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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-ARR-1001638-16.2015.5.02.0464

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1001E069328F891D6C.
A C Ó R D Ã O
(8ª Turma)
GMDMC/Acb/Vb/rv/wa

A) AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO


DE REVISTA. 1. DISPENSA IMOTIVADA.
DANOS MORAIS. Segundo consignou o
Tribunal Regional, restou cabalmente
demonstrado nos autos o assédio moral
sofrido pelo autor, em razão da
conduta do superior hierárquico do
reclamante. Por esse motivo, o
Regional julgou correta a decisão de
origem que afastou a demissão e
converteu a dispensa para imotivada.
Diante desse contexto fático,
insuscetível de reexame nesta
instância recursal, nos termos da
Súmula nº 126/TST, não há falar em
violação dos arts. 5º, X, e 7º,
XXVIII, da CF e 186 e 927 do Código
Civil, porque demonstrado o assédio
moral sofrido pelo reclamante. 2.
INDENIZAÇÃO. CONVÊNIO MÉDICO. O
Tribunal Regional não emitiu tese
sobre a matéria, o que atrai a
incidência da Súmula nº 297 do TST,
em razão da ausência de
prequestionamento. Agravo de
instrumento conhecido e não provido.
3. DANOS MORAIS. VALOR DA
INDENIZAÇÃO. Em face de possível
violação do art. 5º, V, da CF, dá-se
provimento ao agravo de instrumento
para determinar o prosseguimento do
recurso de revista. 4. CUMPRIMENTO DA
SENTENÇA. Em face de possível
violação do art. 880 da CLT, dá-se
provimento ao agravo de instrumento
para determinar o prosseguimento do
recurso de revista. Agravo de
instrumento conhecido e provido. B)
RECURSO DE REVISTA. 1. DANOS MORAIS.
VALOR DA INDENIZAÇÃO. Tendo em vista
o que determina o artigo 5º, V, da
Constituição Federal, a fixação do
valor da indenização por danos morais
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deve pautar-se por critérios de
proporcionalidade e de razoabilidade.
No presente caso, a indenização
arbitrada revela-se excessiva em face
da circunstância que ensejou a
condenação, qual seja o assédio moral
sofrido pelo reclamante. Recurso de
revista conhecido e provido. 2.
CUMPRIMENTO DA SENTENÇA. O Tribunal a
quo concluiu que o cumprimento da
sentença deve observar o disposto nos
arts. 652, “d”, e 832, § 1º, da CLT.
Contudo, o art. 880 da CLT disciplina
expressamente os procedimentos
relativos à execução trabalhista,
sobretudo em relação à obrigação de
pagar quantia certa, no sentido de
que o pagamento seja efetuado no
prazo de quarenta e oito horas ou de
que seja garantida a execução, sob
pena de penhora. Logo, a imposição de
multa pelo descumprimento da sentença
quanto à obrigação de pagar, com
escopo em normas de caráter genérico,
afronta o referido preceito
consolidado. Recurso de revista
conhecido e provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de


Recurso de Revista com Agravo n° TST-ARR-1001638-16.2015.5.02.0464,
em que é Agravante e Recorrente FORD MOTOR COMPANY BRASIL LTDA. e
Agravado e Recorrido WILLIAM MANJUD MALUF FILHO.

O Vice-Presidente do Tribunal Regional do Trabalho


da 2ª Região, pela decisão de fls. 458/462, denegou seguimento ao
recurso de revista interposto pela reclamada.
Inconformada, a reclamada interpôs agravo de
instrumento às fls. 468/482, insistindo na admissibilidade do
recurso.

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Foram apresentadas contrarrazões e contraminuta,
respectivamente, às fls. 493/502 e 487/492.
Dispensada a remessa dos autos à Procuradoria-
Geral do Trabalho, nos termos do art. 95 do RITST.
É o relatório.

V O T O

A) AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA

I - CONHECIMENTO

Preenchidos os pressupostos de admissibilidade


recursal, conheço do agravo de instrumento.

II – MÉRITO

1. DISPENSA IMOTIVADA. DANOS MORAIS.

O Tribunal Regional adotou os seguintes


fundamentos quanto ao tema:

“II.2. DA DISPENSA IMOTIVADA. DOS DANOS MORAIS.


VALOR. REDUÇÃO
Sem razão a ré.
Restou cabalmente demonstrado nos autos o assédio moral sofrido
pelo autor, em razão de conduta reprovável de superior hierárquico do
reclamante.
A testemunha da demandada não a favoreceu quanto ao tema, eis que
confirmou que o demandante era subordinado ao gerente Mauro e nada
acrescentou quanto ao suposto assédio moral, informando apenas os
procedimentos normais da empresa quanto à avaliação de funcionários,
sendo certo que o fato de não ter presenciado qualquer discussão entre
assediado e assediador não induz à conclusão de que isso nunca tenha
ocorrido.
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Não se pode ignorar o depoimento da testemunha convidada pelo
reclamante que disse: ‘Trabalhou na reclamada de Depoimento: 2006 a
2015, como engenheira de qualidade. Trabalhou com o reclamante, no
mesmo período, o mesmo era engenheiro de qualidade de campo e depois
passou a especialista em pneus e depois supervisor. Trabalhava no mesmo
departamento que o reclamante, tendo trabalhado quando o obreiro era
externo e após interno. O reclamante quando passou a ser interno deve
como chefia Mauro Andreassa. Sua mesa ficava em frente à do reclamante
e sabe dizer que um dia o gerente Mauro chegou gritando com o
reclamante, dizendo que 'quem manda aqui sou eu', 'se eu tô mandando
fazer é para fazer', e quando o reclamante abaixou a cabeça, referido
gerente disse 'não abaixa a cabeça, olha para mim' sendo que o reclamante
ficou espantado nesse momento. Também presenciou outras situações em
que o gerente mencionado tratava o reclamante com desprezo e diferente
em relação aos demais supervisores do departamento. O reclamante
quando era externamento tinha como função cuidar de fornecedores na
área de pneus, em campo, e era muito bem avaliado, tanto que se tornou
especialista em pneu na América do Sul, inclusive reconhecido
internacionalmente por outras unidade da Ford. Após passar a ser interno,
o reclamante passou a ser supervisor de programa, cuidando na época do
programa de caminhões, sendo que o mesmo trabalho era executado por
outros supervisores, o resultado era o mesmo, mas o do reclamante era
muito mais cobrado e criticado pelo gerente Mauro. O reclamante teve
episódio de internação hospitalar, no horário de trabalho, sendo que foi
solicitada a depoente que fosse assinar a internação do reclamante, mas
depois o gerente Mauro dito que o RH orientou a ninguém fazê-lo, sendo
que no dia o reclamante estava passando mal, logo após tal episódio o
reclamante ficou afastado. Não sabe o motivo do desligamento do
reclamante. Conversava com o reclamante e ao que sabe ele não tinha
problemas particulares. As críticas em relação ao reclamante eram feitas
em reuniões com três pessoas ou até mesmo mais pessoas, não tendo visto
críticas particulares entre gerente e reclamante. O reclamante recebeu
tarefas impossíveis de serem realizadas, tais como em reuniões ser cobrado
por mais de 1.000 peças que compõem o caminhão, o que não ocorria com
os demais supervisores que somente tinham que falar de peças
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problemáticas, em torno de 15 peças. Todos tinham acesso às agendas e
pode dizer que o reclamante tinha reuniões simultâneas, podendo
comparecer em apenas uma. O funcionário Rogério Sousa do RH ligou
para a depoente e a convocou para falar em um procedimento interno,
investigativo quanto a questão de assédio moral em seu departamento, não
tendo sido informada no momento que se tratava de problemas envolvendo
o reclamante ou o gerente Mauro, apenas que se tratava de uma
investigação, sendo que a depoente relatou em tal procedimento a conduta
que presenciou envolvendo o gerente Mauro, cujo depoimento foi
registrado e assinado pela depoente. Ouviu comentários no departamento
de que o reclamante foi afastado por problemas de depressão. O gerente
Mauro perguntou para a depoente se tinha a chave do armário do
reclamante enquanto este estava afastado, sendo que referido armário foi
aberto e revirado no período de afastamento do obreiro. Quando do
afastamento do reclamante, o novo supervisor foi promovido e o gerente
Mauro destinou a ele a baia onde ficava o reclamante antes do
afastamento, sendo que a depoente questionou como seria o espaço quando
o reclamante voltasse e a resposta do gerente Mauro foi que 'o reclamante
já teria um destino certo na empresa', por isso quando o reclamante
retornou do afastamento ficou pulando de baia em baia e depois colocaram
o reclamante em uma baia bem em frente à sala do gerente Mauro (...)’
(ID. 35f460f).
Além disso, o preposto da ré assim informou: ‘(...) Houve uma
mudança de chefia do reclamante, quando passou de externo para interno,
passando a ser subordinado ao gerente Mauro Andreassa. O reclamante
teve avaliações na reclamada como: excecional, mediano e "lower
achiever", que fica abaixo do mediano(...)’(ID. 35f460f).
Desta maneira, correta a r. decisão de origem que afastou a demissão
e converteu a dispensa para imotivada, ID. 0efa293.
Com relação ao dano moral, observo não ser necessário que o
trabalhador tenha comunicado o comportamento reprovável ao RH para
caracterizar o dano moral ou o suposto assediador ser punido pela empresa
em razão de exposição desnecessária na empresa.
Entendo, também, que o fato de um determinado comportamento
gerador de um possível dano moral fazer parte do cotidiano dos
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trabalhadores de uma empresa, qual seja, todos os funcionários serem
ofendidos com palavreado de baixo calão ou más atitudes ou serem
submetidos a metas, não significa a inexistência ou existência do dano. Não
importa se o ambiente de trabalho é formado somente por mão de obra de
um único sexo ou ambos os sexos, não importa se o local de trabalho é a
área administrativa ou o "chão" da fábrica. Antes de tudo, o que na verdade
tem relevância é a educação e o respeito, como é o que cada trabalhador
sente com a forma de tratamento que lhe é dispensada; para um,
determinado comportamento da chefia lhe ofende; para outro não.
No presente caso, por óbvio, o reclamante sentiu-se ofendido e
humilhado com a forma de agir da reclamada, representado pelo superior
hierárquico; aliás, por isso mesmo pleiteia indenização por danos morais. A
prova testemunhal apresentada pelo reclamante é clara e objetiva no sentido
de efetivo destrato, desrespeito perpetrados pelo Sr. Mauro. Nem se
argumente que o fato de o autor ser professor em outra instituição afastaria
o dano moral sofrido na ré; diferentemente, é justamente quando uma
pessoa se sente humilhada e desmotivada em um ambiente do trabalho
pernicioso ela deve visar a novos projetos em sua vida. Caracterizado, pois,
o dano.
A quantificação do valor correspondente à reparação do dano moral é
um dos aspectos mais importantes da responsabilidade civil, à luz do
princípio da reparação integral, uma vez que o arbitramento deverá atender,
necessariamente, em cada situação particular, a função de compensar o
lesado e sancionar o ofensor. Dessa forma, a fixação do montante
indenizatório deve atentar para a gravidade do dano causado, para a
repercussão que o dano teve na vida do ofendido, bem como que o valor
fixado faça com que o agressor evite outras infrações danosas de mesma
natureza.
No caso dos autos, a quantia arbitrada em R$ 50.000,00 (cinquenta
mil reais) atende aos parâmetros comumente utilizados para a fixação da
reparação, quais sejam: a gravidade, a natureza e a repercussão da lesão (a
reprovabilidade da conduta ilícita praticada e a amplitude do dano); a
situação econômica do ofensor; a intensidade dos efeitos da lesão em face
da vítima, baseada em suas condições pessoais e o grau de culpa ou a
intensidade do dolo.” (fls. 397/398)
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Instado por meio de embargos declaratórios, o
Regional consignou:

“No mérito, inexiste omissão, contradição ou obscuridade que


legitime a interposição deste recurso.
Contrapõe a parte, tão-somente, posição divergente, apontando o que
reputa favorável a si. O presente recurso não se destina à reanálise de fatos
e provas, ainda que em caso de eventual error in judicando.
De qualquer forma, esclareço que para a caracterização do dano
moral decorrente de assédio moral basta a comprovação de comportamento
reprovável da empregadora, no caso, perpetrados por seu preposto, superior
hierárquico do autor, como restou comprovado pela prova testemunhal
produzida. Assim, houve a constatação efetiva de práticas reiteradas, bem
como a humilhação informada pelo autor.” (fl. 419)

Nas razões do recurso de revista, às fls. 432/444,


a reclamada sustenta que o reclamante pediu demissão, não havendo
prova de que foi obrigado ou pressionado a tal ato. Afirma que as
avaliações a que o obreiro estava sujeito foram sempre as mesmas e
envolviam várias pessoas, ou seja, não havia perseguição a uma ou
outra pessoa. Aponta a ausência dos requisitos necessários ao
deferimento de indenização por danos morais. Pugna pela
descaracterização do assédio moral.
Fundamenta a revista em violação dos arts. 5º, X,
e 7º, XXVIII, da CF, 186 e 927 do Código Civil, 818 da CLT e 373, I,
do NCPC e em divergência jurisprudencial.
Sem razão.
De plano, registre-se que o acórdão regional não
viola os arts. 818 da CLT e 373, I, do NCPC, porque a controvérsia
não foi decidida com fundamento nas regras de distribuição do ônus
da prova, mas, sim, com base na apreciação e valoração das provas
produzidas, as quais demonstraram o assédio moral sofrido pelo
reclamante por parte de seu superior hierárquico.

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Consta da decisão a quo que “o reclamante sentiu-
se ofendido e humilhado com a forma de agir da reclamada,
representado pelo superior hierárquico; (...) A prova testemunhal
apresentada pelo reclamante é clara e objetiva no sentido de efetivo
destrato, desrespeito perpetrados pelo Sr. Mauro”.
Em razão dessa conduta, o Regional asseverou estar
“correta a r. decisão de origem que afastou a demissão e converteu a
dispensa para imotivada”.
Diante desse contexto fático, insuscetível de
reexame nesta instância recursal, nos termos da Súmula nº 126/TST,
não há falar em violação dos arts. 5º, X, e 7º, XXVIII, da CF e 186
e 927 do Código Civil, porque demonstrado o assédio moral sofrido
pelo reclamante.
No tocante à divergência jurisprudencial, os
arestos oriundos do mesmo TRT prolator do acórdão recorrido (fls.
436/438 e 442) encontram óbice na OJ nº 111 da SDI-1/TST. Os
paradigmas provenientes de Tribunal Regional (fls. 441/442) e de
Turmas do TST (fls. 442/444) não servem ao dissenso de teses, nos
termos do art. 896, “a”, da CLT. Por fim, o aresto oriundo do TRT da
1ª Região (fl. 443) não indica a fonte de publicação, como exige a
Súmula nº 337, I, desta Corte Superior.
Nego provimento.

2. INDENIZAÇÃO. CONVÊNIO MÉDICO.

Às fls. 448/452, a reclamada insurge-se contra a


decisão regional que a condenou a ressarcir o reclamante a título de
danos materiais por ter perdido o direito à manutenção do plano de
saúde. Afirma que o reclamante pediu demissão de próprio punho,
razão pela qual não fez jus à extensão do convênio médico. Aduz que
não houve prejuízo ao empregado, pois, muito embora não tenha
postergado a utilização do seu plano, também não pagou um centavo
por ele. Indica violação dos arts. 5º, II, da CF, 114 do CC e 31 da
Lei nº 9.656/98. Traz arestos ao confronto de teses.
Sem razão a recorrente.
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Verifica-se que o Tribunal Regional não emitiu
tese sobre a matéria, o que atrai a incidência da Súmula nº 297 do
TST, em razão da ausência de prequestionamento.
Nego provimento.

3. DANOS MORAIS. VALOR DA INDENIZAÇÃO.

Às fls. 444/448, a reclamada insurge-se contra o


valor arbitrado à indenização por danos morais. Aduz que a reparação
por dano moral deve ser fixada com moderação e jamais constituir-se
em fonte de enriquecimento. Aponta violação dos arts. 5º, V, da CF,
8º da CLT e 944, parágrafo único, do CC e divergência
jurisprudencial.
Ao exame.
O Tribunal Regional foi categórico ao afirmar que
“Restou cabalmente demonstrado nos autos o assédio moral sofrido
pelo autor, em razão de conduta reprovável de superior hierárquico
do reclamante”.
Quanto ao valor da indenização (R$50.000,00), a
decisão da Corte Regional não observou os princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade diante dos fatos comprovados.
Os artigos 5º, V, da Constituição Federal e 944 e
945 do Código Civil asseguram o direito de resposta, proporcional ao
agravo.
Já o art. 884 do CC dispõe que “Aquele que, sem
justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a
restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores
monetários”.
A complexa dosimetria do valor da indenização, em
face da inexistência de critérios uniformes e claramente definidos,
tem relação direta com fatores de índole subjetiva e objetiva, como
por exemplo, a extensão do dano sofrido, a responsabilidade das duas
partes no ocorrido, o nexo de causalidade, a capacidade econômica de
ambos os envolvidos e o caráter pedagógico da condenação. Visa, de
forma objetiva, compensar a dor e combater a impunidade.
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Assim, verifica-se que o valor atribuído a título
de compensação por dano moral se revela absolutamente discrepante
dos princípios e parâmetros acima referidos, considerando-se o ato,
a gravidade e a extensão do dano.
Ante o exposto, reputo caracterizada a possível
ofensa ao art. 5º, V, da CF e dou provimento ao agravo de
instrumento, para determinar o prosseguimento do recurso de revista.

4. CUMPRIMENTO DA SENTENÇA

Eis o teor da decisão a quo acerca do tema:

“II.4. DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA EM 48 HORAS


Nada a modificar.
É certo que não se aplica o artigo 475-J do CPC, atual artigo 523 do
CPC/2015, consoante dispõe a Súmula 31 deste Regional.
Todavia, a condenação baseou-se no parágrafo primeiro, do 832, bem
como no artigo 652, d, ambos da CLT.” (fl. 399)

A recorrente, às fls. 452/453, sustenta que a


execução tem regulamento próprio na CLT, o qual não prevê nenhuma
aplicação de multa. Fundamenta o recurso de revista em violação dos
arts. 5º, II, da CF, 8º do NCPC e 879 e 880 da CLT.
Ao exame.
O Tribunal a quo concluiu que o cumprimento da
sentença deve observar o disposto nos arts. 652, “d”, e 832, § 1º,
da CLT.
Não obstante, o art. 880 da CLT traz disciplina
expressa acerca da execução no processo trabalhista, in verbis:

“Art. 880 da CLT. Requerida a execução, o juiz ou presidente do


tribunal mandará expedir mandado de citação do executado, a fim de que
cumpra a decisão ou o acordo no prazo, pelo modo e sob as cominações
estabelecidas ou, quando se tratar de pagamento em dinheiro, inclusive de

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contribuições sociais devidas à União, para que o faça em 48 (quarenta e
oito) horas ou garanta a execução, sob pena de penhora.”

Como se observa, há determinação para que se


efetue o pagamento no prazo de quarenta e oito horas, ou se garanta
a execução, sob pena de penhora, sem nenhuma previsão acerca da
incidência de multa pelo descumprimento ou inobservância do
mencionado dispositivo.
Nesse diapasão, a existência de previsão legal
expressa acerca do modo de execução trabalhista inviabiliza a
imposição de multa com amparo em normas de caráter genérico.
Nessa linha, citam-se os seguintes precedentes:

“AGRAVO REGIMENTAL. EMBARGOS REGIDOS PELA LEI Nº


11.496/2007. MULTA DE 20% SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO
EM RAZÃO DO NÃO PAGAMENTO OU DE AUSÊNCIA DE
GARANTIA DA EXECUÇÃO. PROVIMENTO. 1. Evidenciada a
existência de divergência jurisprudencial, merece ser processado o recurso
de embargos. 2. Agravo regimental a que se dá provimento. EMBARGOS
REGIDOS PELA LEI Nº 11.496/2007. MULTA DE 20% SOBRE O
VALOR DA CONDENAÇÃO EM RAZÃO DO NÃO PAGAMENTO OU
DE AUSÊNCIA DE GARANTIA DA EXECUÇÃO. PROVIMENTO. 1. É
certo que esta Corte Superior vem entendendo pela inaplicabilidade, no
processo do trabalho, da multa de 10% prevista no artigo 475-J do CPC,
justamente porque existe normatização específica quanto à matéria no
processo do trabalho. 2. No caso, embora a Turma tenha considerado
inaplicável tal penalidade, condenou a reclamada ao pagamento de multa de
20% sobre o valor da condenação, caso não pague a dívida ou garanta a
execução, no prazo de 48 horas, com fulcro nos artigos 832, § 1º, 835 e
652, "d", da CLT. 3. Ocorre que referida multa é indevida, porquanto o
artigo 880 da CLT determina o pagamento ou a garantia da execução, no
prazo de 48 horas, sob pena de penhora. 4. Assim, havendo regramento
específico para a ausência de pagamento ou em razão da falta de garantia da
execução, o artigo 832, § 1º, retromencionado, deve ser interpretado em
consonância com as demais normas contidas na CLT, sendo incabível a
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aplicação da referida multa. Precedentes. 5. Recurso de embargos de que se
conhece e a que se dá provimento.” (E-ED-RR - 1228-29.2011.5.08.0114,
Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, Data de Julgamento:
26/11/2015, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de
Publicação: DEJT 04/12/2015)

“(...) B) RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA


RECLAMADA. MULTA PELO DESCUMPRIMENTO DA SENTENÇA.
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relativos à execução trabalhista, sobretudo em relação à obrigação de pagar
quantia certa, no sentido de que o pagamento seja efetuado no prazo de
quarenta e oito horas ou garantida a execução , sob pena de penhora. Logo,
a imposição de multa pelo descumprimento da sentença quanto à obrigação
de pagar, com escopo em normas de caráter genérico, afronta o referido
preceito consolidado. Recurso de revista conhecido e provido. (...)” (ARR -
104-67.2014.5.08.0126 Data de Julgamento: 12/09/2018, Relatora Ministra:
Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 14/09/2018)

“(...) CONDIÇÕES PARA O CUMPRIMENTO DA SENTENÇA.


DETERMINAÇÃO DE INÍCIO IMEDIATO DA EXECUÇÃO NO
PRAZO DE 48 HORAS DO TRÂNSITO EM JULGADO. AUSÊNCIA DE
CITAÇÃO. Para a imposição de multa pelo descumprimento de sentença
condenatória é imperativa a observância da norma do artigo 880 da CLT. A
norma do referido dispositivo dispõe que "Requerida a execução , o juiz ou
presidente do tribunal mandará expedir mandado de citação do executado, a
fim de que cumpra a decisão ou o acordo no prazo, pelo modo e sob as
cominações estabelecidas ou, quando se tratar de pagamento em dinheiro,
inclusive de contribuições sociais devidas à União, para que o faça em 48
(quarenta e oito) horas ou garanta a execução , sob pena de penhora".
Percebe-se, pois, que a determinação de cumprimento de decisão ou de
acordo no prazo que o juiz assinar, pelo modo e sob as cominações
estabelecidas, ou no prazo de 48 horas, quando se tratar de pagamento em
dinheiro, deva ser antecedida da indispensável citação inicial do executado.
Firmado por assinatura digital em 14/11/2018 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme
MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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PROCESSO Nº TST-ARR-1001638-16.2015.5.02.0464

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O artigo 832 , § 1º, da CLT, por sua vez, estabelece que da decisão deverão
constar o nome das partes, o resumo do pedido e da defesa, apreciação das
provas, os fundamentos da decisão e a respectiva conclusão, enquanto o seu
§ 1º não contempla nenhuma penalidade pecuniária se a decisão concluir
pela procedência do pedido. Dessa forma, o entendimento contido no
acórdão impugnado, no sentido de ser possível a imediata penhora de bens
e demais atos executórios pelo descumprimento da sentença condenatória
viola o artigo 880 da CLT, que expressamente prevê a postura do devedor
sobre o título executivo judicial, com a tramitação própria da Justiça do
Trabalho. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido.(...)” (RR -
2383-94.2012.5.08.0126 Data de Julgamento: 22/08/2018, Relator
Ministro: Breno Medeiros, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT
31/08/2018)

“RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA - PROCESSO SOB


A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014, DO CPC/1973 E DA INSTRUÇÃO
NORMATIVA Nº 40 DO TST - CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
TRABALHISTA - PREVISÃO DE MULTA COM RESPALDO NO ART.
832 , § 1º, DA CLT - IMPOSSIBILIDADE.1. A matéria foi dirimida pela
Corte regional mediante interpretação do art.832 , § 1º, da CLT, que dispõe
que "quando a decisão concluir pela procedência do pedido, determinará o
prazo e as condições de seu pagamento".2. Nesse sentido, exegese
emprestada pelo Tribunal Regional ao referido dispositivo legal foi a de que
estaria o magistrado autorizado a fixar multa em caso de não cumprimento
espontâneo da obrigação de pagar, porque tal se afiguraria como condição
para o cumprimento da sentença. Assim, confirmou a sentença que
estabeleceu multa de 10% para o caso de não cumprimento espontâneo da
obrigação de pagar, independente de cientificação expressa, no prazo de
cinco dias após o trânsito em julgado da decisão.3. Entretanto, o art. 880 da
CLT traz disciplina expressa acerca da execução no processo trabalhista,
determinando que se efetue o pagamento no prazo de 48 horas, ou se
garanta a execução, sob pena de penhora, sem nenhuma previsão acerca da
incidência de multa pelo descumprimento ou não observância do
mencionado dispositivo. Prevalece nesta Corte o entendimento de que a
existência de previsão legal expressa acerca do modo de execução
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trabalhista inviabiliza a imposição de multa com amparo em normas de
caráter genérico. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido.”
(RR - 274-02.2014.5.08.0203 Data de Julgamento: 11/04/2018 Relator
Ministro: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, 7ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 13/04/2018)

Assim, em face de possível ofensa ao art. 880 da


CLT, dou provimento ao agravo de instrumento, para determinar o
prosseguimento do recurso de revista.

B) RECURSO DE REVISTA

I - CONHECIMENTO

O recurso de revista é tempestivo e tem


representação regular e preparo efetuado a contento. Assim,
preenchidos os pressupostos comuns de admissibilidade, examinam-se
os específicos do recurso de revista.

1. DANOS MORAIS. VALOR DA INDENIZAÇÃO.

Conforme consignado por ocasião da análise do


agravo de instrumento, a revista tem trânsito garantido pela
demonstração de violação do art. 5º, V, da CF, razão pela qual dela
conheço.

2. CUMPRIMENTO DA SENTENÇA

Conheço do recurso de revista por violação do art.


880 da CLT, conforme consignado por ocasião da análise do agravo de
instrumento.

II - MÉRITO

1. DANOS MORAIS. VALOR DA INDENIZAÇÃO.


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Como consequência lógica do conhecimento do
recurso por violação do artigo 5º, V, da CF, dou-lhe provimento a
fim de reduzir o valor da indenização por dano moral para
R$15.000,00 (quinze mil reais).

2. CUMPRIMENTO DA SENTENÇA

Como consequência lógica do conhecimento do


recurso de revista por violação do art. 880 da CLT, dou-lhe
provimento para determinar que o cumprimento da decisão judicial se
faça nos termos do citado dispositivo legal.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Oitava Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, por unanimidade: a) conhecer do agravo de
instrumento e dar-lhe parcial provimento, apenas quanto aos temas
“Danos morais. Valor da indenização” e “Cumprimento da sentença”,
para determinar o prosseguimento do recurso de revista, a ser
julgado na segunda sessão ordinária subsequente; b) conhecer do
recurso de revista quanto ao tema “Danos morais. Valor da
indenização”, por violação do art. 5º, V, da CF, e, no mérito, dar-
lhe provimento a fim de reduzir o valor da indenização por dano
moral para R$15.000,00 (quinze mil reais); e conhecer do recurso de
revista quanto ao tema “Cumprimento da sentença”, por violação do
art. 880 da CLT, e, no mérito, dar-lhe provimento para determinar
que o cumprimento da decisão judicial se faça nos termos do citado
dispositivo legal.
Brasília, 14 de novembro de 2018.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


DORA MARIA DA COSTA
Ministra Relatora

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