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DELS) GRANDE LIVRO DO FUSCA EM FASCICULOS SUMARIO Po eed bree tony Moone re Es prema p YQ Sadan 1954.56 3 Sgrmoramancsecenoiz0 hia: 0 mats belo Sf) Anil teenie Agmcecneno Fura Cec Sa pesquisa Ms) 50 Seomesors Sree eater aera + Spree megr raschurowon EER QUESTAO DE CIRCUNSTANCIA enorme sucesso alcangado pelo Fusca se deve svuma série de fitores meramente circunstan- ciais do que a um bem elaborado planejamen- to mercadologico. Obvio que as qualidades Intrinsecas no projeto desenvolvido por Ferdinand Porsche contribuiram fundamentalmente para a longa e bem sucedi- da trajetéria do modelo no mercado mundial. Porém, ana- lisando os fatos ocorridos apés a derrota da Alemanha na Segunda Guerra fica claro que somente uma série de casua~ lidades possibilitou ao besouro ser produrido em série. A primeira delas foi a decisto do comando militar inglés, res- ponsvel pela ocupagio da regito norte da Alemanha, em re- ativar a montagem de veiculos logo apés o armisticio, apesar dea fabrica estar praticamente em nuinas. Preocupados com a situagio de pemiria de centenas de operirios encontrados 1 local, os oficiais ingleses resolveram manté-los em ativi- dade para evitar 0 pior e, assim, procuravam ganhar tempo para decidir o que fazer com 0 espélio do KaF-Wagen, que com a derrota nazista no tinha mais dono oficialmente. A segunda foi o interesse e, 20 mesmo tempo, o desinteres- se demonstrado pelas diversas facyoes vitoriosas no conflito. Enguanto grupos empresariais ingleses e americanos des- denharam do negécio, os comandos militares da Franga e, principalmente da Rissia, queriam simplesmente desmontar a fibrica e levé-la para seus paises ~ claro que juntamente com 0 projeto. Como isto nto era do interesse dos militares ingleses, eles foram postergando uma decisto até encontra- rem a solugdo na propria Alemanha. Atereeira foiaescolhado executivo alemo Heinrich Nonthoff para dirigir afibrica. O proprio Nordhoff, que havia sido um, dos maiores crticos do projeto de Porsche antes da guerra, aczbou por se tornar o mentor e principal responsével pela longa carreira de sucesso do Fusca. Com a experiéncia acu- smulada na Opel, subsiiériaalema do gigante conglomerado americano General Motors, o executivo intuiu que o Fusca 6 teria futuro se conguistasse mercados mundo afora. ‘Todas essas circunstincias acabaram se refletindo na via~ bilizagao do projeto e, consequentemente, na populariza- ¢t0 mundial do Fusca em um nivel somente visto ante- riormente com o Ford Modelo T, como mostramos neste segundo capitulo de O Grande Livro do Fusca. SUCESSO COMERCIAL Ep iad A CONQUISTA DO MUNDO trajetoria_de sucesso do Fusca nto deixa de ser bastante curio- sa. Afinal, 0 modelo elaborado por Ferdinand Porsche teve como ‘padrinho” um dos ppetsonagens mais contestados na historia da humanidade e $6 en- ‘rou em linha de produgao seriada cquase 10 anos apés a conclusto do projeto. E isso num pais comple- tamente em ruinas, com 0 povo faminto, sem um mercado regu- larizado e, principalmente, sem consumidores para um automével popular ~situasio, por sina, bas- tante semelhante & encontrada na década de 1920, quando surgiu a pproposta do Carro do Povo ale- ‘mio. Qualquer um que analisasse aquele cenario, portanto, chegaria facilmente & conclusio de que 0 ‘Fasea teria pouca -ou nenhuma— chance de vingar comercialmente. ‘Mhis interessante ainda é que 4 produgao da Volkswagen, re- ativada provisoriamente no fim da 2% Guerra, 6 foi mantida durante 0 ano de 1946 devido & insisténcia de um militar das for- a8 aliadas, 0 major inglés Ivan Hirst, que conseguiu convencer seus superiores a fazer uma en- comenda de 10 mil unidades do bbesouro para uso dos exércitos de cocupasio da Alemanha. Assim, acreditava Hirst, poderia man- ter ativo e alimentado o grupo de operatios que os exércitos aliados encontraram ao tomar posse da fibrica, Sem ter o que fazer, nem ppara aonde ir, eles viviam ali em situagao precéria. 6 que essa encomenda, além de garantir a. sobrevivéncia dos operirios, também acabou sendo de fandamental importancia para co futuro sucesso comercial do pro- tio Fusca. Nao fosse por ela, mui- to provavelmente a fibrica teria sido abandonada, possivelmente cdesmontada, € seus equipamentos transferidos para o exterior como compensasio de guerra. Por sinal, na época chegaram a haver sondagens para que a fi- brica e 0 projeto do Fusca fossem assumidos por algum grupo em- ppresarial da Inglaterra, também como compensacio de guerra. No comego de 1946, uma comis- so do governo britinico chefiada pelo empresirio William Rootes, presidente do Grupo Industrial Rootes — um dos principais fabri- cantes de veiculos da Inglaterra na cocasiao —, fez uma andlise das ins- talagoes de Wolfsburg e do projeto do Fusca. Mas chegou & conclusto de que 0 modelo nto satisfazia as ‘minimas exigéncias de motoriza- s¢20, com desenhho e desempenho pouco atrativos para ser econo- micamente vidvel. Na conclusto do relatério, Lorde Rootes reco- mendou que a fabrica deveria ser desativada imediatamente ou iria a faléncia assim que parasse de re- ceber pedidos das forcas aliadas. TENSOES INTERNAS Por outro lado, 15 10 mil uni- dades encomendadas pelas forgas de ocupagto também fizeram da Volkswagen a tinica fabrica de au- toméveis a funcionar regularmen- tena Alemanha durante o ano de 1946, E os nisticos Fusquinhas destinados aos militares davam ‘um novo alento ao circularem pelo pais devastado, indicando que “algo de novo" estava ocorrendo. ‘Dentro da fibrica, entretanto, a situagdo no era to alvissarei- 1a, Operirios insatisfeitos com as ‘mis condigdes de trabalho devido a situagao precéiria das instalagdes, bboa parte ainda sem telhado, co- megarim a exigir melhorias na alimentagao. Um fato sintomético ‘ocorreu por ocasito da produgto da unidade 10 mil do Fusca, em Qualquer pessoa que analisasse aquele cenario chegaria facilmente a conclusao de que o Fusca teria pouca, ou nenhuma, chance de vingar comercialmente SUCESSO COMERCIA Care putitenrto compara asnrstes Seni, estas someredo mero, @ oor vaisagen ‘outubro de 1946, Antes de receber a pintura, a carroceria do modelo foi ‘adomada” com reclamagbes que traziam diversas reivindica- 8es relativas a “melhores tratos”. (O resultado dessa movimentagio operiria foi que, mesmo apés entre gar o lote de dez mil veiculos is for- as de ocupasio, 0 comando inglés ecidiu manter a fbrica em ativida- de, evitando repercusbes negativa. Uma encomenda do governo pro- visio da Alemanha ajudou nesse propSsito, sendo os carros destinados aos servigos pblicos ede seguranga, ‘Ao mesmo tempo, o Fusca também passou a ser comercializado no "mer cado negro” do pais. Iso porque, para abastecer a fibrica, o carro virou ‘media de troca nas negociagdes com 0s fornecedores, o popular escambo. ‘Um Fusca pronto era trocado por ago suficiente para uma semana de pro- dugao. Outros fornecedores também eam pagos com veiculos prontos, que imediatamente colocavam no mercado para fazer dinheiro. Nao hhavia um prego definido, Era a para lei da oferta eda procura. Cada carro tinha seu valor acertado na hora, de acordo com as necessidades mais ur- gentes do vendedor. Na mesma ocasito, soldados das forgas de ocupagto que haviam economizado seus soldos também passaram a ser clientes particula- res do Fusca. Como recebiam em ‘moeda forte, como a libra esterli- nae o ddlar, eles tinham forga para “fazer 0 prego” na porta da fibri- ca. Umexperto comerciante inglés, ao perceber esse mercado, passou LIMOUSINE STANDARD. UND EXPORT. MODELL a patrocinar viagens de soldados americanos baseados na Inglaterra até a Alemanha. Quando de folga, estes soldados iam até Wolfsburg “a passeio” somente para com- prar um Fusca, que levavam para a Inglaterra ¢ 0 repassavam 20 co- ‘merciante. Este, lém das despesas do passeio, também lhes pagava uum “bonus”, Os carros recebiam acabamento mais aprimorado cram colocados no mercado inglés. ‘Tado isso, entretanto, em vez de virar solugio acabou criando outro problema para 0 comando da fabrica, que passou a ser con- testado pelos fabricantes de vel culos da Inglaterra. Estes, apesar de nto acreditarem no faturo do Fasquinha, no queriam enfren- tar sua concorréncia. Pouco tem- ppo depois, no segundo semestre de 1947, 0 comerciante holandés Ben Pon adquiriu algumas uni- dades do modelo. Essa negociagt0 € considerada a primeira expor- tagto oficial do Sedan, apesar de Fascas jé estarem rodando nto s6 pela Inglaterra, mas também pela Franca e pela Riissia ~ com uni- dades do lote produzido em 1946 para as forcas de ocupacao. DEMARCACAO DE AREA ‘Mesmocomoceticismo demons- trado pelos expecialistasingleses em relagio ao futuro do Volkswagen, (os comandos militares americano, francés, russe até australiano tam- ‘bém se interessaram pelo negécio. (Os russos, inchusive, tentaram mais de uma vez rever a demarcagio da {rea sob sua jurisdigto no pais sub- jugado. Eles pretendiam avangar 12 uilémetros em diregio a0 oeste da Alemanha o que, fatalmente, in- corporaria a regido de Wolfburg; ‘mas iss0 nfo fi aceito pelos outros paises alindos. No caso dos france- ses, a ideia foi logo torpedeada pela familia Peugeot, que nao havia gos- tado nem um pouco da estatizagdo dda Renault e nto desejava concorrer com outra marca apadrinhada pelo _govemo francés em seus dominios. Jo interesse dos. australi nos foi “congelado” pelos oficiais ingleses. Isso porque a propos- ta era de simplesmente desmon- tar a fibrica e transferi-la para a Austrilia, Aos militares ingle- ses, sobraria o énus de arcar com © destino dos opersrios, cerca de seis mil trabalhadores, que fica- riam novamente sem ter o que fazer e comer. Com a falta de interesse dos industriais de seu ppais, o comando militar britinico decidin, a partir de entio, que s6 transferira a fabrica para quem se ppropusesse a manté-la onde estava apresentasse uma proposta firme de investimento na sua recupera- «10. Ou seja: 0 interessado deveria assumir o problema inteiramente. PROBLEMAS JURIDICOS ‘Na ocasito, conversagdes tam- bém foram entabuladas com 0 A Volkswagen chegou a ser oferecida para as gigantes americanas General Motors e Ford, mas nenhuma das duas demonstrou interesse ou acreditou no potencial do Fusca comando militar americano, que chegou a oferecer a fabrica para a General Motors — ja na época © maior conglomerado mundial fabricante de veiculos — mas esta no mostrou nenhum interesse, e também para Henry Ford II, neto do criador do Modelo T, 0 pprimeiro automével popular da historia. Ford Il, inclusive, visi- tou Wolfsburg no comego de 1948 mostrou algum interesse, mas depois desistiu. Dizem que ele ino gostou do carro e previn que co Fusca mio faria sucesso, boato que © proprio Ford TI negou al- {guns anos mais tarde, afirmando que teve interesse pela fabrica ppelo carro, mas devido a uma série ‘de motivos a negociagto acabou nto dando certo. Especialistas no assunto afirmam que 0 neto de Henry Ford foi demovido da ideia ppor seus assestores diretos, que alegaram problemas juridicos ba- seaclos nas origens da fibrica, que oficialmente nao tinha mais dono, mas que havia sido financiada por mais de 300 mil comprado- res. Esses compradores, lesados, adiantaram dinheiro a KdF e po- deriam entrar com um processo de ressarcimento contra o futuro dono da VW. Além disso, a Ford 4 estava instalada na Alemanha (em Colénia) ha mais de trinta anos € mito fazia sentido ampliar seus in- vyestimentos e atividades num pais fusca | 7 SUCESSO MERCI em ruinas e que poderia demorar Nordhoff foi nomeado diretor _Apesar de ficar subordinado ‘muito tempo para se recuperar.Da _executivo da fabrica. 0s militares ingleses, o executi- ‘mesma forma, transferir a fibrica __Engenheiromecénico,eletam- vo exigiue ganhou “carta branca” ppara os Estados Unidos estava fora bém jé acumulava grande experi- para tocar todas as atividades da de questio, pois poderia custar mais éncia no setor automobilistico do VW, tanto na produgio como na caro do que construir novas instala- pais, com passagens pela BMW — comercializagto e na distribui- ges na América, além de fugirdos e pela Opel. Durante a guerra, ao. Uma das suas primeiras pro- interesses dos militares ingleses. ‘foi o responsivel pela fibrica de vidéncias foi fazer um discurso caminhdes da Opel, em Berlim. para os funcionsrios, no qual nto SOLUGAO CASEIRA ‘Caminhdes, ais, que equiparam —_abordou nenhum assunto com re Contudo, antes mesmo da vi exclusivamente oexército alemao. _feréncia ao triste passado entio sita de Henry Ford II,ocomando _ Mesmo assim, na sua “ficha” nto — recente da Alemanha, nem das militar inglés jé havia decidido havia nenhuma ligagao especifi-__pemirias que a derrota na guerra por uma “solugio caseira’, procu- ca, nem simpatia declarada pe- _obrigava a todos alemies viverem rando reduzir seu envolvimento —_los nazistas. Nordhoff, inclusive, _na ocasidio. Simplesmente desta- nnas tenses, tanto internas quan- _havia sido um dos maiores criti _cou que com dedicagao e trabalho to externas. Para isso, no come- cos da proposta do VW antes da_ eles iriam fazer o futuro. Com 0 go de 1948, 0 alemio Henrich guerra. apoio dos operirios, deu inicio a um arrojado plano de ampliagio . da produsao para alcangar a meta Ja em 1948, a Volkswagen fechou a ano 2d wll acdiedas prog pate com a produgao de 19.244 unidades do 1348s eontin meng dy 9 ml peo duzidas no ano anterior. Outra Fusca, o que a tornava a maior fabricante de _ isiciativa foi investir no desen- es _ volvimento da rede de distribui- automéveis da Alemanha na ocasiao gio com o objetivo de nomear jamie EDP mnie, FuscA 200 concessionérios e outros 200 ppontos de assisténcia técnica por toda a Alemanha. REFORMA MONETARIA Enquanto Nordhoff comegou a “amumar a casa, preparando a VW pam o futuro, a Alemanha também comegiva a “entrar nos ebxns’. A ‘principal iniciativa nese sentido foia dogo de uma nova moeda. Em 20 de junho de 1948, 0 Deutsche Mark (marco alemao) sucedeu © desvalo- rizado Reichsmarks que, apesar de ‘mantido em circulagio desde o fim da guerra, nfo tinha mais nenlum valorde troca (isto, inchuve, fez com que o "mercado negro” passasse a re- gular todas as transagdes no pais na ‘casio. Desde moedas estrangeiras 3 pura e simples troca de mercado- ras — até o escambo de cigarros ser- via como base para as negociagbes a fase imediata ao pés-guerra antes da entrada em vigor da nova moeda). ‘Mais de 10 bilhées de marcos rnovos foram colocados em circula- {glo no verto de 1948 e cada cida- dao alemao teve direito imediato a embolsar 40 marcos. Logo em se- _guida foi realizada a troca dos rei- chmarks por marcos novos, 0 que foi feito na paridade de 15 para 1, confirmando a enorme desvalori- ‘agao softida pela antiga moeda. ‘Tado isto, entretanto, injetou now finimo na economia da Alemanha. Com o dinheiro circulando, as ‘mercadorias voltaram naturalmen- te aos pontos de venda. Com a en- ‘rada danovamoedaem irculacao, também péde ser definido o prego de venda do Fusca, algo que foi feito de maneira empirica. Como rio havia ainda a possibilidade de levantamento de uma precisa pla- nha de custos, Nordhoff e sua equipe chegaram 2 um consenso, definindo o prego em 5 mil marcos ~o que equivalia, na ocasiao, a cer- cade 1.200 dolares americanos. Com dinheiro forte woltando a circular normalmente, 0 governo slemo também fomentou 0 cré= dito e o Fusca péde finalmente ser comercializado regularmente. Os resultados nao poderiam ser mais animadores. Apesar de nto ter al- cangado a meta prevista de 22 mil unidades, a fibrica féchou 0 ano ‘de 1948 com a produgao de 19.244 cunidades, fazendo da VW 0 maior fabricante de veiculos da Alemanha ‘na ocasito, Mesmo assim, Nordhoff queria mais. Com a economia do ppais passando a crescer a uma mé- dia de 12% por trimestre, faziam-se necessétiosinvestimentos contimaos ppara atender & demanda, ao mesmo ‘tempo em que era necessirio redu- tir custos de produsao para enffen- tara concorréncia externa. MERCADO EXTERNO Outra preocupasao do executi- vo era com relagio & conquista do mercado extemo. Nordhoff acre- ditava que dificilmente consegui- FUSCA | 9 SUCESSO COMERCIA ria alcangar niveis de produgto compensadores comercializando © Fusca somente no mercado ale- ‘mito. Por outro lado, a aversio a0s alemies e por tudo proveniente da ‘Alemanha ainda era muito grande em toda a Europa naquela ocasito. Exemplo disso foi o prejuizo so- frido por Ben Pon com os primei- ros Fuscas que tentou vender na Holanda, em 1947. Os “carros de Hitler”, como foram denominados, rio tiveram boa receptividade ini- cial. Além disso, eram muito mal acabados, com pintura tosca einte- ‘ior pobre. Pon disse que conseguit vender os carros, com muita difi- GRANGE LIVRO 00 FUSCA Apesar das dificuldades iniciais nos EUA, Nordhoff continuou investindo na expansao dos mercados para o Fusca, nao sé na Europa, mas também em outros continentes culdade, por algo equivalente 2600 délares cada um, Uma pechincha. ‘Mesmo assim, Nordhoff conti- ‘mou apoiando Pon e subsidiando as exportagoes para a Holanda, en- quanto tentava abrir novos merca- dos seguiindo a mesma filosofi; ou seja, nomeando representantes lo- cais nos paises vizinhos. Assim, a tradicional familia belga D'leteren, ue no comego do Século 20 che- goua fabricar antoméveis, assumin a distribuigao do VW na Belgica. Na Dinamarca, foi nomeado o comerciante Axel Semler, que jé distribuia modelos americanos, enquanto na Suécia foi feito um acordo com a familia Wallemberg, a mais rica daquele pais e que con- trolava a fibrica de caminhoes Scania, dentre outros negécios. ‘Outra negociagao importante foi feita com a familia Porsche, que ganhou a representacto do VW para o mercado austriaco, Além disso, Nordhoff também se preo- ccupou em aprimorar acabamen- to do Fusca. Em julho de 1949 foi langada a versio Export, procuran- do atender is exigéncias do merca- do externo. Este modelo custava 5.450 marcos, cerca de 10% a mais do que aversio basica (Standard). Toda a asto diplomética de Nordhoff rapidamente comegou a render resultados. Em 1948, 36 Ben Pon conseguin vender 1,820 Fascas na Holanda. Isso animou 0 comerciante holandés a uma nova e arrojada empreitada: stacar © mer cado americano. Como tinha bons contatos nos Estados Unidos, Ben Pon convenceu Nordhoff a the pa- ‘rocinar numa viagem i Amética no comeso de 1949, Apesar de visitar dliversos empresitios e, inclusive, ser recebido pela diregao da Chrysler, Pon nao conseguiu encontrar nin guém interessado na distribui- slo da marca nos Estados Unidos, Para comprar a passagem de volta & Europa, ele ainda teve de vender 0 Fasca que levon como “mostruirio” para um comerciante de carros uss- dos por 800 dolares. Este foi o pri- ‘meiro Fusca vendido na América. ‘A CONQUISTA DA AMERICA ‘Ao retornar a Europa, um desa- rnimado Pon relatou a Nordhoff que seria muito dificil alcangar sucesso ‘no mercado americano sem 0 apoio de uma rede de distribuigao muito forte e espalhada por todo o pais. ‘Além disso, os americanos nao esta- ‘yam acostumadoscom carros peque- ‘nos como o Fusca. Mesmo assim, Nordhoff nto se deu por vencido. Alguns meses depois, aps o coman- do militar ingles devolver a fibrica [par o governo alemao, ele mesmo decidin ir aos Estados Unidos, no ccomepo de 1950, Mas nto levou ne- inlum carro, apenas catilogos. Ao ppassar pela alfindega americana foi cbrigado a mostrar os folhetose teve dle agientar as brincadeiras dos ins- pptores, que nio acreditaram que se tratava de propaganda de um au- tomével. Com seu fluente inglés, Nordhoff se limitou a afirmar que pretendia vender muitos daqueles “carrinhos’ no mercado americano. © executive alemao tinha a intengao de fazer uma propos ta de parceria para a directo da Chrysler. Mas as negociagbes fi- cearam apenas nas conversas para um possivel acordo no futuro. A visita & entdo gigante americana, entretanto, rendeu a Nordhoff 0 contato com o empresério brasi- leiro José Bastos Thompson, na Epoca um dos principais acionis tas da Brasmotor, empresa que jé ‘montava e distribuia por aqui os ‘modelos da Chrysler. O interesse do brasileiro fez com que, alguns meses mais tarde, a Brasmotor importasse para o Brasil o primei- 10 lote de modelos VW, mas nem de longe Nordhoff imaginava que estava abrindo, com este contato, aquele que seria o terceiro merca- do mais importante na trajetéria db besouro, ficando atrés apenas de Alemanha e Estados Unidos. Ainda na América, Nordhoff conseguiu convencer 0 comer ciante de origem alema, Max Hoffman, a distribuir o Fusca na regito leste dos Estados Unidos, ‘numa irea que ia até o Missisispi. Em julho de 1950, as primeiras 20 unidades do Fusca chegaram 20 porto de Nova York. Mas o obje- tivo inicial de Hoffman, de ven- der um minimo de 1.000 Fuscas por més, nunca se concretizou, Especialista na distribuigto de modelos europeus de prestigio, como Jaguar, Lagonda, Delahye Mercedes-Benz, Hoffman es- tava acostumado a vender peque- znos volumes, com grande margem de lucro, 0 que mio ocorria com © Fusca. Nos trés anos seguintes, ele vendeu apenas 2,000 Fuscas, 0 que obrigou Nordhoff a desfazer © acordo de representagao no fim de 1953, Na mesma ocasiao, John Von Neumann, um comercian- te da costa oeste, jd vendia mais Fuseas somente em Los Angeles do que Hoffman na metade do pais. Assim, 0 besouro comesou a se popularizar na Califérnia. ‘Apesar das dificuldades ini ciais nos EUA, Nordhoff conti ‘muou investindo na expansto dos mercados para o Fusca, nto s6 na Europa, mas também em ou- ‘ros continentes, abrindo filiais na Africa do Sul, na Austria e no Brasil. Tudo isso ainda na primeira metade dos anos cin- quenta. Os resultados, entretanto, eram modestos em relagio as ven- das no pais de origem, onde elas eram impulsionadas pelo “mila- igre econdmico alemio”. Em ape- nas dez anos, a Alemanha sain da rruina provocada pela derrota na Segunda Guerra para se tomar 0 lider no desenvolvimento euro- peu. E 0 Fusea foi no vicuo des- te sucesso, Em meados de 1955, a VW produzin seu milionésimo Fusca. Um marco importante, mas Nordhoff ainda nto estava satisfeito. A América continuava sendo seu principal objetivo. Com a situarao estabilizada © dinheiro em caixa, ele resolveu in- vestir com forga na filial da VW. ‘América: enviou para os Estados ‘Unidos profssionais desua confian- ga como Gottfired Lange, Will van de Kamp e, posteriormente, Carl Hann, o filho de Carl Hann Sénior que, na década de 1930, era diretor da Auto-Union e, junto com o pré- prio Nondoff,foraum dos mais mor- dazes criticos do projeto do Fusca. ‘Assim, em pouco tempo, a curva SUCESSO COMERCIA Abaro,cavo deserigoe icontinos atiamoon rms importador vambem resporsavel pet mon: em regime EXD ‘oFuscano Bras! das vendas comegou a subis. Das smodestas 6,4 mil unidades comer- cializadas em 1954, as vendas pu- Jaram para cerca de 29 mil veiculos em 1955, e no pararam mais. Com a instalagao de uma moderna rede de distribuigao e asisténcia técni- ca, além de uma arrojada campanha de publicidade, que marcou época, © Fusca finalmente conquistou a América. As vendas no pararam cde crescer até alcangar a marca de 400 mil unidades no ano de 1968, que fez dele um dos modelos mais vendidos no competitivo mercado dos Estados Unidos. CHEGADA AO BRASIL As conversas de Henrich ‘Nordhoff com os diretorres do {grupo Brasmotor, iniciadas nos es- critérios da Chrysler, em Detroit, ro primeiro semestre de 1950, se encaminharam para 0 comego da distribuigao do Fusca e seus deri- vvados no Brasil. O boliviano Hugo ‘Miguel Etchenique havia se radi- cado no Pais em 1945 para montar a Brasmotor, empresa que comegou atuando como importadora e dis- tribuidora oficial dos veiculos das ‘marcas Chrysler, Dodge, Plymouth ¢ Fargo no mercado brasileiro. No fim da década de 1940, a Brasmotor jé investia no. proces- Livre bo pusea Antes de se instalar oficialmente por aqui, o Brasil era a segunda opgao da Volkswagen, que desejava abrir uma fabrica na Argentina, considerada a “bola da vez” na época s0 de nacionalizato dos modelos americanos desenvolvendo for necedores de componentes aqui € estampando boa parte das carroce- ras de caminhdes Dodge e Fargo. ‘Além disso, a empresa também ha- vvia implantado uma rede de distri bbuigao, que atingia as principais re- gives do Pais. Para Nordhoff, nto poderia haver uma opeio melhor ppara abrir uma nova frente para o Fasca, num mercado que a prin pio nem estava nos seus planos. ‘O primeiro lote de modelos VW importado pela Brasmotor desem- bbarcou no porto de Santos (litoral ppaulista) no dia 11 de setembro de 1950. No ano seguinte, enquanto era implantada a rede de conces- sionérios da marca, os Fuscas ain- da foram importados montados. A partir de 1952, no entanto, pass ram a vir no regime CKD, sendo ‘montados ¢ acabados mum galpio do outro lado da Via Anchieta, em Sao Bemardo do Campo (Grande Sao Paulo), que ficava a algumas centenas de metros do terreno onde ‘mais tarde seria instalada a prime ra fibrica da VW do Brasil. SONDAGENS NA ARGENTINA No comeyo de 1953, Nordhoff ‘mandouumemissério a Argentina, afim de sondara possibilidade de a ‘VW obter algum incentivo para a ‘montagem de uma fibrica naquele pais, que estava iniciando um pro- cesso de incremento a produrto de veiculos. O escolhido foi Wilhelm ‘Schultz-Wenk, um alemao que es- tava radicado no Rio de Janeiro hi alguns. anos. Schulte-Wenk cox ftumava contar que fz a viagem transatlantica com o objetivo de se radicar na Argentina, mas quando © navio aportou no Rio de Janeiro, a iiltima escala antes de Buenos Aires, ele ficou fascinado pela be- leza e pujanca da cidade e decid descer ali mesmo. 'Na época, a Argentina era mais conhecida e também mais conce tuada intermacionalmente do que 6 Brasil. Na primeira metade do Séeulo 20 fora um dos paises que ‘mais havia crescido e, durante a ‘Segunda Guerra, por ter se declz- sido neutro, acabou acumulando grande estoque de divisas fornecen- do mercadorias para ambos os lados. Por isso, no comego dos anos cin- quenta a Argentina era a “bola da ‘vez” no consenso internacional como pais em vias de desenvolvimento. ‘Mas Schultz-Wenk nao gos tou do que vin, Além da enorme burocracia, também constatou que diversos. grupos intemacionais jé estavam em negociagées avangadas com o governo Argentino, como a italiana Fiat, na época uma empre- sa maior e mais consolidada do que a VW, além de ser concorrente no ‘mesmo nicho de mercado. OLHAR VISIONARIO ‘Ao retomar de Buenos Aires, Schuikz-Wenk passou em Sao Paulo para visitar a Brasmotor. Estimulado com o potencial br leiro, ee envion um relatério deta- thado a Nordhoff afirmando de que oBrasilentoaArgentinaseriaame- thor opto para a VW na América db Sul. Sua confianga era tamanha que conseguin convencer Nordhoff a também apostar no Brasil. Assim, ainda em 1953, Schulte-Wenk foi indicado para comandar a instala- (980 do escritério comercial da VW na cidade de Sa0 Paulo. Esse escritério visava iniciar as negociagbes com o governo brasilei- soparaa instalagio de uma faturafi- ‘rica, Mas, 20 mesmo tempo, tinha co objetivo de fomentarnio s6 asven- clas dos modelos jé montados aqui ppela Brasmotor, como as importa- «@es diretas, que na época eram per- ‘mitidas. Por isso, também foi aluga- do um galpio na rua do Manifesto, ‘no bai paulistano do Ipiranga, no qual foram montadas as primeiras unidades do utilitirio Kombi, o que anda no era feito aqui Brasmotor apenas importava 0 modelo}. Até o fim de 1956, 2 Brasmotor continuou responsével_ pela-mon- tagem e distribuiglo do Fusca sno Brasil. No comego de 1957, a ‘Volkswagen do Brasil assumiu todas as atividades e a linha de montage. fbi transferidaparaa nova fibricains- talada no km 23,5 da Via Anchieta, conde os Fuscas continuaram sendo Jimportados e montados em regime CKD. Em setembro daquele ano, a ‘VW nucionalizou a Kombi, mas 0 Fasca s6 teria seu processo de na- cionalizagao inciado em janeiro de 1959. (Roberto Marks) stores (ne eebies, a poe pees are Shapes see seat cone i, ioe une an, = Eon ee ‘em 1957, na Pam peas mae, a ESOT O MENTOR POR TRAS DO SUCESSO SEM 0 CONHECIMENTO E 4 AsTUCIA DE Hernricu NorpuorrF, 0 Fusca TALVEZ JAMAIS TIVESSE CONHECIDO 0 SUCESSO MUNDIAL © Ferdinand Porsche considerado_o pai do Fusca, Adolf Hitler seu padrinho o major Ivan Hirst, o tutor —aquele que prote- geue cuidou do besouro e sua he- ranga durante a “primeira infin- cia” -, Heinrich Nordhoff, sem nenhuma divida, pode ser defi- rnido como © mentor, ou seja: 0 responsével pelo encaminhamen- to do Volkswagen para sua gran- de carreira de sucesso, O mais curioso que, antes da Segunda Guerra, ele fora um dos mais du- 1s criticos do projeto do Carro do Pow alemao. Na ocasito, como diretor da Opel — empresa j4 entao con- trolada pela General Motors — Norhoff também era um dos conselheiros da RVBA, a asso- ciagao dos fabricantes alemaes de veiculos automotores, € tor pedeou duramente a propos- ta do Fusca. Primeiro, criticou pelo fato do governo se envolver no projeto, algo que ele achava que deveria ficar com a inicia- tiva privada. Depois, quando ctiticar atos do governo ou do proprio Hitler comecou a ficar Livre oo pUscA muito perigoso, Nordhoff pas- sou.a atacar 0 carro, E claro que agia em defesa dos interesses da empresa que repre- sentava. Durante conflito, en- tretanto, ele acabou colaborando no esforgo de guerra alemto por ser principal executive da fi- brica da Opel de Brandenburgo, préximo a Berlim, que produziu caminhdes exclusivamente para o exército alemto, Justamente devi- do aiisso, acabou entrando numa “lista negra” da GM que, apés a guerra, resolveu dispensar todos 0s executives da Opel que, de al- guma forma, se envolveram com o regime nazista. Apesar de nunca ter demons- trado simpatia pelos nazistas ‘ou por suas propostas politicas, Nordhoff foi punido pelo fato de estar no cargo certo, na hora errada. Como alemao ¢ coman- dante da fabrica de caminhoes da Opel, ele fez um trabalho bas- tante eficiente durante a guerra. Porém, em ver disso lhe render ‘uma possivel promogio na hie~ sarquia mundial da GM, acabou Ihe abrindo as “portas da rua” e, como a grande maioria do povo alemio, teve que enfrentar mo- ‘mentos de grande pent REATIVANDO CONTATOS Os lagos de amizade possiili- taram que ele conseguisse trabalho num concessionrio Opel, apés 0 fim da guerra. Uma atividade mo- dlesta para quem jé fora um impor- ‘ante diretor da propria marca. Da ‘mesma forma, 0 ordenado perm tia apenas que sustentasse frugal- mente 2 mulher ¢ as duas filhas, Na mesma ocasiao, Nordhoff pro- curava reativar seus contatos em Detroit, com antigos conhecidos dentro da GM. Chegou a enviar cartas para alguns deles solicitan- do que intercedessem a seu favor junto a direcao da empresa, porém. sem nenhuma resposta. ‘Ao mesmo tempo, a fibrica de Wolfsburgo continuava funcio- nando, mas seu futuro ainda era bastante incerto, jé que ainda nao havia um mercado que garantis- se uma produgio minima e, desta forma, era dificil levantar recur- sos necessérios para financiar a empresa. Preocupado, o comando militar inglés se esforgava na pro- cura de uma saida honrosa para © GRANDE Livea DO EUSCA I a5, Cae reduzir sua responsabilidade di- Ao assumir este desafio, ria fibrica se devia também & reta sobre a fibrica, mas queria Nordhoffestava prestes a comple-- total falta de moradias nas proxi- ‘manté-la funcionando. A solugio tar 49 anos de idade, enquanto a midades, sendo que os operirios veio pela VBA —a nova nomen- fibrica alcangava a produgio da —_viviam mum amontoado de bar- clatura da associagio dos fabri- unidade 20 mil do Sedan. E,com —racos 20 lado dos galpoes, ainda cantes de veiculos -, que indicou a mesma forga com a qual havia em ruinas, nos quais os primeisos Nordhoff aos ingleses. criticado 0 Volkswagen anterior- Fuscas foram fabricados. Mas, 20 ‘Apesir de mal empregado e mente, ele se dedicou a resgatar tomar esta decisto, Nordhoff deu enfentando uma situasio dificil, 0 projeto, sua fabrica e, principal- um sinal bastante positivo 20s co- Nordhoff ainda relutou ao receber 0 mente, procurou incrementar as _mandados, mostrando que todos convite. Seudesejocontimavaemser_vendas do modelo. Assim, colo- estavam “no mesmo barco”. Iss0, readmitido pela Opel. Porém, quan- cou uma cama de campanha nas junto com o discurso que fez a0 do vin que isso seria impossivel, ele nisticas instalagdes, ao ladode seu assumir a fabrica, além da convi- ‘no teve outraaltemativa sendo acei-_escritbrio na fibrica, e ali se aco- _véncia diéria, indicou uma nogio tara proposta oferecida pelos ingle modou trabalhando diae noite, sé de verdadeiro comando, algo que ses. Assim, em janeiro de 1948, deci indo para casa aos domingos para os alemies sempre prezaram. diuassumir 0 comando eecutivo da reverafamiliaecomelairamissa, Sua experiéncia no coman- Volkswagen desde que tivesse “carta como catdlico fervoroso queera. do da fibrica de caminhdes da ‘branca’ para agir, apesar de conti- Opel, durante a guerra também ‘uar subordinado ao major Hit, ji NO MESMO BARCO foi de importante valia. Uma que os militares ingleses se mantive- A necessidade de ter que se das primeiras preocupagdes de ram como gestore da fibrica. acomodar nas instalagdes da pré- _Nordhoff em Wolfsburg foi me Ihorar a qualidade de alimenta- «20 dos funcionirios — para isso, taimese, Quando Nordhoff chegou a Volkswagen, Eiimmnlonesertapdo de Hortarem ofan —Q processo completo de fabricagao e torno da fibrica. Outra agao do executivo foi implantar o sistema agesiads —montagem de um Fusca ficava em torno de de organizago e métodos para seem 400 horas. Em pouco tempo, ele conseguiu eqn ssicasantaoe vonage : , sezsum reduzir 0 processo para cem horas smontagem de um Fusca ficava em tomo de 400 horas. Em pou- co tempo, ele conseguiu reduzir isso para cem horas. ‘Assim, ao fechar os resultados 1no primeiro ano sob seu comando, a Volkswagen teve um incremento cde 150% na prochigao com 19.244 unidades montadas durante o ano de 1948. Vale destacar que, duran- te aquele ano, ocorren a reforma ‘monetiria que criou o novo marco alemio. Com isso, © mercado do pais se regularizou novamente 6s alemies puderam comprar seus primeiros Fuscas. Mesmo assim, Nordhoff estava focado na expor- tagto, o que possibilitava aentrada de divisas em moeda forte 0 que possibilitava investir na compra de equipamentos e ampliar a capac dade de produgao. Por isto, em julho de 1949 foi langada a versdo Export, com aca- bbamento mais acurado, cimbio jé equipado com segunda, terceira fe quarta marchas sincronizadas, além de sistema de freio hideduli- 0, enquanto a versto para o mer cado intemo continuava com cim- bio totalmente seco e freio a varto. Pouco tempo depois, em setembro cde 1949, os ingleses devolveram oficialmente a Volkswagen para © governo alemao. Finalmente a fibrica do Fusca tinha um dono: era governo da Baixa Saxinica, ‘mas seu patrio ji era conhecido ha ‘bom tempo: Henrich Nordhoff. PODEROSO CHEFAO E assim, da mesma forma como jé havia agido com os in- gleses, Nordhoff se impés em relagio aos politicos alemies concentrando todos os poderes no controle da VW. Investido de tanto poder, ele costurou por conta prépria um acordo com Ferry Porsche pelo qual se propos 1 pagar 200 mil marcos alemaes (importincia que correspondia ina época a USS 48.000, cerca de US$ 365.000 atualmente), a vista, para Ferdinand Porsche e famili ppelo projeto do Fusca e mais ova- lor de 1 marco como royalty por cada VW vendido até o fim da produsto do besouro. Além disso, garantin o forne- cimento de componentes a prego de custo para o carro esporte, 0 356, que Ferry Porsche ji estava ‘montando com pegas compradas tno mercado. E os Porsche ain- da ganharam a representagio da soared Valea pea: Rate: Em troca, Nordhoff exigiu que a familia se comprometesse a nao desenvolver e muito menos produ- ir nenhum modelo concorrente a0 besouro, tanto em concepgao ‘técnica como em classe de cilin- drada Ele também colocou na pproposta a cléusula que fazia do Konstruttionbiro uma empresa de consultoria i disposigao da VW. Ferry Porsche quase nao acre- diton no que the estava sendo proposto. O proprio Nordhoff reconheceu, anos mais tarde, que nto precisaya ter sido tio gene- oso, mas deu a entender que foi ‘uma forma de reconhecimento 20 ppojeto de Porsche e também uma forma de se desculpar pelo fito de tersido um dos mais duros criticos do Fusca e de seu projetista. Mais tarde, na década de 1960, a fami- lia Porsche comprou uma peque- na participagao na VW quando 0 3 GRANDE LiVRc del mio de veeuos em 1955 faoscma) DO FUSCA | a7 ESOT ae} goremo alemao abriu o capital da empresa. Com o passar dos anos, esta participagao foi aumentando. CONQUISTA DA AMERICA No comego de 1950, Nordhotf reforgou seu principal objetivo, que era a abertura de novos mercados para o Fusca. E ele proprio foi aos Estados Unidos fazer os contatos para nomeagao de um distribuidor para o Volkswagen na Amér ‘Mas o inicio das vendas no gigan- te e concorrido mercado america- no foi bastante timido. Nos trés pprimeiros anos, foram comer lizadas apenas duas mil unidades. sso em nads satisfazia « ambiclo de Nordhoff, jé que na Europa o Volkswagen rapidamente virou um grande sucesso de vendas. ‘© modelo, que em margo de cont 1946 teve a milesima unidade fe figiama —bricada,superou em agosto de 1955 Woisbwrg cup a.produgto acumulada de 1 milhto ‘amiil0a@2 de veiculos e logo depois, em de- ‘asingiatvas —zembro de 1957, jé chegava aos 2 femeloas jesdsspor milhdes. Era ento o automével Norah GRANGE LIVRO 00 FUSCA No comego de 1950, Nordhoff reforgou seu principal objetivo, que era a abertura de novos mercados para o Fusca. E ele proprio foi aos Estados Unidos fazer contatos para a nomeacao de um distribuidor na América ‘mais vendido na Europa ¢ a VW (© maior fabricante do continen- te. Algo que, bem provavelmente, ‘nem o proprio Nordhoff imaginara dea anos antes, quando ainda re- Jutou para assumir 0 comando da fibrica em ruinas. Com tamanho sucesso, bem poderia ele descansar se satisfazendo com os excelentes resultados no mercado europeu. ‘Mas, para Nordhoff, 0 mercado americano ainda contimava como principal objetivo, apesar de ouvir constantemente de que os consumi- dores gostavam de carros bem maio- res que o Fusca. Porém, com muito dinheiro em caixa, ele investiv na criagto da Volkswagen of America, abrindo uma grande rede de conces- sionitios espalhados de leste a oes- te dos EUA, além de um sistema diferenciado de atendimento, que surpreenden os prprios fabricantes americanos. Assim, ji em 1958, as ‘vendas da VW no mercado america- ‘no subiram para 80 mil veiculos. No ano seguinte, Nordhoff in- dicou um jovem executivo de 32 anos de idade para comandar a firea comercial da VWoA. Filho de Carl Hahn, o diretor comercial da Auto Union que, antes da guer- 1a, também havia sido um dos mais ferrenhos crticos do Volkswagen. Dinimico © com muita vontade de fazer carreira na empresa, Car! ‘Hahn Jinior chegou aos Estados Unidos com novas idéias e dispos- to a utilizar de todas as ferramen- tas de marketing necessérias para fazer a VW conquistar seu espago rnaquele fabuloso mercado. MARKETING AGRESSIVO Uma de suas primeiras ini- ciativas foi contratar a agén- cia de propaganda Doyle Dane Bernbach, hoje mundialmente conhecida como DDB. Na épo- ca, apesar de ser ainda agéncia pequena e com apenas dez. anos de atividade, ja era reconhecida pela sua criatividade. Com cam- panhas ousadas e bem humors- das, a DDB fez o Volkswagen deixar de ser um ilustre des- comhecido para os americanos abordando na _comunicagto pontos que sensibilizaram os consumidores e ajudaram a.con- quistar e consolidar seu espago naquele rico mercado. ‘Mas também nio se pode es- quecer da logistica de distribuisto. Processo em que Nordhoff nto economizou, chegando a arren- dare, até mesmo, comprar navios para reduzir o tempo na travessia do Atlintico, Estes navios trans- portavam semanalmente centents de veiculot e o Fusca virou uma ‘mania nos Estados Unidos duran- te of anos sestenta, quando a mé- dla de vendas superou as 300 mil unidades/ano, alcangando o recor- de de vendas de 423 mil veiculos em 1968, Até uma linha de mon- tagem, em Kassel, foi construida para produzir exclusivamente para © mercado americano, E importante destacar que este sucesto, que se refletia sig- nificativamente no faturamento da empresa, representando cer- ca de 308 da produsto total do modelo na Alemanha, resultava em uma modesta fatia de ape- rnas 396 no gigantesco mercado americano. Apesar de ser 0 au- tomével europeu que, até entto, teve maior sucesso na América, o Volkswagen detinha um pe- queno nicho daquele concorrido mercado. Mas a politica agres- siva para operar nos Estados Unidos acabou servindo de exemplo para outros fabricantes mundiais, que mais tarde tam- bém conseguiram seu espaso na América. © sucesso mundial aleanga- do pela Volkswagenwerk levou © govemo alemto a privatizar a empresa por meio da abertura do capital, colocando agbes na bolsa de valores no comeso da década de 1960. Os pacotes com nimero limitado de agpes foram pratica- ‘mente disputados “a tapa’. Quem teve a sorte de adquirir um, em poucos dias comemorou ganhos fenomenais com valorizasao ime- dlata das asdes. Isto, porque du- ante 08 anos sessenta e comeso dos setenta a produgio do Sedan Volkswagen manteve uma cons- tante curva ascendente. FIM DE UMA ERA © sucesso em quatro continen- tes fez.com que a produgao anual do Fasea, de 1964 a 1973, fcasse sem- pre acima de 1 milho de unidades, alcangando 0 pico de 1,4 milhio de veiculos em 1971. Mas este auge também indicava que o fim da era de ouro do Fusca esta préxima. O enorme sucesso nos Estados Unidos fez 0 governo daquele pais ini ‘um rigoroso processo com a finali- dade de criar normas mais rigidas de seguranga dos automéveis algo que, ppouco tempo mais tarde, também acabou atingindo o proprio VW. ‘Mas Nordhoff parecia nto querer_acreditar nessa_possil dade. Depois de ter sido um dos ‘mais ferrenhos criticos do projeto, ele se tornou o maior defensor do Volkswagen. Tanto que passou a acreditar que a vida itl do modelo ppoderia se perpetuar etemnamente. ‘Nos vinte anos que comandou a empresa, ele focou sua atuago ape- rnas na ampliagao da capacidade de pprodugdo do Volkswagen, sem se preocupar diretamente com o de- senvolvimento de novos modelos, a indo ser que fossem derivados base- ados na mesma plataforma e meci- nica, como a familia Tipo 3. Tsso, inclusive, gerou algum desconforto quando 0 govemo alemio praticamente exigiu que a VW assumisse 0 controle da nova Auto Union, empresa cria~ da em 1950 para voltar a produ- zir 0 DKW, mas que em 1958 tinha passado para o controle da Daimler-Benz. Como esta nio ti- aha mais interesse pelo negscio € pretendlia encerrar as atividades da empresa, Nordhoff se interessou ppelas unidades fabris, nas quais ppretendia ampliar a capacidade de producto do Fusca, sem precisar construir novas fibricas. ‘Mas o governo germanico, preo- cupado com o destino da empresa e de seus funciondtios, procurou uma solugao de compromisso e “empur- rou! o negécio para aquela que era ‘empresa mais popular do pais na qual o estado ainda era o principal acionista. Talvez pela primeira etn cavezos politicos conseguiram obri- gar Nordhoffa fazer algo que ele nto pretendia, tendo a VW assumido controle aciondtio da Auto-Union, em 1965, algo que acabou se mos- ‘trando de fundamental importincia para o futuro da VW. Com a morte de Nordhoff, em abril de 1968, aos (69 anos de idade, também se encer- ava o fim de uma era na historia da empresa. ¢ (Roberto Marks) ‘Acta, Norah 2 ene fos pods de ‘ecomens de urdades do VW > FUSCA | a9 COSTS AO TOQUE DA BRISA charmosa versio con- versivel faz. parte do pprojeto do Fusca des- de os primeiros esbo- gos na prancheta realizados pela equipe comandada por Ferdinand Porsche. Dos trés protétipos cons- truidos pelo Baro para os primei- ros testes, realizados no fim de 1936, um era conversivel. Jé por casio da colocagao da. pedra fundamental da futura fabrica de Wolfburg e langamento oficial do modelo, em maio de 1938, trés versdes estavam expostas. Junto com 0 Sedan basico e 0 conver- sivel, também foi apresentado o ‘modelo com teto de lona escamo- teavel, que mais tarde se popula- rizaria como *Sun-roof” ou, para 1n6s aqui no Brasil, teto solar. ‘A opeio de apresentar duas verses transformadas no langa- mento de um modelo com apelo popular, do qual a principal pre- ocupagao era o preco final, nto deixa de ser curiosa. Alguns es- pecialistas afirmam que o con- versivel havia sido uma exigéncia de Hitler. Outros acreditam que Porsche apenas desejava agradar o ditador, que tinha certa prefe- réncia por carros abertos. Nao se pode esquecer, entretanto, que também pode ter sido uma maneira inteligente do proje- tista destacar a versatilidade do modelo, com sua capacidade de gerar diversas versoes devido 20 ppritico sistema de chassi-plata- forma multiuso. ‘Mas outros fatores também devem ser levados em considera fo na proposta de apresentar os dois modelos com tetos eseamo- tedveis. O principal deles € que, curiosamente naquela época, as pessoas ainda estavam se familia- bo FUSCA | a NVERSIVEIS | oO GRANDE rizando aos automéveis de caro- cetia fechada. Nao se pode esque- cer que, até meados da década de 1920, a maior parte dos automé- veis fubricados era aberta e vinha com teto de lona retritil que, ge- ralmente, era um opcional cobra- do 4 parte. Além disso, o longo € rigoroso inverno do hemisfério norte também incentivava, e in centiva ainda hoje, a aproveitar a0 méximo qualquer dia de sol ~ e para isso nada melhor do que um carro conversivel. Durante a guerra, poucas uni- dades civisdo Sedan foram produ- zidas ~ nenhuma conversivel, 20 que se sabe. Porém, alguns exem- plares do Kommandeurwagen so- rum de fibrica equipados com o teto de Lona escamoteivel, o que facilitava sua utilizagio no campo de batalha. RESGATE INIMIGO Logo apés a rendigao da Alemanha, o controle da fibrica ficou sob jurisdigao do exéreito inglés — por muito pouco (ques- tto de alguns quilémetros) nto vro be FUSEA Durante a 2* Guerra, alguns poucos exemplares do Sedan Kommandeurwagen sairam de fabrica equipados com o teto solar de lona escamoteavel, o que facilitava sua utilizagao no campo de batalha cain dentro da area controlada pela Unio Soviética na futura Alemanha Oriental, 0 que, com certeza, teria alterado completa- mente a histéria do Fusca. Numa primeira fase, os ingleses preten- diam utilizar as instalages da fibrica apenas como base para reparar seus veiculos militares. ‘Mas, no que sobrou dos escom- bros provocados pelos bombar- deios aliados, encontraram um grande estoque de componentes, especialmente do Kibelwagen, ¢ decidiram reiniciar a montagem deste modelo para uso das forgas de ocupagio aliadas. Assim, no segundo semes- tre de 1945, pouco mais de qui- inhentas unidades do Kiibel foram ‘montadas em instalagdes precé- ras, até acabar o estoque de car- rocerias, ji que eram produzidas ra fabrica da Ambi-Budd, que fi- cou na érea controlada pelo exér- cito soviético. Os ingleses nao queriam de- pender dos soviéticos na pro dugao de novas carrocerias do Kiibel, mas ainda mantinham uma quantidade razoivel de componentes mecinicos em estoque. A solugao foi iniciar a estampagem de carrocerias do Fusca para serem monta- das sobre as plataformas que haviam sobrado, todas desen- volvidas seguindo a receita dos Kommandeurwagen. Na ocasito, 0 comando da fabrica era do engenheiro Ivan Hirst, um jovem major do exér- cito inglés que falava muito bem alemao e que, apesar de espe- cializado em engenharia ética, gostava muito de carros € co- mhecia a histéria do projeto do Fusca. Foi ele o principal res- ponsivel pela trajetéria Futura do besouro. Com os estoques de pegas acabando, a falta de perspec- tivas com relagao ao futuro da fabrica era grande no fim de 1945, Foi quando o major Hirst conseguiu convencer seus ofi- ciais superiores do Comando Militar Britanico de ocupagto da Alemanha a fazer uma en- comenda de 10 mil unidades do Sedan, que seriam dispo- nibilizadas para uso das forcas de ocupagao e também para os servigos ptiblicos necessérios 20 novo _governo alemao pés- guerra. Curiosamente, os ingle- ses, que eram considerados por Hitler como os principais ini- migos da Alemanha, acabaram tendo papel fundamental na re- cuperagao do projeto do Carro do Povo alemto. ‘Mas os ingleses também ti- vyeram outra participagio impor- tante no destino do Fusca devido 3 sua peculiar paixto pelos roads- ters. Exemplo disso foi o modelo Raddlyffe, um Fusca conversivel de uso pessoal do corone! Charles Raddlyffe. Segundo consta, esta versio de apenas dois lugares ¢ um rristico teto de lona foi construido na fibrica de Wolfsburg em 1947, Porém, como a produgio esta- va toda concentrada no Sedan, é bem mais provavel que este pro- t6tipo tenha sido desenvolvido externamente pelo encarrogador ‘Hebmiller. Na ocasito, Hebmiiller FUSCA | 23 Ocomersnel da emote sedterenetara Cabrole da Karmam ent varosaspects, ‘como as nha acarrocena,0 ‘espayoimerno iss pesoas zpi0d3 “ana? ‘quefeaaa © fremedapona {8 era responsivel pela transforma- ‘¢80 dos Fuscas sem teto fornecidos para as forcas policiais alemas. FUSCAS CABRIOLET Outro indicio & 0 fato de Hebmiller ter langado, no fim de 1948, seu modelo conversivel comercial, que se diferenciava do carro do coronel Radelyffe em pe- quenos detalhes, mantendo, in- clusive, o aspecto bastante pecu- liar que se destacava pela traseira alongada. No periodo de 1949 a 1951, foram produzidas apenas 696 unidades desta charmosa versio. Um incéndio destrain a fabrica de ‘Wuppertal ainda em 1949, pondo fim aos planos da Hebmiiller dois anos mais tarde. Ainda em 1949 era langado o VW Cabriolet, cuja transfor magio foi encomendada pela Volkswagen a fibrica de carro- cerias Karmann, localizada na cidade de Osnabriick. Porém, 0 contririo do Hebmiiller, 0 modelo da Karmann preservava todo o espago interno do Sedan original. Para isso, inclusive, a capota, quando rebaixada, em verde ficar escondida, permane- ce saliente, totalmente visivel. O visual agradou e contribuiu so- bremaneira para a trajetoria de sucesso desta versio, fabricada durante 32 anos ininterrupta- mente. A Karmann, inclusive, continuou transformando carro- cerias até 1980, dois anos apés 0 encerramento da producto ofi- cial do Fusca na Alemanha. Na inauguragto oficial da fabrica de Sto Bernardo do Campo, em novembro de 1959, © primeito presidente da VW do Brasil, Friedrich Wilhelm Schultz-Wenk, dirigiu um Volkswagen Cabriolet tendo o presidente mundial da VW na ocasito, Heinz Nordhoff, além do presidente da Repiiblica A versdo Hebmiller foi fabricada apenas de 1949 a 1951. Ja o Cabriolet da Karmann, também langado em 1949, foi produzido ininterruptamente até 1980, dois anos apés 0 encerramento da produgao oficial do Sedan na Alemanha Juscelino Kubistschek ¢ do go- vernador do Estado de Sto Paulo Carvalho Pinto como passagei- ros. Durante muitos anos, a VW do Brasil manteve esse modelo, que era importado, para receber visitas importantes. Contudo, apesar de contar com a instala- to da Karmann-Ghia no Brasil, Fusca Cabriolet jamais foi fa- bricado por aqui. Somente na década de 1980, apés o encerramento da produ- 20 desta versio na Alemanha, algumas empresas nacionais co- megaram a transformar de ma- neira artesanal o Fusca em con- versivel. Foi o caso da Avallone e da Sulam. E foi num modelo da Sulam que aquela cena voltaria a se repetir, quase 34 anos depois, quando a linha do Fusca foi rei- naugurada em agosto de 1993. ‘A bordo do conversivel estava presidente Itamar Franco, senta- do no banco traseiro, e a0 volante o presidente da entao Autolatina, Pierre-Alain de Smedt, tendo a0 seu lado 0 vice-presidente de ‘Compras da Volkswagen mun- dial, o espanol José Lopez de Arriortia. (Lut Guedes) FUSCA | a5 VERSAT ESPIRITO ESPORTIVO AO LONGO DE SUA TRAJETORIA, 0 BESOURO TAMBEM MOSTROU TODA A VERSATILIDADE DO PROJETO NAS MAIS VARIADAS PROPOSTAS ELABORADAS SOBRE SEU CHASSI/PLATAFORMA versitil chassi/pla- taforma do Fusca, com © motor po- sicionado atris do cixo traseiro, foi fonte de inspira go para imimeras propostas de veiculos diferenciados e para todo © tipo de utilizagao. Muitas de- las foram exploradas pela propria ‘VW, gerando familias inteiras de ‘modelos, Mas, sem nenhuma chi- GRANDE LiVRO BO FUSCA vida, durante a longa trajetoria co- ‘mercial do Fusca, a maioria desses projetos especiais acabou sendo de ‘versdes com caracteristicas espor- tivas, nem que fossem apenas na aparéncia externa, Tudo comegou quando Ferry Porsche, 0 filho do criador do Fusce, desenvolveu, em 1948, 0 Porsche 356, seguindo a tradigto de smumeragao dos projetos desde 0 co- ‘mego das atividades do escrito de engenharia de Ferdinand Porsche, © Konstruttionbiro de Stuttgart. A principio, a proposta era utilizar apenas a mecinica original do be- souro adaptada a um chassi tubular de ago desenhado para acomodar (© motor entre-eixos, o que garan- tia melhor equilibrio na distribui- {lo dos pesos e, consequentemen- te, mais exportividade. Porém, por questay ce contengao nos custos, Ferry acabou optando pelo chassi convencional do Fusca. Esta decisdo também foi refor- sada pela necessidade de ganhar tempo no langamento e produsa0 dlaquele que seria 0 primeiro espor- tivo da hoje mica marca Porsche. Para isso, Ferry tomoui como base Fasea com cartoceria aerodinami- ca, 0 Rekordwagen, que ele mesmo havia desenvolvido antes da guerra, pam participar da corrida de estra- da Berlim-Roma, programada para © ontono de 1939, mas que acabou cancelada por conta do inicio da Segunda Guerra. Este modelo de comida, denomi- ‘nado dentro do Baird como Tipo 64 ¢ oficialmente, Tipo 60 K 10, tinha carmoceria com desenho especial, com a finalidade de reduzir a area srontat, 1amem por iso, os recortes cos paralamas eram carenados com saias. Equipado com motor de 1.500 ce? de 40 cy, le podia alcangar ve- locidace méxima de 140 kan/h, algo considerivel na época. Tanto que, apésa guerra, um dos protstipos so- breviventes foi utilizado em compe- tigdes durante muites anos pelo pilo- to austriaco Otto Mathé. ‘Tendo como base a carroceria deste protétipo, Ferry Porsche de- senvolveu 0 356/2, 0 modelo espor- tivo derivado diretamente do Fusca ¢ hoje considerado um cléssico na historia do automével. Para dife- rencis-lo do modesto desempenho do besouro, Porsche investiu no desenvolvimento mecanico, Assim, (© motor 1.100 original do Fusca ppassou de 25 cv para 40 ev no es- pportivo 356 posteriormente, tam- 0 Passche 356 mde ser cennsderaelo “primero fio” tambam omats ‘enblematicodervado do popular Vakswagen ‘bém foi desenvolvido pela Porsche ‘um motor de 1.500 cm? com 70 cv. Por tudo isso, apesar de nito ter sido prouzido pela Volkswagen, o Porsche 356 pode ser considerado 0 primeiro e verdadeiro modelo es- portivo derivado do Fusca. OUTRAS PROPOSTAS © ripido sucesso alcancado ppela Porsche, entretanto, chamou a atengio de diversos encarrosa- dores da Europa, que pastaram a encomendar plataformas. prontas ina VW para montar sobre elas car- rocerias de design esportivo. Uma delas foi a Rometsch, que também ioralose FUSCA | a7 Lay ‘cima, a ersa0 ‘esporina selma ‘asians Drews Wa foto da dren: ‘Rome “sesenhado ‘em 1957 pelo amercano Bert, Caveenes desenvolveu posteriormenteoFusca alongado de 4 portas destinados aos servigos de taxi na Alemanha. ‘Jaem 1950, a empresa estabelecida ‘na Grea oriental de Berlim langou ‘um esportivo de carroceria bastan- te clegante assinada pelo designer Johannes Beeskow, com versdes cupé e conversivel. Por suas linhas arredondadas, 0 modelo acabou sendo apelidado de banana. Mais tande, em 1957, a Rometsch langou ‘um novo modelo desenhado pelo americano Bert Lawrence, com ‘modernas tendéncias de estilo. ‘Outraencarrogadora ale mi a investir nesta proposta foi a Dannenhauer & Strauss, de Stuttgart, que desenvolveu sua carroceria bastante influenciada pelo Porsche 356. Cerca de 100 unidades foram produzidas entre 1951 e 56. Em Viena, Austria, 0 engenheiro Wolfgang Denzel fa- bricou durante a década de 1950 cerca de 350 unidades de um es- portivo com motor de 1.290 cm? e 60 cy preparado por ele. Também ‘ix Auli x nis eoca Ge irmaos Drews fabricaram cerca de 150 unidades de sua versio espor- tiva sobre a plataforma do Fusca. Da mesma forma, na viinha Suica, a Beutler — que desenvolven a primeira station-wagon sobre a car roceria do Fusea — também fabricou ‘uma charmoso esportivo sobre a pla- taforma do besouro que, entretanto, podia virequipado tanto com motor ‘VWouPorsche, de acordo como de- sejo do comprador. Ainda na Suiga, {bl fabricado o spider Enzmann 506, © primeiro modelo esportivo com cartocetia de plistico reforgada com fibra de vidro montada sobre a pla- taforma do Fasca. Logo em seguida, ‘no comego dos anos sestenta, 0 en- carrogador alemao Ulrich Otten, de Bremen, langou o Jetstar, também com carrocera sintética montada so- bre o chassi VW. Porém, desde o langamen- 0 versatil chassi/plataforma do Fusca, com motor posicionado atras do eixo traseiro, foi fonte de inspiragado para inimeras propostas, boa parte delas com apelo esportivo to do Karmann-Ghia, em 1955, Nordhoff passou a jogar duro com os encarrosadores, dificul- tando 0 fomecimento de plata- formas da fibrica para reduzir 2 concorréncia a0 novo modelo. sso acabou desestimulando os fabricantes artesanais. Mas a se- mente estava langada e migrou ppara os Estados Unidos, onde os automéveis sempre tiveram vida ‘itil mais curta. Por isso, durante a década de 1960, surgiram di- vyersas propostas de kits de carro- ceria de plistico reforgadas com fibra de vidro para serem monta- dos sobre plataformas de Fuscas usados. Um dos pioneiros foi Bill Devin, que langou, em 1961, 0 kit do Devin D, um roadster com de- senho da carroceria influenciado [por esportivos mais potentes. MANIA AMERICANA Seguindo na mesma tendéncia, a também americana Fiberfab de- senvolveu réplicas de diversos mo clos famoses para serem montadas sobre a plataforma VW 2 ar. Uma clas mais conhecidas foi o Avenger, inspirado nas linhas do Ford GT 40, modelo de competigao que se dlestacou na famosa competicio 24 ‘Horas de Le Mans na segunda me- tade dos anos sessenta. Uma des- sas carrocerias, inchusive, foi trazi- da para o Brasil por uma empresa ppaulista que cogitou montar por aqui o carro completo, sob a deno- ‘minagio de Shark, no comego da década de 1970. Segundo consta, sum dos motivos da desisténcia do Shark foi a dificuldade de forne- cimento de plataformas novas por parte da VW do Brasil. ‘Mas outro modelo desenvolvi- do nos EUA e também inspirado ‘no Ford GT 40, poném sem o mes- ‘mo requinte, acabou sendo fabri do no Brasil. Com a denominagao inicial de Lorena, recebeu cons- ‘antes modificagées, sempre acom- panhadas de novas denominagées, Ainda na América, foi fabricado 0 kit Karma, com estilo infnencia- do pela primeira versio do Dino Fernati, ¢ também 0 Bradley GT, uma mistura de esportivo e bugue, j@ que mio tinha portas. Enquanto isso, na Inglaterra, foi desenvolvido o Sterling, em 1971, com uma pro- pposta ousada na qual eapota, para~ bisa vidros formavam uma tinica pega que se levantava apoiada em amortecedores. Posteriormente, 0 ‘modelo foi fabricado nos Estados ‘Unidos, mas sem a curiosa capota. POPULARIZACAO NO BRASIL InspiradanohistéricodaPorsche, a Puma Veiculos e Motores apro- veitou a facilidade da moldagem em fibra de vidro para desenvolver aqui no Brasil um esportivo sobre 1 plataforma encurtada do Fusca. Isso foi em 1967, quando a empresa ppaulista nto pide mais contar com © fomecimento de chassi e motor DKW, que equipavam seu primei- 10 modelo, Com design desenvalvi- do por Rino Malzoni, o Puma GT equipado inicialmente com motor ‘VW 1.500 acabou se tomando um dos mais belos e cobigados esporti- ‘wos montados sobre a plataforma do Fusca, Foram fabricadascerca de 23. oesportivo SP paraconcorrerdireta- milunidadesdeste modelo,comum mente com o Puma. grande mimero devveiculosexporta- Mais tarde, com o encerramento clos para cerca de 50 paises. da produgao dos modelos Karmann- ‘No comego, contudo, a Puma Ghia e SP, 2 VW afrowson suas também nao teve vida fic, ji que a _exigéncia, 0 que posbiltou o sur- ‘Wb Brasiltentou detodasasma-_gimento de diversos esportivos na~ neiras evita 0 fornecimento de pla- _cionais sobre a plataforma do Fusca, ‘taformas. Segundo consta, até auto- como o MP, réplicado modeloinglés ridades do governo militar na época. MC, a primeira versio do Minra, 0 tiveram de entrar na discussio para Bianco © mmitos outros. Até hoje, convencer 2 VW a fornecer plata-~ nfo fo feito um levantamento pre- formas regularmente para a empre- ciao de quantos modelos esportivos sa brasileira. A fibrica alegava que, foram desenvolvidos montados sobre como jé fibricava o Karmann-Ghia, _aversiti plataforma VW aar nos di- rao tinha interesse de abastecer a versos cantos do mundo. Mas, com concorréncia, Dizem até que, irita- toda a certeza, este mimero deve fa- dda pelas presses vindas de Brasilia, __cilmente passar de uma centena, ou a VW brasileira decidiu desenwolver até duas. UTILITARIO DIFERENTE Langado contemporaneamente & familia VW Transporter, 0 uti- lititio Tempo Matador foi fabricado por cerea de quatro anos — do fim de 1949 a 1952 ~ pela Vidal & Sohn Tempo-Werke GmbH, empresa da cidade alema de Hamburgo, que havia se populariza- do na produgto do triciclo de carga hanseat desde 1924, Durante a Segunda Guerra, aempresa chegou a fornecer para o exército alemio uum cutioso veiculo de transporte com sistema de ditegto nas quatro todas. O Tempo Matador se caracterizava por utilizar o motor VW boxer de 1.100 cm’, fornecido diretamente pela fibrica de Wolfsburg 6 que este era montado atris do eixo dianteiro, acoplado a uma caixa de cambio ZF de quatro marchas no sistema transeixo, semelhante 20 do Fusca, porém com tragio dianteira. Fornecido nas versOes picape € fargo, o Tempo Matador fez relativo sucesso com 1,362 unidades fabricadas. Sua produgdo s6 foi encerrada porque, segundo consta, a ‘VW decidiu cortar o fornecimento do motor e transmissio, bo FUSCA | 29 SEDAN OVAL 1953 EVOLUGAO AS PRIMEIRAS UNIDADES DO Fusca CoM VIGIA INTEIRICO EM FORMATO OVAL, CONSIDERADO A PRIMEIRA GRANDE TRANSFORMACAO ESTETICA NA LONGA TRAJETORIA DE SUCESSO DO BESOURO 3 Fusca és 0. projeto ser man- tido praticamente irmu- tivel desde a retomada ia produao civil — em 1945, com o fim da 24 Guerra -, 0 Fasca iniciou a década de 1950 com avangos técnicos e mercadolégi- cos. A versio Export/Dehuxe, por cexemplo, nem bem havia completa do trés anos de seu langamento e jé cera exportada para 0 surpreenden- te mimero de 103 paises. Tamanho sucesso fez a empresa, liderada por Henrich Nordhoff, perceber que precisaria aprimorar o Sedan com novidades mais rapidamente se qui- sesse manter a competitividade no ‘mercado externo, A primeira medida veio no final de 1952, com o modelo conbecido como Zwitter. Mas foi apenas no ano seguinte que o besouro passou por uma verdadeim (evolusio. ‘Mais precisumente no dia 10 de abril de 1953, data em que o mundo conheceu o primeiro Fusca com vi- {a traseizo inteirgo, série que fica- ta conhecida como Oval Window. Do ponto de vista técnico, a ‘mudanga representou um aumen- to de 23% na visibilidade do mo- torista. Para boa parte dos entu- siastas do modelo, no entanto, 0 ganho maior aconteceu na ques- tao do design. Isso porque, se- sgundo explica essa legido de fas, 6 vigia oval proporcionou a forma ‘mais equilibrada em toda a car- reira do besouro, pois é 0 tinico em que o desenho da pequena } | i i FUSCA | 33 SEDAN OVAL 1953 0 pana cam vtcimro ‘rome donors capers um pora-luas 60 mesmo (que aha si antec Ina versio Zwnter janela acompanha 0 restante das proprietirios de modelos mais an- MUDANGAS SUTIS. linhas curvas da carroceria. tigos resolveram serrar abarrame- _Além do aumento do vidro tr- Seja pela eficécia ou pelo visual tilica que dividia os dois vidrinhos, _seiro, nova gerario do Fusca lan- agradivel, 0 fito € que a novidade _criando “ovais easeiros” (6 curioso ada em 1953 traz algumas novida- impressionou o piiblico na ocasito: também observar que atualmente des sutis em relago ao antecessor se hoje €valorizado possuir um mo- hd quem faga o inverso, inchuindo modelo Zywiter (como ficou conhe- delocomovigiabipartido, ochama- uma barra no centro de um vidro cia @ verso hibrida que marcou do Split Window, na época muitos oval para criar um falso Split). a transigto da série Split Window SURE ‘Margo: Langata a versio boro de pura. Luz meerna com malas; Jutho:Trnco dos quebra- ar quente (apenas no Standard), camgistraselr tmeingo ‘odo para desigar elampada de 10 Yents ganham boraodeeavamente; Dezembro: Lancado no dla 2U12 "Oar" ia 103, chassi watts (anteserade 5 W)-Luz-apla Agosto: Baras de torgao dantelras _(chasst1-0575415), J como versa0 1.054951), Vidros de esetaanca nvelocimetro (antes passam de selspara otto laminas. 1954, o motor de 1.192 en? (popular Sequrana susttuem os vidros eam duas; Junho: Furaz20 8mm pes de protao dos romentos 1200) e30 cy. Reservatrto do fuldo ate ene comuns.Frsos tals funda para as arores dos lanes mao vem malcom graxa___de feo coocado arasdo estope passama ser de aluminio Mmpadores epara-brisa. Mecanismo oo Ineror; Mvembre: Elimitadas (antes Rea sobre oclndro-meste). Snodlado. Cuzetroganha__malscurtoparaabertwrado porta--_ 25 letras nobotaogiratorio do, Saldas de ar quene so aumencadas para a Oval). No visual, elas se limi- tam ao cinzeiro com botio de pu- sar, ao velocimetro redesenhado € 208 quebra-ventos abertos por meio de bottes de puxar. Na mecinica, a novidade foiaalteragio na barra de torgio dianteira, que passou a con- tarcom cito laminas em vez das eis usadas até entao, Vale destacar ainda que essa primeira safra da versio Oval foi altima do Fusca empurrada pelo acanhado motor 1.100 (1.131 em?) de 25 cy, jé que na ultima semana de 1953 a Volkswagen apresentou, como modelo 1954, © besouro equipado com motor 1200 (1.192 em’) de 30 ev. De resto, a boa receita do mo- delo aproveitava grande parte das novidades j@ apresentadas na ver- jo Dai Bs case a peed de buzina ovaladas localizadas embaixo dos fardis, das laminas dlos para-choques e dos frisos lisos (Gem vincos), dos frisos de akumi- rio emoldurando todos os vidros, do “nariz de papa’, do trinco do capé traseiro em formato de “T” das lanternas “corago", na qual uma lente extra de acrilico exerce © papel de tz de freio conjuga- do 4 lanterna. Outro detalhe ge- ralmente atribuido aos modelos vais, mas que também surgiu nas vversdes Zwitter, 6 0 quebra-vento. A diferenca, ja detalhada acima, € que os quebra-ventos dos modelos Se hoje é valorizado possuir um modelo Split Window, na época muitos proprietarios de versdes mais antigas resolveram serrar a barra metalica que dividia os dois vidrinhos, criando “ovais caseiros” vais fabricados a eram abertos por meio de botdes de apertar. No interior, a nmidanga mais notivel esta no painel. Embora também tenha sido langado com antecedéncia na versio Zwitter, 0 ppainel que pela primeira vez trazia velocimetro a frente do motorista eum tinico porta-luvas com tampa ficou marcado como o “painel da versao Oval’, De resto, 0 besouro de maior frea envidragada oferecia 0 mes- ‘mo conforto e nivel de acabamen- to interno das versbes anteriores, com bancos em tecido de tons cla- 10s, assoalho com carpete alto € teto revestido de casimia. gana formato orale tla de ‘neerrapores nas portas esquema de arranqueeliminado, pois funga0 ram, Elmiradas as satdas de de tresvia9) Lmpadores depara- da parlda¢ eegrada 2 nterraptot ar quemtenatasera.Potencla brisa ganham bragos de serao chata, de tna (um botao menor fot fo dinamo aumencaéa de130W —_palhetas de sega0espinha-de-pebw® —montado no panel dos okies aral60 W (chass!1-0575417, eras pntados decinza-prata_exemplaes de parla a bora0). ‘juste da imensidade da uz do (anees eram cromados).Corrla do Bragadetra de hxaeao da barela Inseumentapassaa ser automavca. dinamo ica mals fa, com Abra. passando por cima e peo centro {Luz itera pasa aseratonada por sinteucano lugar de borracha, Bot20 (antes era fixada por mols) FUSCA | 33 34 Or 1 gibt Formen, dio man nicht verbessern kann SUCESSO NA IRREVERENCIA O VoLkswaGEN FOI UM PROJETO SINGULAR NAO 86 NO DESIGN E NAS SOLUGOES MECANICAS, MAS TAMBEM NA MANEIRA COMO. FOI ANUNCIADO NAS CAMPANHAS PUBLICITARIAS vuando foi retomada 1 producto civi em 1945, ninguém, com 0 minimo de conhecimento ‘mercadol6gico apostaria suas fichas no projeto. A pintura da carroceria era rudimentar, 0 cimbio nto tinha nnenhuma das marchas sincroniza- da, 0 acabamento era pobre e por ai vai. Maso carrinho nao s6 agradou ‘muita gente no pais de origem como Livre po rusca também conquistou seu espago fora daAlemanha, E, mais surpreenden- te, tudo isso sem nenhuma campa- nha publicitéria ou qualquer aga0 ppromocional. De fat, o Fusca pode ser enquadrado no raro conceito do boca. a boca. A fama de robustez se cspalhava rapidamente no mercado aautomobilistico pelo infalivel méto- do do elogio. ‘Masse porum lado a Vollswagen demorou para amunciar, quando o fez cla foi singular — tho singular quan- to 0 priprio projeto do besouro, Ao adotar um discurso ireverente, sem apelar para textos e imagens que res- saltassem status e glamour (método adotado pela concorréncia), a em- presa enfitizava apenas as qualida- des técnicas do modelo, E. para isso chegava até a criticar a falta de apelo csttico, sempre com uma boa dose de humor. O resultado desse discur- s0 ‘péno chio” fo tum sucesso, pois o consumidor sentia que estava sendo sbordado com inteligénciaem vez do ‘tradicional ‘papo de vendedor”. ‘Um dos primeiros amtincios gonhar destaque pela abordagem nada convencional foi veiculado ‘no inicio dos anos cinquenta. Com © sucesso comercial, a produg20 do Fusca aumentou rapidamente, passando de 81.979 em 1950 para 279.986 em 1955, ano em que foi construido 0 milionésimo mode- Jo ~ desse total, 400 mil haviam sido exportados para nada menos do que 103 paises. A demanda comesou a superar a oferta. Com listas de espera ao redor de todo planeta, a Volkswagen langou uum slogan traduzido em virias linguas: "Es lohnt sich, auf einen Volkswagen zu warten” — que sig- nifica “Valea pena esperar por um Volkswagen”. ‘Mas os melhores exemplos do quio habilidosa foram as cam- pambas publicitarias ocorreram no mercado dos Estados Unidos. Afinal, Heinrich Nordhoff sabia aque, se quisesse competir no “pais Quer luxo, compre o Santana. | Dstzenar2 extremiiade nano famomte prembdos: imager ao Fiscapmada wows bees fase Pession homer maopode mmahorar” Dura até acabar. ed A Volkswagen demorou para anunciar, mas quando o fez ela foi tao singular quanto o projeto do Fusca. Nas pegas, o consumidor sentia que estava sendo abordado com inteligéncia em vez do velho papo de vendedor da propaganda’, teria de investi ndrios no fim venceram. fortemente no apoio de midia. Foi escolhida uma agéncia de ‘Nova York, a J. N. Mathes, que ANUNCIOS CURIOSOS hhavia trabalhado para varias em- A traetiria publicitariado Fusca_presas alemas. Uma série de aniin- ‘nos EUA nasceu de uma necessi- cios foi criada e a midia escolhida cde. Se por um lado as vendas do foramas revistas lidas por compra Sedan eram animadoras, por outro dores de utilitiios, como a Fleet a Kombi custava a deixar estoque. Buyere o Commercial Car Journal. A pergunta quea rede decconcessio- A novidade nao pareceu ser nots- nrios vinham fazendo a Will vn da, mas fato € que a Volkswagen de Kamp,umalemioquehaviasido havia comesado a anunciar. piloto de Messerchmidt na guerrae Fram amincios que nto rece- que chefiava as operagdesnos EUA, —beram prémios nem foram citados era:"Comovamos conseguir vender na revista Advertising Age, a biblia esas Kombis, se vocés nto anun- da publicidade nos Estados Unidos, iam?” Convencer van de Kamp — masnaquele ano, 1958, foram vendi- ‘io fo ficil, pois ele no acreditava das mais 11.500 Kombis que no ano fem publicidade, mas os concessio- anterior, ou 7896 a mais, um salto ‘ no D0 FUSCA I a5 PROPAGAN espetacular. Paul Lee, que se tomou gerente de publicdade da VW pou- cos meses depois, disse que acampa- nha da Mathes teve de ser suspen- sa antes do previsto, pois a fila para comprar Kombi demorava um ano. eee ‘Os negécios Volkswagen cres- (Times) cam sem parar nos Estados Unidos Valvoc, _ e Van de Kamp nto parecia ser mais “fame? homem certo pana tanta responsi- range) bilidade. Nordhotf decidiu substi- ‘ame: tuHlo.e em seu higar mandou Cal Hahn J, cujo pai havi sido o geren- te de vendas da Auto Union antes da guerm, Hahn J, de 32 anos e for- ‘mado em Economia, era gerente de ppromosio de vendas da Costa Oeste. ‘Ao assumir a diregto comercial da Volkswagen of America, Hann Jr. inicion uma verdadeira revoluyio, comprando equipamentos moder ‘nos, criou o treinamento de vendas e iniciou a padronizagio das instala- «8es dos concessionitios. E, mais do Think small is oct Poo Tazstosvorn WucRoOS/0ReSRO. es SONESTRNO RCA, 36 | O GRANDE Livro DO FUSCA Os concessionitios, também ansiosos por anunciar, haviam for- mado um comité de publicidade. Escolheram uma agéncia que havia feito um amincio sobre uma nova oficina de concessionério de bairro e que for publicado no The New York ‘Times, chamando muita atengio. ‘A. agéncia era a Doyle Dane Bernbach (DDB), que existia hé 10 anos e jé tinha fama de crativa Hahn, porém, achou que deveria pesquisar outras ania, ¢ analisou cerca de 15 outras. No final, acabou pegando a DDB para o Sedan e a Faller, Smith & Ross para a Kombi, ‘mas esta ficaria apenas um ano com ‘conta, que acabou sendo também passada para a DDB. ABORDAGEM INTELIGENTE ‘As reunides — briefings ~ que se seguiram para as agéncias conhece- rem 0 produto foram comandadas ppelo proprio Hahn. Na primeira, segundo Julian Koenig, 0 redator- chefe da conta da VW, “Hahn filou durante cerca de uma hora e meia. Ele demonstrou conhecer 0 negécio c colocar tudo em termes manos, Ele nto percebeu, mas enquanto fi lava j estava criando os aniincios. Hahn, por exemplo, disse que hhavia pessoas estayam esperando seis meses para comprar seu VW, quando poderiam comprar qual- quer outro carro. imediatamen- te. Quando a reuniao terminou, Bembach passou um bilhete para Koenig ¢ dai nascen o antincio: “Por que as pestoas esto com- prando Volkswagens mais ripido cdo que eles podem ser fabricados?” ‘Uma coisa ficou clara logo de cara: o VW teria de ser apresentado como um carro simples e os aniin- cios teriam de ser feitos da maneira ‘mais honesta possivel. Comesou en- ‘to uma era de grande fertilidade na criagio de amtincios do Volkswagen. ‘Como o que dizia “Pense pequeno’ cow ainda “Apés alguns anos ele co- Se por um lado as agéncias publicitarias contratadas foram prédigas em espalhar o nome Volkswagen e vender automéveis pelo mundo, por outro tiveram a seu favor um carro excepcional. Disso ninguém duvida ‘mesa. fcar bonito’, dizia outro. proprio Hahn explicaria anos ‘mais tarde: “Nossa campanha pu- blicitvia teria errado se expressasse qualquer coisa que nto fosse despre- tensiosa e modesta, dado o fato de que o VW aparenta ser despreten- soso € modesto pelo lado de fora, Precisamente porque nés pocemos falar de nosso produto em uma lin- sguagem que é facilmente compre- endida, nds podemos nos dirigir a consumidores que jé se cansaram de fantasia eternamente superlativas” E quando a concorténcia inition ‘novo ataque ao Fusca no comego da década de 1970, com os langamento cquase simultineo do Chevrolet Vega, do Ford Pinto e do AMC Gremlin, a DDB saiu com o aniincio: “As ve- 2s temos a impressio que estamos sendo seguidos”(a Fat chegou a usar esse tema no Brasil). MISSAO CUMPRIDA Os amtincios eram em preto € bbranco por custarem menos para serem produzidos, mas vieram a calhar por transmitir imagem de sobriedade. O quanto venderam de Fuscas e Kombis, ser praticamente Jimpossivel saber. Maseles venderam a Volkswagen nos Estados Unidos — slempresa, suas pessoas, seus produ- tos. Talvez.0 melhor de todos seja co Lemon, que em inglés quer dizer, em sentido informal, alguma coisa com defeito ou de fincionamento insatisfitério, algo como mico no Brasil. Foi inspirado na visita inicial {i fibrica, quando o pessoal da agén- cia conhecen o sistema de controle de qualidade. © anincio, sem t+ tulo, era um Volkswagen de frente, ‘nada errado aparentemente com ele, € 0 texto “Lemon’. O antincio pri- ‘mou pela honestidade, a0 admitir «que. fibrica também fabricava car- 10s com defeito, algo que nenhuma outra marca se aveturara até entio. Da midia imprensa 0 empenho passou para a televisio, como aquele emaueum Fasca aparece trafegando em meio a uma forte nevasca, chega 20 aeroporto e o motorisa sobe num veiculo varre-neve. E, quando o nar- rador, em off pergunta:“Vocé nunca [pensou como um operador de varre- neve chega ao local de trabalho®”. E havia também os outdoors, que sganharam virios prémios de criti- Yidade. Como aquele de um Fusca com um pneu furado e a mensa- gpm “Ninguém € perfeito”, Ou ‘tro, publicado em revista brasleiras ‘em meados dos anos 1960, que dizia “Um carro que vooé pode vender a ‘um amigo sem perder o amigo", ‘Mas talvez 0s mais memoriveis tenham sido dois outdoors por oca- sito da volta do Fasea ao mercado brasil, em 1993, apés ter saido de ‘produgo em 1986. Por iso mesmo, asmensagens “Buracos Voltei”¢"De (a 1000 tempo suficiente” podem ser consideradas obras-primas. Que ‘melhor maneira haveria para falar de uum modelo que estava sendo relan- ado? Se por um lado, as agéncias publicitirias foram prédigas em espalharo nome Volkswagen, por outro tiveram a seu favor um car- ro emepcional (Lute Guedes Jn) Nobody’ perfect. rom sore Pe Bes Gia Shmguen, perio” ‘otogs parece Fusca | 37 SOURCE SEDAN OVAL 1954 O prrioDo MARCADO PELA “GERAGAO OVAL” PROMOVEU MELHORIAS ESTETICAS E MECANICAS FUNDAMENTAIS PARA O SUCESSO INTERNACIONAL DO Fusca erie; ape mediate para 22 Abele doroo com bab ar ean bicoganiasgse tampa: Fere- YGU4ER rk (mehoranas mousdes conrapoo, Detrbudar VOU SBR © canirapesos); Maj: Ciindrasde rio VO BR8. Outre: Vio do garabria pasam de dospara quot pomtesde a prorade etago hada seguraga ara asequrarvisbildade do mocors- ‘a. Fro de exrcamemode29u2 na base i caraga da rasta Dezembro: Rasgo ga bbrifeagao wo pno da papel). Tampa do tanque de combust gaanzads com Nga de alma. Diametr dos ‘Howie: defrlopasa de 10 compressa nomatrde30cv. Brazo dobadiada porta Cams era un furl, 381 Fusca segunda meta de da década de cinguenta _guar- da fatos relevan- tes na trajetéria de sucesso do Fusca pelo mundo. Em especial © periodo marcado pela chama- da ‘geragio oval”, surgida em margo de 1953 e considerada a primeira grande modificagto estética do modelo, © abandono do diminuto vi- gia traseiro bipartido (Split Window) em favor de um mo- delo com vidro inteirigo, soma- do a outras alteragdes visuais € mecanicas, permitiram nto s6 a evolusio do popular Sedan, mas também ajudaram a construir uma base suficientemente séli- da para que 0 — ainda estranho = carrinho pudesse conquistar mercados fora da Alemanha — inclusive no Brasil. Somente em 1954, ano em que 0 modelo comegou a evoluir com maior velocidade e consis- tencia, foram instaladas linhas de montagens em trés diferentes lova Zelindia, Bélgicae essa altura, trés ou- tras nagoes ji montavam 0 mo- delo no sistema CKD: Irlanda (1951), Africa do Sul (1951) Brasil, onde a Brasmotor iniciou essa atividade em 1952. ‘Mas foi fato de ter aberto as portas do mercado norte-ameri- cano —naquela época o mais fér-_e Sto Francisco. til comércio de automéveis do Para mundo — 0 grande mérito con- quistado pelo besouro na oca~ sito. Naquele ano, a Volkswagen cancelow a franguia do impor- tador oficial, Max Hoffman, ¢ estabeleceu bases préprias. nas duas costas da “Terra do Tio Sam”, com bases em Nova York ter uma ideia de como 1 estratégia funcionou, basta comparar alguns niimeros: en- tre 1950 e 53, sob os cuidados de Lagat on sdeobre de 1953, ‘Fisez modo ‘P54 fotoprnetro ‘required ‘tomomouor de ‘T200em de30 ‘rae poencla, slemde owros Sermoraments que ‘ambem sudsram ‘ao besoura se ‘Suatetecerm ‘dspurado mercado ‘mmewcano Hoffman, foram comercializadas 2.128 unidades do Sedan em to- dos os Estados Unidos. Somente em 1954, ja com a VW a frente do negécio, as vendas pularam para 6.343 unidades, estouran- do para 35.851 no ano seguinte = tornando os EUA definitiva- mente o principal mercado de exportagio do Volkswagen. ‘Aparrde-1955 a VW mudou pola da ano-modelo. An ‘es rebclonado 20 ano-calan- dare, passouaatoraro esto lnercano de ana-madeo, bferaconde oFusea 1956.m agosto de 1955, apos as eras letwas anus farca. Abril: Modelos ameneanos « canatenses equpados com faois Sealed beam (ates transparenes ‘as lizes de estaconament iatrals mals sels) Peas motos 9s paralamas dlantelos com opclonal has mereadosamertcana e canadense em substan as bananas (na0 abrange o Standard, que nao ¢expor- {ado para EUA e Canada). Carcara da luz de placa modicada (pequeno vin co rembvio esruura arredondadae alsada). Tubos de pequeno dametro atelorados a parachoques (so- ‘mente nos EUA e Canada. Suportes deparachoque coma fialdade de anil com s parachoqus dos tarrsfabreados nos EVA Ca medida omou-se acess multo poplar nas Fuscaseuopeus, qu contmuaram amas paraehoqes de deserno or. alate oral do 30-modelo 1967 fa aio do Cabrolete do Dele), Mate Todos os cares paras EUA Canada com ndcaores de e¢20 Sobre es paralamas antl forte. fas pela Hol Lu erasea dada, fm ama forma paras cares FUSCA | 39 SEDAN OVAL 1954-58 ‘Além de contribuir signifi- obrigado a evoluir em todos os da, proporcionando melhoria de cativamente para o aumento da sentidos. Com isso, a clientela 23% na visibilidade do motoris- producto mundial, 0 sucesso de outros paises ~ Brasil incluso ta. As primeiras unidades com do besouro nos Estados Unidos —também acabou beneficiada. _vigia Oval, fabricadas em 1953, acabou tendo um outro pi- ainda traziam uma série de es pel, até mesmo mais importan- MUDANCASIMPORTANTES pecificagoes técnicas originé- te: para competir no mercado Ao contrario do que se ima-_rias das verses Split. A partir norte-americano, onde nio sé gina, amudanga do Split para o de 1954, no entanto, 0 besouro © consumidor era mais exigente Oval nao se limitou a retirada ganhou novidades importantes como as leis relativas a seguran- da coluna que dividia o vidrobi- tanto do ponto de vista estéti- ga também eram mais rigidas, partido. Na verdade, a rea en- co como mecinico. E nito pa © popular modelo alemio foi vidragada foi realmente amplia~ _rou mais de evoluir, com desta- que para as mudangas aplicadas 4 partir da segunda metade de 1955, com o langamento da cha- mada "2" Série”. Apresentado em dezembro de 1953, ji como modelo 54, © motor de 1.192 em? (popular 1200) foi uma das principais, novidades na ocasito. O au- mento de capacidade e a eleva- 20 na taxa de compressio (que passou de 5.8:1 para 6.1:1), per- mitiram um incremento de 5 cv. Pode nao parecer muita coisa, ‘mas significou um crescimento de 20% em relagto 20 motor an- tigo de 1.131 cm? (passando de 25 cv para 30 cv). ‘Madangas sutis seguiram na barra de torgao dianteira, com © mimero de laminas aumenta- do de seis para oito, o que me- Ihorow a estabilidade. Jé o bocal do tanque de combustivel teve 0 diametro aumentado de 40 para 80 milimetros, enquanto o pa- rabrisa ficou mais seguro a0 ga- har vidro prova de estilhay No visual externo, a 2* Série de 1955 chegou com novidades fexportados para os EUA e Canada. sncronzados Wemica ao de nac- do Standard wo sao cramados, mas gana nwo bot de bia cera, (ents mat alts passando a formato smeronzados;Jumhe: Ineruptor, _pntados de proto. Ves passam de meno, com fundopreto ebraso de mmalsoral poremretasnabase, de de rigao/parda gana nomero da I7STL para 22571. Tomelra de cam- Wolkbur de deseo mak simples que ro, reuaindoluz de fren, sca 2 travanoparfuso de a2, Ju: bustiel agora sem fro-telaetem anes. Aste daarrade tora para fametna). Sala taseiramodifcada Luz daplaca agora passa de L6V/5 Wposteaodaalavanca akerada. Novo 12 qraus + 30 minutos ants era 13 era standard ube comaos para KEIO. Ageste Lancados formato dole com sda alos gat «30 mys Cabo re de feeseapameme, posklonados 18 mm bs modelos conheetdcr Colocade fora decentropara me. mavaparazado a alavanca (anes ra mmalsaltos que otbodesalda onea Sele jacomo anofmdelo 1956. __—thoraravsibildade do nstrumento. _aobragod auneao (apenas no Export (Gpenas nes EUA e Canada). Conjunto Duas‘aldas de escapameno adotadas Aco do volume agora emarfmem 290 Carol, Hotaodo aqecinento ealavanca decambio demodelostambemnosFuscaseuropeus. tubes var decinza-bege vlan tanbem deslocado mats dete ligtramente wet FUSCA | Apasar das constanesnoaoes. ads no besoro dante 2 decada cnqueta, © modelo contin a ‘comas euros hastes (baranmhas”? ‘snalzagan de drep20 importantes, como o advento de duas saidas de escapamentoe © MANUSCRITO VOLKSWAGEN 6 fim das lanternas conhecidas como “coragio”, substituidas ‘O logotipo manuscrito Volkswagen remonta ao surgimento do pré- por um modelo de lente nica prio Fusca no Brasil. Quando chegou ao Pais, primeiramente importa- de vidro. Sob o capé dianteiro, doe depois montado em regime CKD pela Brasmotor, o carro era um © tanque de combustivel foi re- total desconhecido por aqui, assim como a propria Volkswagen. Para desenhado, ampliando 0 espaso _piorar, quem analisava o sutoméyel nao encontrava nenhuma mengao de bagagen de 70 para 85 litros. ag nome do modelo ou da marca ~ tudo o que havia eram as letras Ve ‘Weobrepostas no capé dianteiro enascalotas. Para mudar esse quadro INTERIOR RENOVADO desfavorivel, os revendedores criaram tal emblema, que consiste sira- No que diz respeito 20 inte-_plesmente na palavra Volkswagen em letras manuscritas, Com o pas rior, 0 Sedan 1954 ganhou as- —sjardos anos, proprietirios passaram sentos revestidos de courvim no a buscar o emblema no mercaclo de lugar do tradicional em tecido, ——_acessorios; e a pega acabou ganhan~ além de suportes de borracha do status de antiguidade. Mas vale nos pedais de embreageme freio —_destacar: o manuscrito nunca fol ins~ if -oacelerador continuouem'seu —_—talado nem pela Brasmotor, muito z curioso formato de “rodinha’. menos pela Volkswagen, que assu- A luz de cortesia foi transferida miu a montagem do Fusca em 1957, para cima da porta do passagei- ‘fem atras da alana de cambio mals arleosan asso, mas mals tras dobarco ase reduzdo de 130 semmufanca vel. Boao de abertra (agora fica rene do feo de nao; ats na fen edescendopara ras. para l20 tres dvidoapredesenho do cap dana no nerir do veteulo desenhoda alavaca de cambio Perr lames des taneos mals cur-essebanco(estrihce meals neste movldo mals para a esqarda. Fr alteradoparapermir essa mudanca). tas Tanquedecombustel modficado, compartment foram elimina em cromads as borachas de vedaran cs ‘Alaranca de camblocuria Gnies era malsplano napartedecina emals "ages de 1950) Carpet doranel—_janlasredzlas de mm para mm rota). Banco darts 30 mm mals nciato apart debato. Tampadocentaldesconemuadoemfaor dere em dana. Alas ds coun de te Fargas ecam eneeteausavelemerés Boca do tanguedecombustneledi-Yestneno deboracha Gperas Export clio substutdas por Baste Apes osgbes. Ondmero de pons de ste zita para BOmm, Portaaraasaumen- eDelixg, [a quan Standard sempre fol da tecido nos pane: de porta agora ‘Aspens nostro dos bancos passa tadoparaQ5 los (antescomporiaradeborrattal. Maranetadatampa do _comuma faa de mayan cour © dedolspara sete eostrhosnao a0 TDlkres.Comparumeno detaganem —porta-nalasefeco melhorates, mas fis. Fim as ntemas "coraea”, FUSCA | 43 SEDAN OVAL 1954-58 olny onan ‘do Sedav 1998 2 ‘"eorcinda” do ‘modelo 1958(3 it) ro € passou a acender toda vez (no aplicada no modelo Export que ela era aberta. até 0 ano-modelo de 1961). No painel, 2 principal no- ‘Ja a partir da segunda meta- vidade era a auséncia do botio de de 1955, com a chamada 2* de ignigto. Para dar a partida, Série, o Fusca ganhou bancos bastava girar a chave nica (jé mais largos e com novas possi- eat quea mesma chave também ser-_bilidades de ajustes. Ao mesmo Beese via para abrir o carro) localiza~ tempo, o carpete que revestia 0 tipo nas daa direita do motorista mais tdnel central foi substitufdo por Lompoana precisamente apés a posigio do um revestimento de borracha, rs radio, que ficava no centro do idéntico ao que jé era usado na iad) painel; ou seja, nada imao...Os versio Standard. Ser de 1955, cabriolés desse ano em diante © Mas a principal novidade ‘qe ganhou : jsmenee receberam a alga de apoio para surgida a partir desta geracao ges “1 © passageiro, fixada no painel langada em agosto de 1955, ja pp sah porconpoens cam aks waa eens aerate. Feverer: Cora de sango eboraca fea mm nak roo tinyaca eos laments eles Gutevapas aoa cnt ot Cenugoea icin. Dleanea do centro do anos de Svirovemehsescracaradss TOA). Parca éapolaodnamo (>) Shenbullr asta do tes combust 2 ceo do garglo de Paros mutans iar crro Tense Seems atm, a.) gemeogra parabens ehmemoreing ears de focmodeloserpecaiospars "”” Ghawesrlfe¢ mm elimiafa fansiparordsroogany” 2e5mm pura 215mm unbo:Tibo Eude conta ercuubrodel9%50, dojoqode eramenas Cavecube- = Margos anne dossare- devacioveestionado stb ocafo tantrasuaserasdendss¢o"”f/¢¢2tmpar els agora pore Garde do172 mmparaiss deaceleraor ome: fears Sina rimnosparianay meduaioaa Sr eadaparaa yore Go snare, mm pera Exports Abr focato damon due noes Iarpanmetarssbiitafe mx VigairctedeCxbrocamaor =i gorbucor dan. Smears pean Eons Greets Utqetemourat nat eur ocrunate {Shee com ranger E08) Agee: ga atl como modelo 1956, & mesmo a mudanga do volante. Embora tenha mantido 0 desenho com dois raios, estes foram deslo- cados para baixo em relagao a0 cubo ~ 0 que motivou o apelido de “corcunda”. A mudanga pro- curava facilitar a visualizagto do velocimetro pelo motorista — e realmente melhorou bastante. Além disso, também foi altera- da a cor do volante, que passou 3 tonalidade marfim no lugar da antiga cinza-bege. FUSCA OVAL EM 1958? Na Europa, a era dos be- souros denominados ‘oval” du- rou até julho de 1957. Aqui no Brasil, entretanto, a Volkswagen continuou montando esta versto até o final de 1958, por moti- os no muito claros. Uma das explicagdes é a de que as ven- das de automéveis no Brasil foi bastante baixa no ano de 1957, (que fez com que a fabrica de Sao Bernardo do Campo ficas- se com grande mimero de car- rocerias de vigia oval no esto- que. Outra corrente aponta que 4 propria matriz da Volkswagen na Alemanha langou a versto de vigia retangular ainda com fs estoques de “ovais” em alta. Sem saber 0 que fazer, preferiu “desovar” os modelos antigos em mercados de paises do en- tao chamado “terceiro mundo”, dando prioridade para a novi- dade em mercados como 0 dos EUA eo europen. TAXI 4 PORTAS Ainda no comeso da década de 1950, a empresa alema Rometsch, especializada no ramo de adaptagdes de carrocerias em cima de modelos de série, tornou-se a pioneira na propos- ta do Fusca com quatro portas. Os modelos adaptados tinham como finalidade atuar no servigo de tixi em diversas cidades da Alemanha. Para garantir quatro portas de razoaveis dimensoes € proporcionar maior conforto aos passageiros do assento traseiro, a Rometsch alongava em cerca de 18 centimetros 0 entre-eixos original do Volkswagen. Além disso, o acesso era facilitado pela abertura das portas traseiras em estilo “suicida” (sistema usado atualmente pelo Rolls-Royce Phantom). Segundo publicagbes da época, o trabalho da Rometsch era extremamente bem-feito, Projetado pelo designer Johannes Beeskow, o modelo era vendi- do por aproximadamente 10 mil marcos alemaes — quase 0 do- bro do prego de um Fusca tradicional na ocasio. A versio foi montada tanto no Fusca Split Window como no seu sucessor, com vigia oval, mas nao existem registros precisos de quantas uunidades foram convertidas. As poucas unidades que restaram so consideradas hoje pecas de colegio, Seja como for, a geragio do cionaram o fato mais relevante Fusca Oval presenteou seus do- _ desse period: foi com essa confi- rnos com algumas das principais _guracio que o Volkswagen Sedan novidades visuais e solugdes téc-_conquistou importantes mercados rnicas na trajetéria do besouro. eum espago no coragao de moto- Novidades, por sinal, que propor-_ristas de todo o mundo. ¢ ‘modelo 1957, produzido de 1° de Agosto de 1956.2 31 de tho de 11957. Now batenee de porta com ‘una ajustavel‘curosamente e por ‘motio desconhecio, nem rodos os ‘arrosqanharam tal modiicagao. Engrenagem do comando de valulas de ga eve (antes ora do Resten); Setembro: Emblem VW nas ealo- ‘2s agora pintados apenas de pret. tani ot ees eo Janeiro: Sata dear qenie DS natant ds pes cese- ada teres de 0 em para tras; Fevereea: Motor do limpador de parabrsa com fra dma permanente ‘uminaeao da placa com {ents manos efsoras para tmearara Tuminagao. Teo ‘Dia Cade forme mal comprido, val de 1.350 mm para Europa enos modelos exportatos para os EUA e Canada (chassi m1 600 439). No Brasil, modelo com ‘ita oval ¢comercalizado ateo ‘inal d2 1958. RANDE LIVRO 00 FUSEA | 43 CASAMENTO PERFEITO FUSCA egundo modelo oficial- mente desenvolvido sobre a versitil plataforma me- canica do Fusca, 0 cupé Karmann-Ghia se caracteriza pelo perfeito equilibrio de suas linhas, consideradas uma verdadeira obra de arte e um marco na histria do cesign automotive. Nao por acaso, uma unidade do modelo faz. par- te no acervo do Museu de Arte ‘Moderna de Nova Yorke (MoMA). A trajetéria deste icone sobre sodas comegou a se desenrolar em 1952, quando o estidio italiano Pininfarina — ainda sem a fama internacional de que desfruta atu- almente, gragas & parceria com a Ferrari — sugeriu a Heinrich Nordhoff a construgto de uma versio esportiva sobre a platafor- ‘mado besouro. A inspiragio veio do Porsche 356, que conquistava jum sucesso crescente utilizando ‘boa parte dos componentes meca- nnicos do Fus ‘Mas o dirigente alemio re- cusou a proposta. Pragmético, Nordhoff acreditava que 0 mo- ‘mento nao era oportuno para in- vestir tempo, verba e espago fisico no desenvolvimento de um espor- tivo. Acreditava ser mais vantajo- s0 concentrar todos os esforsos para ampliar e melhorar a produ- go do besouro, que se mostrava cada vez.mais promissor nas cres- centes exportagoes. ‘Apesar de te falhado, a incur~ sto de Pininfarina alertow a fabri- ca de carrocerias Karmann, que 1a ocasiao ja atuava como parcei- GRANDE LIVRO 00 FUSCA | 45 PO 14 / KARMANN-G FUSCA eN ra da Volkswagen na montagem da versto Cabriolet do Fusca. Incomodado com a ameaga “fo- rasteira’, Wilhelm Karmann Jr. se apressou em também apresen- tara Nordhoff os esbogos de uma versio esportiva elaborada por seus préprios estilistas. O diri- gente alemao nao sé desdenhou rnovamente da proposta, como foi ficido a0 comentar que o mode- lo oferecido por Pininfarina era bem mais bonito. ARTE SOBRE RODAS Wilhelm Karmann Jr. nto en- gpliu o comentirio de Nordhof e preparou um contra-ataque, inchi- sive para evitar uma nova tentat va de Pininfarina. Dessa vez, no entanto, preparou um novo dese- inho com a parceria do estidio ita- liano Ghia, comandado na época por Luigi Segre. Nascia assim o Karmann-Ghia, ‘Ao receber nova proposta, 0 sisudo Nordhoff logo percebeu 0 potencial do projeto e finalmente “comprou a ideia”, nto sem an- tes impor algumas condigdes: a ‘Karmann assumiria todos os ris- cos e levantaria 0 dinheiro ne- cessétio para os pesados investi- ‘mentos na construgto da linha de ‘montagem em sua propria fabrica, em Osnabrtick. A VW caberia apenas fornecer a plataforma me- canica, além de ter exclusividade ‘na comercializagio do modelo. Batizado internamente de VW Tipo 14, 0 Karmann-Ghia chegou 20 mercado em julho de 1955. © visual de puro-sangue chamou a atengio do. public, embora nto combinasse com o desempenho. A velocidade maxi- ma era de 125 km/h, apenas 10 km/h superior a do Fusca, o que Jevou muitos *puristas” a torce- xem o nariz para o “esportivo” da Volkswagen. Ainda assim, 0 mo- delo se mostrou um sucesso ime- diato, Tanto que a Karmann logo se viu obrigada a aumentar seus investimentos para atender a de- manda. Da proposta inicial, que previa 300 unidades/més, a em- [Presa em pouco tempo alcangou a produgao de 50 carrocerias/dia. EVOLUCAO DE ESTILO Langado apenas na versio cupé, o esportivo ganhou sua ver- so conversivel dois anos mais tar- de. Nessa época, 0 modelo servi como excelente cartdo de visitas para a Volkswagen no rico mer- cado dos Estados Unidos, onde a ‘marca investia pesado para am- pliar sua participagtocom o Fusca. Até 1974, dtimo ano em que as duas versdes do Karmann-Ghia foram produzidis na Alemanha, © mercado americano absorveu ‘mais de 280 mil unidades, o que representou cerca de 60% da pro- dugao total do esportivo (ao todo a Karmann fabricou cerca de 440 milunidades, sendo 360 mil cupés €e mais de 80 mil conversi ‘Na tentativa de aumentar ain~ dda mais essa fatia do mercado, € também responder a alguns lan- gamentos da indiistria america- na, 2 VW encomendou ainda nos anos sessenta uma nova versio FUSCA | 47 ewe Ue do Karmann-Ghia, denominada Tipo 34, que se caracterizava pela carroceria mais volumosa, bem a0 gosto do consumidor ameri- cano da época. Apresentado em 1961 comercializado a partir do ano seguinte, 0 novo mode- lo acabou, por ironia do destino, fazendo mais sucesso na propria ‘Alemanha do que nos Estados Unidos. Das aproximadamente 45 mil unidades produzidas, mais de 30 mil ficaram na Europa, apesar do modelo ter, inclusive, recebido 1 opcto do cambio automitico a partir de 1967, (O fincasso do Tipo 34 nos EUA fez a Volkswagen voltar suas aten- es no bom e velho Tipo 14, que a parasaibiazer ‘ogostodo comumior dos EUA, mas abou fiend mas siceso a Ewopa partirde1968 também passouacon- far com a opto de uma transmis- slo semi-automéitica Sportomatic item fandamental para conguistar © piblico norte-americano, que jé rnaquela época havia praticamente desaprendido a guiar modelos com cambio mamual. KARMANN-GHIA BRASILEIRO For a Alemanha, 0 Brasil foi o Xinico pais a fibricar © Karmann Ghia. Isso gragas ao entusiasmo de Friedrich Wilhelm Schultz- Wenk, executive responsivel pela implantagao da filial brasileira da VW, que convenceu seu “xara” Wilhelm Karmann Jr. a investi O cupé Karmann-Ghia se caracteriza pelo perfeito equilibrio de suas linhas, consideradas uma verdadeira obra de arte (com direito a exposigaéo em museu) e um marco na histéria do design automotivo ‘na montagem de uma filial em St0 Bemnardo do Campo, mama rea praticamente vizinha a da propria Volkswagen. Langado no mercado brasilei- 10 no segundo semestre de 1962, ‘© modelo Tipo 14 permaneceu em produgio até 1971, somando um total de 23.578 unidades — niime- ro modesto em relasao a produga0 da matriz, mas um grande suces- so se analisarmos que a fabricaga0o nacional durou metade do tempo fe que foi praticamente comercia- lizada apenas em nosso insipiente mercado, enquanto a Alemanha produzia para toda a Europa e para o gigante Estados Unidos. Desse total produzido pela Karmann-Ghia do Brasil, como a empresa foi registrada por aqui, 23.402 unidades eram cupés, enquanto apenas 176 (ou 177) foram da versio conversi- vel, langada em 1968. Em contrapartida, o piblico bra- sileiro teve a exclusividade de uma versio especial, fibricada e comer- cializada apenas pela filial de Sto Bemardo do Campo: o Karmann- Ghia TC (Touring Coupé) Desenhado pelo departamento de estilo da VW do Brasil, o modelo fi langado em 1971 como modelo 72 suceden o Tipo 14 na linha de ‘montagem. Disponivel no mercado até 1976, o TC somou um total de 18.119 unidades. + Sama, RANDE LIVRO DO FUSCA I 49 so ' OS ANOS 50 MUDAM O FUSCA A aMBICAO DE EXPORTACAO LEVoU 0 VOLKSWAGEN SEDAN A APRIMORAMENTOS ESTETICOS, MECANICOS E DE CONFORTO uando Heinz Nordhoff assumiu a res- ponsabilidade de dirigir afabrica da VW, cle sabia das dificuldades que teria pela frente. E conhecia o Fusca em detalhes, pois fizera parte da RBVDA, a entidade alema que reunia os fabricantes de veiculos. A associacto parti- cipou de todo o provesso da gestacao do Volkswagen. Nordhoff, inclusive foi um dos principais oponentes do projeto. Imagine entao o que lhe passou pela ca- bbega a0 assumir a diresto da Volkswagenwerk no dia 8 de janeiro de 1948, dia em que completou 50 anos deidade. ‘Qs primeiros cinco anos do Fusca foram repletos de problemas e Nordhoff sabia que para ter sucesso em seu reinicio de vida profissional ele teria que fazer duas coisas: melhorar substancialmente o produto ¢ exporté-lo. Nos dois anos iniciais a testa da fibrica, sua preocupagio com qualidade logo se manifestou a0 criar uma diretoria de controle de qualidade. A pré- tica na incistria era essa atividade ser subordinada a vendas ou engenharia. Nao tinha autonomia para mandar, por exemplo, parar a linha de produgto no evento de ser detectado algum problema. ‘Nesses dois anos o Volkswagen passou por incon- tiveis melhorias, inclusive com o langamento da ver- sao Export, por motivos Sbvios. Se Nordhoff queria, conquistar © mundo, nao seria com o mesmo KdF- ‘Wagen que ele tanto criticava. Export, que no mer cado interno erao Deluxe, recebeu acabamento no ‘mesmo nivel dos concorrentes mundiais, como para- choques cromados ¢ frisos nas vedagbes dos vidros. Fusca Na mecanica, amortecedores telescdpicos de dupla- ago, melhorando bastante 0 comportamento do carro (antes eram amortecedores de joelho, bem precérios). Bancos e revestimento internos foram aprimorados, para melhor aspecto e conforto. ‘Mas foi na década seguinte que viriam as grandes melhoras. Fusca passou a ter fieios hidréulicos em. abril de 1950, uma evolugao notavel sobre o sistema de freio mecinico, « cabo. Primeiro no Export ¢ no Cabriolet, mas logo passando ao Deluxe. A versio Standard ainda ficou vitios anos com freio mecinico. Hoje nos soa incompreensivel um carro nfo ter freios, hhidréulicos. Pois o Fusca nto tinha. recisamente em outubro de 1952 chegou 0 cim- bio sincronizado —até entao nao era, o que constituia, enorme dificuldade para a maioria dos motoristas. A. primeira, todavia, continuava “seca’, isto é, no-sin- cronizada, mas jé era um grande passo em favor da facilidade de dirigir. De dificil, 0 cambio do Fusca ppassou a ser o paradigma, nada Ihe era superior nes- se aspecto. Foi a principal, senao a tinica, verdadeira caracteristica de carro divertido de ser dirigido. Fez, fama: os apreciados dotes do cimbio VW esto pre- sentes até hoje nos carros da marca. Foi em 1952 que o carburador passou a ser o Solex 28 PCI, no lugar do 26 VFIS que, entre outros problemas, nao dispunha de bomba de acelerayao (injetor). Relatos de quem dirigin os Fuscas desse periodo, como Jorge Lettry (1930-2008), que tinhaoficina dedicada a VW e Porsche, dao conta que enquanto 0 motor nao estivesse totalmente acquecido as hesitagBes na aceleracao eram terriveis. Outra mudanga expressiva nesse ano foi nas ro- das e pneus. Os finos 5,00-16 deram Ingar a pneus, 5,60-15, outra grande contribuigao para a estabili- dade, além de melhorar bastante o visual do VW. ‘No ano seguinte, as vésperas do Ano Novo de 1954, chegaria 0 motor 1200 (1.192 cm’), aumentando 4 poténcia de 25 cv do 1100 (1.131 cm’) para 30 cx, sempre falando em poténcia Liquida (DIN, na época), a poténcia “verdadeira” — nfo a de “men- tirinha” usada pelos americanos, a poténcia bruta (SAB), que s6 acabaria em 1971, quando passou a valer a poténcia SAE liquida nas especificagoes dos, motores de carros fabricados nos EUA. A elevarto da cilindrada foi relativamente simples, consistindo de aumentar 0 diimetro dos cilindros 75 para 77 mm, mantendo o mesmo curso dos piso 64 mm, O mesmo jé havia sido feito ao subir a rads inicial de 985 cm? (didmetro 70 mm), a dada inicial do Kibelwagen, para 1.131 cn. Em 1955 chegaram os parachoques reforcados com ‘tubos (apenas para EUA e Canadé, pois s6 equippa- iam os modelos europeus em 1958!) © as duas sai- das de escapamento. Curiosamente, o nosso “Itamar” (1993-1996) acabou tendo s6 uma saida. ‘Bem pouco mudou depois disso. Continuou ames- ‘mae estreita bitola de 1.294 mm, o que geron a indiis- tria dos alargadores de bitola para reduzir um pouco a tendéncia de escapar de de Jancizo, a modificag®es no pro- duto). E o Fusca, no Brasil dos anos cinquenta, nao p Hoynevnn NNN) Prana O i i Nordhoff sabia que para ter sucesso deveria melhorar o Fusca e exporta-lo. E, se queria conquistar o mundo, nao seria com 0 mesmo KdF-Wagen que ele tanto criticava. Assim surgiu a versdo Export, por motivos podia ter pneus radiais, que s6 comegaram a aparecer a partir de 1960 (FNM 2000 JK, o primeiro). Pelo restante da década, o Fusca seguiu sen- do aperfeigoado nos detalhes mecanicos e visu sem mudangas importantes. Chegou ao final dela, por exemplo, ainda dotado de torneira de combus- tivel (aberto, reserva e fechado) e com primeira ‘no-sincronizada, ambos s6 mudando na década seguinte, a dos anos sessenta. Mas mesmo assim encantou toda uma geragao. ¢ (Bob Sharp) bvios po FUSCA | sa 0 GRANDE LIVRO DO = QUINZENALMENTE NAS BANCAS! BAIXAR BAIXE SOFTWARES E JOGOS PARA WINDOWS € ANDROID VISITE-NOS: www.baixarsoftware.com

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