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Praticas em arteleducagio nao forma artes visuais ¢ extensio universitaria uma proposta de ensino de Fabiane Pianowski! Graduada em Artes Visuai ‘RESUMO © projeto de ensino extensio “Memérias ¢ Vivéncias de Passagens: atividades de jis Universii~ mediagao cultural” é parte integrante da disciplina de Praticas de Ensino das Artes. 'e Hvleral do 1 Visuais TIT surgin da necessidade de engajar os alunos do curso de Artes Visuais da rss (FRU UNIVASF em atividades dirigidas & comunidade no ambito da educagio nao formal. \ © projeto proporeionou que os alunos organ pe \ediago cultural no Ambito nao formal para posteriormente an: ediscuti-las em sala de aula. Através dessas atividades, o projeto apresentou comuni- dade questionamentos relacionados d imagem ¢ ao patrimdnio cultural, focando-se nos aspectos de meméria, historia e cultura da fotografia, assim como a relagio da imagem como fator educativo. Foi realizada uma exposigao coletiva ¢ itinerante na Praca da «sj Misoricérdia na cidade de Juazciro-BA, na busca por uma ampla participagao da coe Hi-tors, a Arte pel Universidade de Barcelona (UB) il fabian, Palavras chaves: Arte/educagio; Mediagao cultural; Educagio nfo formal. Practicas en arte/educacién no formal: una propuesta de ensefianza de artes visuales y_ vs! d.bn. ‘extension universitiria ‘RESUMEN El proy nza y extensién “Memorias y vivencia de pasaje: actividades de mediaci6n cultural” es parte integrante de la asignatura de Prcticas de Ensefianza [II y ha surgido de la necesidad de involucrar los alumnos de Licenciatura en Artes Visu- ales dela UNIVASF en actividades dirigidas a comunidad en el ambito de la edueacion no formal. El proyecto ha proporeionado que los alumnos organizasen, preparasen y vivenciasen experiencias de mediacién cultural, para posteriormente analizarlas y dis- entirlas en clase. A través de estas actividades, el proyecto ha presentado a la comuni- dad cuestionamientos relacionados a imagen y al patrimonio cultural, centréndose en los aspeetos de la historia y eulty lc Ia fotografia, asf como Ia relaciss imagen como factor educativo. Ha sido realizada una exhibiei6n colectiva en la de la Misericordia en la ciudad de Juazeiro-BA, buscando una mayor participaci Ia comunidad. Palabras-clave: Arte/educacién; Mediacién cultural; Educacién no formal. EXTRAMUROS - Revista de Extensio da UNIVASF ry Volume 3, nimero 8, janfjun. 2015 © projeto de extensio “Memérias ¢ Vivéncias de Passagens: atividades de me- cultural” surgi da necessidade de engajar os alunos do curso de Licenciatura ‘em Artes Visuais da Universidade do Vale do Sa0 Francisco (UNIVASF) em atividades dirigidas & comunidade de Petrolina ¢ Juazeiro, cidades de abrangéneia do curso. Este as de Ensino de Artes Visuais ITT (PEA- 14 previsto o aprendizado do ensino das arte: projeto esteve vinculado & disciplina de Prat VITD), na qual es na educagio no formal jades de mediagio cultural As cidades de Juazeiro/BA e Petrolina/PE contam com poucas instituigbes culturais ou organizagies no governamentais que trabalhem com mediagao cultural, principalmente pela caréncia de pessoas habilitadas a trabalhar na area. O objetivo dosta disciplina 6 justamente o de sanar essa caréncia © com isso possibilitar a forma- fo de arteleducadores preparados para atuar no 36 no ensino formal como também na educagio nao formal. Nesse sentido, a realizagio de atividades de ensino ¢ extensio ‘como as propostas pelo projeto fundamentais para que os alunos orgai parem e disout A escolha do local para a realizagao das atividades de exposigio © mediagao foram pautadas no fluxo de pessoas e na possibilidade de um maior miimero de parti- ‘conunidade externa & UNIVASE. Essa escolha foi decidida em grupo com a participa colhida a Praga (0 de todos os envolvidos no projeto. Nesse sentido, foi da Misericérdia na cidade de Juazciro-BA, por tratar-se de um local com um grande tes faixas etérias, escolaridade e condi fluxo de pessoas das mai Aint adas, a fim de estabelecer relagies com as suas préprias memérias e viveneias \yio era interagir com piiblico e in ap! sm disso, o projeto provocava uma alterago no trajeto cotidiano dos tran- seuntes, uma vez que “invadiu” a praca ¢ os “obrigou” a, no minimo, passar pelas pro- postas. Neste fluxo de passagem, muitos seguiam adiante, no entanto, muitos outros, curiosos, paravam, perguntav se permitiram desfrutar da experiéneia. jaral Os estudos sobre Arte/Educagio nio formal, mediagio fo tebrica de pervisionado so a fundame idades de extensio univer: periéneia, que buscou, possibilitar um espago de i e aprendizagem entre discentes ¢ a comunidade externa A universidade. ria e de ionado ArtefEducagio nao formal, mediagio cultural e estigio super \¢o nto Formal é A inclusio do estagio supervisionade em espagos de edu damental para a formagio de arte/educadores como mediadores menta e Lima (2004), « organizagio curricular é a gran falta ou pouca conexio entre teoria e pritica, devide a estruturar- disciplinares” isolados entre si e sem vineulo com o campo de atuagao dos futuros pro= fissionais. Para superar essa deficiéncia exige-se que o estagio seja tebrico-pratico na perspectiva da praxis, ou seja, que o estagio seja desenvolvido a partir de uma atitude investigativa, que envolva reflexao ¢ intervene: 0 estagio nao 6 atividade pritica, mae tebrica, instrumentae lizadora da praxis docente, entendida esta como atividade de EXTRAMUROS - Revista de Extensio da UNIVASF Volume 3, nimero 3, janJjun. 2015 i transforma realidade, Nesse sentido o estégio curricular éati de conhecimento, fundamentagio, dislogo e intervengio da realidade, esta, sim objeto da praxis. (PIMEN- TA, 1994). O estagio a partir dessa perspectiva vineula-se as concepgdes de professor como profissional reflexive (SCHON, 1992) e profissional eritic (PIMENTA, 20025 CONTRERAS, 2002). Essas concepgies colocam a pritica educativa como 0 espago de construgao do conhecimento a partir da sua reflexio, anilise e problematizagio, tomando-se simultaneamente pritica ¢ teoria, Portanto, 0 estagio deve ser eoncebido ‘como uma experiéncia significativa através da qual ird identificar, selecionar e destacar ‘0s conhecimentos importantes para a atuagao profissional. Nesse sentido, 0 grande desafio dos cursos de formagao de professores é operacionalizar a ideia de professor reflexivo ¢ pesquisador, que pode se concretizar através das diferentes modalidades de estagio. ellexis A inclusio da educagio nio formal como espago para a realizago de estgio supervisionado dos cursos de Licenciatura ainda nao est estipulada pelas normas diretrizes relativas 4 formagio de docentes e a sua presenga em cursos de Licenciatura ainda nfo é algo habitual. Como destaca Nakashato (2012), tanto a Lei de Diretrizes ¢ Bases da Educagio Nacional (LDBEN/ Lei Federal n’. 9.394/1996), como as instancias deliberativas para o sistema oficial de ensino como © Conselho Nacional de Educagao (CNE) on o proprio Ministério de Edueagao ¢ Cultura (MEC), nao estipulam normas ¢ diretrizes de formagio inicial de docentes relacionada & educagio nao formal. De fato, os pareceres e as resolugies que tratam do tema apontam o estégio para 0 exerefeio & praxis somente da educagio formal, ficando a cargo da autonomia universitaria a pos- sibilidade da realizagao de estagio supervisionado em outros espagos educativos. No caso particular das Licenciaturas em Artes Visuais, no entanto, esta mo- dalidade do estagio supervisionado deveria ser obrigatéria uma vez que os espagos de educagao nao formal foram fundamentais para o que hoje se entende como Arte/Edu- cacao, Nesse processo, como aponta Nakashato (2012), 6 imprescindivel mencionar ‘© Movimento Escolinhas de Arte ¢ a Proposta Triangular, 0 Movin as de Arte de 1948 foi inicialmente pensado como atividades de educagio nao formal para criangas, no entanto, acabou culminando no Curso Intensivo de Arte e Educagio (CIAE), nico curso de especializagao em educagio através da arte que vigorou desde a sua implantagao em 1961 até a implantagao da LDB de 1971 (Lei Federal n°, 5.692/T1) - Por outro lado, a Proposta Triangular para o ensino de Artes da década de 80, que surgin inicialmente como proposta educativa das atividades do MAC-USP, passou a ser ulilizada amplamente no contexto da educagio formal. 10 Esco Atualmente, a medigao cultural é uma importante referéneia no ambito da Arte/Educagio nao formal. No entanto, o Brasil ainda nao institucionalizou a figura do mediador ¢ nao temos formagao especifica de mediadores para atuar em museus, contros culturais ou ONGs (BARBOSA e COUTINTIO, 2009). Na tentativa de suprir essa caréncia, alguns cursos de licenciatura nas éreas de ica) comegam a incluir 0 estagio em espagos de educagio nao formal, entre os cursos que oferecem essa possibilidade est 0 curso arte (Artes Visuais, Teatro, Danga 6 Mi EXTRAMUROS - Revista de Extensio da UNIVASF Volume 3, nimero 8, janfjun. 2015 de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Federal do Vale do Sio Francisco — UNIVASE Nesse curso, isso ocorren através da oferta da disciplina de “Praticas de Ensino das Artes Visuais III”, na qual esté previsto o desenvolvimento do estégio supervisionado em espacos de educacio nio formal por meio de mediacio pedagégica ‘Visuais em institui Culturais), ever do ensino de Art 3 culturais (Museus, Galerias, Centros Cultu- is (Fostivais, Sal (ONGs),entidades assoviativas, cooperati- es quilombolas, indfgenas ou Educagio do Campo (UNIVASE, 2011) Dentro desta perspectiva, foi proposto o projeto de ensino e extensio apresentado nes- te relato. rais, Fundag . Eseolas Exposigie de Arte, Organi ‘Memiérias ¢ vivéneias de passagem: exposigio coletiva e itinerante 0 projeto ontou com a participagio de onze alunos para a sua exe gindo um ptiblico de mais de duzentas pessoas. Esses alunos organizara ¢ propuseram subprojetos fotogréficos sob ama exposigio coletiva ¢ itinerante que abarcava quatro propostas expositivas: “Tyoco Fotos por Sorrisos”, “Antes ¢ Depois”, “Vale das Reminiscéncias” e “Sentir para Ver”, A escolha de um espaco urbano piiblico, berto, foi motivada pelo desejo dos \da acostumado alunos em realmente conseguir interatuar com um piblico pouco ou com este tipo de proposta, uma vez que para cles, em uma instituigdo cultural, prova- velmente nfo hav jermos de escolaridade, faixa A fotografia foi escolhida pela aproximagao desta linguagem com o cotidiano dos transeuntes, por outro lado a facilidade ¢ 0 custo acessivel de reprodugio foram também parametros levados em consideragio. O uso da fotografia se deu tanto como dov ‘como linguagem arti jento —como ferra menta de registro ¢ identificagio da temporalidade-, assim ica —como expresso estética de sentimentos e sensagdes—. Am- is documental, ora mais artistic ram todos os bos usos da fotografia, ora m . perm projetos apresentados e serviram como el ento unificador das propostas. “Troco Fotos por Sorrisos” (figura 1) os akmos Robério Brasileiro Mota i= nior ¢ Laisa Magaly Santana Oliveira Reis realizaram uma performance mediada, na qual propunha-se uma barganha com os transcuntes: trocar uma foto por um sorriso. Os responsaveis pela atividade, com cémara em punho, interagiam com 0 priblico na busca de que o intercdmbio se consolidasse, que o clique da cdmara fotografica cap- turasse os sorrisos oferecides. Nesse contato, ido pela camara e depois por uma conversa, os al dialogava ‘com os participantes sobre fotografia ¢ cotidiano, Ao final da conversa, era entregue aos participantes um cartio com o enderego da pagina web do projeto (https://fotosporsorrisos. wordpress.com) para que os mesmos pudes« sem visualizar e descarregar a suas fotos. EXTRAMUROS - Revista de Extensio da UNIVASF Volume 3, nimero 3, janJjun. 2015 ¢ Monia Alves de Car- de inieos presentes em composig Na propos! “Antes ¢ Depei valho Souza, Ana Claudia Gomes d balharam a temporalidade ¢ os aspecto: grificas, apresentando recortes fotograficos justapostos do antigo e do contemporaneo da cidade de Juazeiro, na Bahia. Através desta proposta, as alimas estabeleciam com 0s transeuntes um didlogo sobre a temporalidade, a meméria, o patriménio e a cidade. (figura 2), as alunas Ali usa ¢ Vanessa Thamir ‘ouza Pais Os participantes eram estimulados a relembrar os espagos justapostos presentes nas fotografias, bem como relembrar os espacos da cidade que jé nfo existiam ou tinham sido fortomente modificades. A intengao era chamar a atencio para a questio do pa- triménio urbano, bem como potencializar a reflexao eritica sobre a configuragio da cidade em que se vive, Em “Vale das Reminiscéneias” (figura 3), 08 alunos Anténio Carlos Coelho de Assis, Bruce Wagner Amorim Pereira ¢ {talo Oliveira da Silva expuseram fotografia antigas das cidades de Petrolina/PE ¢ Juazciro/BA na intengao de discutir a tempora- lidade e a espacialidade de ambas cidades com os transeuntes através das relagies mne- miénicas e/ou afetivas estabelecidas na visualizagao imagens, provocando uma reflexio cons foram dispostas em um varal, que metafori- ite geogrifico que separa ambas eidades, sobre o passado ¢ 0 presente, As ‘camente representa o rio Sao Fray Figura 2, Antes Depois. EXTRAMUROS - Revista de Extensio da UNIVASF Volume 3, nimero 8, janfjun. 2015 a fim de proporcionar wm comparativo e mostrar que, apesar de algumas difereneas, 0 processo de configuragio da urbe se deu de maneira bastante similar. Nesta proposta, assim como na proposta “Antes ¢ Depois”, a preocupagio foi o resgate histérico da pai- sagem da cidade, dando especial atencio ao patrimdnio urbano e & histéria da cidade, Na proposta “Sentir para Ver" (figura 4), os akunos Kivelin Feiffer Cardoso San- tos, Nayara Queiroz ¢ Uriel Bezerra propuseram uma mostra fotografica que discutia ‘© corpo e os padries beleza impostos pela midia e pela moda. Nessa proposta, além das ‘questies levant > com a acessibilidade, por defic ntes visuals © nente, nenhum defi- ciente visual partieipou da atividade, no entanto, para nio limitar a participagao aos invidentes e, ao mesmo tempo, proporcionar uma experiéneia estética e sensorial dis- tinta aos participantes videntes, eram disponibilizada vendas ¢ os participantes eam conduzidos pelos mediadores a experimentar sensorialmente a exposigio antes de po- der visualizar as imagens. EXTRAMUROS - Revista de Extensio da UNIVASF Volume 3, nimero 3, janJjun. 2015 CONSIDERAGOES FINAIS A experiéncia relatada foi hastante exitosa, nfo s6 pela intensa participagio do ipalmente, pelo envolvimento dos alunos, que planeja- ram ¢ executaram um projeto de extensio ¢ puderam “aprender fazendo”. De modo que priblico, como também, e pri das as clapas de realizagao de um projeto de formulagio (projeto), até questies de ordem mais pratica como planejamento, di gacio, organizagio, montagem, realizagio e mediagio da exposigio. Através desta proposta, os alunos puderam compreender a relevaneia das ati- vidades de extensio universitaria, ao mesmo tempo em que através de uma praxis sig- nificativa, uniram teoria e pratica no desenvolvimento de competéncias para ensinar artes visuais ¢ atuar como mediadores culturais nos espacos de educacio nio formal. REFERENCIAS BARBOSA, Ana Mae; COUTINHO, Rejane Galvio. Arteleducagio como mediagio cultural e social. Sao Paulo: UNESP, 2009. BRASIL. Lei n°, 9.394, de 20 de dezembro de 1996: estabelece as Diretrizes ¢ Bases da Educacio Nacional (LDBEN). Brasilia: MEC, 1996, . CONTRERAS, José. A autonomia de professores. Sav Paulo: Cortez, 2002. NAKASHATO, G ges na formagio inicial do artefeducador. Sao Paulo: SESI, 2012. PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena, Estigio e docéncia. Paulo: Cortez, 2004. PIMENTA, S Ps 12 Garrido; GHEDIN, Evandro (Org.). Professor reflexive no Brasil: ito, Sito Paulo: Cortez, 2002. ese e eritica de um con PIMENTA, Selma Garrido. O estagio ua formagio de professores: unidade teoria ¢ pritica? Sao Paulo: Cortez, 1994, SCHON, Donald, Formar professores como profissionais reflexivos, In: NOVOA, Anta- nio (Org. Os professores e sua formagio. Lisboa: Dom Quixote, 1992. UNIVASE Regulamento especifico dos componentes eurriculares: Praticas de do curso de licenciatura em Artes Visuais. Juazeiro, 2011. EXTRAMUROS - Revista de Extensio da UNIVASF Volume 3, nimero 3, janfjun. 2015 Bs COMO CITAR ESTE ARTICO: PIANOWSKI, Fabiane, Priticas em artefeducagio nao formal: uma proposta de ensino de artes visuais e extensio universitéria, Extra- muros, Petrolina-PE, x. 3, n. 3, p. 120-127, 2015. Disponivel em: . Acesso em: informar a data do acesso. Recebido em: 14 abr. 2014. Aprovado em: 13 fev.. 2015, EXTRAMUROS - Revista de Extensio da UNIVASF Volume 3, nimero 3, janJjun. 2015

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