. Este ano, © evento foi realizado em Berlim, capital da Alemanha, entre 20 23 de fevereiro, e atraiu mais de 3 mil patticipantes de diversos paises, a maioria médicos diabetologistas. Durante trés dias, mergulhamos nas novidades tecnolégicas conhecemos estudos promissores. Como jornalista, posso dizer que ‘© congtesso é realmente um mar de informagées, que deixa a gente boquiaberta. Como diabética tipo 1 ha quase 25 anos, meus olhos encheram-se de légtimas 0 coragéo, de gratidio a0 ver © quanto o tratamento evoluiu nesses anos todos. 32.» MOMENTO DIABETES Em 1994, quando recebi o diagnés- tico, j4 existia o glicosimetro, apa- relho que mede a glicemia no san- gue por meio de uma picadinha no dedo, porém o prego no era aces- sivel como hoje e os aparelhos nao eram distribuidos na rede puiblica. Para mim, e creio que assim foi para milhares de outras pessoas com dia- betes no Brasil, a tinica forma de se medir a glicose naquela ocasiaio era através da urina. Funcionava da seguinte maneira: vocé fazia 0 xixi em um pote, depois colocava a fita reagente na urina e esperava para ver a cor que seria mostrada. De- pois, comparivamos a coloragio com a descrigio apresentada no potinho das tiras. Quanto mais ala- ranjada a fita estivesse, mais alta a glicose estava. Mais alta quanto? Ai era um intervalo grande, acima de 200 mg/dL, nao dava para ter certe- za. Eessa era todaa informacao que a caixinha trazia. Mais de duas décadas se passaram e quanta coi- sa mudou! Hoje existe um sensor que, fixado no brago, mede a gli- cemia simplesmente aproximando 0 rastre- ador ou o celular. Esse sensor se chama Libre e seu cateter é instalado no subcuténeo, sendo troca- do a cada 14 dias. Voce s6 precisa se picar a cada cduas semanas. Existe também um sen- sor que se comunica com um aplicativo de celular via bluetooth, ow seja, sem uti- lizagio de fios e cabos. Tam- bém existem varios medidores de glicose que mostram a cur- va glicémica, o tempo na meta, quanto de carboidrato os_ali- mentos tém etc. Quanta evolugio! E muito mais vem por af.eed—___ >Capa Tempo no alvo Uma mudanga importante no modo de avaliar o controle do diabetes nites de falarmos a respeito dos produtos langados no ‘congresso, preciso _contar sobre © assunto mais falado e discutido na 12 edigio do ATTD 2019, que, sem diivida nenhuma, foio TIME IN RANGE (TIR), que, em uma traducio livre, significa ‘Tempo no Alvo. Um dia antes da abertura oficial do evento, endocrinologistas de diversos paises se reuniram para debater sobre 0 TIR. Segundo a endocrinologista e membro. da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Denise Reis Franco, esse ‘grupo de especialistas chegou a um consenso sobre quais pardmetros médicos deverdo ser usados para definir os padrdes de glicose em qualquer lugar do mundo. “No ano passado, foi acordado que o TIR de pessoas com diabetes tipo 1 e tipo 2 deve ser uma glicemia na faixa de 70 mg/dL a 180 mg/dL. Nas grividas, essa meta 6 mais justa, devido ao cuidado maior MOMENTO DIABETES que a gestante deve ter para evitar complicagdes tanto para si quanto para o bebé. O alvo definido para elas 6 de 66 mg/dL a 140 mg/dL. Em 2019, o consenso determinou que a pessoa deve estar 70% do tempo dentro desses padrées’, explicou Denise. © tempo no alvo chegou para revolucionar os padrées até entio estabelecidos para saber se 0 paciente estava com a glicemia controlada ou nao. Atualmente, © método mais utilizado pelos profissionais para avaliar isso © exame de hemoglobina glicada (Hb AIC ou somente AIC), que avalia a glicemia da pessoa nos iiltimos trés meses. Em linhas gerais, uma glicada considerada ideal para quem tem diabetes 6 até 7%. “Apesar de o termo tempo no alvo ser uma nova forma, mais certeira e eficaz de avaliar 0 controle do paciente, 0 exame de hemoglobina glicada nao vai deixar de existir. Ha uma correlacio entre essas duas formas de avaliagio. Por exemplo, uma pessoa que fica 50% dentro da meta glicémica, tem uma glicada que corresponde a 7,9%, um pouco acima do ideal. Enquantoa pessoa que fica 70% do tempo no alvo (70 mg/dL - 180 mg/dL) tem uma glicada de 7%. Foi justamente por esse motivo que a meta estabelecida no consenso foi de 70%”, resume Denise. Os laudos dos sensores de glicemia de monitorizagio continua (CGM) também virdo com o valor de hemo- globina glicada estimada. “A hemo- globina glicada 6 superimportante para que possamos avaliar os riscos cde complicagdes que o paciente pode desenvolver, caso ele nao esteja com a glicemia bem controlada’, explica a endocrinologista da Como nao poderia ser diferente, todos os produtos apresentados no ATTD 2019 estio de olho no TIR. Vamos, entio, conhecer al- guns deles. etc econ mdseC1iIcCne iLICOS SIME E A Lifescan, empresa que pertence ao grupo Jonhson & Jonhson no Brasil, apresentou o OneTouch Verio Reflect, que chegars aqui como OneTouch Ultra Plus Reflect, ainda sem data definida de langamento. A grande sacada desse novo medidor sio as sugestbes que ele dé a0 usudtio do que fazer sea glicose estiver alta ou baixa, “O sistema OneTouch Verio Reflect ¢ Ultra Plus Reflect oferecem orientagio personalizadae ln = nee) ae encorajamento em tempo real com base nos resultados da glicose no sangue de um paciente. Esse novo sistema pode ser personalizado individualmente’, diz David Defongje, chefe de estratégia de portfélio da Lifescan. Funciona assim: se a glicose do paciente estiver em 170 mg/dL. e o limite dela tiver sido programado para 180 mg/dL, apareceré uma mensagem no monitor do glicosimetro avisando que a glicose esté alta e perto do limite. Essa mensagem sugere que o paciente fique atento para no entrar em uma hiperglicemia, por exemplo. Osistema ColorSure também vem mais divertidocoma apresentagao de simbolos que expressam sentimentos, conhecidos como emoticons. Assim como outros produtos da linha OneTouch, esse glicosimetro possui conectividade com o aplicativo Reveal, um dos mais baixados no mundo, apresenta, além do TIR e dos gréficos, uma estimativa de hemoglobina glicada. MOMENTO DIABETES « 35—___ >Capa CANETAS INTELIGENTES MOMENTO DIABETES Imagino que a maioria das pessoas com diabetes aqui no Brasil ja conhece as canetas para aplicagio de insulina. No ATTD foram apresentados modelos com recursos inteligentes, oferecendo mais eficicia e controle do tratamento. Os modelos NovoPen 6 e NovoPen Echo Plus, da Novo Nordisk, por exemplo, irfo se comunicar com um aplicativo no celular, 0 Glooko, no qual a pessoa saberé quanto de insulina aplicou na liltima vez, além do horério da aplicagio e quanto resta de insulina na caneta. O aplicativo também emitiré um alarme da préxima aplicagio do horménio e permitiré 0 download de 800 resultados das aplicagdes. A caneta iré transmitir todos esses dados para o celular utilizando tecnologia NFC, sigla de Near Field Communication, que permite que vocé possa interagir com a caneta simplesmente aproximando 0 celular, sem a necessidade de fio. Nessa mesma linha, outras marcas também desenvolveram dispositivos e acess6rios que, acoplados as cane-tas, também capturam os dados deaplicacio, dosagem e quantidade de insulinado glicosimetro e os transmi- tem para um aplicativo no celular via bluetooth. E 0 caso da Mallya, criada por uma industria de Londres, e da Clipsulin da empresa Diabnext. Outra novidade interessante apre- sentada pela Diabnext foi o Snapcarbs, um aplicativo revo- lucionério de contagem de car- boidratos (CHO), que utiliza os recursos da inteligéncia artificial para informar 0 paciente sobre a quantidade de carboidratos de um alimento. Para isso, o paciente pre- cisa apenas fotografar o alimento e acrescentar o tamanho da porcio. Segundo a empresa, o aplicativo estard disponivel para os sistemas operacionais IOS e Android ainda este ano em varios paises, incluin- doo Brasil. Acesse nosso Instagram e confira os videos que a repérter Bianca Fiori gravou durante o ATDD 2019: instagram.com/momentodiabetes MOMENTO DIABETES « 37—___ >Capa SENSORES DE GLICOSE MOMENTO DIABETES DEXCOM G6 Os sensores de glicose também evolufram muito, esto mais precisos e fornecendo mais dados ao paciente de como a glicemia se comporta em diversos momentos do dia adia. No ATTD 2019, foram apresentados ‘© novo G6, da Dexcom, que dispensa calibracio, dura 90 dias e se comunica via bluetooth com algumas bombas de infuso de insulina e rel6gios inteligentes. A empresa eu poucas informagées sobre G7, que deve ser langado no ATTD 2020, e vir em tamanho bem pequeno e - tomara - com preco mais acessivel. Infelizmente, néo ha previsdo para langamento no Brasil. FREESTYLE LIBRE 2 A Abbott exibiu o Freestyle Libre 2, que emitiré alarmes quando a glicemia estiver subindo ‘ou descendo. O sensor nio dara o resultado, mas iré alertar 0 usuidrio sobre a necessidade de escanear 0 aparelho para fazer a checagem. GLUKO 2 Esse novo sensor foi langado na Itilia em setembro de 2018 vem como mais uma op¢ao de monitoramento de glicose continua (CGM), mais eficaz e acessivel financeiramente. Sua grande vantagem é dispensar 0 aplicador do sensor, ou seja, a aplicacao ¢ feita manualmente. Fees el Vener dgBOMBAS DE INFUSAO SOLO Sem sombra de diividas, a nova bomba sem fios da Roche roubou a cena nesse ATTD. Bem pequena, a Accu Check Solo funciona por meio de um aparelho do tamanho de um celular, assim como os modelos ja existentes da empresa, 0 ‘Accu-chek Combo e a Performa, mas com a diferenca de ser mais fina. ‘A cdmula da Solo dura trés dias e o reser- vat6rio de insulina tem capacidade para 200 doses de insulina, que podem ser inseridas apertando dois botdes existen- tes na prépria bomba. Outra novidade & quea Solo ird se comunicar como sensor Eversense, apresentado pela Roche no ano passado. Este sensor 6 introduzido no corpo por meio de uma microcirur- sia e dura seis meses. Esta nova bomba Nova bomba deve ser langada no Brasil, porém ainda de insulina sem fio nao temos a data certa. da Roche roubou acenano ATTD 2019. SISTEMA SMARTGUARD OS™ A Medtronic apresentou um cronograma dos langamentos previstos para até trés anos. Atualmente a bomba de insulina 670 G, a venda apenas nos Estados Unidos, é o sistema que mais se aproxima do closed loop, sistema fechado, que tem como objetivo se aproximar ao maximo do funcionamento de um pancreas. ‘A empresa esta trabalhando para entregar algumas funcionalidades que visam facilitar o dia a dia dos usuarios de bomba de insulina. Entre essas inovagdes estio a interatividade entre a bomba e um aplicativo via bluetooth, a integrago entre sensor e cateter de insulina em apenas um local de aplicagio, a autocorregio de bolus e a diminuigéo da necessidade de calibrar o sensor, que passaria a ser de apenas uma ‘vez por dia. Além disso, a Medtronic pretende tornar 6 custo da bomba mais acessfvel, com reducio de até 50% no valor. MOMENTO DIABETES - 39—___ >Capa PONTO DE VISTA A visdo de uma mde-pancreas sobre o ATTD ATID € uma conferéncia voltada para médicos e profissionais de satide, e tem como principal objetivo apresentar e discutir as _principais inovagdes e novas tecnologias para o tratamento e monitoramento de pacientes com diabetes. Nos iitimos anos, apesar de nao ser da érea médica, eu tive o privilégio de poder participar de varias conferéncias como essa em diversos paises. Para poder explicar como ew acabei me envolvendo nestes congressos e con- feréncias, preciso contar um pou- co sobre minha vida. Sou médica veterinéria, moro hé 15 anos no exterior e tenho duas filhas. Uma delas tem 16 anos ¢ foi diagnos- ticada com diabetes tipo 1 aos trés anos de idade. A partir do momento em que umfilho recebeodiagnés- tico de diabetes tipo 1,a mie passa a ter outras fungGes muito im- ortantes: um pou- co médica, um pouco enfermei- ra, muitas vezes psicdloga, avida pesquisadora, etantas outras responsabi- lidades que nunca ima- Le toners Dee oe tetany ginariamos Cee uy UD) ter Para Peete dificultar Rede ete um pouco fee ey mais, desde o dia em que recebemos a noticia do diabe- es POR LUCILA GOMES tes tipo 1, minha familia e eu moramos em quatro paises diferentes. Ja imaginou a cada trés anos ter que mudar de endocrinologista? E a cada mudanga ter que comegar tudo do ze- ro? Soma-se a tudo isso 0 fato de que as consultas sio em outra lingua. Desta for- ma, além do portugués, tive que aprender a falar diabetologués em espanhol, e quan- doaccoisa estava ficando mais simples, tive que reaprender tudo em inglés. Depois de alguns anos, quando comecava a dominar o idioma, uma nova mudanga acontecia. Comecei a me deparar com médicos que, como eu, vém de outros paises, ¢ 0 inglés para eles também nao é a primeira lingua. Alguns com formagao em francés, outros em alemao, e outros ainda em érabe... A situagdo nao pode ser mais complicada! A verdade é que nos tiltimos 15 anos eu tive que me desdobrar. A vontade de que miha filha tivesse uma vida mais ficil me fez voltar a estudar. Com isto veio também a necessidade de ajudar os pais e criancas da minha comunidade em Abu Dabi, onde vivo. Trabalhando como volunté- ria, consegui minha primeira inscri¢ao para um congresso de diabetes em 2017. A partir dai comecei a conhecer outras pessoas envolvidas na mesma causa e, com 0 auxilio de médicos e de amigos com os mesmos interesses, participei do ATTD 2018 e 2019. Nos congressos, além das palestras cienti- ficas sobre os avangos no tratamento de diabetes, os participantes so apresenta- dos a novas tecnologias, que tém como objetivo facilitar a vida dos pacientes e conseguir um melhor controle glicémico. Desde o ano em que minha filha foi diagnosticada com diabetes, as coisas jd evoluiram muito. Jé pensaram em terarei aqui para ver a cura da diabetes, mas nao tenho duividas que muito em breve os avangos tecnolog mudarao a vida de milhares de criangas, jovens e adultos. canetas de insulina inteligentes? Um modelo que esté sendo langado pela Novo Nordisk, a Novopen Eco Plus, por exemplo, armazena os dados das doses e os hordrios das aplicagdes. Vocé ainda pode fazer © download das iiltimas 800 leituras, direto no seu celular, é sé encostar a caneta no app e pronto! Esta tudo lé, anotadinho para vocé! Eu ainda me lembro do tempo em que tinha que andar com um livrinho, anotando os horérios e doses de insulina e também os alimentos com a respectiva contagem de carboidratos, agora sim esta ficando mais facil! Outra grande novidade que me chamou muito a aten- 40 6a presenca cada vez maior dos sensores de glicose, que jé esto disponiveis em varios modelos, atendendo ‘As necessidades especificas de cada paciente. Com estes avangos Id se foram os tempos dificeis em que minha filha chegava a fazer o exame de ponta de dedo de 8 10 vvezes por dia. Seus dedinhos tio pequenos eram todos furadinhos, tinhamos que marcar os dedinhos para po- der variar e nao furar sempre os mesmos. Eas opcdes de bombas de insulina entdo? Jé existem modelos sem fio, que so conectadas direto ao corpo do paciente, como a nova bomba Accu Check Solo. Ela é muito discreta e de simples utilizagao. Existem ainda bombas inteligentes, que conversam direto com ‘0s sensores e fazem ajustes automaticos para manter a glicemia sob controle. © que tenho visto nos congressos que frequentei é que hoje, com os avangos da tecnologia e da Inteligencia Artificial, todo o tratamento de diabetes esté mudando muito rdpido. Todos os anos aparecem muitas novidades, que visam facilitar a vida dos pacientes e de seus cuidadores. Essa mudanca vem nos favorecendo muito, Nao sei se vou estar aqui para ver a cura da diabetes, mas nao tenho diividas que muito em breve ‘0s avangos tecnolégicos mudario a vida de milhares de criangas, jovens e adultos. Eu sinto que tenho que estar preparada, pois a informacao é a chave do sucesso, Esta é a razo que me leva a nunca parar de estudar, entender, aprender e principalmente dividir meu conhecimento com outras mies. Que venham as novas tecnologias, pois quando o futuro chegar, nés estaremos preparadas para abracé-las. Os idealizadores do ATTD Durante os trés dias de congresso, iquei imaginando © que eu poderia dizer aos criadores do ATTD, caso, tivesse a oportunidade de encontré-los no evento. Por ter diabetes hd mais de duas décadas, valorizo cada profissional que se dedica a estudar, pesquisar e descobrir novos tratamentos para controlar a glicemia.. Sei que no é um caminho curto efécil, muita pesquisa vai acontecer até que a cura seja descoberta. Por isso, estar perto de quem se preocupa com isso e resolveu reunir 0s pesquisadores e estudiosos no assunto para debater as novas tecnologias, ndo tem preco. Endo € que esbarrei com os responsdveis por esse congtesso to fascinante? Na foto a esquerda, segu- rando a revista Momento Diabetes, esta 0 Dr. Moshe Philip, professor de endocrinologia na Universidade de Tel Aviv, em Israel, e a direita o Dr. Tadej Batellino, professor de endocrinologia pedidtrica na Universi- dade de Ljublijana, na Eslovénia. (© que eu disse para eles? © meu MUITO OBRIGADA por terem comecado esse congresso 12 anos atrés & possibilitar que 0 conhecimento seja compartilhado com profissionais de satide do mundo inteiro. E agora, com os leitores do Brasil, por meio da Momento Diabetes. E voce, ditia o qué? ‘Também ideaizador do ATTD @ Idealzador do ATTD 0 professor de endocrino pediaria professor de endocrinologia na a Universidade de Uubljana, na Esloveia,TadejBatlino. Universidade deTel Avy, em {srael MoshePhilip. Gostou das novidades? Mas nao acabou por af. Na proxima edicao, vamos trazer outros temas abordados no congresso, como 0s estudos envolvendo o transplante de ilhotas pancreaticas e a insulina em comprimido. Aguarde! ACCU-CHEK* | <(eis> ONETOUCH’ ‘A Jomalista Bianca Flor! vajou para Bertm, na Alemanh, para cobrir 0 ATTD 2019 com. © patrocinio das empresas Johnson & Johnson e Rocha, MOMENTO DIABETES + 41—°> Ping Pong DIABESIDADE Médico brasileiro referéncia mundial em cirurgia metabdlica explica a relacdo entre diabetes tipo 2 e obesidade. hora de rever nossos conceitos POR LETICIA MARTINS 4 42 + MOMENTO DIABETESonheci_pessoalmente © Dr. Ricardo Cohen em outubro de 2014, durante a inaugura- gio do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hos- pital Alemio Oswaldo Cruz, na capital paulista. A instituicéo, que ja era reconhecida em aten- dimentos de alta complexidade, consolidou-se como referéncia também no atendimento inte- gral e interdisciplinar para essas duas doencas consideradas epi- demias globais. Pouco mais de quatro anos depois, tenho a felicidade de en- trevistar Ricardo Cohen, que segue como coordenador do Centro de Obesidade e Diabetes. Graduado em Medicina em 1984 e doutor em Clinica Cirdrgica pela Universidade de Sio Paulo em 1996, Cohen acumula lon- ga experiéncia e saber, tendo sido, inclusive, apontado pela Sociedade Americana de Cirur- gia Metabélica e Baridtrica co- mo um dos 30 médicos mais influentes do mundo nesta érea do conhecimento. Na conversa, ele nos convida a repensar a relacdo entre diabetes tipo 2 e obesidade, esclarece alguns mitos em torno da condigao e ainda conta alguns avangos da cirurgia metabélica para tratar 0 diabetes. Confira! © Momento Diabetes: Qual é 0 perfil dos pacientes que o Centro de Obesidade e Diabetes do HAOC recebe? Dr. Ricardo Cohen: Por volta de 60% dos nossos pacientes sio diabéticos e 0s outros 40% tém obesidade em diferentes graus. Também tratamos pessoas com diabetes tipo 1 acima de 14 anos. Por més, atendemos em torno de 1.200 pacientes, trés vezes mais do que quatro anos atrés, quando inauguramos 0 Centro. © Qual a relacdo entre obesidade e diabetes tipo 22 Dr. Ricardo: Esta pergunta é inte- ressante, porque nés temos perce- bido cada vez mais que nao existe uma relagio causal direta entre obesidade e diabetes, e sim uma associagio. Prova disso é que, ape- sar de ambas as doengas serem consideradas epidemia global, © mimero de diabéticos tem au- mentado mais do que o de obesos. Nos tiltimos anos, a quantidade de pessoas com diabetes acima de 50 anos cresceu seis vezes, en- quanto a de obesos triplicou. Le- vando em consideracio 0 IMC*, podemos dizer que 2/3 da popu- lacio com diabetes no mundo sio besos. Se fosse uma relago cau- sal, encontrarfamos 0 diabetes em to-dos as pessoas com obesidade. *IMC é a sigla de Indice de Massa Corporal, que serve para avaliar 0 peso do individuo fem relagao a sua altura e assim indicar se ele esta dentro do peso ideal. 0 célculo do IMC & feito usando a seguinte formula matemstica: peso ~ altura x altura, No Bras IMC até 249 6 considerado normal entre 25 ¢ 30 significa que a pessoa esta com sobrepeso, de 30 a 35 com obesidade graut, de 35 2 40 obesidade grau2 e acima de 40 obesidade grau 3. Porém, mais importante do que o peso absoluto & a distribuigio da gordura no corpo. A gordura visce- ral, localizada ao redor dos érgios da regido abdominal, é perigosa e fator de risco para o diabetes. © Nesse sentido, é errado achar que toda pessoa que esta acima do peso vai desenvolver diabetes tipo 2? Dr. Ricardo: SSim, & mito achar isso. A obesidade é um dos fato- res de risco mais importante para © desenvolvimento do diabetes tipo 2, porém algum gatilho ge- nético deve estar junto para que a associacao diabetes tipo 2 e obe- sidade aconteca. Entao, podemos dizer que a obesidade esta asso- ciada ao diabetes, mas nao signi- fica causa. © Existe algum fundamento em dizer que alguém ficou diabético por que comeu muito doce? Dr. Ricardo: Fundamento zero. Vocé provavelmente conhece al- guém que adora acticar, ama co- mer chocolate e nao tem diabe- tes. E 0 contrario também pode acontecer: uma pessoa acima do peso que nao liga para doce. Isso mostra que o consumo de agticar nao é a causa do diabetes. Mas atengao, pois sabemos que 0 con- sumo exagerado de acticar refi- nado e de carboidratos simples piora o diabetes. © Quer dizer, entio, que nio & um fator isolado que provoca 0 diabetes tipo 27 Dr. Ricardo: Exato. Ouvimos muito dizer que um individuo 6 gordo porque come muito e nao faz atividade fisica. E mito achar que a atividade fisica vai resolver tudo. Isso no é verda- de. Nao podemos resumir todo © problema de peso a um fator comportamental. Se fosse assim, estarfamos tratamento obesidade e diabetes somente com exercicio fisico e seria mais simples. Exer- cicio fisico é muito importante para melhorar a qualidade de vida, reduzir o risco de depres- sio, risco cardiovascular, entre outros problemas, mas precisa- mos entender que isoladamente ele nao faz perder peso. Para a obesidade existem tratamentos especificos com eficécia compro- vada e, assim como no diabetes, cada caso é um caso. Precisamos individualizar 0 tratamento. MOMENTO DIABETES + 45—__—©Ping Pong © Embora comecem com 0 mes- mo nome, o diabetes tipo 2 é bas- tante diferente do diabetes tipo 1. Quais sto as diferencas que sal- tam aos olhos? Dr. Ricardo: O diabetes tipo 1 aparece normalmente em crian- gas e jovens e nao esta associa- do ao ganho de peso. O pancreas desses pacientes nfo consegue mais produzir insulina, por isso, © controle ¢ mais restrito, com aplicagio de insulina e conta- gem de carboidrato. No diabetes tipo 2, a associagio com a obesi- dade é forte, como jé falamos, e nao é todo paciente que precisa usar insulina, Mudanga no estilo de vida e medicamentos orais ge- ralmente controlam a doenca. Mas ha semelhaneas. Por exemplo, os dois tipos de diabetes aumen- tam a chance de acidente vascular cerebral (AVC), de amputagées, cegueiras e insuficiéncia renal, e precisam ser tratadas com o mes- mo rigor. © Quando a cirurgia baristrica é recomendada? Dr. Ricardo: A cirurgia com o in- tuito de tratar o diabetes 6 cha- mada de cirurgia metabélica. Ela 6 indicada para o paciente com diabetes tipo 2 que, depois de experimentar o melhor trata- mento disponivel, nao consegue © controle seja da glicemia, do colesterol ou da pressio arterial. Nesses casos, a cirurgia meta- bélica é recomendada e nés ndo estamos interessados em sus- pender o remédio, mas em con- trolar o diabetes. O Conselho Federal de Medicina regulamen- tou a cirurgia metabélica para individuos com IMC a partir de 30, que estejam com diabetes nao controlado. A longo prazo, cinco, dez anos, os resultados s40 muito bons quando a cirurgia foi bem aplicada. 44 + MOMENTO DIABETES © Qual o estado atual da cirurgia para o diabetes tipo 2 no pais? Dr. Ricardo: © Brasil é “primeiro mundo” em relagio aos estudos pioneiros para a indicagio da Cirurgia metabélica em pacientes com IMC entre 30 e 35, e isso nos orgulha muito. Osresultados destas pesquisas, que foram replicadas globalmente sio muito bons. Isso resultou na regulamentacio pelo CFM no final de 2017, que definiu a indicagio da cirurgia metabélica para aqueles que nao tem o diabetes tipo 2 controlado com o melhor tratamento clinico. Também somos pioneiros em estudos de cirurgia metabélica em pacientes com IMC abaixo de 30, mas que nfo tém resultados tio satisfat6rios quantos os que foram feitos com IMC acima de 30. © Como médico cirurgido, que cuida de pacientes com DM hi tantos anos, qual a mensagem 0 senhor poderia deixar aos nossos leitores que tém dificuldade para controlar a glicemia? Dr. Ricardo: A melhor mensagem 6 que dé para viver com diabetes atualmente sem grandes. limita- ‘gGes. Estamos vivendo uma fase de ouro de medicagdes, que aju- dam a controlar 0 diabetes e a re- duzir os riscos de complicacées e mortalidades. Quando as medica- ‘ges falham, ainda hi a opgio da cirurgia metabélica, para quem tem 0 diabetes tipo 2, que pode ajudar também a superar 0 peso de uma doenga cronica e progres- siva. Acredito que hoje seja muito melhor viver com diabetes do que cinco anos atras. Fomfdurdo TrenGuia de Produtos & Servicos e _ peta ONO ay) ca a Cece ac) Be —— ; aw — cmewe Para ts o-MEDIC NTESTING sho D: TA A IMUNIDADE GELPARA PES D-MEDIC ANA, TRAZUMALINIA EXCLUSIVADE > ‘PRODUTOS PARA OCUIDADO,PREVENCAO [ETRATAMENTOPARADES DIABETICOS, ‘CADAAPARTIRDOS MINERASEDA” = LAMANEGRADOMARMORTO. = > Para saber mais, eee Moringa Oleifera: um super alimento! Moringa <*> Gia) gems EWider © aS ad Rca BROIL T ae error iat ase Guia de Produtos & Servigos ANUNCIAR LIGUE: NESTA SECAO (11) 99613-4337 [Ef stock com/momertadabetes Divuigue 0 seu produto para mals de 22 mil pessoas com diabetes e seus familiares Eliele Cavalint eee coe] (Wore Podatts Chica pa UPS Cortes técnica das urhas * Unhas encravadas ‘Curativos * Desbastamento do “olho-de-peixe” * Tratamento de Micose de unha com laser de baivaintensidade * Garsos ona crarabepeceia Juverl —Esporista és Sensiveis—Gersvicos ‘Atrios - Diabético erry eer preenrren eee CURSO PRESENCIAL OF “ALINENTAGKO sauDivet PA94 QUEM TEM DIABETES MOMENTO DIABETES » 45_ = Doce para eee cece eee er) eee eet cent ste ecu eer as Conhega os tipos de adocantes mais saudaveis para usar no dia a dia ‘omer é algo maravilhoso. Celebrar a vida também. Normalmente erate aero err Rect cd ‘Sao nessas ocasiGes festivas que temos mais vontade ainda de comer um docinho, provocados por aquela sobremesa ou o bolo RCE e Seon em men nner oe Ceca oma oon cet td estou falando, pois nos dias de TPM, o desejo por doces pode aumentar. Neon OR a Mu Ver tC came meen Cnet) Pn Cee CMe eme enc) enone team unteancem cnet eects Ceres ee te eeeearet erty aaa eats force er eee ttm tesa ce aera Pree ene ee memo uene eect See Wee OnE nr curser osteo Cepia CY cuseec a Eee ee ee substituir a sacarose (agiicar), conferindo © sabor doce sem peste renee te rettas Alguns estudos mostram que, assim como o habito de consumir eee mee Marnie iceman etary) das pessoas. Outro ponto importante é que a maioria dos individuos Oey ene cree mcr tec mira CMa artificial ou natural. Além disso, algumas pessoas consomem 0 adocante sem pensar, apertam o frasco e sequer contam ontimero de Porta ee ens CoensMasafinal, quem deveutilizarosadocantes? Recomenda-se 0 uso por pessoas que tém diabetes ou resisténcia 4 insulina. Para quem busca emagrecer, o ideal ¢ ir reduzindo aos poucos a quantidade de agiicar e acostumar o paladar com 0 sabor natural dos alimentos. Esse proceso de reeducacéo alimentar em vez de usar 0 agiicar ou qualquer tipo de adogante & um habito que deve ser encorajado, Num mundo perfeito, 0 ideal mesmo seria nao utilizarmos nem os adocantes nem 0s acticares. Porém, sabemos que muita gente cresce “dependente” de aciicar e do sabor doce, aquele que os adocantes trazem. ‘As nossas papilas gustativas estdo treina- das para apreciar sabores bem doces ou bem salgados e, por isso, o importante é treiné-las para apreciar o sabor natural dos alimentos. Existem aquelas pessoas que j4 tem o paladar treinado e conseguem apre- iar um cafezinho sem adocar. Através da reeducagio alimentar, é possi- vel reduzir o consumo de alimentos ado- gados e optar por escolhas saudaveis no ‘momento de substituir 0 agticar ou ado- ‘gante, e, de preferéncia, nao adicionar ou- ‘ros ingredientes para adogar, estimulando paladar ao sabor natural dos alimentos. Assim, é poss{vel evitar o ganho de peso e contribuir para a melhora na qualidade de vida e na saiide de todos. Va a—_— ©Na Feira DICAS ESPERTAS: Em vez de adicionar acticar, experimente colocar um pauzinho de canela no seu café. Esta é uma forma de diminuir a necessidade de adogar. ‘Misture o pé de café com canela em pé ou um pouco de cacau em po antes de coar. Vocé vai perceber que o sabor é gostoso! 48 + MOMENTO DIABETES ALGUMAS CONSIDERACOES SOBRE O USO DE ADOCANTES: 1) Treine o seu paladar para apreciar o sabor natural dosalimentos. Reduza ‘consumo de adogantes e quem sabe até pare de consumi-los. Assim, aos poucos, suas papilas gustativas serao dessensibilizadas do sabor doce; 2) Mude seu piloto automético: muita gente adoga a bebida ou suco sem nem mesmo experimentar antes. Lembre-se: nosso paladar é moldével, ou seja, se vocé continuar consumindo muito adogante, continuard sentindo muita vontade de comer alimentos doces; 3) Reduza ao méximo a quantidade ingerida de adogante. Ao invés de 5 gotas, coloque 3, por exemplo; 4) Faca o rodizio entre os adocantes, dando preferéncia aos naturais e de melhor qualidade: estévia, xilitol e eritritol; 5) Evite adogantes artificiais: ciclamato de sédio, sacarina sédica, aspartame esucralose. Eles costumam ser mais baratos, mas podem trazer prejuizo a microbiota intestinal; 6) Nao consuma sucralose se vocé tiver problema de tireoide, pois ela é composta por uma molécula de cloro, que, em excesso, pode “competi” com iodo e prejudicar o funcionamento dessa glandula. 7) Procure a opiniio do seu nutricionista sobre qual a melhor opgio para vood; 8) O fato de um produto alimenticio ter adogante comparado ao acticar nio 0 torna mais saudavel. Exemplo disso sio os refrigerantes; 9) Evite comprar produtos industrializados diet, que muitas vezes contém adogantes artificiais, 10) Prepare vocé mesmo receitinhas saudveis com ingredientes seleciona- dos por vocé. Aqui, na Momento Diabetes, sempre damos dicas bem legais! O sabor doce diminui a sensibilidade das papilas gustativas. Logo, se vocé evitar } alimentos muito doces, conseguird detectar melhor o sabor natural deles e sentird mais prazer ao degust4-los. EXPERIMENTE!TIPOS DE ADOCANTES Ja pensou em utilizar os proprios alimentos para adogar? ‘Alguns deles, como tamara, esséncia de baunilha, uva- passa, noz-moscada, canela em pé, banana madura, frutas desidratadas (manga, magi e banana, por exemplo) servem para adogar preparagées culinérias. Uma manga docinha pode virar um creme saboroso para adosar a panqueca. ‘A seguir, explico as propriedades de trés adocantes naturais ‘que ajudam no controle do diabetes: Xilitol Origen: fibra de rutase vegetal, como o milho. CCaracteristlcas:possui o mesmo poder adovante do agicare até se parece com ele na aparéncia, no sabor ena cor. ‘Beneficlos: apresenta baixoindi- ce glicfmico, ou seja, no causa aumento nos nivel do agicar no sangue, 0 que é étimo para quem ‘em diabetes. Tem baixo valor ca- lbrico, podendo compor receitas de forno e fogio. E uma boa op- 20 para quem gosta mesmo do sabor doce. Nao é to legal: 0 custo é alto comparado aos adosantes artfi- clais. Uma dica é comprar a gra- nel que ficaré mais em conta, Eritritol COrigemfermentao (frutas,algas, cogumelos). CCaracteristicas: tem sabor bem préximo do agticar con- vencional, sendo uma boa alternativa para substituir 0 adogante de mesa e também para compor receitas cull- nia, pois pode ser levado a0 forno. 'Beneficlos: nao possulcalorias e nto alteraaglicemia, [Nao ¢ tdo legal: o preso também costuma ser salgado. Por isso, opte por comprar a granel em lugares que pre- zama boa higiene. Por fim... Vale ressaltar que é impor- tante experimentar o sabor real dos alimentos, seja do cafezinho amargo ou do suco de maracujé azedinho, por exemplo. Pode-se simplesmen- Coma devagar, sentindo © sabor dos alimentos in natura. Quanto mais natural o alimento ou o adocante, melhor. Estévia ‘Origem:planta Stévia rebaudiana. ‘Caracteristicas: adoga 300 vezes ‘mals que o agticar refinado e nto ‘possul calorias. Pode ser utilizada ‘como adogante de mesa. ‘Beneficlos: assim como os ado- antes xilitol e eritritol, nao eleva rapidamente os niveis de agticar no sangue. ‘Nao é tao legal: pode deixar um ssabor residual de amargo. Aposte também nos blends, questo misturas de adogantes: + Mix de estévia, entitle polidextrose: pode ser levado a0 forno, sendo uma aternativa para usar em recetas + Mix de adocantes efibras:estévia eritritole goma acisia. ‘Otima opsio, pois além de do preudicar o controle glicémico, conta com o poder da fbra para ajudar na saiide da microbiota intestinal, o que é importante para o cequilbrio da glicemia também. te quebrar 0 amargo ou azedo, mas nio precisa modificar para doce o que no nasceu para ser adocicado. Por que no deixar 0 doce para © momento de comer 0 doce ou utilizar 0 adogante somente para preparar receitas gostosas para receber amigos em casa? Lembre-se que 0 fato de o alimento ser preparado com adocante no justifica comé-lo em maior quantidade. Pratique o comer com atengio plena! MOMENTO DIABETES « 49VOT tones, D4) TES porque ©& comeu MUITO DOGS ire shag WG © filme Jo&o e Maria: Cacadores de Bruxa, langado no Brasil }em 2013, os _personagens principais n&o estio mais perdidos na floresta. Eles cresceram e foram contratados pelo prefeito de uma cidade para acabar com um grupo de bruxas que estava capturando as j criangas do local. Um fato curioso desta ! ¢ historia de agdo misturada com terror fo > € que, em uma determinada cena, Jo&o saca do bolso uma seringa com agulha gigante e se prepara para fazer a aplicagio. Nesse momento, alguém ‘otha assustado para ele. Com certa naturalidade, Jo%o explica que uma bruxa havia dado muito doce para ele comer quando era crianga e por isso ele havia adquirido a doenga do agticar. No filme no fala, mas tudo indica que o rapaz estava aplicando insulina. 80 + MOMENTO DIABETESEsta cena, embora ficticia, retrata um mito ainda muito comum hoje em dia e que precisa ser esclarecido para o bem de indimeras familias: no, o diabetes tipo 1 n&o acontece porque vocé deu muito doce para seu filho comer. *NSo existe comprovagdo cientifica de que comermuitoacuicarlevaaodesenvolvimento do diabetes tipo 1°, afirma Martha Amodio, nutricionista clinica, funcional e educadora em diabetes, que também é mée-pancreas. Ela explica que o diabetes tipo 1 (DM1) ainda nfo tem causa definida. Trata-se de uma doenga autoimune, ou seja, é uma resposta do exército de defesa do corpo, que entende que as células beta, produtoras de insulina, sdo estranhas e, por esta razio, devem ser atacadas para proteger a pessoa. Algo parecido acontece no ltipus e em doengas intestinais, como a celiaca. J& 0 diabetes tipo 2 (DM2) est relacionado a um estilo de vida inadequado, como alimentago exagerada, sedentarismo e estresse. Assim, uma pessoa que costuma comer doces em excesso aumenta as chances de desenvolver 0 tipo 2 da doenca, mas a ingest de a¢licar de forma isolada no pode ser considerada a causa. Na entrevista Ping Pong, que vocé pode conferir nas paginas 42 a 44, o médico Ricardo Cohen explica mais sobre isso. O diabetes tipo 2 aparece geralmente ern pessoas acima de 50 anos, mas pode ocorrer em gente nova também. Em criangas, 0 ntimero de casos de DM2 é baixo no Brasil, mas precisamos ficar atentos para néo aumentar na mesma proporco que a obesidade avanca no pals. ‘Apesar de sabermos agora que o diabetes no é causado pelo consumo de agticar, precisamos tomar cuidado, porque 0 excesso &ruim para todo mundo e, em conjunto com outros habitos alimentares_inadequados, pode desencadear problemas de satide, como obesidade. Além disso, 0 agticar descontrola a glicemia que é uma beleza. MOMENTO DIABETES - 51.—__— Kids “Existe uma recomendagdo da Organizag4o Mundial da Saude de que o consumo de agticar no deve ser maior do que 10% do valor calérico total diario. EntSo, dependendo do tanto de calorias que uma pessoa precisa por dia, a quantidade de acticar que ela poderia ingerir 6 bem pequena’, explica a nutricionista. Em outras palavras, a especialista quer dizer que, embora o agticar n&o seja 0 vilso causador do diabetes tipo 1, o consumo ndo esté totalmente liberado. Com moderac4o, criangas com diabetes tipo 1 podem comer um docinho, desde que tomem insulina e calculem a dose que sera aplicada conforme a quantidade de carboidratos a ser ingerida. “O consumo do acticar de forma moderada, dentro de um plano alimentar saudavel, no vai causar danos graves para a crianca’, reforga a endocrinologista _pediatrica Denise Ludovico, médica voluntéria na ADJ Diabetes Brasil. Ela também defende a necessidade e a importancia de desmistificar © assunto. “Precisamos esclarecer para a familia e a sociedade que o diabetes tipo 16 uma doenga autoimune e que ninguém tem culpa sobre isso. Além disso, é importante Diferentes tipos de diabetes Muitas pessoas confundem o diabetes tipo 1. com o diabetes tipo 2 e acham que o tratamento é igual. Mas n&o Em um determinado momento da vida, o pancreas de uma pessoa com diabetes tipo 1 para de produzir insulina e, com isso, a taxa de glicose no sangue dela sobe. Para controlar, é necessério aplicar insulina, seja com a ajuda de uma seringa, de uma caneta ou com a bomba de insulina. Cada dia é uma dose diferente. Cada vez que for se alimentar, ela terd que calcular a quantidade e aplicar. Muitas vezes no da certo e é preciso saber lidar corn isso. 52 + MOMENTO DIABETES O diabetes tipo 1é uma doenga autoimune eninguém tem culpa sobre isso. me ( \ sams mostrar que a crianga precisa ter uma alimentagdo saudavel, como qualquer pessoa. Ela pode consumir doce, desde que seja numa quantidade moderada e saudavel para uma crianga’, afirma. Quando falamos em diabetes, toda forma de exagero é questionavel. Muitas vezes, na 2Além disso, & preciso ter em mente que no € sé 0 carboidrato que faz a gliceriia subir. A proteina e a gordura também se transformam em carboidratos depois de ingeridos. A diferenca entre eles esta no tempo de ago. © acticar aumenta a glicemia rapidamente, enquanto um bolo, por exemplo, que possui gordura na composi¢&0o, vai elevar a glicemia algumas horas apés o consumo. *Ent&o, é fundamental explicar esta parte da alimentacdo aos pais ¢ familiares, assim como é importante dizer que quanto menos mudarmos a rotina e o que a crianga esta habituada a fazer, menos pesado fica a historia do diabetes. Do contrario, o diabetes vira 0 culpado de tudo”, ressalta a médica. Nao existe inteng&o de n&o aplicar insulina, a familia comprovagao retira todo o carboidrato da alimentag’o cientifica de que do filho recém-diagnosticado. Doutora comer muito Denise explica que isso nfo é bom, pois agticar leva ao © carboidrato é um nutriente importante desenvolvimento do para o organismo e a falta dele pode diabetes tipo 1. comprometer 0 crescimento da crianga. Tes? ihe JA 0 pancreas de quem tem diabetes tipo 2 ainda funciona, mas a nfo da forma adequada. Por isso, o paciente precisa dar uma forcinha e tomar o medicamento oral receitado pelo médico. Pincroa “Muitas vezes, no diabetes tipo 2, a restrig&o alimentar é maior, Estomago porque a produc de insulina esta alterada, mas o pancreas 2: ainda produz 0 hormédnio. Logo, é preciso fazer ajustes na alimentaggo e entrar com algum medicamento’, explica ay. iq Pete Ludovico, medica voluntaria da ADU Diabetes Brasil Em algumas situagées, 0 uso de insulina pode ser prescrito, mas a frequéncia de aplicago é menor se comparada ao omens D DML. Ou seja, cada caso é um caso e n&o é correto comparar agieseeaeidel & © tratamento do DM2 ao DML. Tee MOMENTO DIABETES «—__—_ Kids Audrey ouviu a filha contar para uma prima que o diabetes proporcionou aela muitos amigos e a oportunidade de participar de acampamentos de férias, onde se diverte bastante. S54» MOMENTO DIABETES Exemplo em casa Afasepos-diagnéstico de diabetes tipo 1 da filha Marina, entéo com 1 ano e 11 meses, no foi ne- nhum “mar de rosas" paraa analis- ta de categoria Audrey Avelino Sarkosi, 41 anos. Ela teve medo, duivida, tristeza e incertezas, mas en- controu uma equi- pe médica atenci- osa e foi acolhida numa associagSo de apoio a pes- soas corn diabetes e seus familiares. “Aquela velha frase muito verdadeira: se a vida te der um limo, faga uma [+ monada, pois néo da para ficar parado, sofrendo’, diz. Hoje, no auge dos seus 10 anos, Marina arranca risadas da me o tempo todo, com seu jeito leve de encarar 0 diabetes. “Uma noite, estévamos assistindo a um filme naTV, quando a Marina resolveu se levantar e ir buscar os éculos no quarto. Falei para ela que n&o precisava, pois o filme ja estava acabando, porém ela disse que n&o estava enxergando —_quase nada e me provocou, dizendo: ‘Bem que vocé poderia ter miopia e nfo eul’. Respondi na hora, com toda sinceridade do meu corac4o, que se pudesse eu teria miopia, diabetes e hipotireoidismo no lugar dela. Mas, para minha surpresa, ela retrucou: 'N&o, mae, 56 miopia, porque eu gosto de ter diabetes’. Isso me deixou, de certa forma, feliz, pois vejo que ela leva tudo numa boa’, conta Audrey. Em outra ocasiéo, Audrey ouviu a filha explicar para uma prima que o diabetes havia dado a ela muitos amigos @ a oportunidade de participar de acampamentos de fétias, onde ela se diverte bastante. Denise Ludovico ex- plica que a forma como o filho lida com 0 diabetes pode ser reflexo da maneira como os préprios pais encaram a situag%io no dia a dia. Audrey acredita que isso faz todo © sentido. *N&o proibo minha fi- tha de fazer nada, mas educo para que ela entenda o que esta acon- tecendo e saiba se culdar. Semana passada mesmo ela perguntou se podia comer um doce durante o recteio na escola. Eu respondi que sim, mas sem exagerar. Quando tem festa na casa dos amigos, ela sempre participa’, conta a me. N&o & bor ter diabetes, mas se diagnéstico vier repleto de culpa € possivel que a crianga comece a sentir raiva da propria condigSo de satide. “Quanto menos peso a familia coloca sobre © diabetes, haver mais chances de a crianca entender que ela so tem uma deficléncia de insulina e no uma doenga’, conclul doutora Denise. > Ee Ee Br) ee eee